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Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Medicina da Bahia


Memorial da Medicina Brasileira

Esta obra pertence ao acervo histórico da Faculdade de


Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, sob a
guarda da Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde
Brasileira, e foi digitalizada pela equipe do Laboratório de
Preservação do Memorial da Medicina Brasileira.

Março de 2024

Memorial da Medicina Brasileira – Faculdade de Medicina da Bahia


Largo do Terreiro de Jesus, s/n, Pelourinho - Salvador - Bahia - Brasil

www.bgm.fameb.ufba.br
bibgm@ufba.br
ao nsseccenstesctesisccesst.

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APRESENTADA Á

Faculdade de Medicina da Bahia


28 DE FEVEREIRO DK 1902

35 TI DE

Sybio dQesar Peito
; Natural de Sergipe
:

OBTER O GRAU DE DOUTOR EM MEDICINA



AFDIDE
ão DISSERTAÇÃO

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Cadeira de Pathologia Interna
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PROPOSIÇÕES
Tres sobre cada uma das cadeiras do curso
de Sciencias Medicas e Cirutgindo

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Faculdade de Medicina
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Vicr-Dmsoror— DT. ALEXANDRE E.
DE CASTRO CERQUEIRA

Lentes cathedraticos
BRITTO

MATERIAS QUE LECCIONAM


os DRS .
+ Chímica medica.
.
Josê Olympio de Azevedo
+
.
Historia natural medica.
Dorea. -
José Rodrigues da Costa Anatomia deseriptiva,
J. Carneiro de Campos, .
+

:
| *

"Antonio Pacifico Pereira.


»

e. Histologia
Physiologia,
PAO “Manuel José de Araujo .
+ +
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Parmacologia e Artede
A. de Araujo Falcão
Vietorio
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Wngasia medias
: À

Buicteriologia.
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Augusto C; Vianna. . »
João Agrippino C. Dorea . -
+

- +Pathologia cirurgica.
«+

Carlos TrSlbaSs QUÉ


Anatomia medico-cirargica,
Fortunato Augustoda Silva Juuior. Operações e apparelhos
í Anisio Circundes de Carvalho . . Pathologia medica.
À Guilherine Pereira Rebello. . . . Anatomia e Physiologia pathologicas

í José Eduardo F. de Carvalho Filho . Therapeutica.


é!
Deccleciano Ramos. . . . . . . Obstetricia.
Raymundo Nina Rodrigues . . » Medicina legal e Toxicologia,
S

v
J. Matheus dos Santos . . , . . Hygiene.
Í
:

:
EE Manuel Victorino Pereira. . . . . Clinica cirurgica, 2.º cadeira
;

|
Alexandre: E. de Castro Cerqueira. Clinica dermatologicae s) philigrapniea
Alfredo Britto . .0. . . . . . Clinicapropedeutica.
,
i
Antonio Pacheco Mendes . . . . Clinica cirurgica, 1.º cadeira
Í

| Climerio Cardoso de Oliveira, . . . Clinica obstetrica e gynecolegicas


. |
Fraúcisco dos Santos Pereira. - . Clinica ophtalmologica.
,

í
" Fráncisco Braulio Pereira. . 3 Clinica medica 2.a cadeira
* *

| NM Jd,
Tillemont Fontes . . . . . . Clinica psychiatricá e de molestia gr
: . «

nervosas.
:
' Frederico de Castro Rebello. . . . Clinica pediatrica ê
Í
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eo Cons. Ramiro Affonso Monteiro, «
. Clinica medica 1'º cadeire.
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da Fonseca. . .
de Castro Cerqueirá
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Sebastiao Cardoso
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Em disponibilidade

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| OS DOUTORES

Assis a secção
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M. de e Souza 1. seceã
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Leta-se
7 Conheceram na
17 virginium Conheceram-n'a
13 chloroanemias virginum
obstructum chloro-anemias
Conquanto 0bstructiítm
nos organismo Comquanto
ANTIGIEÊNICAS
nos organismos

Cousas ANTI-HYGIENICAS
tubercnlose coisas
apertando o tuberculose,
corresponder dos apertando-o
corresponder o dos
mensttuação menstruação “
alguns envergam alguns annos envergam
anhelante anhelante,
suores; suores,
importante importantes
somente, somente
porem porem,
as cinco às cinco
Primeiramente Primeiramente,
Presques tonte savie;
.—

presque tonte sa vie;


& “Tepentina repentina,
as ás
Boilland Boillaud
Em rasão disto Em rasão disto,
assim como assim como o
a chlorose a chlorose,
são normaes são normaes,

Como quer que seja Como quer que seja,
karriolyse kariolyse ;

sente entes
“Iayem Haxyem,
â cachexia a cachexta
chinisnio | chimismo
é constituida é constante
a primeira , á primeira
tuberêunlosa tuberculose
forma formula
e, de crise e de crise
eila precede ella ora precede
prescreveu: prescreveu;
segundo ele segundo elle,
á chlorose a chlilorose
-
ás dores as dores
igulares. jugulares,
e Kdlefsen Kdlefsen
|
Deffere da osteotomia Dilfere da ostectomia
estensão extensão
álbuminancia albuminuria
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DISSERTAÇÃO

Cadeira de Pathologia Interna

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HISTORICO 255
Pailidas cores, Febris alba, Morbus VIVQINeUS,
Obstructio virginum, Morbus viíridisó, Cachexia
virginum, Chlorosis, tal é a rica synonimia da
interessante molestia que escolhemos por obje-
cto do nosso trabalho.
Conheceram n'a Hypocrates, Galeno e Archi-
gene;

para aquelles era a expressão da retenção
do sangue na madre; para este era uma febre
inflammatoria.
o
Paralysada, sem acceitação a idéa de Archi-
gene, fez epocha a de Hypocrates, que até na
edade media teve adeptos em Mercatus, Paré e

outros.
Todavia, só em 1615 foi que um distincto |

medico de Montpellier Varandal, descrevendo a


cachexia virginium, creou-lhe um logar indepen-
dente no quadro nosologico, com a depominação
CHLOROSE VULGAR
4

de chlorosis, nome que, originario do grego,

significa pallidez.
obser-
No seculo 18 os clinicos, baseados na
nervosos collo-
vação constante dos phenomenos
caram-n'a no numero das nevroses, cabendo a
muito
Sydenham a paternidade d'esta idéa, por
Willis, As-
tempo ace eita. Mais tarde, Lietaud,
do san-
truc, curiosos do augmento da serosidade
gue, aventaram a theoria hydremica.
Ao declinar do seculo 18, consoante o pro-
gresso da anatomia e physiologia pathologicas,
idéas mais luminosas se formaram sobre a patho-
genia da chlorose.
Rasori accusa a entérite lenta; Grimaud, em
1881, a inflammação do utero, e Giacomimi a
arterite chronica.
Andral, Becquerel, Gavarret e outros filiam-n'a
ao grupo das anemias.
Muitos clinicos, voltando ás theorias antigas
sustentam: uns a amenorrhéa; outros, a intoxi-
A,
io

O
cação pelo sangue menstrual; outros a hysteria.
ERA
Bouillaud afirma a predisposição e G. Sée
AUT

SENTI

lança a sua celebre formula: «toda vez que hou-


RAR

Qua
TRE

00 60

aa
o

Rabi

A,
EC
SYLVIO CEZAR LEITE 5

ver desproporção, entre a força do desenvolvi-

mentoe os meios reparadores a chlorose pode


ser disto a
consequencia.»
Depois então apparece a escola anatomica te-
desca representada por Virchow, que invoca a
hypoplasia vascular, e

Rokitansky, a hypoplasia
genital.
Finalmente, a hematologia veiu tudo escla-
recer, precisando as lesões do sangue e dando-
lhes a importancia capital que realmente tem.
Hayem concebe a essencia da chlorose; esta-
belece suas relações com as outras molestias; e
cria o grupo das chloro-anemias.
Presentemente, como procuraremos demons-
trar no decurso do nosso trabalho, a chlorose é
uma -especie morbida que bem se define assim:

«uma anemia da puberdade, preparada por uma


tara hereditaria de degeneração da nutrição.»
LL)
ETTIOLOGIA
A chlorose desenvolve-se em todas as regiões,
atravez de todos os climas, não respeitando raça
nem distinguindo classes, aggride todos os sexos
e edades, preferindo, porem, a puberdade e o
sexo feminino.
Ella irrompe sob a acção combinada de causas
predisponentes e determinantes.

Causas predisponentes
SEeEXO0.— Morbus virgineus, obstructumvirgunum,
cachexia virginum, virginum colores, toda
fedi
esta synonimia se legitima da importancia que
ligavam outr'ora á influencia do sexo feminino.
Conquanto não sejam as pallidas cores O
apanagio de qualquer dos sexos, nos utilisaremos
da synonimia acima exarada não só porque é
predominante a influencia da mulher, mais ainda
8 CHLOROSE VULGAR

nos occuparmos especialmente da chlorose


por
da puberdade feminina.
vulgar, isto É, da chlorose
A preferencia pelo bello sexo
só nos parece

explicavel pelo facto da funcção menstrual,


condições de predispo-
porque todas as demais
sição o sexo masculino pode ter.
EpaDE.—Na vida da mulher duas grandes
epochàs se destacam: a puberdade que inicia o
periodo genital e a menopausis que o termina.
À puberdade imprime ao organismo feminino
modificações taes que se traduzem por pheno-
menos de ordem moral: a affectibilidade, o amor;
phenomenos de ordem physica: o desenvolvi
mento organico e funccional da sexualidade, o
arredondamento dás formas, devido ao tecido
cellulo-gorduroso estheticamente destribuido em
torno dos differentes membros, dos seios, do
pescoço, e que dá esta correcção de linhas, essa
constituem o encanto, a belleza o mais
graça, que
poderoso dos dotes da mulher.

E' aedade da hysteria, da epilepsia, da choréa,


e muito principalmente das molestias de evolução,
cujo prototypo é a chlorose,
SYLVIO CEZAR LEITE 9

Sem negarmos a chlorose da menopausis, a


chlorose tardia ea chlorose dos rapazes, affir-
mamos que a edade predilecta do morbus virgi-
neus é a puberdade,
A molestia' ora coincide com a primeira
menstruação, ora apresenta-se mais tarde.
Hayem, em 57 chloroticas menstruadas nor-
malmente, verificou ter apparecido a molestia aos
17 annos, isto é, dois annos e meio, na media,

depois da primeira menstruação.


HEREDITARIEDADE.—E' a causa predisponente
mais importante do morbus virgineus.
Ella pode ser directa ou similar e indirecta ou
heteromorpha.
A hereditariedade indirécta é comprovada
mulheres cujos filhos são
pela observação real de
todos, com ou sem distincção de sexo affectados
de chlorose.
Moriez, citado por Luzet, observou o caso de
uma mulher que teve quatro filhas chloroticas.
Casos identicos observaram Nonat e Potain
n'estes termos: «Les
que corrobora nosso asserto
filles d'une chlorotique sont souvent toutes chlo-
a
Sylvio Leite.
10 CHLOROSE VULGAR

solent du reste
rotiques quelques excellentes que
les conditions ou ont les fait vivre et, dans cer.
tains cas les enfants du sexe masculin n'echappent
pas eux meme a cêtte predisposítion.»
Hayem diz ser exaggerada esta asserção, por
isso que cuidadosa estatistica só lhe dera a pro.
porção de um para vinte, isto é, em vinte casos
de chlorose elle observou um de hereditariedade
“ditecta.
Muito mais frequente é a hereditariedade
indirecta que é devida muito principalmente á
tuberculose e ás diatheses escrofulosa e arthritica
ou bradytrophica de Bouchard e Landouzy.
A chlorosee a tuberculose hereditaria são
.
intimamente ligadas. Ambas molestias constitu-
.
cionaes, são ambas proprias dos degenerados
organopathicos, e, segundo Hayem, tem ambas,
de alguma sorte, mesma genealogia.
a

Trousseau, Moriez, Virchow, Lund e muitos


outros auctores de merito hão assignalado a fre-
quencia da chlorose nas familias em que grassa
a tuberculose.
, .
N'este sentido, bem concludente é a esta
SYLVIO CEZAR
LEITE 11
tistica organisada
por Jolly, a conselho de
Gilbert.
-

Em 54 casos de chlorose
verificou esse illus-
tre medico
que de 25 chloroticos o
pae, a mãe,
ou ambos os progenitores haviam
morrido de
tuberculose; em sete Outros casos
os avós, os tios
ou OS irmãos soffrerain esta
molestia; em oito
casos as lesões tuberculosas apre
sentavam-se nos
proprios individuos.
Vemos, pois, por esta estatistica
que 46 vezes
sobre 100 à chlorose se desenvolve,
entre filhos
de tuberculosos, e 74 vezes sobre. 100
nas familias
contaminadas por esta molestia.
E bem de ver que os doentes dos
54 da
estatistica de Jolly, nos ascendentes
dos quaes não
foi encontrada a tuberculose, .

apresentaram na
infancia accidentes manifestos de escrofula.
Em face d'estes factos, que tão

eloquente-
mente estabelecem o parentesco existente entre
as duas molestias, Gilbert, para quem a
causa da
'chlorose está nas profundezas da
hereditariedade,
assim se exprime: «La chlorose presente donc
avec la tuberculose d'etroites affinités, Linterpre-
É

Fi
12 CHLOROSE VULGAR

fait est malaisée. Sion veut bien tou-


tation du
la tuberculose est heredi-
tefois reconnaitre que
dans la transmis-
taire, que sont heredité git non
celle da terrain
sivn de la graine, mais dans
dans Vinti-
pourra-t'on concevoir, sans penetrer
enfants issus de
mité des phenoménes, que les
souche tuberculeuse.traduisent la
decadence de
Vaptitude
leur race, entre áutres façons, soit par
Phypoplasie hematr-
a la tuberculasition, solt par
anatomique de
que, que constitue le substratum
la chlorose.
Vemos, pois, nitidamente firmado o valor da
tuberculose como factor predisponente do mor-
bus virgineus.
Resta-nos agora Gbservar que sobre este
é
assumpto, muito se tem exaggerado. Assim que
Grancher concluiu de suas notaveis analyses
sobre as anomalias respiratorias, que quasi todos
os chloroticos são tuberculosos, muito embora
seja a sua tuberculose torpida, benigna.
Os doentes, diz o illustre professor, podem
víver annos com sua saude fragil e sua tara respi
ratoria, gosar uma melhora real de suas forças
SYLVIO CEZAR LEITE 13

viver e envelhecer sem cessar de serem tubercu-


losos. Não é nossa intenção
negar a frequencia
das anomalias respiratorias, tão encarecidas
por
Grancher, e apreciadas por muitos outros aucto-
res, principalmente por Hayem, mas é que pensa-
mos com este hematologista que não são ellas
sufficientes para nos levar ao diagnostico de uma
lesão bacillar, até mesmo, porque nos individuos
nervosos dyspepticos e neurasthenicos se as tem
encontrado. Para terminar, diremos com Trosseau
e Hayem, que os degenerados suceptiveis de se
tornarem chloroticos ou tuberculosos se dividem
-

em dois grupos. O primeiro, é caracterisado pelo


apparecimento da chlorose, no momento da puber-
dade; o segundo, pelo apparecimento da:tubercu-
lose antes da edade d'aquella molestia. Temos
por ultimo a assignalar os casos em que a tuber-
culose, não se manifestando antes da puberdade,
mostra-se simultaneamente com a chlóorose, mar-
cham de par, constituindo o typo morbido hybrido
a que Hayem denominou chloro-tuberculose,
chloro-anemia-tuberculosa, que se não deve con-
fundir com a anemia symptomatica,
sw
14 CHLOROSE VULGAR

CoNSTITUIÇÃO E TEMPERAMENTO.—

constitui-

ção influe de algum modo na etiologia


da chlorose,
Os individuos que a tem vigorosa, possuido-
res de um sangue rico e de um funccionalismo
organico optimo, são logicamente menos predis-
postos do que aquelles em condições completa-
mente contrarias.
Todavia, a influencia da constituição na etio-
logia predisponente da chlorose é secundaria.
Com efféito, se tem observado, por vezes, esta
molestia, em mulheres de forte constituição, pro-
vocada por uma causa occasional qualquer.
Outrosim: se tem visto mulheres atravessarem
a puberdade, sema menor manifestação chloro-
tica, apesar da extrema debilidade do seu orga-
nismo. A influencia do temperamento nos parece
mais importante. -
Contudo tem ella sido contestada por uns, e
afirmada por outros. Assim é que Trousseau
considerava o temperamento nervoso, como muito
predisponente, e Luzet, Hayem, o consideram de
importancia minima na predisposição á cachexia
virginum,
SYLVIO CEZAR LEITE “15
MOLESTIAS DA INFANCIA.—
Varias molestias,
evoluindo nos organismo infantis,
parecem ligar-
lhes uma certa predisposição á chlorose, que
Hayem nosdiz n'estes termos: Um grande numero
«

de meus doentes foram enfraquecidos


por molestias
diversas, no numero das quaes figuram em primeiro
plano a febre tiphoide e as febres eruptivas.
A hysteria e
dyspepsia tem sido tambem
a

assignaladas. -

Causas determinantes
ConNDIÇÕES ANTIGIENICAS. — Onde quer que se .

olvide os preceitos da hygiene, no campo óu na


cidade, entre os ricos como entre os pobres, pode
a chlorose desenvolver-se,' como a tuberculose a
escrofula e outras.
- ,
Einjusta, não procede á idéa geralmente
* apregoada de que a chlorose é muito rara no
campo.

Morador e filho do campo que somos, temos


observado a frequencia da cachexia virginum nas
nossas jovens patricias, manifesta sob varias das
suas “numerosas formas e atravez das differentes
classes com predilecção, porem, pelas pobres.
16 CHLOROSE VULGAR

Importa tambem não mais, considerar-se, em


absoluto verdadeira, a asserção de muitos auctores
de que a chlorose seja: «a anemia dos salões,
propria dos centros civilisados, onde as mulheres
vivem no meio das paixões vivas e ardentes.»
A cachexia virginum não é tão aristocratica
como pensam.
Ella habita tambem as modestas choupanas,
onde envolve em seu pallido véo a face languida
das jovens desherdadas da fortuna, pobres de
dinheiro, de ar, de luz e de pão.
Ão nosso ver pois a chlorose é quasi tão
commum no campo como nacidade, entre os ricos
como entre os pobres.
Entre as jovens oriundas das classes .pobres
que vivem do seu trabalho, a ergasthenia, a má
alimentação, a morada em logares pouco espaço-
sos, sem luz,-mal arejados, humidos, actuando de
um modo continuo sobre organismos na maioria
já preparados por uma tara, fazem na epocha
perigosa da puberdade explodir a chlorose.
Entre os ricos as cousas se passam de modo
differente,
FOX;

SYLVIO CEZAR LEITE 17

Habitam palacios, podem observar uma


hygiene regular, não a infrigem, porem, menos do
que as outras..
Aqui é a vida dos salões, noitadas perdidas,
não raro, em exercicios choreographicos exte-
nuantes; é o theatro que, com roubar a joven todo
o repoiso physico, precipita-lhe em um mundo de
emoções infinitamente variadas, onde uma imma-
ginação juvenil não encontra limites.
Acresce notar ainda a acção de um outro
+ factor: o. espartilho.
"
Impassivel a todas as estigmatisações, trium-
phante em toda linha, elle tem marchado atravez
das edades, sempre ao serviço da coquetterie e da
vaidade feminina.
Ambrosio Paré, medico de Catharina de Medi-
cis, que muito se esforçou por convencer a esta
rainha a inconveniencia do espartilho, conta-nos o
caso de uma dama da côrte que succumbiu em
"marasmo, com vomitos devidos a compressão do
estomago, por um espartilho de barbatanas de ba-
fal-
Jeia,que se apoiando com tanta força |sobre as
sas costellas, ás fez calvagar umas sobre as outras. 2
Leite. 3
Sylvio
18 CHLOROSE VULGAR

Volumes, sem conta, se tem escripto sobre


inconveniencia do espartilho.
Em nome da hygiene moderna elle tem sido
condemnado por produzir desvios do estomago,
do figado, dos rins, dos intestinos, etc.
Elle contribue, dizem, para o desenvolvimento
“da tuberculose da chlorose e até, quem sabe?
para a despopularisação da França!
Como estheta estamos longe de desaprecial-o;
como medico, porém, o proflizamos, não em
absoluto mas, com restricções.
:
E' logico que não toleramos os
espartilhos
longos, rigidos, constituidos por placas de ferro
que por muito constringirem o estomago e o
apparelho respiratorio podem ser a causa de uma
o

suffocação e até mesmo, segundo Paré, de uma


o

a
morte subita.' &

e
“Mas o espartilho, como modernamente o
Vo fazem, curto, flexivel, perfeitamente adaptavel ao
EIA

corpo, não vemos em que seja prejudicial.


Com todos os predicados que acabamos de
MI

referir; não hesitamos em dizel-o: o espartilho tem


certa utilidade, com tanto que não se abusê

"
j
;
a
od RAEM

SYLVIO CEZAR LEITE ,


19

apertando-o demasiadamente, com o estulto fim


de obter cinturinhas de dedal.
Elle com manter a elegancia do
porte, contem
Os seios nas mulheres gordas, concorrendo assim
para a perfeita correção da toilette.
EmoçõES PSYCHICAS—.E'do dominio da
historia,
os clinicos e poetas de todas as edades hão des-
cripto e cantado essa pallidez de que se tinge o
semblante dos amantes sem ventura, cujo amor
ardente é reprimido no peito, em virtude de' um
.

preceito social. Nos seja permittido transcrever


este verso de Ovidio:
“Palleat omnis amans; hic est, color aplus
amanda !
“Não só o amor contrariado mas ainda emoções
moraes outras, taes como a nostalgia, medo, o o

erotismo devido quasi sempre a leitura de roman-


ces, a colera, são factores etiologicos de conside-
ração para alguns auctores, entre os quaes cita-
mos o eminenté Trousseau.
O grande clinico do Hotel Dieu cita alguns
casos, de observação propria, de chlorose occasio-
nada pelo mêdo, e Botikine outros tantos, entre
Poa,

90 CHLOROSE VULGAR

de subito
os quaes o de uma pobre donzella,
aggredida pela molestia ao ver cahir n'agua uma
|

creança.
Hayem e Luzet pouca importancia etiologica
dão ás emoções psychicas; para elles a influencia
nervosa actuou sobre um terreno preparado ao
mal, isto é, em um organismo predisposto.
SURMENAGE INTELLECTUAL.— O surmenage in-

tellectual é tambem uma causa determinante


da chlorose.
Lund, citado por Hayem,
affirmaa frequencia

da chlorose nos collegiaes da Suecia e Hayem


baseado na observação elintea diz ser a chlorose
dos rapazes mais frequente nos lyceus. Assim é
-que explicámos o apparecer d'esta molestia após
longas noitadas de estudo, entre os concurrentes
e examinandos. |
E' bem de ver que não desconhecemos a
influencia, n'estes casos da ergasthenia physica,
comcomitante, da vida sedentaria e infracções
outras ás leis da hygiene, communs nos estabele-
cimentos de instrucção, mormente nos internatoS
do nosso Paiíz.
SYLVIO CEZAR LEITE 21
IRREGULARIDADES
MENSTRUAES.
Esta ordem

de causas é considerada de real valor


pela maio-
ria dos observadores.

. Já Niemeyer dizia que quanto mais


precoce
é a apparição das
regras tanto mais facilmente se
+ lhe segue a chlorose. ã

Quando a precocidade das regras coincide com


+S
o desenvolvimento tambem precoce de todos os
orgãos, nos individuos predispostos, pode a mo-
lestia explodir, n'este caso, porem, como diz
Luzet, ella será benigna, passageira.
Quando, ao desenvolvimento prematuro dos
orgãos genitaes, não corresponder dos outros
orgãos, em que por consequencia, as perdas
menstruaes não poderem ser compensadas, a
chilena que resultar será então grave, tenaz.
, Muitas vezes a menstruação só tardiamente appa-
PP dois ou mais annos após a epocha normal.
Quando isto se dá em um organismo naturalmente
debil ou enfraquecido, a chlorose pode manifes-
tar-se. Casos ha ainda em que a menstruação
tardia ausenta-se, em face da chlorose, e por todo
de notar que nada
tempo que esta durar. E' bem
Oa
Cas?

AiaA

EA e
CHLOROSE VULGAR
Y

32
no que dizemos mesmo porque,
eo vae de absoluto »
,

bem pensa Luzet, em muitos d estes casos


como SO

é a hypoplasia angio-hematica,
a causa primordial
Aa

MIRA

Seja-nos dado trazer para aqui o seguinte trecho 22º

——,
de Hayem.
|
«Para que uma rapariga mantenha seu equi-
librio physiologico é preciso que ella seja capaz
de reparar normalmente e
- facilmente o sangue

que ella perde periodicamente.


Quando a primeira mensttuação sobrevem em :
jovens já enfraquecidas, e que fazem com difficul- k

| -—
dadeas despesas do desenvolvimento pubere, o

é E organismo facilmente se resente da perda san-


guinea por: menor que seja esta.
E de facto a ehlorose se declara muitas vezes
n

——

por occasião das primeiras regras por mais nor-


maes que sejam.
Neste momento toda economia está em tra-
"balho eoestabelecimento da nova função suscita
'—

perturbações nervosas que podem exercer certa


influencia sobre a formação-do
sangue».
Resta-nos agora falar da menorrhagia e da
suppressão brusca da menstruação.
SYI.VIO CEZAR LEITE 28

Da menorrhagia apenas diremos que não a


julgamos capaz de produzir a chlorose.
E' bem verdade que, algumas vezes, mulheres
antigas chloroticas, após alguns envergam nova-
mente o pallido manto da caehexia virginum, ao
apparecer das regras; este facto de nenhum modo
nos admira, porque em um terreno tão bem pre-
parado, 'qualquer causa de anemia pode fazer
irromper a chlorose.
Alem d'isto, muitas hemorrhagias estão ligadas
a uma lesão local do utero e só pode dar logar a
uma chloro-anemia.
Muito mais importante é a suppressão brusca
da menstruação, cuja acção etiologica é evidente,
bem que se lhe desconheça o mechanismo intimo.
À
Às coisas se passam mas ou menos assim: jovem
incauta a passeio, talvez, humedece os delicados
pés, molha-os mesmo e, como triste consequencia
de immediato resfriamento, a suppressão brusca
das regras e finalmente a chlorose.
E' bem instructivo o facto, que nos conta
anhelante
Pidoux, de uma bella menina, que,
coberta de suores; immerge suas mãosinhas n'uma
——

raçoy,

opua

ao cequa
CHLOROSE VULGAR
-
94

bacia, J
encontra; logo lh.
com agua fria, que
do fluxo menstrual e no dia
advem a supprê ssão
manifestos indicios de
segui nte apresentam-se
chlorose que dentro de oito dias plenamente se
caracteris a. Algups exemplos d'estes ainda pode-
riamos citar; não insistiremos, porem. ”

MOLESTIAS DA PUBERDADE.
Na puberdade

feminina, epocha em que tão importante modif.


'cações se operam no interior do organismo, em
o desenvolvimento dos orgãos genitaes
que.
augmenta consideravelmente as despesas, qual-
quer causa que actue no sentido de aggravar
este estado, num organismo predisposto, pode
fazer irromper a chlorose.
Não é de outro modo que certas molestias


agem se constituindo causas oceasionaes do morbus
virgineus,
b UASTFA

ks
E

PATHOGENIA
Olvidando um grande numero de theorias e
opiniões mais ou menos extravagantes, com que
se tem querido explicar a pathogenia da chlorose,
nós somente,
ás de maior valor scientifico no pre-
sente capitulo, tocaremos.
Ainda assim, teriamos que fazer volumes se
-

senão
quizessemos esmiuçar; não podemos, porem |

resumir.
E, por ser assim, é que, a exemplo de Par-
mentier, nós reduziremos o avultado numero de
theorias pathogenicas as cinco seguintes:
1º Theoriadaauto-intoxicação esuas variantes;
92 Theoria infectuosa;
.3º Theoria nervosa;
4º Theoria anatomica;
5º Theoria hematica;
Vejamos cada uma d'ellas. '
Syltyio Letie
spot

Aarãar

(| o

OstraO

AS

ANS

26 CHLOROSE VULGAR

AuTO-INTOXICAÇÃO.—
A auto-intoxicação pode
de origem ovariana, de origem thyroidiana e
.ser
de origem gastro-intestinal.

AUTO-INTOXICAÇÃO OVARIANA.—
A idéa de
que
a chlorose é a expressão de uma auto-intoxicação,

causada pela retenção do sangue na madre, vem


+. de Hyppocrates.
Acceita por Galeno, foi successivamente ado-
:

ptada por Ambrosio Paré, Mutard Martin, Pinel


e outros.
Rokitanscky, com dados experimentaes de real
valor, deu uma nova forma á theoria
genital da
ellavéso:
A

Elle considerou Lbrimo-movens


d'esta molestia,
a. hypoplasia
genital a que subordinou a hypo-
plasia cardio- vascular, constantemente
observada.
Posteriormente Fraenkel, invocou
—.

essa theoria
é defendeu-a com ardor.
Recentemente Charrin, Etienne
e Demange
adoptaram a auto-“intoxicação, '
Os dois ultimos,
parém, ligaram mais impor-
tancia aos ovarios,.
“Pensam elles que a causa da
molestia está na
SYLVIO CEZAR LEITE 27

insufficiencia funcceicnal d'aquelles orgãos, que se


traduz pela suppressão da menstruação, da ovu-
lação e, o
que é
mais pela suppressão da secreção
interna dos ovarios; secreção esta, que contribue
para a nutrição geral ao modo da dos testículos.
Emfim, Archangeli, citado por Hayem sus-
|

tenta que ovario tem uma secreção interna de


O

FARO influencia manifesta sobre a formação da hemo-


globina.
Um excesso de secreção traria, segundo esse
auctor, uma diminuição da materia corante do
sangue, e a auto-intoxicação resultaria ou d'este
facto, ou da falta de eliminação do liquido secre-
tado, ou ainda de uma e outra coisa.
*
“Todas estas theorias baqueiam por não expli-
-
carem a chlorose menorrhagica, a chlorose dos
rapazes, e a não apparição desta molestia nas
mulheres castradas.
|

AUTO-INTOXICAÇÃO TYROIDIANA.— Sendo a hy-


pertrophia tyroidiana um facto de observação
constante na chlorose, alguns auctores não hesi-
taram em consideral-a a causa primordial d'esta
molestia,
28 CHLOROSE VULGAR
1

Entre outros, Capitan pensa que a chiorose é


devida a uma auto-intoxicação de origem tyroi-
diana, curavel pela iodothyrina.
Em apoio d'esta idéa, Camus cita um caso
realménte interessante.
Trata-se de uma moça de 22 annos, chloro-
tica desde os 18 com notavel hypertrophia do
corpo thyroide e que, submettida ao tratamento
.
tyroidiano, ficou bôa.
.Apesar da eloquencia d'este facto, que pela
Roo
singularidade não pode documentar theoria, não
cad

SS
: subscrevemos a opinião de Capitan, que a temos
cep

brilhantemente contestada pelo professor Hayem.


ro) illustrado mestre, com uma intuição pro-
fundamente estabeleceu o valor do
scientifica,
signal thyroidiano.
A elle não admira a trequencia da hypertrophia
thyroidiana na chlorose, porquanto, sendo esta
molestia propria das . raças organopathicamente
degeneradas, o signal thyroidiano, como muitos
outros que não raro coexistem, é um estigma de
degeneração.
Pensa o illustre clinico, que a hypertrophia
SYLVIO CEZAR LEITE 29

"thyroidiana não deve ser invocada como causa,


por tres rasões capitaes,
Primeiramente cumpre notar que não está
provado que a hyperthyroidação seja destruidora
de globulos, sendo de observação authentica
varios casos de molestia de Basedow, sem anemia
notavel.
Emsegundo logar, é bem de ver, que em muitos
casos a hypertrophia persiste nos individuos com-
pletamente curados.
Finalmente, muitos casos ha de chlorose pro-
funda com signaes vasculares intensos, com ausen-
cia completa do signal thyroidiano.
Vemos pois, por este conciso arrazoado, reba-
de Capitan e Câáâmus, e
tidaa idéa competente-
mente interpretada a hyperthyroidação, sobre a
qual não mais insistiremos.
. THEORIA GASTRO-INTESTINAL.—A frequencia e
a intensidade das perturbações digestivas, pren-
dendo a attenção dos clinicos levaram-n os á

concepção da theoria gastro-intestinal.


Luton, um dos partidarios d'esta theoria,
aventa a hypothese da ulcera latente do estomago;

se
30 CULOROSE VULGAR

Meinert accusa a gastroptose devida ao espartilho;


Stochmam a pobresa dos alimentos em ferro.
Bem curiosa é a hypothese de Forchheimer
ás modificações que se pas-
que attribue a chlorose
sam para o lado do pequeno intestino,e que acarre-
tam uma reducção na formação da hemoglobina.
Duclos e Clark sustentam a auto-intoxicação
por coprostase.
Ultimamente, os defensores da theoria diges-
tiva, inspirados nos trabalhos de Bouchard, crimi-
nam a dilatação do estomago como uma fonte de
intoxicação capaz de produzir a chlorose.
Beau, associando-se a esses pathologistas,
responsabilisa a dyspepsia.
:
Longe de nós, a idéa de negar o valor patho-
genico da dyspepsia, já como factor de empobre-
cimento do sangue, já como causa da auto-into-
:

xieação,.
Pensamos, porem, como muito judiciosamente
pensa Gilbert, que a dyspepsia mesmo a mais
antiga só origina uma anemia breve, pouco nota-
vel, que não tem os caracteres da anemia chlo-
rotica.

SR

EM

São

NAAS
SYLVIO CEZAR LEITE 31
THi ORIA
NERVOSA. Despertados pela notavel
frequencia das perturbações

nervosas na chlorose,
muitos auctores, alguns até de incontestavel

merecimento, crearám a theoria nervosa


para
explicar a pathogenia d'esta molestia.
Sydenham. irmanava a chlorose á hysteria e
e lhes dava uma origem commum.

Fo - Morton, para a
cachexia virginum era.
quem
uma tysica nervosa, Becquerel mais tarde Trous-
e

seau,se decidiram pela idéa de uma nevrose.


O principe da Medicina, em
uma bella licção,
no hotel Dieu em Paris, assim se exprime: «Elle.
a surtout cela de particulier q'elle laisse une im-
pression presque indélébile, de telle sorte que
quand une jeune fille a eté fortement chlorotíque,
elle sen souvient presques tonte savie; et si vous
interrogez avêc soin des femmes dejá arrivées
l'age de retour et qui ont eprouvé a plusieurs
á
Teprises les atteintes de la chlorose, vous consta-
terez chez elles existence de phenoménes nevro-
patíques qui ne les abandonnent presque jamais
si variables qu'ils puissent étre dans leur forme.

Et cependant, depuis long temps, le sangue a eté


K
s ” -..

põe"

Se

NIE
CHLOROSE VULGAR !

30

reparé; la plethore peut meme quelque fois


s'o0bserver. Preuve nouvelle que
la chlorose doit

etre considerée comme une maladie nerveuse


cause de Valteration du sangue, plutôt que comme
une cachexie les desordres
produizant nerveux.
Este auctor allega ainda em apoio de suas
-
idéas, a apparição brusca, repentina da anemia,
em seguida a uma impressão moral viva.
Para Grawits a chlorose traduz a existencia de co]
"uma nevrose geral, com perturbações das func-
*

ções vaso-moctoras e da circulação hemo-lym-


.phatica..
Levados por estas idéas alguns auctores, che-
o)
'garam a precisar a séde da x7evrose chlovotica. ao

Jolly a localisa no pneumogastrico; Copland,


no sympathico; Lloyd Jones nos nervos splan-
chinicos; Eisemann na medulla e
Heoefer "|no sys-
thema ganglionar nervoso.
Não seremos nós quem falte com o devido
respeito Á asserções de clinicos, da estatura intel-
“lectual de Trousseau, cumpre-nos,
porem, dizer
que no estado actual da sciencia, muito limitado
é o valôr da theoria
í
nervosa da chlorose.
soro.
SYLVIO CEZAR LEITE 33
»
THEORIA INFECTUOSA.—
Desde que à bacte-
riologia adquiriu: direitos de cidade
no dominio
das sciencias, não ha molestia
a que não se tenha
querido dar por causa uma infecção.

Não admira, pois,


que se quizesse fazer da
chlorose uma molestia infectuosa.
N'este sentido levanta Clemente de
. '
Lyon a
.
idéa de uma toxemia º
- e ES
por infecção para docu-
mental-a aponta a frequencia da
hypertrophia
=

esplenica, e das obliterações vênosas.


Relativamente a estes factos,
pensamos com
Hayem que outra interpretação se lhes
pode .dar.
Sendo o baço uma séde importante de des-
truição globular, é muito natural
que na chlorose,
onde é notavel a hyperdesglobulisação, elle
se
hypertrophie ligeiramente.
Por outro lado, a abundancia dos hemato-
blastos nesta molestia favorece a coagulação do
sangue logo que haja qualquer alteração dos
|

Vasos.
E' bem certo que a chlorose predispõe as
infecções, mas ao modo das demais anemias, sem
exceptuarmos mesmo a post-hemorrhagica.
8ylião Leite
5
- ee!

SEO
CHLOROSE VULGAR
34. |

E' “bem . verdade . que sob a influencia das


idéas de Clemente de Lyon, Lemoine de Lille diz
ter encontrado no sangue chlorotico diversos
microbios que elle acredita serem os responsaveis
pela molestia.
Lemoine affirma ter encontrado, em reite-
rádas analyses, o streptococcos, o staphilococcos

& bacillo -do. coli. communis.


Este facto, que tem alguma importancia,
carece de ser confirmado pela experimentação
dos auctorisados, para que se lhe dê real valôr.
Presentemente, não vemos motivos serios que
—noslevema crêr na origem microbiana do morbus
vigineus.
, THEORIA

ANATOMICA.—
Luton subordinava a
chloroseá ulcera simples do estomago, e Hosselin
ás erosões da mucosa intestinal.
Estas theorias. Ou antes estas hypotheses, não
resistem á critica mais leve.
Mais scientificas e até um certo
ponto accel-
tavgis, são as theorias das hypoplasias vascular
e genital.
Nós lhe daremos o
competente valor quando
SYLVIO CEZAR LEITE 35
P

É
H externarmos o nosso modo de comprehender a
r

chlorose.
THEORIA HEMATICA.—De todas as lesões da
chloróse as mais importantes, pela sua essencia e
maxima significação, são, por certo, lesões
as
do sangue.
Todos os partidarios das differentes theorias
Sea

isto reconhecem, fogem, porem, de lhes dar %B


CEBRSIRANtES

primazia na pathogenia da molestia.


Foi Aswell quem primeiro considerou a chlo-
rose uma anemia essencial, primitiva.
-

Posteriormente, Bouilland afirma residir a


origem da molestia em uma predisposição nativa,
tão real quão diffieil de estabelecer.
Nonat: vae além e subordina esta predispo-
sição a uma insufficiencia das funcções de sangui-
nificação.
Para Riva de Parme à causa essencial da chlo-
rose é a insufficiencia das funcções bio-chimicas
das. hemacias que é correlata á falta de hemo-
globina. ao

—,
EE

Segundooillustre professor a poikilocytose e a vâmio

hypoglobulia seriam factos de natureza secundaria, a


&

Á
)
&

E

F
da
E/
7

36 CHLOROSE VULGAR

Uma outra opinião, bem singular, é a de


Aporti para quem a hemoglobinogenese é inde.
pendente da cytogenese.
Este pathologista é de parecer que o globulo
futuro hemacia nasce descorado, fabricando pos-
teriormente sua hemoglobina, para o que dispõe
do ferro do organismo.
de capacidade dos globulos a
eba faltamateria é
fabri-
carem sua corante, que resulta segundo
|
Aporti, a
anemia chlorotica.
Esta fhégria é um pouco curiosa; não insis-
tamos, porem.
German Sée, em sua inestimavel obra sobre
ás anemias, externa sua classica concepção:
«Toda vez que houver desproporção, entre a
feria de desenvolvimento e os meios
reparadores,
a chlorose pode ser a consequencia»,
Finalmente Hayem, com fina analyse, escla-
rece a pathogenia do 'morbus virgineus, creando
a verdadeira theoria hematica baseada nas alte-


rações multiplas do sangue, mormente nas alte-

rações hematicas.
Contudo, não explica a theoria hematica
J

E
so

SYLVIO CEZAR LEITE 37

"como muito longe estão de explicar as já citadas,

de per si, à nosogenia da molestia do nosso


interesse.
Em rasão disto houvemos por bem adoptar
uma theoria eclectica.
E' o que vamos tentar, estudando as diversas
opiniões, especialmente a concepção de Virchow.
Segundo este auctor a hypoplasia vascular *
o substratum anatomico da chlorose, assim como

é para Rokitansky a hypoplasia genital.



Rendu e outros auctores, demonstrando que
a hypoplasia vascular pode não existir na chlorose
do mesmo modo que pode existir em outros .

estados morbidos ou não, parece terem demons-


trado o exaggero de Virchow.

Pensando assim, a maioria dos auctores accor-


dou em admittir hypoplasia como uma expressão
a

de degeneração de raça que não raramente com


outros estigmas coexiste.
como.a chlorose é uma molestia de evo-
E
lução, propria aos degenerados .organopathicos,
não admira que ella coexista com os varios esti-
gmas de degeneração.
CHLOROSE YULGAR
38

Hayem, em seus ultimos artigos sobre a cho.


rose, dá-nos
uma explicação da natureza d
esta
molestia, que, com algumas modificações, pode.
riamos acceitar.
O eminente professor pondera que a hypo-
plasia vascular, se não tem o valor que lhe dá
“Virehow, tem muito maior do que o que geral.
“mente lhe dão.
Pensa que nos casos bem accentuados de
chlorose constitucional ella é constante, se bem
que, algumas vezes, tão ligeira que não se trai:
pensa ainda o citado clinico, que a hypoplasia é
.

“susceptivel de ser temporaria ligada a um atrazo


do desenvolvimento dos vasos, do mesmo modo
.
que, existe a pseudo-hypertrophia cardiaca dos
adolescentes ligada ao desenvolvimento tardio
da thorax.
Sendo. assim, diz Hayem, facil se torna a expli:
cação da anemia chlorotica.
Com o crescimento, a massa de cellulas
“constituintes dos differentes tecidos
que compõem
o todo organico,
vae mais e.mais augmentando,
aggravando, d'este modo, a
desproporção entre

ao

ad
aa
SYLVIO CEZAR LEITE 39
v .
ella 'e a quantidade de sangue destinada á sua
é (

nutrição.
N'estes transes, os globulos vermelhos são
surmenés funccionalmente, e em
consequencia a
precocidade da morte, que os caracterisa.
Ajuntando a estas considerações a existencia
de gastropathias que podem ser latentes e
que
Constitaem um terreno preparado á anemia,
Hayem conclue que facilmente se comprehende
a natureza da chlorose.

E bem seductora a theoria de Hayem; nos


guardamos, porem, de acceital-a 27-tofuin, por-
quanto nos custa a” crer em tanta constancia da
hypoplasia vascular.
Que ha uma hypoplasia é incontestavel; agora
que seja sempre a hypoplasia vascular é
o
que
|

não cremos.

Como já dissemos algures, a chlorose irrompe


sob a acção continua de causas occasionães,
agindo sobre um terreno preparado.
Este é constituido por um vicio na formação
.
do tecido sanguineo.
Quando a perturbação nutritiva do sangue é
40 CHLOROSE VULGAR

importante se traduz pela hypoplasia vascular;


quando é minima, pela hypoplasia hematica, que
cremos ser essencial a chlorose.
Todavia, esta hypoplasia não origina, por si
só, a chlorose ella necessita, para este fim, do
concurso de varias causas.
Estas são representadas pelas gastropathias,

certas. perturbações nervosas, e outras


|
causas
Occasionaes.
Tal é o

nosso modo de comprehender a patho-


genia do moróus virgineus.
ANATOMIA PATHO-
LOGICA
O sangue, este «meio interior» na phrase do
insigne professor do Collegio de França, o emi-
nente Claude Bernard, é na chlorose a séde das
*

principaes lesões.
Pallido, alcalino, muito fluido, de escoamento
facil, elle é todavia normalmente coagulavel.
Com normalidade de sua parte liquida, é extre-
mamente alterado em seus elementos solidos
representados pelas hemacias, os leucocytos e os
hematoblastos.
Os globulos rubros sofírem modificações nume-
ricas, morphologicas e constitucionaes. numero
O

dimi-
d'elles pode ser normal; é geralmente pouco
nuido e mais raramente muito apoucado,
explicar
Maragliano e Castellino entenderam Ó

Sylvio Leite
|

492 CHLOROSE VULGAR

a desglobulisação "hematica, por uma necrobiose


devida á propriedade que, segundo elles, tem
p
sôro do sangue chlorotico de destruir os globulos
vermelhos. Hayem, contestando com valiosa
argumentação, esta idéa, pensa quê não se conhece
bem ainda a séde da destruição globular; que
-talvez resida no figado ou no baço, onde alguns
auctores encontraram um excesso de ferro.
De forma e tamanho variaveis, ora configuram”
— uma retorta, uma raqueta; ora são fusiformes.
Chamam-se anãos, quando medem 3 a 4 mille-
simos de millimetros; denominam-se gigantes,
-quando medem 12 a 14 millesimos de millimetros.
A estas anomalias de formas devidas a uma

contractilidade morbida do protoplasma, Quinck


chamou potfkilocytose.


Ditas estas ligeiras palavras, sobre as dimen-

sões, a forma, e ó numero dos globulos rubros,


” passemosa discorrer sobre suas alterações intimas.
Antes, porem, lancemos um olhar sobre à
constituição physiologica d'estes elementos.
A hemacia é constituida por duas substancias:
uma que representa o esqueleto globular, de natu-
ÇA 7
Sho

SYLVIO CEZAR LEITE 43


reza albuminoide:
é
o
stroma dos hystologistas,
globulina dos chimicos; outra tambem albumi-
a
—noide: é a materia corante do
sangue, a hemoglo-
bina, dotada de ferro e da propriedade de
crysta-
lizar-se em combinando-se com o OXygeno.
Na chlorose, o stroma é quasi normal, hemo-
a
globina é séde de alterações da mais alta impor-

tancias
Normalmente ella existe no sangue na
pro-
porção de 125 grammas.
Esta quantidade pode diminuir com a massa
do sangue, com o numero de globulos, ou inde-
pendentemente.
Na chlorose ha precisamente diminuição da
'
quantidade de hemoglobina contida em cada
“globulo, com um numero relativamente crescido
de globulos vermelhos e com normalidade do
volume da massa.
Este facto observado pela primeira vez, em.
1867, por Duncan, foi recentemente confirmado
e exclarecido pelas analyses chromometricas
de Hayem.
'

Este distincto hematologista deduziu de suas


44 CHLOROSE VULGAR

investigações uma media, que oscilla entre 30


a 90 para mil.
Esta desproporção entre o valor globular, isto
é, entre a quantidade de hemoglobina contida em
cada globulo, e o numero d'estes está longe de
“ser exclusiva do morbus virgineus; de facto ella
.existe em todas as anemias chronicas.
Andamos pois bem avisado, ponderando com
Hayem que a caracteristica da chlorose, não é
simplesmente a diminuição do valor globular, mas
a accentuação d'este phenomeno n' esta molestia,
mais que em outra qualquer.
E demais, como bem diz o citado professor,
não ha molestia em que se observe uma quanti-
dade de hemoglobina tão irrisoria, com o numero
de globulos relativamente elevado, e
até mesmo
normal, em alguns casos.
A hemoglobina, além de notavelmente dimi-
nuida, OXygena-se mal, eo seu composto oxyge-
nado a /ematocrystallina, apresenta uma fraca
actividade reductora nos tecidos.
Assim, considerando-se a unidade a actividade
reductora normal, temos uma media de 0,45 c.
ú

ah

orã

SYLVIO CEZAR
LEITE 45
que, segundo Henoeque, é duas
vezes menor que
a das anemias symptomaticas.
Os hematoblastos são
sempre augmentados,
em relação ás hemacias, algumas
vezes, bem raras,
nos casos de
chloroseIntensissima, são diminuídos.
Ha "portanto geralmente
uma accumulação
hematoblastica no sangue, facto este que se legi-
tima de um retardamento evolutivo, como nos diz
a observação de formas intermediarias, entre o
hematoblasto typo, e o globulo rubro.
Os leucocytos soffrem, dizem alguns auctores,
modificações varias; nada soffrem, são normaes
e

afirmam eutros..
Estes ultimos pensam que o facto da normali-
dade é um dado precioso para o diagnostico da
molestia.
Como quer que seja Gilbert Hayem attestam
e

a normalidade da proporção existente, entre as


respectivas variedades.
Esse pathologista diz, alem disto, que os
mononucleares e polynucleares tem o protoplasma
.corado pela hemoglobina.
Hayem assignala mais uma alteração nos nu-
46
:

CIILOROSE VULGAR

cleos dos polynucleares,que em via de karriolyse,-


apresentam manifesta tendencia á fragmentação.
E' bem de ver que estas alterações leucocy-
tarias, apenas notadas com clarevidencia nos casos
graves, nada tem de especial á cachexia virginum.
Cemo os globulos vermelhos nucleados pre-
sente muitas vezes nas chloroses intensas ellas po-
dem ser observadas em todas as anemias extremas.

Visto em rapida summula o mais importante
das lesões hematologicas passamos a mencionar
varias outras de somenos importancia, por isso que,.
mal estudadas são logicamente menos precisas.
Considerando-se que só excepcionalmente a
chlorose leva ao tumulo, bem se comprehende o

quanto é raro a pratica de uma autopsia, mor-


mente entre nós, onde é proverbial a deficiencia
dos meios.
Não podemos pois devido a esta circumstancia
ir além das citações e observações dos auctores
que, em verdade, não são muitas.
Além da pallidez de todos os tecidos, Hayem
e Luzet notaram, em um caso, a ulcera simples
do estomago, e Tessier em um outro observou a

$$. "atenas
SYLVIO CEZAR LEITE 47

degeneração gordurosa do figado, falta de colo-


ração da bilis, que sendo neutra não apresentou
a reacção de Gmelin nem a de Pettenkoffer.
Clemente de Lyon, citado pelo professor
Hayem insiste sobre a hypertrophia do baço, na
infe--
qual elle assentou as bases da sua theoria
ctuosa.
O coração chlorotico pode ser hypertrophiado,
"atrophiado ou dilatado.
Temos ainda à assignalar as hypoplasias
vascular e genital de incontestavel frequencia.
— Virchow nos dá uma interessante descripção
da aorta chlorotica: «A aorta é estreitada em toda

sua extensão; a angustia arterial é tal que sua luz


dedo polegar não
que normalmente cabé um
deixa passar senão o minimo; ella tem pois o
calibre da carotida primitiva ou da illiaca: uma
é

aorta infantil».
vezes
A tunica interna d'este vaso é muitas
atacada de degeneração gordurosa.
Emfim, lesões renaes e outras podem ser encon-
tradas, sobre as quaes não insistiremos, pelo

pouco que são estudadas e precisas.

Vl
SYMPTOMATOLOGIA
Ocomplexo symptomatico que, em breve
&
epitome, neste capitulo vamos traçar é tão
somente a éxpressão da chlorose vulgar, isto é,
da chlorose da puberdade feminina, da cachexia
vITSINUM.

Ulteriormente, em logar opportuno, discor-


reremos sobre: as demais formas da molestia do
|

nosso assumpto. -

- Feita esta ligeira observação, passemos a ver


por que signaes o morbus-virgineus se trai ao espi-
:

rito investigador do clinico. .

A inspecção nos revela a pallidez geral da


pelle tocada de leve esverdinhado que faz lem-
brar a cêra suja.
As mucosas são exangues e descoradas; as
conjunctivas ligeiramente azuladas.
O rosto sempre pallido e inexpressivo da
Sylvio Leite 7
AA

ES

50 CIILOROSE VULGAR

chlorotica é no caso particular de chlorosis for.


tiorum seus florida levemente roseo, em conse.
quencia de uma perturbação vasomoctora,.
Edemas se manifestam com predominancia
de séde nas palbebras, na face, em torno dos
.
malleolos, mais raramente em todo corpo.
A percursão ás Vezes nos indica um augmento
da matidez cardiaca.
A palpação e a auscultação nos dão a obser-
var phenomenos realmente interessantes.
O pulso nos casos de .chlorose apyretica,

como sóe ser a chlorose vulgar, não apresenta


caracteres especiees.
O coração chlorotico anormalmente excitado
pelpisa ao menor esforço.
As palpitações sobrevém por accessos, á uma
emoção viva, ão subir de uma escada, ao dar
uma carreira.
Adaptando-se o estethoscopio Á
base do pes-
coço, entre ds inserções do esterno- cleido-mastoi-
diano, ouve-se um ruido continuo, com reforço
intenso, comparado ao ruido do mar, ao gemido
da rôla, vulgarmente conhecido pela denominação
de ruida de dupla corrente ruido de currupio.
SYLVIO CEZAR LEITE

Além d'este sopro, que se passa na Jugular


interna, um outro, systolico intermittente, de
origem arterial, se pode ouvir.
Applicando-se, ao de leve, a
mão sobre a região
direita do pescoço, um fremito vibratorio, o fre-
mito catar, Zhrill dos inglezes, se percebe.
Este fremito é a percepção tactil do ruido de
currupio, e é tanto mais notavel, quanto mais
intenso for este.
Ambos os signaes, fremito e ruido, attribuidos
por Parrot á insufficiencia das valvulas venosas,
podem ser ouvidos em qualquer lado do pescoço;
U

muito mais frequentemente á


o são, porem,
-direita.
Osantigos auctores, não sabendo precisamente
a séde d'estes phenomenos vasculares, davam-lhes
a poetica denominação de canto das arterias.
Algumas vezes se notam nas veias dos mem-
bros .inferiores sopros: Gilbert insiste sobre a
presença não muito rara do sopro da vela cava
superior e do tronco brachio-cephalico.
não

Estes sopros tão frequentes na chlorose,
| ;

são, de modo algum, pathognomonico d'esta

Aida

MC

o:
AA
ESSA
52 CHLOROSE VULGAR

molestia, apesar da respeitavel opinião do velho


“Trousseau, que affirmava ser proprio das pallidas
córes o sopro da jugular,
Muito mais importantes são os phencmenos
que se passam para o lado do coração.

Auscultando-se com cuidado este orgão,
ouve-se ruidos de sopro, quasi sempre systolicos
É
de séde variavel e interpretação difficil.
Constantino Paulo os localisa no 2º espaço
intercostal esquerdo, e os considera o resultado
da alteração do sangue e da contractilidade-brusca
e violenta do coração.
"Para Potain, são ruidos cardio-pulmonares,
“devidosá mutabilidade de volume e de relações do -

coração, localisados successivamente nas regiões


“preventricular esquerda, pre-arteria-pulmonar mais
raramente na. ponta.
“Nesta ultima hypothese o sopro é situado,
segundo Hayem e nossa observação, na região
xiphoidiana, é excepcionalmente na região super-
apexiana,
Pelo que toca á frequencia d'estes sopros as
opiniões divergem,
SYLVIO “CEZAR
.
LEITE 58
Para Potain, elles existem na metade dos
Casos; Hayem, pelo contrario, affirma serem elles
muito constante e lhes dá grande valor no diagnos-
“tico da molestia.
Este valor quasi aniquilado pelas observações
de Dejennes, concludentes da falta de relação
entre a presença do sopro e a deseglobulisação,
foi reerguido pelo professor Hayem, o qual fez

notar que é entre a alteração dos globulos e a

presença do sopro que realmente existe a relação,


e não cemo-pensou o illustre discipulo de Potain,
entre o numero de globulos e a presença do
sopro. -

Sendo assim; bem se comprehende, porque


Dejennes não encontrou em um Aindividuo com :

tim milhão e vinte mil globulos rubros, o sopro


que elle observou em um outro individuo pos-
de hemacias.
suidor de quantidade normal
D'estes factos não se podia legitimar .a falta
de valia dos sopros no diagnostico da chlo-
-
rose, que precisamente se caracterisa por alte-
E
rações importantes das hemacias cujo numero,
A
EAD?

entretanto, pode ser até normal.


Mx.

B4 CHLOROSE VULGAR

"Nós pêrnsamos com Hayem, que só muito fara.


mente os sopros faltam, e que nos casos em que
isto acontece é motivo para se hesitar no diag. -
nostico:
A temperatura dos chloreticos é geralmente
normal; algumas vezes, porem, é elevada e carac-
teriza então a forma febril da molestia.
As perturbações digestivas são de toda impor-
tancia.
“Basta dizermos que ha uma chlorose dyspep-
tica e uma theoria pathogenica inspirada no func-
cionalismo anormal do estomago e nas suas lesões.
Luton, por exemplo, attribuia á cachexria vir-
ginum ás hemorrhagias gastro-intestinaes, e Mei-
nert á gastroptose devida ao espartilho.
Sem commentarmos o valor d'estas opiniões,
Y

passaremos adeante.
A chlorotica come pouco, seu appetite soffre,
não raro, uma perversão que se traduz por uma
aversão mais ou menos notavel aos alimentos azo-
tados, como a carné, e uma tendencia singular aos
alimentos muito condimentados, ás conservas
avinagradas, aos fructos acidos, etc.
"

o us
.

% Í

SYLVIO CEZAR LEITE 55


Esta perversão gustativa em alguns casos não
" conhece limites, e então as chloroticas penetram
"em pleno dominio da malacia, etc,
A digestão se faz lentamente e por vezes é
acompanhada de vomitos e nauseas.
Os vomitos são geralmente alimentares, rara-
mente sanguinolentos, indicando neste ultimo
caso a coexistencia de uma ulcera simples ou da

hysteria,

A gastralgiaé um phenomeno muito frequente.


Hayem distingue duas cathegorias: na primeira a
dôr é nitidamente paroxistica e intermitente.
Esta gastrafgia “muitas vezes não implica a
falta de appetite ea má digestão que se pode
fazer regularmente.
A' segunda cathegoria de Hayem pertence a
gastralgia continua, exacerbando-se após'as refei-
ções, que parece estar em relação com uma
e

lesão material do orgão.


A dilatação gastrica um symptoma de
é

da forma
observação constante e pathognomonico
dyspeptica.chimismo gastrico é sempre anormal.
O
observação, verl-
“Hayem, em 59 casos de sua

az

lex

da

PE
56 CHLOROSE VULGAR

ficou a normalidade do chinismo, apenas em


“dois.
Este insigne hematologista, á custa de inces.
santes e bem dirigidas analyses, chegou a deter
minar o typo chimico da chlorose.
A' forma simples, vulgar, pertence a hyper-
pepsia geral chloro-organica, ou chlorhydrica com
secreção abundante.
Geralmente, acredita-se na natureza nervosa
da dyspepsia chlorotica.

Hayem, porem, illuminado pela experiencia,


a subordina á uma lesão material do orgão.
O funccionalismo intestinal é notavelmente
perturbado.
E, por ser assim, é que Hamilton quiz fazer
d'este facto a causa primordial da molestia.
A coristipação é muito frequente, alternando
muitas vezes com a diarrhéa traductora de uma
enterite.
—O

figado é algumas vezes lesado; Hoffman


attribue a este facto as perturbações digestivas.
O baço soffre, não raramente, ligeira hyper-
trophia.

OL
AAA

CA
SYLVIO CEZAR LEITE 57
A diminuição da
uréa, a urubilinuria e a
| |
hyper-toxidez das urinas são, segundo Gilbert
e Castaigne, a expressão do funccionamento
nr
anormal do figado, subordinado
a uma irrigação
sanguinea defeituosa.
A chlorotica urina
pouco; sua urina pallida ou
levemente amarellada é de fraca densidade,
pouco
acida e, encerrando pouca uréa, muitas
contem,
vezes, UM EXCESSO consideravel de uro-hematina.

A albuminuria, por vezes manifesta, tem sido


'

diversamente interpretada.
Dieulafoi, descreve, sob a denominação de
chloro-briahtismo, a associação morbida das duas
molestias.
.
Este typo hybrido, o chloro-brightismo,se cara-
cterisa, segundo o provecto professor, pelos symp-
tomas do que elle chamou pequeno brightismo.
«Os doentes levantam-se duas, tres e quatro

*
:

o
vezes, durante a noite, para urinar, elles têm
caimbras, sofírem cephaléa, têm estremecimentos,
R

cryesthesia e sentem.a sensação do dedo morto;


suas urinas são pouco toxicas e encerram leve
nuvem de albumina».
ovo Lc!
58 CIILORÓSE VULGAR

Hayem, ligando todos estes phenomenos 4

chlórose e á hysteria, refuta brilhantemente o

«pretenso chioro-brightismo» que impugnamos e


que, se tivessemos competencia, substituiriamos
por uma formula que indicasse a precedencia do
mal de Bright.
Para o lado dos orgãos genitaes, perturbações
se passam de natureza organica e funccional.
Assiin, ao lado da hypoplasia tão decantada
pelos auctores allemães, notam-se perturbações
menstruaes que estão em relação com o grau da
molestia.
A amenorrhéa é de regra; a menorrhagia
excepcional.
A forma menorrhagica, por Trous-
descripta
seau, actualmente de geral contestação.
é

Hayem e Luzet attribuem a menorrhagia dos


chloroticos á alterações organicas internas inde-
pendentes da molestia: á uma blenorrhagia, á
coexistencia da tuberculose, principalmente.
As perturbações nervosas, de summa impor-
tancia, na etiologia do morôus virgineus, segundo
Trousseau, são de ordem mental sensitiva e
moctora.

:
j
SYLVIO CEZAR LEITE 59

A chlorotica é triste, caprichosa, voluvel; ri


e chora com extrema facilidade, fazendo lembrar
a hysterica.
Ella dorme muitas vezes mal: seu somno
incompleto é por vezes entremeado de sonhos e
interrompido por pesadelos crueis.
E' sujeita a lipothymias, a syncopes, a ver-
tigens, que bem se explicam pela anemia cerebral.
A sensibilidade cutanea é ora exaggerada,

ora diminuida.
A cephaléa é constituída como o são varias
outras nevralgias.
D'estas a mais commumé a
intercostal que se
carácterisa pela fixidade e predominancia de séde
á esquerda, lembrando às nevralgias hystericas,
e pela accentuação notavel durante o
dia.

Ainda podemos citar as nevralgias faciaes, do


nervo ophtalmico, e a sensação
do dedo morto
de que fallam Gillet e Grammont.
por
As perturbações moctoras se traduzem

outras
monoplegias, - hemiplegias e paralysias.
parciaes.
de
Estas perturbações nervosas que acabamos
E 1

7a :

60 CIILOROSE VULGAR

: referir, umas lembram a hysteria e estão


muito
provavelmente ligadas a ella, outras são a
conse.
quencia logica da anemia ou da dyspepsia
|

oe:
xistente.
Resta-nos ainda falar da hypertrophia thy.
roide, —symptoma de grande importancia, expres.
" são de. degeneração de raça, notado oitenta e
=

duas vezes sobre cem casos de uma estatistica


de Hayem.

A :
o bdaBo
Um outro symptoma Interessante, e de que
temos algumas observações, é a persistencia dos
:

dentes primitivos, dos chamados dentes de leite.


To
Conhecemos uma moça de 25 annos chloro.
M. Rica aos dezoito, que
possue ainda na maxilla infe-
rior dois dentes da primeira infancia.
7
Uma outra observação, bem instructiva, vem

a sera de uma chloro-túberculosa que conserva


um pequeno molar, pertencente a primeira den-
tição. :
*

"Com esta observação terminaremos o presente


capitulo no qual deixamos .esboçado a largos
traços o quadro symptomatico da cachexia Mr
Einum.
"DIAGNOSTICO
A -chlorose, com sua mascara verdoenga e

seus caracteres de anemia; com varias molestias


é facil de confundir.
:D'ahi a necessidade imprescindivel de um
exame minucioso do estado actual do individuo,
de seu passado, dos seus ascendentes, para che-
gar-se, com inteiro criterio, a firmar o diagnostico.

Como é muito commum a chlorose"


no nosso
meio, sempre que se nos apresenta uma jovem
anemica com sopros vasculares, nevralgias inter-
"

costaes e symptomas outros de.anemia, soe-se


acreditar logo na existencia d'essa molestia.
Pessimo systema este que profligamos e que
muitas vezes leva o clinico incauto a cometter
grosseiros erros, irreparaveis, como seja o diagnos-
ticar-se chloroce, onde havia tuberculose, prescre-
62 CHLOROSE VULGAR

ver-se o ferro quando elle devia ser proscripto


.por perigoso.
E se fazemos esta reflexão não é que nos
faltem provas e estejamos a phantasiar, não.
:
A
praticajá nos deu a realidade de um facto e a
historia nos diz que o principe da Medicina, o
eminente Trousseau incorreu, por mais de uma
vez, no erro lastimavel. Eis porque somos parti-
dario convicto do diagnostico por exclusão.
Ditas estas ligeiras palavras, a guisa de pro-
Jepse, vejamos quaes as principaes molestias que
se podem corfundir com a chlorose.

Oceupam incontestavelmente o primeiro plano


-

o vasto quadro das anemias symptomaticas e a


Y
:

anemia perniciosa progressiva.


ANEMIAS SYMPTOMATICAS.— Expressão de uma
molestia local ou geral a anemia symptomatica
se acompanha geralmente de signaes de signifi-
cação tão evidente, que espancam qualquer
sombra de duvida que possa existir. Isto, porem,
só é uma verdade quando a molestia
que deter-
minou a anémia está Já em estado mais ou menos.
adeantado de sua evolução;
porque quando em
SYLVIO CEZAR LEITE 63
Í
h 9

»
»
soe acontecer com a tuberculosa e a
í

os
início,
] como
a. h

, . : . ;

Y syphilis, para so citarmos as principaes,


a molestia

ánemiante não revela lesão alguma nem pertur-


bação funccional que justifique sua existencia.
Em face d'esta hypothese prestam-se muito
ao diagnostico dois dados de real valor:
exame O

do sangue e os phenomenos cardio-vasculares.


Com effeito, as anemias symptomaticas não se

acompanham dos signaes cardio-vasculares distin-


etivos do morbus virgineus e muito menos tem a
forma hematologica d'esta molestia.
- O
exame do sangue nos revela, nos casos de
anemia symptomatica a dimtmuição notavel dos
globulos rubros, com valor globular, relativa-
mente alto; ao passo que a cachexia virginum se
: é / |

caracterisa pelo augmento dos hematoblastos e


nela diminuição notavel do valor globular. Nos
dos
casos de anemia tuberculosa nota-se, além
mais caracteres, uma leucocytose que entretanto
não nos serve muito como factor differencial por
só manifestar-se em estado já adeantado da
molestia.
Quando a anemia é symptomatica do satur-
-—
GHLOROSE VULGAR
Ga. p

nismo o sangue, apresentando alterações mais om

méhos analogás ás do sangue chlorotico, é natural |

que não nos sirva de elemento de differenciação,


' o Então, torna-se imprescindivel a anamnése,
« —
Muitas vezes, porem, esta falta-nos, O satur-
nismo' aninhando-se insensivelmente no Orga-
.nismo. N'estes casos o /iseré gengival e as colicas
seccas tudo nos exclarece, Fo serem symptomas
da intoxicação saturnina,
Muito mais difficil nos parece o diagnostico da
7 A
chloro-anemia satusnina á realisação do qual só
FA
OS |

vemos que nos auxilie o tratamento, que Luzet diz


ser a pedra de toque. Já que falamos em chloro-
7 anemia cuidaremos um pouco dellas. Segundo
o
> Hayem a chlorose pode se combinar com diversas

;
molestias para constituiremos differentes typos
“de chloro-anemias. D'ahi, existencia de uma
1a

chloro-anemia tuberculosa, uma chloro-anemia


syphilitica, saturnina, etc.
Estas creações morbidas hybridas distin-
guem-se das anemias symptomaticas pelos seus
sopros cardio-vasculares que .quando existem
nestas ultimas, sua intensidade se mede pelo
.

os

OS

1%
SYLVIO CEZAR LEITE 65

adeantamento da affecção, o que absolutamente


não se dá entre aquellas.

ANEMIA PERNICIOSA PROGRESÊNTA, En relação
a esta molestia notam-se as seguintes differenças:
hemorrhagias retinianas e diminuição simultanea
e progressiva dos hematoblastos e dos globulos
.
rubros. À duvida nos assalta o espirito, porem,
nos casos em verdade bem. raros, de chlorose
——
extrema do 4º grão. Temos então a edade do
individuo e a marcha da molestia ao Sedvioa do
diagnostico. ;
"
Se o doente é maior de 27 annos, diz Luzet,
inclinae para a molestia de Biermer, porque n'esta
edade só se encontram chloro-anemias com lesões
-

organicas, molestias infectuosas chronicas, ou


a chlorose tardia.
Esta que tem de commum com a anemia
mais
ou menos
perniciosa progressivaa ausencia
é
frequente de lesões organopathicas importantes
de uma anemia do 3º gráo.
.
Sempre acomp anhada
ou acima
Emfim, conclue Luzet, nesta edade,
he
do 4ºà ré
:
gráo
11
della acrescentamos nós, toda
y
anemia
:

é suspeita perniciosa. :
9
S lv.o Luitie

EE

RMT
66 CHLOROSE VULGAR
1

Ume excellente auxiliar na pesquiza


dao

ina do
à:

diagnos.
tico é o
tratamento, á acção do qual a chlorose
cede ou pelo menos melhora e a molestia de
*

Biermer resiste.
LESÕES CARDIACAS.—
Os sopros cardio-vascu-
lares podem fazer pensar em uma cardiopathia ,

ónde só: ha a chlorose.


O diagnostico repoisa sobre o conhecimento
exacto: da marcha, da data e dos caracteres do
"sopro que, sendo a expressão de uma lesão car-
diaca, são de natureza organica, não se modificam
pela mudança de posição nem sob a acção do tra-
tamento hygienico-ferruginoso,que é o tratamento
'da cachexia virginum.
x

Para completarmos este capítulo, resta-nos


dizer alguma coisa que mais o esclareça sobre a
anemia dos mineiros e leucemia em suas relações.
com a molestia do nosso assumpto:
ANEMIA DOS MINEIROS.—E' uma molestia pro-.
pria dos paizes intertropicaes, dos climas quentes,
“e humidos, devida á presença nos intestinos -do

ankylostomo duodenal, parasita que facilmente


se pode observar nas fezes.

as |


SEDA
SYLVIO CEZAR LEITE 67

LEUCEMIA ADENIA.—
E
A
leucemia distingue-se
pelo aigmento dos leucocytos e pelos numerosos
engorgitamentos ganglionares,
A adenia, que só com a chloro-tuberculose
se pode confundir, distingue-se pela marcha pro-
,
gressiva e invasora das adenopathias e pela par-
ticipação rapida do baço.
'
k.
f
|
— FORMAS
Differentes factores podem actuar sobre o
quadro clinico da chlorose, modificando-o de modo
a imprimir-lhe varias formas.

Estes factores modificadores são


represen-
tados pela intensidade da anemia, a benignidade
do morbus, a predominancia de um
symptoma, a
marcha e a epocha do apparecimento da molestia,
e finalmente o sexo. Em relação a intensidade
distinguimos, com Hayem, quatro formas: chlorose
Jigeira, chlorose media, cholorose intensa, e chlo-
rose extrema.
Para bem. apreciarmos as alterações anato-
micas do sangue que caracterisam estas formas,
fazemos representar a exemplo do citado professor,
por No numero de hemacias contidas em um
millesimo de millimetro cubico de sangue; pela
consoante R a riqueza hemoglobica: e por G o
o CILOROSE VULGAR

valor globular, isto é, a quantidade de


hemoglo.
bina contida em cada globulo. Assim
teremos:
—1º Chlorose ligeira ou do 1º gráu:
N=s
4.000.000, R==3200.000 G ==0,80:
2º Chlorose media ou do 92º gráu:
Ne
4.000.000 R=2700.000 G=<0,65:
8º *Chlorose intensa ou do 8º gráu: Nes
2700.000 R=1500.000 G=0,52;
4º Chlorose extrema do 4º gráu:
N==937.368
R==796.756 G==0,85.
E' escusado dizer que estes algarismos
repre-
sentam uma media.
Vistas assim as differentes formas
consti-
tuintes da classificação
anatomica de Hayem
passemos a estudar:
A chlorose ligeira;
A chlorose febril;
A chlorose dyspeptica;
A chlorose tardia;

A chlorose da
menopausis;
A chlorose dos
rapazes;
A chlorose infantil.
SYLVIO CEZAR LEITE 71
CHLOROSE LIGEIRA,Commum entre as jovens
-—

faria
robustas de constituição, victimas de um
crescimento
excessivamente rapido. Caracteri-
sa-se pela incompleta
accentuação dos symptomas,
pela ausencia de hypoplasias e
benignidade do
róegenostico.
prog
O sangue
apresenta os caracteres da anemia
do 1º gráu.

A chlorese ligeira manifesta-se muitas vezes


em raparigas
já além da puberdade, que, ou por
um retardamento do desenvolver dos
orgãos
genitaes ou por uma verdadeira hypoplasia d'estes
orgãos, não menstruam,.
Esta forma começa geralmente aos 15 annos
e termina-se quasi sempre aos 20, 21 annos a
menos que circumstancias imprevistas venham re-
forçar a .molestia, revestil-a da sua forma franca,
vulgar, deprimindo do organismo as resisten-
cias.
Os differentes modos de infracções ás leis
sagradas da hygiene levados a effeito, irremedia-
velmente pelas pobres enteadas da fortuna, que
vivem do trabalho extenuante, constituem o mais
E

72 CHLOROSE VULGAR

frequente factor da transformação da forma, ligeira


da chlorose na forma vulgar d'esta molestia,.
Finalmente, afóra as más condições, chlo.
rose ligeira é extremamente benigna e desappa-
rece com a edade,
CHLOROSE FEBRIL.— A chlorose febril,
como
entendemos, é aquella em que a temperatura é
bastante alta para imprimir ao quadro clinico da
molestia um aspecto diverso, sem todavia
estar
subordinada á ergasthenia, á syphilis ou a qual-
quer affecção.
Discordando de Molliére, para quem a forma
febril era iábito constante, afirmamos bastante
convicto a sua raridade.

A febre chlorotica é
E)

Bias
propria das chloroses
intensas e extremas.
O *

typo febril. é geralmente continuo (oscil-


lando a temperatura entre 38, 5 e
39º), raramente
intermittente; de duração variavel, podendo tel-a
-

de dias, semanas e mezes,


Ainda caracterizam a febre
chlorotica, a
ausencia de caracteres febris da urina, especial-
mente da phosphaturia, e, de crise.
SYLVIO CEZAR
LEITE 78

Alem disto, Hayem faz notar a falta de


avgmento dos globulos brancos e da febrina do
sangue.
« O diagnostico d'esta forma requer apurado
trabalho de reflexão, da parte do clinico, que
poderá confundil-a com a anemia perniciosa que
se acompanha de febre, na generalidade dos casos.
CHLOROSE
DYSPEPTICA,.—Esta forma é uma das
mais importantes pela gravidade
que não raro
reveste e, o que é mais, pela difficuldade do
tratamento.
Apresenta uma symptomatologia identica 4
da chlorose vulgar da qual differe apenas pela
intensidade dos phênomenos dyspepticos.
D'ahi, o estacionar constante da forma ligeira
nas jovens descendentes. da nobresa, que vivem
na abundancia e observam, até um certo ponto,
certos preceitos de hygiene.
Effectivamente, reina soberana n'esta forma a
dyspepsia; ella precede á chlorose, preparan-
do-lhe o terreno; ora apparece simultaneamente;
ora posteriormente complicando-a. A primeira
hypothese é muito commum, dada a frequencia
Sylvio Leite 10
74 CIILOROSE VULGAR

da dyspepsia na puberdade, sob as duas formas


franca é latente. A segunda hypothese é das tres
a mais rara e por isso mesmo a mais sujeita ao
engano medico. À terceira e ultima hypothese é
de todas a
mais commum, pois na grande maioria
dos casos a chlorose é primitivamente simples,
"vindo a se complicar sob a acção de varias causas.
Muitas vezes é o medico o triste responsavel pela
complicação dyspneptica, que então é a conse-
“quencia,a expressão do tratamento irracional que
" prescreveu:
outras vezes é o proprio doente que
tem a mania dos remedios, é pharmacomano,
ingere incessantemente drogas que lhe arruinam
“ o estomago.
Nem todos os casos de chlorose dyspeptica.
“estão dentro da esphera destas duas hypo-
theses.
Não poucas vezes a de
chlorose
se complica
dyspepsia sem causa apparentemente respon-
“ sável. 3

Os phenomenos dyspepticos, de predomínio


manifesto n'esta forma, são: anorexia, a sêde
a

ardente, dores gastricas exaggeradas pela ingestão


SYLVIO CEZAR LEITE 75
=.
de alimentos, vomitos, vertigens e notavel dila-
tação do estomago que ás vezes se acompanha
de clapotage, pela manhã, antes de qualquer alí-
mentação.
Luzet insiste sobre o alto valor que gosa a
dilatação gastrica, no diagnostico da forma mor-
bida, podendo, segundo elle falhar todos os outros

symptomas. A éste respeito assim profere um


distinectopathologista: «Praticamente a chlorose
é dyspeptica, todas as vezes que a medicação
marcial determina para o lado do,estomago acci-
dentes taes que se faz mister para tazel-o suppor:
tar, uma medicação dirigida a aquélle orgão.»
O typo chimico da chlorose dyspeptica é o da

hyperpepsia chloro-organica e da hyperchlo-


rhydria.
Este typo que é a transformação do typo
chimico do chlorose simples, por sua vez se
transforma, no evoluir da dyspepsia, na hypope-
psia e apepsia. Ha, como vemos, para a chlorose
dyspeptica dois typos chimicos oppostos: a chlo-
rose hyperpeptica e a chlorose hypopeptica.
TRA
-

Visto assim, ligeiramente, os caracteres da chlo-


exata

See
acanto

oc
daria
CHLOROSE VULGAR
76. |

rose dyspeptica, não terminaremos sem salientar


a difficuldade que geralmente se oppõe ao clinico
na determinação do momento, em que a chlorose
simples passã a ser dyspeptica, difficaldade que
resalta do modo gradual, quasi insensível, pelo
qual se effectua a transformação.

CHLOROSE TARDIA.—Chlorose tardia é à


ane-
mia . espontanea,primitiva, dos adultos, cuja
symptomatologia clinica e caracteres hematicos

são identicos aos da chlorose vulgar.


J

Ella aninha-se nos organismos enfraquecidos


pela miseria, pelo trabalho extenuante, pela
puerperalidade, e portadores de um fundo here-
ditario chlorotico. '

Apparece dos 20 aos 35 annos, e parece ser


o apanagio do bello sexo.
Esta forma geralmente reveste-se dos cara-
|

cteres. da chlorose dyspeptica.


De facil diagnostico, distingue da molestia de
Biermer e da anemia dyspeptica, pela symptoma-
tologia clinica e caracteres do sangue. E' de facil
cura, menos que não seja complicada.
a
SYLVIO CEZAR LEITE 77
'
CHLOROSE DA MENOPAUSIS.—
A
menopausis se
inicia ao terminar do periodo mais importante da

vida da mulher, periodo genital,
o

Com a suppressão da menstruação que a cara-


cteriza, Multas Vezes a
menopausis se acompanha o

de perturbações funccionaes varias, de hemor-: Da

rhagias mais ou menos abundantes, de nevralgias


tenazes e de uma anemia que pode ser sympto-
matica, e explicar as hemorrhagias é demais alte-
rações, ou primitiva, e constituir á chlorose da
menopausis de Hayem, a chlorose de involução
de Canstatt.

São victimas, muitas vezes, desta forma,


mulheres que pagaram na puberdade seu tributo
á cachexta virginum que d'ellas despedida, como
k
.que com saudade, voltou a visitar-lhes no advento
XY

da sua edade critica.


Nesta forma se accentuam os phenomenos
dyspepticos: ás dôres gastricas, a dilatação, os
vomitos, etc.
As doentes são pallidas iraciveis apresentam
em alguns casos signaes evidentes de hysteria.
Como a edade da menopausis é a edade do
We. CHI .OROSE VULGAR
UILG
78

cancro, muito cuidado é mister para não incor.


de diagnostico.
rer-se em grosseiro erro

CHLOROSE DOS RAPAZES.— Que a chlorose foi

considerada o apanagio do bello


por muito tempo
b2lla synonymia: cachexia
sexo, bem nos diz a sua
virginum, obstructio vVirginum, morbus virginum,
Jfudi virginum cobores, etc.
Modernamente, ainda tem sido sustentada
:
esta idéa que temem Hofímann um dos seus
defensores convictos. No estado actual da scien-
cia, a cklorose. dos rapazes é geralmente acceita
como uma verdade indissutivel, cabalmente de-
-
monstrada por Copland, Cabanis, Andral, Hayem
e outros de egual auctoridade.

Cantrel verificou que em 160 chloroticos 18


eram do sexo masculino. Lund, Grissolle Nonat e

chegaram a affirmar hyperbolicamente a egual-


dade de frequencia da molestia nos sexos. Hayem,
com mais propriedade, affirma a existencia da
chlorose dos rapazes, a sua incontestavel raridade
que deve ser attribuida á ausencia no homem da
funcção menstrual, porque todas as outras con
SYLVIO CEZAR LEITE 79

'dições predisponentes o organismo «


masculino
pode ter.
Effectivamente, isto é um facto, pois a fre-
quencia das hypoplasias vasculares no homem é
uma realidade.
A molestia explode sob a impulsão de diversas
causas: a inercia, a vida sedentaria, a falta de ar,
à: muito principalmente a ergasthenia intellectual,
parece influirem preponderantes sobre todas as
outras. D'ahi, o insinuar-se constante da chlorose

- nos collegios, nos conventos e nos gabinetes,


onde sob a acção continua da vigilia que extenua
o concurrente ou o examinando, o estudante em
fim procura illustrar o seu intellecto.

O onanismo, soberano nos:collegios,


é
tambem
um factor de real importancia.
A symptomatologia é a da chlorose vulgar,
differindo apenas pela leve accentuação dos
|
siígnaes.
A pallidez pouco notavel, geralmente não

adquire a côr de cêra velha.


ruido no fóco
A auscultação dá-nos ouvir um
dá arteria pulmonar que não chega a ter
os cara-
800 , CHILOROSE VULGAR
%
e

cteres de um verdadeiro
sopro. Raramente
encontra-se o thrill dos inglezes e o sopro das
pigulares. A

O prognostico é benigno; e tanto o é


que
não raro bastam para a cura da molestia, simples
"cuidados hygienicos e exercicios de
gymnastica, a
hydrotherapia, etc.
CHLOROSE INFANTIL.— Existe de facto Uma
“ chlorose da primeira infancia? Alguns patholo-
gistas e clinicos não hesitariam em affirmar; nós,
porem, preferimos a companhia da Luzet e com
elle a negamos.
Efectivamente não o cremos, não só
porque
sobejam-nos provas em contrario, mais ainda pela amoo

falsidade de argumentação de Noónat -


que baseia-se.
na presença do sopro da arteria pulmonar,
para
diagnosticar à chlorose,
*
Ora, é evidente, ninguem mais
duvida, que o
sopro a que allude Nonat não seja o
apanagio
da chlorose, que não tem
symptoma pathogno-
monico.
Além disso, fallecem- á edade infantil, ás
condições de predisposição,
”” principalmente a
SYLVIO CEZAR LEITE 81
Y
>
Ko
hs poplasia vascular. Com effeito, Beneke demons-
trou cabalmente que as creanças possuem um
systema vascular amplo, com um coração relati-
vamente pequeno. Sendo assim, é claro que'só
na puberdade, quando desapparece a correlação
entre o crescimento do corpo, que se exaggera,
e o calibre das arterias pode existir
a

hypoplasia.

E' ainda um argumento poderoso contra a


.

— proposição de Nonat a inexistencia de causas occa-


sionaes da chlorose nas creanças. Não vemos,
chlorose infantil.
pois, porque aceitarmos uma
e
ESPERO

Rs

dão
De

er
P

Sylvio Leite
É

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. i
+

ue
:
:

pa , x.
[9 :
o

NITARCHA, DURAÇÃO
E TERMINAÇÃO
.
"A chlorose é uma molestia de marcha lenta,
insidiosa, não havendo phenomeno morbido que
assignale precisamente a epocha da sua apparição.
Assim é na maioria dos casos; os ha, porem,

em que a molestia explode de repente, após uma


impressão moral viva, como nos attestam Botkine,
Trousseau e Pidoux.
Afóra estes casos, que, com Hayem, cremos

excepcionaes, podemos dizer que o morbus vir-
gineus se mariifesta silenciosamente, apoderan-
do-se pouco a pouco. do organismo, de modo a
escapar, por algum tempo, á observação do
medico e á do proprio doente.
A molestia é pois chronica d' emólée marcha
e

de duração variavel,
por successivos accessos,
BA CHLOROSE VULGAR Ps,

com o tratamento e o afastamento das causas que


os produziram.

Quando a chlorose é de media intensidade,


ou ligeira, em portadores que observam rigorosa

hygiene, até sem auxilio da therapeutica pode


curar-se; quando porem, mesmo nos casos mais
benignos, a hygiene é descufada a therapeutica
olvidada, ou mal dirigida,
não poucas vezes vemos E.)

a molestia evoluir, complicar-se de dyspepsia,


oppor ao tratamento serias difficuldades e ao
rognostico
fe)
o
serias duvidas.

Assim, bem se comprehende o quanto é


difficil se determinar precisamente a duração do
morbus virgineus, que varia sob a acção de varias
circumstaheias. /

Para fazel-o, temos que distinguir a


duração
do accesso e a duração total.
Ambas variam com a intensidade da anemia
e com o tratamento.

Certos doentes curam-se do seu accesso em


cinco, em seis ou oito semanas.

Quânto á duração total, mal podemos dizer


SYLVIO CEZAR LEITE
85
que a chlorose das amenorrheicas é
menos longa
e menos rebelde, do que as demais.
Não obstante a frequencia
das recidivas, a
chlorose se termina geralmente pela cura.
"Esta pode se fazer
espontaneamente, como
soe acontecer com a chlorose ligeira,
benigna, ou
sob a acção do tratamento especifico.
Sob a influencia do
tratamento hygienico-
ferruginoso, o Sangue.
se vae pouco e pouco regê-
nerando,
Este trabalho de regeneração se effectua em
duas phases distinctas e successivas: a primeira é
a da multiplicação das hemacias; a segunda, à do
aperfeiçoamento d'ellas.
N'aquella as hemacias multiglicam:-se, ao passo
que os hematoblastos vão diminuindo, os globulos
gigantes desapparecendo, formas intermediarias
se vão formando, até que em um dado momento,
só se encontram globulos pequenos, imperfeitos
e descorados.
Attingindo assim as hemacias o numero nor-
mal, ou passando-o de pouco, começa então a
segunda phase ou periodo de aperfeiçoamento.
86 CHILOROSE VULGAR
,

A par do augmento progressivo do valôr


globular a poikilocitose se vae desapparecendo e
os globulos rubros, adquirindo sua forma discoidea
e seu diametro normal, entram em pleno estado
physiologico.
E, ao passo que esta reparação hematica se vac
effectuando, o que se vê para o lado dos differentes
digãos, é o progressivo resurgir de suas
"
* ;
funcções,
que entram em pleno desenvolvimento;é a me-
lhora, senão a cura da dyspepsia, a volta do
appe-
tite, a substituição da pallidez romantica pela côr
rosea, que é a expressão da vida; em uma palavra,
Oo
quê se vê é a vida em plena resurreição.
Infelizmente, porem, antes de chegarem a
este estado os doentes, sentindo-se melhorados,
Julgam-se curados e, abandonando o tratamento,
entregam-se ao trabalho, e voltando ás condições
anteriores de vida que lhes deram a molestia,
não tardam a expiar na gravidade de
uma reca-
hida, a imprudencia commettida.
Mas, quando o medico
consegue mantel-os
dentro das regras do tratamento, durante o
tempo
preciso, não ha duvidar de completa cura. *
SYLVIO CEZAR LEITE 87

"A chlorose tambem se termina pela morte.


Esta, porem, sempre está a cargo de uma
complicação, que bem poderá ser uma lesão car-
diaca, a
phlegmacia álba dolens, a mais commum,
e a anemia perniciosa progressiva.
Hayem conta-nos um caso deveras inte-
|

ressante.
Uma rapariga de 21 annos, antiga hospedeira
de uma plegmacia alba doleus, na perna esquerda,
portadora de uma chlorose classica, morre um
«bello dia de repente, com geral surpresa. À auto-
-
psia, tão esplendida de ensinamentos, revelou a
obliteração da arteria pulmonar, por um, grosso
coalho, vindo do coração causa da morte.
Tinhamos ainda muitos casos a expor, se
“quizessemos delongar, mas, urge que passemos a
outro assumpto.


ZH LA

TrOIeToT

OTORDANITO
geme

Dr
TRATAMENTO
Para bem instituir-se um
tratamentoé de
necessidade imprescindivel o conhecimento exacto
da etio-pathogenia da molestia.

Se não presumimos ter elucidado o grande


problema etio-pathogenico da chlorose, anima-nos
a certeza de tel-o estudado á luz da sciencia mo-
*

derna e interpretado do modo o mais racional, a


fazer jús ao excellente tratamento que vamos.

expor.
Deixándo á margem muitos methodos thera-
peuticos, numerosos remedios, hoje abandonados
aqui apenas exaramos o tratamento racional mo-
.

derno, tal como o creou Hayem e adoptaram


Nothnagel, von Ziemmenssen seu Ediefsene muitos
outros.
Nós dividiremos o tratamento da chlorose, em
prophylatico e curativo.
Sylvio Leite á
.
«Aa

ET CHLOROSE VULGAR

TRATAMENTO PROPHYLATICO.—A prophylaxia


da chlorose repoisa sobre a observação rigorosa
das leis de hygiene.
Ella será evidentemente impotente contra a
chlorose constitucional subordinada a hypoplasias
Organicas.
Não assim, nos casos de chlorose adquirida
em que a hygiene prophylatica poderá, arredando
as causas occasionaes, evitar o morbus virgineus.
E,por ser assim, é que aconselhamos aos
predispostos a residencia nos logares seccos e
altos;a dormida em um quarto espaçoso abun-
dante de ar e de luz; passeios frequentes, curtos,
Jamais fatigantes; repoiso mental; dormir muito,
nove a dez horas no leito (Lemoine); deitar-se e
levantar-se cedo; não frequentar theatros e bailes;
nutrir-se bem; pouco vinho, muito leite, ovos, etc.
TRATAMENTO CURATIVO.— Este tratamento re-
poisa sobre a observancia fiel de quatro clausulas:
1º o repoiso; 2º regimen e tratamento gastrico;
3º medicação especifica; 4º tratamento externo
"pelos agentes physicos.
REePOISO,— Considerando que nos dias de exer-
SYLVIO CEZAR LEITE 91

cicio a eliminação do Pigmento hematico, entre


os chloroticos é mator do
que nosdias de repoiso,
considerando mais que os doentes hospitalisados
se curam primeiramente do que os da cidade,
Hayem prescreveu o repoiso a todos os seus
doentes chloroticos. x

O illustre clinico rompeu, assim, com a velha

crença dos exercicios physicos, marchá, a gym-


a

nastica, como meios excellentes de activar a circu-


lação, desenvolver o appetite e as forças.
Hayem recommenda o repoiso como indis-
pensavel nos casos intensos, notavelmente favo-
ravel nos casos medios, e util mesmo .nos casos
ligeiros.
Elle attribue ao repoiso varias virtudes, como
sejam: as de oppor-se a destruição globular, com-
bater a neurasthenia e supprimir o espartilho que,
-

comquanto não seja de todo o responsavel pela


dilatação gastrica, concorre poderosamente para
produzil-a.
“Aduração do repoiso depende da intensidade
de
da neurasthenia, da 'dyspepsia, e do gráu
anemia.

oo

=Meir
992 CHLOROSE VULGAR

Nos casos ligeiros e


medios, um mez, cinco
semanas, bastam.
Nos casos graves com grande anemia seis
semanas a dois mezes.
de bom uso não passar subitamente do
—E'

'repoiso no leito á plena actividade; logico é que


se vá gradativamente de um estado a outro.
Comquanto sejamos adepto da klinotherapia,
a mais preciosa conquista da psychiatria hodierna,
pensamos que o repoiso no leito, como tão rigo-
rosamente preconisa Hayem, é superfluo nos
casos de ligeira anemia, pelo menos.
REGIMEN-E TRATAMENTO GASTRICO,-—-
O
regimen
alimentar e o tratamento gastrico
preparatorio,
que “reputamos indispensaveis, são por Ziem-
menssen
-
desprezados, e fervorosamente defen-
didos por Hayem.
Esse illustre clinico pensa
que se não deve
perder tempo com o estomago, -devendo:-se logo
prescrever o especifico.
Baumler tambem é de opinião que se deve
ministrar o ferro, apesar dos
phenomenos dys-
pepticos.

oo.

EAÇTE

a
Eca
SYLVIO CEZAR. LEITE 93

Estamos longe de commungar com os illustres


congressistas de Munich, na mesma opinião.
O tratamento da gastropathia nos
parece
logico, intuitivo, tanto mais quanto a experiencia
eloquentemente o
comprova.
Se considerarmos que elle com a melhora das
digestões, acarreta a reconstituição de todo o

organismo, se considerarmos mais que o ferro é


mal digerido por um estomago doente; se final-
mente attendermos que a gastropathia sobrevi-
vendo predispõe ás recidivas, logico e essencial
se nos depara o tratamento, previo do esto-
mago. -

Para procêdel-o é mister o diagnostico pre-


ciso da gastropathia.
meios
Segundo Hayem, os casos se dividem em dois
| :

grupos.
O primeiro, mais numeroso, comprehende
fe)

de media “intensidade,
os casos de hyperpesia,
com ligeira dilatação.
Nestes casos prescrevemos, com Hayem após
ce

regimen: primeiros dias,


TOTO

O seguinte
o repoiso
quasi crua; quinze
Taça

Ú
leite, ; sopas de leite, e carne
!

oT

oe

AEE
%

ão
&

Ae
TESTE
94 CHLOROSE VULGAR

dias mais taíde, ovos molles, legumes verdes,

conservas de fructos.
O segundo grupo das gastropathias compre-
hende vinte por cento dos casos.
Neste grupo inclue Hayem, os casos de gas.
trite atrophica mixta.
o Na
primeira hypothese o regimen deve ser
.

"severo, numero das refeições reduzido a tres


ó

por dia, compostas de leite-e carne mal assada.


Para combater os effeitos da dilatação do
estomago bem se recommenda a massagem da
região gastro-intestinal.
"Quando ha grande fermentação acida, uma
lavagem do estomago é de utilidade real.
Nos casos de hypopepsia, a cuuselho de
Hayem, estatuimos um regimen menos rigoroso

efazer
prescrevemos logo o ferro, tendo o cuidado de
o doeênte
tomar sempre após cada refeição,
da qual tenha o ferrofeitó parte, uma colher da
seguinte solução: e.
Acido chlorhydrico 1
gramma
Agua. . . . . . 100 grammas
Nos casos, em que a hypopepsia é resultante
SYLVIO: CEZAR LEITE 95
de uma gastrite medicamentosa, é mister demo-
rar a prescripção do ferro, até a melhora do
estomago.
TRATAMENTO ESPECIFICO.—Em seguida ao
repuiso e o tratamento gastrico previo, muito logi-
camente se impõé a medicação especifica.
Por muito tempo e por distinctos physiolo-
gistas foi negada a absorpção do ferro medicar*
mentoso.
Contestaram-n'a Claude Bernard e Bunge
entre os mais illustres.
Para o primeiroo ferro age indirectamente,
excitando os orgãos digestivos; para o segundo o
ferro só seria absorvido, fazendo parte de uma
molecula orgaánica, a hematogena, encontrada no
estado typico no leite e
na gemma do ovo.
Varias outras opiniões foram emittidas sobre
o assumpto: uns affirmam que o ferro é absorvido

no estomago, vae ao figado estimular as funeções


hematopoeticas e é eliminado logo depois; outros
só assi-
pensam que o ferro é absorvido, porem,
milado sob a forma de uma combinação organica.
ferro age sobre a ane-
Segundo Trousseau O
CHLOROSE VULGAR
96

mia chlorotica ao modo do mercurio e da quina


das anemia syphilitica e palustre, tornando «
do ferro dos al.
organismo apto a utilisar-se
mentos.
Não nos detemos
em discutir o valôr das
differentes oppiniões.

>.*.
A absorpção e a assimilação do ferro são uma
5

ta
verdade infinitamente provavel, pelo menos, entre
os chloroticos cujo sangue está em deficit d'esta
substancia.

Já de muito tempo proclamada pelo therapeu-


- tista Rabiteau e pelo professor Hayem, para só
- citarmos os mais preclaros, foi no ultimo con-

grésso de medicina de Munich, apoiada pela


|
maioria dos oradores.
&
Para nós não paira a
minima duvida sobre a
especificidade do ferro.
Elle faz cessar a desglobulisação predomt-
nante na cáchexia virginum, fornecendo ás hema-
Cias necessario para o seu completo desenvolvi-
O

mento; em uma palavra; elle é


o especifico da
chlorose,
SYLVIO CEZAR |

LEITE 97

Da escolha da preparação, porem, não raro,


depende a plenitude do excito,
Trousseau prescrevia a limalha de ferro, ou o
ethyops marcial sob a forma de pilulas incorpo-
'
radas
ao extracto de chicoria, de absintho, e, em
casos especiaes ao rhuibarbo.
-
E

Quando não prescrevia as pilulas o erudito


professor ministrava o xarope de citrato de ferro.
ammoniacal, na proporção de quinze grammas de
sal para quinhentos de xarope.
A principio encostada, pelo uso das prepa-.
rações soluveis, a pratica de Trousseau tende hoje |

a prevalecer.
Soulier louva as preparações insoluveis por
serem, segundo elle, melhor supportadas, e mais
|

b
.
rapidamente absorvidas.
Hayem indica o protoxalato de ferro, pó ama- .

rello, fino, facilmente soluvel pelo succo gastrico


“acido,
O illustre clinico é de parecer, muito con-
que o ferro deve ser dado
trario ao de Trousseau,
em fracas doses, durante o menor espaço de
e

tempo possível. 17
- Sylvio Leite
|

98 CHLOROSE VULGAR
o.

Uma das vantagens do protoxalato, diz


elle,
é que é inutil exceder a vinte centigrammas
duas
vezes por diá.
prescreve no começo dez centi-
Hayem
grammas antes ou durante as refeições; no fim de
,
oito dias elle eleva a dose a quinze e ás Vezes
até a vinte centigrammas antes de cada refeição,
»- O protoxalato geralmente bem tolerado
pelo
estomago, nem sempre, porem, o é.
Por isso, para facilitar sua absorpção e diges.-
tão, nós costumamos ministrar uma colher das de
sopa em seguida a cada refeição da qual tenha
feito parte o ferro, da solução seguinte:
Acido chlorhydrico. . . 1
gramma
.
Agua destillada. . .
“ 100 grammas
Este tratamento. deve ser seguido
por um,
'
dois, tres mezes, com uma pausa mensal de
dez dias.
Depois do protoxalato de ferro os saes que
mais Se salientam são o proto-chlorureto, o pro-
tolactato e o glycero-phosphato de ferro soluvel.
Já obtivemos um successo pleno com o Jactato
de ferro:
SYLVIO CEZAR LEITE 99

Tratavamos uma jovem chlorotica, filha do


campo e da miseria,
A principio prescrevemos o protoxalato como

preceitua Hayem, cujo uso, tivemos que sus-


pender, por intoleravel, para lançar mão do
lactato- que, mercê de sua acção pharmaco-dyna-
mica, nos levou ao almejado excito.
hp
Mas nos parece que o melhor sal de ferro é,
pelo menos theoricamente, o glycero-phosphato
de ferro soluvel, obtido por Perdriel.
Este sal leva sobre o protoxalato a grande
"vantagem de ser facilmente, eliminado pelos rins,
mesmo nos casos -de nephrite.
4

As .aguas ferruginosas geralmente conside-


rTadas insufficientes cremos que, em alguns casos,
sejão uteis.
Trousseau diz que, ás vezes, ellas curam em
pouco tempo, uma chlorose, que a limalha ou o
ethiops muito levariam para o mesmo fim, ou
jamais talvez o alcançasse. Como complemento a
este ttatamento, um outro, externo,
é
bem recom-
mendável. |

Hayem diz: «Emfim completareis a cura dos


x
CHLOROSE VULGAR
100

vossos chloroticos, aconselhando-lhes a hydro.


therapia, a aerotherapia e o clima das altitudes,
em certos casos.»
Lemoine preconiza as duchas, fricções, e lou-
va-se de ter colhido excellentes resultados.
Uma ducha, ou duas por dia, segundo os casos.
.

Entre os nervosós e arthriticos, duchas mornas


de um a dois minutos; uma ou duas duchas frias
aós lymphaticos.
Lemoine aconselha antes das duchas um

passeio rapido, e depois uma fricção, e meia hora


de repoiso.
Resta nos agora falar da opotherapia ovariana
tão louvada pot Spillmann e Etienne.
Estes auctores apregoam a acção benefica do
succo ovariano, na chlorose.
Dalché, citado por Manquart, diz ter obtido
um triumpho em um. caso, com a ovarína.
Os resultados colhidos por Gilbert -e Weil
são pouco animadores.

= TD
O
-

PROPOSIÇÕES

Tres sobre cada uma das cadeiras


do curso de
Sciencias Medicas e Cirurgicas

afro

o EO

TERA

ME
Historia Natural Medica
I
Avida se manifesta sob duas formas principaes: o
animal e o vegetal,
Í

Ns
Os limites entre os dois reinos ainda não estão
bem definidos.

mM

Nem mesmo a funeção chlorophylliana pode servir


de elemento differencial.
-
Chimica Medica
I
O ferro, o mais util dos metaes, acha-se espalhádo
na natureza em estado de combinação, constituindo
varios minereos,
[o

Em estado de diffusão, encontra-se tambem no seio


da natureza viva e faz parte da nossa alimentação,

anna

Eat

tia

TRT

2020

12, Tan

so
104 CHLOROSE VULGAR

[0
Existe nos globulos rubros do sangue, onde em
combinação com uma materia albuminoide, contribue
para a formação da hemoglobina.

Anatomia descriptiva

"
A arteria humeral dá no nivel do cotovello a radial
e a cubital,

FS

Esta ultima, chegada á tuberosidade bicipital do


fadios, emitte o tronco das interosseas.

III
À interossea
anterior, ás Vezes, apresenta um
calibre egual ao da radial.

Histologia
I
O' sangue é um tecido de substancia intercellular
liquida. '

Il
Em sua constituição figuram elementos solidos: os
globulos vermelhos ou erythrocytos, os globulos brancos
ou leucocytos, e um elemento liquido: o
plasma.
SYLVIO CEZAR LEITE 105
IM

Pela coagulação, o plasma, perdendo a fibrina,


constitue o soro.

Physiologia
I

Mydriase é phenomeno resultante da contracção


o

das fibras circulares da iris.

II
A contracção das fibras radiadas d'aquella mem-
brana produz o phenomeno inverso, isto é, a myosis.

II
A secção do nervo optico, produz a mydriase.

Bacteriologia
I
oe

Dezoito annos depois de provada a inoculabilidade


da tuberculose por Villemin, Koc descobriu o bacillo
productor d'esta molestia.
II

Este bacillo, que Koc ligou seu nome, se trans-


a

mitte ao homem por numerosos meios, sendo mais oO

do
commum a inhalação, sob a forma de poeiras finas,
Eescarro secco. ói
Sylvio Leite

ve

eo
Bo
po

o
F
106 CHLOROSE VULGAR

Il
.

A transmissão por meiodo sangue materno atravez


- da placenta só excepcionalmente se realisa.

Materia medica, Pharmacologia e arte de


formular
I

A quina é extrahida de varias plantas do genero


Cinchona, da familia das rubiaceas.

H
Ha tres variedades de quina: a vermelha, a cinzenta
e a amarella ou de Calysaia.

II
Esta ultima é a que contem mais quinina.

Clinica propedeutica
I

A eliminação intermittente do azul de methyleno é


o
um symptoma de insufficiencia hepatica.

II
'

Foi Chauffard, em 1898, quem primeiro demonstrou

.
a verdade d'este facto.
: X
CEA

TST

SYLVIO CEZAR LEITE 107

[8
A insufficiencia hepatica é tanto mais
grave, quanto
mais numerosas forem as intermittencias de eliminação.
Clinica dermatologica e syphiligraphica
l
À syphilis pode ser adquirida ou constitucional.

II
O cancro syphilitico é a lesão inicial da syphilis
adquirida.
“mM

O mercurio e o iodureto de potassio são especificos


d'estas molestias.

Anatomia e physiologia pathologicas


I
A materia tuberculosa, em sua forma a mais
elementar, é representada pelo folliculo tuberculoso.
"N
Este é constituido por uma cellula gigante, circum- esto

dada sucessivamente por uma camada de cellulas epithe-


(2 lioides, e outra de cellulas Iymphoides.
II
Com o auxilio do microscopio pode se observar no
centro do folliculo, no protoplasma da cellula gigante, Bio

o
caseosa em 1n1cio.
'o processo de dege neração
Fa

a AS,

Va
rdaDE


5

ra

Morar

SER

TINA
108 CHLOROSE VULGAR

Pathologia medica
I

A febre intermittente hepatica é muitas vezes um


syraptomá de gravidade prognostica.

II

Ella traduz então a existencia de uma angiocholite


grave, a mais temivel complicação das molestias da


figado.|

11

Todavia o elemento febril é muito enganador;


. affecções bem graves, podendo evoluir sem febre.
Haja á vista a ictericia grave, em alguns casos
observada com hypothermia.


Pathologia cirurgica
I

Fracturas expostas são aquellas, cujo foco commu-


nicá com o exterior, por meio de uma ferida.

II
Nos casos em que estas fracturas são comminutivas,
nem sempre a esquilectomia é indicada.

III
Na pratica d'esta operação, o clinico deve ter como

e
"
SYLVIO CEZAR LEITE 109

objecto de todo cnidado não retirar partes



que possam
geruteis á consolidação do osso.

Segunda cadeira de Clinica Cirurgica


I
o

Hemorrhoidas são a consequencia da


TA
dilatação
das
Mmpemerea

varicosa veias hemorrhoidaes superiores e infe-


riores.
OMETO

> FS
7

A phlebo-sclerose é processo inicial que precede á


(EL

O
TEINES,

dilatação e á infecção.
'

II
"
O melhor tratamento das hemorrhoidas consiste
em supprimil-as,
|

Clinica ophtalmologica
I

À acuidade visual é a potencia isoladora da re-


tina.
"Il

Ella differe da sensibilidade luminosa que tem por


objecto a percepção da luz; da sensibilidade chromatica
.

da cor; da extensão
que tem por objecto a percepção so
>
110 CULOROSE VULGAR

visual que representa uma percepção


objectiva, Vaga «
longinqua.

III
*

A edade diminue a acuidade.

Operações e apparelhos
I

Osteotomia é uma solução de


continuídade feita
em um osso.

e)!

- Deffere dá osteotomia
que consiste na resecção
ossea total. |

boo

Il
À resecção simples,
*
patcial no nivel do cianeo
leva o nome de trepanação.

Anatomia medico-cirurgica
:

"
| à.
q Tr 1

O ante-braçoéa região
que medeéia entre o cotovello
eo braço.

It
O nervo cubital é
um ponto de reparo precioso para
aregião.
ligadura da arteria cubital no
terço medio d'essa

SYLVIO CEZAR
LEITE 111
|
IT
:
in nivel
Neste elle acha-se
sempre ao lado interno
da arteria.

Therapeutica
I
O ferro é o especifico da anemia
chlorotica.
Il
Dos preparados d'este metal o
que mais se recom-
menda pela sua composição é o
glycero-phosphato de
ferro soluvel.

me
Este sal leva sobre todos os óutros a vantagem de
ser facilmente eliminado pelos rins mesmo nes casos
de nephrite.

Primeira cadeira de Clinica Cirurgica


"
"Ulcera é toda perda de substancia, sem tendencia á
cicatrisação.
| DE
O
processo que preside á sua formação e estensão
chama-se ulceração.
TI
Na visinhança das ulceras existem frequentemente
varizes que podem dar origem a serias hemorrhagias.
Lo
PRB

CHLOROSE VULGAR
112 ;

Segunda cadeira de Clinica Medica 1


4
I jd

A albuminancia é muito frequente entre os dia-

beticos,
Il

Ella é, na maioria dos casos, traductora de um vicio


nutritivo, não exprime lesão renal.
e

Il
E” pouco pronunciada, attingindo raramente a duas
gramnmas.

Clinica pediatrica
:

A primeira infancia é a idade do rachitismo.

II

.
Este é uma molestia da nutrição, caracterisada
pela descalcificação dos ossos.

III

Duas theorias pretendem explicar-esta molestia: a.


de Parrot, que a subordina á syphilis hereditaria;ea

theoria alimentar que responsabilisa a athrepsia com


todas as suas consequencias: a inanição, a dyspepsia
gastro-intestinal, etc.

STE
SYLVIO CEZAR LEITE
113
Cadeira de Obstetricia
I
A menstruação é um phenomeno
physiologico,
indispensavel á mulher.

II
À sua ausencia traduz um estado
pathologico, ou
bi

a gravidez.
TOA

m
O fluxo menstrual por si só não remove o diagnos-
tico d'este estado em uma mulher supposta tal.

Cadeira de Hygiene
:
O solo é a parte superficial do globo terraqueo com
que. nos achamos constantemente em contacto.

u
A salubridade de um solo depende da sua capaci-
dade para o calor, a agua, os gazes, e da sua riqueza em
materias organicas.

II
O uso das plantações de eucalyptos, nos logares
pantanosos e insalubres, é logico e recommendavel.
&
Sylvio Leite
CHLOROSE VULGAR
1t4
Medicina Legal e Toxicologia
! |

E” dos caracteres physicos do pulmão que o medico

legista pode inferir a prova da vida extra-uterina.


je

: D'estes caracteres, o mais importante é o fornecido

pelo peso especifico do orgão. Me?

: mm
|

O P pulmãooq que respirou é mais leve do que a agua


8

sobre a qualelle fluctua.

“O Primeira cadeira de Clinica Medica


IX

“No decurso de uma molestia infectuosa grave, a


apparição da ictericia é um signal de mau augurio.

[1
A conhecida gravidade de que se reveste a febre
typhica, quando complicada de ictericia, corrobora
nossa asserção.

III
/ 1

Este syndroma n'estes casos traduz a acção das


toxinas sobre a cellula hepatica.

ás
EE
a
SYLVIO CEZAR LEITE 115
Clinica obstetrica e
gynecologica
I

À amenorrhéa éa suppressão da menstruação, em


uma mulher anteriormente menstruada,

II
O
frio, a suppressão brusca da transpiração, podem
por acção reflexa produzir este estado pathologico.

III

À imperfuração da membrana hymen é uma Causa


local da ainenorrhéa virginal..
o

Clinica Psychiatrica e de molestias nervosas


[|

O ataque do mal, comicial comporta tres periodos:


período. das convulsões tonicas, o periodo das convulsões
clonicas e o periodo de estupor.

O ataque epileptico é tuuito mais commum à noite,


durante o somno, do que geralmente se suppõe.
mM

Segundo Trousseau, elle pode passar assim desaper-


-

cebido, durante 8 ou 10 annos.



ques

Ee

ça

ce
SUláto.
=.

Sectelaia da FDacullade de Medícrna

da Bahia 28 ade Foveteiso


em de
/JOR.
GS
Secretario

IDr. Menandro das SReiá Meirelles.


SS

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