Você está na página 1de 8

"NASCEMOS NUM DADO MOMENTO, NUM DADO LUGAR, E TEMOS, COMO OS

VINHOS CÉLEBRES, AS QUALIDADES DO ANO E DA ESTAÇÃO QUE NOS VIRAM


NASCER.
A ASTROLOGIA NÃO PRETENDE IR MAIS LONGE"
– CARL G. JUNG
(L’HOMME À LA RECHERCHE DE SON ÂME).
Você é de Gêmeos? Eu sou Aquário! Esse tipo de conversa, produzido pelos horóscopos
populares, revela a crença geral de que o Zodíaco é uma galeria de tipos fixos e que,
tendo nascido em determinado mês, cada um de nós “pertence” a desses tipos.
Endossada pelos crédulos, ridicularizada pelos letrados, uma única coisa é certa quanto a
essa noção: ela não tem nada a ver com o significado do Zodíaco.
SIMBOLISMO ZODIACAL
Se o Zodíaco é apenas uma descrição de doze tipos de pessoas, por que então os
egípcios organizavam seus templos (representações simbólicas do conjunto do saber na
época) de acordo com a ordem dos signos? Por que o simbolismo zodiacal aparece com
tanta freqüência nos tratados dos alquimistas sobre a transmutação da matéria, assim
como nos textos sagrados de todas as religiões? Que vêm fazer esses “doze tipos” nos
grandes poemas herméticos com A Divina Comédia e o Fausto? E terá sido apenas para
caracterizar os personagens que Leonardo dispôs os doze apóstolos da Santa Ceia
segundo a ordem e a descrição física dos doze signos?
Na realidade, se o simbolismo zodiacal comparece sempre que se trata de organizar em
imagens uma visão coerente do universo, é porque o Zodíaco não é apenas uma galeria
de tipos, mas uma linguagem – provavelmente a mais perfeita jamais concebida – para
descrever em sua estrutura e em sua dinâmica essencial o fenômeno da existência
humana no universo.
Concebido provavelmente pelos egípcios (embora a maioria dos livros de história se
refira a uma ordem babilônica), aperfeiçoado pelos pitagóricos, o simbolismo zodiacal é
uma verdadeira lógica do imaginário.
ASSOCIAÇÃO DE IMAGENS
Nele, uma poderosa e clara intuição das leis fundamentais da mente humana é o suporte
de um método de pensamento – dirigido à criação de sínteses analógicas que abarquem
desde detalhes da vida cotidiana até as visões mais abrangentes do universo – onde os
mais altos vôos da imaginação não deixam nunca de ter um fundamento concreto, e os
detalhes não obscurecem nunca a visão de conjunto. [1]
Em termos muito gerais, as regras desse método, desenvolvidas ao longo do tempo
pelos maiores astrólogos e alquimistas – Morin, Kepler, Paracelso, por exemplo – são as
seguintes:
Para produzir pensamentos sintéticos, é preciso ter uma grande capacidade de associar
imagens. Para que tais imagens não constituam apenas uma gigantesca confusão, é
preciso ter um critério único e firme para organizá-las em seguida. Para que o conjunto
de imagens produzidas não seja apenas fantasia sem sentido, é preciso que o critério
adotado tenha uma correspondência efetiva com alguma experiência constante e
fundamental da realidade. Para que, enfim, a síntese obtida não seja apenas uma
construção mecânica, é preciso que a experiência que fundamenta o critério seja ela
mesma algo de vivo, que envolva os sentimentos mais profundos e verdadeiros do ser
humano.
Qual é essa experiência fundamental? Observando a natureza, os antigos perceberam
que, durante o período de um ano, ela percorria um ciclo de transformações muito
nítidas, marcado por um período de eclosão, de exteriorização, e por um período de
recolhimento, de recuo.
O primeiro período se dividia em duas estações: uma de crescimento da vegetação,
outra de abundância dos frutos. À primeira chamaram primavera, à segunda verão. A
segunda etapa dividia-se em duas estações: uma de queda, outra de escassez: outono e
inverno, respectivamente. [2] Essas estações, por sua vez, dividiam-se cada uma em
três fases igualmente nítidas, cada uma de mais ou menos um mês de duração: um
período de instauração, quando as características da estação se tornavam
progressivamente mais nítidas; um ápice, quando essas características se mostram já
instaladas e, por assim dizer, estáticas, e uma de indefinição, de mutação para a estação
seguinte.
AS TRÊS FASES DE CADA ESTAÇÃO
Assim, a vegetação crescia vertiginosamente na primeira fase da primavera, exibia seu
máximo esplendor na segunda fase e, na terceira, assistia-se a uma rápida sucessão e
multiplicação das folhagens, como se a força vital que havia subido das raízes estivesse
chegando às extremidades das plantas, onde se agitava, anunciando a vinda próxima
dos frutos e o início de uma nova estação.
A cada um desses períodos, que coincidia ainda com uma volta completa da Lua em
torno da Terra, foi atribuído um símbolo que procurava exprimir suas qualidades
essenciais: o salto do Carneiro simbolizava a força ascendente do calor na primavera; a
força estática do Touro, o esplendor no período intermediário; os Gêmeos, o parto
perfeito, a multiplicação das folhagens no fim da primavera, e assim por diante (ver as
legendas das ilustrações).
Esses observadores agudos discerniram ainda que esse ciclo não era apenas uma
sucessão, mas uma dialética, em que as estações simetricamente opostas exibiam
características também opostas, mas mediante um modo absolutamente igual. Assim, o
primeiro mês da primavera (signo de Carneiro) exibia uma força ascendente, enquanto o
primeiro mês do outono exibia uma força declinante. As forças eram opostas, mas
também tinham a característica comum de se apresentarem sob forma ativa. Já o
segundo mês da primavera não mostrava uma riqueza ascendente, ativa, da vegetação,
mas uma riqueza estática, enquanto o seu oposto, o segundo mês do outono, exibia uma
qualidade oposta – a devastação –, mas igualmente sob forma estática.
Daí deduziu-se a existência, na natureza, de três modos de ação que se sucediam
sempre na mesma ordem, mas trocando de sentido: o cardinal ou ativo, o fixo ou
estático, o mutável, indefinido ou misto. Tais modo de ação se sucediam nessa ordem,
mas mudando de sentido cada vez que se apresentavam, numa dialética onde, como no
célebre soneto de Camões, não somente as coisas mudam, mas muda sua forma de
mudar. Assim, a força cardinal tinha um papel diferente no verão, outro no outono, e
assim por diante, e também a fixa.
SIGNIFICADOS DOS CICLOS ANUAIS
Para mudar de sentido, a cada vez, era preciso que essas forças incidissem sobre
diferentes objetos a cada vez que se apresentassem, e que esses objetos também
mudassem, em rotação constante, acompanhando o ritmo das estações. Daí veio a
teoria dos quatro elementos: fogo, terra, ar e água, que representam simbolicamente o
conjunto dos atos da natureza em cada estação.
Assim, na primavera, a força cardinal iniciada sobre o elemento fogo, a força fixa sobre o
elemento terra, a força mutável sobre o elemento ar; começava o verão, e a força
cardinal agia sobre o elemento água, a fixa sobre o elemento fogo, a mutável sobre o
elemento terra, e assim por diante, em sucessão regular. A diferença de “conteúdo” das
estações se explicava pelo elemento que predominava; a semelhança de “estilo”, pela
incidência do mesmo modo de ação. Ao signo cardinal da primavera (fogo) opunha-se o
signo cardinal do outono (ar). A signo fixo da primavera (terra) o signo fixo do outono
(água).
Isso não expressava apenas uma rotação mecânica, mas uma visão efetivamente
dialética, onde a força cardinal do fogo se consolidava no subseqüente signo fixo de
terra, se multiplicava e transmutava no signo mutável de ar, gerando uma nova força
cardinal de natureza diferente (água), e assim por diante, até fechar-se o ciclo com o
último signo mutável de água, que designava, precisamente, o estado de indefinição da
época do degelo.
Essa visão do ciclo anual como uma transmutação dramática de forças serviu para os
antigos como base de todo raciocínio dialético. De fato, a intuição astrológica
fundamental, o a priori do raciocínio astrológico, é que esse ciclo anual pode servir de
tudo o que tenha uma existência no tempo.
Para fazer isso, era preciso extrapolar o significado dos elementos e modos de ação, de
modo que pudessem abranger não apenas os acontecimentos da natureza, mas também
os da sociedade e da visa individual ou mesmo os grandes ciclos históricos. Ora, isto
também não foi feito de modo puramente mecânico, mas a partir das vivências humanas
mais importantes de cada época do ano. Assim, por exemplo, o meio do outono
(elemento água, modo de ação fixo) não correspondia somente ao apodrecimento das
folhas caídas no chão, mas também a uma série de ocupações comunitárias realizadas
ciclicamente nessa época e também associadas à vivência do apodrecimento e da morte:
era nessa época que pisavam as uvas e se abatiam os animais. Daí que, quando se
tratou de extrapolar o modelo do ciclo para a vida individual e social, essa fase – a
oitava do ciclo anual, correspondente ao signo do Escorpião – foi naturalmente usada
para simbolizar todos os assuntos referentes à morte, às transformações profundas, às
destruições. Do mesmo modo, o primeiro signo da primavera, chamando os homens
para fora de seus abrigos e para a retomada das atividades ao ar livre, ficou para
sempre associado a todo gesto de coragem, de vontade, de alegria de viver de toda
iniciativa, de todo nascimento.
Assim, cada fase de cada estação, isto é, cada signo, abrange inúmeras dimensões da
existência: uma série de ocupações e profissões; uma paixão predominante; uma
determinada interpretação da existência; um setor da vida social; determinados lugares
e animais; determinados órgãos do corpo. Essa associação tem sempre uma
correspondência profunda no plano subjetivo. A ligação entre épocas e órgãos do corpo,
por exemplo, se faz pela maior ou menor vivência subjetiva desses órgãos: os signos do
verão, por exemplo, estão ligados ao estômago e ao coração, que nessa época
experimentam uma espécie de exaltação vital, e os signos do inverno aos ossos e à
coluna espinhal, que no frio, sobretudo para os reumáticos e nervosos, fazem sentir
mais agudamente sua existência. [3]
OS ELEMENTOS DA NATUREZA
Algumas associações não são estabelecidas indutivamente, a partir da ligação empírica
entre uma época e um objeto, mas dedutivamente, a partir da idéia dos quatro
elementos. Os quatro elementos nem sempre designam a composição objetiva, material,
das coisas, fenômenos ou situações, mas sempre indicam com grande precisão qual a
ressonância subjetiva dessas coisas e fenômenos. Não são uma teoria físico-química,
mas uma estrutura fundamental da imaginação, do subconsciente, como demonstrou
Gaston Bachelard. [4]
O fogo corresponde a tudo aquilo que nossa mente percebe como ativo, criador, forte
agressivo, masculino, a tudo quanto funde e plasma todo o demais. Água corresponde a
tudo quanto seja mole, plasmável, feminino, passivo, receptivo. Terra, a tudo quanto
resiste, persiste, a tudo quanto é material, imutável, duro, consistente, pesado. Ar, a
tudo quanto é leve, sutil, mental, rápido, a tudo quanto se desloca, salta, liga e
intercomunica.
Tudo o que existe pode ser classificado segundo esse esquema, conforme o efeito que
tenha em nossa imaginação. Certos animais – o leão por exemplo –,que nos surgem
como símbolos de ferocidade e agressividade, pertencem ao elemento fogo. Outros,
como o jumento, que nos impressionam pela resistência, ao elemento terra. Assim
também as instituições podem ser classificadas segundo os elementos. Os exércitos e os
revolucionários pertencem ao elemento fogo; as instituições bancárias, os governos
conservadores, ao elemento terra; as mães, as instituições de caridade, ao elemento
água; os jornais, ao ar, e assim por diante.
Tudo também pode ser classificado segundo os modos de ação, que especificam o
“estilo” pelo qual os elementos se apresentam. A força tipo fogo, por exemplo, será
cardinal quando ativa e agressiva (um boxeador, um orador revolucionários); fixa
quando estabelecida, senhorial, esplendorosa, segura de si (os reis, os chefes militares);
mutável quando ao invés de afirmar-se parece recuar para ceder lugar ou transmutar-se
numa virtude superior (a autoridade exercida com benevolência, os cardeais da Igreja,
os esportes de equipe ode a força de cada um é posta a serviço do espírito de
camaradagem).
A dinâmica do método é dada não só pela dialética entre modos de ação e elementos,
mas também pela sucessão de eixos de signos opostos, cada um dos quais representa
uma dimensão da existência de cada signo uma maneira oposta e complementar de
vivê-la. Do nascimento (Carneiro) à dissolução final no universo (Peixes), a trajetória
individual pode ser descrita inteiramente segundo esse esquema, como o leitor poderá
verificar montando os doze signos, pelas legendas das ilustrações, de acordo com os
eixos Carneiro-Balança, Touro-Escorpião, Gêmeos-Sagitário, Câncer-Capricórnio,
Leão-Aquário e Virgem-Peixes. Os doze signos podem servir ainda como descrição da
estrutura fixa da existência individual num determinado momento, dado que cada signo
representa um compartimento da existência: Carneiro, ego; Touro, posses; Gêmeos,
habilidades mentais, etc. O esquema pode ainda desdobrar-se infinitamente, sem nunca
perdermos de vista a organização essencial e inicial. [5] Por isto é que o simbolismo
zodiacal representa para a imaginação o que a lógica representa para o pensamento
verbal e linear: um princípio de organização e coesão.
Enquadrando todos os movimentos da nossa imaginação num referencial tão básico
quanto o ciclo universal de nascimento, crescimento, morte e ressurreição, os signos do
Zodíaco são chaves mentais para o indivíduo integrar à sua própria individualidade
qualquer conteúdo ou informação do mundo exterior e assim, segundo o conselho de
Goethe, dotar sua vida de significação objetiva, atribuindo uma significação vital ao
mundo exterior.
Nesse sentido, fazer astrologia é uma atividade religiosa, já que restabelece a ligação
entre nosso inconsciente e a totalidade orgânica do universo. Numa época, como a
nossa, marcada pela fragmentação da personalidade, quando os indivíduos carregam
como uma excrescência cancerosa a massa de informações lógicas inassimiláveis, sem
nenhum significado interior e verdadeiro, com que diariamente são bombardeados,
nessa época o Zodíaco é uma arma em defesa da integridade humana, que é o alicerce
da racionalidade.
1. ÁRIES. Fogo cardinal. Início da primavera: corresponde ao calor ascensional, à
eclosão da vegetação, à retomada das atividades ao ar livre.Simboliza o
nascimento, a afirmação individual, a iniciativa, a capacidade de empreender,
de agir, de transformar o mundo exterior. Paixões elementares: agir, agredir,
irromper, avançar, influir. Figuras sociais: os líderes, os pioneiros, os soldados, a
vanguarda política e intelectual.Instituições: Exército, partidos radicais,
vanguardas. Anatomia: cabeça.
2. TOURO. Terra, fixo. Meio da primavera: corresponde ao instante de máximo
esplendor da vegetação, à fruição da beleza estática da natureza. Simboliza o
apego à vida terrestre, a plenitude vital, a riqueza do real, a matéria.Paixões
elementares: possuir, fluir, segurança, confiabilidade, construtividade. Figuras
sociais: as propriedades, os bens em geral, a riqueza: tudo o que é permanente,
estável. Instituições: propriedades agrícolas, grandes fortunas, museus de arte,
arquitetura em geral. Anatomia: a boca (alimentação), pescoço e ombros.
3. GÊMEOS. Ar, mutável. Fim da primavera: multiplicação das folhagens,
ramificações, aumento da respiração das plantas. Simboliza os contatos e
comunicações; a proliferação em geral; a juventude, a graça, a leveza; as
habilidades mentais e manuais; o ambiente próximo, irmãos e vizinhos. Paixões
elementares: falar, conversar, discutir, contactar. Figuras sociais: o jornalista, o
arauto, o menestrel. Instituições: jornais, editoras, escolas elementares;
comunicações em geral; desenho e artes gráficas. Anatomia: vias respiratórias,
circulação linfática.

4. CÂNCER. Água, cardinal. Começo do verão: subida da seiva, formação dos


frutos no interior das plantas. Simboliza toda gestação e maternidade, a origem
animal do indivíduo, a mãe, o lar, a natureza, o sentimento, o inconsciente, o
lado feminino da personalidade.Paixões elementares: proteger, aconchegar.
Figuras sociais: as mães e donas-de-casa; as massas populares. Instituições: obras
de caridade; sistema previdenciário; asilos, casas de repouso; o Estado
socialista, o welfare state. Anatomia: estômago, seios (alimento, aconchego).
5. LEÃO. Fogo, fixo. Meio do verão: máxima intensidade do calor solar, riqueza e
beleza dos frutos. Simboliza todo esplendor, poderio, beleza, glória, a origem
tribal do homem: a virilidade, o poder reprodutivo, a soberania da vontade, o
poder do mais forte. Paixões elementares: aparecer, ser admirado e obedecido; o
sentimento da própria nobreza. Figuras sociais: o pai, o patriarca, o rei, o chefe,
o artista criador, o pensador “ébrio de claridades”. Instituições: o patriarcado, a
monarquia, o teatro, as festas. Anatomia: o coração.
6. VIRGEM. Terra, mutável. Fim do verão: colheita, estocagem dos cereais.
Simboliza o trabalho humilde pelo qual o homem assegura a própria
subsistência; a sujeição aos deveres cotidianos, à economia, à minúcia. Paixões
elementares: submeter-se, cumprir o dever; atenção às minúcias; análise,
cuidado, disciplina. Figuras sociais: o burocrata, os pesquisadores aplicados, os
servidores em geral. Instituições: a burocracia, os cartórios, arquivos,
repartições; laboratórios de análise e pesquisa. Anatomia: intestinos (triagem,
seleção e eliminação).
7. BALANÇA. Ar, cardinal. Começo do outono: começa o declínio da vegetação.
Simboliza toda concessão do indivíduo em favor do outro ou do coletivo; as
associações, a complementação de um pelo outro, o casamento, a justiça.
Paixões elementares: ceder, conciliar, equilibrar, estabelecer a justiça, contentar
a todos. Figuras sociais: os juízes, os pacifistas, os conciliadores, a arte em geral,
especialmente a música; toda arbitragem.Instituições: os tribunais, as
agremiações pacifistas, os direitos humanos, o casamento, todos os contratos.
Anatomia: os rins.
8. ESCORPIÃO. Água, fixo. Meio do outono: decomposição e fermentação das
folhas caídas no chão, devastação da natureza visível. Simboliza a morte, as
transformações ocultas, a destruição. Paixões fundamentais: sadismo, analisar,
decompor (“ver o que tem dentro”), reduzir, desmistificar; revolta, aniquilação,
angústia, sexualidade, analidade. Figuras sociais: os cirurgiões e
médicos-legistas; os psicanalistas; a subversão. Instituições: a física atômica, os
computadores, a cirurgia, os partidos subversivos. Anatomia: órgãos sexuais e
ânus.
9. SAGITÁRIO. Fogo, mutável. Fim do outono: extinção dos últimos traços da
vegetação visível; queima das derradeiras folhagens.Simboliza a espiritualização
da força, a benevolência autoconfiante; a calma soberana, o entusiasmo
tranqüilo e saudável, o campo aberto, grandes distâncias, idéias e concepções
superiores. Paixões elementares: viajar, ampliar os horizontes. Figuras sociais: os
cardeais, os incentivadores em geral, as equipes esportivas, os líderes morais.
Instituições: Igreja, escolas superiores, academias,Congresso. Anatomia: fígado.
10. CAPRICÓRNIO. Terra, cardinal. Início do inverno: frio crescente, a vida
vegetal refugiou-se inteiramente no subsolo. Simboliza a concentração, a
gravidade, o despojamento, a seriedade, a pobreza voluntária, os esforços
prolongados, a solidão; o destino social do indivíduo: o rigor das regras e a
dureza da realidade. Figuras sociais: a autoridade implacável e fria; os homens
ambiciosos e deliberados. Instituições: normas sem apelação; os cárceres; os
eremitérios; todo local de trabalho duro e sem recompensa; os ditadores.
Anatomia: os ossos.
11. AQUÁRIO. Ar, fixo. Meio do inverno: a vida comunitária recolheu-se para
dentro das casas, enquanto embaixo da terra se prepara silenciosamente o
ressurgimento da vida vegetal.Simboliza a substituição pelas virtudes humanas
das virtudes naturais; a espiritualização; a civilização, a ciência, a cultura, o
sacrifício integral da vontade à verdade. Figuras sociais: os sábios e humanistas;
os pedagogos e reformadores; o convívio entre iguais. Instituições: a
democracia, a liberdade, as organizações supra-nacionais. Anatomia: a barriga
da perna; medula.
12. PEIXES. Água, mutável. Fim do inverno: as águas do degelo realimentam a
terra, preparando a nova primavera.Simboliza a dissolução do indivíduo no
cosmo, toda transcendência, toda união com o universo, a religião em geral, a
compaixão, a piedade. Paixões elementares: fundir-se, ser uno com o outro,
sentir, captar. Figuras sociais: os santos, os médiuns, os profetas, mas também
as pessoas “difusas”: os vigaristas, os bêbados, os loucos. Instituições: as
religiões mundiais, os hospitais, as instituições de caridade. Anatomia: os pés
(região mais sensível).
LIVROS RECOMENDADOS SOBRE O ZODÍACO
Oskar Adler, La Astrologia Como Ciencia Oculta, tr. argentina, Kier, Buenos Aires, Kier,
1975. Hadès, Les Mystères du Zodiaque, Paris, Albin Michel, 1971. André Barbault, Del
Psicoanálisis a la Astrologia, tr. argentina, Buenos Aires, Dédalo, 1975; do mesmo autor,
Le Zodiaque, 12 vols., Paris, Le Seuil, 1956. Charles E. O. Carter, The Zodiac and the Soul, Londres,
The Theosophical Publishing House, rep. 1972. W. E. Peuckert, L’Astrologie: son Histoire – ses Doctrines, tr.
Francesa, Paris, Payot, 1965. Armand Barbault, L’Or du Millème Matin, Paris, Édtitions Publications Premières,
1969.

[1] Não cabe explicar aqui como a astrologia produz essa síntese entre o individual e o
universal. Interessa assinalar só que essa síntese não pertence ao reino do absurdo,
nem ao reino da lógica, mas ao que Leonardo da Vinci denominava imaginação exata: o
método as arte. Na realidade, o pensamento lógico só existe tendo por base um
equilíbrio prévio da mente imaginativa. A imaginação dá forma às informações caóticas
que recebemos do mundo exterior, e é portanto a primeira instância de qualquer
elaboração racional.. Por isto é importante que a imaginação seja educada, domada,
para não produzir apenas monstros, mas iluminar, como um farol na neblina, as regiões
ainda inacessíveis ao pensamento estritamente lógico. Sobre a função integradora da
imaginação, ver Susanne K. Langer, Filosofia em Nova Chave (tradução brasileira,
Perspectiva, 1971, págs. 37-61). Sobre o papel da imaginação na criação científica,
Arthur Koestler, The Act of Creation (Londres, Hutchinson, 1964).
[2] Todo o referencial astrológico é construído para o hemisfério norte. Por razões
estritamente astrológicas, que não cabe aqui explicar, o mesmo referencial é mantido
sem alterações para o hemisfério sul.
[3] Não se trata de uma relação objetiva, material, entre épocas e órgãos, mas da
vivência subjetiva desses órgãos, em íntima associação com os gestos comunitários
rotineiros dessas épocas, Como, entretanto, tais associações subjetivas estão
profundamente arraigadas no inconsciente coletivo, e como a vivência subjetiva do corpo
é obviamente um fator de saúde ou doença, pode-se perguntar se na prática essa
vivência não acaba funcionando como uma relação real, objetiva. Sem querer entrar em
detalhes, cabe notar que a somatização de determinados conflitos emocionais e sociais
se faz precisamente segundo a relação sócio-somática discernida pelos antigos
astrólogos. O signo do Touro, por exemplo, designa, em termos anatômicos, a boca, e,
em termos sociais e emocionais, as posses eróticas e matérias, o amor e o dinheiro. Não
apenas a psicanálise fala de um instinto oral subjacente ao desejo de afeto e de posses
materiais, como também as perdas afetivas e financeiras são freqüentemente
somatizadas com sintomas orais, como a alimentação excessiva e a dor de dentes. Do
mesmo modo, Escorpião representa anatomicamente o ânus e socialmente a destruição,
e a psicanálise associa o comportamento sádico ao instinto anal. Barbault (Del
Psicoanálisis a la Astrologia) faz um levantamento minucioso dessas correspondências.
[4] Cf. La Psychanalyse du Feu; L’Eau et les Rêves; L’Air et les Songes; La Terre et les
Rêveries de la Volonté; todos por Gaston Bachelard, Paris, Librairie José Corti. No caso
dos elementos, também a associação pode transcender a mera subjetividade, para
alçar-se a uma relação objetiva, real. V. Armand Barbault, L’Or du Millième Matin
(bibliografia).
[5] O mais importante desdobramento é a relação de harmonia entre signos do mesmo
elemento e de conflito entre os de mesmo modo de ação: o trabalho (Virgem, mutável
de terra) contribui para a riqueza (Touro, fixo de terra), mas a destrutividade (Escorpião,
fixo de água) e a leviandade (Gêmeos, mutável de ar) destroem trabalho e riqueza.

Você também pode gostar