Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003, p.29-70 e p.157-189.
CANDAU, Joel. Memória e identidade. São Paulo. Contexto, 2014, p.15-20 e p.156-164.
1
Mestranda PPGPROCIDADE Projeto e Cidade (FAV/UFG). E-mail: karoline@discente.ufg.br
2
ANDRADE, Carlos Drummond de. “Centenário Guarany”. In: “Amar se aprende amando: Poesia de convívio
e de humor”. 1ª ed. Companhia das Letras, São Paulo. 2018, p. 36.
3
AS CARRANCAS DO RIO SÃO FRANCISCO. Diretor: Júlio Heilbron. Produção do Instituto Nacional de
Cinema (INC). Brasil. Cine Brasil TV. 1974. 1. Plataforma digital [online]
memória se enriquece de bens alheios que, desde que se tenham enraizado e encontrado seu
lugar, não se distinguem mais das outras lembranças” (HALBWACHS, 2003, p.53). Segundo
Halbwachs, as memórias são construídas no presente e mudam de acordo com as mudanças
afetivas e simbólicas dos grupos.
Em contraste com o idealismo filosófico dominante na época, Halbwachs não interpreta
a relação entre memória e sociedade por um viés determinista e enfatiza que, por meio de
"quadros sociais", as narrativas individuais estariam ligadas às relações coletivas,
profundamente afetadas por eventos históricos que são restaurados na memória. Entretanto,
Halbwachs (2003, p. 81) faz uma distinção entre memória e história, se opondo ao termo
"memória histórica". Embora ambos termos compartilhem um recorte comum entre presente e
passado por permitir uma consciência do tempo, a história tende a intrumentalizar a memória
através de uma verificação dos acontecimentos. Como resultado, apesar de estar em diálogo
contínuo, a memória avança no tempo do passado para o presente, enquanto a história começa
no momento em que a memória se dissolve.
O professor, antropólogo e pesquisador contemporâneo Joel Candau defende, do ponto
de vista antropológico, que, no processo de formação da memória e forjamento da identidade
de um território, tanto a história quanto a memória estão abertas à interpretação individual e
coletiva. Ao criar e preservar identidades territoriais, conduzindo a ideia de patrimônio, as
referências espaciais desempenham um papel crucial, uma vez que “a memória, ao mesmo
tempo em que nos modela, é também por nós modelada [...] (CANDAU, 2014, p. 16)” e expõe
a dialética que existe no processo de construção da identidade, podendo envolver esquecimento,
silenciamento, amplificação ou reinterpretação de eventos passados. Segundo Candau (2014):
De fato, a memória e identidade, se entrecruzam indissociáveis, se reforçam
mutuamente desde o momento de sua emergência até sua inevitável dissolução. Não
há busca identitária sem memória e, inversamente, a busca memorial é sempre
acompanhada de um sentimento de identidade [...] (CANDAU, 2014).