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SOL E LUA

SOL E LUA

Na parede (ou junto ou perto desta) do lado oposto à


entrada do espaço de reunião de uma Loja maçónica são
visíveis representações do Sol e da Lua, aquele do lado
direito de quem entra, esta do lado oposto.

O Sol, estrela sem a qual não seria possível a existência


de vida no nosso planeta, desde a mais remota
Antiguidade que foi associada pela Humanidade à Vida, à
Criação. As religiões primitivas divinizavam o Sol. O
mesmo se verificou no Egito, na Suméria e noutras regiões das civilizações da Idade do Cobre e
subsequentes, prévias às mais elaboradas crenças greco-romanas e ao Monoteísmo.

O Sol sempre foi associado ao princípio ativo, ao masculino, ao poder criador.

Por outro lado, a Lua é associada ao princípio passivo, ao feminino, à fecundidade.

A colocação destes símbolos no espaço das reuniões maçónicas não tem nada a ver com
crenças pagãs ou religiosidades primitivas, mas insere-se na mesma linha da simbologia do
pavimento mosaico: a chamada da atenção para a dualidade, especificamente, no caso, para a
polaridade.

O Sol e a Lua simbolizam o dia e a noite, a luz direta e a luz reflexa, a ação e a reflexão, o
trabalho ou atividade e o descanso, o dinâmico e o estático, a crueza da forte luz solar e a
placidez da suave luz lunar, a ação e a reação. São símbolos que nos recordam que nada é tão
simples e direto como possa parecer á primeira vista, que a aparência exterior que brilha como a
luz solar encobre a natureza interior que se vislumbra como a pálida luz da Lua.

Os dois símbolos recordam-nos que há tempo de agir e tempo de refletir. Há tempo de fazer e
tempo de descansar. Há tempo de aprender e tempo de ensinar. Há ação e contemplação. Há
dia e há noite. Há verso e há reverso. Todas estas dualidades integram a Realidade, afinal
constituem a Realidade.

O Sol e a Lua dão-nos a noção do dinamismo da Vida, da Criação, do Real, da interação entre
duas polaridades que se atraem e que se repelem, que mutuamente se influenciam. Dois
princípios, duas forças, dois elementos, dois fatores, que ambos existem, ambos são reais, mas
ambos são incompletos, completando-se apenas mediante a sua mútua influência. Tal como já o
Pavimento Mosaico perspetivara, a Criação, a Vida, o Real, não são estáticos, não são simples,
não são básicos. São dinâmicos, são complexos, são evolutivos.

Ao meditar sobre a relação entre estes dois símbolos, o maçom deve adquirir a noção de que se
não deve limitar a um único aspeto da realidade, a um único tema de estudos. A espiritualidade
é importante, mas não menos importante é a materialidade. Espírito e matéria não se opõem -
completam-se. Tal como o Sol e a Lua não se digladiam, repartem entre si o dia e a noite. E um
dia completo, um ciclo de vinte e quatro horas, compõe-se de dia e de noite, do reino do Sol e do
tempo da Lua. Assim também o Homem completo não dedica apenas a sua atenção aos
assuntos do espírito, também se dedica aos negócios da vida real e quotidiana, material. Tão
incompleto é aquele que apenas se importa com o material, o dinheiro, o poder social, o ter,
ignorando a vida espiritual, o aperfeiçoamento moral, o interior de si mesmo, o ser, como
aqueloutro que navega nas regiões etéreas do esoterismo, ignorando, ou fazendo por ignorar,
que a Vida é esforço e trabalho e pó e carne e esforço e ação e construção.

O Sol e a Lua simbolizam opostos, mas opostos que mutuamente se influenciam e se


completam. Assim deve o maçom gerir a sua vida: estudar mas também aplicar, contemplar sem
deixar de trabalhar, imaginar mas também executar, fazer e descansar, ter o que necessita para
Ser, mas Ser sempre acima do mero Ter.

Rui Bandeira

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