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Antígona – roteiro 1D

CENA 1
(diante do palácio de Édipo, com três portas, das quais a maior, no centro. É madrugada
do dia em que os irmãos de Antígona, Etéocles e Polinices.)
Antígona (Giovana A.): *questiona aflita* Ismênia, minha querida irmã, companheira
de meu destino, de todos os males que Édipo deixou, haverá algum com que Zeus
ainda não tenha afligido nossa infeliz vida? Ainda hoje – que ordena dizer esse
anúncio que o rei acaba de expedir e proclamar por toda a cidade? Já o conheces,
sem dúvida?

Ismênia (Lívia): *responde apreensiva* Ó Antígona nenhuma notícia agradável ou


funesta chegou para mim depois da perda de nossos dois irmãos!

Antígona (Giovana A.): Eu já imaginava... Chamei- te até aqui, fora do palácio, para
que só tu pudesses ouvir o que tenho a dizer.

Ismênia (Lívia): Que há, pois? Tu me pareces preocupada!

Antígona (Giovana A.): Certamente! Pois não sabes que Creonte concedeu a um de
nossos irmãos, e negou ao outro, as honras da sepultura? Ele proibiu homenagens
fúnebres, e sobre este que derramem suas lágrimas. Tu ouviste o que eu te disse: virá
o dia em que veremos se tens sentimentos nobres, ou se desmentes teu nascimento.

Ismênia (Lívia): Mas, minha pobre irmã, em tais condições, em que te posso eu valer,
quer por palavras, quer por atos?

Antígona (Giovana A.): Queres auxiliar-me? Agirás de acordo comigo?

Ismênia (Lívia): A que perigos pensas arriscar-te ainda?

Antígona (Giovana A.): Ajudarás estes meus braços a transportar o cadáver?

(Discussão)

Ismênia (Lívia): *aumento do tom de voz, raivosa* Queres tu, realmente sepultá-lo,
embora isso tenha sido vedado a toda a cidade?
Antígona (Giovana A.): *tom de voz alto e raivoso* Uma coisa é certa: Polinices era
meu irmão, e teu também, embora recuses o que eu te peço. Não poderei ser
acusada de traição para com o meu dever.

Ismênia (Lívia): *tom de voz alto* Apesar da proibição de Creonte?

Antígona (Giovana A.): *tom de voz alto* Ele não tem o direito de me coagir a
abandonar os meus!

Ismênia (Lívia): *tom de voz alto* Pensa minha irmã em nosso pai como morreu
esmagado pelo ódio e desprezo, quando, inteirado dos crimes que praticara, mas
também em sua mãe e esposa, visto que pôs fim a sua vida na forca e em terceiro
lugar em nossos irmãos que no mesmo dia morreram os dois desgraçados , dando-se
à morte reciprocamente! E agora que estamos a sós, pensa na morte ainda mais
terrível que teremos se contrastarmos o decreto de nossos governantes! Convém não
esquecer que somos mulheres e, como tais não podemos lutas contra homens e visto
que sou obrigada, obedecerei aos que estão no poder.

Antígona (Giovana A.): *grita com tom de revolta* Não insistirei mais! Faz tu o que
quiseres, eu erguerei um túmulo para meu irmão muito amado! E será um belo fim se
eu morrer. Querida, como sempre fui por ele, com ele repousarei no túmulo... Com
alguém a quem amava; e meu crime será louvado, pois o tempo que terei para
agradar aos mortos, é bem mais longo do que o consagrado aos vivos... Quanto a ti,
*tom de revolta* se isso te apraz, despreza as leis divinas!

Ismênia (Lívia): *revoltada* Não! Não as desprezo; mas entenda que não tenho
forças para agir contra as leis da cidade.

Antígona (Giovana A.): *grita com tom de revolta* Invoca esse pretexto! eu erguerei
um túmulo para meu irmão muito amado!

Ismênia (Lívia): *ressentida* Ah! Pobre Antígona! Eu me aflijo por ti

Antígona (Giovana A.): *confiante* Não temas por minha vida; trata de salvar a tua.

Ismênia (Lívia): Ao menos, não diga a ninguém o que vais fazer, guarda segredo, que
eu farei o mesmo.

Antígona (Giovana A.): Não! Fala! Tu me serás mais odiosa silenciando, do que se
disseres a todos o que eu quero fazer.
Ismênia (Lívia): *gritando* Tu pareces desejar, o que nos causa calafrios de pavor!

Antígona (Giovana A.): *gritando* Só sei que cumpro a vontade daqueles a quem
devo agradar.

Ismênia (Lívia): Se tu fizeres..., mas o que desejas é impossível!

Antígona (Giovana A.): *gritando* Quando me faltarem forças cederei

Ismênia (Lívia): *aumento da entonação de voz* Mas não é prudente tentar o que é
irrealizável!

Antígona (Giovana A.): Visto que assim me falas, eu te odiarei. Vamos deixe-me
afrontar o perigo! Meu sofrimento nunca há de ser tão grande, quanto gloriosa será
minha morte!

Ismênia (Lívia): Já que assim queres, vai. Bem saberes que cometes um ato de
loucura

(Antígona e Ismênia saem de cena, uma para cada lado)

(Luz se apaga e uma música curta de suspense começa)

CENA 2
Entra O Coro.

(Luz se mantem baixa.)

O coro (Letícia Camelo; Maria Eduarda; Davi;): *falam todos juntos* Ó luz do Sol, a
mais radiosa que jamais brilhou, eis que enfim ressurges iluminando, os homens e as
armas que conquistamos do inimigo derrotado. Ao guerreiro de escudo prateado,
vindo de Argos, e disposto a lutar, *aumentam o tom de voz* tu o fizeste fugir
cavalgando mais veloz do que quando veio!

O corifeu (Giovanna S.): Trouxe-o Polinices a nossa terra, alvoroçado por discórdias
domésticas. Soltando gritos, como de uma águia que se lança ao solo *grita* ele caiu
sobre o país! vinha coberto de plumagem; numerosas eram suas armas; e seus
capacetes se ornavam de crinas ondulantes.
O coro 1 (Letícia) :Ele pairou sobre nossos lares, cercou com suas lanças mortíferas as
sete entradas de Tebas, mas fugiu antes que pudesse saciar em nosso sangue. Tão
horrendo foi o fragor com que Ares rugiu entre os Argivos, que tornou invencível o
dragão que os veio combater

O corifeu (Giovanna S.): Tudo porque Zeus detesta a vanglória de uma língua
altaneira, e ao vê-los aproximando-se como uma imensa avalanche, ele brandiu sua
chama invencível e derrubou o invasor já pronto a clamar a vitória!

O coro 2 (Davi): E ele caiu por terra com as tochas na mão. Havia se atirado com o
ímpeto da mais furiosa tempestade, mas foi baldado seu esforço! Os golpes de
Marte, nosso aliado, deram-lhe outro destino

O coro 3 (Maria Ed.): Sete chefes, lutando diante das Sete Portas, deram a Zeus,
vitorioso, o tributo de suas armas de bronze, ao passo que dois irmãos ergueram suas
lanças um contra o outro.

O coro 1 (Letícia): Mas a gloriosa vitória veio, enfim! A guerra acabou, a esquecemos,
pois. Visitemos todos os templos dos deuses que fazem tremer a terra tebana
O corifeu (Giovanna S.): Eis que aproxima o rei deste país, Creonte, filho de
Meneceu, depois dos acontecimentos que os deuses causaram. Traz ele em mente
algum projeto e, para isso, convocou uma Assembleia de Anciões.

CENA 3
(Velhos tebanos e o corifeu se reúnem em volta do palácio. Entra Creonte e
Euridice saindo do palácio com uma mensagem, com um guarda ao lado)
Creonte (Brenda): Homens de Tebas, eu, Creonte junto de minha esposa Eurídice
meu fiel escudeiro convoquei-os aqui, porque sempre foram fiéis ao trono. Depois,
mantiveram respeito à Édipo, e mesmo após sua morte, mantiveram a fidelidade a
seus filhos. Vistos que esses pereceram com mesmo destino em um só dia, matando
e morrendo com mãos cheias de sangue, poder e trono coube-me a mim, parente
mais próximo dos mortos. Obedecendo aos princípios de Zeus, é que desejo
promover a felicidade de Tebas. *fala com confiança*. Com isso, ordenei que fosse
tornado público meu decreto pertencente aos filhos de Édipo: Etéocles, que morreu
lutando em prol da cidade com bravura, seja devidamente sepultado. Quanto a seu
irmão, Polinice, que só retornou com o propósito de destruir o país natal, declaro que
fique *tom de voz alto* PROIBIDO honra-lo com um túmulo ou lamentar sua morte.
(Corifeu se aproxima de Creonte)

O corifeu (Giovanna S.): Assim te agrada tratar, ó Creonte, filho de Meneceu. Tu és o


senhor, e a ti compete impor a lei que convier.
Creonte (Brenda): Cuidem para que minhas ordens sejam cumpridas . Faço dos
senhores os fiscais da minha decisão.
O coro 3 (Maria Eduarda): É tarefa pesada demais para nossa idade, Senhor. Entrega
esse dever a alguém mais jovem.
Creonte (Brenda): Não se trata de ato material de vigilância. Meus guardas já estão a
postos.
O coro 1 (Letícia): que mais nos ordenas então?

Creonte (Brenda): *aumento do tom de voz* Que não tenhais piedade para com
aqueles que infringirem minhas ordens!

O corifeu (Giovanna S.): Ninguém é louco a ponto de desejar a morte!

Creonte (Brenda): Quem jamais saberá de que ousadias é capaz a ambição humana?
Exijo o cumprimento da minha decisão e é certo que quem a desrespeitar morrerá!

CENA 4
(Entra em cena guarda 1 e o coro se reúne no lado oposto do guarda)

O guarda 1 (Leonardo C.): *aflito e exausto* meu soberano, venho sem fôlego pois
preocupações me afligiram durante o caminho. Meu espírito dizia: “Imbecil, por que
essa pressa toda em busca do castigo?” Mas se eu voltava atrás a coisa piorava! *fala
desesperado* meu pensamento dizia: “não para no caminho. Se Creonte souber por
outro o que aconteceu, teus dias estão contados.”

Eurídice (Lara A.): *preocupada* Jovem, mas porque tanto medo e tão pouco fôlego?

O guarda 1 (Leonardo C.): Antes de lhe dizer o que foi feito, eu gostaria de dizer que
não fui eu que fiz, nem vi quem fez.
Creonte (Brenda): *confuso* Que crime você tenta encobrir com esse mar de
palavras?
O guarda 1 (Leonardo C.): *preocupado* O que não agrada, a gente evita dizer.
Creonte (Brenda): Afinal, irá falar ou não? decida-se, para que eu te retire!

O guarda 1 (Leonardo C.): Nesse caso, eu falo. *fala desconfiado e apavorado* Um


desconhecido acaba de sepultar o corpo de Polinices, depois de ter realizando os
ritos necessários, ele desapareceu.

(Eurídice e coro exclamam em choque)

Creonte (Brenda): *segura o guarda pelas vestimentas com tom de voz raivoso* Me
custas a acreditar! Quem teve tamanha audácia?

O guarda 1 (Leonardo C.): - Ninguém sabe. Quem praticou o ato não deixou vestígio,
não haviam marcas na terra. O corpo não estava bem enterrado, como se quisessem
desafiar o trono. Eis por que venho a tua presença, contra a minha vontade, visto que
ninguém ama um portador de más notícias.

(Corifeu se aproxima dos dois)

Corifeu (Giovanna S.): Majestade, isso bem pode ser obra dos deuses...
Creonte (Brenda): *grita* Cala-te! antes que me irrite com certas palavras. Ninguém
vai me convencer de que os deuses iriam proteger o covarde cuja intenção era
justamente profanar os templos *grita com corifeu* SERIA ABSURDO! Foram os
cidadãos descontentes comigo, bem sei, que subornaram alguém para a tarefa.
Quem quer que haja premeditado esse crime, mais cedo, ou mais tarde, *grita* será
punido!

O guarda 1 (Leonardo C.): Posso falar, ou devo me retirar?

Creonte (Brenda): Não sabe que tua voz me é insuportável. É melhor que saia para
que eu encontre alguém mais miserável para culpar!

O guarda 1 (Leonardo C.): Que outro qualquer encontre esse culpado, mas não fui eu
que pratiquei o crime!

Creonte (Brenda): Embora! vendeu- se por dinheiro, tenho certeza!

(Sai reclamando amargurado)

O guarda 1 (Leonardo C.): É curioso como um homem que diz tudo descobrir,
descobre coisas que não existem!
(Guarda sai de cena)

CENA 5
(luz baixa pro coro. Música de coro gótico)

O coro: Inúmeras são as maravilhas da natureza, mas a maior de todas é o Homem!


Domina as aves e os animais selvagens, além de cultivar a terra. Desenvolveu a
linguagem, o pensamento e os costumes. Apesar de sua habilidade em superar
desafios, não pode escapar da morte. Sua capacidade de agir para o bem ou para o
mal muitas vezes o leva a desrespeitar as leis da natureza e divinas.

CENA 6
(Guardas entram em cena com Antígona andando de cabeça inclinada. Música de
suspense.)
(Luz focada no guarda e na Antígona enquanto entram.)
O corifeu (Giovanna S.): Mas que coisa espantosa é essa que estou vendo? Poderei
por
acaso fingir que não a conheço, mas seria uma inverdade!
Coro 2 (Davi): Desrespeitou o decreto do rei?
Coro 3 (Maria Ed.): Deixou-se surpreender num ato de loucura?
O guarda 1 (Leonardo C.): Eis aqui aquela que praticou o louco ato! Nós a
encontramos no momento em que sepultava o cadáver. Mas... onde está Creonte?

O coro 1 (Letícia): Ei-lo que chega no momento exato

(Creonte entra)
Creonte (Brenda): Que há? Por que motivo é oportuna minha volta?

O guarda 1 (Leonardo C.): Estou de volta porque peguei esta jovem no momento
exato em que enterrava o morto. E agora, visto que ela está em tuas mãos, interroga-
a como quiseres!

Creonte (Brenda): Onde, como e quando ela foi presa?

O guarda 2 (Leonardo N.): Por suas próprias mãos estava dando sepultura ao morto;
tu já o sabes.
Creonte (Brenda): Tens absoluta certeza do que dizes?

O guarda 1 (Leonardo C.): Sim! Foi ela! não é claro o que estou dizendo?

Creonte (Brenda): Mas, como foi que a viste e a surpreendeste?

O guarda 2 (Leonardo N.): Eis como tudo se passou: Uma ventania fortíssima ergueu
muita poeira,
varrendo a região. Quando o céu voltou a ficar claro, vimos esta jovem cavando o
pouco
de terra que conseguia, cobrindo de novo o morto.
O guarda 1 (Leonardo C.): Vendo isso a prendemos. Acusada do que fazia e do que
tinha feito, não negou coisa alguma.
Creonte (Brenda): *se referindo à Antígona* Ó tu, que manténs os olhos fixos no
chão, confessas, ou negas, ter feito o que ele diz?

(Antígona levanta a cabeça e confronta Creonte)


Antígona (Giovana A.): *fala confiante* Confesso tudo. Não nego coisa alguma.

Creonte (Brenda): *aos guardas* Estão livres das acusações que pesavam sobre
vocês!

(guardas saem de cena)

CENA 6
(Creonte e Antígona estão discutindo. Personagens buscam se manter centralizados
no palco, andem apenas para extravasar sentimentos. Coro se encontra no canto da
cena, sentados nas pedras ouvindo a discussão.)

(Luz com foco nas duas personas, música tensa ambiente.)

Creonte (Brenda): Sabias que eu tinha proibido o que fizeste?

Antígona (Giovana A.): Sim, eu sabia! Como poderia ignorar algo público?

Creonte (Brenda): Mesmo assim, desobedeceste?


Antígona (Giovana A.): Sim, pois não acredito que tua proclamação tenha tal força
que possa substituir as leis dos deuses. Não, eu não iria arriscar o castigo dos deuses
para satisfazer o orgulho de um pobre rei. Eu sei que vou morrer. E, se morrer antes
do tempo, aceito isso como uma vantagem. Quando se vive como eu, não há muito a
perder com a morte! A sorte que me aguarda não é um mal que me preocupa; muito
pior seria deixar meu irmão sem sepultura.

O corifeu (Giovanna S.): Esta jovem, com seu caráter forte, mostra que é filha de um
pai igualmente inflexível.

Creonte (Brenda): Esta jovem desobedeceu a meu decreto; e, para piorar, ela se
orgulha do que fez. Seja ela filha da minha irmã e, portanto, mais próxima de mim do
que o próprio Zeus, ela e sua irmã não escaparão à punição mais severa, porque
acuso a outra de ter planejado o enterro do irmão também. Chamem-na!

Antígona (Giovana A.): Já que estou presa, o que mais queres além da minha morte?

Creonte (Brenda): Nada mais! Isso me satisfaz.

Antígona (Giovana A.): Então por que esperas? Que maior glória posso ter do que
repousar no túmulo do meu irmão? Esses homens *apontando para o coro*
concordariam comigo se o medo não os fizesse calar! Mas um dos privilégios da
tirania é dizer e fazer o que quiser.

Creonte (Brenda): Apenas tu pensas assim em Tebas.

Antígona (Giovana A.): Eles pensam como eu, mas se calam para te agradar...

Creonte (Brenda): Não tens vergonha de expressar essa opinião?

Antígona (Giovana A.): Não vejo vergonha em prestar homenagens a alguém que
nasceu do mesmo ventre materno...

Creonte (Brenda): E o outro que morreu também era teu irmão?

Antígona (Giovana A.): Sim! Filho do mesmo pai e da mesma mãe!

Creonte (Brenda): E você não o ofendeu honrando quem lutava contra ele?

Antígona (Giovana A.): Ele mesmo não diria isso!


Creonte (Brenda): Ele concordaria em receber o mesmo tratamento que um traidor?

Antígona (Giovana A.): Mesmo assim, Hades exige os mesmos ritos para ambos!

Creonte (Brenda): Não é justo tratar igualmente o justo e o criminoso.

Antígona (Giovana A.): Quem nos diz que esse preceito é válido no mundo dos
mortos?

Creonte (Brenda): Nunca! Nunca um inimigo será querido por mim, mesmo após a
morte.

Antígona (Giovana A.): Eu nasci para amar, não para odiar!

Creonte (Brenda): Então vá para a sepultura! Se queres amar, ama os que lá


encontras!
Enquanto eu viver, nenhuma mulher me dominará!

CENA 7
(Creonte parte para um lado do palco, enquanto Antígona se encontra sentada ao
chão chorando.)

(Luz inicia com foco no Coro e vai aumentando gradativamente.)

O coro 3 (Maria Ed.): Eis que aparece a amável Ismênia, chorando agora pela irmã
querida. Uma nuvem de amargura muda seu rosto admirável.
Creonte (Brenda): Alimentei duas víboras para me devorarem. Confessa, participaste
também da traição ou vais jurar que não sabias de nada?
Ismênia (Lívia): Se ela permitir, sou culpada; também participei.

Antígona (Giovana A.): Nunca! A justiça não admite que eu concorde com isso. Você
não
aprovou meu ato nem eu permiti que me ajudasse.
Ismênia (Lívia): Peço que me deixe repartir com você a culpa. Se você se reconciliar
comigo talvez nosso irmão me perdoe pela hesitação de antes.
Antígona (Giovana A.): Não queira repartir agora a culpa daquilo em que não teve
coragem de botar as mãos. Minha morte basta!
Ismênia (Lívia): E como poderei viver, minha irmã, sem tua companhia?

Antígona (Giovana A.): Pergunte a Creonte... Todos os seus cuidados são para ele...

Ismênia (Lívia): Por que zombar de mim dessa maneira inútil?


Antígona (Giovana A.): Pra esconder a pena que sinto por ti!

Ismênia (Lívia): No entanto, se existe o crime, a culpa é de nós ambas!

Antígona (Giovana A.): Tranquiliza-te! Tu viverás! Quanto a mim, morrerei em paz.

Corifeu (Giovanna S.): Não é preciso de muito para percebemos que são ambas
loucas, uma enlouqueceu agora; a outra, desde que nasceu!

Ismênia (Lívia): *apontando para Creonte* Ordenarás tu a morte da noiva de teu


filho?

Creonte (Brenda): Ora! não há apenas uma mulher no mundo!

Ismênia (Lívia): Pobre Hémon! Como teu pai te diminui!

Creonte (Brenda): Basta! Esse assunto não me interessa!

(A cena ‘congela’. Coro desce do palco e fica centralizado.)

O coro (Letícia, Davi e Maria Eduarda): *olham para a plateia, com cara de espanto*
Parece que está resolvido: ela morrerá!

(Coro volta para ponto de origem. Cena ‘descongela’)

Creonte (Brenda): Tal é minha decisão! *aos guardas* Levem-nas para o palácio,
como escravas!

(Sai os guardas com as duas personas)


O Corifeu (Giovanna S.): Os Herdeiros de Laio sofrem há muito tempo, trazendo
sempre desgraças para as gerações futuras. Um antigo preceito nos lembra que o mal
muitas vezes parece bom. Mas a verdade aparece.

(Luz se apaga gradativamente)

CENA 8
(Em seguida, Hémon entra em cena.)

(Luz baixa com foco na entrada do personagem)

O Coro 2 (Davi): Aqui está Hémon, filho mais novo do rei; vem triste pela situação de
Antígona, sua futura esposa?

O Coro 3 (Maria Ed.): Sofre pela perda de seu amor?

O Coro 1 (Letícia): Vamos descobrir em breve, melhor que especulações.

Creonte (Brenda): Meu filho, sabendo da sentença que proferi contra tua noiva, estás
furioso comigo, ou ainda me respeitas apesar do que fiz?

Hémon (Murilo): Pai, eu sou teu filho. Continuarei seguindo teus sábios conselhos.
Nenhum casamento é mais importante do que tua vontade.

Creonte (Brenda): Isso é uma sabedoria a ser guardada, meu filho! Devemos
obedecer à vontade paterna. Trate essa jovem como uma inimiga; deixe-a ir para
onde quiser. Ela desobedeceu a minhas ordens publicamente, e eu não posso parecer
fraco diante do povo. Ela será punida com a morte.

Hémon (Murilo): Os deuses nos deram razão, a maior dádiva. As pessoas têm medo
de falar contra ti, mas eu posso ver como a cidade lamenta a morte de Antígona. Para
mim, teu sucesso é o mais importante. Mas não acredites que só tuas decisões sejam
sempre certas. Aqueles que se consideram os únicos inteligentes, quando
examinados de perto, mostram-se vazios.

Creonte (Brenda): Devo eu, velho como sou, receber conselhos de um jovem?

Hémon (Murilo): Ouve apenas os conselhos justos. Eu sou jovem, é verdade, mas
devemos seguir a razão, não a idade.

Creonte (Brenda): Devo eu honrar quem se mostrou rebelde?

Hémon (Murilo): Nunca te incentivei que se respeite a quem houver praticado o mal.

Creonte (Brenda): E por acaso não foi um crime o que ela fez?

Hémon (Murilo): Não é assim que pensa o povo de Tebas.


Creonte (Brenda): Com que cabe ao povo decidir algo sobre MEU decreto?

Hémon (Murilo): Pai, mesmo sendo governante, não há estado algum que pertença a
um único homem! Poderias governar sozinho apenas em um país inteiramente
deserto.

Creonte (Brenda): Miserável! porque te mostras em desacordo com teu pai?

Hémon (Murilo): Porque renegas as normas da justiça!

Creonte (Brenda): Por acaso, eu a ofendo?

Hémon (Murilo): Tu não a sustentas calçando aos pés os preconceitos que vem dos
Deuses!

Creonte (Brenda): Seja como for, todas as suas palavras são em favor de Antígona!

Hémon (Murilo): Sim! como são por ti, por mim, e pelos deuses imortais.

Creonte (Brenda): Nunca desposarás ela viva!

Hémon (Murilo): Sei que ela morrerá! Mas sua morte há de causar outra.

Creonte (Brenda): Tens coragem de ameaçar seu próprio pai?

Hémon (Murilo): Que ameaças pode haver, se combatemos tais futilidades?

Creonte (Brenda): Escravo de uma mulher, não me perturbes com tua tagarelice,
pagarás caro.

Hémon (Murilo): Se tu não fosses meu pai, diria que perdeste o sentido!

Creonte (Brenda): Sim?! Esteja ciente: tu não te alegrarás por teres me censurado
assim! Leva essa mulher odiosa, para que ela morra imediatamente, em minha vista,
e na presença de seu noivo!

Hémon (Murilo): Não! Em minha presença, ela não morrerá! E tu nunca mais me
verás diante de ti!

(Hémon sai de cena furioso.)

Creonte (Brenda): Faça o que fizer, ainda que faça milagres, não salvará da morte
essas donzelas.
O corifeu (Giovanna S.): Mas, pensas em ordenar que pereçam ambas?

Creonte (Brenda): Não! Tens razão! *diz pensativo* Será poupada a que nada fez.

O corifeu (Giovanna S.): E como pensas em dar a morte à outra?

Creonte (Brenda): A levarei a um sítio deserto; e ali será encerrada, viva, em um


túmulo subterrâneo, revestido de pedra. Lá, ela poderá invocar Plutão, o único deus
que venera... e talvez ele evite que ela morra…

(Sai Creonte.)

CENA 9
(Coro se encontra centralizado no palco.)

(Luz em foco no Coro; Luz baixa)

O Coro (Letícia, Davi e Maria Eduarda): Amor, invencível Amor, tu que julgas os mais
poderosos; nem os deuses imortais, nem os homens de vida transitória podem fugir a
teus golpes; Tu semeias a discórdia entre as famílias... Tudo cede à sedução do olhar
de uma bela mulher, de uma noiva ansiosamente desejada!

(Coro retorna para o canto da cena.)

CENA 10
(Antígona sai do palácio junto dos guardas. Guardas largam a personagem no meio
da cena onde se encontra com mãos atadas.)

(Luz média com foco na personagem)

Antígona (Giovana A.): Cidadãos de Tebas! Vede-me em caminho para o atalho fatal,
contemplando, pela última vez, a luz do sol! Plutão me arrasta, viva!

O coro 1 (Letícia): Tu irás, sem que tenhas sofrido as doenças, e sem que recebas a
morte pela espada... Por sua própria vontade, única entre os mortais, vais descer a
Plutão!
Antígona (Giovana A.): Ouvi da morte infeliz da princesa de Frígia, foi petrificada e
dela jorravam lágrimas sem fim, assim irei, colocada viva para repousar no túmulo de
pedra...

O corifeu (Giovanna S.): Ela era uma deusa. Nós somos humanos . Vês? Terás o
glorioso
fim reservado às divindades.
Antígona (Giovana A.): Ai de mim! Zombam de minha desgraça! Nem sobre a terra,
nem na região das sombras, poderei habitar! nem com os vivos, nem com os
mortos...

O corifeu (Giovanna S.): Por tua audácia, tu ofendeste a autoridade, talvez estás
pagando por um crime de teu pai!

Antígona (Giovana A.): Dolorosas recordações tu me trazes! Sobre meu pai: péssimo
casamento! E me vem o horror do tenebroso leito de minha mãe, onde dormiu com o
próprio filho. De que gente infeliz se gerou meu miserável ser. Ah, meu irmão, um
gesto de amor por ti me trazem a morte.

Coro 1 (Letícia): Ação piedosa é prestar culto aos mortos, mas quem exerce o poder,
não quer consentir em ser desobedecido.

Antígona (Giovana A.): Sem que chorem por mim, sou conduzida nesse fúnebre
destino! que ninguém lamente minha morte...que ninguém lamente por mim!

(Luz se apaga)

CENA 11
(Antígona se encontra sentada ao chão se lamentando.)

(ponto de luz forte em Antígona)

Antígona (Giovana A.): *se lamentando* Túmulo, espero que minha chegada agrade
meu pai, minha mãe, e também a ti, meu irmão! Quando morrestes não abandonei
vosso corpo! Se algum dia lamentasse a morte de um esposo, eu realizaria
semelhante tarefa, contrariando a proibição pública. Eis aí o porquê destas honras. Se
tais coisas merecem aprovação de deuses, reconheço minha culpa, eu não lhes
desejo uma ação mais cruel do que irei sofrer!

O coro (Letícia, Davi e Maria Eduarda): sempre a mesma tempestade a lhe agitar ó
alma sofredora!

(Creonte entra em cena)

Creonte (Brenda): Não demorará para que verifiques todas as tuas dúvidas. Levem-
na. Já retardaram demais minha ordem.

Antígona (Giovana A.): *diz ajoelhada, piedosa* Ó deuses, vejam como sofro por ter
praticado um ato de piedade. Quando perguntarem quem foi Antígona que
respondam:
foi aquela que morreu pouco antes de Tebas.
(Guardas entram em cena e levam Antígona arrastada)

CENA 12
(Entra Tirésias)
(luz média, ponto de luz no personagem)
(Coro se encontra no canto da cena. Creonte em pé no centro do palco.)
O coro (todos juntos): Terrível é a misteriosa força do destino: percorre distâncias
infinitas e atravessa continentes para ferir aqueles que escolheu. Dele não escapa o
rei, o bravo, o forte, a peste ou o inimigo.

Tirésias (Derrick): Ó senhores tebanos, quanto tempo!

Creonte (Brenda): Traz novidades, Tirésias?

Tirésias (Derrick): Crê em meus oráculos. Tua situação é crítica.

Creonte (Brenda): Por quê achas isso?

Tirésias (Derrick): Pressentimento negativo. Tuas resoluções causam desgraça.

Creonte (Brenda): O que achas que devo fazer então?


Tirésias (Derrick): Siga o que irei lhe dizer: Repare o mal, cede à morte, não
desrespeite o cadáver.

Creonte (Brenda): Perdeu o sentido?! Nunca darei honras de sepultura a ele!

Tirésias (Derrick): Imprudência traz desastre.

Creonte (Brenda): Não lhe ouvirei mais! Basta!

Tirésias (Derrick): A ganância te cega.

Creonte (Brenda): Nem tente. Não mudarei.

Tirésias (Derrick): Pagarás com a morte de um descendente. Sofrerás o que causaste,


não esqueça do que digo.

Creonte (Brenda): Não é dinheiro que te move? Não lhe entendo.

Tirésias (Derrick): Lamentações virão ao palácio.

Creonte (Brenda): Vamos! Se retire

(Sai Tirésias. Momento de silêncio.)

Corifeu (Giovanna S.): O ancião partiu, deixando avisos terríveis. Sempre foi
verdadeiro, mesmo que a verdade chegue a ferir teu ego.

Creonte (Brenda): Estou preocupado. Ceder é difícil, mas resistir traz desgraça certa,
Tirésias tem razão...

Corifeu (Giovanna S.): Aja com cautela, Creonte.

Creonte (Brenda): O que devo fazer?

Corifeu (Giovanna S.): Liberte a moça e erga um túmulo, apenas faça.

Creonte (Brenda): Achas mesmo que devo ceder?

Corifeu (Giovanna S.): Temo dizer que sim, e mais, faça com as próprias mãos.

Creonte (Brenda): Terei de fazer. *aos guardas* Guardas, sigam-me com machados.
Mudarei minha decisão. Obedecer às leis divinas, é a escolha certa a se fazer.
(Luz se apaga.)

CENA 13

(Música de coreto grego toca por alguns segundos. Vai enfraquecendo o volume.
Luz aumenta gradativamente com foco no Coro.)

O coro (Letícia, Davi e Maria Eduarda): Visto que hoje, a cidade e o povo se acham
sob a ameaça de males terríveis, vem, ó mensageiro, dê uma noção!

(Mensageiro entra correndo em cena)

O mensageiro (Thiago): Creonte, recentemente viu sua felicidade destruída,


mostrando que a verdadeira alegria é essencial para uma vida significativa,
superando a mera acumulação de riquezas e poder.

O corifeu (Giovanna S.): Que nova calamidade de nosso rei tu vens comunicar?

O mensageiro (Thiago): Eles estão mortos! e os vivos são os causadores disso!

O corifeu (Giovanna S.): Mas... quem foi a vítima? Quem os matou? Fala!

O mensageiro (Thiago): *fala dramática* Hémon morreu! A mão de um amigo


derramou-lhe o sangue.

O coro 1 (Letícia): A de seu pai, talvez? A dele próprio?

O mensageiro (Thiago): Ele tirou a própria vida, furioso com seu pai, por causa da
morte de Antígona!

O coro 3 (Maria Eduarda): Ó Tiresías! Como se realizou o que anunciaste!

O mensageiro (Thiago): E se assim for, cumpre aguardar o que vai ainda acontecer!

(Eurídice caminha pela frente do palácio, ela se mantém no canto da cena.)

O coro: Eis que se aproxima de nós a infeliz Eurídice, esposa de Creonte. Ela vem do
palácio. Já sabes da morte de seu filho? Ou o encontro vem do acaso?

O mensageiro (Thiago): Senhora, vou falar como testemunha, sem omitir a verdade.
Acompanhei seu esposo até o local onde o corpo de Polinice estava, o cremamos, e
construímos uma tumba. Depois, ouvimos gemidos angustiosos vindos de um túmulo
e Creonte ordenou que o abrissem. Lá encontramos Antígona enforcada e Hémon
prestes a se matar. Hémon, desesperado, tentou atacar seu pai, sem sucesso e, em
seguida, se foi ao lado de sua amada.

(Eurídice sai da cena sem reação e sem fala alguma.)

(Luz se apaga.)

CENA 14

(cochichos são ouvidos na cena, luz aumenta gradativamente. Corifeu e Mensageiro


se encontram no centro da cena.)

O corifeu (Giovanna S.): Que devemos pensar? A rainha voltou ao seu aposento sem
proferir uma só palavra

O mensageiro (Thiago): Também estou surpreso... Suponho que, tendo ouvido a


notícia da morte do filho, ela deve não julgar decente se lamentar diante de toda a
cidade.

O corifeu (Giovanna S.): Não sei... um silencio profundo me parece tão perigoso
como grandes lamentações...

O mensageiro (Thiago): Saberemos, já, entrando no palácio se ela oculta algum


desígnio em seu coração angustiado.

O Coro 2 (Davi): Aí vem o rei!

(Entra Creonte com Hémon em seus braços, perde as forças e se senta no chão com
Hémon deitado sob suas pernas)

Creonte (Brenda): Erros de minha insensatez! Vede... na mesma família, vítimas e


assassinos! Ó sorte desgraçada! Meu pobre filho! Levado por uma morte tão triste...
Perdeste a vida não por tua culpa, mas pela minha!

Corifeu (Giovanna S.): Oh! Agora é tarde! Parece-me que, o que estás vendo, é a
justiça dos deuses.

Creonte (Brenda): Ai de mim, agora sei - que sou um desgraçado! Sobre mim paira
um deus vingador que me feriu! Ele destruiu toda a alegria de minha vida! Ó esforços
inúteis dos homens!
(Guardas entram correndo em cena)

Guarda 1 (Leonardo C.): Senhor! Que desgraças caem sobre ti! De uma tens a prova
em teus braços... As outras estão no teu palácio... Creio que tu deves ver!

Creonte (Brenda): Que mais me poderá acontecer? Poderá haver desgraça maior do
que a fatalidade que me persegue?

Guarda 2 (Leonardo N.): Tua esposa acaba de morrer... A mãe que tanto amava este
infeliz jovem... Ela tirou sua vida, assim como Hémon.

(Creonte se joga no chão e começa a se lamentar)

Creonte (Brenda): Ai de mim! De tanta infelicidade, eu bem sei que sou o autor, fui
eu que os matei... Servos... Levai-me depressa... Levai-me para longe... Eu não vivo
mais!... Eu estou destruído!

Coro 1 (Leticia): O que tu pedes seria um bem, se pudesse haver algum para quem
assim tanto sofre...

Creonte (Brenda): Que venha!... Que venha! Que apareça já a mais bela... A última
das mortes que eu causei... A que me há de levar... Que ela venha! Eu não quero ver
clarear outro dia.

Coro 2 (Davi) *se abaixa para dar conselho a Creonte*: Oh! Mas isto já é o futuro!...
Pensemos no presente, ó rei! Que cuidem do futuro os que no futuro viverem. Faça
uma bela celebração para todos as mortes que causastes!

Creonte (Brenda): Está certo, farei isto. Celebraremos o funeral inclusive de Polinice.
Já, a Antígona, filha do desgraçado Édipo, que esteja agonizando em seu túmulo de
pedra!

(Cena ‘congela’. Coro desce do palco e centraliza)

Coro 3 (Maria Eduarda): E assim aconteceu. O rei ordenou que organizassem


celebrações para seu filho querido e sua amada esposa, também fez uma para
Polinices, como disse que iria fazer.

Corifeu (Giovanna S.): E a pobre e sofrida Antígona teve o destino que a mesma já
aguardava, morreu em seu túmulo de pedra onde, agora pode encontrar seus pais e
irmãos.
(Corifeu bate sua bengala no chão e luz se apaga)

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