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O lago era abastecido principalmente pelos rios Sir Daria e o Amu Daria além
de alguns outros afluentes.
Em boa parte do século passado, foi uma fonte de sustento para várias
milhares de famílias que além da agricultura, tiravam dali principalmente muitas
toneladas de peixes todos os anos, com sua forte indústria pesqueira, chegou até
a compor cerca de 1/6 de todos os peixes consumidos na União Soviética, além
de que exportavam seus produtos para o mundo todo.
Diante de tal tragédia, importante se faz a pesquisa acerca dos motivos que
levaram para o declínio do mar de Aral.
Para começarmos a explicar como que um dos maiores lagos do mundo veio
a se desertificar, temos que voltar lá para o século passado haja vista que grandes
impactos ambientais não surgem do nada.
Como diz Carlos Drummond de Andrade, a natureza não faz milagres, mas sim
revelações. Revelações essas no caso em questão que mostram os impactos da
ganância do ser humano.
Logo, o cenário escolhido obviamente não era o ideal, mas na época, pouco
se importava com o meio ambiente, o foco era totalmente econômico.
Ainda cabe ressaltar o baixo conhecimento que tinham para construir canais
na época, e, assim, boa parte da água desviada era perdida em infiltrações e
evaporação, havendo então um grande desperdício, pois a água acabava não indo
nem para o lago e muito menos para as plantações, agravando ainda mais a situação.
No começo do desastre, a União Soviética foi questionada sobre o que estava
acontecendo com o lago, a sua resposta, foi que o mar de Aral estaria morrendo
naturalmente devido a fatores climáticos e geológicos.
Aqui podemos fazer uma reflexão, conforme vimos em nossas aulas de direito
ambiental, a preocupação com o meio ambiente por parte dos Estados só se deu a
partir de 1972, com a conferência de Estocolmo, e ainda assim, com muitas ressalvas.
Ainda assim, no início, o lago não sofreu muitas mudanças, mas conforme o
ritmo do uso da água e dos desvios foi ficando cada vez mais intenso, que começou
a acontecer por volta de 1960 em diante, no qual foi quando o governo Soviético
empreendeu um audacioso projeto de novos canais para irrigar as planícies
áridas do Uzbequistão, Cazaquistão e Turcomenistão, foram cerca de 500 km de
NOVOS CANAIS QUE TIRARIAM CERCA DE 1/3 DO FLUXO QUE IA PARA O
LAGO, e a partir daí foi quando o grande mar de Aral começou a realmente diminuir
consideravelmente o seu tamanho e volume, já que a quantidade de água desviada
chegou num nível tão grande que o pouco que chegava até ele não era mais
suficiente para mantê-lo totalmente abastecido.
No período de 1961 até 1970 seu nível chegou a abaixar numa média de 22
cm por ano, de 1971 a 1980 a média subiu para 58 cm ao ano e de 1981 até 1990 a
média subiu ainda mais, para 68 cm. Tais dados estatísticos podem melhor ser
analisados na tabela abaixo:
Muitos foram os motivos que devastaram o mar de aral: cálculos errados, falta
de planejamento ambiental, na verdade, uma total ausência de preocupação
ambiental, escolha errada de plantio, manutenção deficiente, sistemas de irrigação
ineficientes.
Em 1987 a redução da água estava tão grave que começou a aparecer bancos
de areia no que antes era água, e acabou separando o lago em duas partes, uma
pequena porção ao norte, chamado de Pequeno Aral ou simplesmente Aral do norte
e a outra parte maior, o Aral do Sul ou o Grande Aral.
Em apenas 40 anos, o lago que ocupava cerca de 68 mil km² e era o quarto
maior do mundo, acabou sobrando apenas 28,687 mil km² caindo para 8° posição.
Representando uma redução aproximada de 60%
A evaporação também começou a ficar cada vez mais acelerada, pois lagos
mais rasos são mais fáceis de aquecer; assim, o lago entrou em um loop negativo:
mais evaporação, menos profundidade; menos profundidade mais evaporação e,
dessa maneira em diante.
Conquanto, não se pode negar que houve tentativas singelas de correção
ao longo dos anos, como por exemplo em 2003 que o governo Cazaquistão
construiu barreiras que separou a porção norte da porção sul com intuito de
recuperar e aumentar o fluxo de água naquela parte, o que acabou apresentando
algum resultado, pois ainda hoje a maior parte remanescente está localizada no
Norte, que inicialmente representava a menor parte.
A triste notícia é que o Mar de Aral continuou secando o restante que sobrou,
principalmente, como mencionamos acima, a parte do Sul no Uzbequistão, que
devido a questões econômicas acabou sendo deixado de lado.
Como vocês podem acompanhar com as imagens, lá no ano 2000 o lago ainda
tinha um pouco de água, apesar de ser apenas uma pequena fração do que já tinha
sido em 1960.
Por fim, atualmente, do Aral inicial, apenas sobrou o norte, e uma pequena
parte no Aral do Sul, principalmente na região este, e até então ele passa por ciclos
que varia de ano para ano o seu volume de água.
CONCLUSÃO
Devido ao pouco fluxo dos rios de água doce que o abasteciam junto com a
evaporação, houve um aumento drástico da salinidade, desencadeando a morte
de quase todos os peixes, arruinando a sua próspera indústria pesqueira, além
de que ACABOU COM CERCA DE 40% DA VEGETAÇÃO PRÓXIMA AO LAGO.
O impacto foi tão grande que não é mais possível nem mesmo cultivar a
agricultura de subsistência ao redor do lago, o que acabou levando a um êxodo
migratório para as regiões que tinham melhores condições, causando um
desequilíbrio demográfico.
Assim, em pleno século XXI, todos, como seres humanos, devemos aprender
com o passado. Um marco desse não pode ser deixado em esquecimento.