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Os doze signos do Zodíaco revelam o segredo da natureza

Os doze signos do Zodíaco são bem conhecidos. O que geralmente se ignora, porém, são suas
correspondências com os Elementos e as particularidades que os distinguem, mesmo quando
são da mesma natureza elementar. Esta Triplicidade dos Quatro Elementos, citada em todas as
obras de Astrologia, parece no entanto negligenciada por muitos dos astrólogos em suas
interpretações. Ei-la pois resumida:

Ao Fogo correspondem os signos de Áries, Leão e Sagitário.

Ao Ar correspondem os signos de Gêmeos, Libra e de Aquário.

À Terra correspondem os signos de Touro, Virgem e Capricórnio.

À Água correspondem os signos de Câncer, Escorpião e Peixes.

Examinemos agora sucessivamente estes doze signos.

Áries (21 de março a 20 de abril)

Signo de Fogo da primavera

Armand Barbault

Corresponde à época em que o sol, depois de ter atravessado o equinócio da primavera, sobe
a cada dia um pouco mais acima do horizonte. Os dias se alongam, a temperatura se eleva e o
elemento Fogo que corresponde a Áries revela sua natureza expansiva e benfazeja que ativa a
vegetação. É o Fogo que cresce, que sobe das raízes até o caule, permitindo sua saída da terra,
fazendo a grama verdejar, os botões aumentar e abrir, as folhas e as flores precoces aparecer.
Essa eclosão da vegetação se efetua com enorme dinamismo, progredindo constantemente e
se acelerando de maneira às vezes surpreendente.

Os antigos herboristas e os alquimistas que procuravam apropriar-se das plantas para extrair
suas virtudes e captar o fluido vital da natureza não deixavam de observar estes fenômenos,
sobretudo de manhã, durante a aurora, quando o tempo está claro e sereno. Eles coletavam as
plantas ao nível do solo, com suas raízes, a fim de captar aquele fluido vital, aquele Fogo
expansivo contentor da vida e dos melhores elementos para a preparação do seu Elixir? Eles
sabiam que, durante o inverno, a terra repousara e se enriquecera com substâncias que
permitem que as plantas ganhem corpo.

Recolher os botões, as pequenas folhas e múltiplas plantas é um trabalho importante, ainda


mais por ser feito junto com a colheita do orvalho da manhã. É este trabalho que mostra uma
das pranchas do Mutus Liber, a Bíblia muda dos alquimistas: ela mostra a maneira de
proceder, e, pelo carneiro no segundo plano, indica a época favorável da estação. (Mutus
Liber, prancha III)

No plano psicológico, os seres nascidos em Áries dão mostras de empreendedorismo,


dinamismo, entusiasmo, da necessidade de avançar rápido, de tomar para si o comando do
pelotão e de guiar o rebanho exatamente como faz o carneiro. As tendências expressas por
Áries também compelem esses seres à ação, incitando-os por vezes a agir impulsivamente, às
escornadas.

Eis por que os Antigos escolheram o carneiro para simbolizar o primeiro setor do Zodíaco, que
os Astrólogos colocam sob a influência de Marte: ele corresponde à necessidade de agir, de
lutar, de conquistar e de se impor. No corpo humano, Áries corresponde à cabeça, onde se
encontra o essencial da vitalidade.

Tanto nos homens quanto nos vegetais, vemos que em Áries existe um ímpeto que visa à
elevação, ao crescimento sob a influência do elemento fogo, de excepcional dinamismo.

Touro (21 de abril a 20 de maio)

Signo de Terra da primavera

Armand Barbault

Observemos o desenvolvimento da vegetação em Touro, signo de Terra. A terra aquecida pelo


impulso do signo precedente libera o sopro de vida contido durante o inverno, permitindo a
fixação das partículas constituintes que fornecerão às plantas os elementos materiais de que
necessitam para chegar à maturidade. Este crescimento rápido se efetua igualmente sob a
exaltação da Lua que, neste signo, se encontra ligada à seiva que sobe e se expande
abundantemente. A seiva e o orvalho de maio são os elementos mais ricos de que se
apropriaram os herboristas e os alquimistas para banhar as plantas essenciais cuja
quintessência desejavam extrair. Na prancha já citada do Mutus Liber, podemos ver o touro ao
lado do carneiro, indicando que é igualmente preciso trabalhar em maio. Pelo aspecto que
assume a natureza, o signo de Touro é o mais belo signo de Terra; diz-se também que ele é
regido por Vênus, planeta a que estão associadas a graça e a beleza.

Este signo provê constituições saudáveis e robustas, e o animal que o simboliza exprime o
trabalho lento mas progressivo, realizado sem interrupção, com paciência e perseverança.
Estas são as qualidades que atribuímos aos nativos de Touro. Mas também é sabido que eles
podem ter uma tendência pela a obstinação e pelo esgotamento das suas forças, contra o que
é bom que sejam previnidos, pois, neste caso, eles serão como o solo rico e fértil que dá tudo o
que possui e que, assim exaurido, precisará de longas digestões* para recobrar suas forças. Se
atiramos demasiadas sementes, se buscamos o máximo de aproveitamento, se, por fim,
esgotamos os recursos dessa terra, tão rica no começo, só então damo-nos conta de que ela já
deu tudo o que tinha para dar.

Pelo visto acima, depreendemos o sentido das analogias expressas pela Tradição, em geral
insuficientemente explicadas.

* Vale lembrar que a fisiologia define digestão como sendo a ?cocção dos alimentos no
estômago?. Logo, terra que digere é terra que processa seus nutrientes a fim de restabelecer
as energias e permitir que haja, num futuro próximo, condições propícias ao renascimento da
vida vegetal (cf. tb. nota explicativa #5). (Observação de Henri Carriéres)

Gêmeos (21 de maio a 20 de junho)

Signo do Ar da primavera

Armand Barbault

A exaltação do sol no começo do ciclo, que permitiu ao Fogo secreto da natureza renascer e
animar o espírito, a exaltação da Lua que fez subir a seiva e vicejarem as plantas às quais a
Terra, nesta espécie de combustão, forneceu todos os elementos para ganhar corpo, tudo isto
nos conduz ao terceiro signo do Zodíaco: os Gêmeos, simbolizados por duas crianças. Este
signo duplo, estas duas crianças, nos indicam o nascimento perfeito que corresponde aqui à
aparição de uma profusão de plantas e de flores cujas metamorfoses se sucedem
rapidamente, assim como ocorre com as crianças cuja aparência muda de um ano para outro.

Atentemos também ao Elemento Ar que evoca o ar físico e a respiração. Com efeito, é sob este
signo que as folhas são mais verdes e mais vivas e que se efetua intensamente a assimilação da
clorofila, enquanto, sob a influência dupla dos Gêmeos, acontece a fecundação das flores que
desaparecerão rapidamente para, amanhã, tornarem-se frutos. No curso deste último mês da
primavera, o sol continua a se elevar acima do horizonte e os dias se aproximam de sua
duração mais longa.

Em virtude da lei de analogia, as plantas crescem, atingindo seu comprimento máximo, ao


mesmo tempo em que a ação do sol se faz sentir sobretudo em suas copas, suas flores e seus
frutos. Findo o crescimento, cada planta se distinguirá pelos seus caracteres específicos.

Este signo é posto sob a influência de Mercúrio. Seus nativos são impressionáveis como a
própria natureza nesta época; eles mudam constantemente e sabem se adaptar com rapidez
através da modificação de sua atitude segundo as necessidades e circunstâncias. São móveis e
só a custo se fixam. Analíticos e curiosos, são geralmente inteligentes e hábeis e se interessam
por tudo.

Ao longo de todo este mês, e mesmo na manhã da Festa de São João, no verão*, os
Alquimistas procediam à colheita de plantas medicinais às quais atribuíam virtudes
particulares.

* No Brasil, a Festa de São João cai no inverno, em junho, mês em que São Pedro e Santo
Antônio também se tornam motivos de celebração. São as populares festas juninas. (HC)

Câncer (22 de junho a 22 de julho)

Signo de Água do verão

Armand Barbault
Com a passagem do sol ao solstício de verão, no momento em que ele perfaz sua mais longa e
elevada trajetória, as plantas geralmente atingem seu tamanho natural. Agora, elas adquirirão
maior consistência, e seus frutos intumescerão graças à afluência da seiva, que sobe
ininterruptamente, como se acionada fosse por uma bomba que nem por ser invisível deixa de
ser menos perfeita. Este signo de Água em plena ação é regido pela Lua e nos mostra a
vegetação em sua forma mais deslumbrante[1].

Os Alquimistas aqui terminam seu primeiro trabalho e meditam a respeito da subida da seiva:
eles se perguntam por que este fenômeno não obedeceu às leis do peso, observando as
trepadeiras e as plantas mais altas que se projetam em direção ao céu, enquanto a seiva, entre
a casca e o tronco, avoluma-se e invade todas as porosidades. Eles crêem que certas
propriedades permanecem escondidas às observações objetivas do homem, evocando deste
modo o símbolo do signo, o caranguejo que se esconde sob a pedra no fundo do riacho.

Esta analogia vale para o próprio riacho: da nascente ao rio, ele corre seguindo as
circunvoluções do terreno, segundo sua fantasia. Nada pode parar-lhe, ele transpõe as
barragens e vence os obstáculos. É a estas leis que obedece a subida da seiva.

Os nativos de Câncer são de natureza passiva. Eles mostram mais força de inércia do que de
vontade própria, vivendo segundo seus caprichos ou suas fantasias, aceitando todo
constrangimento ? até que chega o momento no qual uma simples gota faz o copo
transbordar.

Os Alquimistas conhecem também, por analogia, o uso da água viva que eles vão procurar na
natureza e que contém as partículas viventes que enriquecem a Turfa[2] no decurso das
contínuas operações de umidificação e secagem a que é submetida. Eles lembram também dos
Trabalhos de Hércules que evocam esta força invisível a empurrar a seiva de baixo para cima
para ajudar a planta a se endireitar e atingir seu apogeu, força bem mais manifesta do que a
evidenciada pela bem conhecida experiência da prensa hidráulica[3] de Pascal.

?Os químicos queimam com o fogo, nós com a água?, dizem os Alquimistas. Com efeito, o fogo
exterior não lhes serve para nada além de secar a Matéria.

[1] A título de curiosidade, recordo a impressão que tinha no verão no hemisfério norte, a qual
pode ser minimamente transposta para o nosso verão. O sol de julho chegava de maneira
indireta, através de seu reflexo nas coisas; há mais atenção na natureza do que no céu. Em
agosto, o sol ? tão quente em Nova Iorque, onde morei ? praticamente pesa sobre as cabeças
das pessoas. É como se a natureza lhe cedesse a vez na atenção. Tenho a impressão de que
algo semelhante acontece nos meses de janeiro e fevereiro no Rio de Janeiro. (Observação de
Pedro Sette Câmara)
[2] Segundo António de Morais Silva, turfa designa um ?carvão fóssil, resultante da
fermentação de musgos e plantas aquáticas no seio de águas claras, lentas e de temperatura
relativamente baixa?. O Larousse du XXe siècle acrescenta que, em jargão alquímico, turfa dos
filósofos é como era conhecida ?a redução do mercúrio, isto é, a redução de um metal a
mercúrio?. A origem etimológica desse vocábulo remonta ao latim turba, o qual passou ao
alemão arcaico como Zurff, logo evoluído para Torff. A língua inglesa por sua vez registra turf.
(HC)

[3] A experiência referida deitou os fundamenos da hidráulica moderna. Consistiu no seguinte.


Um barril cheio de água foi tampado e, na tampa, abriu-se um pequeno furo, tapado com uma
rolha. Através da rolha foi metido um tubo, pelo qual era possível introduzir mais água no
barril. O objetivo era verificar quanto da pressão exercida sobre a superfície de um volume
líquido se transmite aos demais pontos. Abriram-se outros furos em diversos níveis do barril, e
a água que desses furos jorrava tinha intensidade muito superior à da pressão originalmente
aplicada na superfície. Dessa constatação resultaram inúmeras aplicações técnicas de utilidade
prática. (HC)

Leão (23 de julho a 23 de agosto)

Signo de Fogo do verão

Armand Barbault

Chegamos ao coração do Verão, em que o calor se aproxima pouco a pouco de seu ponto
culminante. Este signo de Fogo difere de Áries: no começo da primavera o fogo é, de fato,
crescente e progressivo, enquanto que no verão é fixo e maximamente potente. Também os
frutos, que cresceram sob o signo precedente, mas ainda estavam ácidos e impróprios para o
consumo, irão, sob o efeito da irradiação solar, deste fogo exterior, amadurecer, chegar ao
máximo de sua perfeição, transformar aquilo que é ácido e indigesto em polpa doce,
açucarada, agradável e apropriada à nossa alimentação.

É pelo aspecto da natureza que os Alquimistas evocam o fogo de sua cocção*: eles sabem que
um Elixir, por mais perfeito que possa parecer, precisa ser maturado, preparado e
sobreaquecido progressivamente para obter uma perfeição ainda maior e tornar-se mais apto
à digestão. Uma vez corretamente preparado o Alkaest, o Elixir será obtido apenas depois de
um determinado sobreaquecimento sob forma de cocção, no qual entrará o metal perfeito,
que participará também por suas propriedades medicinais particulares. Sabemos que o ouro é
o metal mais perfeito e que o signo de Leão é regido pelo sol. Como disse Raimundo Lúlio, o
metal tem uma alma e um corpo, sua alma é sua cor e é ela que contém suas virtudes
regenerativas e medicinais.

O Alkaest, tendo atingido sua primeira perfeição, misturado com o orvalho celestial,
encerrando algumas partículas de ouro em pó e submetido ao fogo da cocção durante horas,
separará, graças à atuação da agitação rítmica sobre o ouro no curso da operação, a alma do
corpo (ou das cinzas) deste metal. É assim que será obtido o Remédio da primeira ordem,
aquele de que se faz uso antes de qualquer outro. Vemos que a experiência é análoga ao
bombardeio, pelos raios solares, da casca das frutas que se douram pouco a pouco até se
tornarem um alimento perfeito.

Os nativos de Leão são por vezes animados por um grande ideal, mas são autoritários;
assumem suas responsabilidades e adoram ser obedecidos. Se são dominadores, são também
excelentes protetores, geralmente generosos. Podem ser orgulhosos, tirânicos ou despóticos
se o sol estiver afligido, mas em geral são corajosos como o leão, símbolo de seu signo.

O signo de Leão, regido pelo Sol, é igualmente orientado para tudo aquilo que é fonte de vida.
Sua influência também faz maturar os grãos, as espigas, os mais variados elementos que
contribuem para a reprodução da espécie. Nos seres humanos, relaciona-se com o coração e
contribui para o equilíbrio geral do aparelho circulatório.

* ?Cozedura, acção de cozer, de submeter ao efeito do calor matérias animais ou vegetais. (...)
Cocção dos minerais, o último grau da sua formação na terra, segundo a física antiga?. (HC)

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sevla

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Re: Os doze signos do Zodíaco revelam o segredo da natureza

« Responder #1 em: 04 de Dezembro de 2012, 00:20 »

Virgem (24 de agosto a 22 de setembro)

Signo de Terra do verão

Armand Barbault
O último signo do verão corresponde principalmente ao secamento progressivo da vegetação
que pouco a pouco vai sendo recolhida, ensilada, guardada à parte mui zelosamente a fim de
se conservar pelos meses a seguir. Eis por que este signo é simbolizado pela Espiga do Trigo.
Perguntamo-nos por que a Virgem também o simboliza. Eis as razões secretas desta
peculiaridade: esta terra sêca, desvitalizando-se pouco a pouco, tendo esgotado seus recursos
para a nutrição das plantas ? esta terra estéril, como diz a Tradição, não tem valor. Como o
Alkaest que, para separar o ouro ao longo da cocção, deu seus sais e liberou sua energia, esta
terra precisa de descanso e alimento para regenerar-se durante os meses seguintes.

É por isto que é importante prestar muita atenção a este Elemento. Mas por que esta
designação misteriosa, ?a Virgem?? Simplesmente por causa disto: dois signos ? Gêmeos e
Virgem ? são regidos por Mercúrio, e, no Zodíaco, formam entre si um ângulo reto. Um é um
signo de Ar, o outro um signo de Terra, e esta diferença elementar, junto à sua mútua
disposição para a quadratura, indica que eles pertencem a planos diferentes: o signo de
Gêmeos ? signo de Ar ? é mais etéreo, mais espiritual e, sob sua regência, aparecem as flores e
sua fecundidade. Com o signo da Virgem ? signo de Terra -, encontramo-nos, ao contrário, em
face de uma situação mais material, em que os frutos e grãos chegaram à maturidade. Que se
passou neste meio tempo? As flores desapareceram e foram substituídas pelos frutos.

Como as flores foram fecundadas sob o signo de Terra da Virgem, dizemos, por analogia, que a
Virgem foi fecundada espiritualmente para dar à luz o Filho de Deus, cuja Anunciação lhe foi
feita por Mercúrio, o mensageiro dos Deuses, ou o Arcanjo Gabriel. Em suas obras, os
Alquimistas também falam do Nascimento do Príncipe quando se trata de conduzir a Obra à
sua maior perfeição.

Enfim, os nativos de Virgem são personagens misteriosos, no mais das vezes incompreendidos.
São atenciosos, zelosos, ordenados e metódicos em seus trabalhos. São excelentes em
posições secundárias porque costumam hesitar diante de grandes responsabilidades. A seu
modo, eles também esperam pela Anunciação.

Libra (23 de setembro a 23 de outubro)

Signo de Ar do outono

Armand Barbault
O sol atravessou o equinócio do outono e encontra-se neste momento sob a terra, sob nossos
pés; é a partir daí que ele perfará uma curva cada vez maior. Para nós, ele vai se abaixar cada
vez mais no horizonte, de modo que a duração dos dias vai diminuir e a temperatura também.
A Balança simboliza uma mudança de equilíbrio, equilíbrio que precisamos manter com a
ajuda de um cálculo preciso: necessitamos repartir judiciosamente aquilo que a natureza nos
ofertou a fim de que dure até a próxima colheita.

Este signo, que marca o momento em que de tudo dispomos, geralmente traz bem-
aventurança àqueles que possuem sua marca. Ele torna as pessoas sensíveis mas
despreocupadas, amantes dos prazeres, para si ou para os que estão à sua volta. Encontramos
nelas excelentes disposições artísticas, pois este signo está sob a influência de Vênus, e
também um desejo de justiça e igualdade.

Se voltarmos agora nossa atenção para a natureza elementar deste signo, constatamos sua
influência restritiva, contrária à de Gêmeos: no começo do outono as folhas amarelam muito
rápido e caem pouco a pouco. Elas pararam de respirar, e morrem. Esta inversão das coisas em
relação ao signo de ar da primavera conspira a favor do que se passa sob o solo, e sugere como
que uma expiração e uma inspiração da natureza. Dizemos freqüentemente que a seiva
retorna para baixo, mas trata-se antes de um secamento progressivo a par de uma atenuação
das funções respiratórias. Os Alquimistas dizem por vezes que é no equinócio de outono, e não
no equinócio da primavera, que têm início seus trabalhos.

É que nesse momento eles pensam sobretudo na matéria-prima que se encontra no solo, e
que ainda é preciso selecionar e preparar, para, depois de tê-la esperado receber o máximo de
irradiação das forças etéreas, finalmente coletá-la. Também lhes será preciso cuidar em
regenerar o Alkaest desvitalizado pelas cocções anteriores. Tudo isto, de um certo ponto de
vista, faz parte dos primeiros trabalhos. O que é preciso conceber, enfim, é o processo que
começa no equinócio do outono e que permitirá à terra regenerar-se graças às longas noites
de inverno em que o sol irradia generosamente a parte do solo situada sob nossos pés, bem
onde acontece o trabalho principal que nos é impossível ver objetivamente.

Escorpião (24 de outubro ? 22 de novembro)

Signo de Água do outono

Armand Barbault
As folhas começam a cair e, desde as primeiras chuvas do outono, a natureza muito rápido se
despoja. Sob este signo de água com tendências contrárias às de Câncer, depois da inversão
devida à diminuição da temperatura e da duração dos dias, a ação da Água exercer-se-á desta
vez não de baixo para cima, mas no sentido contrário. Também é o momento de preparar a
terra, de dar-lhe os resíduos orgânicos que deverá assimilar, uma vez que a corrupção dos
restos vegetais vai se acentuar pouco a pouco para formar o húmus necessário à regeneração.

Os alquimistas sabem disto perfeitamente, e ainda mais os Espagiristas, que voltam toda a sua
atenção ao fenômeno da corrupção: este processo se denomina a chave da natureza, e,
durante as operações que consistem em fazer apodrecer certas plantas a fim de separar o
puro do impuro, eles cuidam para que se tornem elas enegrecidas, evitando porém que se
queimem demasiado rápido, pois as cinzas não servem para a preparação de sua panacéia. É
preciso observar a natureza etapa por etapa para constatar que a ação corruptiva se exerce
muito lentamente, mas tenazmente, até que a água esteja abundamente presente, como é o
caso durante as chuvas de outono.

Notemos que, se dizem que o outono é seco, não é por referência ao tempo, mas porque a
seiva não sobe mais, o que possui um sentido totalmente diferente. Portanto o Elemento Água
que nos preocupa aqui se manifesta, em sua ação corruptiva, com lentidão, tenacidade, sem
descanso, com uma força passiva inacreditável, no seu desejo de destruir tudo o que existe, de
reconduzir tudo ao caos, ao estado de matéria indiferenciada, a fim de que o espírito possa se
liberar, se separar das matérias inertes e combustíveis como, depois da morte, a alma se
desliga do corpo.

Posto sob a égide de Marte ou de Plutão*, este signo confere a seus nativos uma natureza
ativa, secreta, igualmente corruptiva, capaz de combater com tenacidade, não para destruir
irrevogavelmente, mas para que alguma coisa de novo e melhor possa nascer. Os nativos de
Escorpião são assim aptos para os trabalhos de pesquisa, para tudo que se faz na sombra,
durante a noite, em segredo. Eles agem sempre em silêncio sem que se possa descobri-los.

Este oitavo signo do Zodíaco corresponde a tudo aquilo que é chamado a morrer, a se
deteriorar. Ele representa, aos olhos dos Alquimistas, a famosa operação que conduz a
Matéria prima à sua primeira cor, ao negro, à mortificação. ?Nada que não morre renasce?,
costumam dizer, e a maneira de bem conduzir esta etapa, de fazer aparecer o Corvo, é um dos
aspectos mais importantes da Alquimia.

* A primeira das escorregadas para os regentes modernos dos signos. Pedimos aos leitores
deste site que esqueçam os ?planetas exteriores?. (PSC)
Sagitário (23 de novembro ? 21 de dezembro)

Signo de Fogo do Outono

Armand Barbault

Sabemos que o primeiro signo de Fogo - Áries - corresponde ao aumento da temperatura que
aciona a vegetação, e que o segundo - Leão - corresponde ao ponto máximo desta
temperatura, no momento em que os raios solares atingem seu máximo de intensidade e a
vegetação fica madura. O terceiro signo de Fogo, Sagitário, corresponde à regressão da
temperatura, mas possui na verdade um duplo sentido sugerido por seu símbolo, o Centauro,
meio homem, meio cavalo.

Atribuímos também a ele virtudes médicas em função de seu dominante planetário, Júpiter. O
que acontece sob este signo? A putrefação que se efetua sob o signo de água precedente,
Escorpião, é bem caracterizada pelo símbolo do pequeno animal inofensivo no aspecto, mas
cuja picadura é mortífera. Ora, uma vez mortificada, a natureza se comporta da mesma
maneira que o homem pêgo pela morte: a alma se desliga do corpo. Aqui, o espírito dos
vegetais, suas qualidades energéticas e viventes, são, do mesmo modo, liberadas ao mesmo
tempo em que, sob o Fogo regressivo e secreto, se consomem lentamente as últimas
substâncias combustíveis. Se olhardes, no outono, a terra defumada e revolvida pelos
trabalhos, constatareis que rapidamente os elementos corrompidos do estrume, submetidos
ao calor do fogo interior e enegrecidos, começam a desaparecer, até que o solo recobra seu
aspecto primitivo.

Na Alquimia, os fenômenos são análogos: o Alkaest perdeu seus sais e suas qualidades
energéticas no curso das cocções precedentes. Ele será regenerado pelas plantas e elementos
vivos que há na natureza. Assim como aconteceu com a terra, o fogo secreto ativa a corrupção,
provoca o negro absoluto, de modo que, chegado o momento, o Adepto proceda à incineração
dos resíduos inutilizáveis, o que fará reaparecer os sais no seio do Alkaest regenerado, que
desde então, poderá novamente separar o ouro no curso das cocções seguintes.

Este signo é muito rico em ensinamentos para quem sabe ler a natureza. Seus nativos têm
aptidão para a medicina porque sabem onde agir para combater o mal e restituir as forças
perdidas. O fogo regressivo caracteriza também os seres de natureza calma, ponderada,
capazes de lutar eficazmente contra toda a agressividade exterior. Por sua capacidade de
combater rapidamente tudo que é frágil ou vulnerável, os nativos de Sagitário sabem dirigir
empreendimentos. Enfim, eles inspiram confiança pela confiança em si próprios refletida por
sua atitude exterior. Sagitário constitui geralmente um aspecto astral muito bom.
Capricórnio (23 de dezembro ? 21 de janeiro)

Signo de Terra do inverno

Armand Barbault

É na primeira parte do inverno que a terra, separados os elementos pela corrupção e a


combustão caracterizando os dois signos precedentes, irá lentamente assimilar as substâncias
nutritivas que recebeu. Este signo é simbolizado por um animal montanhês, o que evoca a
analogia do trabalho da terra em Capricórnio com a subida de uma montanha de solo árido,
com vegetação escassa. A terra certamente não é pobre. Ela está alimentada, talvez já
semeada. Mas o trabalho de assimilação, de preparação, de retorno às qualidades primeiras
propícias à vegetação, é lento, progressivo, exige tempo.

Do mesmo modo, os nativos de Capricórnio são lentos para se afirmar. Eles precisam fazer um
esforço prolongado, perseverante, se querem beneficiar mais tarde do fruto de seu trabalho.
Freqüentemente, eles não têm sucesso senão na segunda metade da vida. É porque este signo
está sob a influência de Saturno. Segundo os aspectos deste astro, o destino é bom ou mau e
os nativos de Capricórnio devem sempre contar com o tempo.

Os Alquimistas consideram este período de silêncio em que aparentemente nada se passa,


como um tempo de preparação, de retorno ao equilíbrio. É também a época em que eles
procuram a Matéria-prima que servirá para os primeiros trabalhos. A vida da natureza está
toda concentrada sob a terra e dentro das raízes nela contidas, que resistem ao frio. Certas
operações exigem, do mesmo modo, um silêncio, uma imobilidade, um retorno à calma, como
o embebimento das turfas em curso de evolução.

No curso desta operação, é preciso deixar a Matéria um certo tempo no frio, durante o
período em que ela se mantiver envolvida pela película aquosa que bóia na superfície e que
rouba seu fogo interior e que se enegrece pouco a pouco. Esta operação é bem conhecida
pelos adeptos que desejam obter o negro de terceiro grau, a corrupção total, de modo que a
incineração não deixe subsistir mais que um sal perfeito e potente capaz de fornecer o
verdadeiro Fermento que abrirá os metais e os fará dar o melhor de sua tintura.

Trabalho da terra, trabalho do minério ou de seu veio, tudo isto exige tempo, muita paciência;
aperfeiçoemo-nos, pois, tal como essa Matéria à qual nos encontramos mais ligados do que
podemos imaginar.
Aquário (21 de janeiro a 19 de fevereiro)

Signo de Ar do inverno

Armand Barbault

O terceiro signo de Ar, em pleno coração do inverno, o mais frio do ano, oposto a Leão ? signo
mais quente de Fogo ? é certamente o mais desconhecido e o mais enigmático. Tentemos
também compreender melhor em que sentido ele inspira os Alquimistas. Este signo é
simbolizado por uma mulher vertendo o conteúdo de uma urna, o que parece em contradição
com o fato de tratar-se de um signo de Ar. É que a substância contida na urna representa o
fluido aéreo, a irradiação, as forças etéreas da natureza em plena ação no próprio seio da
terra.

Sabemos que o primeiro signo de ar - Gêmeos - corresponde ao momento em que, na


primavera, a vegetação mais respira, intensificando-se sempre cada vez mais, e que o segundo
- Libra - corresponde, no outono, à regressão destas funções respiratórias, no momento em
que a vegetação tende a desaparecer. O terceiro signo de Ar - Aquário - corresponde à plena
manifestação do elemento Ar no interior da terra, onde, por sua irradiação, revivifica as raízes,
provoca as primeiras respirações internas e, em suma, desperta tudo que estava adormecido.

Assim como Leão, seu oposto, faz maturar os frutos sob a influência do sol, Aquário irradia
grãos e raízes enterrados sob o solo, provocando suas primeiras respirações antes que ambos
realmente comecem a crescer. Assim, sob o solo aparentemente adormecido, exteriormente
despojado de toda vegetação, exprime-se uma intensa vida interior. É este, para os
alquimistas, o momento propício para a apropriação da Matéria-prima que neste momento
retém as forças etéreas, de modo que uma vez isolada do solo ela possa reviver graças às
primeiras impregnações vegetais e do orvalho, quando as circunstâncias a isto se prestarem.

O símbolo do Aquário é significativo. Nele vemos a Mãe Natureza vertendo o fluido de sua
urna para dar à vegetação o primeiro sopro de vida que lhe fará retomar seu ritmo. Também
os nativos deste signo possuem uma vida interior intensa e qualidades não-aparentes. Mas são
de grande riqueza interior e, ao contato com a vida, despertarão para afirmar-se.
Regido por Saturno e também por Urano, este signo é o mais secreto e menos conhecido,
mesmo aos olhos dos Astrólogos*.

* Regido só por Saturno na astrologia tradicional, para a qual, aliás, Aquário não tem nada de
especialmente secreto ou desconhecido, sendo aliás chamado ?o mais humano dos signos?.
(PSC)

Peixes (20 de fevereiro a 20 de março)

Signo de Água do inverno

Armand Barbault

Sob o signo de Aquário, o Elemento Ar, por sua irradiação, deu aos grãos e às plantas o sopro
de vida que permite suas primeiras respirações interiores. O signo de Água de Peixes irá agora
alimentá-los a fim de que seus tecidos, ressecados pelo inverno, ganhem volume e recuperem
pouco a pouco sua capacidade respiratória, para que os brotos cresçam antes de se abrirem
sob o Fogo de Áries. Sabemos que o primeiro signo de Água - Câncer - corresponde à subida da
seiva que avoluma os frutos e leva a vegetação a seu crescimento máximo e que o segundo -
Escorpião - vindo depois do equinócio do outono, corresponde à queda da seiva e da
vegetação, que cairá por terra e começará a corromper-se. Entre Escorpião e Peixes, a
corrupção chega a seu termo, o Fogo do Sagitário de certo modo incinerou os resíduos
orgânicos combustíveis; depois, os elementos revivificantes, já separados quando da
corrupção, foram assimilados pela terra que, em Capricórnio, recuperou seus recursos.

O signo de Água de Peixes é portanto um signo fertilizante, que com os sais e as partículas
energéticas enterrados sob o solo, combina e prepara, por uma impregnação gota a gota, o
leite virginal destinado à alimentação das raízes e dos grãos na véspera da primavera. Este
signo está sob a influência de Netuno, planeta de reconhecidas relações com tudo que tem a
ver com os germes e com a geração, e esta última, como a copulação dos peixes, como tudo
que se desenvolve em segredo, está agora particularmente favorecida. Grãos e raízes não
esperam mais que o primeiro impulso para brotar, mas ainda hesitam de medo que o frio traga
um golpe fatal a uma pulsão assaz precipitada.
Assim, os nativos de Peixes são indecisos, hesitantes mas intuitivos. Eles pressentem em si as
possibilidades que se realizarão unicamente sob o império das circunstâncias. Sua natureza
dupla faz deles seres aparentemente simpáticos e passivos, mas que obedecem sempre à sua
voz interior, o que, por sua vez, os faz comportar-se de maneira bem diferente da que
esperávamos.

Os Alquimistas deduziram destas observações a maneira de alimentar progressivamente sua


Matéria-prima por meio de preparações pouco conhecidas, mas muito eficazes. Trata-se do
gota a gota, a associação a esta matéria, durante quarenta dias de banho-maria, em recipiente
fechado, do orvalho e das primeiras plantas, com o fito de obter a extração do primeiro licor, o
Leite virginal necessário para a preparação ulterior do Fermento maior. Este Fermento, como
os germes, como tudo que deve começar a viver e a se desenvolver, está relacionado com
Netuno*.

* Não está relacionado com Netuno, mas evidentemente relacionado com Júpiter, o grande ?
facilitador? e benéfico.

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