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ALESSANDRA BARBOSA
VACARIA
2016
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ALESSANDRA BARBOSA
VACARIA
2016
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Aprovado(a) em ___/___/_____.
Banca Examinadora
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AGRADECIMENTOS
Ayrton Senna
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RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 9
1 A REALIDADE MUNDIAL SOBRE CONFLITOS ENVOLVENDO NAÇÕES........11
1.1 OS CONFLITOS MUNDIAIS NA HISTÓRIA........................................................11
1.2 OS CONFLITOS MUNDIAIS ATUAIS..................................................................16
1.3 PROBLEMAS LOCAIS SURGIDOS EM DECORRÊNCIA DOS CONFLITOS....22
2 A IMIGRAÇÃO COMO SOLUÇÃO PARA CONTINUAR A VIVER.......................28
2.1 A NECESSIDADE DE ABANDONAR A TERRA NATAL.....................................28
2.2 MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO, CLANDESTINIDADE...............................................33
2.3 OS DESAFIOS DE SOBREVIVÊNCIA EM MEIO A OUTRA REALIDADE
ECONÔMICA, CULTURAL E SOCIAL......................................................................37
3 PROTEÇÃO INTERNACIONAL.............................................................................42
3.1 CONDIÇÕES JURÍDICAS DE APOIO AO IMIGRANTE: REFÚGIO....................42
3.2 O REFÚGIO NO MUNDO: PAPEL DO ACNUR.................................................47
3.3 O STATUS DE REFÚGIO NO BRASIL: PROCEDIMENTO................................50
CONCLUSÃO............................................................................................................55
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 57
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INTRODUÇÃO
Uma das razões para o início da guerra foi o assassinato do príncipe austro-
húngaro Francisco Ferdinando e de sua esposa, que foram assassinados por um
sérvio, que fazia parte de um grupo terrorista chamado Mão Negra, após o
acontecido o Império Austro- Húngaro acabou por decretar guerra contra a Sérvia.
No ano de 1917 os Estados Unidos também entraram na guerra, se posicionando ao
lado da Tríplice Entente. Como está bem embasado no livro do projeto Radix, Raiz
do conhecimento, história do autor Cláudio Vicentino:
A união dos Estados Unidos com a Tríplice Entente foi crucial para a vitória
da mesma, os países derrotados tiveram de assinar uma rendição, com isso foi
assinado o Tratado de Versalhes, o mesmo foi escrito pelos países vitoriosos, o
tratado impôs aos derrotados algumas restrições, mas serviu para declarar a paz
com a Alemanha, além do mais serviu também para criar a chamada Liga das
Nações a qual se destinava a garantir a paz internacional, entretanto não foi tão
eficaz, pois alguns países, tais como, a Rússia e a Alemanha não foram convidadas
a participar, outros tratados também foram assinados acordando em várias
questões.
Infelizmente os conflitos sempre trazem devastação e desgraça para seu
povo, em relação à Primeira Guerra Mundial não foi diferente, houve muita
desgraça, muitas pessoas mortas, centenas de famílias acabadas, crianças
inocentes ficaram órfãs, os Estados Unidos acabou se tornando o país mais rico do
mundo, ocorreu um grande aumento de desemprego na Europa, alguns países
tiveram que começar a se industrializar, pois houve grande bloqueio nas
importações, o Brasil foi um desses países. Como cita Cláudio Vicentino:
Outro conflito que também foi bem importante na história foi a Guerra Fria,
um conflito que aconteceu entre os Estados Unidos e a União Soviética, esse
conflito ocorreu em 1945 até o final dos anos 1980, todo esse conflito ocorreu pela
diferença econômica entre países, alguns socialistas e outros capitalistas, a União
Soviética era socialista e buscavam implantar o socialismo em alguns outros países,
já os Estados Unidos extremamente capitalistas, os socialistas queriam a igualdade
social, por outro lado os capitalistas queriam a expansão do sistema que era
baseado na economia de mercado.
Durante o período do conflito, ambos se enfrentaram diversas vezes, ocorre
que como ambos possuíam um grande armamento nuclear, o que poderia causar
muita destruição, sem haver um vencedor, com isso os dois influenciaram conflitos
15
Nesse mesmo ano, para fazer frente ao Plano Marshall, foi criado o
Conselho para a Assistência Mútua (Comecon), visando à colaboração,
integração e planificação econômica dos países do Leste Europeu e da
União Soviética. (2013, p.175)
Entretanto, esse conflito também teve seu lado positivo, pois serviu para que
fosse desenvolvida a tecnologia dos foguetes e também das armas nucleares que
são cada vez mais poderosas no mundo, além do mais também serviu para a
organização das estruturas militares relacionadas com a informação e a inteligência,
não deixando de esquecer que a Guerra Fria também foi uma guerra pelo domínio
da tecnologia espacial e também do próprio espaço aéreo. Como bem transcreve o
autor Cláudio Vicentino:
causar medo, fazendo muitas vezes com que as pessoas optassem por buscar uma
nova perspectiva de vida fora do seu país de origem, algumas crianças perderam
seus pais, acabaram ficando órfãs e crescendo com o trauma que o conflito lhe
deixou, como pais também viram seus filhos morrerem sem poderem fazer nada.
Mesmo havendo consequências com um lado positivo, como ocorreu com a
Guerra Fria, como foi o caso do grande avanço na tecnologia aéreo-espacial, e no
armamento nuclear, houve um grande avanço também relacionado às atividades
militares que tratavam dos aspectos relacionados à informação e a inteligência,
ainda é muito importante que sejam observadas as consequências atrozes que uma
guerra causa às pessoas, e que não são poucas, mas sim, milhares de vítimas.
Nos dias atuais assim como nos tempos passados, ainda continuam
ocorrendo conflitos, batalhas, guerras, pelas mesmas razões antes existentes, e a
sociedade internacional ainda continua buscando melhores soluções e aprimorando
as já existentes para melhor resolver esses problemas, a fim de demonstrar para a
sociedade uma segurança maior nas relações internacionais.
A maioria dos conflitos mundiais hoje já vêm de um legado deixado pelos
grandes conflitos passados, conflitos estes que deixaram uma imensa devastação,
tanto física quanto psicológica, pois várias pessoas perderam seus entes queridos,
grande parte das pessoas optou por abandonar seu lugar de origem para tentar
buscar algo novo, um novo rumo para suas vidas e quem sabe de uma forma mais
segura.
Com o surgimento de novas tecnologias usadas nas guerras, dispensando
“o confronto face a face das forças armadas dos países beligerantes, e permitindo o
lançamento a grandes distâncias de “mísseis balísticos contra alvos estratégicos”, se
passou a esperar que não amis civis fossem vítimas das guerras, entretanto o que
ocorreu foi justamente o contrário, e a Guerra do Golfo de 1991, foi exemplo, já que
“as forças americano-europeias aprisionaram nada menos que 65.000 iraquianos.
Ademais a imposição de um bloqueio econômico ao Iraque sem limitação, provocou
fome e o alastramento de doenças em toda a população civil” (COMPARATO, 2011,
p. 267).
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abalou a população e ocasionou uma grande revolta popular. Como cita Rodolfo
Alves Pena:
A atual Guerra do Iraque que vem ocorrendo de tempos atrás até os dias
atuais ocorreu em razão dos Estados Unidos, que após o ataque que ocorreu em 11
de Setembro 2001 contra o World Trade Center optou por declarar uma guerra
contra o terror, ou seja, uma guerra contra os países que pudessem colocar em risco
a paz mundial, e dentre esses países está o Iraque, que na época do ocorrido era
liderado por Saddam Hussein, os Estados Unidos até tentaram através da ONU
provar que o Iraque tinha grandes reservas de armas químicas, com isso o então
presidente dos Estados Unidos George Bush, ameaçou atacar o Iraque se o governo
do mesmo não se comprometesse a dar um fim ao seu arsenal armamentista. Como
cita Rainer Sousa:
Alguns militares não concordavam com as ordens que eram dadas para que
atirassem nos cidadãos e se negavam a cumprir as ordens, alguns dos soldados
foram expulsos, um grupo de desertores e cidadãos criaram um grupo chamado
Exército Livre da Síria para que pudessem lutar contra a força bruta governamental,
após formaram um organização chamada de Conselho Nacional da Síria, a partir
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disso a guerra se tornou ainda mais severa, em 2012 os conflitos estavam tão
violentos que ficou considerado como uma Guerra Civil até mesmo pela Cruz
Vermelha, sendo assim, foram abertas investigações referentes aos crimes de
guerra e também aplicações do Direito Humanitário Internacional concomitante com
decisões acertadas nas Convenções de Genebra. Com toda essa guerra envolvendo
a nação milhões de pessoas começaram a buscar refúgio em outros países como o
Líbano, por exemplo, que é um país vizinho a Síria, as pessoas amedrontadas com
todo o conflito que estava acontecendo, com medo de perderem seus empregos,
suas famílias principalmente e até mesmo as suas próprias vidas, optaram por
arriscar suas vidas e de seus familiares se aventurando e mudando suas vidas
completamente, buscando novas formas para viver. Conforme Felipe Araújo:
as suas famílias das desgraças que acontecem, que arriscam muitas vezes as suas
vidas entrando de forma ilegal em outros países, infelizmente isso acontece e não
são poucos casos, famílias que estão apenas buscando uma forma segura de viver
acabando se perdendo pelo caminho.
dos casos que chocaram o mundo todo, foi o do menino turco que morreu afogado,
o menino Aylan Kurdi tinha apenas 3 anos de idade, estava junto com sua família
ambos procuravam fugir da sua cidade natal Kobane no norte da Síria para
escaparem da invasão do grupo jihadista Estado Islâmico, eles queriam fugir para o
Canadá pois havia um parente que morava lá, Aylan, sua mãe e seu irmão,
acabaram morrendo afogados no Mar Mediterrâneo durante a travessia da Turquia
para Grécia, a família apenas buscava uma forma de se proteger fugindo de todo
aquele tumulto, estavam tentando proporcionar um futuro melhor para os filhos e
esse pai acabou ficando sem seus filhos e sem a sua esposa. Abdullah Kurdi deu
seu depoimento para os repórteres jornalísticos: “Como pai que perdeu os filhos,
não tenho mais nada o que esperar deste mundo. A única coisa que gostaria é que o
drama e os sofrimentos na Síria acabassem que a paz retornasse".
Nessa travessia morreram mais pessoas, não foram apenas os da família
Kurdi, durante essa travessia morreram mais 9 refugiados Sírios que também
buscavam fugir dos conflitos armados que estavam acontecendo na Síria, esse caso
do menino ganhou bastante enfoque na mídia pois o corpo do garoto foi encontrado
na praia de Bodrum com o rosto virado para baixo, chocou bastante a sociedade por
se tratar de uma criança de apenas 3 anos, mais isso infelizmente ocorre
diariamente com diversas pessoas, que para fugir da violência acabam muitas vezes
perdendo a vida na busca de um futuro melhor.
Outro exemplo que temos de que os refugiados buscam abrigo em outros
países, mas que na maioria das vezes acabam perdendo suas vidas, e isso não
ocorre somente pelo mar, no ano de 2015 aconteceu um incidente com mais de 50
imigrantes que estavam buscando abrigo em países da União Europeia, os
refugiados foram encontrados mortos dentro da caçamba de um caminhão
abandonado em uma estrada da Áustria próximo a fronteira da Hungria, o motorista
não foi encontrado, ainda há uma especulação a respeito da morte dos refugiados,
se saíram de seus países de origem já mortos, ou se foram mortos no decorrer da
viagem, a polícia por sua vez acusa atravessadores que partiram da Hungria, pela
morte de todos os refugiados. Como cita Ronaldo Zak:
Pelo menos 70 imigrantes ilegais foram achados mortos por asfixia dentro
da caçamba de um caminhão abandonado em uma estrada na Áustria,
perto da fronteira com a Hungria. O número de vítimas é maior que o inicial
estimado entre 20 e 50, informou o governo austríaco. O motorista do
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Outro lado que também deve ser observado, é que muitas vezes quando o
país recebe o refugiado e dá asilo para o mesmo, este não sabe reconhecer e acaba
agindo de uma forma errada, acaba fazendo atos impensados que posteriormente
acabam afetando não só ele, mas também todos os outros refugiados, isso acaba
por deixar a imagem dos refugiados negativa, faz com que as pessoas e os países
pensem duas vezes antes de dar asilo novamente, acabam generalizando, como se
todos os refugiados fossem agir da mesmo forma, de uma forma violenta.
As pessoas se sentem amedrontadas com os conflitos existentes em seu
país e buscam proteção em outro, só que isso não é de hoje, isso já ocorria tempos
atrás, o que acontece é que de um tempo pra cá, os conflitos passaram a ser uma
forma ilícita de resolver os problemas existentes, sendo que antes era a forma usada
para solucionar os problemas. Como menciona Francisco Resek:
O fato de ser hoje a guerra um ilícito internacional não deve fazer perder de
vista que até o começo do século XX ela era uma opção perfeitamente
legítima para que se resolvessem pendências entre Estados. Por isso o
direito internacional clássico abrigou amplo e pormenorizado estudo da
guerra e da neutralidade. (2011).
refugiados entre 14 e 17anos, foi morta a facadas por um jovem de 15 anos, a vítima
tinha origem libanesa e se chamava Alexandra Mezher, o agressor foi detido no
próprio local, o Primeiro Ministro Sueco comentou que já pode haver muitas pessoas
preocupadas com a possiblidade de crimes como este acontecerem novamente,
visto que o país recebe milhares de crianças e adolescentes que são requerentes de
asilo.
como se quisessem invadir seu país e retirar o melhor que eles têm, retirar seus
empregos por exemplo. Segundo Garcia:
Muitas vezes não são valorizados também no país hospedeiro, são vistos
como pragas, como "ladrões de emprego", mesmo que muitas vezes só
consigam sub-empregos ou aqueles empregos que o nativo não quer. A
visão do imigrante, em geral, tem se tornado negativa. Não importa mais se
qualificado ou não, se necessitando escapar ou não. A ideia é a de que
mesmo hoje num sub-emprego, amanhã seu filho terá condições de disputar
com o nativo, tomando seu "lugar de direito". Desperdiçamos desta maneira
o imigrante e o imigrante passa a ele próprio se sentir desperdiçado. (2015).
Existem vários motivos para que as pessoas optem por abandonar seu país
para se aventurar, arriscar suas vidas para que possam recomeçar em outro país,
entre esses motivos esta a questão religiosa, pessoas que não se sentem bem que
se sentem muitas vezes inseguras por morarem num país em que a religião é posta
acima de qualquer coisa, muitas acabam matando em nome da religião, o motivo
econômico também é um dos grandes causadores da imigração, pois na maioria dos
casos as pessoas trabalham, mas recebem pouco, e infelizmente o custo de vida
acaba sendo maior do que o próprio salário, o que faz com que as pessoas acabem
passando muita necessidade, e queiram buscar uma forma de sobreviver na qual
pelo menos consigam custear suas necessidades básicas.
Os conflitos também são grandes motivadores para que as pessoas
abandonem seu país e busquem refugio em outro, os conflitos geram muita
destruição, consequentemente as pessoas acabam ficando sem casas, sem
emprego, ficam amedrontadas, por essa razão acabam buscando abrigo em outro
país, um lugar no qual possam recomeçar suas vidas, possam ter um bom emprego,
uma casa para morar, dar uma boa educação para seus filhos e acima de tudo
terem segurança.
A República Árabe Síria enfrenta, desde março de 2011, uma guerra civil
que já deixou pelo menos 130 mil mortos, destruiu a infraestrutura do país e
gerou uma crise humanitária regional. Os manifestantes também acusavam
o governo de corrupção e nepotismo. Aos poucos, com a repressão violenta
das forças de segurança, os protestos foram se espalhando pelo país e se
transformando em uma revolta armada, apoiada por militares desertores e
por grupos islamitas. (G1, 2016)
Esses conflitos fez com que as pessoas ficassem com medo de tanta
violência e mais de 2 milhões abandonaram o país para buscar refúgio em nações
vizinhas, sendo assim aumentou a tensão entre os países, outra parte de 4,5
milhões de sírios tiveram que se deslocar dentro do próprio país para tentarem fugir
dos conflitos, entre os anos de 2013 e 2014 confrontos entre os rebeldes islamitas e
31
fazendo com que cresça o número de mortos e de refugiados. Essas razões fazem
com que as pessoa se cansem de viver na miséria e viverem com medo e busca
uma solução em outro país. Como escreve Rodolfo Alves:
Outro dado muito preocupante relacionado ao Sudão do Sul, que faz com que
as pessoas busquem refúgio em outro país é que o Sudão do Sul está recrutando
crianças para participarem da guerra, as crianças são retiradas de seus país e são
posta para lutar nos conflitos, há dados de que mais de 16 mil crianças no ano de
2015 foram retiradas de seus lares para atuarem nos conflitos. Segundo Nivaldo
Pereira da Costa:
Foi revelado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que
aproximadamente dezesseis mil crianças foram tiradas à força de suas
casas em 2015 pelas diferentes partes que estão em guerra no Sudão do
Sul.(2015).
Desde o início desse ano a situação das crianças no Sudão do Sul tem
piorado com o aliciamento e o aproveitamento incessante delas. Meninos
são usados pelas forças e grupos armados e as meninas servem como
escravas sexuais. Chamadas popularmente de "crianças soldados", elas
não exercem funções só como combatentes ou fazendo serviços de
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Por outro lado, também existe a palavra imigração, que mesmo tão
semelhante com migração, possui algumas diferenças, o sentindo de mudança
nesse aspecto ocorre quando as pessoas mudam para outro país, você passa das
fronteiras do seu país por isso você não está fazendo mais uma migração, você sai
do seu país de origem e resolve imigrar para outro, por razões estas que também
podem ser diversas, motivos políticos, econômicos, em razão dos conflitos
existentes em seu país de origem muitas vezes.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda migração é “o sentido de mudança de
um local para o outro de migração continua, mas quando você muda de país você
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faz uma imigração. Você está saindo às fronteiras de seu país e por isso passa a ter
um nome diferente para você”. (2014).
Algumas pessoas quando migram ou até mesmo quando imigram, não
possuem uma condição financeira satisfatória para viajarem em uma condição
adequada, ou seja, essas pessoas arriscam suas vidas para fugir dos problemas em
seus países por uma rota alternativa, de forma clandestina, pois essas pessoas não
têm condições e nem tempo para esperar toda aquela burocracia necessária.
O que infelizmente acaba gerando graves acidentes, pois estas rotas
clandestinas não possuem segurança alguma, várias pessoas acabam morrendo
durante a travessia, famílias inteiras acabam perdendo a vida, as pessoas morrem
em busca de seus sonhos, em busca de uma nova esperança, de um lugar bom
para viver, para criar seus filhos. Um dos exemplos dos quais chocou bastante a
sociedade foi o caso do menino sírio que morreu afogado, esse foi um exemplo de
um pai que perdeu toda a sua família, sua esposa, seus filhos, numa tentativa de
buscar uma vida nova para sua família. Como cita o pai do menino Abdullah Kurdi:
A imigração não existe de hoje, isso já ocorria tempos atrás, o Brasil ao lado
da Argentina, Estados Unidos e Canadá, na virada do século XIX para o século XX
foi um dos principais destinos escolhidos pelos imigrantes europeus, estes se
mudavam para o continente americano, para buscarem emprego e uma melhor
ascensão social. Dentre o ano de 1887 e 1930, adentraram no país 3.8 milhões de
estrangeiros, sendo distribuídos em, 35.5% italianos, 29% portugueses, 14.6%
espanhóis, 3.7% alemães, a partir do ano de 1908, começou a chegada de
japoneses, o que fez ocorrer uma grande Revolução na produção agrícola brasileira.
Como citam Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi:
Infelizmente a vida dos refugiados acaba sendo tão complicada no país que
eles escolheram morar quanto naquele do qual eles resolveram sair, muitas buscam
refugio num lugar novo imaginando que vão encontrar uma vida melhor, que irão
conseguir um bom emprego, moradia, alimentação, mas nem sempre é isso que
acontece, muitos acabam batendo na dificuldade que é sobreviver em um lugar
totalmente diferente, com uma cultura diferente, hábitos diferentes, uma economia
diferente, mas mesmo com todos esses empecilhos, a maioria não se arrepende de
ter arriscado a própria vida a vida de sua família, pelo sonho da busca de construir
uma vida nova em outro lugar, no qual possam pelo menos viver tranquilos, sem
aquela angustia de saber se estarão vivos no dia seguinte.
Um país que é consideravelmente hospitaleiro com os refugiados é o Brasil,
mesmo tendo um número consideravelmente pequeno de refugiados a aceitação
dos mesmo é grande, além do país já ter uma fama de ser um país acolhedor com
os estrangeiros, a receptividade das autoridades brasileiras também é alta. Segundo
Nádia Pontes:
Até o ano passado, o Paquistão era a nação que abrigava o maior número
de pessoas que precisaram abandonar sua terra de origem, cerca de 1,9
milhão, seguido pelo Irã, com 1,1 milhão, e pela Síria, 1 milhão. A Alemanha
aparece em quarto lugar, com 594 mil refugiados vivendo no país. Os
refugiados se deparam com muitas restrições nos países ricos, eles passam
a considerar as nações mais pobres como a única opção de moradia.
(2011).
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Existem vários países que estão em conflitos o que faz com que as pessoas
busquem se refugiar em outros países, buscando uma melhor condição de vida e
acima de tudo segurança para si e para suas famílias, em 2010 cerca de 3 milhões
de afegãos se obrigaram a fugir de seu país e buscar refugio em outro, na
sequência, por volta de 1,7 milhões de iraquianos, 770 mil somalianos, 476 mil
congoleses e 415 mil Myanmar, sendo que não foram computados os casos da
Síria, Líbia e Tunísia, o número de refugiados é extremamente grande, isso
demanda uma grande organização por parte dos países em que recebem esses
refugiados, segundo números do Acnur as mulheres representam em média 49%
das pessoas que são atendidas pelo Acnur, sendo que estas constituem 47% dos
refugiados, os menores de 18 anos constituem 39% do grupo de refugiados e 31%
no grupo de pedido de asilo. Conforme Nádia Pontes:
3 PROTEÇÃO INTERNACIONAL
escolheram para viver, pois afinal não é nada fácil mudar sua vida por completo de
uma hora para a outra, ainda mais quando existe aquela saudade do seu país de
origem, a dor de ter que deixá-lo.
Esse contexto de refúgio não vem de hoje, vem desde milhares de anos
atrás, em razão dos grandes impérios do Oriente Médio durante essa época o
acolhimento, o refúgio das pessoas que vinham de uma migração forçada teve
aspectos religiosos, sendo que alguns dos asilos que eram concedidos a criminosos
que estavam em processo de arrependimento perante as divindades da época, nos
templos onde ficavam as imagens das divindades o respeito e o temor por esses
locais era sagrado, era como se os deuses protegessem as pessoas dos
perseguidores, do próprio governo e até mesmo do exército, todos eram proibidos
de entrar.
Católica, que indicam refugiados aqui que deixaram família no país natal.
(2015).
No ano de 2014 o Brasil foi o país que mais recebeu solicitações de refúgio
na América Latina, os sírios foram os que mais pediram, o Brasil registrou um
aumento de 2.31% no número de solicitações de refúgio por parte de estrangeiros,
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sendo que essa comparação é em relação ao ano de 2010. Um grande desafio para
o Ministério da Justiça é criar mecanismos para que esses solicitantes tenham o
perfil mais próximo possível de refugiados, para que esse refúgio não seja apenas
uma forma de conseguir entrar no país sem enfrentar as vias legais de imigração.
(FRANCO, 2016). Mesmo o número de solicitação sendo grande, o Ministério
consegue atender diariamente apenas 15, infelizmente isso faz com que a espera
entre o pedido e o reconhecimento demore, sendo que essa demora dura em média
13 anos. Como cita Marina Franco:
O Brasil sempre foi um país que deu a maior força para os refugiados,
sempre foi um país pioneiro na defesa dos mesmos foi um dos primeiros países a
ratificar a convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 no ano de 1960,
também um dos integrantes do Comitê Executivo do ACNUR, sendo responsável
pela aprovação dos programas e dos orçamentos anuais da agência. No Brasil o
trabalho que o ACNUR realiza é embasado nos mesmos princípios e funções que
em qualquer outro país, ou seja, proteger os refugiados e soluções duradouras para
seus problemas. Antônio Guterres cita:
possam recomeçar suas vidas, mais tranquilos, com todos os direitos que um
cidadão brasileiro possui.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
COSTA, Nilvan. Sudão do Sul recruta crianças para Guerra. Disponível em:
<http://br.blastingnews.com/mundo/2015/11/sudao-do-sul-recruta-16-mil-criancas-
para-a-guerra-informa-o-unicef-00673885.html>. Acesso em: 06 jun. 2016.
G1. Itália resgata 500 migrantes em naufrágio na Costa da Líbia. Disponível em:
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/05/italia-resgata-500-migrantes-em-
naufragio-na-costa-libia-7-morreram.html>. Acesso em: 21 mai. 2016.
G1. Polícia diz que refugiados achados em caminhão morreram por asfixia.
Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/policia-diz-que-
refugiados-achados-mortos-em-caminhao-foram-asfixiados.html>. Acesso em: 08
mai. 2016.
KURDI, Abdullah. Disponível em: "Meus filhos escaparam das minhas mãos", diz
pai de garoto sírio que se afogou. <http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-
noticias/2015/09/03/meus-filhos-escaparam-das-minhas-maos-diz-pai-de-garoto-
sirio-que-se-afogou.htm>. Acesso em: 10 abr. 2016.
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