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Papel do

Cidadão
PAPEL DO CIDADÃO 2

Módulo 1 - Introdução

1. Boas vindas
Olá! // SAIBA MAIS
Seja bem-vindo e bem-vinda a este curso. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Como você está aqui, já está demonstrando TÍTULO I


que possui uma das características de quem
Dos Princípios Fundamentais
exerce uma cidadania ativa:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
a iniciativa! união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
Neste curso vamos tratar de cidadania, dos tem como fundamentos:
seus direitos e responsabilidades como I. a soberania;
cidadão. A cidadania é algo tão importante
II. a cidadania;
que aparece logo no primeiro artigo da
III. a dignidade da pessoa humana;
constituição.
IV. os valores sociais do trabalho e da livre
Mas, o que é cidadania? iniciativa;
V. o pluralismo político.
Vamos conferir?

Módulo 2 - O que é cidadania?

1. Conceito
Muita gente fala de cidadania. E a nossa Constituição diz que ela é um dos “fundamentos” do nosso
“Estado democrático de direitos”. Mas, você já parou pra pensar o que quer dizer cidadania?

Se procurar no dicionário Aurélio, você vai saber que cidadania é:

“qualidade ou estado de cidadão”.

Não ajudou muito, não é? Agora você vai ter de procurar a palavra cidadão.

Mas, antes que você possa procurar no dicionário ou fazer uma busca na internet, que tal assistir
ao vídeo ao lado e ver o que algumas pessoas responderam à questão: quando você pensa em
cidadania, que palavras vem à sua cabeça?

Agora vamos voltar ao dicionário. O Aurélio dá três definições de cidadão:


• Indivíduo no gozo de direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus
deveres para com este.
• Habitante da cidade.
• Popular: indivíduo, homem, sujeito.
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Vamos agora entender um pouquinho melhor estas definições lá na origem da palavra.

2. Cidadania é ser membro de um grupo


Muita gente boa estuda o tema cidadania há muito, muito
tempo mesmo! Na verdade, desde a chamada “Antiguidade
Clássica”, no tempo dos gregos e romanos.

Você acha que a palavra “cidadania” se parece com outra?


Pois é! Cidadania tem a ver com cidade! Em latim, língua do
povo da Roma Antiga, cidade é civitas. A palavra “cidadania”,
então, vem do latim civitas, que quer dizer cidade!

Naquela época, o conceito de cidade e de estado quase


que se confundiam. Vale observar que, nesse caso, estado
significa país ou nação.

Assim, cidadão era aquele que morava nas cidades, o que significava dizer que era membro de um
estado. Assim, lá na origem, ser cidadão tem a ver com ser membro de um grupo organizado, com
direitos e deveres e, portanto, em pleno exercício de sua cidadania.

3. Interesse público
Você viu que cidade vem de civitas e que tem relação com
a ideia de um estado organizado. Os membros da república
eram chamados de cives.

As palavras têm tudo a ver. Cives lembra civismo, que hoje


define o cuidado e a devoção ao interesse público, ou seja,
o interesse da res pública (coisa pública).

Além disso, cívico, outra palavra muito usada hoje em dia, é


tudo o que é relativo ao cidadão membro do Estado. Logo,
o cidadão tem de ser cívico, cuidar do interesse público, por
definição.

Mas o que é interesse público? Interesse público é o interesse de todos. No caso, de todos os
membros de uma sociedade organizada, de um estado, de uma cidade, interesse de todos os
cidadãos.

É cuidar das ruas, das escolas, do meio ambiente, do planeta, de tudo aquilo que é de todos.

O interesse público é diferente do interesse particular ou privado, que é só meu. O interesse público
é meu também.

A minha liberdade termina onde a do outro começa. Você já deve ter ouvido isso.

Afinal de contas, você habita uma cidade de um País e de um planeta que é público, que é de todos!
E é por isso que as decisões e a normas que regulam o interesse público têm de ser decididas por
todos diretamente ou por meio de representantes, aqueles que a gente chama de “políticos”.
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// EXEMPLOS
Na frente da minha casa tem uma calçada. Cabe a mim, dono da casa, cuidar da calçada que dá acesso
ao meu terreno. Ela tem de estar arrumada, desimpedida, limpa e sem buracos. A calçada é minha, mas
não é só minha. Ela faz parte da via pública, porque serve de acesso não só a minha casa, mas a casa
de todos os outros moradores da minha rua. Por isso, o governo (que administra o interesse público,
ou seja, de todos) estabelece regras para a conservação da calçada e para o seu uso pelo morador. Elas
estão escritas em leis, que são publicadas para o conhecimento de todos. Eu não posso cercar minha
calçada, construir um “puxadinho”, fazer dela estacionamento, ou deixá-la esburacada. Devo, portanto,
conservá-la para que TODOS possam usá-la também.

4. Cidadania e política
Os romanos, no entanto, não foram os primeiros a pensar no assunto. Cives (de onde vem “civismo”
e “cidade”) é uma tradução latina do grego pólites, os cidadãos da pólis, quer dizer, “os membros das
antigas cidades-estado gregas”.

Só para não perder o hábito: pólites e pólis lembram o quê? Política!

Viu? Desde sua origem, cidadania está ligada com a política, que por sua vez, tem a ver com o poder,
com o conjunto de relações em que uns afetam a vida dos outros.

Tem relação com a prática da pólis, da cidade e do estado: o que fazer ou deixar de fazer para
pertencer a um grupo social organizado e para que ele funcione bem. Pela sua relação com o
civismo e o interesse público, cidadania está ligada a civilidade, civilização, com educação, com
respeito às normas sociais. Mais tarde, a partir da Revolução Francesa, o conceito de cidadania
incorporou a ideia de ser igual ou irmão e de ser livre, ou seja, de escolher o que fazer, desde que
dentro das leis.

Liberdade, Fraternidade e Igualdade.


Em todos os tempos, cidadania esteve relacionada a poder, seja dos “políticos”, seja dos cidadãos.

5. Síntese do módulo // SAIBA MAIS


Ser cidadão é pertencer a uma Na Idade Média, depois que o Império Romano caiu, o conceito
comunidade e, por isso, ter direitos de cidade, ligou-se a urbano, também do latim “urbi”, e passou
a ser o oposto de rural. Naquela época, rural significava morar
e deveres, como o de participar nas
num feudo, ter um senhor, não ser livre... Só os que ficavam
ações e nas decisões comuns a todos fora do castelo e que habitavam os burgos (pequenas cidades)
os membros dessa comunidade, seja eram de alguma forma livres, porque podiam “vender” os seus
ela o clube, a associação, o bairro, produtos e o seu trabalho para quem quisessem. Mas, não
a cidade ou o País. A cidadania não eram iguais, porque não pertenciam à nobreza, que detinha os
é só a “qualidade ou o estado”, mas privilégios e o poder. Daí a ligação entre cidadania e os princí-
pios da Revolução Francesa: igualdade, fraternidade e liberda-
também, o direito e o dever de ser
de.
cidadão. É “estar” e é “ser” cidadão!
Dois destes princípios também estão presentes no Artigo 5º
Pelo que vimos, podemos concluir que da nossa Constituição: “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e
não há cidadania sem AÇÃO! aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
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Módulo 3 - Seus direitos, suas responsabilidades

1. Direitos e deveres
Para muita gente, ser cidadão é ser de um determinado País. Ser brasileiro, ser francês, ser
argentino. É que as cidades da antiguidade tinham muito a ver com o que a gente chama hoje de
país. Para outros, ser cidadão é ter certidão de nascimento, carteira de identidade, passaporte, título
de eleitor.

Todos estes documentos asseguram “direitos” e ser cidadão é ter direitos, mas também é ter
deveres. Deveres de quem usufrui dos direitos de uma comunidade onde todos são iguais.

Se você é sócio de uma biblioteca, você tem os mesmos direitos de todos os sócios. Pode pesquisar
e levar livros emprestados... Mas, para isso, também tem deveres: deve fazer o seu cadastro,
devolver o livro no dia combinado, manter o livro em bom estado, tratar bem os funcionários, os
outros usuários da biblioteca, etc...

Hoje, o conceito de cidadania está muito ligado à noção de direitos. Pode-se inclusive dizer que a
cidadania consiste no exercício pleno de três direitos:

• civis
• políticos
• sociais

2. Direitos civis, políticos e sociais


Os direitos civis são nossos direitos fundamentais: direito à vida, à propriedade e à igualdade. Eles
podem ser resumidos na palavra liberdade e estão no artigo 5º da nossa Constituição.

Os direitos políticos estão ligados à participação no governo. Basicamente é o direito de votar e de


ser votado, de ter um parlamento livre. Eles estão nos artigos 14 e 15 da nossa Constituição.

Já os direitos sociais são os que diminuem as desigualdades: o direito à educação, ao trabalho, ao


salário justo, à saúde e a aposentadoria, por exemplo. Fundamenta-se na ideia da justiça social. Eles
encontram-se elencados em cinco artigos (6º ao 10) da nossa Constituição.

// SAIBA MAIS
Muitos desses direitos estão registrados em leis específicas. Conheça algumas dessas leis:
As crianças e adolescentes têm direito a escola pública e gratuita próxima de sua residência. Esse e
outros direitos das crianças e adolescentes você encontra no ECA – Estatuto da Criança e do Adoles-
cente.
Se você compra um frango congelado e está escrito na embalagem que esta contém três quilos, mas
quando você chega a casa e descongela, vê que de frango mesmo só tem dois quilos e meio! O Código
de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 1990) diz que o fornecedor – o mercadinho nesse caso
– tem quatro opções: cobrar o valor do peso certo do frango; devolver o dinheiro pago imediatamen-
te; dar meio quilo de frango para compensar; ou substituir o produto por outra de “mesma espécie,
marca ou modelo” com o peso correto desta vez.
Pessoas idosas não pagam passagem nos ônibus urbanos em atendimento ao disposto no Estatuto
do Idoso, bem como tem assistência preferencial em vários lugares e desconto em eventos culturais.
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3. As leis e seus direitos


Você pode pensar: “Ei! Mas eu percebo que tem vários direitos sendo desrespeitados! Então não
serve nada existirem essas leis todas?”

Bem, se você tem conhecimento dessas leis fica mais fácil exigir seus direitos, não é mesmo? Quem
não tem conhecimento pode ser enganado sem nem perceber.

4. Deveres e democracia
Pode parecer simples: todos os cidadãos têm direitos e
deveres que são públicos e escritos em uma lei para todos!
Este é um princípio básico da democracia, outra invenção
grega, o governo do demos (povo).

No entanto, nem sempre foi assim. A história mostra muitos


momentos em que um pequeno grupo impôs suas ideias
sobre a maioria. Isso continua acontecendo em vários âmbitos.

Por isso, não podemos esquecer os nossos deveres. E a


participação, que é um direito, também é um importante dever do cidadão.

Para termos e mantermos a nossa democracia é preciso que você participe, expresse a sua opinião
dentro das normas e formas disponíveis a todos os cidadãos.

5. Democracia, direitos e deveres


Além da participação direta, pelas manifestações, pela apresentação de projetos de iniciativa
popular, pelos plebiscitos e referendos, também podemos exercer a participação por meio de
representantes eleitos pelo voto. É isto que a gente chama de governo representativo republicano,
previsto na nossa constituição:
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“Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição”.

O Brasil é uma República Federativa. República é coisa pública, lembra? Quer dizer que o Brasil é
de todos! Mas, para melhor administrar esta grande república, com 8,51 milhões de quilômetros
quadrados de área e mais de 190 milhões de habitantes, ela foi organizada em uma Federação
formada por três entes: a União, os Estados e os Municípios.

// SAIBA MAIS
Plebiscito é a consulta realizada ao povo antes que determinada medida ou ação seja tomada pelo
governo. Por meio desse instituto, o povo, diretamente, opina sobre determinada questão de relevân-
cia para a vida nacional.
Exemplo: Em 1985, os moradores de Santo Amaro, bairro da cidade de São Paulo (SP), foram às urnas
em plebiscito e decidiram que a região não deveria voltar a ser município como havia sido de 1832 a
1935.
O referendo, por sua vez, é uma consulta realizada também ao povo, mas após uma decisão do go-
verno, ou seja, o governo decide por uma determinada ação ou medida e depois submete tal decisão
à população. Cabe ao povo aprovar, ou seja, referendar, ou rejeitar a decisão do governo.
Como exemplo, podemos citar a consulta sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munição
no Brasil ocorrida em outubro de 2005 em atendimento ao disposto na Lei nº 10.826/2003.

Módulo 4 - Participação social

1. O ser humano é um animal social


Você já deve ter ouvido que o ser humano é um ser social. Desde a época das cavernas, ele
percebeu que sua vida seria mais fácil se estivesse junto com outros homens.

Assim, ele estaria mais protegido frente a espécies mais fortes. É por isso que as pessoas sempre
viveram em grupos, sejam famílias, tribos ou clãs.

Só que estar no grupo não é suficiente. É preciso ser um membro atuante. Fazer parte do grupo
não é só colocar o nome na lista, é participar realmente, trabalhar para o bem de todos. É agir, dar
opinião, construir.

A participação tem níveis:


1. Tudo começa com a associação, ou seja, colocar o nome na lista.
2. Depois você passa a ser membro e começa a conhecer o trabalho do grupo.
3. Em seguida, na fase da contribuição, você dá sugestões, ideias, ou seja, trabalha em prol
daquele grupo.
4. A última fase é o engajamento. Engajar-se é realmente fazer parte, pensar-se parte do grupo. É
o final do processo.

Em outras palavras, por algum motivo, você se sentiu interessado em participar. Você teve a
ideia. Em seguida você agiu, foi lá e inscreveu-se ou tornou-se membro de alguma outra maneira.
Depois você assumiu uma atitude proativa. Você não é mais só parte, você é um participante ativo,
efetivamente participa!
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2. O que é participação social


Participação é muito importante quando se faz parte de qualquer grupo, seja uma família, uma
escola, uma religião, uma comunidade ou uma cidade.

Como indivíduo você tem direitos e deveres, deve participar para dar sua contribuição e fazer valer
sua vontade. Junto com outras pessoas, você pode atuar de maneira mais eficaz para alcançar um
objetivo comum.

Você já ouviu o ditado “A união faz a força”? Já


parou para pensar nessa frase? Experimente
o seguinte: pegue uma vareta de bambu,
dessas que são usadas para fazer espetinho de
churrasco. Tente quebra-la. Fácil, não é?

Agora experimente tentar quebrar um molho


com cinquenta espetinhos. Difícil? Com as mãos
é praticamente impossível. Com a gente acontece
a mesma coisa: a opinião, o desejo e os objetivos
de um grupo de indivíduos se fortalecem quando
trabalham juntos. Isso tem tudo a ver com
participação social!

São exemplos de grupos de participação social: condomínios, organizações não governamentais


(ONGs), associações de bairro. Esse conceito inclui atividades realizadas por um grupo, usualmente
voluntário, que não influencia diretamente as ações públicas.

As associações servem a diversas finalidades.

3. Organização de trabalhadores
Há organizações de trabalhadores como os sindicatos, os conselhos, os órgãos de classe e as
confederações. Exemplo: a Confederação Brasileira de Vôlei, a Confederação Nacional da Indústria e
a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Muitas dessas organizações e confederações cumprem um importante papel de intermediação


entre trabalhadores e empresários e entre a sociedade e o governo. Dessa forma, elas participam
politicamente.

Outras confederações são um tipo de associação que consolidam um grupo independente, como as
confederações de esportes e as sindicais.

Há também associações que prestam serviços a seus associados, que exercem uma atividade
econômica comum, sem que tenham fins lucrativos.

Uma cooperativa é organizada de forma democrática, isto é, conta com a participação livre de todos,
respeitando direitos e deveres de cada um de seus cooperados.

A principal vantagem que a cooperativa traz a seus membros é a organização do trabalho. Assim,
indivíduos que, de forma isolada, teriam dificuldade de se manter no mercado de trabalho
aumentam sua competitividade. Muitas cooperativas servem de instrumentos de cidadania,
melhorando a renda e as condições de trabalho de seus associados a partir da união.
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4. Associações de parceria, sociedade e governo


Há associações de parceria entre a sociedade e o poder público previstas em lei. Elas possibilitam a
participação social na gestão da coisa pública.

A constituição de 1988 inovou ao criar uma série de espaços para a participação popular nas
decisões políticas: os Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais. Eles atuam em áreas sociais
como saúde, educação, assistência política. Exemplo: Conselhos Tutelares – órgãos municipais
criados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

// SAIBA MAIS
Os Conselhos Tutelares são órgãos municipais destinados a zelar pelos direitos das crianças e adoles-
centes instituídos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 1990).
O Conselho Tutelar é composto por cinco membros eleitos pela comunidade. São eles que acompa-
nham e decidem, em conjunto, as medidas de proteção em cada caso.
O Conselho tem autonomia funcional, não é subordinado a qualquer outro órgão do Estado. Assim,
pode atuar na fiscalização de todos os entes de proteção à criança e ao adolescente: Estado, comuni-
dade e família.
Para ser Conselheiro Tutelar, a pessoa precisa ter mais de 21 anos, reconhecida idoneidade moral e
residir no município. Cada município tem autonomia para criar outras exigências para a candidatura a
Conselheiro.
Procure a prefeitura do seu município e participe!

5. ONG
A gente ouve falar muito das ONGs. O que são ONGs? A palavra ONG é um acronismo, ou seja,
é uma sigla formada pelas iniciais de Organizações Não Governamentais sem fins lucrativos,
organizadas pelos cidadãos, de forma privada, mas que cuidam de assuntos de interesse público.

As ONGs exercem o papel de organizar as preferências dos cidadãos quanto às políticas


públicas que efetivamente devem ser elaboradas, legisladas e colocadas em ação pelos nossos
representantes. Elas também aproximam a sociedade de seus representantes, mas não são
previstas em lei como os conselhos.

Além disso, também podem executar ações de interesse público como, por exemplo, divulgar e
apoiar uma ideia ou causa, disseminar conhecimento sobre certo assunto, realizar ações educativas
ou culturais, oferecer apoio a pessoas que sofrem de determinada doença etc.

O problema é que, historicamente, os índices de participação social no Brasil ficam abaixo de 10% - o
que não é nada bom para a qualidade de uma democracia representativa e participativa ainda em
consolidação.

VOCÊ PODE FAZER DIFERENTE! PARTICIPE!


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Módulo 5 - Participação política

1. O que é participação política?


A maioria das pessoas acredita que participar politicamente
resume-se em votar, ou seja, eleger representantes.

Na verdade, o conceito é amplo e inclui, além do voto, essencial


para a democracia representativa, a participação em partidos
políticos, a candidatura a cargos eletivos e algumas formas de
participação direta prevista na nossa Constituição.

Participar politicamente é influenciar as decisões políticas e as


políticas públicas do País, do Estado e do Município. Isso pode ser
feito de várias maneiras conforme já explicitado: voto, participação
nas eleições, candidatura a cargos eletivos, atividade partidária,
engajamento em campanhas políticas, participação em comícios e manifestações e apresentação de
requerimentos, petições e propostas com o objetivo de influenciar os legisladores.

2. Mas política não é problema meu!


A política está muito mais próxima de sua vida que você pensa. Quer ver um exemplo?

Quando você nota algum problema no seu bairro ou no seu município, o que você pode fazer
para que ele seja resolvido? Você pode, individualmente, acionar a prefeitura. Mas ela ouvirá sua
demanda muito mais facilmente se esta for endossada por uma associação de bairro, por exemplo.

Muitos cidadãos o estarão apoiando e a união faz a força. Fica muito mais difícil dizer não a várias
pessoas. Juntos, podemos fazer a diferença! E é por isso que participação social está tão relacionada
com política.

3. Como a participação social se une à política


Uma grande corrente de cientistas políticos e sociólogos acredita que as organizações sociais – as
organizações sem fim lucrativo, as associações de bairro e as redes voluntárias – têm um papel
fundamental para o bom funcionamento de um regime democrático. Em primeiro lugar, porque elas
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promovem uma cultura democrática em que há união, debate e busca de consenso e conciliação.
Em segundo lugar, porque facilitam o trabalho dos representantes.

Quando a sociedade se organiza, fica mais fácil saber quais as demandas mais urgentes, tanto em
nível local quanto em nível federal. Fica mais fácil também acompanhar e cobrar as respostas do
poder público a essas demandas. Em grupo, a opinião é mais forte e isso também é fundamental
para um regime democrático.

// EXEMPLOS
Um exemplo da importância dos movimentos sociais na política é a aprovação em 2012 do Projeto Ficha
Limpa, que restringe a participação de pessoas condenadas pela justiça nas eleições. A proposta de
iniciativa popular apresentada à Câmara dos Deputados contou com mais de 1,6 milhão de assinaturas.
A história da ação popular começou com a campanha “Combatendo a corrupção eleitoral” pela
Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em
fevereiro de 1997. Dez anos mais tarde, o projeto ganhou força com a campanha do MCCE (Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral), que mobilizou uma série de entidades da sociedade civil, contando
ainda com forte campanha de mobilização nas redes sociais.

Módulo 6 - Partipação no legislativo

1. Como participar no Legislativo?


O Brasil é uma democracia semidireta em que a maioria das
decisões é tomada por representantes eleitos pelo povo.

Assim, temos que escolher bem quem vai tomar as decisões por
nós. Mas cuidado! O voto é importantíssimo, porém não é a única
forma de participar.

O cidadão tem diversas outras formas de acompanhar e


influenciar a atuação dos representantes políticos.

Eleger seus representantes é a primeira maneira que nos vem à


mente quando pensamos em participação. Você, cidadão eleitor, tem uma importante missão a ser
desempenhada, decisiva para o futuro da nação. Se pensar bem, sua escolha traz consequências
para todos que o cercam: parentes, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, filhos, netos, bisnetos.

Você tem o poder de escolher os representantes que irão governar o País, decidir sobre os gastos
do Estado e fazer as leis que regulam a vida em sociedade.

Assim, lembre-se que está em suas mãos o poder de


decidir quem vai lhe representar, votando com consciência
e bem informado, podendo evitar que maus políticos
tomem as decisões pelo povo.

Responder a uma consulta direta é outra forma de


participar.
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O Poder Legislativo pode solicitar a realização de uma consulta direta para saber qual é a opinião do
povo sobre determinada questão de relevância nacional. Na prática, é uma espécie de eleição em
que os cidadãos “votam” na opção que reflete a sua opinião. Isso ocorre por meio de um Plebiscito
quando a consulta é feita antes que determinada medida ou ação seja tomada pelo governo.

O Referendo acontece quando o governo toma uma decisão e a submete à população, que pode
referendar, ou seja, aprovar, ou rejeitar a medida.

A constituição dá ao povo a possibilidade de apresentar


ao Poder Legislativo, por meio de um abaixo-assinado, um
projeto de lei. Para isso, um número mínimo de eleitores
precisa apoiar essa iniciativa. Dessa forma, se um grande
número de eleitores entende que a criação de uma
determinada lei é necessária e apresenta um projeto de
lei por meio da iniciativa popular, o Legislativo tem o dever
de apreciar essa matéria, que é resultado da vontade dos
cidadãos.

O voto não é o único vínculo que você tem com os deputados.

Depois de eleito, tendo você votado em um deputado ou não, ele é seu representante. Se você ou
uma associação da qual você participa tem ideia de algo que possa ser feito e que este depende
de legislação para isso, vocês podem acionar seu representante. Ele é o representante legítimo
para alterar ou propor uma nova lei. Por isso, você pode entrar em contato com ele ou com as
pessoas que o assessoram por meio de telefone, correio eletrônico ou pessoalmente e, no caso dos
deputados federais, no gabinete em Brasília ou no escritório que cada deputado tem em seu Estado.

O cidadão pode recorrer ao deputado sozinho ou coletivamente, por meio de um sindicato, órgão
de classe, ONG etc. Além disso, é importante lembrar que há deputados que se “especializam” em
determinados temas e assim, mesmo sem ser do seu Estado, será o mais indicado para tratar da
questão.

Há fóruns oficiais para debater e propor sugestões


para o aperfeiçoamento da legislação já existente ou
para a elaboração de novas normas. Pelo site Câmara
dos Deputados, qualquer cidadão pode se inscrever no
E-democracia. Na Câmara e em outras casas legislativas,
também existem Comissões de Legislação Participativa,
que recebem sugestões de projetos de lei e de outras
proposições de entidades da sociedade civil organizada
(ONGs; Associação e Órgãos de Classe; Entidade da
Sociedade Civil, exceto Partidos Políticos; Órgãos e
Entidades de Administração Direta e Indireta com
participação paritária da sociedade civil).

Assim, até mesmo uma associação de moradores do seu bairro pode apresentar uma sugestão
que, posteriormente, pode virar uma lei. Temos como exemplo a primeira sugestão apresentada à
Comissão de Legislação Participativa da Câmara pela Associação dos Juízes Federais do Brasil, que
trata da informatização do processo judicial, que se transformou na Lei nº 11419, de 2006.

Você pode acompanhar os trabalhos legislativos pelos endereços eletrônicos das casas legislativas e
saber quais temas estão em discussão, quais decisões estão sendo tomadas.
PAPEL DO CIDADÃO 13

Na Câmara dos Deputados, você pode, por exemplo, assistir


a todas as reuniões, votações e audiências públicas ocorridas
em plenário ou nas comissões. Os cidadãos podem fazer
isso pessoalmente e também pela internet, rádios e TVs
legislativas.

Além disso, o site da Câmara dos Deputados permite que


você se cadastre para receber um boletim sobre a atuação
do deputado de seu interesse e é por isso que essa atuação é
pública e está disponível ao cidadão.

Você se lembra de que uma das funções do Legislativo é fiscalizar? Essa tarefa é exercida com
o auxílio de outros órgãos, como os Tribunais de Contas e por meio das CPIs – Comissões
Parlamentares de Inquérito, por exemplo.

Por isso, se o cidadão identifica uma irregularidade, ele pode acionar a sua casa legislativa municipal,
estadual ou federal e fazer uma denúncia. Esta pode ser inclusive a respeito da atuação dos próprios
deputados. Fique de olho e aponte o que você vê de errado.

Ser um representante!
Há pessoas que acham que ser político é para os outros, mas por que não pensar em ser, você
mesmo, um representante? Se você tem vontade de fazer algo pela sua cidade, estado ou pelo Brasil
como um todo, esse é um bom caminho!

Por meio da atuação legislativa você poderá apontar e decidir sobre questões relevantes para a
sociedade. O primeiro passo é buscar um partido com o qual você se identifique.

Disseminar seu conhecimento sobre o Poder Legislativo!


Você pode compartilhar o que conhece sobre a atuação do legislativo e as formas de
acompanhamento e participação. Cidadãos informados, críticos e participativos fortalecem a
Democracia!

O Poder Legislativo tem um papel importante para a democracia, fiscalizando, elaborando as leis e
sediando os debates de relevância para o Brasil.

Mas, além disso, a sua situação também é muito importante! Escolhendo bem e acompanhando
a atuação dos representantes, você pode dar a sua contribuição para todos em sua volta e para a
futuras gerações!

Módulo 7 - Fazendo a diferença, diminuindo desigualdades

1. Diferenças e desigualdades
Vimos que o artigo quinto da Constituição começa com “todos são iguais perante a lei”. Mas, o
detalhe é que somos iguais e diferentes ao mesmo tempo.
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Somos todos iguais porque somos seres humanos da mesma


espécie. Ao mesmo tempo, também somos iguais no que diz // REFERÊNCIAS
respeito aos direitos e deveres dos cidadãos. Mas somos muito A Construção Multicultural da
diferentes porque somos indivíduos com todo tipo de diferença: Igualdade e da Diferença. OFICINA
DO CES. Nº 135 - 1999: Publicação
na aparência, nas condições de vida, nos pensamentos, na
seriada do Centro de Estudos
personalidade e, principalmente, nas necessidades. Sociais. Praça D. Dinis. Colégio São
Jerónimo, Coimbra.
E para que todos cheguem a ter os mesmos direitos é preciso
que as diferenças individuais sejam preservadas e as suas
escolhas garantidas.

“Temos o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza e


temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.
Devemos lutar por uma democracia participativa.”

Boaventura de Souza Santos (1999)

2. Diferenças, desigualdades e responsabilidade social


No Brasil, há muitas diferenças em termos de credo, religião, cor, costumes. Isso é bom e deve ser
respeitado, pois demonstra toda a diversidade que tanto nos orgulha.

Mas há tristes desigualdades também, como o fato de nem todos terem acesso à educação ainda
hoje.

Você sabia que quase 1,5 milhões de jovens brasileiros ainda não sabem ler ou escrever um bilhete
simples? O fato de você poder acompanhar este curso é um privilégio que, como todo direito,
traz em si um dever: o de reproduzir este conhecimento, de agir na comunidade para decidir
conscientemente por muitos que não têm a mesma oportunidade.

A cidadania ativa pode diminuir nossas desigualdades. Participar não é só um direito, mas um dever
de quem quer usufruir dos benefícios de uma democracia de qualidade. Mais que um dever, sua
participação é uma responsabilidade social.

Mas, o que é responsabilidade social?


É agir no meio ambiente de forma consciente a fim de que nossas ações nos beneficiem hoje e, ao
mesmo tempo, não prejudiquem o mundo para as próximas gerações. O meio ambiente inclui não
só o planeta, mas, também, as pessoas que nele vivem!

A ação política também é uma responsabilidade social!

3. O cidadão na prática
O que é ser cidadão na prática?

Assista ao vídeo e pense sobre o assunto! Link para o vídeo


PAPEL DO CIDADÃO 15

Você concorda com o Rui?


Você acha que grafitar é ser cidadão?
Não é estragar o bem público?
Qual o limite entre arte e vandalismo?

O limite está na forma e na norma. Quando agimos dentro das leis, em espaços adequados,
pensando no bem público, quer dizer, quando agimos com civilidade, estamos sendo cidadãos.
Quando agimos pensando só em nós mesmos e destruímos o que é do outro, com a desculpa de
que também é nosso, estamos sendo vândalos, ou seja, bárbaros.

// SAIBA MAIS
Rui Amaral
Artista plástico multimídia, ativista cultural, 48 anos, paulista. É um dos pioneiros do movimento do
graffiti brasileiro, tendo um dos maiores murais na cidade de São Paulo, atualmente. Trabalha com
desenho animado, pintura, webart, instalações. Já expôs na Pinacoteca do Estado, MAC, MIS, Funarte,
MASP e Paço das Artes.
Participou da Trama do Gosto e de três mostras paralelas na Bienal Internacional de São Paulo. Possui
trabalho no acervo do MASP. Formado pela FAAP em artes plásticas, fez parte de uma época denomi-
nada geração 80, considerada um dos maiores expoentes do graffiti brasileiro, que começava a invadir
Bienais, museus importantes e galerias.
Formou um dos grupos que mais agitou o circuito artístico paulista, o Tupynãodá, cujos integrantes
foram os primeiros a grafitar à luz do dia. Sofreu perseguições da polícia, chegando a ser preso várias
vezes e processado criminalmente pela prefeitura de São Paulo. Atualmente tem se dedicado ao Bicu-
do seu personagem criado no graffiti que virou o primeiro “Toy Art” do Brasil feito em vinil. Tem uma
produtora multimídia, a Artbr, pioneira em conteúdo para banda larga no país, coordena projetos de
arte e educação voltados à valorização da cidadania junto a comunidades carentes.
(Disponível em https://www.catalogodasartes.com.br/artista/Rui%20Amaral/, acessado em 14/02/2022)

Módulo 8 - Encerramento

1. Encerramento e créditos
Conteúdo básico: Ana Lúcia Henrique Teixeira Gomes
Conteudista do módulo “Participação no Legislativo”: André Corrêa de Sá Carneiro
Planejamento educacional: Thais da Costa Picchi
Adequação de conteúdo: Lúcio José Carlos Batista - Nuead
Revisão textual: Hélio Ferreira Cortes e Quintino de Medeiros Faustino - Nuead
Diagramação: Rafael Marques e Leonardo Stevanato - Nuead
Imagens: Gabriel da Silva Breda - Numid
Desenvolvimento: Leonardo Stevanato e Ênio José Ferreira Júnior- Nuead

Publicado em novembro de 2014 e readaptado em outubro de 2020.

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