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São Carlos
2014
Trata-se da versão corrigida da tese. A versão original se encontra
disponível na EESC/USP que aloja o Programa de Pós-Graduação
de Engenharia Elétrica
Ricardo Soares Rubin
São Carlos
2014
Trata-se da versão corrigida da tese. A versão original se encontra disponível na
EESC/USP que aloja o Programa de Pós-Graduação de Engenharia Elétrica
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Nesta tese é apresentado um novo método de desmontagem das placas de circuito impresso
obsoletas ou defeituosas, provenientes de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, para
aplicação no processo de reciclagem. A desmontagem tem por objetivo segregar a PCI para que
o material reciclado apresente maior pureza, bem como facilitar as etapas posteriores no processo
de reciclagem. A desmontagem proposta é classificada como automática, simultânea e destrutiva.
O método apresentado não requer o uso de tecnologias avançadas e de alto custo. Para aplicação
deste método foi desenvolvido um protótipo que utiliza aquecimento do ar para derretimento da
solda e força centrífuga para remoção dos componentes. O desenho deste equipamento permite
a separação da PCI em 3 partes distintas: substrato, solda e componentes eletrônicos. Para a
desmontagem no protótipo foram usadas placas marrons de fontes de alimentação, e placas
verdes de memórias tipo RAM, com substrato de fenolite e de fibra de vidro respectivamente. A
desmontagem foi realizada com sucesso em ambos os casos. Para as placas pesadas ou marrons,
a faixa de operação que apresentou maior taxa de recuperação de solda (entre 2,2 e 2,8% do
peso da PCI) e de componentes (entre 60 e 80% do peso da PCI) situa-se entre 200 e 206°C e
900rpm. Para placas leves ou verdes, a desmontagem deve se situar entre 210 e 225°C e 900rpm,
sendo a quantidade de solda recuperada inferior a 1% e a de componentes aproximadamente
32% do peso da PCI. A liga de solda recuperada dos dois tipos de placas possui contaminação
abaixo de 3%, teor semelhante à da borra proveniente de processos industriais de soldagem e
que é utilizada como matéria prima.
In this work, is presented a new method for disassembly of obsolete or defective printed circuit
board, from waste of electrical and electronic equipmente, for use in recycling. Disassembly
objetives separate PCB to achives purer recycled material as well facilited the subsequent step in
recycling process. Proposed disassembly is classified as automatic, simultaneous and destructive.
The presented method doesn’t required the use of advanced and expensives technologies. For this
method, a prototype was developed. It utilizes centrifugal force and air heating for solder melting
and components removal. Design of the prototype allows separation of PCB in 3 parts: substrate,
solder and electronics components. Very low grades boards of paper laminated phenolic resins,
from power supply of computers was used, as well as very high grade boards from RAM memory,
made of fiberglass. Disassembly was sucessfully for both cases. For very low grade boards,
operation range which has a greater amount of recovered solder (between 2,2 and 2,8% of
weight of PCB) and components (between 60 and 80% of weight of PCB) is inside the range of
temperature of 200 and 206°C and 900rpm. For very high grade boards, disassembly is inside
the range of temperature of 210 and 225°C and 900rpm, with quantity of recovered solder under
1% and components aproximatelly 32% of weight of the PCB. Recovery solder for the two kinds
of PCB has a contamination under 3%, similar to spare from industrial welding process, used as
input in the production of new solders.
Cd Cádmio
Hg Mercúrio
Pb Chumbo
PC personal computer
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.1.1 Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.1.2 Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.2 Estrutura do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1 Resíduos de Equipamentos EletroEletrônicos . . . . . . . . . . . . 36
2.2 Fabricação de placas de circuito impresso . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3 Periculosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.4 Legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.5 Estratégias de fim de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.6 Viabilidade econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.7 Desmontagem dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos . 58
2.8 Reciclagem de placas de circuito impresso . . . . . . . . . . . . . . 60
2.8.1 Pirometalurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.8.2 Hidrometalurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.8.3 Eletrometalurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.8.4 Biometalurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.9 Desmontagem de placas de circuito impresso . . . . . . . . . . . . 65
2.10 Equipamentos Comerciais e Patentes . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2.11 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.1 Detalhamento do protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.2 Procedimento de Desmontagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.1 Desmontagem das placas de circuito impresso . . . . . . . . . . . 92
4.1.1 Desmontagem das placas pesadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.1.1.1 Produtos da desmontagem das placas pesadas . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.1.1.2 Tempo de desmontagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.1.2 Desmontagem das placas leves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.1.2.1 Produtos da desmontagem das placas leves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.1.2.2 Tempo de desmontagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.2 Análise da liga de solda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.3 Estimativa de custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
5.1 Sugestões para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
APÊNDICES 131
ANEXOS 149
1 Introdução
A administração urbana enfrenta hoje diferentes problemas, sendo uma de suas maiores
preocupações a gestão de resíduos sólidos. O qual é gerado por um contingente de mais de 7
bilhões de pessoas em todo o mundo.
Em seu trabalho sobre educação ambiental, Logarezzi (2006) apresenta o conceito de lixo
ou rejeito como sendo “aquilo que sobrou de uma atividade qualquer e é descartado sem que seus
valores (sociais, econômicos e ambientais) potenciais sejam preservados”. Uma definição mais
ampla é dada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010). Segundo a
qual, rejeitos são:
Observa-se assim, uma distinção entre rejeito e resíduo. Conforme definido na PNRS,
resíduo é :
1
Dados incluem desktop, mini notebook e outros PC portáteis que possuam teclados não removíveis, e não
incluem tablets como Apple iPad ou tablets Android.
2
Dados includem desktops, computadores móveis excluídos tablets e Apple iPad.
29
biente, apresentado em 2012, o diagnóstico aponta para 2,6 quilos de resíduos eletroeletrônicos
por ano por habitante no Brasil, um número cinco vezes maior que o estimado em 2005 pela
UNEP. O diagnóstico do Plano Nacional foi elaborado por meio de pesquisas em diversas fontes
oficiais, como a ABINEE e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros
(BRASIL, 2011) .
Um dos motivos relacionados aos altos números de venda e descarte de computadores
e celulares é a diminuição da vida útil destes produtos. Com base nos dados citados, têm-se
que considerar que a vida útil média dos computadores nos países desenvolvidos caiu de 6
para apenas 2 anos entre 1997 e 2005. Para os celulares, a vida útil média é menor que 2 anos
(GREENPEACE, 2014).
O termo lixo eletrônico decorre do uso comum de grande parte da população e em grande
parte condiz com a realidade de muitos países, inclusive o Brasil. Ou seja, os equipamentos
eletroeletrônicos, ao serem descartados, acompanham o lixo comum.
A disposição do lixo comum, durante anos, ficou destinada à lixões. A concepção
de um lixão é a de um local em que o lixo é depositado sem qualquer tipo de tratamento.
Isso significa que não há nenhum planejamento para receber o material descartado para evitar
agressões ao meio ambiente. O lixão é fonte de poluição do solo e das águas superficiais
e subterrâneas. O chorume, líquido que se forma decorrente da decomposição dos resíduos,
acrescido das águas pluviais, é liberado pelo lixão e atinge o meio ambiente a sua volta. Como
não possibilita o controle do lixo, a proliferação de vetores como ratos e moscas é facilitada
(BIDONE; POVINELLI, 1999; MOTA, 1997).
Para se evitar os riscos ambientais associados com os lixões, foram criados os aterros
sanitários. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992, p. 1), na NBR 8419/92, define
aterro sanitário como sendo:
Definição semelhante pode ser encontrada em Logarezzi (2006). Os aterros sanitários são
a única forma de disposição final de rejeitos não perigosos permitido em lei no Brasil segundo a
Politica Nacional de Resíduos Sólidos promulgada em 2010.
O uso de aterros sanitários, no entanto, não evita que os EEE’s sejam descartados. Os
EEE’s possuem em sua composição metais pesados e outras substâncias potencialmente tóxicas
tanto para o ser humano como para o meio ambiente. Sendo assim, o correto manejo de resíduos
de EEE’s é urgente e de grande importância (GREENPEACE, 2014).
Estudos como os de Sepulveda et al. (2010) e OConnell et al. (2004) tem demonstrado
30 Capítulo 1. Introdução
que países onde ocorrem altas concentrações de e-lixo descartados a céu aberto, como no caso
da China e da Índia, os impactos negativos já estão presentes na população.
Nielsen e Wenzel (2002) descrevem que os impactos ambientais estão presentes em todas
as etapas envolvendo o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos,
o processo produtivo, o consumo e a disposição final, compondo assim o denominado ciclo de
vida do produto. Este ciclo, por sua vez, pode ser descrito por um fluxo principal, composto pela
extração da matéria-prima, manufatura, uso e descarte, e por um fluxo secundário ou reverso,
onde está alocada a estratégia de fim de vida (EoL-End of Life). Uma estratégia de fim de vida
consiste na recuperação do produto com vistas à recuperar valores, tanto econômicos como
ambientais, além de conseguir diminuir a quantidade de resíduos e suas áreas de disposição final.
(THIERRY et al., 1995 apud SAAVEDRA, 2010)3
Para Duflou et al. (2008), a sociedade como um todo tem mudado o paradigma de
produção, que implica na otimização dos valores e benefícios associados aos vários aspectos do
ciclo de vida de um produto, compreendido da sua concepção até a escolha da estratégia de fim
de vida, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais. Assim, uma importante oportunidade,
com desdobramentos econômicos, ambientais e socias, é a possibilidade de recuperação dos
produtos, partes, componentes ou materiais no fim da fase de uso, reduzindo assim a necessidade
de novas fontes de recursos naturais.
No entanto, a destruição de ambientes naturais em busca de matéria-prima para satisfazer
a demanda de consumo somado ao descarte crescente de produtos e associado à necessidade de
redução dos danos ambientais e humanos relacionados à todo o ciclo de vida do produto conduziu
à elaboração de novas metodologias de desenvolvimento, entre as quais surgiu o conceito de
sustentabilidade.
A definição mais difundida de desenvolvimento sustentável foi apresentada pela primeira
vez em 1987 no relatório Brundtland4 como sendo a possibilidade do desenvolvimento da atual
geração sem comprometer as possibilidades das futuras gerações. Esse conceito genérico e
amplo inclui a obrigação da preservação da qualidade de vida existente hoje.
A disseminação da informação deste conceito fez com que uma grande parcela da classe
consumidora passasse a optar por produtos e serviços ambiental e socialmente corretos, produtos
que se enquadram no conceito de sustentabilidade. Estes produtos receberam, ao longo do tempo,
diversas denominações, como produto ecológico e “produto verde”, entre outras (DIAS, 2011).
Para responder aos anseios dessa mesma população, os governos tem alterado suas legislações.
As legislações e leis ambientais existentes ou em discussão tem o seu foco voltado de
modo a conduzir as empresas na direção de adotarem produtos e processos mais sustentáveis.
3
THIERRY, M. et al. Strategies Issues in Product Recovery Management. California Management Review, v.37,
n.2, p.114-135, 1995.
4
Relatório Brundtland: Our Commom Future de 1987, elaborado pela Comissão Mundial para o Ambiente e
Desenvolvimento, instituída pela Nações Unidas.
31
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
1.1.2 Específicos
Para a consecução da tese apresentada, faz-se necessário alcançar alguns objetivo espe-
cíficos. O primeiro desses objetivo é construir um protótipo automatizado com características
térmica e mecânica capazes de suportar a temperatura e vibração requeridas para, consecuti-
vamente, desmontar lotes de PCI. Uma vez que as placas forem desmontadas e segregadas, o
próximo passo será medir a massa e caracterizar a liga de solda de estanho recuperada, bem como
avaliar e comprovar a viabilidade de reuso da mesma em uma cadeia de produção. Espera-se que
a solda ou liga de estanho a ser recolhida separadamente não necessite tratamento posterior.
1.2. Estrutura do trabalho 33
2 Revisão Bibliográfica
alumínio. O painel de vidro é a frente do CRT, que é a parte visível de uma televisão ou monitor.
O cone de vidro possui o formato de um funil e é acoplado ao fundo do painel de vidro.
A tela de vidro é removida do cone por meio de corte a fio quente (Figura 1) ou laser, entre
outras tecnologias possíveis, empregadas em um sistema semi-automatizado cuja produtividade
atinge 10 unidades por hora (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2009).
O vidro do painel, o qual possui uma qualidade melhor, pode ser refinado e reutilizado em
diversas aplicações, incluindo a indústria automotiva, fibra de vidro e a indústria de iluminação.
O cone é enviado para refinarias onde o chumbo é removido.
O vidro recuperado dos CRT’s é utilizado como insumo de outros bens de acordo com o
elemento contaminante presente no mesmo.
Os CRT’s, no entanto, foram substituídos por dispositivos mais modernos, com caracte-
rísticas materiais diferentes (vide Figura 2). A quantidade de vidro presente nos monitores de
plasma e LCD corresponde à 29% e 6%, respectivamente, do peso desses monitores, diferente
dos CRT’s que utilizam 57% (PANASONIC, 2014).
Atualmente, são as placas de circuito impresso (PCI’s) que requerem maior atenção.
Presentes em todo EEE, do mais simples ao mais sofisticado, são responsáveis pela presença de
uma ampla gama de substâncias e elementos nos EEE’s.
38 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
de chumbo e 3% de estanho entre outros. Metais nobres, entre eles o ouro, estão presentes em
quantidades ínfimas (uma placa de PC contém 150ppm de ouro) e que aos poucos vem deixando
de ser utilizados (UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2009). O paládio,
outro metal nobre e escasso, é empregado, por exemplo, em contatos de alguns relés (HALL;
WILLIAMS, 2007; TAKANORI et al., 2009; CUI; FORSSBERG, 2003; DUAN et al., 2011;
MOHITE; ZHANG, 2005; YU; WILLIAMS; JU, 2009; MORF et al., 2007).
Variações nos valores absolutos das quantidades de substâncias são observadas nas
placas decorrentes do aperfeiçoamento da tecnologia utilizada. A integração dos circuitos como
consequencia da miniaturização associada à novos modelos de encapsulamento, novas aplicações
e à necessidade de transmissão de maior volume de dados e com velocidades maiores contribuem
para a divergência no espectro de composição das PCI’s. Quanto maiores forem as diferenças de
idade, origem e tecnologia de um mesmo REEE, maiores serão as diferenças de composição
(NISSEN et al., 1998; CUI; ZHANG, 2008).
Como o objeto de trabalho da presente tese são as placas de circuito impresso, em
especial a sua desmontagem, a seção seguinte aborda em maiores detalhes a fabricação das
placas de circuito impresso comumente utilizadas.
amplamente difundido, juntamente com o advento dos transistores de estado sólido (MEHL,
2013).
O material inicialmente usado na fabricação de placas de circuito impresso foi uma chapa
conhecida pelo nome comercial de um fabricante de chapas isolantes, o fenolite. As chapas de
fenolite são feitas com a mistura de uma resina fenólica com certa quantidade de papel picado
ou serragem de madeira (carga), responsável pela coloração da placa (vide Figura 3) (MEHL,
2013).
O fenolite é obtido por aplicação de calor e pressão em camadas de celulose impreg-
nadas com resinas sintéticas (fenólicas). Ocorre então uma reação química (polimerização),
aglomerando as camadas em uma massa sólida e compacta, originando um produto termofixo.
Termofixo é aquele material que após aplicação de calor e pressão torna-se permanentemente
rígido, não podendo posteriormente ser termoformado (VICK, 2013).
Os laminados de fenolite suportam temperaturas de até 120o C ininterruptamente, com
picos de 170o C. No entanto, para temperaturas maiores que 100o C, os laminados começam a
sofrer a ação do calor (VICK, 2013).
cos de maior valor agregado, enquanto às placas de fenolite ficam restritas à projetos de pouca
qualidade ou que utilizam técnicas artesanais de produção (MELO; GUTIERREZ; RIOS, 2001).
A placa de fenolite é identificada ainda como FR-2 e as de fibra de vidro como FR-4. A
sigla FR vem da expressão em inglês flame resitant, isto é, resistente ao fogo. Existem outros
tipos de placas, que empregam materiais como o teflon (®Du Pont), o poliester e o MCPCB
(metal clad printed circuit board) para aplicações bem especificas e que não serão detalhadas
nesta tese.
As espessuras da placa isolante e da folha de cobre dependem da aplicação a que se
destina a PCI. A placa isolante apresenta espessura típica de 1,6 mm, porém, há modelos de 0,8
mm à 2,4 mm. O material condutor comumente encontrado nas PCI é o cobre, cuja condutividade
elétrica é adequada e apresenta características mecânicas que permitem a produção de folhas de
espessuras que variam desde 18µm até 175µm. E é sobre essa folha de cobre que as trilhas de
interligação do circuito são impressas por meio de diferentes técnicas.
As primeiras placas foram de simples face, ou seja, as trilhas de cobre estavam presentes
em apenas um dos lados da placa. Os componentes são alocados sobre o outro lado. O contato
entre ambos é feito por meio de furos nas placas nos quais são introduzidos os terminais dos
componentes, que por essa características, recebem a denominação through hole device (THD)
(MELO; GUTIERREZ; RIOS, 2001; CAVALCANTI, 2002).
A miniaturização acarretou o desenvolvimento de uma nova tecnologia de ligação
componente-trilha denominado surface mounting technology (SMT). Os componentes que
usam essa tecnologia são conhecidos como surface mounting device (SMD) e tem ligação elé-
trica diretamente na trilha, sem a necessidade de furos (MELO; GUTIERREZ; RIOS, 2001). Na
Figura 5 são ilustrados componentes THD e SMD comumente encontrados nas montagens.
As placas de circuito impresso classificam-se quanto ao número de faces em: face
simples, que possui cobre em apenas uma face; dupla face, ambas as faces da placa possui cobre;
e multicamadas ou multi-layer, técnica em que 2 ou mais placas do tipo dupla face são prensadas
de modo a formar um único laminado com faces internas (CAVALCANTI, 2002).
Os contatos elétricos entre as trilhas e os componentes são estabelecidos por meio da
solda, geralmente na forma de uma liga à base de estanho (Sn). O estanho é utilizado pois
42 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
quando na forma líquida adere facilmente às superfícies metálicas. O estanho puro apresenta
ponto de fusão de 232o C, baixa resistência mecânica e elevada ductilidade1 . Essas propriedades
podem ser controladas pela adição de elementos como cobre, prata, antimônio, chumbo e zinco,
para formar uma liga com o estanho. Os elementos citados aumentam a resistência mecânica e
diminuem a temperatura do ponto de fusão (METALURGIA. . . , 2013).
No caso do uso em equipamentos eletrônicos, a liga de estanho é classificada como metal
de enchimento de soldagem branca. A liga de uso mais comum é a de estanho-chumbo (Sn-Pb).
O estanho é o elemento que devido à sua característica de fluidez e molhabilidade, facilita a
junção entre componente e placa. O chumbo (Pb) tem a propriedade de diminuir a temperatura
de fusão da liga e ainda, devido ao seu baixo custo, é o elemento de diluição. Os componentes
eletrônicos são bastante sensíveis à temperatura, onde a exposição, mesmo que momentânea, à
temperaturas elevadas, pode danificar irreversivelmente esses componentes (METALURGIA. . . ,
2013; ARANHA NETO, 2004).
Na proporção de 63% de estanho para 37% de chumbo forma-se o eutético simples de
Sn-Pb. É chamado eutético simples a proporção de materiais que fazem a liga se comportar
como uma substância pura, com um ponto definido de fusão. A liga eutética de Sn-Pb apresenta
ponto de fusão de 183o C, inferior a temperatura de fusão dos metais que a compõem (Sn: 232o C
e Pb: 320o C) (LONG, 1978b; LONG, 1978a).
O fio de solda, modo de apresentação mais comum, é feito com uma liga 60-40 (60%
de estanho e 40% de chumbo), com núcleo de resina. A resina funde-se antes do estanho e
tem a função de limpar quimicamente a superfície a ser soldada, garantindo maior eficiência
ao processo. A liga 60-40 tem ponto de fusão (189o C) superior ao eutético, porém, com custo
de fabricação menor. As ligas utilizadas na soldagem de eletrônicos contém de 40 a 70% de
estanho, conforme apresentado na Tabela 2 (ASM Committe on Soldering, 1978).
1
Ductilidade: propriedade do material de sofrer deformação permanente sem romper.
2.2. Fabricação de placas de circuito impresso 43
Dependendo do material a ser soldado (cobre ou prata, por exemplo), são adicionadas
pequenas quantidades desse mesmo material para minimizar o ataque da solda às partes não
revestidas. A adição de antimônio inferior à 0,5% à liga garante a ausência de alumínio,
responsável pela produção de óxido nas juntas soldadas, o que compromete o desempenho da
mesma. A prata (Ag) é adicionada ao estanho puro com teor próximo ao do eutético Sn-Ag
(3,5% de prata) cujo ponto de fusão é 221o C. A liga formada assim apresenta maior dureza
e maior resistência à oxidação (LONG, 1978a; ARANHA NETO, 2004; METALURGIA. . . ,
2013).
Ao longo do processo de fabricação a placa é submetida à banhos químicos com as
finalidades de corrosão/deposição, limpeza, preservação e acabamento. Os processos mais
comuns e que depositam uma camada química sobre a placa são:
verniz sobre cobre: uma fina camada de verniz é aplicada sobre a placa para evitar a oxidação
do cobre. Seu principal uso é em protótipos e placas de face simples.
hot air leveling (HAL): aplica-se estanho-chumbo apenas nos contatos elétricos, seguido de
uma camada de verniz sobre toda a placa, deixando exposto somente os contatos elétricos
44 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
(CAVALCANTI, 2002).
2.3 Periculosidade
As partes ou componentes constituíntes dos resíduos de EEE’s apresentam algum po-
tencial tóxico associado, e praticamente todos os componentes constituíntes da PCI possuem
substâncias e/ou elementos que podem causar grandes impactos negativos ao meio ambiente e à
saúde humana.
Um estudo do departamento de controle de substâncias perigosas do estado da Califórnia,
nos EUA, avaliou 7 equipamentos eletrônicos (fornos microondas, aparelhos de video cassetes,
impressoreas, CPUs, telefones celulares, telefones comuns e rádios) de vários fabricantes e
modelos. Ao final do estudo, foi apresentado um relatório concluíndo que todos os tipos de
produtos excediam ao menos um dos critérios de lixo perigoso utilizado e que o chumbo era
o elemento mais comum que excedia o seu limite. E dentre os equipamentos avaliados, o
telefone celular era o que mais excedia os limites regulatórios (DEPARTMENT OF TOXIC
SUBSTANCES CONTROL, 2011).
A província chinesa de Guiyu se tornou famosa pelas montanhas de e-lixo (Figura 6)
e em um estudo conduzido em 2006, foi demonstrado que 70,8% das crianças com até 7 anos
possuiam uma alta taxa de chumbo no sangue (> 10µg/dL, limite considerado aceitável pelo
US Centers for Disease Control), sendo que 10,4% tinham taxas maiores que 20µg/dL. No
mesmo grupo estudado, 20,1% tinham elevada taxa de cádmio (> 2µg/L). Ambas as substâncias
atingiram rapidamente a população, decorrentes da queima à céu aberto das placas de circuito
impresso. O cádmio causa sérios danos aos rins e o chumbo além de causar danos nos sistemas
nervosos central, endócrino e periférico dos seres humanos, pode ainda contaminar o sistema
circulatório e os rins (HEALTH CANADA FEDERAL DEPARTMENT, 2009; ZHENG et al.,
2008).
Os materiais plásticos presentes nos EEE’s contêm compostos halogenados como TBBA
(bisfenol-tetra bromo-A), PBB (bifenil poli bromado) e PBDE (éteres difenílicos poli bromados),
os quais exercem a função de retardadores de chama. Estas substâncias durante a combustão
produzem dibenzo-p-dioxinas e dibenzo-furanos (MENAD; BJORKMAN; ALLAIN, 1998;
UNITED NATIONS UNIVERSITY, 2009; SEPULVEDA et al., 2010; OCONNELL et al.,
2004).
2.3. Periculosidade 45
Componente Substância
placa de circuito impresso (substrato), plásticos em geral retardadores de chama
placa de circuito impresso (substrato) cromo hexavalente
sensores, relês e backlight mercúrio
capacitores bifenil policlorinado
solda chumbo
retificadores, bobinas, placa mãe berílio
baterias cádmio e níquel
tubo de raios catódicos cádmio e chumbo
2.4 Legislação
Na comunidade européia, a questão do tratamento do resíduo eletroeletrônico é debatida
a partir da diretriz WEEE-Waste Electrical and Electronic Equipment (2002/96/EC), que regula
a gestão dos REEE’s, e estabelece a responsabilidade extendida do produtor (EPR-extended
producer responsability), segundo a qual ele é responsável pelo custo ambiental de seu produto
ao longo de todo o seu ciclo de vida, do design ao descarte (PARLAMENTO EUROPEU AND
CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 2003b). O produtor deve assim prover meios para que
o resíduo eletroeletrônico retorne em fluxo reverso para a empresa e em seguida proceda à
separação dos materiais, os quais são encaminhados para reciclagem retornando, em seguida,
ao processo produtivo, reduzindo a pressão sobre os recursos naturais ao mesmo tempo em
que reduz o impacto ambiental associado ao descarte desses materiais na natureza. (ROTTER;
CHANCEREL; SCHILL, 2008)
Os instrumentos políticos de implementação da EPR incluem medidas administrativas,
econômicas e informativas. Instrumentos como metas de reuso e reciclagem, limites de emissão
de poluentes, padrões técnicos, subsídios, taxas de reciclagem, imposto sobre material virgem,
relatórios ambientais, rótulos informativos, entre outros devem ser utilizados para a consecução
dos objetivos pretendidos com a adoção da responsabilidade extendida. A EPR pode ser entendida
2.4. Legislação 47
Substância Dano
retardadores de bioacumulativo; exposição crônica interfere no desenvolvimento cerebral
chama e esqueletal; afeta sistemas hormonal e imune.
alumínio alguns autores sugerem existir relação da contaminação crônica do alumí-
nio como um dos fatores ambientais da ocorrência do mal de Alzheimer.
A inalação do pó pode levar à fibrose pulmonar.
arsênio acumula-se no fígado, rins, trato gastrintestinal, baço, pulmões, ossos,
unhas; dentre os efeitos crônicos destaca-se o câncer de pele e dos
pulmões, neurotoxicidade: periférica e central, anormalidades cromossô-
micas e efeitos teratogênicos (deformação fetal).
cádmio acumula-se nos rins, fígado, pulmões, pâncreas, testículos e coração;
em intoxicação crônica pode gerar descalcificação óssea, lesão renal,
enfisema pulmonar, além de efeitos teratogênicos (deformação fetal) e
carcinogênicos (câncer).
chumbo é o mais perigoso dos elementos; acumula-se nos ossos, cabelos, unhas,
cérebro, fígado e rins. Em baixas concentrações causa dores de cabeça e
anemia. Exerce ação tóxica na biossíntese do sangue, no sistema nervoso,
no sistema renal e no fígado. Constitui-se veneno cumulativo de intoxica-
ções crônicas que provocam alterações gastrintestinais, neuromusculares
e hematológicas, podendo levar à morte.
mercúrio atravessa facilmente as membranas celulares, sendo prontamente absor-
vido pelos pulmões, possui propriedades de precipitação de proteínas
(modifica as configurações das proteínas) sendo grave suficiente para
causar um colapso circulatório no paciente, levando a morte. É altamente
tóxico ao homem, sendo que doses de 3g a 30g são fatais, apresentando
efeito acumulativo e provocando lesões cerebrais, além de efeitos de
envenenamento no sistema nervoso central e teratogênicos.
cromo hexava- armazena-se nos pulmões, pele, músculos e tecido adiposo, pode pro-
lente vocar anemia, alterações hepáticas e renais, além de câncer do pulmão.
Perigoso mesmo em baixas concentrações.
berílio exposição à poeira e fumaça causam sensibilidade ao berílio e doença
crônica de berílio. Altas concetrações podem causar a doença aguda de
berílio. Classificado como carcinogênico.
níquel carcinogênico (atua diretamente na mutação genética).
Quadro 2 – Danos à saúde humana causados pelas substâncias perigosas presentes em EEE’s.
Fonte: adaptado de Guimarães (2011), Greenpeace (2014).
como uma política de prevenção da poluição que expande a responsabilidade pela produção de
um bem desde as emissões e efluentes gerados pela extração de matéria virgem ou pelo processo
de manufatura até o gerenciamento do produto ao ser descartado, incluindo as etapas de logística
reversa e estratégia de fim de vida (NNOROM; OSIBANJO, 2008).
Após quatro anos da entrada em operação da diretriz 2002/96/EC, uma comissão da
União Europeia (EU) publicou em 2008 um estudo de avaliação dos impactos dessa diretriz,
realizado ao longo de três anos. Segundo o relatório desse estudo a aplicação da diretriz não
foi tão eficaz quanto pretendido e apontou problemas em sua eficiência, na forma de custos
48 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
1. grandes eletrodomésticos
2. pequenos eletrodomésticos
2
A atividade ilegal de transferência de lixo perigoso tem sido denunciada e combatida pela Basel Action Network
(BAN). A BAN tem como base a convenção da Basiléia. Criada em 1988 durante uma conferência promovida
pelo PNUMA, a convenção da Basiléia é um acordo que define a organização e o movimento de resíduos sólidos
e líquidos perigosos e sua disposição final (GUTIERREZ et al., 2009)
3
A diretriz 2008/98/EC define recuperação como “qualquer operação cujo resultado principal seja a transformação
dos resíduos de modo a servirem à um fim útil”.
4
A diretriz 2008/98/EC define reciclagem como “qualquer operação de recuperação através da qual os materiais
constituintes dos resíduos são novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim
original ou para outros fins”.
2.4. Legislação 49
Parte 1: Taxa mínima aplicável por categorias de 13 de agosto de 2012 até 14 de agosto de
2015 com referência às categorias listadas no anexo I da diretriz 2012/19/EU
categoria de REEE recuperados reciclados
(a) 1 ou 10 80% 75%
(b) 3 ou 4 75% 65%
(c) 2, 5, 6, 7, 8 ou 9 70% 50%
(d) lâmpadas de descarga 80%
Parte 2: Taxa mínima aplicável por categorias de 15 de agosto de 2015 até 14
de agosto de 2018 com referência às categorias listadas no anexo I da diretriz
2012/19/EU
categoria de REEE recuperados reciclados
(a) 1 ou 10 85% 80%
(b) 3 ou 4 80% 70%
(c) 2, 5, 6, 7, 8 ou 9 75% 55%
(d) lâmpadas de descarga 80%
Parte 3: Taxa mínima aplicável por categorias a partir de 15 de agosto de 2018 com
referência às categorias listadas no anexo III da diretriz 2012/19/EU
categoria de REEE recuperados reutilizados e reciclados
(a) 1 ou 4 85% 80%
(b) 2 80% 70%
(c) 5 ou 6 75% 55%
(d) 3 80%
Como parte dos esforços para reduzir os impactos ambientais, a Comunidade Européia,
em 2003, publicou em conjunto com a WEEE, a diretriz RoHS-Restriction of the use of Hazardous
Substances (2002/95/EC) que proibe o uso de chumbo (Pb), mercúrio (Hg), cádmio (Cd),
cromo hexavalente (Cr(VI)), bifenilas polibromadas (PBB) e/ou éteres difenil-polibromados
(PBDE) nos novos EEE’s colocados no mercado nos países membros da Comunidade Européia
(PARLAMENTO EUROPEU AND CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 2003a).
A implementação prática da RoHS tem se mostrado ser muito mais complicada do que
seus idealizadores imaginaram. A simples substituição de um dado elemento ou substância
muitas vezes traz associada diferentes problemas. O caso mais emblemático é o do chumbo,
utilizado principalmente nas ligas de solda. (KOSKINEN; TERHO, 2008)
Diversos tipos de ligas de solda que não contenham chumbo são testadas em laboratórios.
Variáveis como confiabilidade mecânica e elétrica, e custo devem ser atingidas para uma grande
aceitabilidade do mercado (ZERRER et al., 2008; HUTTER et al., 2008; SNOWDON; TANNER;
THOMPSON, 2000).
Prakash e Sritharan (2001) relembram as vantagens do uso do chumbo que dificultam a
sua eliminação das ligas. Os principais fatores elencados em defesa do chumbo estão o fato do
chumbo ser um solvente barato do estanho, além de reduzir a tensão de superfície de adesão do
estanho e possibilitar uma menor temperatura de trabalho.
Para Marques, Cabrera e Malfatti (2013), não há nenhuma avaliação de ciclo de vida
completa das potenciais ligas substitutas que garantam que o impacto associado à elas seja
menor. Em um dos estudos citados pelos autores, a análise de ciclo de vida comparativa entre a
2.4. Legislação 51
liga sem chumbo e a liga convencional, a primeira possui uma contribuição até 10% maior no
potencial de aquecimento global que a liga Sn-Pb. (EKVALL; ANDRAE, 2006 apud MARQUES;
CABRERA; MALFATTI, 2013) 5
Outras substânicas de emprego comum nos EEE’s são os chamados retardadores de
chama. Estão presentes na parte plástica dos cabos, no substratos das PCI’s, entre outros. Porém,
identificar substitutos que atendam à todos os requisitos de segurança sem alterar as propriedades
mecânicas e elétricas e ainda permitirem uma produção e posterior recuperação sustentáveis,
permanece uma tarefa em aberto (IHMELS; DIETZ, 2008).
Nesse sentido, a pesquisa de Lincoln et al. (2007) vem demonstrando que a substituição
dos retardadores de chama tradicionais por uma alternativa menos tóxica, como o polifosfato de
melamina (MPP) é possível. Outra opção seria identificar um uso para o material recuperado
dessas placas (LI et al., 2007).
A diretriz RoHS também passou por uma reformulação e foi re-publicada em 2011
(2011/65/EC). Assim como a diretriz WEEE de 2012, a diretriz RoHS 2, como vem sendo citada,
tem a intenção de melhorar a sua compatibilidade com legislações dos Estados–Membros. A
RoHS 2 apresenta uma metodologia para avaliação de novas substâncias perigosas em EEE com
vistas à restrição. Também indica regras mais claras e transparentes para concessão, renovação ou
exclusão de isenções (PARLAMENTO EUROPEU AND CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA,
2011).
Outros países utilizaram como ponto de partida a experiência européia, tanto dos acertos
quanto dos erros cometidos, para elaborar as leis locais referentes aos resíduos eletroeletrônicos,
entre eles, o Brasil.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) brasileira , lei no 12.305, de 02 de
agosto de 2010, e regulamentada pelo Decreto Federal no 7.404, de 23 de dezembro de 2010,
tem como príncipio a responsabilidade compartilhada, na qual cada setor da sociedade tem sua
obrigação perante o objetivo de “minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem
como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do
ciclo de vida dos produtos” (BRASIL, 2010, p. 3).
Assim, cada setor da sociedade terá sua parcela de obrigação. O consumidor deverá
efetuar a devolução dos produtos ao distribuidor/comerciante. Este por sua vez deverá efetuar a
devolução aos fabricante/importadores, os quais darão destinação final ambientamente correta
aos produtos. De acordo com a lei, somente irão para os aterros sanitários os rejeitos, aquilo que,
após classificação, não é passível de revalorização econômica.
O cidadão passou assim a ser responsável pela disposição correta do resíduo que gera. E
de um ponto de vista filosófico, o cidadão deve reavaliar e repensar seu papel como consumidor
5
T. Ekvall and A.S.G. Andrae. Attributional and consequential environmental assessment of the shift to lead–free
solders. Int. J. Life Cycle Assess., v.11, p.344–353, 2006.
52 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
dentro do princípio dos 3R’s (redução, reutilização e reciclagem). Nesse sentido, o artigo 9o
da PNRS estabelece que a gestão dos resíduos sólidos deve priorizar a não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento e disposição ambientalmente adequada dos rejeitos.
Ao setor empresarial fica a responsabilidade de gerir os resíduos de forma ambientalmente
correta e reincorporá-los na cadeia produtiva. Os governos federal, estadual e municipal são
responsáveis pela elaboração e implementação dos planos de gestão de resíduos sólidos, incluídos
os REEE’s.
Em 2012, o governo federal apresentou a versão preliminar do Plano Nacional de Gestão
de Resíduos Sólidos. Os REEE’s estão incluídos dentro de um dos programas temáticos do
plano, sendo um dos objetivos a implementação da logistíca reversa por tipo de linha até o ano
de 2015, de modo progressivo, conforme acordo setorial específico a ser formulado (BRASIL,
2011).
Dentro do conceito de responsabilidade compartilhada, destaca-se a abordagem econô-
mica dada por Guarnieri e Seger (2014). Para as autoras, o fluxo reverso iniciado no consumidor
(pessoa física ou jurídica) e com passagem obrigatória pelo reciclador, implica uma remuneração
ao consumidor referente à matéria ou produto transferido, uma vez que o resíduo passa a ser
revalorizado e retorna ao ciclo produtivo na forma de matéria prima secundária. O modelo
descrito é melhor visualizado na Figura 7. Essa visão é contrária ao praticado em vários países
europeus, onde existe e vem sendo disseminado o uso de taxas de reciclagem, cujo ônus é do
consumidor, como meio de incentivo à destinação adequada. As autoras ressaltam ainda que no
Brasil o controle do fluxo reverso é dificultado pela presença de cooperativas de catadores e pela
cultura de venda em mercados secundários e doações dos REEE’s.
O art. 2o , inciso II da PNRS estabelece a diretriz de “não-geração, redução, reutilização
e tratamento de resíduos sólidos, bem como destinação final ambientalmente adequada dos
rejeitos”, cuja implementação prática deve considerar o contexto local, demandando portanto
novas abordagens e desenvolvimento de técnicas e tecnologias adequadas ao ambiente consi-
derado. A diretriz do inciso V contempla o “desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias
ambientalmente saudáveis como forma de minimizar impactos ambientais” e o inciso XIII a
“adoção de práticas e mecanismos que respeitem as diversidades locais e regionais”.
Dentro do estado de São Paulo já vigorava, desde 2006, a Lei Estadual no 12.300 cuja
redação é muito semelhante à PNRS (SÃO PAULO (ESTADO), 2006). A gestão integrada e
compartilhada do tratamento do resíduo sólido foi aproveitada e ampliada para o âmbito federal.
O Decreto Estadual no 54.645, de 5 de agosto de 2009 regulamenta a Lei Estadual.
No contexto local do município de São Carlos, a lei municipal no 15.072 foi promulgada
em 2009 para que equipamentos de computação, tubos de raios catódicos e EEE’s contendo
metais pesados ou outras substâncias tóxicas tivessem a destinação correta, ofertando inclusive
incentivos às empresas que realizem a reutilização ou reciclagem do resíduo eletrônico (SÃO
2.5. Estratégias de fim de vida 53
CONSUMIDOR RECICLADOR
Material ou produto
R$/Kg
1. canibalização
2. reuso
3. recondicionamento
4. remanufatura
5. reparo
6. reciclagem
1. reuso
2. reciclagem ou recuperação de materiais
3. recuperação de energia
ações de longo prazo e carentes de uma metodologia eficiente. Cite-se a falta de garantia das
propriedades de qualidade para o reuso de equipamentos ou partes deles (POTTER et al., 1999;
CARVALHO; XAVIER, 2014).
Para Knoth et al. (2002) e Hoffmann et al. (2001) algum processo de desmontagem
está presente em todas as estratégias citadas. Uma possível exceção seria o reuso do produto
descartado e ainda funcional, situação muito comum decorrente da obsolecência do produto do
ponto de vista do usuário atual. Este adquire um modelo novo, deixando de utilizar o antigo, o
qual pode ser doado ou revendido.
Como opção de recuperação de materiais apenas a estratégia 6, reciclagem, se enquadra
nesta categoria de fim de vida. A opção de reuso permite que a peça ou equipamento retorne à
etapa de uso mais de uma vez, no entanto, não a exclui de atingir a etapa reciclagem. A perda de
funcionalidade decorrente de algum dano irreparável implica que aquela peça ou equipamento
não poderá mais ser reutilizado, restando como única opção, a reciclagem.
Keskinen e Valkama (2009) citam ainda a opção de recuperação de energia como uma
outra estratégia de fim de vida. A queima da fração combustível (não metálica) possibilita ainda
a concentração dos metais na escória residual. No entanto, a quantidade e a natureza dos gases
formados durante a incineração desencorajam o uso desta estratégia.
Uma ferramenta para auxiliar na escolha da estratégia de fim de vida é a análise de ciclo
de vida (ACV). Esta ferramenta tem por base a compilação e a avaliação das entradas, das saídas
e dos potenciais impactos ambientais associados à um produto, ao longo de sua cadeia produtiva,
desde a extração da matéria-prima, manufatura, uso e descarte. 8
Para que a ACV possa ser implementada, o maior número de informações sobre todos os
processos envolvidos na cadeia produtiva devem estar a disposição. Como exemplo da aplicação
de ACV especificamente ao problema do fim da vida da PCI, pode-se citar a comparação entre
duas estratégias de fim de vida, onde avaliou-se o uso de dois reagentes (ácido sulfúrico e água
régia) para recuperação de cobre de sucatas de placas de circuito impresso como etapa preliminar
da elaboração desta tese (RUBIN et al., 2014).
Os autores utilizaram dados presentes na literatura à respeito da recuperação de cobre por
meio da combinação de processos mecânicos e eletroquímicos, um empregando ácido sulfúrico
e outro empregando água régia. A avalição das categorias de impacto ambiental consideradas no
estudo mostrou que ambos possuem eficiência similar, porém, o processo com água régia tem
uma performance ambiental melhor que o processo que utiliza ácido sulfúrico
Na sequência, é apresentado um estudo sobre a viabilidade econômica do reaproveita-
mento dos resíduos eletroeletrônicos.
8
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 2001, NBR ISO 14040, Gestão Ambiental – Avaliação do
ciclo de vida – Princípios e estrutura.
56 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
O modelo econômico proposto por Rao, Yuan e Zhang (2004) para o processo de fim–de–
vida de EEE dividi-se em duas partes, modelo de custo e modelo de energia. Para os autores, os
custos e energias associadas com a coleta, transporte, teste, desmontagem, reciclagem e descarte
devem ser considerados.
As maiores vantagens econômicas estão associadas à recuperação de matéria prima.
Dentre os metais não preciosos, o que apresenta maior incidência, principalmente nas
PCI’s, é o cobre. O trabalho de Veit (2005) implementa em escala laboratorial a recuperação
deste metal utilizando processamento mecânico e eletro-obtenção.
As PCI’s são trituradas em dois moinhos de faca e então submetidas à um separador
granulométrico. Em seguida é utilizado um separador eletrostático para retirar os materiais não
condutores. A etapa final é a eletro-obtenção, onde a fração condutora é dissolvida em meio
ácido e usada como eletrólito em uma célula eletrolítica. Nesta célula uma placa de cobre é usada
como cátodo e uma de platina como anodo. O cobre presente na solução, mediante aplicação de
um potencial, se deposita então no cátodo. O cobre recuperado desta forma, segundo o autor,
possui um custo 60% menor que a cotação de mercado do cobre extraído a partir do minério.
Como uma das propostas do presente trabalho é a recuperação da liga de solda a base
de estanho, torna-se particularmente interessante analisar o trabalho de Madureira (2009). Em
seu trabalho, o autor avaliou o benefício econômico associado ao uso da borra da liga de solda
retornada ao processo de produção de solda por meio de logistíca reversa. As máquinas de
soldagem de placas de circuito impresso apresentam um índice máximo de retorno de borra em
torno de 25% para ligas com chumbo e 30% para as livres de chumbo.
O estudo considerou o retorno da borra diretamente dos clientes da empresa produtora
da solda, assim como captação de terceiros. A borra captada de terceiros recebeu a denominação
de sucata, para diferenciação.
Foi observada uma redução de 5,0% no custo da matéria prima na produção da liga
de estanho-chumbo considerando o retorno máximo de borra dos clientes. No caso das li-
gas sem chumbo (9,5Sn/3Ag/0,5Cu e 99Sn/0,3Ag/0,7Cu), as reduções são de 6,8% e 4,5%
respectivamente.
A captação da sucata também permite uma redução nos custos. Segundo os dados, no
caso da liga de estanho-chumbo, a melhora no desempenho financeiro é de aproximadamente
2,8%, além daquele já obtido com o retorno da borra. Para as ligas sem chumbo, a redução é
melhorada em 24,7% para ambos os compostos.
Uma simulação do aumento da captação de sucata demonstra a economia alcançada para
58 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
os três tipos de liga. Dobrando-se a captação, a redução dos custos atinge 6% para a liga com
chumbo e 45% para as que não contém chumbo.
Segundo o autor, o ganho na captação de sucatas e borra são maiores para as ligas sem
chumbo pois os preços dos metais componentes destas ligas são maiores.
Na sequência, serão detalhados os processos de reciclagem e desmontagem, tanto de
EEE’s como de PCI’s.
• desmontagem manual
• desmontagem semi–automática
• desmontagem automática
Com o equipamento desmontado, as diferentes partes são separadas, entre elas está a
placa de circuito impresso. Assim como ocorrido com o REEE, a PCI pode ser destinada à
diferentes estratégias de fim de vida. A mais comum é a reciclagem para reaproveitamento de
materiais.
• desmontagem
• separação ou concentração
• refino
deixando uma lacuna em relação aos custos, tempo e potenciais impactos ambientais associados
(DUAN et al., 2009).
A separação de metais, plásticos e resinas é realizada com base no tamanho, densidade
e propriedades elétricas ou magnéticas dos materiais a serem separados. O conhecimento dos
materiais empregados em EEE’s, portanto, é de grande importância (CUI; FORSSBERG, 2003).
A Tabela 4 relaciona as quantidades médias por substância, presentes nas PCI’s, identificadas por
diferentes autores. A maioria dos elementos citados são metais pois as técnicas de recuperação
de materiais estão focadas para este tipo de material, haja vista o seu maior valor econômico.
Tabela 4 – Composição média de alguns materiais presentes nas PCI’s em porcentagem de peso.
Material a b c d e f
Metal ∼40% 29,87
Cu 14,6 26,8 22 16 9,7 5,8
Al – 4,7 – 5 5,8 7,2
Pb 2,96 – 1,55 2 2,24 2,35
Zn – 1,5 – 1 – 0,21
Ni 1,65 0,47 0,32 1 0,69 0,26
Fe 4,79 5,3 3,6 5 9,2 2,19
Sn 5,62 1 2,6 3 2,15 1,63
Cerâmica ∼30%
Plástico ∼30%
Fonte: adaptado de (DUAN et al., 2009).; a placas-mães (TAKANORI et
al., 2009); b placas-mães (ZHAO et al., 2004 apud DUAN et al., 2011)10 ;
c placa leve (IJI; YOKOYAMA, 1997); d não informado (PARK; FRAY,
2009); e placa leve (YUAN et al., 2007 apud YU; WILLIAMS; JU,
2009)11 ; f placa de vídeo (DUAN et al., 2011)
Observa-se pela análise da Tabela 4 que a maioria dos elementos possuem uma grande
variação de quantidades, que depende do tipo de PCI empregada.
Cada elemento ou liga que compõe os diferentes tipos de materiais presentes na PCI
possuem diferentes propriedades, permitindo assim, o uso das técnicas elencadas com um menor
ou maior grau de eficiência.
A separação entre metal e não-metal pode ser obtida utilizando a diferença de densidade
dos dois materiais (PENG et al., 2004; CUI; FORSSBERG, 2003). Peng et al. (2004) obtiveram
uma taxa de separação de 95% utilizando como meio a água. Segundo os autores, a presença e o
consequente acúmulo de pó de PCI na água requer etapas adicionais de purificação desta para
poder ser reutilizada. O uso de outros liquídos como meio permite a separação entre diferentes
metais (LI et al., 2004; HANAFI et al., 2012).
10
Y. Zhao and X. Wen and B. Li and D. Tao. Recovery of copper from waste printed circuit boards. Minerals &
Metallurgical Processing, v.21, p.99–102, 2004
11
C.Y. Yuan and H.C. Zhang and G. McKenna and C. Korzeniewski and J. Li. Experimental studies on cryogenic
recycling of printed circuit board. Journal of Advanced Manufacture Technology, v.34, p.657–666, 2007
62 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
2.8.1 Pirometalurgia
O processamento pirometalúrgico se tornou o principal método para recuperação de
metais não-ferrosos e metais preciosos de REEE’s. A pirometalurgia pode ser entendida basica-
mento como um mecanismo de concentração de metais em uma fase metálica e a eliminação dos
demais materiais em uma fase escória ou rejeito (CUI; ZHANG, 2008; VEIT, 2005).
A pirólise é uma das técnicas de pirometalurgia mais empregadas. A PCI triturada é
depositada em um reator cuja temperatura de operação pode atingir 1600°C (LI et al., 2004).
64 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
2.8.2 Hidrometalurgia
O processamento hidrometalúrgico consiste no uso de uma solução ácida ou caústica
para dissolver o material sólido (CUI; ZHANG, 2008; VEIT, 2005). As soluções assim obtidas
necessitam um procedimento de separação e purificação como extração por solvente, precipitação
das impurezas, absorção, cementação, troca iônica, filtração e destilação para isolar e concentrar
os metais de interesse (CUI; ZHANG, 2008; VEIT, 2005; YU; WILLIAMS; JU, 2009).
No entanto, o uso de reagentes tóxicos e a geração de rejeitos torna a hidrometalurgia
menos atraente do ponto de vista ambiental (YU; WILLIAMS; JU, 2009; VEIT, 2005).
2.8.3 Eletrometalurgia
O processamento eletrometalúrgico é uma operação de refinamento para se obter o metal
puro ao final da reciclagem. A partir de eletrólitos aquosos ou sais fundidos é implementado o
processo eletroquímico (VEIT, 2005).
Diferentes metais podem ser recuperados utilizando a eletrometalurgia. Veit (2005)
estudou a recuperação do cobre empregando processamento mecânico seguido de um processo
eletroquímico. O autor utilizou a eletro-obtenção, método aplicado quando se tem um eletrólito
contendo o íon metálico de interesse. Assim, a PCI cominuida e processada mecanicamente foi
dissolvida com um solvente, ácido sulfúrico ou água-régia, para formar o eletrólito contendo
cobre.
2.8.4 Biometalurgia
Bactérias, fungos e algas tem sido estudados como agentes de reciclagem de REEE’s.
Capazes de realizar a digestão dos metais presentes, esses microorganismos tem se mostrado
uma opção promissora (VEIT et al., 2008; YU; WILLIAMS; JU, 2009).
A biotecnologia apresenta vantagens sobre os demais processos citados. Além de ser
mais simples e mais barato, possui um volume mínimo de poluição associado. As limitações são
2.9. Desmontagem de placas de circuito impresso 65
o longo tempo necessário para o processo e o requisito dos metais estarem expostos (VEIT et al.,
2008; YU; WILLIAMS; JU, 2009).
Para Feldmann e Scheller (1995), os pesquisadores devem buscar meios de melhorar
a eficiência dos processo de reciclagem de PCI existentes, o que pode ser obtido através de
melhorias nos métodos de desmontagem. Isso se deve ao fato de que a busca por matéria prima
reciclada está diretamente relacionada com a capacidade de se obter um alto grau de pureza do
produto final.
Melhorias no processo de reciclagem podem auxiliar ainda na redução dos impactos
ambientais e na diminuição das necessidades de novas reservas minerais (LEGARTH; ALTING;
BALDO, 1995; LUDA, 2011).
A utilização de outras técnicas de recuperação de metais, como a que emprega água
régia, a partir da qual se gera uma quantidade significativa de efluentes a serem tratados e ainda
impacta a qualidade do ambiente e a saúde humana, tornam os processos físicos mais atraentes
do ponto de vista ambiental. (VEIT, 2005; GREENPEACE, 2014)
Todos os processos de reuso e reciclagem da PCI existentes envolvem, em algum
momento, a etapa de desmontagem. Mesmo que somente para a remoção de componentes
tóxicos e feita de forma manual.
seletiva: onde componentes específicos são localizados e removidos. Neste caso o sistema
de visão computacional deve definir qual componente deve ser removido, qual o tipo de
encapsulamento, a orientação e as coordenadas. Também é denominado “look and pick”,
termo derivado da técnica de montagem conhecida como “pick and place”, na qual um
componente é retirado do estoque e posicionado na placa a ser produzida (FELDMANN;
SCHELLER, 1995; LI et al., 2004).
A desmontagem seletiva tem por objetivo remover componentes reutilizáveis e/ou tó-
xicos (ZEBEDIN; DAICHENDT; KOPACEK, 2001; LI et al., 2004). A implementação das
duas técnicas, no entanto, requerem o conhecimento prévio das características de fixação dos
componentes e dos métodos de aquecimento existentes. Feldmann e Scheller (1994) elencaram
os fatores que influenciam na adesão de componentes THD à placa após a fusão da solda:
• número de pinos
• número de pinos dobrados
• angulo da dobra dos pinos
• material dos pinos
• relação entre diâmetros dos furo e do pino
• fricção entre a superfície do furo e do pino
20 8
15 6
força(N)
força(N)
10 4
5 2
0 0
2 4 6 8 0 45 90
quantidade de pinos dobrados(°) angulo(°) para CI com 4 pinos dobrados
A etapa de aquecimento para derretimento da liga de solda tem papel crucial no processo
de desmontagem. Duan et al. (2011) afirmam em seu trabalho que a remoção dos componentes,
SMD ou THT, e a recuperação da solda requerem que a placa seja aquecida à uma temperatura
40 − 50°C acima do ponto de fusão da liga. Para as ligas comumente usadas em eletroeletrônica
isso implicaria temperaturas variando de 220 à 280°C.
A necessidade de uma temperatura acima do ponto de fusão da liga, isto é, acima do
ponto no qual a liga está no estado líquido, provavelmente advém da maior dispersão de calor
através das trilhas de cobre, componentes e do próprio substrato da placa.
68 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
Figura 10 – Desenho esquemático do equipamento proposto por Zhou e Qiu (2010), contendo:
1-motor elétrico, 2-luva selante, 3-resfriador, 4-fornalha com temperatura
controlada, 5-óleo, 6-reator, 7-tambor rotativo, 8-furos, 9-eixo rotativo.
amplamente difundido e aceito. Filtros também são utilizados em plantas com geração de gases,
como o caso dos processos pirometalúrgicos.
13
Principais fabricantes de moinhos para eletroeletrônicos:
http://www.retsch.pt/pt/;
http://www.askomak.com/en/default.asp;
http://www.lippel.com.br/br;
http://www.rone.com.br/index.html;
http://www.fragmaq.com.br
72 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
• United States Patent and Trademark Office: Escritório de Patentes e Marcas dos Estados
Unidos.
A busca realizada nos índices indicados retornaram resultados diversos como métodos,
equipamentos e processos relacionados à desmontagem e recuperação de liga de solda de PCI’s.
Os equipamentos para desmontagem descrevem o que seria uma esteira na qual as PCI’s
seriam fixadas por grampos e que percorrem as camaras de aquecimento. Em seguida passam
a uma camara de remoção, que pode ser por aplicação de um pulso de vibração ou roletes
que imprimem uma pressão na direção ao longo do substrato da PCI ou mesmo chapas para
raspagem da PCI, utilizadas principalmente no caso de montagens SMD. Os acionadores podem
ser elétricos ou pneumáticos (GUANDONG YINGJIA ENVIRONMENTAL PROTECTION,
2011; J. R. MOLTION, 2005; BYSTRITSK G. I., 1985).
Um equipamento de desmontagem especifíco para tecnologia THT identificado consiste
de um tanque de solda derretida para imersão da PCI e aquecimento da solda de fixação dos
componentes, com posterior inserção de um bastão ou vareta através do buraco da placa onde
está alocado o pino do componente (KUMON NAT. INST. TECHNOLOGY, 2007).
Um modelo mais sofisticado descreve o uso de um sensor óptico em conjunto com
um sistema de processamento de imagem para determinação das coordenadas de contorno dos
componentes e identificação destes. Uma vez os dados foram adquiridos, procede-se a remoção
dos componentes de interesse. O sistema descrito possui maior aplicação na estratégia de reuso
(FES USED ELEKTRONICS ELEKTRONISHCE GEBRA AND ENGLERT K., 1993).
Um dos equipamentos, descrito como aparato para recuperação de solda, contêm dois
bocais de operação independentes, sendo um para aquecimento e outro para sucção da solda
74 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
design. Estes produtos possuem a sua disposição novas técnicas de produção, assim como
materiais, pensados para facilitar e promover a desmontagem.
Por outro lado, estão os produtos que já estão em uso e foram produzidos sem considerar
a fase de final de vida. A desmontagem destes produtos é realizada manualmente, com um custo
temporal e econômico elevados. O uso de equipamentos específicos é reduzido e limitado, como
o utilizado para descontaminação de CRT.
O relatório da United Nations Environment Programme (2009) aponta que as inovações
no tratamento de REEE’s devem focar nas necessidades principais de melhoria de sua sustentabi-
lidade global. Dentro deste contexto, ainda segundo o relatório, os maiores impactos ocorrerão
com a melhora na coleta, na desmontagem e no tratamento dos componentes tóxicos, bem como
na interface de gerenciamento ao longo de toda a rede de reciclagem.
A tese apresentada está dentro dos critérios de inovação da UNEP, que trabalha em
conjunto com a Iniciativa Solving the E-Waste Problem (StEP)15 , visto que defende um novo
método de desmontagem de placas de circuito impresso.
O método proposto utiliza aquecimento do ar para derretimento da liga de solda por
meio de dois sopradores térmicos e força centrífuga para remoção dos componentes e da liga.
A implementação prática deste método será obtida por meio da construção de um protótipo
desenhado para este fim específico, considerando as condições de operação requeridas.
A automação do protótipo permite monitoração e controle da temperatura interna de
trabalho através de sensores e acionamento dos aquecedores, ajustes de temporização e controle
de velocidade.
A ausência de meio liquído no protótipo confere-lhe o status de equipamento seco. Este
fato elimina a necessidade de descarte de substâncias contaminadas, reduzindo os custos com
manejo e facilitando o licenciamento para operação da unidade recicladora. Isto permitirá uma
maior aceitação do equipamento proposto junto ao mercado consumidor.
A alternativa proposta possui um ganho ambiental quando comparado com técnicas de
recuperação de metais como as que utilizam água régia, cujos efluentes gerados são em uma
quantidade significativa, e devem ser tratados para não impactar a qualidade do ambiente e a
saúde humana.
Assim como os demais protótipos que utilizam o ar como meio de aquecimento, a
temperatura de operação não é suficiente para ocasionar a combustão das partes da PCI. Contudo,
os banhos químicos durante o processo de fabricação da placa podem resultar na liberação de
gases tóxicos ou com odores desagradáveis, motivo pelo qual o uso de filtros nas instalações é
recomendado.
15
Iniciativa de colaboração global para conduzir o pensamento, conhecimento, consciência e inovação no
gerenciamento e desenvolvimento de recuperação de recursos, reuso e prevenção de e-lixo de forma ambiental,
econômica e eticamente aceitável.
76 Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
O uso de peças comuns na montagem do protótipo, como por exemplo o motor de indução
e um modelo de controlador lógico programável simples, ambos de ampla comercialização,
habilitam a produção do equipamento proposto em larga escala.
Devido ao fato do protótipo não utilizar dispositivos que requeiram um conhecimento
especializado, como o necessário para operar um laser ou efetuar programações complexas,
o mesmo pode ser instalado em locais que não disponham de pessoal com treinamento e
escolaridade avançados. A coleta separada da liga de solda, dos componentes e do substrato é
outro ponto que facilita a sua operação.
77
3 Materiais e Métodos
F =m∗a (3.1)
∆v
a= (3.2)
∆t
v =w∗r (3.3)
∆(w ∗ r)
F =m∗ (3.4)
∆t
∆w
F ∗ r = m ∗ r2 ∗ (3.5)
∆t
No movimento rotacional, a aceleração α é a variação da velocidade angular no tempo.
O conceito de momento M , também chamado torque, é resultante de uma força F multiplicada
por um braço. O momento de inércia I é a distribuição de massa de um corpo ao redor de um
eixo de rotação. Substituindo esses conceitos em (3.5), temos:
M =I ∗α (3.6)
78 Capítulo 3. Materiais e Métodos
mcesto
Icesto = ∗ (r2 + R2 ) (3.7)
2
O dimensionamento do aparato foi baseado na desmontagem simultânea de 6 placas com
dimensões de 30 cm por 30 cm. O acionamento da centrífuga é feito a partir de um motor de
indução trifásico de 1 cv, 2 pólos, velocidade sincrôna de 3420 rpm, marca WEG, modelo W22
PLUS.
Com base nos dados da literatura, a força máxima a ser aplicada para remoção de um
componente é 15 N. Para os cálculos foram considerados o peso de um componente como sendo
5g e a velocidade angular 900 rpm. Para essa velocidade, a relação de polias pode ser 1:1 e não
requer um balanceamento perfeito do protótipo, uma vez que as placas que pretende-se processar
não são todas iguais.
Partindo-se dos dados acima e utilizando as equações 3.4 e 3.3 chega-se a um valor do
raio da centrífuga igual a 34 cm. O detalhamento dos cálculos e os desenhos do projeto do
protótipo são apresentados no apêncide A. A partir dessas informações, iniciou-se a etapa de
construção do protótipo.
A base do protótipo foi construída utilizando-se metalon e cantoneiras de aço de maneira
à garantir uma boa rigidez mecânica (Figura 15). No interior dessa estrutura foi montado
o motor, que por meio de um sistema de correia e esticador, transmite torque para colocar a
centrífuga em funcionamento. O eixo da centrífuga é fixo e a posição do motor varia conforme a
distância exigida para se tensionar a correia e transmitir o movimento.
Sobre a base está apoiado o coletor, com o formato de uma casca de cilindro. A base do
coletor possui um orifício por onde passa o eixo acoplado à centrífuga. O eixo é preso à base por
um sistema de mancais e rolamentos. O coletor foi confeccionado com chapas de alumínio e
material isolante (fibra de vidro), na forma de um sanduíche, conforme ilustrado na Figura 16.
3.1. Detalhamento do protótipo 79
Dentro do coletor, está montado o cesto da centrífuga onde são depositadas as placas a
serem desmontadas. O cesto possui formato de um poliedro com base em forma de hexágono
(Figura 17). As faces laterais são feitas de uma tela de aço inox com furos de 0,7mm de diâmetro.
Além do orifício para passagem do eixo, o fundo do coletor possui outro orifício ou duto,
de menor diâmetro, utilizado para a coleta da solda removida das PCI’s, mostrado em detalhe na
Figura 18. A fixação do coletor à base é feita por meio de quatro parafusos, o que permite o
ajuste de uma pequena inclinação facilitando assim o direcionamento do estanho para o duto de
coleta.
O coletor é dotado de uma tampa construída em alumínio e isolante (semelhante ao
coletor), contendo dois furos onde são acoplados os sopradores térmicos. A tampa, totalmente
removível, permite o acesso ao interior da centrífuga, facilitando assim o manuseio das placas e
a remoção dos componentes. Nos furos da tampa foram acopladas luvas que permitem a fixação
80 Capítulo 3. Materiais e Métodos
dos sopradores por meio de abraçadeiras, garantindo assim uma boa estabilidade e evita o retorno
do ar quente. A Figura 19 mostra os sopradores posicionados na tampa.
O soprador escolhido é o modelo GHG-630 da marca Bosh, que possui controle de
temperatura de 10°C em 10°C, com variação de 50 à 630°C e 3 níveis de vazão de ar (150/300/500
L/min). Os sopradores térmicos são ligados às tomadas posicionadas na superfície da caixa do
painel elétrico. A energização dessas tomadas é gerenciada pelo controlador lógico programável
(CLP) por meio de contatores e determina o tempo que os mesmos devem permanecer ligados.
3.1. Detalhamento do protótipo 81
centrífuga parado até atingir a temperatura de fusão da liga de solda, isto é, aproximadamente
180°C. O tempo de aquecimento do ar, principalmente entre o cesto e o coletor, ao redor dos
sensores termopares, se mostrou muito elevado em decorrência da má circulação de ar na
região citada, em virtude do diminuto diâmetro dos furos do cesto de inox. Esse problema foi
contornado acionando o rotor da centrífuga com uma velocidade baixa durante o período de
aquecimento da mesma. Após testes com alguns valores, verificou-se que a velocidade de 90rpm
era eficiente para uma mistura homogênea do ar dentro da centrífuga.
A operação da centrífuga é descrita pelo fluxograma da Figura 23. Devem ser ajustados
os valores da temperatura de setpoint, as velocidade de baixa e alta rotação e o tempo de controle.
A temperatura de setpoint indica a temperatura que o protótipo deve atingir para que a centrífuga
passe a girar em alta rotação procedendo assim à desmontagem da PCI. O tempo de controle
determina por quanto tempo o protótipo deve permanecer em alta rotação. Findo esse tempo,
encerra-se o ciclo.
Seguindo o observado por Layiding et al. (2005), foi adotado o tempo de 30 segundos
como controle. Ou seja, ao atingir a temperatura de setpoint, aplica-se a força centrífuga,
aumentando a velocidade de rotação, na qual permanece até se encerrar o intervalo de 30 s.
Os sopradores permanecem em operação para garantir que a temperatura não diminua com o
84 Capítulo 3. Materiais e Métodos
PCI
aquecimento
baixa rotação
T emp = T empsetpoint ?
não
sim
alta rotação
timer
timer = tcontrole ?
não
sim
desliga
(a) Fonte com caixa removida do PC. (b) Fonte com a caixa aberta.
(c) Placa da fonte removida da caixa. (d) Placa da fonte sem os fios.
caso das placas leves, o valor inicial foi 199,7°C (ou 150°C sem correção), pois os testes com
valores abaixo disso tiveram uma eficiência muito baixa, e variada de 10 em 10°C, com limite
superior dado pela fumaça (237°C ou 180°C sem correção). Esses valores estão descriminados
na Tabela 6.
As variações de 5 e 10°C foram escolhidas após alguns testes. A temperatura medida
com o CLP é resultado da média simples dos 3 termopares, cuja oscilação chegava a 3°C, motivo
pelo qual optou-se por utilizar uma variação nos procedimentos de 5°C para as placas pesadas, e
3.2. Procedimento de Desmontagem 87
de 10°C para as placas leves, de modo a ter uma diferenciação entre as coletas.
Ao compor um lote, cada placa marrom é pesada individualmente e calculado o peso total,
enquanto que as placas leves são pesadas juntas. Ao final do ciclo, são pesadas as partes separadas
de cada lote, isto é, a liga de solda removida, os componentes removidos e os substratos.
89
4 Resultados e Discussões
substrato.
O protótipo foi desenhado idealizando que a solda, após ser aquecida e removida da PCI
por centrifugação, escorreria pela lateral e pelo fundo do coletor até o duto de coleta. Porém, ao
atingir o coletor, a liga de solda solidificava-se e permanecia aderida ao mesmo, como mostrado
na Figura 28. Diversas razões podem ter contribuído para isso, como a rápida dissipação de calor
na parede do coletor, a cessação da fonte de aquecimento instantes após a solda ser removida
da PCI e o fato da parede do coletor não ser uma superfície perfeitamente lisa são algumas das
principais hipóteses.
Figura 28 – Solda, na imagem na cor cinza claro, aderida à parede do protótipo (cor cinza
escuro) após ciclo de desmontagem.
Assim, a remoção da liga de solda da centrífuga foi realizada por meio de raspagem
do coletor utilizando-se uma espátula. A solda, ao ser raspada, se concentrava no fundo do
cesto coletor, como mostrado na Figura 29. A coleta foi feita com o auxílio de um pincel para
direcionar as raspas até o duto de coleta.
(a) Placas posicionadas para desmontagem. (b) Detalhe de uma placa dentro do protótipo.
Figura 30 – Posicionamento das placas dentro do protótipo com a face da solda voltada para
cima, na direção do fluxo de ar.
A temperatura ajustada para os testes com placas marrons variou de 174°C à 212,3°C.
Para valores superiores ocorria o ínicio da queima da placa de fenolite ocasionando a sua
deformação e a liberação de fumaça com odor acentuado. Nas temperaturas utilizadas, percebia-
se a liberação de um odor característico, provavelmente em decorrência da evaporação da camada
depositada na PCI durante os banhos químicos da fase de fabricação.
1
Para esse fim foi utilizada uma balança marca Toledo, modelo Adventurer, com precisão de 0,01g e capacidade
de 510g.
4.1. Desmontagem das placas de circuito impresso 93
Tabela 7 – Recuperação da liga de solda para placa pesada expresso como porcentagem do peso
total da PCI.
aa
temp
aa vel
aa(rpm) 700 800 900 1000 1100 média desvio
(°C) aa
a
174,6 0,40 1,01 2,08 2,00 2,05 1,38 0,77
187,1 4,07 1,74 1,54 2,54 2,61 2,32 1,00
193,4 2,28 1,62 2,45 2,20 2,50 2,21 0,35
199,7 2,18 3,42 2,63 2,61 2,58 2,59 0,45
206,0 2,10 2,50 3,26 2,07 4,30 2,68 0,94
212,3 1,26 2,15 5,61 5,06 2,63 2,86 1,89
média 1,95 1,93 2,81 2,71 2,71 – –
desvio 1,22 0,83 1,43 1,16 0,77 – –
6
700rpm
800rpm
900rpm
4 1000rpm
1100rpm
média
2
0
174, 6 187, 1 193, 4 199, 7 206 212, 3
temperatura(°C)
0
700 800 900 1000 1100
velocidade(rpm)
com temperatura superior, no qual eram desmontadas. Esse fato se deve ao emprego de ligas de
estanho diferentes, podendo ou não conter chumbo, uma vez que referidas ligas possuem ponto
de fusão superior às ligas com chumbo.
Outro resultado importante é a recuperação de componentes. Finalizado o processo de
desmontagem, muitos componentes haviam sido removidos das placas, permanecendo no cesto
coletor. Mesmo assim, as PCI’s tiveram alguns componentes removidos manualmente após o
resfriamento da mesma. A operação manual foi requerida pois as placas, durante a etapa de alta
rotação, permaneceram com a face da solda voltada para o lado externo, de modo que a força
centrífuga exercesse maior efeito sobre a liga de solda liquefeita. Deve-se ressaltar que essa
etapa manual foi feita de modo similar à inserção de componentes durante a montagem, porém,
em sentido inverso e com maior rapidez. Os dados referentes à desmontagem das placas pesadas,
já considerando a etapa manual citada, é mostrado na Tabela 8.
Tabela 8 – Recuperação de componentes para placa pesada expresso como porcentagem do peso
total da PCI.
aa
temp
aa vel
aa(rpm) 700 800 900 1000 1100 média desvio
(°C) aa
a
174,6 3,11 11,64 53,89 42,44 72,86 31,03 29,12
187,1 62,93 30,63 20,69 54,67 62,66 42,85 19,46
193,4 79,31 27,89 52,31 57,19 76,51 56,71 20,82
199,7 52,78 72,04 69,62 80,29 66,79 66,62 10,03
206,0 56,10 69,57 66,94 67,24 71,47 66,32 5,97
212,3 59,68 69,60 70,06 72,31 61,43 64,78 5,58
média 53,57 43,66 54,55 64,23 66,75 – –
desvio 25,81 26,57 18,80 13,57 5,98 – –
recuperação de componentes(%)
700rpm
80
800rpm
900rpm
60 1000rpm
1100rpm
40 média
20
0
174, 6 187, 1 193, 4 199, 7 206 212, 3
temperatura(°C)
174,6°C
80
187,1°C
193,4°C
60 199,7°C
206,0°C
40 212,3°C
média
20
0
700 800 900 1000 1100
velocidade(rpm)
força centrífuga, sendo a sua liberação prejudicada por este motivo, como pode ser observado na
Figura 31.
As PCI’s processadas à velocidade de 900 rpm tiveram os componentes remanescentes
da placa removidos manualmente, com auxílio de ferramentas. A remoção dos componentes
remanescentes não apresentou dificuldades para ser realizada, requerendo o uso de uma estação
de dessolda em poucos casos. Com isto, foi possível avaliar a taxa de remoção ou desempenho
do protótipo, uma vez que o peso dos componentes removidos e o peso total de componentes da
placa eram conhecidos. O Gráfico 6 apresenta esses dados. Observa-se que para temperaturas
acima de 200°C a taxa de remoção fica próxima dos 90%.
4.1. Desmontagem das placas de circuito impresso 97
90
80
70
60
50
187, 1 193, 4 199, 7 206 212, 3
temperatura (°C)
Tabela 9 – Material retido para placa pesada expresso como porcentagem do peso total da PCI.
aa
temp
aa vel
aa(rpm) 700 800 900 1000 1100 média desvio
(°C) aa
a
174,6 0,59 0,49 0,85 1,68 1,00 0,82 0,47
187,1 0,08 0,60 0,89 1,69 3,11 1,17 1,18
193,4 0,59 0,48 1,11 0,83 0,10 0,65 0,38
199,7 0,58 0,73 0,83 0,70 1,08 0,78 0,19
206,0 0,47 0,93 0,50 0,50 0,70 0,65 0,19
212,3 0,65 0,87 0,11 0,26 1,02 0,68 0,44
média 0,53 0,67 0,79 0,80 1,08 – –
desvio 0,21 0,19 0,36 0,66 1,02 – –
700rpm
3 800rpm
material retido(%)
900rpm
1000rpm
2 1100rpm
média
1
0
174, 6 187, 1 193, 4 199, 7 206 212, 3
temperatura(°C)
174,6°C
3 187,1°C
material retido(%)
193,4°C
199,7°C
2 206,0°C
212,3°C
1 média
0
700 800 900 1000 1100
velocidade(rpm)
Dos três produtos obtidos com a desmontagem, o primeiro a ser considerado é a liga de
solda. A liga de estanho removida de um lotes contendo 6 placas marrons é mostrada na Figura
32. A solda recuperada apresenta coloração e brilho uniformes, semelhantes às ligas comercias
ou “novas”.
Figura 36 – Substrato de fenolite deformado devido ao calor e força centrífuga durante processo
de desmontagem.
20
16
14
12
Tabela 12 – Recuperação da liga de solda para placa leve expresso como porcentagem do peso
total da PCI.
aa
temp
aa vel
aa(rpm) 700 800 900 1100 média desvio
(°C) aa
a
199,7 0,85 0,42 1,00 0,45 0,64 0,29
212,3 1,60 0,28 0,99 0,44 0,82 0,60
224,9 0,91 0,60 0,69 0,95 0,78 0,17
237,5 0,61 0,57 0,83 0,60 0,64 0,12
média 1,01 0,48 0,88 0,64 – –
desvio 0,43 0,15 0,15 0,24 – –
recuperação da liga de solda(%)
2
700rpm
800rpm
1, 5 900rpm
1100rpm
1 média
0, 5
0
199, 7 212, 3 224, 9 237, 5
temperatura(°C)
0, 5
0
700 800 900 1100
velocidade(rpm)
Tabela 13 – Recuperação de componentes para placa leve expresso como porcentagem do peso
total da PCI.
aa
temp
aa vel
aa(rpm) 700 800 900 1100 média desvio
(°C) aa
a
199,7 13,85 15,55 26,72 26,44 19,79 6,89
212,3 32,19 29,94 35,34 27,27 31,00 3,42
224,9 33,00 30,76 34,90 29,68 31,52 2,33
237,5 25,49 29,55 25,26 25,36 26,36 2,09
média 25,32 25,41 30,78 27,40 – –
desvio 8,85 7,28 5,30 1,84 – –
recuperação de componentes(%)
40
700rpm
800rpm
30 900rpm
1100rpm
20 média
10
0
199, 7 212, 3 224, 9 237, 5
temperatura(°C)
40
199,7°C
212,3°C
30 224,9°C
237,5°C
20 média
10
0
700 800 900 1100
velocidade(rpm)
A taxa média de recuperação de componentes ficou entre 19,79% e 31,52%, sendo que
para temperaturas acima de 210°C, a variação é ainda menor (entre 26,36% e 31,52%). Como a
liga de solda não é conhecida a priori, o uso de temperaturas próximas ao ponto de fusão da liga
eutética dificultam a remoção dos componentes, explicando o motivo de temperaturas maiores
proporcionarem taxas mais elevadas de recuperação de componentes.
Esse fato também é observado ao analisarmos o Gráfico 13, a quantidade de componentes
permanece constante (de 25% a 31%) para toda faixa de velocidade quando apenas as temperatu-
ras acima de 212°C são consideradas. O gráfico demonstra ainda que as rotações escolhidas para
operação são suficientes para fornecer a força necessária à remoção dos componentes.
4.1. Desmontagem das placas de circuito impresso 107
Tabela 14 – Material retido para placa leve expresso como porcentagem do peso total da PCI.
aa
temp
aa vel
aa(rpm) 700 800 900 1100 média desvio
(°C) aa
a
199,7 0,07 0,47 0,67 0,04 0,31 0,31
212,3 0,11 0,37 0,28 0,13 0,21 0,13
224,9 0,38 0,34 0,02 0,05 0,20 0,19
237,5 0,05 0,06 0,27 0,22 0,16 0,11
média 0,15 0,34 0,31 0,10 – –
desvio 0,16 0,17 0,27 0,08 – –
1, 5
700rpm
800rpm
material retido(%)
900rpm
1 1100rpm
média
0, 5
0
199, 7 212, 3 224, 9 237, 5
temperatura(°C)
As perdas associadas ao processo de desmontagem, tanto para placas pesadas como para
placas leves, é muito baixa (<1%), independentemente da temperatura e da velocidade utilizados.
Se apenas as placas leves forem consideradas, as perdas não ultrapassam 0,5%.
As perdas estão associadas com pequenas quantidades de estanho que permanecem
aderidas ao cesto, como em cantos e frestas da montagem, que dificultam o escoamento e
a remoção. A quebra de componentes é outro fator que implica na perda de material. E
eventualmente, algum componente removido pode ter sido arremessado para fora da centrífuga
pelo vão próximo ao eixo da mesma, decorrente da aceleração imposta pela força de rotação do
protótipo, o que também explicaria os pontos mais distantes no gráfico.
108 Capítulo 4. Resultados e Discussões
1, 5
199,7°C
212,3°C
material retido(%)
224,9°C
1 237,5°C
média
0, 5
0
700 800 900 1100
velocidade(rpm)
Diferente das placas marrons, onde estavam presentes diversos tipos de componentes
eletroeletrônicos, nas placas leves utilizadas, havia somente CI’s com encapsulamento cerâmico
e alguns resistores, tanto THT como SMT (Figura 40).
O substrato das placas leves, feito de fibra de vidro, não apresenta mudanças visuais de
coloração e formato, como pode ser observado na Figura 41.
4.1. Desmontagem das placas de circuito impresso 109
O tempo médio do ciclo de operação do protótipo com placas leves para os diferentes
valores de temperatura de setpoint são mostrados na Tabela 15. As considerações feitas para
placas pesadas são válidas para as placas leves.
placas leves, o tempo de execução do ciclo também varia linearmente com a temperatura que o
protótipo deve atingir. O ponto B anotado no gráfico apresenta um leve deslocamento pois os
ciclos referentes à essas medidas foram executados com as menores temperaturas ambientes, de
modo similar ao ocorrido com o ponto A no gráfico 9, de placas pesadas.
22
tempo ciclo (min)
B
20
18
16
14
O tempo médio do ciclo de operação do protótipo com placas leves para os diferentes
valores de velocidade de setpoint são mostrados na Tabela 16. Como o ocorrido com a tempera-
tura, são válidas as mesmas considerações anteriores feitas para placa pesada relativamente à
velocidade.
Tabela 16 – Tempo do ciclo de operação do protótipo com placas leves em função da velocidade.
(a) Amostra de solda da placa pesada. (b) Amostra de solda da placa leve.
placa marrom
60 placa leve
borra
% em massa
40
20
Al Sn Pb Fe Si Cu
placa marrom
placa leve
2 borra
% em massa
Al Fe Si Cu
acrescida à amostra quando da remoção por raspagem do coletor da liga de solda. A taxa de
alumínio é maior nas amostras das placas leves pois a quantidade de liga recuperada é menor
para a mesma área de coleta, isto é, o cesto coletor, se comparada à taxa nas amostras das placas
marrons.
O ferro, por sua vez, provém da própria PCI, uma vez que compreende até quase 10%
do peso da PCI (PARK; FRAY, 2009; TAKANORI et al., 2009; YU; WILLIAMS; JU, 2009).
Embora presente na estrutura do cesto coletor, o contato e o consequente desgaste físico são
mínimos, uma vez que o maior contato das placas, dentro da centrífuga, é com a grade de aço
inox.
4.3. Estimativa de custo 113
Os valores máximos permitidos para o ferro e o alumínio em uma liga são de 0,02% e
0,005% respectivamente. Nas duas amostras esses valores foram ultrapassados.
O silício encontrado nas amostras das placas leves ocorre devido ao fato de alguns CI’s
sofrerem danos como rachaduras ou mesmo se partirem durante a desmontagem. A presença do
silício pode ainda ser decorrente da poeira trazida pelo ar.
Observa-se, no entanto, que o valor desses contaminantes presentes na borra, a qual é
reaproveitada pela industria fabricante de ligas de solda, apresenta patamares semelhantes aos
da liga de solda recuperada com o método defendido nesta tese. Ou seja, a liga proveniente da
coleta no protótipo desenvolvido apresenta condições técnicas suficientes para ser utilizada como
matéria prima reciclada.
A remoção da liga de solda dos REEE permitirá melhorar a eficiência dos processo
de reciclagem com foco na recuperação do cobre. Segundo Veit et al. (2005), processos de
separação magnético e eletrostático resultam em frações contendo concentrações médias de
50% de cobre, 25% de estanho e 7% de chumbo. Assim, a aplicação prévia do presente método
aumentará a concentração de cobre, ao mesmo tempo que diminuirá a taxa de estanho e chumbo,
permitindo que a etapa subsequente de refino seja mais eficiente, principalmente de metais
nobres (ZHOU; QIU, 2010).
Outro ponto a se destacar é o fato do estanho e do chumbo acompanharem o cobre
durante todas as etapas mecânicas e interferirem na obtencão final do cobre.
Chancerel et al. (2008) sugere que a melhora na recuperação de alguns metais como por
exemplo cobre e ouro passa pelo aumento da remoção manual de componentes com elevada
taxa desses metais, nos estágios iniciais da reciclagem, evitando assim serem comínuidos e a
consequente dispersão na saída. Isto é corroborado pela conclusão de Johansson e Bjorklund
(2009), que afirma que desmontagem prévia à cominuição pode ter um efeito de diminuição no
consumo dos recursos globais e no potencial de aquecimento global.
Para a estimativa de custo, foi considerado o protótipo operando com três vezes a
capacidade utilizada nos testes, ou seja, 18 placas pesadas, uma vez que a centrífuga comporta
referida quantidade. O peso médio de uma placa pesada é de 232 g. Foi considerada ainda, uma
taxa média de recuperação de 31 g para um lote com 6 placas. Adotando-se o pior cenário, foi
considerado, para um ciclo, o tempo de 20 minutos.
protótipo
potência 3,4 kW
capacidade de processamento 12,6 Kg/h
recuperação de solda 0,279 Kg/h
R$/hora 1,02
tempo(h)/tonelada 3.584,23
total(R$)/tonelada 3.655,91
1 kWh = R$ 0,30007 - CPFL (jun/2014)
Como apresentado na Tabela 17, o custo para recuperar 1 tonelada de liga de solda de
estanho-chumbo de resíduos de placas de circuito impresso está em torno de R$3.700,00. O
custo das toneladas do estanho e do chumbo no mercado estão, respectivamente, em torno de
US$22.966,54 e US$2.086,12. Considerando um liga estanho-chumbo 60-40, pode-se estimar
que a liga de solda totalize US$14.614,37 segundo a cotação atual. De acordo com a cotação
média do dólar (R$/US$ 2,243), esse valor representa R$32.828,20, ou seja, aproximadamente
nove vezes o valor da liga recuperada. O valor médio de uma barra de 1kg de liga de solda
60-40 utilizada em máquinas de banho de solda é de R$50,00. Ainda, considerando os dados da
Tabela 17 e o valor da cotação da liga, uma hora de operação do protótipo representa uma receita
aproximada de R$10,00 com um custo de R$1,00, ou seja, um lucro de R$9,00/h de operação.
Melhorias no desenho do protótipo, como por exemplo ampliação de sua capacidade, podem
aumentar essa margem.
O uso da borra de solda como insumo na produção de ligas comerciais já foi demonstrado
ser vantajoso (MADUREIRA, 2009). A estimativa apresentada demonstra que a recuperação
da solda de resíduos de placas de circuito impresso é uma alternativa viável para a obtenção de
insumos para a produção de ligas comerciais.
Ainda, segundo Yu, Williams e Ju (2009), o potencial econômico do estanho presente
nas PCI’ é de 3,84% enquanto o do cobre é de 4,80%. Os valores próximos se devem ao alto
custo de produção do estanho.
No caso das placas marrons, é possível ampliar a análise. Considerando o material
resultante do pré-processamento, pode-se fazer uma comparação relativamente ao modo como
as empresas de desmanufatura de computadores atuam no mercado atualmente.
As fontes de alimentação de computadores quando vendidas sem serem desmanufaturadas
4.3. Estimativa de custo 115
na cadeia citada (ARAÚJO, 2006). Dispondo de métodos de alta eficiência, o uso conjunto
desses diferente métodos tem a capacidade de reverter a balança favoravelmente à desmontagem
das PCI’s. Uma alternativa para obtenção de lucro a partir dos cabos e fios é a reutilização, uma
vez que a qualidade destes pode ser aferida com o uso de um testador de continuidade ou um
multímetro.
A desmanufatura, incluída a desmontagem da PCI, deve ser considerada hoje do ponto
de vista ambiental, cujos benefícios são de longo prazo e as medidas impositivas por lei. A
segregação dos resíduos em suas partes constituintes permitirá a melhora dos processos de
reciclagem dos diversos metais que compõem os REEE.
117
5 Conclusões
Aplicar técnicas de separação e refino para avaliação da recuperação dos metais proveniente
dos componentes recuperados da desmontagem.
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e–waste recycling town in china. Environmental Research, v. 108, p. 15–20, 2008.
ZHOU, Y.; QIU, K. A new technology for recycling materials from waste printed circuit boards.
Journal of Hazardous Materials, v. 175, p. 823–828, 2010.
Apêndices
133
APÊNDICE A – Dimensionamento da
centrífuga
s
15 ∗ r
94 ∗ r =
0, 005
15 ∗ r
(94 ∗ r)2 =
0, 005
44, 18 ∗ r2 = 15 ∗ r
∴ r = 0, 34m
Figura 44 – Protótipo.
1 00
chapa base: 16
00 00
cantoneira base:1 12 x 16
3
com peso nominal: 2,68kg/m
A Figura 48 apresenta as vistas da cuba coletora da centrífuga confeccionada em chapa
de alumínio e isolante térmico.
A centrífuga (Figura 49), interna ao coletor de alumínio, onde as PCI’s são posicionadas,
foi construída utilizando-se:
10 00 1 00
perfil T: 16
x8 peso nominal: 0,71kg/m
00 00
cantoneira: 12 x 81 peso nominal: 0,55kg/m
barra chata:
A.1. Dimensionamento Estrutural 135
3 00 1 00
• 8
x8 peso nominal: 0,24kg/m
3 00 1 00
• 4
x8 peso nominal: 0,48kg/m
7, 5
Icesto = ∗ (322 + 342 )
2
Icesto = 3, 75 ∗ 0, 668
∴ Icesto = 0, 8175Kg ∗ m2
0, 2386 = 0, 8175 ∗ α
∴ α = 0, 29rad/s2
A.2. Dimensionamento elétrico 137
APÊNDICE B – Correção da
temperatura de trabalho
curva1
260 1, 06 · x + 18, 41
240 curva2
1, 33 · x + 9, 63
sensor IR(°C)
220
curva3
200 1, 38 · x + 5, 04
180 curva4
1, 25 · x + 11, 18
160 média
140 1, 26 · x + 11, 07
120
100 110 120 130 140 150 160 170 180 190
termopar(°C)
Observa-se no gráfico uma pequena dispersão das curvas. Um dos motivos para isso
pode ser a diferença de temperatura ambiente entre um ciclo e outro de operação, que oscilou
de 17°C à 33°C. A temperatura externa apresenta influência no comportamento térmico da
centrífuga devido ao isolamento deficiente do protótipo. O uso de uma manta de fibra de vidro
com espessura menor que 2cm não se mostrou eficiente para evitar a troca de calor da centrífuga
com o meio. Desta forma, a temperatura ambiente ocasionava ora uma troca rápida, ora uma
troca lenta, variando a temperatura medida com o termômetro. Como connsequencia o tempo de
operação da centrífuga também foi afetado.
A partir dos dados, foi feita a regressão linear das diferentes curvas obtidas e em seguida
determinado os valores médios dessas curvas. Os resultados estabelecem a equação de reta dada
por B.1 para o ajuste da temperatura.
APÊNDICE C – Programação do
controlador lógico programável
A programação do CLP foi feita utilizando-se o software CLIC EDIT (v.3.3) de distribui-
ção gratuita pelo fabricante WEG. A programação foi implementada em linguagem ladder.
Linha Programa
t05 T01
001
T01 C01
003
C01 C02
005
M01
006
H01
008
m02 Q01
010
Q06
011
MD01
012
MD02
013
MD03
014
AS01
015
AS02
016
Linha Programa
MD04
017
G01
018
T02 T02
021
T02 Q03
023
Q04
024
T03
025
T03 Q04
027
T04
028
T04 Q03
030
Q04
031
Q02
032
Linha Programa
T05
033
T05 Q01
035
Q06
036
M02
037
Relatório apresentado pela empresa Atotech referente às amostras enviadas para análise.
MATERIAL SCIENCE BRASIL
RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO
BTT:
BTT Pessoa de contato Clayton Silva
NOTA: Os resultados constantes deste Certificado de Análises referem-se somente as amostras recebidas. As amostras são
coletadas pelos clientes e as características destas amostras podem ser alteradas devido ao seu manuseio e transporte. Como o
uso, aplicação e operação nas instalações dos clientes estão além do nosso controle, os resultados contidos neste Certificado de
Análise servem apenas como informação para os clientes e são fornecidos como tal, sem garantias ou representação de qualquer
forma. Apesar do conteúdo deste Certificado de Análise ser baseado em nossos melhores conhecimentos, não assumimos
qualquer responsabilidade por sua utilização, incluindo mas não limitado a quaisquer incidentes ou conseqüências de sua
utilização e em nenhuma condição a Atotech se responsabilizará por eventuais prejuízos de qualquer natureza, resultante da
utilização das recomendações ou sugestões contidas neste certificado de análises. Nós nos responsabilizamos apenas pela
qualidade de nossos produtos quando de sua entrega.
Atotech do Brasil Galvanotécnica Ltda - Rua Maria Patrícia da SIlva, 205 – Taboão da Serra/SP 06787-480 -
www.atotech.com
1
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Os seguintes procedimentos padrões de preparação foram empregados na realização desta
investigação:
Equipamentos utilizados:
2
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Examinador:
Joice
Data:
10/05/2014
Imagem: 01
Foto da amostra 1 – aparas metálicas
3
Examinador:
Joice
Data:
10/05/2014
Imagem: 02
Foto da amostra 2 – aparas metálicas
Duas amostras foram fornecidas pelo cliente para análise via EDX para identificação da presença de
estanho e/ou estanho-chumbo.
Foram escolhidos alguns pontos para análise via microscópio eletrônico de varredura (MEV) e energia
dispersiva de Raio-X (EDX) e investigação da identidade dos elementos.
4
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Resultados
Examinador:
Joice
Data:
10/05/2014
Imagem: 03
Amostra 1 – Embutimento
Examinador:
Joice
+ Spectrum 4
Data:
10/05/2014
+ Spectrum 2
Imagem: 04
Amostra 1 – Embutimento
+ Spectrum 3
Ampliação: 50 x
Detector: BSD
+ Spectrum 1 EHT = 20 kV
5
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Foram feitos 4 espectros identificados na imagem 04 acima.
6
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Examinador:
+ Spectrum 1 Joice
+ Spectrum 3
Data:
10/05/2014
Imagem: 05
Amostra 1 – Embutimento
Ampliação: 500 x
Detector: BSD
EHT = 20 kV
+ Spectrum 2
Da imagem 04 foi escolhido a região referente ao espectro 1 e feita a ampliação da mesma. Foram
feitos 3 espectros para identificação dos elementos (imagem 05).
7
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Examinador:
Joice
Data:
10/05/2014
Imagem: 06
Amostra 2 – Embutimento
Examinador:
Joice
+ Spectrum 1 Data:
10/05/2014
Imagem: 07
Amostra 2 – Embutimento
Ampliação: 50 x
Detector: BSD
+ Spectrum 2 + Spectrum 3 EHT = 20 kV
+ Spectrum 4
8
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Foram feitos 4 espectros identificados na imagem 07 acima.
9
MATERIAL SCIENCE BRASIL
Examinador:
Joice
+ Spectrum 3
Data:
10/05/2014
+ Spectrum 1
Imagem: 08
Amostra 2 – Embutimento
Ampliação: 500 x
Detector: BSD
EHT = 20 kV
+ Spectrum 2
Da imagem 07 foi escolhido a região referente ao espectro 1 e feita a ampliação da mesma. Foram
feitos 3 espectros para identificação dos elementos (imagem 08).
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Considerações:
1. Nas 2 amostras foram identificados, via EDX, os elementos estanho e chumbo, além de
outros elementos em pequena proporção (Cu, N, O, Ni).
2. Através das imagens (05 e 08) podemos observar que as amostras apresentam 3 diferentes
elementos majoritários. Isso pôde ser constatado pelos diferentes tons de cinza. Os pontos
cinza claro referem-se ao elemento chumbo e os pontos cinza médio, ao elemento estanho.
O cinza escuro refere-se basicamente ao elemento silício.
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