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Feng Presas de Ferro

Eu nasci em um vilarejo a leste de Neverwinter, uma região próxima a antiga fortaleza Mithrall Hall, grande cidade
dos anões, às margens do rio Surbrin, região rica em minérios que sempre atraiu os olhares de inúmeras raças e
seres gananciosos. Meu vilarejo era composto em sua maioria por humanos atraídos pelas riquezas das montanhas,
que a algumas décadas jorrava prosperidade, até que os monstros da ferrugem chegaram às minas de Mitrill...
Mesmo nos períodos áureos de Mithrall Hall, os vários assentamentos humanos de toda a região sofriam com os
constantes ataques Orcs que habitavam o topo das montanhas.

Em uma noite fria e sombria, os temíveis orcs das Many-Arrows desceram as montanhas para pilhar e saquear nossa
vila, minha pobre mãe, devota de Lathander, foi atacada por um chefe de tribo e acabou engravidando de mim...
algumas vezes o pensamento abortivo pairou por seus pensamentos, mas sua cresça não a permitiu escolher o
caminho da morte.

Como filho de um monstro, levei pouco tempo para entender que jamais teria lugar entre os homens. Minha santa
mãe me amava incondicionalmente e seu abraço era o único conforto dessa vida miserável que eu levava. Odiado,
amaldiçoado e desprezado, eu tentava conquistar o menor sinal de afeto das pessoas ao meu redor, até que os 12
anos de idade decidi que queria mudar a opinião das pessoas ao meu respeito, mostrar que eu não era um monstro,
mostrar que eu poderia ser humano e que queria proteger a todos do vilarejo...

Forte por natureza e com dom para batalha, resolvi usar minha maldição Orc como uma bênção, me inscrevi para o
treinamento militar de nossa cidade onde aprendi os mais diversos estilos de combate, técnicas de luta e o manuseio
da espada... alguns anos depois me tornei um dos mais habilidosos guerreiros da região, agora formado na
academia, não via a hora de provar minhas habilidades em combate e mostrar o meu valor ao meu povo.

O vento frio do início do inverno soprava forte no dia 15 de Nightal de 1488. Era uma noite sem estrelas e tudo
parecia muito calmo... eu acabava de entregar meu turno da vigília quando começou o ataque. Tudo que me lembro
daquela noite é da sensação de desespero e fúria ao ver, em meio à batalha, um dos monstros atravessando sua
espada no peito de minha amada mãe... sem pensar, corri em direção a ela e sem misericórdia decapitei o maldito
que lhe tirou a vida... tomando-a em meus braços, pude ver seu olhar de amor enquanto dava seu último suspiro.
Tomado por ódio e por uma estranha lucidez, usei cada uma das técnicas que aprendi no quartel para massacrar um
por um dos inimigos, até que ele apareceu. Um orc com mais de 2.00 m de altura e com uma armadura robusta feita
do metal cobiçado, surgindo em meio a fumaça andando em minha direção... senti o medo tomar o meu corpo, ele
não parecia um oponente qualquer... me olhando com olhos de espanto enquanto se aproximava, a criatura parecia
surpresa e mantinha o olhar fixo em mim. Observei que ele estava desarmado, sua espada estava embainhada na
cintura, quando ele estava bem próximo me aproveitei de sua arrogância e desferi um golpe morta em uma falha em
sua armadura logo abaixo das axilas. O olhar de surpresa se transformou em espanto, o monstro colocou suas mãos
em meus ombros e se apoiou em mim, ainda segurando a espada entre suas costelas, com um rápido movimento
girei a arma dento de seu corpo causando um dano ainda maior... de joelhos e cuspindo sangue, a criatura diz suas
últimas palavras: “filho?!” e cai morto no chão. Os sobreviventes Orcs vendo a morte de seu lider batem em retirada
enquanto alguns poucos soldados comemoram nossa vitória. Conquistei o respeito dos moradores da aldeia na noite
em que perdi minha mãe e que tirei a vida do meu pai.

Algumas semanas após a tragédia, repleto de dúvidas sobre mim mesmo, ouvi um mensageiro conversando com o
comandante, um tal Lorde Albaz estava chegando com seu exército, ele prometia resgatar os tempos de
prosperidade das minas e expulsar os temíveis guerreiros cinzentos das montanhas. Assim como nós, todos os
outros guerreiros das aldeias sob a sombra da montanha foram convocados por Albaz a participar das batalhas
contra os Orcs para trazer a paz aos vales de Mithrall Hall, e todos respondemos ao chamado.

Muitas batalhas foram travadas, muito sangue foi derramado e muitas vidas foram perdidas, mas eu permanecia
vivo e lutando... dentro de meu regimento consegui o nome de ironfang, o homem que estava sempre de armadura,
agora eu não era apenas respeitado, eu era temido.

Enfim nos juntamos aos homens do Lorde, reunimos nossas forças para atacar o maior clã dos adversários, essa foi a
primeira vez que vi Albaz o VIII, ele carregava um broche com um símbolo diferente:
Ouvi alguns homens murmurando algo sobre os Zhentarim e
um tal de Ardragão, ou algo parecido... acho que era alguma coisa relacionada a uma facção importante.

No dia 24 de Ches de 1489, participei da famosa batalha da cascata. Chovia torrencialmente como se o céu fosse
uma grande cachoeira, o chão sob nossos pés parecia um grande pântano que dificultava cada movimento... nosso
grupo levava dezenas de barris de bebidas e vários outros suprimentos do acampamento do Lorde rumo ao próximo
local onde levantaríamos acampamento, fomos emboscados e a luta começou, estávamos em maior número, mas
não foi o suficiente. Pouco tempo após o começo do embate, fui nocauteado com um golpe em minha cabeça, os
inimigos lutaram sem armaduras, eles eram mais rápidos e precisos... pareciam ter planejado tudo, foi um massacre.
Após o toque de recuar de nossas tropas, os Orcs capturaram todos os sobreviventes do campo de batalha e levaram
até sua cidade como prisioneiros de guerra, troféus aos olhos dos impiedosos peles cinzentas. Humilhado e ferido,
senti o gosto da derrota pela primeira vez, removeram minha armadura e tomaram meus pertences, eu não tinha
mais nada. Bebendo e comendo de nossos suprimentos, os Orcs celebravam sua primeira grande vitória. Já era bem
tarde da noite, os nossos oponentes dormiam como se estivessem enfeitiçados, os guerreiros de Albaz, usando
armaduras com o símbolo dos Zhentarim, invadiram o acampamento inimigo sem resistência alguma... a bebida e
comida estavam envenenadas e todos ficaram letárgicos e fracos... sem poder reagir, as mulheres e crianças foram
levados em jaulas em carroças, e os homens, foram mandados para as minas como escravos... sem que eu pudesse
ter tido tempo de explicar minha condição aos homens de Zhentarim, me vi com uma picareta nas mãos procurando
Mithrill para o maldito Albaz. Agora como escravo, passava meus dias dentro dos túneis escuros da montanha em
busca do metal tão desejado, cavando e juntando o material em grandes pilhas em zonas estratégicas das minas.

Lorde Albaz o VIII era um desgraçado ganancioso e inescrupuloso que se utilizava de quaisquer meios para
conseguir o que queria, e o que ele desejava era o controle das antigas minas de Mithrill dos anões e todas as
riquezas que elas possuíam... isso certamente o traria o título de Lorde Sombrio dentro de sua facção aumentando
exponencialmente seu poder e influência não apenas na região, mas, por toda a Costa da Espada.

Depois de descobrir o verdadeiro plano de nosso suposto salvador, pensei em inúmeros planos para me libertar de
meu cativeiro, por duas vezes tentei fugir e falhei miseravelmente... a punição era insuportável para tentar uma
terceira vez, até o dia do ataque dos Monstros da Ferrugem, devoradores de metais, atraídos pelo minério, que
invadiram as minas vindos de todos os lados como uma grande praga... a grande comoção fez surgir uma brecha que
usei para escapar do sofrimento.

Agora que estou livre, decidi ir para a cidade de Neverwinter em busca de conforto, bebidas e mulheres para escapar
da caverna de onde eu nunca sai.

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