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Continuidade

de funções
Zenão ficou conhecido pelos paradoxos do movimento, tal como o
de Aquiles e a tartaruga.
Aquiles, herói grego e o mais rápido corredor da Ática, decidiu apostar
numa corrida com uma tartaruga, mas perdeu.

Zenão de Eléia À tartaruga, por ser muito mais lenta, foi dada uma vantagem de
(490 a. C. (?)– 430 a. C.)
alguns metros. Segundo Zenão, quando Aquiles alcançar o ponto de
onde a tartaruga partiu, T , já esta se terá deslocado para outro ponto,
T ; quando Aquiles atingir, T , já a tartaruga se terá deslocado para um
novo ponto, T ; e assim indefinidamente… Portanto, Aquiles nunca
conseguirá apanhar a tartaruga.
A controvérsia relativamente a este a outros paradoxos perdurou ao longo da História.
Apenas o conceito de limite, mais de 20 séculos depois, daria uma resposta clara ao
problema.
p. 8 – Manual _vol.2

1 1
1 2 0,001 + → 0,001 e 0,001 + → 0,001
→0 e →0 𝑛 𝑛+1
𝑛 𝑛+1

1 1
1 1 2− →2 e 2+ →2
e 2,99 + → 2,99 𝑛 2𝑛
2,99 + → 2,99
𝑛 𝑛 + 1
p. 8 – Manual _vol.2

1
∀n∈ℕ, 0< ≤1
𝑛

∀n ∈ ℕ , 𝑢𝑛 ∈ 𝐴 𝑒 𝑣𝑛 ∈ 𝐴

lim 𝑢𝑛 = 5

lim 𝑣𝑛 = 5
p. 8 – Manual _vol.2

Sejam 𝑢𝑛 e 𝑤𝑛 duas sucessões definidas por:

𝑛
0 𝑠𝑒 𝑛 ≤ 100 𝑠𝑒 𝑛 ≤ 10
𝑢𝑛 = ቊ e 𝑤𝑛 = ቐ𝑛 + 1
5 𝑠𝑒 𝑛 > 100
5 𝑠𝑒 𝑛 > 10

Não existe.
p. 8 – Manual _vol.2

lim 𝑢𝑛 = 1

Sejam 𝑣𝑛 e 𝑤𝑛 duas sucessões definidas por:


2 𝑠𝑒 𝑛 ≤ 1000
𝑤𝑛 = ቊ
𝑣𝑛 = 1 e 1 𝑠𝑒 𝑛 > 1000
Limites
segundo Heine
de
funções reais
de variável real

https://www.wolframalpha.com/calculators/limit-calculator
Ponto aderente a um conjunto

Ao conjunto dos pontos aderentes ao conjunto 𝐴 chama-se aderência de 𝐴


ഥ.
e representa-se por 𝑨
Na atividade inicial 1, 𝐴 = 0 , 3 ∪ 5 , cuja representação geométrica é:

ഥ . Em particular, a aderência de 𝐴 é formada pelos pontos de 𝐴


Note-se que 𝑨 ⊂ 𝑨
e pelos pontos que, apesar de não pertencerem a 𝐴 , são limite de uma sucessão
de elementos de A .
Pontos aderentes a um conjunto de números reais

Dados um conjunto 𝐴 ⊂ ℝ e um ponto 𝑎 ∈ ℝ, diz-se que 𝑎 é um ponto


aderente de 𝐴 quando existe uma sucessão (𝑥𝑛 ) de elementos de 𝐴 tal que
lim 𝑥𝑛 = 𝑎.

1. Todo o ponto 𝑎 ∈ 𝐴 é um ponto aderente de 𝐴


(basta considerar a sucessão 𝑥𝑛 = 𝑎).
2. Pode ter-se um ponto 𝑎 aderente de 𝐴, sem que 𝑎 pertença a 𝐴.

Exemplo:
Considera o conjunto 𝐴 = −2 ∪ 0, 3 .

1
• 3 é um ponto aderente de 𝐴, pois, por exemplo, 𝑥𝑛 = 3 − 𝑛−4 é uma

sucessão de elementos de 𝐴, tal que lim 𝑥𝑛 = 3.

• −2 é um ponto aderente de 𝐴, pois, por exemplo, 𝑥𝑛 = −2 é uma


sucessão de elementos de 𝐴, tal que lim 𝑥𝑛 = −2.
p. 9 – Manual _vol.2

𝐴ҧ = 2; +∞ 𝐵ത = 0; 1 ∪ 2; 3

𝐶ҧ = ℝ+
0 ഥ = 𝐷 = 1; 2; 3; 4
𝐷

𝐸ത = 0; 𝜋 ∪ −2𝜋; −𝜋 𝐹ത = ℕ
Limite de uma função num ponto aderente ao
respetivo domínio
Seja 𝑓 uma função real de variável real e 𝑎 ∈ ℝ, o número real 𝑏
designa-se por limite de 𝒇(𝒙) quando 𝒙 tende para 𝒂 quando 𝑎 for um
ponto aderente de 𝐷𝑓 , e para toda a sucessão 𝑥𝑛 de elementos de 𝐷𝑓

convergente para 𝑎, lim 𝑓 𝑥𝑛 = 𝑏. Escreve-se lim 𝑓 𝑥 = 𝑏.


𝑥→𝑎

Definição de limite segundo Heine

Notas:
1. Para 𝑎 ∈ 𝐷𝑓 , se o limite de 𝑓 𝑥 , quando 𝑥 tende para 𝑎, existir, é igual a 𝑓(𝑎).
2. O limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 tende para 𝑎, se existir, é único.
3. A definição de limite e a propriedade presente na nota anterior estende-se ao
caso de limites infinitos.
Exemplo 1
−4
Considera a função 𝑓 definida por 𝑓 𝑥 = 𝑥³−2.

4
Recorrendo à definição de limite segundo Heine, prova que lim 𝑓 𝑥 = − 123.
𝑥→5

Sugestão de resolução:

Seja 𝑥𝑛 uma sucessão qualquer de elementos de 𝐷𝑓 : 𝑥𝑛 → 5

−4 lim −4 lim −4
lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = lim 𝑥 = = =
𝑛 ³−2 lim 𝑥𝑛 ³−2 lim 𝑥𝑛 ³−lim 2

lim −4 −4 4
= = = − 123
lim 𝑥𝑛 ³−lim 2 5³−2

4
∴ lim 𝑓 𝑥 = − 123
𝑥→5
p. 10 – Manual _vol.2

𝐷𝑓 = ℝ 𝐷𝑓 = −3; 3
2 é ponto aderente de 𝐷𝑓 5 é ponto aderente de 𝐷𝑔
Seja 𝑥𝑛 ∈ 𝐷𝑓 , ∀𝑛 ∈ ℕ e 𝑥𝑛 → 2 Seja 𝑥𝑛 ∈ 𝐷𝑔 , ∀𝑛 ∈ ℕ e 𝑥𝑛 → 5
2
lim 𝑓 𝑥𝑛 = lim 𝑥𝑛 − 3 1 − 2𝑥𝑛 =
lim 𝑔 𝑥𝑛 = lim 9 − 𝑥𝑛 2 =
2
= lim 𝑥𝑛 − 3 × lim 1 − 2𝑥𝑛 =
= 9 − lim 𝑥𝑛 2 =
2
= lim 𝑥𝑛 − 3 1 − 2 lim 𝑥𝑛 =
= 2−3 1−2×2 2 = 2
= 9− 5 = 9−5= 4=2
= −1 × 9 = −9

Logo, lim 𝑓 𝑥 = −9 Logo, lim 𝑔 𝑥 = 2


𝑥→2 𝑥→ 5
p. 11 – Manual _vol.2

𝐷𝑓 = ℝ

−1 é ponto aderente de 𝐷𝑓
Seja 𝑥𝑛 tal que 𝑥𝑛 → −1 𝑒 ∀𝑛 ∈ ℕ, 𝑥𝑛 ≠ −1
e seja 𝑦𝑛 tal que a partir de uma determinada ordem 𝑦𝑛 = −1

0
2
1 − 𝑥𝑛 0 1 − 𝑥𝑛 1 + 𝑥𝑛
lim 𝑓 𝑥𝑛 = lim lim =
𝑥𝑛 + 1 𝑥𝑛 + 1
= lim 1 − 𝑥𝑛 = 1 − lim 𝑥𝑛 = 1 − −1 = 2

Logo, lim 𝑓 𝑥 = 2
𝑥→−1
p. 11 – Manual _vol.2

𝐷𝑔 = ℝ

1
Sejam 𝑢𝑛 = 𝑒 𝑣𝑛 = 0
𝑛
Como ∀𝑛 ∈ ℕ, 𝑢𝑛 ≠ 0 e 𝑢𝑛 → 0, vem:

1 1
lim 𝑔 𝑢𝑛 = lim = + = +∞
𝑢𝑛 0

Como ∀𝑛 ∈ ℕ, 𝑣𝑛 = 0 tem−se que: lim 𝑔 𝑣𝑛 = lim 1 = 1

Como, quer 𝑢𝑛 , quer 𝑣𝑛 são sucessões de elementos de 𝐷𝑔 e 𝑢𝑛 → 0 e 𝑣𝑛 → 0 ,

e lim 𝑔 𝑢𝑛 ≠ lim 𝑔 𝑣𝑛 , concluí−se que não existe lim 𝑔 𝑥 .


𝑥→0
Limites laterais

Seja 𝑓 uma função real de variável real e 𝑎 ∈ ℝ. Diz-se que:

▪ 𝑏 ∈ ℝ é o limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 tende para 𝑎 por valores inferiores

a 𝑎 ou limite de 𝑓(𝑥) à esquerda de 𝑎 quando 𝑏 = lim 𝑓ȁ −∞, 𝑎 𝑥 .


𝑥→𝑎

Escreve-se lim 𝑓 𝑥 = 𝑏 .
𝑥→𝑎⁻

▪ 𝑏 ∈ ℝ é o limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 tende para 𝑎 por valores


superiores a 𝑎 ou limite de 𝑓(𝑥) à direita de 𝑎 quando 𝑏 =

lim 𝑓ȁ 𝑎,+∞ 𝑥 . Escreve-se lim 𝑓 𝑥 = 𝑏 .


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎⁺
Exemplo 2
−4
Considera a função 𝑓 definida por 𝑓 𝑥 = 𝑥−2 + 5.

Recorrendo à definição de limite segundo Heine, prova que lim 𝑓 𝑥 = −∞.


𝑥→2⁺

Sugestão de resolução:

Seja (𝑥𝑛 ) uma sucessão qualquer de elementos de 𝐷𝑓 : 𝑥𝑛 → 2 ∧ 𝑥𝑛 > 2, ∀𝑛 ∈ ℕ.

−4 −4 lim −4
lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = lim +5 = lim 𝑥 + lim 5 = + lim 5 =
𝑥𝑛 −2 𝑛 −2 lim 𝑥𝑛 −2

−∞
lim −4 −4 −4
= lim 𝑥 + lim 5 = + 5 = + 5 = −∞ + 5 =
𝑛 −lim 2 2⁺−2 0⁺

∴ lim 𝑓 𝑥 = −∞
𝑥→2⁺
Limites laterais

Dada uma função real de variável real 𝑓 e dado um ponto 𝑎 aderente ao


respetivo domínio 𝐷𝑓 :

▪ se 𝒂 ∉ 𝑫𝒇 e se 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 e 𝐥𝐢𝐦+ 𝒇 𝒙 existirem e forem iguais, então


𝒙→𝒂⁻ 𝒙→𝒂

existe o lim 𝑓 𝑥 e, nesse caso, lim 𝑓 𝑥 = lim+ 𝑓 𝑥 = lim 𝑓 𝑥 .


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎

▪ se 𝒂 ∈ 𝑫𝒇 e se 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 e 𝐥𝐢𝐦+ 𝒇 𝒙 existirem e forem iguais a 𝒇 𝒂 ,


𝒙→𝒂⁻ 𝒙→𝒂

então existe o lim 𝑓 𝑥 e, nesse caso, lim 𝑓 𝑥 = lim+ 𝑓 𝑥 = lim 𝑓 𝑥 .


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
Limites laterais

lim+ 𝑓 𝑥 lim 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎+

lim 𝑓 𝑥 lim 𝑓 𝑥 =
𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎⁻

𝑎 ∉ 𝐷𝑓 𝑎 ∈ 𝐷𝑓

lim 𝑓 𝑥 ≠ lim+ 𝑓 𝑥 lim 𝑓 𝑥 ≠ 𝑓 𝑎


𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎⁺

Não existe lim 𝑓 𝑥 Não existe lim 𝑓 𝑥


𝑥→𝑎
𝑥→𝑎
Limites laterais

𝑎 ∈ 𝐷𝑓

lim 𝑓 𝑥 = lim+ 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎
lim 𝑓 𝑥 = lim+ 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎
lim 𝑓 𝑥 ≠ 𝑓 𝑎 e lim+ 𝑓 𝑥 ≠ 𝑓 𝑎
𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎

Não existe lim 𝑓 𝑥


𝑥→𝑎
p. 11 – Manual _vol.2
Limites no infinito

Dada uma função real de variável real 𝑓 cujo domínio não é majorado
(ou minorado), o número real 𝑏 designa-se por limite de 𝑓(𝑥) quando
𝑥 tende para mais (ou menos) infinito, quando, para toda a sucessão
(𝑥𝑛 ) de elementos de 𝐷𝑓 , com limite +∞ ou − ∞ , lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = 𝑏.

Representa-se por 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 = 𝒃 e diz-se que “𝑓(𝑥) tende para 𝑏


𝒙→±∞
quando 𝑥 tende para mais (ou menos) infinito”.

Nota:
O limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 tende para ±∞, se existir, é único.
Exemplo 3
2
Considera a função 𝑓 definida por 𝑓 𝑥 = 𝑥².

Recorrendo à definição de limite segundo Heine, prova que lim 𝑓 𝑥 = 0.


𝑥→−∞

Sugestão de resolução:

Seja (𝑥𝑛 ) uma sucessão qualquer de elementos de 𝐷𝑓 : 𝑥𝑛 → −∞.

2 lim 2 lim 2 2 2
lim 𝑓(𝑥𝑛 ) = lim = lim 𝑥𝑛 ²
= = = =0
𝑥𝑛 ² lim 𝑥𝑛 ² −∞ ² +∞

∴ lim 𝑓 𝑥 = 0
𝑥→−∞
p. 15 – Manual _vol.2

𝐷𝑓 = ℝ
𝐷𝑔 = ℝ Seja 𝑥𝑛 ∈ 𝐷𝑓 , 𝑥𝑛 → −∞
Seja 𝑥𝑛 ∈ 𝐷𝑓 , 𝑥𝑛 → +∞
𝑥𝑛
lim 𝑓 𝑥𝑛 = lim 𝑥𝑛 − 𝑥𝑛 3 = lim 𝑔 𝑥𝑛 = lim 2 =
𝑥𝑛 + 1

1
= lim 𝑥𝑛 3 −1 = 𝑥𝑛 1
𝑥𝑛 2 = lim = lim =
1 1
𝑥𝑛 𝑥𝑛 + 𝑥 𝑥𝑛 + 𝑥
= +∞ × 0 − 1 = −∞ 𝑛 𝑛

1 1
= lim 𝑥𝑛 + = =0
lim 𝑥𝑛 −∞ + 0
Logo, lim 𝑓 𝑥 = −∞
𝑥→+∞
Logo, lim 𝑔 𝑥 = 0
𝑥→−∞
Limites de funções elementares

Função constante

Seja a função f definida por:

No caso de:
Função identidade

Seja a função f definida por:

No caso de:
Seja a função f definida por:

No caso de:
Operações com limites
Sejam 𝑓 e 𝑔 duas funções tais que lim 𝑓 𝑥 = 𝑙1 e lim 𝑔 𝑥 = 𝑙2 , com 𝑙1 , 𝑙2 ∈
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
ℝ e 𝑎 um ponto finito (ponto aderente do respetivo domínio) ou infinito:
▪ lim 𝑘 = 𝑘 Nota:
𝑥→𝑎
Todas estas propriedades são
▪ lim 𝑥 = 𝑎 suscetíveis de serem alargadas ao
𝑥→𝑎
caso de lim 𝑓 𝑥 e lim 𝑔 𝑥
▪ lim 𝑓 + 𝑔 𝑥 = 𝑙1 + 𝑙2 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
𝑥→𝑎 serem infinitos, exceto se
▪ lim 𝑓 × 𝑔 𝑥 = 𝑙1 × 𝑙2 conduzirem a indeterminações.
𝑥→𝑎

𝑓 𝑙
▪ lim 𝑥 = 𝑙1, se 𝑔 𝑥 ≠ 0, ∀𝑥 ∈ 𝐷𝑔 e 𝑙2 ≠ 0
𝑥→𝑎 𝑔 2

▪ lim 𝑘 × 𝑓 𝑥 = 𝑘 × 𝑙1 , 𝑘 ∈ ℝ
𝑥→𝑎

𝑟
▪ lim 𝑓 𝑥 = 𝑙1 𝑟 , se 𝑟 ∈ ℕ
𝑥→𝑎

𝑟 𝑟
▪ lim 𝑓 𝑥 = 𝑙1 , se 𝑟 ∈ ℕ ∧ 𝑛 ≥ 2 𝑙1 ≥ 0 𝑠𝑒 𝑟 é 𝑝𝑎𝑟
𝑥→𝑎
Operações com limites infinitos

Adição Multiplicação
▪ +∞ + 𝑙 = +∞, com 𝑙 ∈ ℝ ▪ +∞ × 𝑙 = +∞, com 𝑙 > 0
▪ +∞ + +∞ = +∞ ▪ +∞ × 𝑙 = −∞, com 𝑙 < 0
▪ −∞ + 𝑙 = −∞, com 𝑙 ∈ ℝ ▪ +∞ × +∞ = +∞
▪ −∞ + (−∞) = −∞ ▪ +∞ × −∞ = −∞
▪ +∞ + (−∞) indeterminação ▪ −∞ × 𝑙 = −∞, com 𝑙 > 0
▪ −∞ × 𝑙 = +∞, com 𝑙 < 0

Divisão ▪ −∞ × −∞ = +∞
▪ +∞ 𝑟 = +∞, com 𝑟 ∈ ℚ+
1 0
▪ = +∞ ▪ =0 𝑟
0+ ∞ ▪ −∞ = +∞, se 𝑟 ∈ ℕ é par
1 ∞ 𝑟
▪ = −∞ ▪ =∞ ▪ −∞ = −∞, se 𝑟 ∈ ℕ é ímpar
0− 0
∞ ▪ ∞ × 0 indeterminação

1
=0 ▪ indeterminação
∞ ∞
0
▪ indeterminação
0
Exemplo 4
Determina:

1. lim 3 + 𝑥 = lim 3 + lim 𝑥 =3+2 =5


𝑥→2 𝑥→2 𝑥→2

2. lim 2𝑥 = lim 2 × lim 𝑥 = 2 × −∞ = −∞


𝑥→−∞ 𝑥→−∞ 𝑥→−∞

3𝑥 lim 3𝑥 3×1 3
𝑥→1
3. lim 5𝑥−1 = lim 5𝑥−1
= 5×1−1 =
𝑥→1 𝑥→1
4

3 1 3 1 3 1
4. lim = lim = = 3 −∞ = −∞
𝑥→−3⁻ 𝑥+3 𝑥→−3⁻ 𝑥+3 0⁻

5. lim −𝑥 − 𝑥³ = − lim 𝑥 − lim 𝑥 3 = − lim 𝑥 − lim 𝑥 ³


𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥→+∞

3
= − +∞ − +∞ = −∞ − ∞ = −∞
Produto de uma função limitada por uma função com
limite nulo

Dados 𝐷 ⊂ ℝ, as funções 𝑓: 𝐷 → ℝ e 𝑔: 𝐷 → ℝ e um ponto 𝑎 aderente a

𝐷, se 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 = 𝟎 e se 𝒈 é limitada, então 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 𝒈 𝒙 = 𝟎.


𝒙→𝒂 𝒙→𝒂

O teorema acima também se estende ao caso de limites laterais bem


como ao caso de limites em ±∞.

Exemplo:
sen 𝑥 1
lim = 0, pois −1 ≤ sen 𝑥 ≤ 1, ∀ 𝑥 ∈ ℝ e lim =0
𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥
Limite de uma função composta
Sejam 𝑓 e 𝑔 duas funções reais de variável real e 𝑎 um ponto aderente a 𝐷𝑔∘𝑓 .

Se 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 = 𝒃 ∈ ℝ e 𝐥𝐢𝐦 𝒈 𝒙 = 𝒄 ∈ ℝ, então 𝐥𝐢𝐦 𝒈 ∘ 𝒇 𝒙 = 𝒄.


𝒙→𝒂 𝒙→𝒃 𝒙→𝒂

Exemplo 5

Na figura está parte da representação gráfica de


uma função 𝑔 definida em ℝ.

Determina o valor de lim 𝑔 𝑥³ + 3 .


𝑥→−1

Sugestão de resolução:

Consideremos a mudança de variável 𝑥³ + 3 = 𝑦.


Se 𝑥 → −1, então 𝑥³ + 3 → 2, isto é, 𝑦 → 2.

Assim, lim 𝑔 𝑥³ + 3 = lim 𝑔 𝑦 = 7.


𝑥→−1 𝑦→2
Levantamento algébrico de indeterminações
envolvendo funções racionais
▪ Estratégias:

Se 𝒙 → 𝒂
1.º Fatorizar o numerador e
0 o denominador;
0 2.º Simplificar;
3.º Utilizar as propriedades
operatórias dos limites.

+∞ − ∞

∞ Simplificar a
∞ expressão de 0
modo a obter: 0

0×∞
Exemplo 6
Determina:
𝟎
𝟎 𝑥+2 2+2
𝑥²−4 𝑥−2 𝑥+2 2
1. lim 2𝑥²−2𝑥−4 = lim 2 𝑥−2 = lim 2𝑥+2 = =3
𝑥→2 𝑥→2 𝑥+1 𝑥→2 2×2+2

Cálculos auxiliares
2± 4−4×2× −4
2𝑥² − 2𝑥 − 4 = 0 ⟺ 𝑥 = z ⟺ 𝑥 = −1 ∨ 𝑥 = 2
2×2
2𝑥² − 2𝑥 − 4 = 2 𝑥 − 2 𝑥 + 1

2 𝟎×∞ 𝑥 3 −8 ×2 𝑥−2 𝑥²+2𝑥+4 ×2


2. lim 𝑥3 −8 × = lim = lim =
𝑥→2 𝑥 𝑥−2 𝑥→2 𝑥 𝑥−2 𝑥→2 𝑥−2 𝑥

𝑥²+2𝑥+4 ×2 22 +2×2+4 ×2
= lim = = 12
𝑥→2 𝑥 2

Cálculos auxiliares 1 0 0 −8
2 2 4 8
1 2 4 0 =R

𝑥 3 − 8 = 𝑥 − 2 𝑥² + 2𝑥 + 4
Levantamento algébrico de indeterminações
envolvendo funções racionais
▪ Estratégias:

Se 𝒙 → ±∞

+∞ + −∞ Colocar em evidência o termo de maior


grau.

∞ Colocar em evidência o
termo de maior grau no
∞ numerador e no
denominador.

0 Simplificar a ∞
0 expressão de

modo a obter:
0×∞
Exemplo 7
Determina:
∞−∞
4𝑥 2 5
1. 7 2
lim 3𝑥 − 4𝑥 + 5 = lim 3𝑥 7 1− + =
𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 3𝑥 7 3𝑥 7

4 5
= lim 3𝑥 7 × lim 1 − 3𝑥 5 + 3𝑥 7 = +∞ × 1 − 0 + 0 = +∞
𝑥→+∞ 𝑥→+∞

0 ∞
3
0 3× 𝑥 2 +1 ∞
𝑥³−1 3𝑥²+3
2. lim −2𝑥 = lim = lim =
𝑥→−∞
𝑥2 +1
𝑥→−∞ −2𝑥× 𝑥 3 −1 𝑥→−∞ −2𝑥 4 +2𝑥

3 1
3𝑥² 1+3𝑥² 3𝑥² 1+𝑥²
= lim 2𝑥 = lim −2𝑥 4 × lim 1 =
𝑥→−∞ −2𝑥 4 1+ 𝑥→−∞ 𝑥→−∞ 1− 3
−2𝑥4 𝑥

1
3 1+𝑥² 3 1+0
= lim × lim 1 = −∞ × 1−0 = 0 × 1 = 0
𝑥→−∞ −2𝑥 2 𝑥→−∞ 1− 3
𝑥
Limites de funções irracionais

▪ Estratégias:
1. Multiplicar pelo conjugado

Multiplicar numerador/denominador pela expressão conjugada do binómio


onde se encontra a expressão irracional.

2. Multiplicar pela própria raiz

Multiplicar numerador/denominador pela própria raiz envolvida.

Exemplo:
0
0 2𝑥−1− 𝑥 𝟐𝒙−𝟏+ 𝒙 2𝑥−1−𝑥
2𝑥−1− 𝑥
lim = lim = lim =
𝑥→1 𝑥−1 𝑥→1 𝑥−1 𝟐𝒙−𝟏+ 𝒙 𝑥→1 𝑥−1 2𝑥−1+ 𝑥
𝑥−1 1 1 1
= lim = lim = =2
𝑥→1 𝑥−1 2𝑥−1+ 𝑥 𝑥→1 2𝑥−1+ 𝑥 2×1−1+ 1
Limites de funções irracionais

3. Colocar em evidência
Colocar em evidência um fator de modo a transformar a expressão que
se encontra no radicando num produto.

Exemplo:

−3𝑥 ∞ −3𝑥 −3𝑥 −3𝑥


lim lim
= 𝑥→−∞ = lim = lim =
𝑥→−∞ 𝑥 2 −2𝑥 ∞
𝒙𝟐
2𝑥
1− 2 𝑥→−∞ 𝑥2×
2𝑥
1− 2 𝑥→−∞ 𝑥×
2
1−𝑥
𝑥 𝑥

−3𝑥 3 3
= lim = lim = =3
𝑥→−∞ −𝑥× 1−2 𝑥→−∞ 2 1−0
𝑥
1−𝑥
Limites de funções que envolvem módulos

▪ Estratégia:

Definir a função por ramos e determinar os limites laterais.

Exemplo:

2𝑥−2 2𝑥 − 2 se 𝑥 ≥ 1
lim =? 2𝑥 − 2 = ቊ
𝑥→1 𝑥²−1 −2𝑥 + 2 se 𝑥 < 1

2𝑥 − 2 2𝑥 − 2 2(𝑥 − 1) 2
lim = lim = lim = lim =1
𝑥→1⁺ 𝑥² − 1 𝑥→1⁺ 𝑥² − 1 𝑥→1⁺ 𝑥 − 1 𝑥 + 1 𝑥→1⁺ 𝑥 + 1

2𝑥 − 2 −2𝑥 + 2 −2(𝑥 − 1) −2
lim = lim = lim = lim = −1
𝑥→1⁻ 𝑥² − 1 𝑥→1⁻ 𝑥² − 1 𝑥→1⁻ 𝑥 − 1 𝑥 + 1 𝑥→1⁻ 𝑥+1

2𝑥−2 2𝑥−2 2𝑥−2


Como lim ≠ lim , então não existe lim .
𝑥→1⁺ 𝑥²−1 𝑥→1⁻ 𝑥²−1 𝑥→1 𝑥²−1
Função contínua num ponto

Seja 𝑓 uma função real de variável real e seja 𝑎 ∈ D𝑓 .

Diz-se que 𝒇 é contínua em 𝒂 quando lim 𝑓 𝑥 existe.


𝑥→𝑎

Notas:

1. Se um ponto não pertencer ao domínio de uma função, não faz


sentido falar em continuidade da função nesse ponto.

2. Se 𝑎 é um ponto isolado do domínio de 𝑓, lim 𝑓 𝑥 = 𝑓 𝑎 , ou


𝑥→𝑎
seja, a função é contínua nesse ponto.

3. Uma função que não é contínua num ponto do seu domínio diz-se
descontínua nesse ponto.
Exemplos

𝑓 𝑓
lim 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎+

lim 𝑓 𝑥 = lim+ 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎
lim 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎⁻

lim 𝑓 𝑥 ≠ lim+ 𝑓 𝑥 lim 𝑓 𝑥 ≠ 𝑓 𝑎 e lim 𝑓 𝑥 ≠ 𝑓 𝑎


𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎⁺

Não existe lim 𝑓 𝑥 Não existe lim 𝑓 𝑥


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎

𝑓 não é contínua em 𝑎 𝑓 não é contínua em 𝑎


Exemplos

𝑓
lim 𝑓 𝑥 = lim 𝑓 𝑥 = 𝑓 𝑎
𝑥→𝑎⁻ 𝑥→𝑎⁺

lim 𝑓 𝑥 =
𝑥→𝑎
Existe lim 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎

𝑓 é contínua em 𝑎
Função contínua num subconjunto do domínio

Sejam 𝑓 uma função real de variável real de domínio 𝐷𝑓 e 𝐴 ⊂ 𝐷𝑓 .

Diz-se que:

▪ 𝒇 é contínua no conjunto 𝑨 quando 𝑓 é contínua em todos os pontos de 𝐴.

▪ 𝒇 é contínua quando 𝑓 é contínua em todos os pontos de 𝐷𝑓 .


Exemplo 1
Averigua se é contínua em 𝑥 = 2 a função 𝑓 definida por

−𝑥 + 3 se 𝑥 < 2
𝑓 𝑥 =ቐ1 se 𝑥 = 2.
𝑥−1 se 𝑥 > 2

Sugestão de resolução:

• 𝑓 2 =1

• lim 𝑓 𝑥 = lim −𝑥 + 3 = −2 + 3 = 1
𝑥→2⁻ 𝑥→2⁻

• lim 𝑓 𝑥 = lim 𝑥 − 1 = 2 − 1 = 1
𝑥→2⁺ 𝑥→2⁺

Como lim 𝑓 𝑥 = lim+ 𝑓 𝑥 = 𝑓 2 = 1, então a função 𝑓 é contínua em 𝑥 = 2.


𝑥→2⁻ 𝑥→2
Operações com funções contínuas

Sejam 𝑓 e 𝑔 duas funções reais de variável real 𝑓: 𝐷𝑓 → ℝ e 𝑔: 𝐷𝑔 → ℝ,


contínuas num ponto 𝑎.
Então, também são contínuas em 𝑎 as funções:

▪ 𝑓+𝑔 ▪ 𝑓−𝑔

𝑓
▪ 𝑓×𝑔 ▪ , se 𝑔 𝑎 ≠ 0
𝑔

▪ 𝑓 𝑛 , com 𝑛 ∈ ℕ 𝑛
▪ 𝑓, com 𝑛 ∈ ℕ e 𝑓 𝑎 ≥ 0, se 𝑛 for par.
Operações com funções contínuas

Consequências:
▪ Toda a função polinomial é contínua em ℝ.

▪ Toda a função racional é contínua no seu domínio.

▪ As funções seno e cosseno são contínuas em ℝ.

▪ A função tangente é contínua no seu domínio.

Sejam 𝑓 e 𝑔 duas funções reais de variável real e 𝑎 ∈ 𝐷𝑔∘𝑓 .


Se 𝑓 é contínua em 𝑎 e 𝑔 é contínua em 𝑓(𝑎), então a função
composta 𝑔 ∘ 𝑓 é contínua em 𝑎.
Exemplo 2
Estuda a continuidade da função ℎ definida por

𝑥 2 + 3𝑥 + 5 se 𝑥 < 1
ℎ 𝑥 = 3 se 𝑥 = 1.
−2𝑥 2 −𝑥
se 𝑥 > 1
3𝑥−4𝑥 2

Sugestão de resolução:

• No intervalo −∞, 1 a função é contínua por se tratar da composta da


função raiz quadrada com uma função polinomial 𝑥 ↦ 𝑥² + 3𝑥 + 5.

• No intervalo 1, +∞ a função é contínua por se tratar de uma função


racional cujo denominador não se anula no intervalo considerado.

(continua…)
Exemplo 2 (continuação) 𝑥 2 + 3𝑥 + 5 se 𝑥 < 1
ℎ 𝑥 = 3 se 𝑥 = 1
−2𝑥 2 − 𝑥
se 𝑥 > 1
3𝑥 − 4𝑥 2
• ℎ 1 =3
−2𝑥 2 − 𝑥 −𝑥 2𝑥 + 1 − 2𝑥 + 1 − 2+1
• lim+ ℎ 𝑥 = lim+ lim
= + = lim = =3
𝑥→1 𝑥→1 3𝑥 − 4𝑥 2 𝑥→1 𝑥 3 − 4𝑥 𝑥→1 + 3 − 4𝑥 3 − 4

• lim 𝑓 𝑥 =lim− 𝑥² + 3𝑥 + 5 = 1² + 3 + 5 = 3
𝑥→1− 𝑥→1

Como lim ℎ 𝑥 = lim+ ℎ 𝑥 = ℎ 1 = 3, então a função ℎ é contínua


𝑥→1⁻ 𝑥→1

em 𝑥 = 1.

Concluímos então que a função ℎ é contínua em ℝ.


Assíntotas
ao gráfico de
uma função
Assíntotas verticais

Dados um referencial cartesiano, uma função real de variável real


𝑓 e um ponto 𝑎 ∈ ℝ, a reta de equação 𝒙 = 𝒂 designa-se por
assíntota vertical ao gráfico de 𝒇, quando pelo menos um dos
limites laterais de 𝑓 no ponto 𝑎 for infinito.

Nota:
Se uma função é contínua e se o seu domínio é ℝ ou um intervalo
fechado, o seu gráfico não admite qualquer assíntota vertical.
Método para determinar assíntotas verticais

1.º passo: Determinar os pontos 𝑎, tais que a reta de equação 𝑥 = 𝑎 é


candidata a assíntota vertical ao gráfico de 𝑓:
▪ 𝑎 ∈ 𝐷𝑓 , mas é um ponto de descontinuidade de 𝑓;
▪ 𝑎 ∉ 𝐷𝑓 , mas é um ponto aderente do domínio
(por exemplo: ℝ\ 𝑎 , ]– ∞, 𝑎[, ]𝑎, +∞[, ]𝑎, … [, ] … , 𝑎[).

2.º passo: Calcular lim 𝑓 𝑥 e/ou lim− 𝑓 𝑥 .


𝑥→𝑎⁺ 𝑥→𝑎

3.º passo: Se algum dos limites calculados anteriormente é +∞ ou −∞,


concluir que a reta de equação 𝑥 = 𝑎 é uma assíntota vertical
ao gráfico de 𝑓.
Exemplo 1

Determina, caso existam, as assíntotas verticais ao gráfico da função 𝑓


𝑥²+3
definida por 𝑓 𝑥 = .
𝑥−2

Sugestão de resolução:
𝐷𝑓 = ℝ\ 2

A reta de equação 𝑥 = 2 é candidata a assíntota vertical ao gráfico de 𝑓.


𝑥² + 3 7 𝑥² + 3 7
lim 𝑓 𝑥 = lim = = −∞ lim+ 𝑓 𝑥 = 𝑥→2+ 𝑥 − 2 0+ = +∞
lim =
𝑥→2⁻ 𝑥→2⁻ 𝑥 − 2 0⁻ 𝑥→2

∴ A reta de equação 𝑥 = 2 é assíntota vertical ao gráfico de 𝑓.

Como 𝑓 é contínua em ℝ\ 2 , pois é uma função racional, então o seu

gráfico não admite mais assíntotas verticais.


Assíntotas não verticais

Dada uma função real de variável real 𝑓 e dado um referencial cartesiano,


a reta de equação 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏, com 𝑚, 𝑏 ∈ ℝ designa-se por:

▪ assíntota ao gráfico de 𝒇 em +∞ se lim 𝑓 𝑥 − 𝑚𝑥 + 𝑏 = 0;


𝑥→+∞

▪ assíntota ao gráfico de 𝒇 em −∞ se lim 𝑓 𝑥 − 𝑚𝑥 + 𝑏 = 0.


𝑥→−∞

Quando 𝑚 = 0, designa-se por assíntota horizontal ao gráfico de 𝒇.

Notas:
• A reta de equação 𝑦 = 𝑏, é uma assíntota horizontal ao gráfico

de 𝒇 em ±∞ se e só se lim 𝑓 𝑥 − 𝑏 = 0, isto é, lim 𝑓 𝑥 = 𝑏 .


𝑥→±∞ 𝑥→±∞
• Quando 𝑥 → ±∞ , apenas pode ocorrer uma de três situações: o
gráfico tem uma assíntota horizontal ou tem uma assíntota oblíqua
ou não tem assíntota.
Assíntotas não verticais

Propriedade:
Dada uma função real de variável real 𝑓, se a reta de equação 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏
é uma assíntota ao gráfico de 𝑓, quando 𝑥 → +∞ (respetivamente, 𝑥 →
𝑓 𝑥 𝑓 𝑥
− ∞), então lim = 𝑚 (respetivamente, lim = 𝑚).
𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→−∞ 𝑥

Consideremos a reta de equação 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 uma assíntota ao gráfico


da função 𝑓 de domínio ℝ+ , então:
𝑓 𝑥
lim =𝑚 e lim 𝑓 𝑥 − 𝑚𝑥 = 𝑏
𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞
Método para determinar assíntotas não verticais
1.º passo: Observa se o domínio contém pelo menos um intervalo do tipo
]– ∞, 𝑎[ ou ]𝑎, +∞[, ou seja, se o domínio não é majorado ou não
é minorado.
𝑓 𝑥
2.º passo: Se fizer sentido 𝑥 → +∞, calcula 𝑚 = lim :
𝑥→+∞ 𝑥

Se 𝑚 ∉ ℝ, ou este limite não existe, então o gráfico de 𝑓


não admite assíntota não vertical quando 𝑥 → +∞.
𝑓 𝑥
𝑚 = lim
𝑥→+∞ 𝑥

Se 𝑚 ∈ ℝ, calcula 𝑏 = lim 𝑓 𝑥 − 𝑚𝑥 .
𝑥→+∞

Se 𝑏 ∈ ℝ, então 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 é Se 𝑏 ∉ ℝ, ou este limite não existe, então o


uma assíntota não vertical ao gráfico de 𝑓 não admite assíntota não
gráfico de 𝑓. vertical quando 𝑥 → +∞.

3.º passo: Aplicar o raciocínio do passo anterior para 𝑥 → −∞, se


fizer sentido.
Exemplo 2
Determina, caso existam, as assíntotas não verticais ao gráfico da função
3𝑥²+2
𝑓 definida por 𝑓 𝑥 = .
𝑥+2

Sugestão de resolução:
Como 𝐷𝑓 = ℝ\ −2 , vamos procurar uma assíntota não vertical para 𝑥 →
+ ∞ e para 𝑥 → −∞.
3𝑥²+2 2 2
3𝑥²+2 3𝑥 2 1+3𝑥² 3𝑥 2 1+3𝑥² 1
𝑥+2
𝑚 = lim = lim = lim 2 = lim 𝑥 2 × lim 2 =3× = 3
𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥²+2𝑥 𝑥→+∞ 𝑥 2 1+ 𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 1+𝑥 1
𝑥
1
3𝑥²+2−3𝑥 2 −6𝑥 2−6𝑥 6𝑥 3𝑥−1
3𝑥²+2
𝑏= lim 𝑥+2 − 3𝑥 = lim = lim = lim 2 =
𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥+2 𝑥→+∞ 𝑥+2 𝑥→+∞ 𝑥 1+
𝑥
1
6𝑥 −1
= lim 𝑥 × lim 3𝑥
2 = 6 × − 1 = −6
𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 1+𝑥 1

Assim, a reta de equação 𝑦 = 3𝑥 − 6 é uma assíntota oblíqua ao


gráfico de 𝑓 quando 𝑥 → +∞.

Quando 𝑥 → −∞, os cálculos são idênticos e, portanto, também se


obtém a mesma reta.
Funções
racionais
Funções racionais

Uma função racional é uma função real de variável real dada por uma
𝑃 𝑥
expressão da forma 𝑄 , onde 𝑃 e 𝑄 são polinómios.
𝑥

𝑃 𝑥
1. A expressão 𝑄 designa-se por fração racional.
𝑥

2. Uma função polinomial é uma função racional.

Exemplos:
2
𝑓 𝑥 =− ℎ 𝑥 = 2𝑥² + 5
5𝑥

1
2𝑥 + 3 −2
𝑥 + 5𝑥³
𝑔 𝑥 = 𝑗 𝑥 =
𝑥³ − 4𝑥 2𝑥
Funções racionais

O domínio de uma função racional é o conjunto dos números reais


que não anulam o denominador 𝑄(𝑥), isto é,

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑄(𝑥) ≠ 0 .
Exemplo 1

2 2𝑥+3
Determina o domínio das funções 𝑓 𝑥 = − 5𝑥 , 𝑔 𝑥 = 𝑥³−4𝑥 e ℎ 𝑥 = 2𝑥² + 5.

Sugestão de resolução:

𝐷𝑓 = 𝑥 ∈ ℝ: 5𝑥 ≠ 0 = ℝ\ 0

Cálculos auxiliares
𝐷𝑔 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 3 − 4𝑥 ≠ 0
= ℝ\ −2, 0, 2 𝑥 3 − 4𝑥 = 0 ⟺ 𝑥 𝑥 2 − 4 = 0
⟺ 𝑥 = 0 ∨ 𝑥2 − 4 = 0 ⟺ 𝑥 = 0 ∨ 𝑥2 = 4
⟺ 𝑥 = 0 ∨ 𝑥 = −2 ∨ 𝑥 = 2
𝐷ℎ = ℝ
Simplificação de frações racionais

Em geral, para simplificar uma fração racional:

1.º decompõem-se os seus termos em fatores;

2.º dividem-se ambos os termos pelos fatores comuns;

3.º obtém-se uma fração racional mais simples.


Exemplo 2

𝑥²−4
Simplifica a fração racional 2𝑥²−2𝑥−4 indicando o seu domínio.

Sugestão de resolução:

𝑥²−4 𝑥−2 𝑥+2 𝑥+2


=2 𝑥−2 𝑥+1
= 2𝑥+2, em ℝ\ −1, 2
2𝑥²−2𝑥−4

Cálculos auxiliares
2± 4−4×2× −4
𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 2𝑥² − 2𝑥 − 4 ≠ 0 2𝑥² − 2𝑥 − 4 = 0 ⟺ 𝑥 =
2×2
= ℝ\ −1, 2 ⟺ 𝑥 = −1 ∨ 𝑥 = 2

2𝑥² − 2𝑥 − 4 = 2 𝑥 − 2 𝑥 + 1
Operações com frações racionais
▪ Adição e subtração
1. Substitui-se, se necessário, as frações por frações
Recorda:
equivalentes que apresentem denominadores iguais;
𝐷𝑓+𝑔 = 𝐷𝑓 ∩ 𝐷𝑔
2. mantendo-se o mesmo denominador, somam-se, ou
subtraem-se, os respetivos numeradores.

Exemplos:

2 3 2 𝑥+3 +3 𝑥+2 2𝑥+6+3𝑥+6 5𝑥+12


1. 𝑥+2 + 𝑥+3 = = = 𝑥²+5𝑥+6, em ℝ\ −3, −2
𝑥+2 𝑥+3 𝑥²+5𝑥+6

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 + 2 ≠ 0 ∧ 𝑥 + 3 ≠ 0 = ℝ\ −3, −2

−7 𝑥−2 −7 𝑥−2 −7− 𝑥−2 𝑥−2 −𝑥 2 +4𝑥−11


2. − = − 𝑥+2 = 𝑥+2 𝑥−2 = 𝑥²−4
, em ℝ\ −2, 2
𝑥²−4 𝑥+2 𝑥+2 𝑥−2

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 2 − 4 ≠ 0 ∧ 𝑥 + 2 ≠ 0 = ℝ\ −2, 2
Operações com frações racionais
▪ Multiplicação

Multiplicam-se os numeradores entre si e os


Recorda:
denominadores entre si, simplificando, sempre que 𝐷𝑓×𝑔 = 𝐷𝑓 ∩ 𝐷𝑔
possível, o produto obtido.

Exemplos:

2 3 2×3 6
1. × = = , em ℝ\ −3, −2
𝑥+2 𝑥+3 𝑥+2 𝑥+3 𝑥²+5𝑥+6

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 + 2 ≠ 0 ∧ 𝑥 + 3 ≠ 0 = ℝ\ −3, −2

−7 𝑥−2 −7× 𝑥−2 −7× 𝑥−2 −7 −7


2. × = 𝑥²−4 𝑥+2
= = = 𝑥²+4𝑥+4, em ℝ\ −2, 2
𝑥²−4 𝑥+2 𝑥+2 𝑥−2 𝑥+2 𝑥+2 𝑥+2

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 2 − 4 ≠ 0 ∧ 𝑥 + 2 ≠ 0 = ℝ\ −2, 2
Operações com frações racionais
▪ Divisão
Multiplica-se a primeira fração pela Recorda:
fração inversa da segunda, 𝐷𝑓 = 𝐷𝑓 ∩ 𝑥 ∈ 𝐷𝑔 : 𝑔 𝑥 ≠ 0
𝑔
simplificando o produto obtido.

Exemplos:

2 3 2 𝑥+3 2 𝑥+3 2𝑥+6


1. :
𝑥+2 𝑥+3
= × = = 3𝑥+6, em ℝ\ −3, −2
𝑥+2 3 3 𝑥+2

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 + 2 ≠ 0 ∧ 𝑥 + 3 ≠ 0 = ℝ\ −3, −2

𝑥³−8 𝑥−2 𝑥 3 −8 2𝑥+6 𝑥−2 𝑥²+2𝑥+4 ×2 𝑥+3


2. : = = =2𝑥² + 4𝑥 + 8, em ℝ\ −3, 2
𝑥+3 2𝑥+6 𝑥+3 𝑥−2 𝑥+3 𝑥−2

𝐷 = 𝑥 ∈ ℝ: 𝑥 + 3 ≠ 0 ∧ 𝑥 − 2 ≠ 0 ∧ 2𝑥 + 6 ≠ 0 = ℝ\ −3, 2
Cálculos auxiliares 1 0 0 −8
2 2 4 8
1 2 4 0 =R
𝑥 3 − 8 = 𝑥 − 2 𝑥² + 2𝑥 + 4
Equações fracionárias

Em geral, para resolver analiticamente uma equação fracionária,


seguem-se os seguintes passos:

𝐴 𝑥
1º. passo: Reduzir a equação fracionária à forma 𝐵 = 0.
𝑥

𝐴 𝑥
2º. passo: Escrever 𝐵 = 0 ⇔ 𝐴(𝑥) = 0 ∧ 𝐵(𝑥) ≠ 0.
𝑥

3º. passo: Resolver a condição acima.

4º. passo: Apresentar o conjunto-solução.


Exemplo 3

𝑥+5
Resolve a equação = 3.
𝑥+7

Sugestão de resolução:

𝑥+5 𝑥+5
=3 ⟺ 𝑥+7 − 3 = 0
𝑥+7

𝑥+5−3 𝑥+7
⟺ =0
𝑥+7
𝑥+5−3𝑥−21
⟺ = 0
𝑥+7
−2𝑥−16
⟺ =0
𝑥+7

⟺ −2𝑥 − 16 = 0 ∧ 𝑥 + 7 ≠ 0
⟺ 𝑥 = −8 ∧ 𝑥 ≠ −7
⟺ 𝑥 = −8 C.S.= −8
Inequações fracionárias

Em geral, para resolver analiticamente uma inequação fracionária,


seguem-se os seguintes passos:

𝐴 𝑥
1º. passo: Reduzir a inequação fracionária à forma 𝐵 > 0.
𝑥

(> ou ≥ ou < ou ≤)
𝐴 𝑥
2º. passo: Estudar o sinal da fração , recorrendo, por exemplo,
𝐵 𝑥

a um quadro de sinais.

3º. passo: Apresentar sob a forma de condição os valores de 𝑥 que

𝐴 𝑥
satisfazem a inequação 𝐵 > 0 (ou ≥ ou < ou ≤).
𝑥

4º. passo: Apresentar o conjunto-solução.


Exemplo 4
𝑥²−𝑥−6
Resolve a inequação ≥ 0.
𝑥+3

Sugestão de resolução:
Cálculos auxiliares
1± 1−4×1× −6
Zeros do numerador: 𝑥² − 𝑥 − 6 = 0 ⟺z 𝑥 = 2×1
⟺ 𝑥 = −2 ∨ 𝑥 = 3

Zeros do denominador: 𝑥 + 3 = 0 ⟺ 𝑥 = −3

𝑥 −∞ −3 −2 3 +∞ 𝑦 = 𝑥² − 𝑥 − 6
+ +
𝑥² − 𝑥 − 6 + + + 0 − 0 + −2 − 3
𝑥+3 − 0 + + + + + 𝑦=𝑥+3

𝑥²−𝑥−6
+
− n. d + 0 − 0 + − −3
𝑥+3

𝑥²−𝑥−6
≥ 0 ⟺ −3 < 𝑥 ≤ −2 ∨ 𝑥 ≥ 3
𝑥+3

C.S.= −3, −2 ∪ 3, +∞
Derivadas de
funções reais
de variável real
e aplicações
Taxa média de variação de uma função

Dada uma função real de variável real 𝑓 e dados dois pontos 𝑎 e


𝑏 do respetivo domínio, designa-se por taxa média de variação
𝑓(𝑏) – 𝑓(𝑎)
de 𝒇 entre 𝒂 e 𝒃 o quociente .
𝑏−𝑎

Exemplo:

Seja ℎ 𝑡 = 2 + 5𝑡 − 5𝑡 2 a distância, em metros, de uma bola relativamente


ao chão, 𝑡 segundos após ter sido atirada ao ar.
A velocidade média da bola no intervalo [1; 2,3] é:

ℎ 2,3 − ℎ 1 −12,95 − 2
𝑡. 𝑚. 𝑣. 1;2,3 = = = −11,5
2,3 − 1 1,3
Derivada de uma função num ponto

Dada uma função real de variável real 𝑓 e dado um ponto 𝑥0 do respetivo


domínio, designa-se por taxa instantânea de variação de 𝑓 no ponto 𝑥0
𝑓 𝑥 −𝑓 𝑥0
o limite lim quando este existe e é finito.
𝑥→𝑥0 𝑥−𝑥0

Neste caso, designa-se por derivada de 𝑓 no ponto 𝑥0 e representa-se


por 𝑓’(𝑥0 ).
A função 𝑓 diz-se derivável ou diferenciável no ponto 𝑥0 .

Nota:

𝑓 𝑥 − 𝑓 𝑥0 𝑓 𝑥0 + ℎ − 𝑓 𝑥0
𝑓’ 𝑥0 = lim = lim
𝑥→𝑥0 𝑥 − 𝑥0 ℎ→0 ℎ
Exemplo 1
−4𝑥
Considera a função 𝑓 definida por 𝑓 𝑥 = 𝑥−2.

Recorrendo à definição de derivada de uma função num ponto,


determina 𝑓′ 3 .

Sugestão de resolução:

−4𝑥 −4×3 −4𝑥 −4𝑥+12𝑥−24


𝑓 𝑥 −𝑓 3 −
𝑥−2 3−2
− −12 𝑥−2
𝑥−2
𝑓’ 3 = lim 𝑥−3 = lim = lim = lim
𝑥→3 𝑥→3 𝑥−3 𝑥→3 𝑥−3 𝑥→3 𝑥−3
𝟎
8𝑥−24 𝟎 8 𝑥−3 8 8
= lim = lim = lim = 3−2 = 8
𝑥→3 𝑥−3 𝑥−2 𝑥→3 𝑥−3 𝑥−2 𝑥−2
𝑥→3
Interpretação geométrica da taxa média de
variação

𝑓 𝑥 − 𝑓 𝑥0
𝑚𝑠 =
𝑥 − 𝑥0

Dada uma função real de variável real 𝑓 e dados dois pontos 𝑎 e 𝑏


do respetivo domínio, tem-se que o declive da reta secante ao
gráfico de 𝑓 nos pontos 𝐴(𝑎, 𝑓(𝑎)) e 𝐵(𝑏, 𝑓(𝑏)) é igual à taxa média
de variação de 𝑓 entre 𝑎 e 𝑏.
Interpretação geométrica da derivada de
uma função num ponto

𝑓 𝑥 − 𝑓 𝑥0
𝑚𝑡 = lim
𝑥→𝑥0 𝑥 − 𝑥0

Dada uma função real de variável real 𝑓, diferenciável em 𝑥0 ∈ 𝐷𝑓 , e


dado um referencial ortonormado, a reta tangente ao gráfico de 𝑓 no
ponto 𝑃0 (𝑥0 , 𝑓(𝑥0 )) é a reta de declive 𝑓’(𝑥0 ) que passa por 𝑃0 .
Exemplo 2
De uma função 𝑓, de domínio ℝ, sabe-se que:
𝑓 𝑥 −𝑓 3
𝑓 3 =1 e lim 𝑥−3
=8
𝑥→3

Escreve uma equação reduzida da reta 𝑡, tangente ao gráfico de 𝑓 no


ponto de abcissa 3.

Sugestão de resolução:

𝑓 𝑥 −𝑓 3
𝑚𝑡 = 𝑓 ′ 3 = lim 𝑥−3
=8
𝑥→3

Assim, 𝑡: 𝑦 = 8𝑥 + 𝑏

Como o ponto de coordenadas 3, 𝑓 3 = 3, 1 pertence à reta 𝑡, vem que:

1 = 8 × 3 + 𝑏 ⇔ 𝑏 = −23

∴ 𝑡: 𝑦 = 8𝑥 − 23
Aplicação da noção de derivada à cinemática
do ponto

Se uma função 𝑓 indica a distância percorrida por um móvel, que se


desloca num percurso linear, em função do tempo:
• a taxa média de variação de 𝑓, no intervalo [𝑎, 𝑏], é a velocidade
média do móvel entre os instantes 𝒂 e 𝒃;
• a derivada de 𝑓 em 𝑎 é a velocidade do móvel em 𝒂, caso exista.
Diferenciabilidade e continuidade num
ponto

Dada uma função real de variável real 𝑓 e dado um ponto 𝑎 do


respetivo domínio, se 𝑓 é diferenciável em 𝑎, então 𝑓 é contínua em 𝑎.

Notas:
1. Uma função pode ser contínua num ponto e não ser diferenciável
nesse ponto.
Exemplo: 𝑓 𝑥 = 𝑥 é contínua em 𝑥 = 0 mas 𝑓’(0) não existe.

2. Se uma função não é contínua num ponto 𝑎, então não é diferenciável


em 𝑎.
Função derivada

Dada uma função real de variável real 𝑓, designa-se por função


derivada de 𝒇 a função de domínio 𝐷𝑓′ = {𝑥 ∈ 𝐷𝑓 : 𝑓 é diferenciável em 𝑥}
que a cada 𝑥 ∈ 𝐷𝑓′ faz corresponder 𝑓’(𝑥).

Nota:
Uma função real de variável real diz-se diferenciável num conjunto 𝑨
quando é diferenciável em todos os pontos de 𝐴.
Regras de derivação
▪ 𝑘 ′ = 0, 𝑘 ∈ ℝ ▪ 𝑓+𝑔 ′
= 𝑓 ′ + 𝑔′

▪ 𝑥 ′=1 ▪ 𝑘𝑓 ′
= 𝑘𝑓 ′ , 𝑘 ∈ ℝ

▪ 𝑥² ′ = 2𝑥 ▪ 𝑓×𝑔 ′ = 𝑓 ′ × 𝑔 + 𝑓 × 𝑔′

▪ 𝑥3 ′ = 3𝑥 2
𝑓 ′ 𝑓′ ×𝑔−𝑓×𝑔′
▪ =
𝑔 𝑔2
1 ′ 1
▪ = − 𝑥²
𝑥 ▪ 𝑓𝛼 ′ = 𝛼 × 𝑓 𝛼−1 × 𝑓′, 𝛼 ∈ ℚ

′ 1
▪ 𝑥 =2 𝑥 Deves saber
estes
▪ 𝑥𝛼 ′ = 𝛼 × 𝑥 𝛼−1 , 𝛼 ∈ ℚ resultados
de memória!
Teorema da derivada da função composta:
𝑔 𝑜 𝑓 ’ 𝑎 = 𝑓 ’ 𝑎 × 𝑔’(𝑓(𝑎))
Exemplo 3
Determina a expressão da função derivada de cada uma das funções
definidas pelas seguintes expressões:
1. 3 + 𝑥 ’ = 3′ + 𝑥′ = 0 + 1 = 1

1
2. 3𝑥 2 × 𝑥 ′
= 3𝑥 2 ′ × 𝑥 + 3𝑥 2 × 𝑥 ′ = 3 𝑥² ′ 𝑥 + 3𝑥 2 × 2 𝑥
1 3 15
= 3 2𝑥 𝑥 + 3𝑥 2 × 2 = 6𝑥 𝑥 + 2 𝑥 𝑥 = 2
𝑥 𝑥
𝑥

3𝑥 ′ 3𝑥 ′ × 5𝑥 − 1 − 3𝑥 × 5𝑥 − 1 ′
3 𝑥 ′ × 5𝑥 − 1 − 3𝑥 × 5𝑥 ′ − 1′
3. = =
5𝑥−1 5𝑥 − 1 ² 5𝑥 − 1 ²

3 × 1 × 5𝑥 − 1 − 3𝑥 × (5 − 0) 15𝑥 − 3 − 15𝑥 −3
= = =
5𝑥 − 1 ² 5𝑥 − 1 ² 5𝑥 − 1 ²

1
′ 1 2
1 3 1 1 3−1 1 ′ 1 1 −3 1´× 𝑥+3 −1× 𝑥+3 ′
4. = × × =3 × ×
𝑥+3 3 𝑥+3 𝑥+3 𝑥+3 𝑥+3 ²
2 2
1 1 −3 0× 𝑥+3 −1×1 1 1 −3 1 2
= × × = −3 × ×
3 𝑥+3 𝑥+3 ² 𝑥+3 𝑥+3
4
1 1 3
= − 3 𝑥+3
Sinal da derivada, sentido de variação e
extremos
Sendo 𝑓 uma função real de variável real, diferenciável num conjunto 𝐴:

• se 𝑓 é crescente em sentido
lato nesse conjunto, então,
para todo o 𝑥 ∈ 𝐴, 𝑓 ’(𝑥) ≥ 0;

• se 𝑓 é decrescente em
sentido lato nesse conjunto,
então, para todo o 𝑥 ∈ 𝐴,
𝑓 ’ 𝑥 ≤ 0;
Sinal da derivada, sentido de variação e
extremos

Teorema
Sendo 𝑓 uma função real de variável real, com domínio contendo
um intervalo 𝐼 = ]𝑎, 𝑏[, (𝑎 < 𝑏) e diferenciável em 𝑥0 ∈ 𝐼:
se 𝑓 atinge um extremo local em 𝑥0 , então 𝑓’(𝑥0 ) = 0.

Nota:
O recíproco deste teorema pode não se verificar, ou seja, uma função
com derivada nula num ponto pode não ter extremo nesse ponto.

Exemplo:
𝑓 𝑥 = 𝑥3
𝑓 ′ 0 = 0 e 𝑓 não admite extremo em 0.
Sinal da derivada, sentido de variação e
extremos

Teorema de Lagrange
Dada uma função real de variável real 𝑓, contínua em [𝑎, 𝑏], (𝑎 < 𝑏) e
diferenciável em ]𝑎, 𝑏[, então existe 𝑐 ∈]𝑎, 𝑏[ tal que:

𝑓(𝑏)– 𝑓(𝑎)
𝑓’ 𝑐 =
𝑏−𝑎

Interpretação geométrica:
Nas condições enunciadas, o teorema
de Lagrange afirma, assim, que existe
pelo menos um ponto do gráfico no
qual a tangente é paralela à secante 𝑠.
Sinal da derivada, sentido de variação e
extremos

Seja 𝑓 uma função real de variável real, contínua num dado intervalo 𝑰 de

extremo esquerdo 𝑎 e extremo direito 𝑏, diferenciável em ]𝒂, 𝒃[, se:

▪ ∀ 𝑥 ∈]𝑎, 𝑏[, 𝒇’(𝒙) > 𝟎, então 𝑓 é estritamente crescente no intervalo 𝐼;

▪ ∀ 𝑥 ∈]𝑎, 𝑏[, 𝒇’(𝒙) < 𝟎, então 𝑓 é estritamente decrescente no intervalo 𝐼;

▪ ∀ 𝑥 ∈]𝑎, 𝑏[, 𝒇’(𝒙) ≥ 𝟎, então 𝑓 é crescente em sentido lato no intervalo 𝐼;

▪ ∀ 𝑥 ∈]𝑎, 𝑏[, 𝒇’(𝒙) ≤ 𝟎, então 𝑓 é decrescente em sentido lato no intervalo 𝐼;

▪ ∀ 𝑥 ∈]𝑎, 𝑏[, 𝒇’(𝒙) = 𝟎, então 𝑓 é constante no intervalo 𝐼.


Método para estudar o sentido de variação e a
existência de extremos relativos de uma função
diferenciável 𝒇
1.º passo: Determina o domínio da função 𝑓.
2.º passo: Determina a expressão da função derivada 𝑓’.
3.º passo: Determina os zeros da derivada, ou seja, resolve 𝑓’(𝑥) = 0.
4.º passo: Estuda o sinal de 𝑓’.
5.º passo: Constrói um quadro, no qual se estabelece a relação entre o
sinal e os zeros da derivada com a monotonia e os extremos
relativos da função:

Divide o domínio da função em intervalos através dos


𝑥
zeros da derivada.
Sinal de 𝑓′ Preenche com o sinal da derivada.
Preenche com o sentido de variação da função e
Variação de 𝑓
extremos relativos.

6.º passo: Indica os intervalos de monotonia da função e os extremos


relativos, caso existam.
Exemplo 4
Considera a função 𝑓 definida por 𝑓 𝑥 = −𝑥 3 + 3𝑥 2 + 9𝑥 − 4.
Estuda a função 𝑓 quanto aos intervalos de monotonia e extremos relativos.
Sugestão de resolução:
• 𝐷𝑓 = ℝ
• 𝑓 ′ 𝑥 = −3𝑥 2 + 6𝑥 + 9
−6± 36−4× −3 ×9
• 𝑓 ′ 𝑥 = 0 ⇔ −3𝑥 2 + 6𝑥 + 9 = 0 ⟺ 𝑥 = ⟺ 𝑥 = −1 ∨ 𝑥 = 3
2× −3

𝑥 −∞ −1 3 +∞
Sinal de 𝑓′ − 0 + 0 −
−9 23
Variação de 𝑓 Máx
Mín

𝑓 −1 = −9 e 𝑓 3 = 23

𝑓 é estritamente decrescente em ]– ∞, – 1] e em [3, +∞[.


𝑓 é estritamente crescente em [– 1, 3].
23 é um máximo relativo em 3 e – 9 é um mínimo relativo em −1.

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