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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL


CAMPUS UNIVERSITARIO DE VACARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO

ALESSANDRA BARBOSA

MUNDO EM CONFLITO: MIGRAÇÃO E REFUGIADOS

VACARIA
2016
2

ALESSANDRA BARBOSA

MUNDO EM CONFLITO: MIGRAÇÃO E REFUGIADOS

Trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado ao Centro de
Ciências Jurídicas da Universidade de
Caxias do Sul, Campus de Vacaria, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Orientadora Profª. Ms. Aline Maria


Trindade Ramos

VACARIA
2016
3

ALESSANDRA DA SILVA BARBOSA

MUNDO EM CONFLITO: MIGRAÇÃO E REFUGIADOS

Trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado ao Centro de
Ciências Jurídicas da Universidade de
Caxias do Sul, Campus de Vacaria, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Orientadora Profª. Ms. Aline Maria


Trindade Ramos

Aprovado(a) em ___/___/_____.

Banca Examinadora

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

_________________________________________
4

Dedico este trabalho à Janira Padilha da


Silva, minha avó, pois foi minha maior
incentivadora a escolher esta profissão, a
qual está sempre me apoiando e
ajudando em tudo que necessito.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me auxiliado durante toda esta


jornada, que não foi nada fácil, por ter me dado forças nas horas mais complicadas,
nos momentos mais tensos e por não me deixar desistir.
Aos meus pais, e a minha avó os quais são responsáveis por eu ser quem
eu sou, a minha mãe, por sempre apoiar as minhas decisões e sempre estar
presente, ao meu pai por sempre me apoiar de todas as formas possíveis e por ser
essa pessoa maravilhosa na qual eu me espelho tanto, a minha querida avó, a qual
eu devo tudo, que me ensinou os valores necessários para a vida, a qual sempre me
incentivou a escolher essa profissão.
Aos demais membros da minha família pela paciência e por entenderem as
dificuldades enfrentadas nesta etapa que ora se conclui, principalmente a minha
irmã Amanda que sempre me ajudou.
As minhas colegas e amigas Verônica Neimaier e Gabriele Lobo, que
estiveram comigo desde o inicio da faculdade, as quais compartilhei momentos
tensos, difíceis, mas também muitos momentos alegres, estas que muito me
ajudaram durante estes cinco anos de curso.
A Professora Aline e Eliane, que acompanharam meu trabalho desde o
começo, me auxiliaram sempre no que foi preciso e foram peças fundamental para a
sua conclusão.
6

Seja você quem for, seja qual for a posição


social que você tenha na vida, a mais alta ou a
mais baixa, tenha sempre como meta muita
força, muita determinação e sempre faça tudo
com muito amor e com muita fé em Deus, que
um dia você chega lá. De alguma maneira você
chega lá.

Ayrton Senna
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RESUMO

O objetivo deste trabalho é o estudo das migrações e dos refugiados, desde


quando que ocorrem esses conflitos, abrangendo os conflitos mundiais passados
bem como conflitos atuais juntamente com a necessidade que as pessoas têm em
abandonar a sua terra natal, a dificuldade que estas acabam encontrando em um
país completamente diferente do seu, tendo que se adaptar a novos costumes, uma
economia diferente, também tendo que conviver com o preconceito de certas
pessoas, pessoas estas que vêm os refugiados como mal feitores, bem como as
dificuldades que encontram em relação de emprego, moradia, educação. Além do
mais averiguar as fontes legais as quais os refugiados podem se valer para
conseguirem os seus Direitos.

PALAVRAS-CHAVES: Migração, refugiados, conflitos, refúgio, clandestinidade,


proteção internacional.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 9
1 A REALIDADE MUNDIAL SOBRE CONFLITOS ENVOLVENDO NAÇÕES........11
1.1 OS CONFLITOS MUNDIAIS NA HISTÓRIA........................................................11
1.2 OS CONFLITOS MUNDIAIS ATUAIS..................................................................16
1.3 PROBLEMAS LOCAIS SURGIDOS EM DECORRÊNCIA DOS CONFLITOS....22
2 A IMIGRAÇÃO COMO SOLUÇÃO PARA CONTINUAR A VIVER.......................28
2.1 A NECESSIDADE DE ABANDONAR A TERRA NATAL.....................................28
2.2 MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO, CLANDESTINIDADE...............................................33
2.3 OS DESAFIOS DE SOBREVIVÊNCIA EM MEIO A OUTRA REALIDADE
ECONÔMICA, CULTURAL E SOCIAL......................................................................37
3 PROTEÇÃO INTERNACIONAL.............................................................................42
3.1 CONDIÇÕES JURÍDICAS DE APOIO AO IMIGRANTE: REFÚGIO....................42
3.2 O REFÚGIO NO MUNDO: PAPEL DO ACNUR.................................................47
3.3 O STATUS DE REFÚGIO NO BRASIL: PROCEDIMENTO................................50
CONCLUSÃO............................................................................................................55
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 57
9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa tem o escopo de apresentar as dificuldades


que os refugiados acabam encontrando quando resolvem abandonar a sua terra
natal, para tentar uma vida nova em um país diferente do qual estavam
acostumados a viver. Bem como explanar as peculiaridades que ocasionam e
ocasionaram os conflitos mundiais vividos e vivenciados ainda hoje.
Infelizmente o problema dos refugiados é um problema que já vem sendo
vivenciado há anos, outro grande problema é a clandestinidade, a forma clandestina
que estes escolhem para adentrar em outro país, para tentar fugir da burocracia que
viriam a encontrar se optassem pelos meios legais, o que ocorre é que essas formas
clandestinas são muito perigosas e muitas pessoas acabam perdendo suas famílias
nessas travessias e muitas vezes morrendo.
O primeiro capítulo trata a respeito dos conflitos mundiais, conflitos estes que
aconteceram antigamente e também conflitos vividos até os dias atuais, além do
mais também aborda os problemas que surgiram em decorrência de todos esses
conflitos.
Já o segundo capítulo aborda a respeito de migração, imigração,
clandestinidade, trazendo os conceitos, bem como a necessidade que as pessoas
tem em abandonar a sua terra natal e os desafios que estas acabam encontrando
em uma realidade totalmente diferente da qual estavam acostumadas.
São muitas as dificuldades que estes refugiados encontram ao chegarem em
outro país com uma cultura totalmente diferente da sua muitas vezes, uma economia
diferenciada, a xenofobia que sofrem por conta de algumas pessoas, que imaginam
que os refugiados vão atrapalhar em seus países, irão tirar seus empregos, trazer
doenças, que são criminosos, por tudo isso alguns refugiados passam.
Por outro lado, verifica-se que chegando em outro país, essas pessoas
podem buscar auxílio para que regularizem a sua estadia no país que escolheram
viver, para que possam regularizar seus documentos, para que consigam trabalhar e
receber todos os seus direitos de forma correta, citando também o procedimento
necessário para que se consigo o refúgio no Brasil. Em razão disso o terceiro
10

capítulo aborda a respeito da proteção internacional que estes refugiados


encontram, trazendo em foco as características do refugio, especialmente no Brasil.
11

1 A REALIDADE MUNDIAL SOBRE CONFLITOS ENVOLVENDO NAÇÕES

Os conflitos entre as nações ocorrem desde os tempos mais remotos, por


diferentes razões, conflitos estes que ocorrem até os dias atuais. Durante toda a
história podemos observar que aconteceram diversos conflitos, dentre eles grandes
conflitos e conflitos menores, que sempre trazem consequências e infelizmente na
maioria das vezes são consequências ruins, foram ocasionadas muitas mortes, e em
consequência disso várias famílias foram devastadas. As razões para a ocorrência
desses conflitos podem ser diversas, em razão de religião, etnia, conquistas de
terras e até mesmo por fatores econômicos.

1.1 OS CONFLITOS MUNDIAIS NA HISTÓRIA

Não é de hoje que podemos observar os conflitos existentes na sociedade


internacional, bem como ocorre em toda a sociedade, os conflitos surgem por causa
das diferenças, diferentes formas de pensar, diferentes formas de agir, diferentes
religiões, economia, forma política, entre outros.
Alguns conflitos marcaram gerações como foi o caso da Primeira Guerra
Mundial, milhares de pessoas foram mortas, esse conflito trouxe como consequência
grandes avanços tecnológicos principalmente em relação a armas, outro bom
exemplo foi a Guerra Fria, nomeada dessa forma porque não houve conflito direto
entre os principais envolvidos, pois ambos tinham grande poder nuclear, o que não
ocasionaria a vitória de um e sim a derrota de ambos.
Fazendo uma analise dos conflitos mundiais que ocorreram na história,
chegamos à conclusão de que mesmo em tempos mais remotos já existiam formas
de cessar esses conflitos, as pessoas já usavam de artimanhas, já criavam leis,
estatutos, tratados, convenções, para solucionar os problemas existentes. Existiam
três correntes que eram fundamentais para decidirem as atitudes que deveriam ser
tomadas dentro do direito internacional, essas correntes dividiam-se em: Estado
Capitalista, Os Socialistas e também aqueles chamado de Terceiro Mundo. Isso vem
embasado por J. Monserrat Filho:
12

As principais tendências da política internacional e a correlação de forças


entre elas influem muito no nascimento e no conteúdo das novas regras.
Três correntes fundamentais decidem hoje os destinos do Direito
Internacional: Os Estados capitalistas, os socialistas e os do chamado
terceiro mundo. (1983, p. 29).

Os tratados foram criados de algumas negociações que foram realizadas


entre os Estados e/ou as organizações internacionais visando à criação de direitos e
deveres para as partes, sobre o assunto específico, um exemplo que pode ser citado
ocorreu no ano de 1963 que foi um tratado assinado entre os Estados Unidos da
América, Inglaterra, Brasil, União Soviética e mais outros 109 países, esse tratado
foi chamado de Tratado de Moscou e serviu para proibir as explosões nucleares
experimentais na atmosfera, no espaço cósmico e também sob a água, entretanto
não acabou proibindo as explosões subterrâneas, por essa razão permitiu o
desenvolvimento de novas armas nucleares.
O autor José Mounserrat Filho em seu livro O que é Direito Internacional do
ano de 1983 transcreve:

Os tratados surgem de negociações realizadas por Estados e/ou


organizações internacionais no sentido de criar direitos e obrigações, para
as partes envolvidas, sobre determinada matéria. O tratado de Moscou de
1963, por exemplo – o primeiro acordo relevante na área de armamentos
atômicos -, foi assinado pelos Estados Unidos, Inglaterra, União Soviética e
mais 109 países, Brasil inclusive, para proibir as explosões nucleares
experimentais na atmosfera, espaço cósmico e sob a água. Mas não proibiu
as explosões subterrâneas, o que permitiu o desenvolvimento de novas
armas. (1983, p.29).

Os conflitos acabam causando uma grande reviravolta na vida das pessoas,


trazem sérios problemas para os países e como bem podemos observar os mais
prejudicados são os seres humanos, que acabam ficando desamparados, que
perdem os seus familiares, crianças ficam sem os seus pais, grande parte das
famílias precisa sair de suas casas deixando tudo que já conquistaram para trás, pra
irem à busca de um novo recomeço, existem os Tratados, que buscam prever o
direito dos civis atingidos, mas isso nem sempre é fácil.
Surgem também os costumes para ajudar nos conflitos, ou seja, os
costumes surgiram da forma sistêmica nos Estados na constante vontade em
resolver seus problemas, e, sendo aceitos por todos, enquadravam direitos e
obrigações, como por exemplo, não havia nenhum tratado ou convenção a respeito
da passagem de navios por águas territoriais estrangeiras, porém era permitida
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pelos Estados litorâneos como se fosse um hábito, tornou-se um costume. Foi a


partir dessas questões que começaram a surgir os conflitos mundiais na história e
consequentemente acabaram surgindo as formas de solução desses conflitos,
formas estas que utilizamos até hoje justamente para continuar solucionando os
conflitos existentes.
Verifica-se que surgiram formas de solução desses conflitos, formas estas
que utilizamos até hoje justamente para continuar buscando sempre primeiramente
soluções pacíficas.
Um grande exemplo de conflito que aconteceu foi a primeira Guerra Mundial,
que ocorreu entre os anos de 1914 e 1918, a divisão dos dois blocos que ocorreu
em razão dos acordos militares, foi o que mais tarde veio ocasionar a Primeira
Guerra Mundial, o primeiro bloco foi chamado de Tríplice Aliança, faziam parte
desse bloco a Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro, o segundo bloco foi
chamado de Tríplice Entente, formado por Rússia, Inglaterra e França, sendo que, já
havia uma grande rivalidade entre a França e a Alemanha, pois a França já havia
perdido uma de suas regiões para os alemães. Conforme Marcos Júnior:

Foram assinados acordos militares que dividiram os países europeus em


dois blocos, que mais tarde dariam início a primeira Guerra Mundial. A
divisão colocava de um lado a Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro,
que formavam a Tríplice Aliança, e do outro a Rússia, França e Inglaterra,
compondo a Tríplice Entente. (2016).

Uma das razões para o início da guerra foi o assassinato do príncipe austro-
húngaro Francisco Ferdinando e de sua esposa, que foram assassinados por um
sérvio, que fazia parte de um grupo terrorista chamado Mão Negra, após o
acontecido o Império Austro- Húngaro acabou por decretar guerra contra a Sérvia.
No ano de 1917 os Estados Unidos também entraram na guerra, se posicionando ao
lado da Tríplice Entente. Como está bem embasado no livro do projeto Radix, Raiz
do conhecimento, história do autor Cláudio Vicentino:

No dia 28 de junho de 1914, na cidade de Sarajevo, na Bósnia, o herdeiro


do trono austro-húngaro, Francisco Ferdinando, e sua esposa foram
assassinados por um estudante sérvio. Os ataques dos submarinos
alemães aos navios norte-americanos que transportavam armas e
suprimentos para os países da Entente provocaram a entrada dos Estados
Unidos. (2013, p.71).
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A união dos Estados Unidos com a Tríplice Entente foi crucial para a vitória
da mesma, os países derrotados tiveram de assinar uma rendição, com isso foi
assinado o Tratado de Versalhes, o mesmo foi escrito pelos países vitoriosos, o
tratado impôs aos derrotados algumas restrições, mas serviu para declarar a paz
com a Alemanha, além do mais serviu também para criar a chamada Liga das
Nações a qual se destinava a garantir a paz internacional, entretanto não foi tão
eficaz, pois alguns países, tais como, a Rússia e a Alemanha não foram convidadas
a participar, outros tratados também foram assinados acordando em várias
questões.
Infelizmente os conflitos sempre trazem devastação e desgraça para seu
povo, em relação à Primeira Guerra Mundial não foi diferente, houve muita
desgraça, muitas pessoas mortas, centenas de famílias acabadas, crianças
inocentes ficaram órfãs, os Estados Unidos acabou se tornando o país mais rico do
mundo, ocorreu um grande aumento de desemprego na Europa, alguns países
tiveram que começar a se industrializar, pois houve grande bloqueio nas
importações, o Brasil foi um desses países. Como cita Cláudio Vicentino:

Nunca o mundo assistira a tanta destruição e a tão elevado número de


mortos e mutilados num espaço de tempo tão curto. A partir do final da
Primeira Guerra Mundial, ocorreriam mudanças importantes na ordem
política internacional, a principal delas seria a conquista da hegemonia
mundial pelos Estados Unidos. Além disso, outros países passaram a se
industrializar, como foi o caso do Brasil, que em virtude do bloqueio das
importações, passou a produzir muitas das mercadorias que antes eram
compradas dos europeus. (2013, p.72).

Outro conflito que também foi bem importante na história foi a Guerra Fria,
um conflito que aconteceu entre os Estados Unidos e a União Soviética, esse
conflito ocorreu em 1945 até o final dos anos 1980, todo esse conflito ocorreu pela
diferença econômica entre países, alguns socialistas e outros capitalistas, a União
Soviética era socialista e buscavam implantar o socialismo em alguns outros países,
já os Estados Unidos extremamente capitalistas, os socialistas queriam a igualdade
social, por outro lado os capitalistas queriam a expansão do sistema que era
baseado na economia de mercado.
Durante o período do conflito, ambos se enfrentaram diversas vezes, ocorre
que como ambos possuíam um grande armamento nuclear, o que poderia causar
muita destruição, sem haver um vencedor, com isso os dois influenciaram conflitos
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localizados em alguns outros lugares e acabaram estimulando mais ainda a corrida


armamentista e a nuclear. Como bem podemos observar no livro do projeto Radix,
Raiz do conhecimento, história de Cláudio Vicentino:

Durante o período da Guerra Fria (1945-final dos anos 1980), países


capitalistas e socialistas se confrontaram diversas vezes, sempre colocando
em risco a paz mundial. Ainda que os conflitos tenham sido restritos e
localizados, estimularam a corrida armamentista e nuclear e campanhas
políticas de acusação mútuas. (2013, p.75).

Ambas criaram planos para firmar os seus pontos de vista, os Estados


Unidos lançam o Plano Marshall, o qual oferecia empréstimos com juros bem baixos
e alguns investimentos para que os países que sofreram com a Segunda Guerra
Mundial pudesse se equilibrar economicamente, para rebater a União Soviética criou
o COMECON trata-se de um Conselho para a Assistência Econômica Mútua, o qual
por sua vez visava um plano para organizar a economia dos países, visava também
à integração e a colaboração desses países. Conforme Cláudio Vicentino:

Nesse mesmo ano, para fazer frente ao Plano Marshall, foi criado o
Conselho para a Assistência Mútua (Comecon), visando à colaboração,
integração e planificação econômica dos países do Leste Europeu e da
União Soviética. (2013, p.175)

Entretanto, esse conflito também teve seu lado positivo, pois serviu para que
fosse desenvolvida a tecnologia dos foguetes e também das armas nucleares que
são cada vez mais poderosas no mundo, além do mais também serviu para a
organização das estruturas militares relacionadas com a informação e a inteligência,
não deixando de esquecer que a Guerra Fria também foi uma guerra pelo domínio
da tecnologia espacial e também do próprio espaço aéreo. Como bem transcreve o
autor Cláudio Vicentino:

Do ponto de vista estratégico-militar, as duas superpotências


desenvolveram a tecnologia de foguetes e armas nucleares cada vez mais
poderosas e organizaram estruturas de informação e inteligência militares
que envolviam seus aliados. A Guerra Fria foi também uma guerra pelo
domínio do espaço aéreo e da tecnologia militar espacial. (2013, p.176).

Os conflitos existem desde sempre, e com diversas motivações, e


consequências, entre elas consequências ruins e também consequências boas,
infelizmente alguns dos conflitos causaram muita destruição e mortes, além de
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causar medo, fazendo muitas vezes com que as pessoas optassem por buscar uma
nova perspectiva de vida fora do seu país de origem, algumas crianças perderam
seus pais, acabaram ficando órfãs e crescendo com o trauma que o conflito lhe
deixou, como pais também viram seus filhos morrerem sem poderem fazer nada.
Mesmo havendo consequências com um lado positivo, como ocorreu com a
Guerra Fria, como foi o caso do grande avanço na tecnologia aéreo-espacial, e no
armamento nuclear, houve um grande avanço também relacionado às atividades
militares que tratavam dos aspectos relacionados à informação e a inteligência,
ainda é muito importante que sejam observadas as consequências atrozes que uma
guerra causa às pessoas, e que não são poucas, mas sim, milhares de vítimas.

1.2 OS CONFLITOS MUNDIAIS ATUAIS

Nos dias atuais assim como nos tempos passados, ainda continuam
ocorrendo conflitos, batalhas, guerras, pelas mesmas razões antes existentes, e a
sociedade internacional ainda continua buscando melhores soluções e aprimorando
as já existentes para melhor resolver esses problemas, a fim de demonstrar para a
sociedade uma segurança maior nas relações internacionais.
A maioria dos conflitos mundiais hoje já vêm de um legado deixado pelos
grandes conflitos passados, conflitos estes que deixaram uma imensa devastação,
tanto física quanto psicológica, pois várias pessoas perderam seus entes queridos,
grande parte das pessoas optou por abandonar seu lugar de origem para tentar
buscar algo novo, um novo rumo para suas vidas e quem sabe de uma forma mais
segura.
Com o surgimento de novas tecnologias usadas nas guerras, dispensando
“o confronto face a face das forças armadas dos países beligerantes, e permitindo o
lançamento a grandes distâncias de “mísseis balísticos contra alvos estratégicos”, se
passou a esperar que não amis civis fossem vítimas das guerras, entretanto o que
ocorreu foi justamente o contrário, e a Guerra do Golfo de 1991, foi exemplo, já que
“as forças americano-europeias aprisionaram nada menos que 65.000 iraquianos.
Ademais a imposição de um bloqueio econômico ao Iraque sem limitação, provocou
fome e o alastramento de doenças em toda a população civil” (COMPARATO, 2011,
p. 267).
17

O conflito envolvendo a Ucrânia foi ocasionado em 2014 quando alguns


manifestantes invadiram a praça Maidan na capital Kiev, esses manifestantes
protestavam contra a decisão do então presidente Viktor Yanukovych, que optou por
não assinar um acordo com a União Europeia, isso no final de 2013, com isso
Yanukovych abandonou a presidência e fugia da cidade de Kiev, isso um ano antes
do término do seu mandato, ficando sem um governante, ocorrendo um vácuo do
poder, a Rússia passou a interferir cada vez mais no país, esse posicionamento
russo, acabou desencadeando um dos mais sérios conflitos da atualidade no leste
europeu, essa guerra levanta questões sobre as verdadeiras causas dessas tensões
e os possíveis caminhos a serem triados pela Ucrânia em um futuro próximo. Como
cita Vivian Alt:

A atual crise na Ucrânia teve início oficial em fevereiro de 2014, quando


manifestantes invadiram a Praça Maidan na capital Kiev. Eles protestavam
contra a decisão do então presidente Viktor Yanukovych de não assinar um
acordo com a União Europeia (UE) no final de 2013. Como resultado,
Yanuvych deixou a presidência e fugiu de Kiev um ano antes do término de
seu mandato. Com o vácuo de poder criado pela situação, a Rússia passou
a interferir mais ativamente no país. O posicionamento russo (incluindo a
anexação da região da Crimeia) desencadeou um dos mais sérios conflitos
da atualidade no leste europeu. Iniciada há mais de um ano – e
aparentemente longe de um fim -, a guerra levanta questões sobre as reais
causas das tensões, as implicações na dinâmica de poder da região e
possíveis caminhos a serem trilhados pela Ucrânia em um futuro próximo.
(2015).

No movimento intitulado Primavera Árabe, uma onda de protestos ocorridos


no Oriente Médio e também no Norte do continente Africano, a população foi às ruas
para poder derrubar ditadores e reivindicar melhores condições de vida, tendo início
em 2010 na Tunísia com a derrubada do então ditador Zine El Abidini Ben Ali, após
isso uma onda de protestos se espalhou para os outros países, entre os quais estão
Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã.
Os protestos na Tunísia também foram denominados por Revolução de
Jasmin, sendo que esta revolta ocorreu em razão do descontentamento de toda a
população com o regime ditatorial, o marco para essa revolução foi um episódio
envolvendo Mohamed Bouazizi, ele vivia com a sua família através da venda de
frutas, porém teve os seus produtos confiscados pela polícia, por se recusar a pagar
propina, revoltado com tudo que aconteceu, ateou fogo em seu próprio corpo, isso
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abalou a população e ocasionou uma grande revolta popular. Como cita Rodolfo
Alves Pena:

Entende-se por Primavera Árabe a onda de protestos e revoluções


ocorridas no Oriente Médio e norte do continente africano em que a
população foi às ruas para derrubar ditadores ou reivindicar melhores
condições sociais de vida. Tudo começou em dezembro de 2010 na Tunísia,
com a derrubada do ditador Zine El Abidini Ben Ali. Em seguida, a onda de
protestos se arrastou para outros países. No total, entre países que
passaram e que ainda estão passando por suas revoluções, somam-se à
Tunísia: Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e
Omã. Os protestos na Tunísia, os primeiros da Primavera Árabe, foram
também denominados por Revolução de Jasmin. O estopim que marcou o
início dessa revolução foi o episódio envolvendo o jovem Mohamed
Bouazizi, que vivia com sua família através da venda de frutas e que teve os
seus produtos confiscados pela polícia por se recusar a pagar propina.
Extremamente revoltado com essa situação, Bouazizi ateou fogo em seu
próprio corpo, marcando um evento que abalou a população de todo o país
e que fomentou a concretização da revolta popular. (2016).

A atual Guerra do Iraque que vem ocorrendo de tempos atrás até os dias
atuais ocorreu em razão dos Estados Unidos, que após o ataque que ocorreu em 11
de Setembro 2001 contra o World Trade Center optou por declarar uma guerra
contra o terror, ou seja, uma guerra contra os países que pudessem colocar em risco
a paz mundial, e dentre esses países está o Iraque, que na época do ocorrido era
liderado por Saddam Hussein, os Estados Unidos até tentaram através da ONU
provar que o Iraque tinha grandes reservas de armas químicas, com isso o então
presidente dos Estados Unidos George Bush, ameaçou atacar o Iraque se o governo
do mesmo não se comprometesse a dar um fim ao seu arsenal armamentista. Como
cita Rainer Sousa:

Os Estados Unidos decidiram empreender uma “guerra contra o terror”


apontando os governos que poderiam representar riscos à paz mundial,
entre os países que compunham esse grupo, estaria o Iraque, na época,
liderado pelo ditador Saddam Hussein, os EUA tentavam por meio da
Organização das Nações Unidas provar que o governo iraquiano preservava
um poderoso arsenal de armas químicas, George W. Bush ameaçou atacar
o Iraque caso o governo daquele país não realizasse a destruição de seu
arsenal militar. (2016).

Mesmo tendo o pedido de invasão negado os Estados Unidos buscaram


apoio com o governo Britânico para que ambos pudessem dar início a invasão ao
Iraque, esse ataque teve início em 2003, quando conseguiram tomar a cidade de
Bagdá, esse conflito entre os Estados Unidos a Inglaterra e o Iraque em cinco dias
19

deixou mais de 1000 mortos, quando as tropas invasoras conseguiram capturar o


líder ditador foragido Saddam Hussein, o mesmo sofreu um processo criminal no
qual foi condenado a cometer diversos crimes contra a humanidade, sendo assim
recebeu à pena de morte. Os terroristas decidiram se manifestar em relação a tudo
que aconteceu, e são esses ataques que podemos observar até nos dias de hoje,
consequências de um conflito que ocorreu mais de 10 anos atrás. Rainer Sousa
transcreve:

A ONU decidiu vetar o processo de ocupação dos EUA, todavia, ignorando


completamente a decisão da ONU, George W. Bush buscou apoio do
governo britânico para que juntos promovessem a invasão militar do Iraque.
Militares estadunidenses e britânicos deram início aos ataques que logo
tomaram o controle da cidade de Bagdá, o exército iraquiano contabilizava
um total de mais de 1000 mortes, as tropas invasoras conseguiram capturar
o foragido Saddam Hussein. Em pouco tempo, o ditador sofreu um processo
criminal que o levou à pena de morte, sob a acusação de ter cometido
diversos crimes contra a humanidade. (2016).

Outro exemplo é a Guerra Civil Síria que se iniciou em 2011, em razão de


alguns protestos dos cidadãos por não concordarem com as decisões do presidente
do país Bashar Al-Assad, esses grupos de pessoas buscavam renovar a política do
país, pois antes do atual presidente que assumiu a presidência em 2000, o então
presidente era seu pai Hafez al-Assad, porém o exército sírio entrou em ação
alegando que estava agindo para combater os terroristas que pretendiam
desestabilizar a nação Síria, esse conflito entre civis e cidadãos já deixou centenas
de mortos. Como cita Felipe Araújo:

Os grupos de oposição, ao se manifestarem de forma incisiva, têm o


objetivo de derrubar Bashar al-Assad, presidente do país, para iniciar um
processo de renovação política e criar uma nova configuração à democracia
da Síria. Para conter os protestos, o governo mandou as forças militares do
país contra os motins. Então começaram os conflitos entre a população e os
soldados sírios, que, ao longo dos protestos, já resultaram em centenas de
mortes, sendo que a grande parte refere-se aos civis. (2016).

Alguns militares não concordavam com as ordens que eram dadas para que
atirassem nos cidadãos e se negavam a cumprir as ordens, alguns dos soldados
foram expulsos, um grupo de desertores e cidadãos criaram um grupo chamado
Exército Livre da Síria para que pudessem lutar contra a força bruta governamental,
após formaram um organização chamada de Conselho Nacional da Síria, a partir
20

disso a guerra se tornou ainda mais severa, em 2012 os conflitos estavam tão
violentos que ficou considerado como uma Guerra Civil até mesmo pela Cruz
Vermelha, sendo assim, foram abertas investigações referentes aos crimes de
guerra e também aplicações do Direito Humanitário Internacional concomitante com
decisões acertadas nas Convenções de Genebra. Com toda essa guerra envolvendo
a nação milhões de pessoas começaram a buscar refúgio em outros países como o
Líbano, por exemplo, que é um país vizinho a Síria, as pessoas amedrontadas com
todo o conflito que estava acontecendo, com medo de perderem seus empregos,
suas famílias principalmente e até mesmo as suas próprias vidas, optaram por
arriscar suas vidas e de seus familiares se aventurando e mudando suas vidas
completamente, buscando novas formas para viver. Conforme Felipe Araújo:

Diversos militares demonstraram-se contrários às ações do exército para


conter a população. Há relatos de soldados sendo expulsos das forças
militares após se recusarem a atirar na população. Um grupo de civis e
desertores formaram uma ação conjunta e criaram o Exército Livre da Síria
para lutar contra as ações violentas do governo, no segundo semestre do
ano de 2011, os opositores reuniram-se em uma organização única que foi
batizada pelo nome de Conselho Nacional da Síria. Em 2012, os inúmeros
conflitos foram categorizados como Guerra Civil pela Cruz Vermelha, foi
aberto um atalho para o emprego de investigações referentes a crimes de
guerra e a aplicação de medidas do Direito Humanitário Internacional e das
decisões acertadas nas convenções de Genebra. (2016).

Esses conflitos envolvendo nações causam grandes consequências e os


mais afetados são sempre a população, que ficam sem casa, sem emprego, sem
seus familiares, isso acaba envolvendo todas as pessoas até mesmo aquelas que
não se envolvem diretamente, mesmo assim todos acabam sendo envolvidos, isso
tudo ocorre em razão de conflitos de interesse envolvendo as nações, ou até mesmo
uma nação apenas. Um dos fatos mais importantes para que haja a criação de um
sistema jurídico para resolver as controvérsias existentes, é que infelizmente ainda
não existe no âmbito jurídico internacional uma autoridade suprema que seja capaz
de criar regras de conduta e fazer com que as mesmas sejam cumpridas tanto pelos
Estados quanto pelas Organizações Internacionais, ou seja, ainda não existe no
Direito Internacional um núcleo jurídico com autoridade máxima na matéria de
conflito de interesses envolvendo as nações. Como Valério de Oliveira Mazzuoli cita:

Um dos motivos mais importantes da criação desse sistema jurídico de


solução de controvérsias reside no fato de não existir, pelo menos por
21

enquanto, no cenário internacional, uma autoridade suprema capaz de ditar


regras de conduta e fazer exigir o seu cumprimento por parte dos Estados e
das organizações internacionais. (2014, p.1133).

Diferentemente do que as pessoas pensam as controvérsias internacionais


não ocorrem tão somente por motivos tão grandiosos e tão graves como aqueles
desacordos existentes entre os Estados ou as organizações internacionais que
consequentemente podem gerar guerras ou outras formas de conflitos armados,
mas elas também podem ocorrer por motivo simples, como por exemplo, um simples
desacordo na interpretação de um artigo criado num tratado entre dois países, cada
um interpreta o artigo de uma forma diferente, sendo assim, isso vai fazer com que
haja uma controvérsia entre ambos, ou seja, um conflito. Como Valério de Oliveira
Mazzuoli transcreve:

Portanto, uma controvérsia internacional não é somente aquela grave entre


os Estados ou Organizações Internacionais, como guerras ou demais
formas de conflitos armados, mas também assuntos mais simples, como a
interpretação de determinada cláusula de um tratado concluído entre
ambos. (2014, p.1134).

Se através dessas interpretações divergentes em relação aos artigos uma


das partes se sentir desfavorecida, lesada, ou até mesmo prejudicada, ambos
podem mediante um acordo resolver essa divergência ou se mesmo assim não obter
sucesso por própria escolha podem até mesmo submetê-la à apreciação de um
terceiro fora da situação, o qual será encarregado de aplicar o direito ao caso
concreto. Essa divergência pode até mesmo vir a ser o motivo para a criação de
uma nova regra. Conforme Alberto do Amaral (2013, p.2): “As partes podem,
mediante acordo, resolver o litígio ou decidir submetê-lo à apreciação de um terceiro
jurídico, a quem incumbe aplicar o direito ao caso concreto.”
É através disso que podemos observar que os Tratados Internacionais são
criados como uma forma de resolver os conflitos existentes entre as Nações, para
que as divergências sejam resolvidas de uma forma civilizada entre os envolvidos, e
sendo assim, não cause guerras e com elas os efeitos tão danosos aos povos
envolvidos.
É importante que os países se conscientizem de que os maiores
prejudicados de todas essas guerras, esses conflitos armados são os cidadãos, as
pessoas sofrem com tudo isso, pois precisam mudar de país para tentar preservar
22

as suas famílias das desgraças que acontecem, que arriscam muitas vezes as suas
vidas entrando de forma ilegal em outros países, infelizmente isso acontece e não
são poucos casos, famílias que estão apenas buscando uma forma segura de viver
acabando se perdendo pelo caminho.

1.3 PROBLEMAS LOCAIS SURGIDOS EM DECORRÊNCIA DOS CONFLITOS

Como já poderíamos imaginar quem mais sai prejudicado com esses


conflitos é a nação, o próprio povo, muitas vezes esses conflitos acabam
influenciando totalmente na vida das pessoas, as pessoas acabam ficando sem
emprego, muitas delas tem família para sustentar, tem que sustentar seus estudos,
e com o desencadeamento do desemprego em massa isso acaba sendo um grande
problema, ocorre também a queda no salário, mesmo as pessoas tendo um
emprego muitas vezes ele não é suficiente nem mesmo para as despesas mais
necessárias, por o custo de vida ser muito alto, e o salário não aumentar
gradativamente como o gasto, infelizmente muitas vezes as pessoas, as famílias
acabam passando fome.
A população quando chega a um estágio que já não aguenta viver desse
jeito, na verdade nem vive, apenas sobrevive com migalhas, acaba se cansando e
decide mudar de vida, resolve mudar de país para ver se consegue uma condição
de vida melhor, acabam arriscando suas vidas, mudando para um lugar
completamente estranho sem saber o que vai acontecer apenas por não aguentar
mais ter que conviver com os problemas que foram gerados pelos conflitos
internacionais. Isso acaba gerando uma migração em massa, muitas pessoas
querem ter a oportunidade de mudar de vida.
Isso podemos observar num exemplo sobre o conflito entre o Norte e o Sul,
conforme Arlindo Júnior:

Um problema decorrente do conflito entre Norte x Sul é a migração em


massa. Milhões de pessoas a cada ano têm emigrado, principalmente para
a Europa Ocidental. Isto se deve ao aumento de desemprego, baixos
salários, fome. (2014).

Existem vários casos de pessoas que sofreram as consequências de


arriscarem suas vidas para buscar um futuro melhor para si e para sua família, um
23

dos casos que chocaram o mundo todo, foi o do menino turco que morreu afogado,
o menino Aylan Kurdi tinha apenas 3 anos de idade, estava junto com sua família
ambos procuravam fugir da sua cidade natal Kobane no norte da Síria para
escaparem da invasão do grupo jihadista Estado Islâmico, eles queriam fugir para o
Canadá pois havia um parente que morava lá, Aylan, sua mãe e seu irmão,
acabaram morrendo afogados no Mar Mediterrâneo durante a travessia da Turquia
para Grécia, a família apenas buscava uma forma de se proteger fugindo de todo
aquele tumulto, estavam tentando proporcionar um futuro melhor para os filhos e
esse pai acabou ficando sem seus filhos e sem a sua esposa. Abdullah Kurdi deu
seu depoimento para os repórteres jornalísticos: “Como pai que perdeu os filhos,
não tenho mais nada o que esperar deste mundo. A única coisa que gostaria é que o
drama e os sofrimentos na Síria acabassem que a paz retornasse".
Nessa travessia morreram mais pessoas, não foram apenas os da família
Kurdi, durante essa travessia morreram mais 9 refugiados Sírios que também
buscavam fugir dos conflitos armados que estavam acontecendo na Síria, esse caso
do menino ganhou bastante enfoque na mídia pois o corpo do garoto foi encontrado
na praia de Bodrum com o rosto virado para baixo, chocou bastante a sociedade por
se tratar de uma criança de apenas 3 anos, mais isso infelizmente ocorre
diariamente com diversas pessoas, que para fugir da violência acabam muitas vezes
perdendo a vida na busca de um futuro melhor.
Outro exemplo que temos de que os refugiados buscam abrigo em outros
países, mas que na maioria das vezes acabam perdendo suas vidas, e isso não
ocorre somente pelo mar, no ano de 2015 aconteceu um incidente com mais de 50
imigrantes que estavam buscando abrigo em países da União Europeia, os
refugiados foram encontrados mortos dentro da caçamba de um caminhão
abandonado em uma estrada da Áustria próximo a fronteira da Hungria, o motorista
não foi encontrado, ainda há uma especulação a respeito da morte dos refugiados,
se saíram de seus países de origem já mortos, ou se foram mortos no decorrer da
viagem, a polícia por sua vez acusa atravessadores que partiram da Hungria, pela
morte de todos os refugiados. Como cita Ronaldo Zak:

Pelo menos 70 imigrantes ilegais foram achados mortos por asfixia dentro
da caçamba de um caminhão abandonado em uma estrada na Áustria,
perto da fronteira com a Hungria. O número de vítimas é maior que o inicial
estimado entre 20 e 50, informou o governo austríaco. O motorista do
24

veículo, que tinha placa húngara, está foragido. A polícia acusa


atravessadores que partiram da Hungria. É possível que eles tenham vindo
do país já mortos, acreditam as autoridades. (2015).

Pois, infelizmente essa é uma triste realidade que os refugiados vivem,


muitas vezes pessoas más intencionadas se aproveitam da situação preocupante e
frágil que as pessoas estão vivendo, para muitas vezes lhes tirarem tudo que o que
lhe sobrou, como por exemplo, suas economias que guardaram para que pudessem
mudar de vida e principalmente o que é mais importante suas próprias vidas, porém
essa triste realidade é bastante vivenciada e isso em todos os lugares, sempre há
pessoas que se aproveitam da bondade e da ingenuidade das outras para lhes
passarem a perna, e acabar com o pingo de vontade de viver que ainda existia para
essas pessoas.
O Primeiro Ministro Grego citou, que a morte dos refugiados ocorrida no Mar
Mediterrâneo que vem acontecendo diariamente, pois centenas de pessoas acabam
morrendo durante essa travessia, é uma vergonha para toda a Europa, isso ocorre
porque os traficantes de pessoas operam sem restrições, há muita pouca
fiscalização, isso faz com que eles possam agir sem qualquer preocupação.

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, afirmou nesta quinta-feira


(21/01) que as mortes de refugiados durante as travessias de barco nos
mares Mediterrâneo e Egeu são uma “vergonha” para a Europa. Tsipras
falou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. (Gilberto
Rodrigues, 2016).

Alexis Tsipras Primeiro Ministro da Grécia, também critica que os países


europeus inventem muito na tecnologia, em equipamentos modernos e avançados e
defesa e até mesmo em armamentos, porém estes não são capazes de lidar com a
situação critica de seus próprios territórios e vizinhanças, cita que é necessário que
a Europa busque medidas urgente com relação à crise humanitária que estamos
vivendo em pleno século XXI, a União Europeia por sua vez, deve criar um
mecanismo confiável que seja capaz de lidar com a realocação dos refugiados entre
os países que fazem parte do bloco, a Grécia é um dos principais países de entrada
dos refugiados para o continente Europeu, consequência da sua localização
geográfica.
25

A morte diária de refugiados nos mares é uma vergonha para a cultura e a


civilização europeia, enquanto os traficantes [de pessoas] operam sem
restrições”, disse ele. O premiê grego criticou o fato de que os países
europeus investem em tecnologias de defesa e armamentos, mas são
“incapazes” de lidar com a situação em seus territórios e vizinhanças.
Tsipras pediu que a Europa adote medidas em relação à crise humanitária
no continente. Segundo o premiê, a solução é que a União Europeia crie um
“mecanismo confiável de realocação” de refugiados entre os países do
bloco. Por conta de sua localização geográfica, a Grécia é um dos principais
países de entrada dos refugiados para o continente europeu.
( Rodrigues,2016).

Outro lado que também deve ser observado, é que muitas vezes quando o
país recebe o refugiado e dá asilo para o mesmo, este não sabe reconhecer e acaba
agindo de uma forma errada, acaba fazendo atos impensados que posteriormente
acabam afetando não só ele, mas também todos os outros refugiados, isso acaba
por deixar a imagem dos refugiados negativa, faz com que as pessoas e os países
pensem duas vezes antes de dar asilo novamente, acabam generalizando, como se
todos os refugiados fossem agir da mesmo forma, de uma forma violenta.
As pessoas se sentem amedrontadas com os conflitos existentes em seu
país e buscam proteção em outro, só que isso não é de hoje, isso já ocorria tempos
atrás, o que acontece é que de um tempo pra cá, os conflitos passaram a ser uma
forma ilícita de resolver os problemas existentes, sendo que antes era a forma usada
para solucionar os problemas. Como menciona Francisco Resek:

O fato de ser hoje a guerra um ilícito internacional não deve fazer perder de
vista que até o começo do século XX ela era uma opção perfeitamente
legítima para que se resolvessem pendências entre Estados. Por isso o
direito internacional clássico abrigou amplo e pormenorizado estudo da
guerra e da neutralidade. (2011).

Os refugiados acabam se sentindo isolados no país em que escolheram


viver, sentem falta dos seus países de origem, porém segundo a ética dos Direitos
Humanos todos são merecedores de igual respeito. Como cita Flávia Piovesan:

A ética dos direitos humanos é a ética que vê no outro um ser merecedor de


igual consideração e profundo respeito, dotado do direito de desenvolver as
potencialidades humanas, de forma livre, autônoma e plena. É a ética
orientada pela afirmação da dignidade e pela prevenção ao sofrimento
humano. (Flávia Piovesan). (2012, p.143).

Um exemplo disso aconteceu na Suécia, Bárbara Cruz, contou a história de


uma jovem mulher de apenas 22 anos que trabalhava em um abrigo para jovens
26

refugiados entre 14 e 17anos, foi morta a facadas por um jovem de 15 anos, a vítima
tinha origem libanesa e se chamava Alexandra Mezher, o agressor foi detido no
próprio local, o Primeiro Ministro Sueco comentou que já pode haver muitas pessoas
preocupadas com a possiblidade de crimes como este acontecerem novamente,
visto que o país recebe milhares de crianças e adolescentes que são requerentes de
asilo.

Uma funcionária de 22 anos de um centro para jovens refugiados na Suécia


foi esfaqueada até à morte, alegadamente por um jovem de 15 anos
requerente de asilo. O agressor foi detido no local. Lofven (Primeiro Ministro
Sueco) admitiu que pode haver "muitas pessoas preocupadas" com a
possibilidade de se repetirem crimes como este na Suécia, numa altura em
que o país recebe milhares de crianças e jovens requerentes de asilo. A
polícia local referiu que o agressor, cuja nacionalidade não é conhecida, foi
dominado pelos outros utentes do centro e que a vítima, identificada como
Alexandra Mezher, tinha origem libanesa e morreu vítima dos ferimentos já
no hospital. (Bárbara Cruz.2016).

Infelizmente essas atitudes acabam manchando a imagem dos refugiados,


fazendo com que eles encontrem muitas dificuldades em relação a ganharem asilo
nos países, a conseguirem emprego, porque as pessoas já os veem como uma
ameaça, como se fossem perigosos, possuem grande dificuldade também, para
conseguir um lugar para morar, pois as pessoas já são desconfiadas para dar abrigo
para pessoas do próprio país, própria cidade, já que atualmente vivemos numa
civilização muito violenta, então a dificuldade duplica para conseguir um lugar para
morar quando as pessoas vêm de outros países, quando são refugiados. E essa
dificuldade acaba aumentando quando saem manchetes como esta de que um
refugiado matou uma mulher friamente que trabalhava justamente em um abrigo
para refugiados.
Devemos observar também o outro lado consequente dos conflitos que
acabam gerando essa crise migratória que é a grande invasão dos refugiados nos
países, em muitos países já é difícil lidar com as dificuldades encontradas em
relação a educação, saúde, empregos, com a grande chegada de refugiados essa
situação aumenta ainda mais, pois a demanda acaba sendo bem maior, há uma
grande diferença muitas vezes, em relação a cultura das pessoas também, como por
exemplo os muçulmanos possuem uma cultura extremamente diferente das outras
pessoas, isso acaba muitas vezes atrapalhando a relação entre as pessoas. O que
acaba ocorrendo é que os refugiados são mal vistos, as pessoas enxergam eles
27

como se quisessem invadir seu país e retirar o melhor que eles têm, retirar seus
empregos por exemplo. Segundo Garcia:

Muitas vezes não são valorizados também no país hospedeiro, são vistos
como pragas, como "ladrões de emprego", mesmo que muitas vezes só
consigam sub-empregos ou aqueles empregos que o nativo não quer. A
visão do imigrante, em geral, tem se tornado negativa. Não importa mais se
qualificado ou não, se necessitando escapar ou não. A ideia é a de que
mesmo hoje num sub-emprego, amanhã seu filho terá condições de disputar
com o nativo, tomando seu "lugar de direito". Desperdiçamos desta maneira
o imigrante e o imigrante passa a ele próprio se sentir desperdiçado. (2015).

Esse é um risco que os refugiados acabam correndo, saem de seus países


para buscar melhores condições de sobrevivência, um emprego melhor para
sustentar sua família, criar seus filhos, dar o estudo necessário, conseguir conquistar
seus objetivos que não conseguiram no seu país, arriscam a vida para chegar em
um lugar diferente, apenas na esperança de que em outro lugar conseguirão viver
de forma mais segura e melhor, e as vezes acabam sendo tratados igual ou algumas
vezes até pior do que eram tratados antes, não conseguem emprego, não arrumam
lugar para morar, são tratados como criminosos, acabam não sendo valorizados
como gostariam, as pessoas, a população, são os que mais sofrem com os conflitos.
28

2 A IMIGRAÇÃO COMO SOLUÇÃO PARA CONTINUAR A VIVER

Existem vários motivos para que as pessoas optem por abandonar seu país
para se aventurar, arriscar suas vidas para que possam recomeçar em outro país,
entre esses motivos esta a questão religiosa, pessoas que não se sentem bem que
se sentem muitas vezes inseguras por morarem num país em que a religião é posta
acima de qualquer coisa, muitas acabam matando em nome da religião, o motivo
econômico também é um dos grandes causadores da imigração, pois na maioria dos
casos as pessoas trabalham, mas recebem pouco, e infelizmente o custo de vida
acaba sendo maior do que o próprio salário, o que faz com que as pessoas acabem
passando muita necessidade, e queiram buscar uma forma de sobreviver na qual
pelo menos consigam custear suas necessidades básicas.
Os conflitos também são grandes motivadores para que as pessoas
abandonem seu país e busquem refugio em outro, os conflitos geram muita
destruição, consequentemente as pessoas acabam ficando sem casas, sem
emprego, ficam amedrontadas, por essa razão acabam buscando abrigo em outro
país, um lugar no qual possam recomeçar suas vidas, possam ter um bom emprego,
uma casa para morar, dar uma boa educação para seus filhos e acima de tudo
terem segurança.

2.1 A NECESSIDADE DE ABANDONAR A TERRA NATAL

Infelizmente com os conflitos acontecidos entre os países, as pessoas


acabam se sentindo acuadas, amedrontadas muitas vezes, as pessoas vão se
sentindo obrigadas a abandonar seu país de origem e procurar um novo lugar para
recomeçar suas vidas, se aventurar no desconhecido para poder ter uma nova
chance de viver, famílias inteiras grande parte das vezes arriscam a sorte mudando
de lugar para tentar uma vida melhor, ocorreu um grande aumento de refugiados
que escolheram o Brasil para viver. Segundo Valéria Mendes:

Guerras, conflitos políticos e religiosos obrigam famílias a abandonar seus


países. Solicitações de refúgio no Brasil cresceram 800% nos últimos quatro
anos. Recomeçar a vida em novo contexto é desafio especial para crianças.
(2016)
29

São chamados de refugiados as pessoas que por motivos de perseguição,


podendo ser por raça, por motivos religiosos, pela forma de pensamento diferente
dos demais na maioria das vezes, por razões políticas, econômicas. Também são
consideradas refugiadas aquelas pessoas que tem a necessidade de abandonar seu
país em razão dos conflitos armados existentes, da grande violência que existe
nesses lugares. Podemos observar a definição de refugiado:

De acordo com a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados


(de 1951), são refugiados as pessoas que se encontram fora do seu país
por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não
possa (ou não queira) voltar para casa. Posteriormente, definições mais
amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas obrigadas a
deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e
violação massiva dos direitos humanos. (ACNUR, 2016).

Dentre os motivos que levam as pessoas a buscar um país diferente para


viver estão os conflitos, pois estes causam muitos problemas para a sociedade,
como morte em massa das pessoas, destruição, os cidadãos acabam ficando sem
seus empregos, o que faz com que fiquem sem seu meio de sustento, a violências
faz com que as pessoas fiquem com medo de sair na rua, fiquem com medo de
perderem seus filhos, de serem mortos, e acabam arriscando tudo, para se
aventurarem na jornada de chegar a outro país, infelizmente sempre tem pessoas
que arrumam formas de aproveitar o desespero das outras para tirarem proveito,
esse é o caso das pessoas que fazem as travessias ilegais para outros países.
Recentemente um barco pequeno que continha 500 imigrantes abordo
naufragou ao longo da costa da Líbia, felizmente a patrulha Bettica da marinha da
Itália, chegou rapidamente no local, conseguindo salvar o maior número de pessoas
possível, mesmo assim 7 refugiados acabaram perdendo suas vidas, esse é um
caso explícito de negligência, colocaram um número muito maior do que o
recomendado para o barco e acabou ocasionando o seu naufrágio.

Na manhã desta quarta-feira, a patrulha Bettica da Marinha, no âmbito de


sua atividade de vigilância do canal da Sicília, detectou ao longo da costa
líbia um barco que navegava de forma instável com muitas pessoas a
bordo. O navio Bettica se aproximou imediatamente do barco e lançou botes
e coletes salva-vidas às pessoas que caíram na água, enquanto a fragata
Bergamini, também no local, enviou seu helicóptero e meios navais para
socorrê-las. (G1, 2016).
30

Essa realidade que estamos vivendo atualmente demonstra resquícios de


uma sociedade cruel que vem desde os tempos mais remotos, as pessoas se
preocupam apenas em demonstrar quem tem mais poder, quem pode mais, os
países querem mostrar a sua capacidade econômica e armamentista e acabam
prejudicando milhares de vidas, muitas vezes isso acontece por falta de diálogo
entre os povos, um não concorda com a forma com que o outro age ou pensa e já
parte para o ataque, dessa forma surgem os conflitos o que acaba gerando toda
essa mudança repentina na vida das pessoas.
As pessoas acabam ficando inseguras amedrontadas com toda essa
situação, que pai que vai se sentir seguro sabendo que o filho foi para a escola e
não sabe se ele vai voltar para casa, às pessoas saem para trabalhar e não sabem
até quando que ainda serão empregadas, até quando que seus salários darão para
manter suas necessidades principias, ou até mesmo se voltaram com vida para suas
casas e para suas famílias. Infelizmente os conflitos acabam atingindo
principalmente a população.
Um exemplo é a Guerra Civil Síria, que desde 2011 enfrenta uma guerra que
já deixou mais de 130 mil pessoas mortas, acabou destruindo a estrutura de todo o
país, isso tudo porque tentam tirar o presidente Bashar Al-Assad do governo, o
governo de Bashar Al-Assad é acusado de corrupção e nepotismo, os conflitos
foram se espalhando por todo o país e se tornaram uma grande revolta armada,
estes manifestantes são apoiados por militares desertores e por também por grupos
islamitas.

A República Árabe Síria enfrenta, desde março de 2011, uma guerra civil
que já deixou pelo menos 130 mil mortos, destruiu a infraestrutura do país e
gerou uma crise humanitária regional. Os manifestantes também acusavam
o governo de corrupção e nepotismo. Aos poucos, com a repressão violenta
das forças de segurança, os protestos foram se espalhando pelo país e se
transformando em uma revolta armada, apoiada por militares desertores e
por grupos islamitas. (G1, 2016)

Esses conflitos fez com que as pessoas ficassem com medo de tanta
violência e mais de 2 milhões abandonaram o país para buscar refúgio em nações
vizinhas, sendo assim aumentou a tensão entre os países, outra parte de 4,5
milhões de sírios tiveram que se deslocar dentro do próprio país para tentarem fugir
dos conflitos, entre os anos de 2013 e 2014 confrontos entre os rebeldes islamitas e
31

os jihardistas deixaram milhares de mortos, com isso as pessoas apenas tentam


salvar suas vidas, a vida de seus familiares, pois como os conflitos estão cada vez
mais constantes as pessoas buscam fugir cada dia mais e mais.

Mais de 2 milhões deixaram o país em busca de refúgio em nações


vizinhas, aumentando as tensões entre os países vizinhos. Outros 4,25
milhões de sírios tiveram que se deslocar dentro do país devido aos
combates. Entre o fim de 2013 e o início de 2014, confrontos entre rebeldes
islamitas e jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL, ligado à
Al-Qaeda) deixaram milhares de mortos. (G1, 2016).

As pessoas acabam se arriscando para fugir de todo o tumulto de todos os


conflitos e acabam muitas vezes perdendo suas vidas, entretanto, elas não possuem
alternativas, ou elas arriscam a vida e ficam em seu país arriscando perder o
emprego, passar necessidades, ou até mesmo morrer, ou optam por arriscar suas
vidas durante a trajetória até chegar a outro país, como esses casos dos barcos
lotados que acabam naufragando, quando dão sorte conseguem ser resgatados,
porém nem sempre é isso que acontece.
Outro país que vive em conflito constante é o Sudão do Sul, um país
paupérrimo da África, anteriormente era um país só chamado Sudão Anglo-Egípcio,
posteriormente foi dividido em Sudão do Norte e Sudão do Sul, os conflitos que
ocorrem entre o Sudão do Norte e o Sudão do Sul são decorrentes das disputas das
reservas naturais, principalmente das reservas de petróleo que são encontradas em
sua maior parte no Sudão do Sul. Como transcreve Rodolfo Alves:

Apesar dessas diferenças étnico-culturais, a razão para a existência dos


conflitos está plenamente centrada na disputa pelos recursos naturais,
principalmente o petróleo, produto do qual os dois países são dependentes.
Nesse quesito, observa-se uma interdependência na utilização desse
recurso natural que necessita de uma maior estabilidade política para se
manter. (2016).

A população além de ser muito pobre, a maioria é analfabeta, sendo que


esse número é elevado entre as mulheres, a taxa de mortalidade infantil também é
altíssima, sendo que ocorre muitas mortes das mães quando dão a luz, é estimado
que a taxa de que não possui acesso a água potável é de 45%, a população
também sofre com a falta de hospitais, e ainda quando existem hospitais estão em
uma situação precária, sem falar no baixo número de profissionais capacitados. Com
toda essa situação ainda ocorrem conflitos, principalmente nas regiões de fronteira,
32

fazendo com que cresça o número de mortos e de refugiados. Essas razões fazem
com que as pessoa se cansem de viver na miséria e viverem com medo e busca
uma solução em outro país. Como escreve Rodolfo Alves:

Mais de 70% da população é analfabeta, número que se eleva entre as


mulheres. As taxas de mortalidade infantil também são elevadas e o número
de mães que morrem durante os partos é alto. Estima-se que
aproximadamente 45% da população não possua acesso a nenhuma fonte
de água potável. A população sofre com a falta de hospitais – que na
maioria dos casos oferecem péssimas condições estruturais e de higiene –
e com o baixo número de profissionais da saúde. Para agravar a situação, a
guerra e os constantes bombardeios – principalmente nas regiões de
fronteira – intensificam o número de mortos e refugiados, além de fazer com
que o governo do sul invista quase 50% das riquezas do país em armas em
detrimento de investimentos em educação e saúde. (2016).

Outro dado muito preocupante relacionado ao Sudão do Sul, que faz com que
as pessoas busquem refúgio em outro país é que o Sudão do Sul está recrutando
crianças para participarem da guerra, as crianças são retiradas de seus país e são
posta para lutar nos conflitos, há dados de que mais de 16 mil crianças no ano de
2015 foram retiradas de seus lares para atuarem nos conflitos. Segundo Nivaldo
Pereira da Costa:

Foi revelado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que
aproximadamente dezesseis mil crianças foram tiradas à força de suas
casas em 2015 pelas diferentes partes que estão em guerra no Sudão do
Sul.(2015).

Além do mais, os meninos são recrutados para atuarem nos conflitos e as


meninas são dadas como escravas sexuais, a situação das crianças vem piorando a
cada dia, é absurdo o que está acontecendo no Sudão do Sul, lugar de criança é na
escola, aprendendo para que possam ter um futuro melhor, brincando com seus
amigos, aproveitando sua infância, e não sendo usadas como crianças-soldados e
como escravas sexuais como é o caso das meninas, sendo que não exercem
apenas a função de mensageiros, mas são enviados para zonal de alto risco. Como
transcreve Christopher Boulierac:

Desde o início desse ano a situação das crianças no Sudão do Sul tem
piorado com o aliciamento e o aproveitamento incessante delas. Meninos
são usados pelas forças e grupos armados e as meninas servem como
escravas sexuais. Chamadas popularmente de "crianças soldados", elas
não exercem funções só como combatentes ou fazendo serviços de
33

mensageiros. São mandadas para zonas de alto risco, ou, principalmente as


meninas, são abusadas sexualmente. (2015).

A situação de alguns países é extremamente vergonhosa, desrespeitando o


direito das pessoas e principalmente das crianças, fazendo com que estas sejam
postas a frente da violência em combates por exemplo, ou como no caso das
meninas que são postas como escravas sexuais, isso é um absurdo nenhum pai ou
mãe quer ver seu filho ou filha numa situação desta, eles querem um futuro melhor
para seus filhos, e é isso que eles buscam em outros países.

2.2 MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO, CLANDESTINIDADE

A palavra migração diz respeito às pessoas mudarem de moradia, cidades,


Estado, de região, existem várias formas de migração, entretanto a migração ocorre
somente dentro de determinado país, a pessoa pode mudar de região, de estado ou
até mesmo de moradia, isso ocorre desde o início da humanidade, há épocas em
que ocorre um grande fluxo de migração, fluxos esses geralmente são causados por
diversos fatores, entre eles estão fatores econômicos, culturais, sociais, religiosos,
políticos. Como cita Wagner de Cerqueira: "Dentre os principais fatores que
impulsionam as migrações podem ser citados os econômicos, políticos e culturais".
(2016).
Existe uma outra corrente que considera que a migração pode ser
relacionada com o país também, ou seja, pode ocorrer a migração
internacionalmente, a palavra migrar está relacionada com o termo mudar, de
estado, de região, de cidade, de país ou até mesmo de moradia, para que seja feita
a classificação de migração, há três formas de variáveis que devem ser levadas em
conta, primeiramente o espaço de deslocamento, depois o tempo de permanência
de migrante e por último como que se deu a forma da migração, sendo que existem
divisões a partir disso também. Quando consideramos o espaço de deslocamento
podemos ter Migração Internacional, que é aquela que ocorre de um país para o
outro e Migração Interna que é aquela que ocorre dentro do mesmo país, sendo que
a Migração Interna é subdividida em Migração Inter-regional, que acontece quando
ocorre de um Estado para outro, e Migração Intra-regional que é aquela que
acontece dentro do mesmo estado.
34

Quando levamos em conta a variável tempo de permanecia do migrante, ela


subdivide-se em duas, Migração definitiva, que ocorre quando o migrante passa a
residir permanentemente no local para qual ele migrou, e Migração temporária, esta
por sua vez, ocorre quando o migrante fica temporariamente no local para qual ele
migrou, um bom exemplo, são as pessoas que mudam de cidade para trabalhar na
colheita da maçã (RODRIGUES, 2016).
E, quando levamos em conta a variável de como se deu a forma da
migração também temos duas subdivisões, Migração espontânea, que é aquela que
ocorre quando a pessoa planeja mudar para outro lugar, seja por motivo econômico,
político ou cultural, e a Migração forçada que ocorre quando a pessoa é obrigada a
se mudar, como por exemplo, decorrente de catástrofes naturais ou conflitos
envolvendo as nações. Como cita Régis Rodrigues:

Existem três variáveis para se classificar os tipos de migrações: o espaço de


deslocamento, o tempo de permanência do migrante, e como se deu a
forma de migração. Se considerarmos o espaço de deslocamento, tem-se:
Migração internacional – que ocorre de um país para outro, Migração interna
– que ocorre dentro de um mesmo país, subdividindo-se em Migração inter-
regional, que ocorre de um Estado para outro; Migração intra-regional; que
ocorre dentro do mesmo Estado. Levando-se em consideração o tempo de
permanência do migrante, tem-se: Migração definitiva – em que a pessoa
passa a residir permanentemente no local para o qual migrou; Migração
temporária – em que o migrante reside apenas por um período pré-
determinado no lugar para o qual migrou, como é o caso dos boias-frias. Se
considerar a forma como se deu a migração, tem-se: Migração espontânea
– quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar para outra região, seja
por motivo econômico, político ou cultural; Migração forçada – quando o
indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, geralmente
ocorrendo por catástrofes naturais, como, por exemplo, a seca que atingiu o
nordeste brasileiro no final do século XIX. (2016).

Por outro lado, também existe a palavra imigração, que mesmo tão
semelhante com migração, possui algumas diferenças, o sentindo de mudança
nesse aspecto ocorre quando as pessoas mudam para outro país, você passa das
fronteiras do seu país por isso você não está fazendo mais uma migração, você sai
do seu país de origem e resolve imigrar para outro, por razões estas que também
podem ser diversas, motivos políticos, econômicos, em razão dos conflitos
existentes em seu país de origem muitas vezes.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda migração é “o sentido de mudança de
um local para o outro de migração continua, mas quando você muda de país você
35

faz uma imigração. Você está saindo às fronteiras de seu país e por isso passa a ter
um nome diferente para você”. (2014).
Algumas pessoas quando migram ou até mesmo quando imigram, não
possuem uma condição financeira satisfatória para viajarem em uma condição
adequada, ou seja, essas pessoas arriscam suas vidas para fugir dos problemas em
seus países por uma rota alternativa, de forma clandestina, pois essas pessoas não
têm condições e nem tempo para esperar toda aquela burocracia necessária.
O que infelizmente acaba gerando graves acidentes, pois estas rotas
clandestinas não possuem segurança alguma, várias pessoas acabam morrendo
durante a travessia, famílias inteiras acabam perdendo a vida, as pessoas morrem
em busca de seus sonhos, em busca de uma nova esperança, de um lugar bom
para viver, para criar seus filhos. Um dos exemplos dos quais chocou bastante a
sociedade foi o caso do menino sírio que morreu afogado, esse foi um exemplo de
um pai que perdeu toda a sua família, sua esposa, seus filhos, numa tentativa de
buscar uma vida nova para sua família. Como cita o pai do menino Abdullah Kurdi:

Eu estava segurando a mão de minha esposa. Mas meus filhos escaparam


das minhas mãos. Tentamos nos segurar no barco, mas ele estava
esvaziando. Todos estavam gritando no escuro. Não consegui fazer com
que minha voz fosse ouvida por minha esposa e filhos. (2016).

A imigração não existe de hoje, isso já ocorria tempos atrás, o Brasil ao lado
da Argentina, Estados Unidos e Canadá, na virada do século XIX para o século XX
foi um dos principais destinos escolhidos pelos imigrantes europeus, estes se
mudavam para o continente americano, para buscarem emprego e uma melhor
ascensão social. Dentre o ano de 1887 e 1930, adentraram no país 3.8 milhões de
estrangeiros, sendo distribuídos em, 35.5% italianos, 29% portugueses, 14.6%
espanhóis, 3.7% alemães, a partir do ano de 1908, começou a chegada de
japoneses, o que fez ocorrer uma grande Revolução na produção agrícola brasileira.
Como citam Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi:

Ao lado dos Estados Unidos, Canadá e Argentina, o Brasil foi, na virada do


século XIX para o século XX, um dos principais destinos dos imigrantes
europeus que se mudavam para o continente americano em busca de
trabalho e ascensão social. Entre 1887 e 1930 entraram no país 3.8 milhões
de estrangeiros, assim distribuídos: italianos 35.5%, portugueses 29%,
espanhóis 14.6%, alemães 3.7%. A partir de 1908, começaram a chegar os
36

japonese, que promoveram verdadeira revolução na produção agrícola


brasileira. (2014, p.43).

A forma clandestina de entrar em outro país, faz com que os refugiados


arrisquem suas vidas em uma travessia de alto risco, existem pessoas que se
aproveitam dos problemas e das necessidades das outras, os refugiados buscam
um novo país para recomeçarem suas vidas, ocorre que muitas vezes entrar em um
país legalmente requer muita burocracia, e estes buscam uma forma a qual seria
mais fácil, que não necessitaria de todos os tramites legais, ocorre que com isso
estes acabam arriscando suas vidas nessas travessias clandestinas e infelizmente
muitas acabam morrendo durante o percurso.
No ano de 2015, 800 imigrantes tentavam chegar ilegalmente a Europa e
acabaram perdendo suas vidas durante a travessia na costa da Líbia, logo após o
seu barco naufragar, houveram alguns sobreviventes, e estes informaram as
autoridades responsáveis que a maioria dos mortos eram crianças e mulheres, estes
viajam trancados no porão da embarcação. Como citam Diogo Braga e Edoardo
Ghirotto:

Mais de 800 imigrantes ilegais que tentavam alcançar a Europa morreram


na costa da Líbia após o barco que os levava naufragar. Os pouco mais de
vinte sobreviventes informaram às autoridades italianas que os resgataram
que muitos dos mortos eram mulheres e crianças, que viajavam trancadas
no porão da embarcação. A tragédia motivou reuniões de emergência e
voltou a acender a luz vermelha nos gabinetes da União Europeia (UE) em
Bruxelas. A Europa enfrenta um sério problema com a afluência de
imigrantes ilegais que se arriscam na travessia do Mar Mediterrâneo em
barcos precários e ainda está longe de resolver a questão. (2015).

É necessário que as autoridades dos países criem medidas mais drásticas


de fiscalização nessas fronteiras para que acabe ou que pelo menos reduza essa
chegada clandestina dos refugiados nos países, pois assim irá diminuir o fluxo de
refugiados que optam por essas formas perigosas de entrarem nos países que
escolheram viver.
Muitas pessoas acabam optando pela forma clandestina, porém infelizmente
muitas acabam perdendo suas famílias e algumas vezes até a própria vida,
diariamente pessoas morrem nessas travessias clandestinas, os refugiados já estão
fugindo de um problema e acabam caindo em outro, tão perigoso quanto o que já
estavam fugindo.
37

2.3 OS DESAFIOS DE SOBREVIVÊNCIA EM MEIO A OUTRA REALIDADE


ECONÔMICA, CULTURAL E SOCIAL.

Nem sempre é fácil se adaptar a um lugar extremamente diferente da nossa


realidade, na maioria das vezes é muito complicado, é necessário se adaptar aos
costumes dos lugares que na maioria das vezes são totalmente diferentes dos que
estávamos acostumados, há o preconceito de algumas pessoas em relação aos
refugiados também, fazendo assim com que não seja muito simples arranjar
trabalho, por exemplo, o que acaba gerando um grande problema para os
refugiados, pois já vêm de um lugar estranho, não tendo pessoas conhecidas,
trazendo família em algumas das vezes, e ainda dão de cara com a extrema
dificuldade de arranjar emprego, um lugar para morar, não tendo condições para seu
sustento, sendo assim, acabam passando necessidades.
Muitos acabam optando por um trabalho autônomo como, por exemplo, a
venda de objetos, alimentos, entre outros, eles aproveitam algo que sabem fazer e
usam como forma de arrecadar renda, o que nem sempre acaba sendo fácil.
Podemos encontrar depoimentos relatando essas situações, como foi o caso dos
refugiados sírios. Segundo Isabela Vieira:

Com um gentil “Sallaam Aleikum”, cumprimento árabe cujo significado é


“que a paz esteja convosco”, Hanaa Nachawaty cumprimenta os clientes,
em uma calçada do Leme, na zona sul do Rio de Janeiro. Ela e a família
vendem esfirras, quibes e pastas árabes em uma banquinha com duas
bandeiras da Síria. Como a maior parte dos refugiados que chegaram ao
Brasil, eles elogiam a acolhida no país, mas enfrentam dificuldades em
conseguir emprego e moradia definitiva. (2015).

A moradia acaba se tornando um dos grandes problemas dos refugiados,


pois como não conseguem ter um emprego fixo e alguns acabam optando por uma
forma de sustento autônoma, nem sempre terão dinheiro suficiente para arcar com
todas as despesas necessárias e acabam certamente optando pelas necessidades
principais como o caso da alimentação, e a moradia por sua vez é muita cara,
muitos ainda recebem ajuda de pessoas dispostas a dar um auxilio, porém essa
ajuda acaba, não dura para sempre. Segundo Isabela Vieira:
38

Conseguir uma casa é exatamente o maior problema da família Nachawaty


desde que chegou ao Brasil. Atualmente, eles vivem em um apartamento
emprestado, que terão de devolver em breve. “O dono nos pediu de volta e
não temos para onde ir”, disse um dos filhos de Hanna, Armin Nachawaty,
24 anos. A família prepara em casa os salgados que vendem nas ruas. Se
perderem a casa, perdem o sustento. (2015).

Infelizmente a vida dos refugiados acaba sendo tão complicada no país que
eles escolheram morar quanto naquele do qual eles resolveram sair, muitas buscam
refugio num lugar novo imaginando que vão encontrar uma vida melhor, que irão
conseguir um bom emprego, moradia, alimentação, mas nem sempre é isso que
acontece, muitos acabam batendo na dificuldade que é sobreviver em um lugar
totalmente diferente, com uma cultura diferente, hábitos diferentes, uma economia
diferente, mas mesmo com todos esses empecilhos, a maioria não se arrepende de
ter arriscado a própria vida a vida de sua família, pelo sonho da busca de construir
uma vida nova em outro lugar, no qual possam pelo menos viver tranquilos, sem
aquela angustia de saber se estarão vivos no dia seguinte.
Um país que é consideravelmente hospitaleiro com os refugiados é o Brasil,
mesmo tendo um número consideravelmente pequeno de refugiados a aceitação
dos mesmo é grande, além do país já ter uma fama de ser um país acolhedor com
os estrangeiros, a receptividade das autoridades brasileiras também é alta. Segundo
Nádia Pontes:

Com a fama internacional de país acolhedor, o Brasil virou a pátria de 4.500


refugiados de 77 nacionalidades. A quantidade é numericamente pequena –
o território brasileiro está distante dos grandes centros de conflitos. Mas a
receptividade das autoridades brasileira é alta. (2011).

Entretanto ainda há a resistência de algumas pessoas em relação aos


refugiados, algumas pessoas tem preconceito, já imaginam que são más, que esses
refugiados irão retirar seus empregos, por exemplo, infelizmente ainda existe essa
cultura de ter medo do desconhecido, de desconfiar de tudo, isso acaba sendo um
empecilho uma dificuldade a mais para os refugiados poderem interagir com as
outras pessoas, há dificuldade em conseguirem escola para as crianças, e muitas
vezes quando encontram podem encontrar a barreira da adaptação das crianças em
um ambiente totalmente diferente do qual estavam acostumadas. Nádia Pontes cita:
39

Para quem chegou recentemente, no entanto, a inserção ao cotidiano


brasileiro não é tão suave assim: o acesso à educação e a conquista de um
emprego ainda são pontos sensíveis. Embora não existam estatísticas que
mostrem com clareza a parcela desse grupo ocupada formalmente, estima-
se que a minoria trabalhe com carteira assinada. (2011).

Outro aspecto dificultoso para o imigrante é se adaptar a cultura de outro


país, não é nada simples mudar seus costumes de uma hora para outra, mesmo o
Brasil sendo um país com diversas culturas diferentes, os refugiados ainda acabam
esbarrando na barreira cultural, a questão econômica também é um aspecto
diferenciado, algumas pessoas saem de países paupérrimos como pé o caso do
Sudão do Sul, que as pessoas passam bastante necessidade e vem para o Brasil,
que para nós nossa economia não é tão boa quanto gostaríamos, mas para eles
acaba sendo como um paraíso há vários aspectos que influenciam na adaptação
dos refugiados, podendo ser aspectos negativos, como também os aspectos
positivos. Segundo Paulo Abrão Secretário Nacional da Justiça:

Temos uma tradição quanto à receptividade, mas há um pouco de


preconceito. Temos que trabalhar melhor na sociedade brasileira essa
questão do direito humano de migrar. Por outro lado, às vezes o refugiado
também não se adapta à cultura do país, ou à economia. (2011)

Os países em desenvolvimento abrigam mais refugiados do que os países


desenvolvidos, até 2010 o Paquistão era considerada a nação que abrigava o maior
número de necessitavam abandonar seu país de origem, por volta de 1,9 milhão, em
segundo lugar o Irã com uma média de 1,1 milhão e posteriormente a Síria com 1
milhão e em quarto lugar ficou a Alemanha com um número significativamente
menor 594 mil, como os países desenvolvidos possuem algumas restrições em
relação aos refugiados, eles optam mais pelos países mais pobres, países esses
que estão em desenvolvimento. Segundo Nádia Pontes:

Até o ano passado, o Paquistão era a nação que abrigava o maior número
de pessoas que precisaram abandonar sua terra de origem, cerca de 1,9
milhão, seguido pelo Irã, com 1,1 milhão, e pela Síria, 1 milhão. A Alemanha
aparece em quarto lugar, com 594 mil refugiados vivendo no país. Os
refugiados se deparam com muitas restrições nos países ricos, eles passam
a considerar as nações mais pobres como a única opção de moradia.
(2011).
40

Existem vários países que estão em conflitos o que faz com que as pessoas
busquem se refugiar em outros países, buscando uma melhor condição de vida e
acima de tudo segurança para si e para suas famílias, em 2010 cerca de 3 milhões
de afegãos se obrigaram a fugir de seu país e buscar refugio em outro, na
sequência, por volta de 1,7 milhões de iraquianos, 770 mil somalianos, 476 mil
congoleses e 415 mil Myanmar, sendo que não foram computados os casos da
Síria, Líbia e Tunísia, o número de refugiados é extremamente grande, isso
demanda uma grande organização por parte dos países em que recebem esses
refugiados, segundo números do Acnur as mulheres representam em média 49%
das pessoas que são atendidas pelo Acnur, sendo que estas constituem 47% dos
refugiados, os menores de 18 anos constituem 39% do grupo de refugiados e 31%
no grupo de pedido de asilo. Conforme Nádia Pontes:

Só em 2010, 3 milhões de afegãos precisaram fugir do país – os primeiros


no ranking anual da Acnur, seguidos por 1,7 milhão de iraquianos, 770 mil
somalianos, 476 mil congoleses e 415 mil refugiados de Myanmar. Por se
referir ao ano passado, o estudo não considerou os casos recentes
registrados nas nações do mundo árabe, como a Líbia e Tunísia. Mulheres
representam, em média, 49% das pessoas atendidas pela Acnur e
constituem, segundo o relatório, 47% dos refugiados. Crianças menores de
18 anos correspondem a 39% do grupo e 31% dos pedidos de asilo. (2011).

A xenofobia é uma das principais dificuldades que os migrantes, imigrantes e


refugiados enfrentam, o preconceito que as pessoas têm com os estrangeiros é
imenso, principalmente na região europeia, há um grande número de imigrantes
muçulmanos, negros e ciganos, isso faz com que aumente cada vez mais o
sentimento xenofóbico da população europeia, algo que aconteceu que marcou
muito essa questão, foi uma atitude da cinegrafista húngara Petra Laszlo, que foi
flagrada chutando sírios na fronteira com a Sérvia, a ignorância das pessoas é tanta,
que acaba prejudicando e humilhando pessoas que apenas estão tentando
recomeçar suas vidas bem longe de todo aquele conflito que tem em seus países.
Segundo Luiz Ruffato:

A chegada de milhares de imigrantes muçulmanos, negros e ciganos vem


aumentando o sentimento xenófobo de parte da população europeia, que
pode ser exemplificado pela ação da cinegrafista húngara Petra Lászlö,
flagrada chutando sírios na fronteira com a Sérvia – não por acaso, a
Hungria tem a maioria das cadeiras do Parlamento ocupadas por partidos
de direita e extrema-direita.(2015).
41

Apesar de ser considerado um país acolhedor, com bastante diversidade


étnica e cultural, os brasileiros estão sendo muito preconceituosos com os médicos
cubanos que estão trabalhando no país e também com os haitianos e senegaleses,
essa demonstração de xenofobia, é um preconceito ridículo de alguns brasileiros,
que não respeitam a necessidade das pessoas se obrigarem a mudar de país, e em
relação aos médicos que vieram trabalhar em nosso país, deveriam ser muito bem
respeitados pela população como qualquer outro profissional da saúde. Conforme
Luiz Ruffato:

Aliás, de forma patética, algo semelhante começa a ocorrer no Brasil. País


de diversidade étnica, acompanhamos horrorizados as manifestações
explícitas de xenofobia e racismo contra os médicos cubanos e mais
recentemente contra senegaleses e haitianos. Onde vive o ser humano,
mora a estupidez. (2015).

É um absurdo que ainda existam pessoas tão maldosas e preconceituosas


em pleno século XXI, mas infelizmente isso faz parte da realidade de muitas
pessoas, principalmente dos imigrantes, dos refugiados e até mesmo dos migrantes,
está na hora das pessoas porem a mão na consciência e aprenderem a respeitar
mais o próximo, nas julgar apenas as aparências, se cada um fizesse sua parte,
respeitasse o próximo, tudo seria muito diferente, além dos estrangeiros tirem de
lidar com a situação de estarem mudando de país, indo para um lugar extremamente
diferente de onde viviam antes, de terem que se adaptar a uma cultura diferente, de
buscarem emprego, de arrumarem um lugar para morar, ainda têm de lidar com o
preconceito de certas pessoas.
Pessoas estas que são desinformadas, que muitas vezes não são
ignorantes, pois possuem um grau de instrução muito alto, mas pensam de forma
mesquinha e errônea, fazem da vida desses estrangeiros ainda mais difícil do que
ela já é, essas pessoas preconceituosas, xenofóbicas, devem aprender a respeitar
as diferenças e saber conviver com elas.
42

3 PROTEÇÃO INTERNACIONAL

Atualmente há um grande número de refugiados nos países, que decidiram


abandonar seus países de origem para tentar melhorar de vida em outro, só que
quando essas pessoas chegam nesses lugares elas precisam arrumar emprego, um
lugar para morar, precisam estar respaldadas por direitos, só que para que isso
aconteça elas precisam de proteção, precisam buscar mecanismos para que elas
possam ser protegidas, para que tinham direitos nesse novo país que escolheram
para viver.
Existem diversas maneiras para que estas pessoas se regularizem e para
que fiquem protegidas pelo país que escolheram morar, dentre estas possibilidades,
está o refúgio, para que isso ocorra existe um programa chamado ACNUR (Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), este programa auxilia os
refugiados a respeito das providencias que estes devem tomar, para ficarem
assegurados dos seus direitos, o ACNUR serve para garantir que os países estejam
conscientes das suas obrigações, e que hajam de forma correta, dando proteção
aos refugiados e também a todas as pessoas que buscam refugio.

3.1 CONDIÇÕES JURÍDICAS DE APOIO AO IMIGRANTE: REFÚGIO

Ao chegar ao país desejado esses imigrantes refugiados, necessitam de ir à


busca de apoio, pois precisam conseguir documentação, autorização para ficar no
país, para assim poderem ir à busca de emprego, com seus respectivos direitos,
moradia, direito a saúde, educação, não é simplesmente chegar e ficar no local,
necessitam também ir a busca de algo que possa lhe passar uma segurança para
permanecerem no país escolhido, pois ao contrario disso podem ser expulsos a
qualquer momento, e além do mais eles não possuem os mesmo direitos do que as
pessoas que já residem no país, para tanto é necessário que logo que chegam ao
país em que desejam residir já busquem ajuda para saber quais os métodos
necessários para ficarem seguros.
Os refugiados podem encontrar proteção no direito internacional, eles têm
direito a não sofrer perseguições em virtude da sua raça, de sua religião, da sua
nacionalidade, como é o caso dos refugiados, para que estes não sofram xenofobia
43

(perseguição por ser de outro país, de outro Estado), da sua participação em


determinado grupo social ou também das suas opiniões relativas à política. Essa
proteção está embasada na Declaração Universal dos Diretos Humanos de 1948,
como cita Carina de Oliveira Soares:

A todos é assegurado, com base na Declaração de 1948, o direito


fundamental de não sofrer perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, participação em determinado grupo social ou opiniões
políticas.

Com base no artigo 14 também da Declaração Universal dos Direitos


Humanos é explícito o direito que toda pessoa, que é vítima de perseguição em seu
país, ir à procura de asilo em outro país, a pessoa não é obrigada a ficar morando
em um lugar no qual ela não se sente bem, no qual ela tem medo de viver, razão
essa que é a maior motivação dos refugiados, mesmo essa declaração não tendo
um valor obrigatório, ela é a base, a fonte, de diversos dos tratados, das
convenções, inclusive dos regimentos internos, por isso ela serve de embasamento
para muitos dos tratados internacionais que são criados.
Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda a pessoa
sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros
países.”
Esses refugiados necessitam de todo o apoio que possa lhe ser dado, pois
estão abandonando sua pátria, para iniciar uma nova jornada em um lugar diferente
do qual estavam acostumados a viver, além de ser uma cultura totalmente diferente,
precisam aprender a lidar com pessoas diferentes, que pensam diferente, que
possuem um modo de vida diferente, não é fácil lidar com os hábitos das pessoas,
com o preconceito que muitas ainda tem a respeito dos refugiados, algumas
pessoas preconceituosas imaginam que os refugiados só irão retirar o emprego dos
seus países, com toda essa dificuldade os refugiados ainda tem de lidar com o
sentimento de dor de deixarem seu país. Como cita Paulo Welter:

O refúgio já é muito antigo e vem acompanhado com sentimento de dor.


Pois, quando uma pessoa é forçada a deixar a sua pátria ela carrega
consigo o sentimento de dor e o desejo de regressar. No mundo globalizado
jamais será possível entender a existência de pessoas refugiadas. Falta
globalizar o ser humano. Mas isso será muito difícil, uma vez que, nesse
processo de globalização, faltam valores éticos necessários no
relacionamento de respeito entre as pessoas. (2013).
44

O asilo é um instituto diferente do refúgio, o refúgio é concedido ao imigrante


que possui um fundado temor de perseguição sendo por motivo racial, religioso,
entre outros, sendo que a pessoa que requer o refúgio já estará protegida mesmo
antes de receber a concessão, existe até uma lei para gerir o refúgio, que é a Lei
9474/97. Por outro lado existe o asilo, que trata-se de um instituto bem diferente,
nesse caso as garantias apenas serão dadas ao cidadão após a sua concessão, até
lá estará no país ilegalmente, existem duas formas de asilo (MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA E CIDADANIA, 2016), o diplomático (que ocorre quando o requerente
estiver em país estrangeiro e pedir asilo para a embaixada brasileira), ou territorial
( que são os casos de quando os requerentes estão em território nacional), se este
for concedido, o requerente estará ao abrigo do Estado brasileiro, com suas
garantias devidas.
O refúgio é concedido ao imigrante por fundado temor de perseguição por
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas.
Enquanto tramita um processo de refúgio, pedidos de expulsão ou
extradição ficam em suspensos. No caso do asilo, as garantias são dadas
apenas após a concessão. Antes disso, a pessoa que estiver em território
nacional estará em situação de ilegalidade. O asilo pode ser de dois tipos:
diplomático – quando o requerente está em país estrangeiro e pede asilo à
embaixada brasileira - ou territorial – quando o requerente está em território
nacional. Se concedido, o requerente estará ao abrigo do Estado brasileiro,
com as garantias devidas. O conceito jurídico de asilo na América Latina é
originário do Tratado de Direito Penal Internacional de Montevidéu, de 1889,
que dedica um capítulo ao tema. Inúmeras outras convenções ocorreram no
continente sobre o asilo, tal como a Convenção sobre Asilo assinada na VI
Conferência Pan-americana de Havana, em 1928, dentre outras. O asilo
diplomático, assim, é instituto característico da América Latina.
( MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E CIDADANIA, 2016).

Existe um programa chamado JRS (sigla em inglês, Jesuit Refugee Service)


que se trata de um Serviço Jesuíta aos refugiados, sendo que este programa foi
criado em novembro no ano de 1980 pelo então superior geral dos Jesuítas, Pe.
Pedro Arrupe, é uma organização internacional da igreja católica, seu objetivo é
acompanhar, servir e defender as pessoas deslocadas internamente,
particularmente os refugiados sua sede está em Roma sendo que possui mais 10
escritórios regionais, na África existem 2, na Ásia 2, na Europa apenas 1 e na
América2, além do mais existem escritórios nacionais em 50 países. Como explica
Paul Welter:

O Serviço Jesuíta aos Refugiados – (JRS, a sigla em inglês) é desenvolvido


através de seu Escritório Internacional com sede em Roma, e mais 10
Escritórios Regionais (África = 5; Ásia = 2; Europa = 1; América = 2) e com
45

Escritórios Nacionais em 50 países. O JRS foi fundado em novembro de


1980 pelo superior Geral dos Jesuítas, Pe. Pedro Arrupe, como sendo uma
organização internacional da Igreja Católica. Tem como missão
acompanhar, servir e defender as pessoas deslocadas internamente, em
particular os refugiados. Segue os princípios da missão dos jesuítas no
mundo de promover a justiça, o diálogo com outras culturas e religiões.
(2013).

As igrejas no decorrer dos anos vem dando auxilio no recolhimento dos


refugiados e dos imigrantes, e isso é muito importante, pois uma das grandes
dificuldades dessas pessoas é serem acolhidas, pois para muitos são considerados
apenas desconhecidos, e posteriormente os refugiados encontram muitas
dificuldades para fazer os encaminhamentos junto às autoridades do governo
responsáveis para que estes consigam suas documentações, a consequência disso
é o medo que os refugiados sentem, insegurança por não conhecerem ninguém,
para isso existe o auxilio de algumas igrejas, para estabelecer um vínculo de
segurança e confiança. Como explana Paul Welter:

As Igrejas vêm, ao longo de muitos anos, auxiliando no acolhimento dos


refugiados e imigrantes, pois uma das maiores dificuldades que estas
pessoas enfrentam é o acolhimento, e, logo em seguida, dificuldades de
fazer os encaminhamentos junto às autoridades do governo para conseguir
seus documentos. Devido ao medo e à insegurança, sem conhecer
primeiramente ninguém, são nas Igrejas que tais pesssoas estabelecem o
primeiro vínculo de confiança. (2013).

O refúgio é concedido ao imigrante quando este sofre perseguição em razão


da raça, da sua religião, nacionalidade, política ou até mesmo em razões de grupos
sociais, enquanto está em tramite o processo de refúgio os pedidos de expulsão ou
de extradição ficam todos suspensos, sendo que o refúgio possui regras mundiais
bem definidas, além do mais possui também uma regulação pelo instituto
internacional ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
Como podemos observar no site do Ministério da Justiça e da Cidadania:

O refúgio é concedido ao imigrante por fundado temor de perseguição por


motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas.
Enquanto tramita um processo de refúgio, pedidos de expulsão ou
extradição ficam em suspensos. O refúgio tem regras mundiais bem
definidas e possui regulação pelo organismo internacional ACNUR - Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. (2016).
46

Importante lembrar que o refugiado possui direitos e dentre eles o direito de


não ser repatriado. “À luz do princípio da não devolução, ninguém pode ser obrigado
a retornar a um país em que sua vida e liberdade estejam ameaçadas”. Referido
direito está consagrado no artigo 33 da Convenção de 1951 (Convenção sobre
Estatuto dos Refugiados). (PIOVESAN, 2012, p. 209)

Artigo 33. Nenhum dos Estados-contratantes expulsará ou repelirá um


refugiado seja de que maneira for, para as fronteiras dos territórios onde a
sua vida ou liberdade sejam ameaçadas em virtude de sua raça, religião,
nacionalidade, filiação em certo grupo social ou opiniões políticas.

Para que seja concedido o refúgio existem algumas características


necessárias, sendo que estas são essenciais para que se possa pedir o refúgio,
atendendo todas essas características fica mais fácil, pois se trata de um processo
meio lento, então se não forem observadas algumas destas características, o
processo se tornará ainda mais lento, pois corre risco de ser preciso anexar algo
depois do pedido.
As características, segundo o Ministério da Justiça e Cidadania, são as
seguintes:
a) Instituto jurídico internacional de alcance universal;
b) Aplicado a casos em que a necessidade de proteção atinge a um número
elevado de pessoas, onde a perseguição tem aspecto mais generalizado;
c) Fundamentado em motivos religiosos, raciais, de nacionalidade, de grupo
social e de opiniões políticas;
d) É suficiente o fundado temor de perseguição;
e) Em regra, a proteção se opera fora do país;
f) Existência de cláusulas de cessação, perda e exclusão (constantes da
Convenção dos Refugiados);
g) Efeito declaratório;
h) Instituição convencional de caráter universal, aplica-se de maneira
apolítica;
i) Medida de caráter humanitário.
Essas características são necessárias para que seja concedido o refúgio,
que é uma medida que auxilia e ajuda muito os refugiados, para que estes possam
se sentir protegidos, possam ter a possibilidade de recomeçarem suas vidas em um
país diferente do seu, e que possam sentir até mesmo acolhidos pelo novo país que
47

escolheram para viver, pois afinal não é nada fácil mudar sua vida por completo de
uma hora para a outra, ainda mais quando existe aquela saudade do seu país de
origem, a dor de ter que deixá-lo.

3.2 O REFÚGIO NO MUNDO: PAPEL DO ACNUR

Esse contexto de refúgio não vem de hoje, vem desde milhares de anos
atrás, em razão dos grandes impérios do Oriente Médio durante essa época o
acolhimento, o refúgio das pessoas que vinham de uma migração forçada teve
aspectos religiosos, sendo que alguns dos asilos que eram concedidos a criminosos
que estavam em processo de arrependimento perante as divindades da época, nos
templos onde ficavam as imagens das divindades o respeito e o temor por esses
locais era sagrado, era como se os deuses protegessem as pessoas dos
perseguidores, do próprio governo e até mesmo do exército, todos eram proibidos
de entrar.

Durante a Antiguidade Grega e Romana e a Idade Média, o acolhimento das


vítimas de migração forçada ganhou contornos religiosos, sendo o asilo
concedido a criminosos comuns sujeitos ao processo de arrependimento
perante a divindade em templos, onde o respeito e o temor aos locais
sagrados e aos deuses protegiam as pessoas da violência de
perseguidores, governos e exércitos que ali eram proibidos de entrar.
(IKMR, 2016).

O primeiro instrumento internacional a citar o princípio de que os refugiados


não deveriam ser obrigados a voltar ao seu país de origem foi a Convenção de
1933, que é do Estatuto Internacional dos Refugiados, porém só foi ratificada por 8
Estados, outra foi a Convenção de 1938 que se referia aos refugiados da Alemanha,
no mesmo ano 1938 foi criado em Londres um comitê Intergovernamental para os
refugiados, com o objetivo de efetuar reassentamentos.
Em dezembro de 1949 foi criado o ACNUR (Alto Comissariado para os
Refugiados), o qual teve seu prazo marcado para três anos, entretanto foi de tão boa
ajuda que até hoje ainda exerce atividades, suas funções primárias era proporcionar
proteção internacional para os refugiados, procurar soluções que fossem
permanentes para o problema dos refugiados, colaborando também com o governo
para o repatriamento voluntário dos mesmos ou a integração local.
48

As funções primárias do ACNUR foram estabelecidas em duas vertentes:


proporcionar proteção internacional aos refugiados; procurar soluções
permanentes para o problema dos refugiados, colaborando com os
governos para o repatriamento voluntário ou a integração local. (IKMR,
2016).

Antigamente não era muito simples para os refugiados conseguirem asilo,


para poderem conseguir um apoio do país que escolheram viver, hoje em dia está
mais fácil, ainda mais com a grande repercussão que a mídia possui, foi através
dessa grande repercussão que o assunto imigrante, refugiados, refugio, ficou tão em
alta nos últimos anos.
O IKMR em inglês (I KNOW MY RIGHTS), “EU SEI MEUS DIREITOS”, é
uma ONG brasileira não governamental sem fins lucrativos, foi criada em 04 de
Junho de 2012, está sediada em Uberlândia (MG), sendo que esta ONG é a única
que se dedica especificamente a crianças refugiadas, ela é regida pela legislação
contida na Convenção Internacional dos Direitos das Crianças, no ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente), na Convenção de Genebra de 1951 concomitante com
seu protocolo de 1967, na declaração de Cartagena, a Declaração e o Plano do
México, a Lei 9474/97 (Esta Lei define mecanismos para a implementação do
Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina outras providências, de 22 de julho
de 1997) e as Resoluções do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), foi
criada por Vivianne Reis.
Em 2014 a ONG começou a custear viagens para as famílias de menores de
idade nas áreas de conflitos, esse pedido de apoio vem do ACNUR, a agência da
ONU para refugiados, ou pela Cáritas uma organização humanitária ligada à Igreja
Católica. Como cita Gabriela Fujita:

A angústia é partilhada com um voluntário da ONG brasileira IKMR (sigla


em inglês para 'Eu Conheço Meus Direitos'), que comprou as passagens
aéreas e também está lá para receber a família. Neste último ano, foi
exatamente assim como aconteceu à chegada ao Brasil de 14 crianças
refugiadas. Com ajuda da ONG, famílias do Egito, do Congo, da Colômbia e
principalmente da Síria puderam se recompor e pedir refúgio. Criada há três
anos pela mineira Vivianne Reis, 35, a entidade sem fins lucrativos tem por
objetivo ajudar na adaptação de refugiados no Brasil, e em 2014 começou a
financiar viagens até aqui de crianças que estão em locais de grande risco à
sua segurança. Desde setembro do ano passado, a IKMR passou a custear
passagens aéreas para as famílias de menores de idade em áreas de
conflito. O pedido de apoio vem pelo Acnur, a agência da ONU para
refugiados, ou pela Cáritas, organização humanitária ligada à Igreja
49

Católica, que indicam refugiados aqui que deixaram família no país natal.
(2015).

Infelizmente casos de crianças refugiadas são mais comuns do que


podemos imaginar, o mais recente foi o caso da bebê nigeriana que comoveu a Itália
e o mundo, Favour de 9 meses de idade, ganhou as manchetes internacionais, ela
foi resgatada de um barco de refugiados no Mar Mediterrâneo, sua mãe estava
grávida e acabou morrendo durante o trajeto, a bebê recebeu os primeiros socorros
na Ilha italiana de Lampedusa. O médico Pietro Bartolo cita: "Ela estava em bom
estado de saúde. Um grupo de 20 mulheres tinha se revezado para tomar conta dela
depois que sua mãe morreu".
Segundo estatísticas do ACNUR no ano de 2014 houve um aumento
considerável no número de deslocamentos forçados em todo o mundo, sendo que
este foi causado pelas guerras e pelos conflitos, no ano de 2013 o ACNUR informou
que o número de deslocamentos afetava 51.2 milhões de pessoal, sendo que este
era o número mais alto desde a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, ocorre que
no ano de 2014 esse número subiu para 59.5 milhões de pessoas, ocorreu um
grande aumento dentro de um ano, cerca de 8.3 milhões de pessoas a mais foram
forçadas a fugir. Dentre esse número exorbitante, 19.5 milhões eram refugiados,
pessoas que se obrigaram a sair de seu país em razão de perseguições.

O ano de 2014 testemunhou o dramático aumento do deslocamento forçado


em todo o mundo causado por guerras e conflitos, registrando níveis sem
precedentes na história recente. Há um ano, em 2013, o ACNUR anunciou
que os deslocamentos forçados afetavam 51,2 milhões de pessoas, o
número mais alto desde a Segunda Guerra Mundial. Doze meses depois, a
cifra chegou a impressionantes 59,5 milhões de pessoas, um aumento de
8,3 milhões de pessoas forçadas a fugir. Durante 2014, os conflitos e as
perseguições obrigaram uma média diária de 42.500 mil pessoas a
abandonar suas casas e buscar proteção em outro lugar, dentro de seus
países ou fora deles. Aproximadamente 13,9 milhões de indivíduos
tornaram-se novos deslocados em 2014. Entre eles, 11 milhões de
deslocados dentro de seus países, um número nunca antes registrado, e 2,9
milhões de novos refugiados. Dos 59,5 milhões de pessoas deslocadas
forçadamente até 31 de dezembro de 2014, 19,5 milhões eram refugiados
(14,4 milhões sob mandato do ACNUR e 5,1 milhões registrados pela
UNRWA), 38,2 milhões de deslocados internos e 1,8 milhão de solicitantes
de refúgio. (ACNUR, 2016).

No ano de 2014 o Brasil foi o país que mais recebeu solicitações de refúgio
na América Latina, os sírios foram os que mais pediram, o Brasil registrou um
aumento de 2.31% no número de solicitações de refúgio por parte de estrangeiros,
50

sendo que essa comparação é em relação ao ano de 2010. Um grande desafio para
o Ministério da Justiça é criar mecanismos para que esses solicitantes tenham o
perfil mais próximo possível de refugiados, para que esse refúgio não seja apenas
uma forma de conseguir entrar no país sem enfrentar as vias legais de imigração.
(FRANCO, 2016). Mesmo o número de solicitação sendo grande, o Ministério
consegue atender diariamente apenas 15, infelizmente isso faz com que a espera
entre o pedido e o reconhecimento demore, sendo que essa demora dura em média
13 anos. Como cita Marina Franco:

O Brasil registrou em 2014 um aumento de 2.131% no número de


solicitações de refúgio por parte de estrangeiros em comparação a 2010, o
maior desafio do Ministério da Justiça é criar mecanismos para que os
solicitantes tenham o perfil mais próximo possível de refugiado e que o
refúgio não seja uma maneira de entrar no país sem enfrentar as vias legais
de imigração, apesar do grande número de solicitações, o ministério
consegue atender apenas 15 por dia, admite o diretor adjunto. Isso faz com
que a espera entre o pedido e o reconhecimento demore, em média, 13
anos. (2015).

Há um número grande de solicitações de refúgio, porém o número de


atendimentos diários acaba sendo muito pequeno, ainda mais em comparação com
o número elevadíssimo de solicitações, isso faz com que os refugiados aguardem
por muito tempo até receberem uma resposta se o seu refúgio será aceito ou não,
essa espera causa angustia em muitas pessoas.

3.3 O STATUS DE REFÚGIO NO BRASIL: PROCEDIMENTO

O Brasil sempre foi um país que deu a maior força para os refugiados,
sempre foi um país pioneiro na defesa dos mesmos foi um dos primeiros países a
ratificar a convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 no ano de 1960,
também um dos integrantes do Comitê Executivo do ACNUR, sendo responsável
pela aprovação dos programas e dos orçamentos anuais da agência. No Brasil o
trabalho que o ACNUR realiza é embasado nos mesmos princípios e funções que
em qualquer outro país, ou seja, proteger os refugiados e soluções duradouras para
seus problemas. Antônio Guterres cita:

O Brasil sempre teve um papel pioneiro e de liderança na proteção


internacional dos refugiados. Foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a
51

Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, no ano de 1960.


Foi ainda um dos primeiros países integrantes do Comitê Executivo do
ACNUR, responsável pela aprovação dos programas e orçamentos anuais
da agência. (2016).

Para que haja a solicitação do refúgio no Brasil, é necessário estar no


território nacional. Após a chegada no Brasil o refugiado que se sentir vítima de
perseguição em seu país de origem deve, a qualquer momento, procurar uma
Delegacia da Polícia Federal ou uma autoridade migratória na fronteira e solicitar de
forma expressa o refúgio para que assim possa adquirir a proteção do governo
brasileiro, o estrangeiro que por sua vez solicita o refúgio no Brasil não pode ser
deportado para território ou até mesmo na fronteira do país onde se sentiu
ameaçado.
Após isso o refugiado receberá um protocolo provisório que terá a validade
de 01 ano e será renovável até a decisão final do CONARE (Comitê Nacional para
Refugiados) a respeito do refugio, esse protocolo passa a ser o documento de
identidade do refugiado no Brasil, serve como prova da situação migratória regular
no país, de que está totalmente protegido e que não poderá ser devolvido a seu país
de origem, através desse protocolo é permitido à obtenção da CTPS (Carteira de
Trabalho) e CPF (Cadastro de pessoa física) e pode também acessar todos os
serviços públicos disponíveis no Brasil. Podemos observar na Cartilha para
solicitantes de refúgio no Brasil:

Este protocolo será seu DOCUMENTO DE IDENTIDADE no Brasil. Ele


serve de prova da sua situação migratória regular e de que você está
protegido e não pode ser devolvido para país onde sua vida esteja em risco.
Com este protocolo você terá direito a obter CARTEIRA DE TRABALHO
(CTPS) e CADASTRO DE PESSOA FÍSICA (CPF) e acessar todos os
serviços públicos disponíveis no Brasil. (2016, p.4).

O Brasil procura sempre métodos para ajudar os refugiados a que possam


se sentir seguros, e além do mais, dá novas oportunidades para que possam
recomeçar suas vidas da melhor forma possível, podendo ter uma carteira de
trabalho, para que através disso possam obter um emprego, receber um salário
digno e é claro todos os benefícios que têm direito.
Existe uma cartilha especialmente para os solicitantes de refúgio no Brasil,
nessa cartilha eles podem encontrar procedimentos, decisão de casos, direitos e
deveres dos refugiados e algumas informações importantes. Uma informação muito
52

importante para os solicitantes de refúgio é que enquanto o pedido estiver sendo


analisado, eles têm o direito de não ser investigados ou multados em razão de ter
ingressado irregularmente no país.
Em relação ao trabalho, os solicitantes de refúgio possuem o direito de ter a
carteira de trabalho, podem trabalhar formalmente, além de ter os mesmos direitos
inerentes a qualquer outro trabalhador. Podemos observar na Cartilha para
solicitantes de refúgio no Brasil:

Enquanto o pedido de refúgio estiver sendo analisado, os solicitantes de


refúgio têm o direito de não serem investigados ou multados pelo ingresso
irregular no território brasileiro. Os solicitantes de refúgio têm direito a
carteira de trabalho, podem trabalhar formalmente e são titulares dos
mesmos direitos inerentes a qualquer outro trabalhador no Brasil. O Brasil
proíbe o trabalho de menores de 14 anos, o trabalho em condições
análogas à de escravo e a exploração sexual. (2016, p. 5).

Relacionado com a educação, esses solicitantes de refúgio, possuem o


direito de frequentar as escolas públicas de ensino fundamental e também ensino
médio, também podendo participar daqueles programas públicos de capacitação
profissional. Falando de saúde, estes têm direito de serem atendidos em qualquer
hospital público e postos de saúde em todo o território nacional. Estes também não
podem sofrer nenhuma forma de discriminação. Como está citado na Cartilha para
solicitantes de refúgio no Brasil:

Os solicitantes de refúgio têm o direito de frequentar as escolas públicas de


ensino fundamental e médio, bem como de participar de programas públicos
de capacitação técnica e profissional. Os solicitantes de refúgio podem e
devem ser atendidos em quaisquer hospitais e postos de saúde públicos no
território nacional. Ninguém pode ter seus direitos restringidos em razão da
cor da sua pele, pelo fato de ser mulher ou criança, por sua orientação
sexual, por sua situação social, por suas condições econômicas ou por suas
crenças religiosas. O racismo é considerado crime no Brasil. (2016, p. 6).

Entretanto, como todos os outros cidadão brasileiros, possuem deveres, os


quais precisam cumprir, deveres estes que são necessários para que haja um bom
convívio entre os cidadãos, e para que seja mantida a ordem, deveres estes, tais
como, respeitar as leis, as quais são impostas a todos os cidadãos, respeitar as
pessoas e entidades, sendo elas públicas ou privadas, devem também renovar o
seu protocolo provisório de solicitação de refúgio nos locais designados, informar o
seu domicílio e sempre mantê-lo atualizado nas Delegacias de Polícia Federal e
53

também junto ao CONARE. Como observamos na Cartilha para solicitantes de


refúgio no Brasil:

Obrigações dos solicitantes de refúgio no Brasil: Respeitar todas as leis.


Respeitar as pessoas, entidades e organismos públicos e privados. Renovar
seu Protocolo provisório de solicitação de refúgio nas Delegacias de Polícia
Federal e mantê-lo sempre atualizado. Informar seu domicílio e mantê-lo
atualizado nas Delegacias de Polícia Federal e junto ao CONARE. (2016, p.
7).

Todos os pedidos existentes de refúgio no Brasil são decididos por um órgão


chamado CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), esse órgão é vinculado
ao Ministério da Justiça, sendo que os seus componentes são representantes do
Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Justiça, do Ministério do
trabalho, do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação, juntamente com o
Departamento de Polícia Federal e de organizações da sociedade civil, sendo que
estas possuem atividades relacionadas com a integração local e a proteção aos
refugiados, em relação ao ACNUR e a Defensoria Pública da União possuem um
assento no qual estes têm direito a voz, entretanto não possuem o direito a voto.
Como esta citado na Cartilha para solicitantes de refúgio no Brasil:

Todos os pedidos de refúgio no Brasil são decididos pelo Comitê Nacional


para os Refugiados (CONARE), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e
composto por representantes do Ministério da Justiça, do Ministério das
Relações Exteriores, do Ministério do Trabalho, do Ministério da Saúde, do
Ministério da Educação, do Departamento de Polícia Federal e de
organizações da sociedade civil dedicadas a atividades de assistência,
integração local e proteção aos refugiados no Brasil. O ACNUR e a
Defensoria Pública da União têm assento no CONARE com direito a voz,
porém sem direito a voto. (2016, p.8)

Felizmente existem órgãos para auxiliar e ajudar os refugiados no que for


preciso, pois seria muito ruim se essas pessoas além de chegarem num país
diferente do seu, com uma cultura diferente, economia diferente, ainda se sentissem
desamparados, seria muito frustrante para esses refugiados se abandonassem seu
país de origem imaginando que chegariam em um país desconhecido, mas que
conseguiriam mudar de vida e bem no final não conseguissem apoio, não
arranjassem emprego, moradia e principalmente o apoio necessário para que
possam reconstruir suas vidas e possuírem todos os seus direitos, esses programas,
órgãos e instituições dão todo o auxilio necessário para essas pessoas, para que
54

possam recomeçar suas vidas, mais tranquilos, com todos os direitos que um
cidadão brasileiro possui.
55

CONCLUSÃO

Com a finalização do trabalho de pesquisa, foi possível verificar que os


conflitos que existem entre as nações não são apenas atuais, de tempos mais
remotos já existiam conflitos, e infelizmente esses conflitos acabam prejudicando as
pessoas, que ficam amedrontadas com medo de perder suas vidas e de seus
familiares, de serem vítimas de atentados, medo de que seus filhos não retornem da
escola, esse medo que aflige as pessoas faz com que elas procurem fugir dessa
situação.
Os conflitos na história mundial acabam ocasionando deslocamento da
população que fugindo de regiões em guerra, migram ou imigram e se propõem
iniciar uma nova vida em lugar seguro, ou residir em outro local por tempo
determinado até que cessem os bombardeios.
Existem mecanismos jurídicos de apoio às pessoas vítimas desses conflitos.
Um desses instrumentos de apoio é o refúgio, status que as pessoas buscam em
outro país para que possam recomeçar suas vidas longe dos conflitos que o fizeram
abandonar sua terra natal.
Entretanto, acabam encontrando muitas dificuldades para conseguir um lugar
para morar, um bom emprego para que possam sustentar suas famílias. Existem
instituições especializadas para ajudar esses refugiados, pois num primeiro
momento chegando em um país diferente do seu, se sentem acuados, sozinhos,
com medo, essas instituições acabam dando um primeiro apoio, para que possam
sentir acolhimento.
Outra dificuldade que os refugiados acabam encontrando é o preconceito que
algumas pessoas ainda têm em relação a eles. Algumas pessoas mal informadas
imaginam que os refugiados fogem dos seus países de origem por serem
criminosos, que buscam outro país para não precisar acertar suas contas com a
polícia, além disso, ficam com medo que esses refugiados acabem deixando o
mercado de trabalho extinto, que estes acabem “roubando” o trabalho dessas outras
pessoas. Isso ocorre com pessoas mal informadas, que não sabem a situação que
os refugiados passam para que decidam deixar sua terra natal e se aventurar a
reconstruir suas vidas em um país diferente, desconhecido para eles.
56

Para que os refugiados se sintam protegidos juridicamente, existem


mecanismos que estes podem utilizar para garantir os seus direitos, precisam
buscar apoio, para que possam permanecer no país, para conseguir regularizar sua
documentação e poder buscar um emprego, receber um salário digno, e todos os
benefícios os quais têm direito, além disso, possuem direito a moradia, saúde,
educação. Esses refugiados encontram proteção no Direito Internacional, não
podendo sofrer perseguição em razão da sua cor, raça, religião, opinião política,
entre outros.
O Brasil foi um país que sempre acolheu os refugiados, tanto que no ano de
2014 foi o país que mais recebeu refugiados em toda a América Latina, o Brasil
sempre foi um país pioneiro na proteção internacional dos refugiados, após a
chegada ao país os refugiados devem buscar auxilio com as autoridades
competentes e solicitar de forma expressa o refúgio, com isso este estará protegido
pelo Governo brasileiro, por exemplo, o solicitante de refúgio não pode ser
deportado.
O país (Brasil) dá todo o apoio para o solicitante de refúgio, este terá direito a
ter uma educação pública, como programas de capacitação técnica e profissional,
podendo também serem atendidos em hospitais públicos, nos postos de saúde,
entretanto como todo cidadão brasileiro também possuem deveres que devem ser
seguidos e respeitados, para que tenha um bom convívio entre os cidadãos e para
que seja mantida a ordem pública, estes também devem renovar o seu protocolo de
solicitação de refugio nos locais autorizados, e sempre devem manter o seu
endereço atualizado.
57

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