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[1] Não cabe explicar aqui como a astrologia produz essa síntese entre o individual e o
universal. Interessa assinalar só que essa síntese não pertence ao reino do absurdo,
nem ao reino da lógica, mas ao que Leonardo da Vinci denominava imaginação exata: o
método as arte. Na realidade, o pensamento lógico só existe tendo por base um
equilíbrio prévio da mente imaginativa. A imaginação dá forma às informações caóticas
que recebemos do mundo exterior, e é portanto a primeira instância de qualquer
elaboração racional.. Por isto é importante que a imaginação seja educada, domada,
para não produzir apenas monstros, mas iluminar, como um farol na neblina, as regiões
ainda inacessíveis ao pensamento estritamente lógico. Sobre a função integradora da
imaginação, ver Susanne K. Langer, Filosofia em Nova Chave (tradução brasileira,
Perspectiva, 1971, págs. 37-61). Sobre o papel da imaginação na criação científica,
Arthur Koestler, The Act of Creation (Londres, Hutchinson, 1964).
[2] Todo o referencial astrológico é construído para o hemisfério norte. Por razões
estritamente astrológicas, que não cabe aqui explicar, o mesmo referencial é mantido
sem alterações para o hemisfério sul.
[3] Não se trata de uma relação objetiva, material, entre épocas e órgãos, mas da
vivência subjetiva desses órgãos, em íntima associação com os gestos comunitários
rotineiros dessas épocas, Como, entretanto, tais associações subjetivas estão
profundamente arraigadas no inconsciente coletivo, e como a vivência subjetiva do corpo
é obviamente um fator de saúde ou doença, pode-se perguntar se na prática essa
vivência não acaba funcionando como uma relação real, objetiva. Sem querer entrar em
detalhes, cabe notar que a somatização de determinados conflitos emocionais e sociais
se faz precisamente segundo a relação sócio-somática discernida pelos antigos
astrólogos. O signo do Touro, por exemplo, designa, em termos anatômicos, a boca, e,
em termos sociais e emocionais, as posses eróticas e matérias, o amor e o dinheiro. Não
apenas a psicanálise fala de um instinto oral subjacente ao desejo de afeto e de posses
materiais, como também as perdas afetivas e financeiras são freqüentemente
somatizadas com sintomas orais, como a alimentação excessiva e a dor de dentes. Do
mesmo modo, Escorpião representa anatomicamente o ânus e socialmente a destruição,
e a psicanálise associa o comportamento sádico ao instinto anal. Barbault (Del
Psicoanálisis a la Astrologia) faz um levantamento minucioso dessas correspondências.
[4] Cf. La Psychanalyse du Feu; L’Eau et les Rêves; L’Air et les Songes; La Terre et les
Rêveries de la Volonté; todos por Gaston Bachelard, Paris, Librairie José Corti. No caso
dos elementos, também a associação pode transcender a mera subjetividade, para
alçar-se a uma relação objetiva, real. V. Armand Barbault, L’Or du Millième Matin
(bibliografia).
[5] O mais importante desdobramento é a relação de harmonia entre signos do mesmo
elemento e de conflito entre os de mesmo modo de ação: o trabalho (Virgem, mutável
de terra) contribui para a riqueza (Touro, fixo de terra), mas a destrutividade (Escorpião,
fixo de água) e a leviandade (Gêmeos, mutável de ar) destroem trabalho e riqueza.