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Cálculo

Vetorial
Instituto de Matemática - UFBA

1999
CAPÍTULO I - VETORES

1.1 Segmentos orientados

Consideremos uma rctar e sejam A e B dois pontos de r.

Ao segmento de reta AB, podemos associar um sentido : o sentido de A


para B, ou o sentido de B para A. Escrevemos AB para representar o
segmento de reta AB associado com o sentido de A para B. Dizemos que

AB é o segmento orientado de origem A e extremidade n e gA é o


segmento orientado de origem B e extremidade
A. Chamamos BA, oposto
de AB. Se A : B, dizemos que o segmento orientado AB - gA e o
segmento nulo, e escrevemos AA - O. Na reta r está representado
graficamente AB.

Fixada uma unidade de comprimento, a cada segmento orientado, podemos


associar um número real não negativo, seu comprimento, que é a sua
medida em relação àquela unidade. A medida do segmento AB,
indicamos por med(AB). os segmentos nulos têm medida igual a zero. É
claro que med(AB) : med(nA;.

Dados dois segmentos orientados não nulos AB e CD, diremos que eles
têm mesma direção, se as retas suportes destes segmentos são paralelas ou
coincidentes. Só podemos comparar os sentidos de dois segmentos
orientados, se eles têm a mesma direção. Dois segmentos orientados
opostos têm sentidos contrários.
Exemplos:

Mesmo sentido , Sentidos contrários

iil^
+t
Mesmo sentido Sentidos contrários

1.2 Equipolência

Definição: O segmento orientado AB é equipolente ao segmento


orientado CD, ,. anrbos são segmentos nulos, o'u se têm mesma medida e
mesrno sentido.

Indicamos: AB - CD.
Exemplos:

ABC

AA- - BB AB-CD
EF- GH

Propriedades:

l. AB - AB (reflexiva).
2. Se AB- 6 então CD -E 1ri-.trica).
f
J. Se AB-CD . Cn-eP então AB - EF (transitiva).
4. um19eryto orientado ng
Dados e um ponto C, existe um único ponto
Dtalque 4F-CD.
5. Se AB - CD então eA - DC .

6. Se AB - CD então AC - BD.

Essas propriedades são de fácil veriflrcação.

1.3 Vetores

Definição: Chamamos vetor determinado por um segmento orientado


AB, ao conjunto de todos os segmentos orientados equipolentes a AB .

O vetor determinado por RA. irdicamos Oor: Àà.

Ai . ô são iguais se, e sornent. ,. AB - CD . Um


Dois uetores

mesmo vetor Ai é cletermina<lo por uma infiniclade de segntentos


orientados, que são chamados representantes desse vetor, e que são todos
equipolentes entre si. Em particular, os seglnentos nulos são representantes
de urn único vetor, que charna[tos vetor nulo, e indicamos por õ.

Dado um vetor v :At, chamamos o vetor ú oposto de Ai e


--)
indicamos por -AB ou -V.

AV
-v

Decorre da propriedade 6 de 1.2 a irnplicação:


)))-)
Se AB : CD então AC : BD.
Dado um vetor ü, todos os seus representantes têm a mesma medida. Essa
medida denominamos módulo do vetor ü, e indicamos por lü | . Dizemos

que os vetores Ê e ô não nulos têm mesma direção (mesmo


sentido), s. AB . C» têm mesma direção (mesmo sentido).

Um vetor ü é unitário se lül : 1. Chamamos versor de um vetor não nulo


fi, o vetor unitário que tem mesmo sentido de ü, e indicamos por ü" .

Dizemos que dois vetores não nulos são ortogonais, se


podem ser representados por segmentos orientados Y
ortogonais, e indicamospor úI V \V
\
Convencionamos que o vetor nulo é ortogonal a qualquer vetor do espaço.

1.4 Soma de um ponto com um vetor


DeÍinição: Dados um ponto A e um vetor ü, existe um único ponto B tal
-+
que AB : V. O ponto B chamamos soma do ponto A com o vetor Í .

/B
v/ v ,
//
A
Indicamos a sorna e + (V), simplesmente por A - V.

Propriedades:
L A+õ=A.
2"(A-ü)*V:A.
3. Se A+ ü:B+Í, entào A=B.
4. Se A+ ü =A + ú. então ú : V.
-+
5. A+AB=B.
Essas propriedades são verificadas facilmente.
1.5 Adição de vetores

Definição: Consideremos dois vetores üeÍ,e um ponto qualquer A.


-+
Sejam B:A+ü e C=B+V. O vetor §=ACé chamado vetor soma
de ü e Í e indicamospor 3-ü+Í.

Obseruemos que o vetor §=ü+V


independe do ponto A. De fato, se
considerarmos outro ponto A'
obteremos B'=A'+ü e C':B'+ú.
-+ -+ -+ -+
Assim, AB = A'B' e BC = B'C', A'

Usando apropriedade I de 1.3 , concluímos que :


--) -) -+ -+ -+ -+ -+ -+
AA'= BB' e BB': CC' . Daí, A,{': CC' e poftanto AC= A,C,
v
Propriedades:
1. ü + V : V + ü ( comutativa ).

z.(U+Í)+w=ü+(ü+ \ir)
( associativa )

3. ü + õ = ü ( elemento neutro ).
4. ü + (-
"): ô elemento oposto ).
(

Indicarnos o vetor ü * (- V) por ü - Í. Notemosque ü -i+ V-ü.


1.6 Produto de um número real por um vetor

Definição: Dados aeR* e i +ó, chamamos produto de a por Í, o


vetor ú: aÍ, que satisfaz às condições abaixo:

1. lwl=lallvl.
2. A direção de w é a mesma da ü.
.. 3. O sentidó de w é igual ao de ü se a>0, e contrário ao de Í se
a<0.

Se a:0 oú ü:õ,oproduto aÇ éovetornulo.

Exemplos:

, -l
,/
'y
3
-3 v

Se a+0, oproduto lV eindicadopor 1. S" Í+o, é fácilmostrarque


aa
] eoversorde ü,ouseja ü':+ eporlanto ç:l ü1i".
lvl lÇl,

Propriedades:

1. a(uv): (au)v.
^ /- -\
2. a(ü + Ç): aü + aÇ' .

3. (a+u)v=aÍ+bü.
4. 1V: V.
Nas propriedades acima, ú eÍ são vetores quaisquer, aeb são
números reais.
1.7 Combinação linear

Definição 1: Dados n vetores Vt,V 2....,Ç, e n escalares â1, &2,...,2n,


chamamos o vetor ü: arir + atÍt +... + ânÍn, de combinação linear
dos vetores Í1 ,i2,...,Ín com coeficientes o,y,a-2,...,à1r.

Nos exemplos 1 ,2 e 3a seguir, escrevemos ú como combinação linear


dos vetores dados.

Exemplo l:

Nesteexemplo, w=2ú.

Exemplo 2:
Como 'fr = õ = 0ú + 0Í, dizemos que
a
õ é combinação linear de ü e t,
com coeÍicientes zeros.
w

Exemplo 3:

Yrf Observando

2-
w---V+0ü.a
J
a
lado, podemos escrever
figura
:

Assim, rÍ e combinação linear de ú e V, comcoeficientes -?3 e 0.


Note que, o vetor ü não pode ser escrito como combinação linear de
'fr, e V.
Exemplo 4:

Consideremos um paralelogramo ABCD.

Observemos que o vetor

AC = AB+ AD possui a,
mesrla direção que a
diagonal AC.

Se I AB | : I AD l, este paralelogramo será urn Iosango. Sabemos que em


um losango ABCD. a bissetriz do ângulo D

BA D contém a diagonal AC. Assim, o


--) --) --)
vetor AC :AB+ AD possuirá tamb ém a
mesma direçào da bissetriz do ângulo
BAD.
--)
No caso de lABl+lADl, o vetor AC não possui a mesma direção da

bissetriz do ângu1o ^
BAD. Para conseguirmos um vetor que possua a
,^\

mesma direção da bissetriz do ângulo BAD, basta tomarmos o vetor


-+ -)
Í=tABo+tADo. te R*.
{

-+
tABO
Exemplo 5:

Observando o paralelepípedo ao lado, podemos escrever:


J-->-+-+
AG:AB+BC+CG
-)E
Dizemos então que AGé combinação linear dos
-) --) -) -+ -)
vetores AB, BC e CG . Como BC = AD e
-++
CG : AE, podemos também escrever:
-+)-+)
AG = AB+ AD+ AE
->
Assim, podemos também drzer que AG e combinação linear dos vetores
-) --) --)
AB, AD e AE.

Definição 2: Dizemos que os vetores it,i2,..., ün são colineares


(paralelos), se possuem representantes em uma mesma reta. Neste caso
indicamos i1 // i 2 ll 7 3,..,11 in .

No exemplo l, temos Ú llú, e no exemplo 2 temos wllú e filli,


embora üeÍ não sejam paralelos.

DeÍinição 3: Dizemos que os vetores Vt rizr...rtrn são coplanares, se


possuem representantes em um mesmo plano.

Observamos que a colinearidade de vetores é um caso particular da


coplanaridade de vetores.
ü,
Nos exemplos de I a 4, os vetores envolvidos são coplanares.

Propriedades:

1. os vetores ü e ü são paralelos se, e somente se, podemos escrever


um deles como combinação linear do outro.

Prova: "3"
Ç96eçarelxos consiclerando os seguintes casos:
1) ü=ó:Í;ü:tú, te IR
2) ú:õ ei+ó;temosú:0V
l0

I
3i ú+õ e V+õ. Como ltlli, temos üo:+ Vo. Daí,
lüt_
lülüo -*lúl
' lvlI , ou seja, U: -F]!V. Assim,seüeÍtêrn mesmo
lvl
sentido podemos escrever ü -lülÍ.Ese ú e V têm sentidos contrários
lvl
lüt_
ternos U-__--V.
lvl
Por outro lado, suponhamos que podemos escrever ü como combinação
linear de Í, ou seja, ü:tú. Pela definição de produto de um número
real por vetor, temos que ü e V têm a mesma direção, logo são
paralelos.

2. Os vetores ü, V e w são coplanares se, e somente se, podemos


escrever um deles como combinação linear dos outros.

Prova: Suponhamos que ü, V e ú são coplanares, temos então os


seguintes casos:

1) Um deles sendo o vetor nulo, digamos ü = õ.


Podemos escrever: ü=0V+ 0\Í.
2) Dois deles são paralelos, digamos ü // Í e V + õ.
Podemos escrever: ü : mü - mV + 0rlü, m e IR.
3) Quaisquer dois desses vetores não paralelos.

Vamos considerar a figura ao lado, n, w


onde d, é um plano que contém
/-
representantes dos vetores ü, V e rÍ .
-\

-+ -+ -)
Tomemos OA=V. OB:ü e OC:fr.
Tracemos
-+
pelo ponto C urna reta paralela ao vetor OB = tl,
que intercepta a reta OA no ponto P. Assim
-) -) -)
podemos escrever: ú=OC:OP+PC.
-) -+ ) --)
Como OP // OA e PC llOB temos: ú:mV+nú. m.neIR.
l1

Por outro lado, suponhamos que ú : mÍ + Ítü, n, m € IR . Assim, pela


definição de adição de vetores, ternos que ü, V e ú são coplanares.

1.8 Dependência linear

DeÍinição l: Dtzemos que um vetor V é linearmente dependente, se,


V=õ.

Definição 2: Dizemos que dois vetores ü e ü são linearmente


dependentes se eles são paralelos.

DeÍinição 3: Dizemos que três vetores ü, ü e rir são linearmente


dependentes se eles são coplanares.

DeÍinição 4: Dizemos que mais de três vetores do espaço (IR3), são


sempre Iinearmente dependentes.

Quando os vetores do espaço não são linearmente dependentes (LD),


dizemos que eles são linearmente independentes (LI).

Exemplos:
Considerando o paralelepípedo de arestas AB, AD e AE, temos:

-) --) --) --)


U
I)AB é Ll. 2) AB + BC+ CA é LD
-) -+
3)AD e AE são LI.
-+ 1-+
4)AB e -2 AB são LD.
--) -+ -+
5) AB, ADeAE sào LI..
-) -) -+
6) AE, AB eDC são LD.
-) -+ -)
7) AB, ADeFF são LD.
-) -)
8) AB, BF BC e AG são LD.
t2

Propriedades:

1. Se um vetor ü e LI, então dado n ll n, temos que existe um único


escalar m tal que ü = tIIÍ,

Prova:ComoVé LI, temos pela prova da proprieclade 1 de L7, que


Ú:rnV e rn eunico.

2. Se dois vetores Vl e i Z são L[, então dado ú coplanar com


ü1 e iz, temos que existe um único par de escalares (m, n), tal que
ü:mÚl *nv2.

Prova: Como V, Vl e i Z. são coplanares e, Í1 e ú2 são LI, temos


pela prova da propriedade 2 de 1.7, que V = mÍl + ni 2.

Para mostrar que esses escalares são únicos, vamos supor que existam
m'e n', tais que : V:*'ü1 +n'i 2. Então (m-m')Vt +(n- n'1ir:5.

Se rrr-m'+0, podemos escrever Vl :-9-n']. v2. Daí. i1lli2.


^ (m-m')
o

que contradrz o fato de V1 e iZ serem LI. Logo, m-m':0, ou seja,


m: m/.

Analogamente podemos mostrar que n = Íl'.


\

i1, ü2 e Í3 sào LI. então dado um vetor V qualquer,


3. se três vetores
temos que existe único temo de escalares (m, n, p), tal que
V:mV1 -lnY2 +pV:.
)
Prova: Suponhamos que ir iz e V3 são LI, temos eritão os seguintes
CASOS:

1) Í=õ. Podemos escrever: Í= 0ü1 + 0V2 + 0ü3.


2) ü paralelo a um dos vetores Í1, ü2 e i3, digamos n llil Então
podemosescrever: V:mVl +0Í2 +0v3.
3) V coplanar com dois dos vetores ir iz e ú:, digamos v,vt e VrL
são coplanares. Assim temos: Í : mÍl + nÍ2 : mül + ni 2 ovj. i
l3

4) Í não é coplanar com quaisquer dois dos vetores i.l, i2 e i:.


Vamos considerar a figura a seguir, onde o é o plano paralelo ao plano
OA1A2 passando pelo ponto A. Seja B é o ponto de interseção da reta
OA: com o plano o.

Temos então:
) -) --)
Ç=OA=OB+BA.
-) --)
Como OBlli3 e BA é

coplanarcom V1 e vZ, temos:


-) -+
OB: pÍ3, BA: mÍ1 + nV2.

Logo ü=mV1 +nVz+piZ.

Para mostrannos que esses escalares são únicos, vamos supor que
Í: m'Í1 * n'Íz + p'ü3. Então tetnos:

(m - m')út + (n - n')vz+ (p - p')ú: : o.

Se m - m' + 0,, podemos escrever:

-. I'r-n' p-p' =-
Vl :- VZ----. V3,
m-m , m-m ,
út é coplanar com i2 e ú:. O que contradiz o fato de
ou seja,
Vl, i2 eV: seremLl.Logo m-ill':0,ouseja,m=m'.
Analogamente podemos mostrar que Íl = n' 0 p : p'.

1.9 Base - Coordenadas de vetor


Definição 1: Dado um vetor V LI, dizemos q"e {V} é uma base para o
conjunto de vetores paralelos a Í.
r4

DeÍinição 2: Dados dois vetores V1 e iz Ll, dizemos que {Vr,V2} O

uma base para o conjunto de vetores coplanares com Í1 e iz

DeÍinição 3: Dados três vetores V1 ,i2 e ü: LI, dizemos que


{Vt, Vr, Í: } é uma base para o conjunto de vetores do espaço (fn3 ).

DeÍinição 4: Dizemos que uma base é ortogonal, quando seus vetores


são dois a dois ortogonais.

DeÍinição 5: Dizemos que uma base é ortonormal, se ela for ortogonal


e seus vetores unitários.

Costumamos representar uma base oftonormal po. {i.I []


Fixada uma base {Vr,Vz,ü3} do espaço, pela propriedade 3 de 1.8, para
todo vetor ú, temos V:mü1 +ni2+pü:, onde ffi, I e p são únicos.
Dizemos que mü1 ,ni 2 e pif são as componentes de ü na direção
dos vetores V1 ,i2 e Í: , respectivamente. Os escalares ff, I e p
são as coordenadas de Í em relaçào à base lVr. Vz. çsl.
Geralmente, representamos o vetor V através de suas coordenadas, ou
seja, V=(m,n,p).

Exemplo 1:

Consideremos o cubo ao lado e fixemos a


--) --) -)
base {AB, AC, AE} Podemos escrever:

J -+ -+ --) -)
1. AB : l AB+ 0 AC+ 0 AE, daí AB = (1,0,0).
-) --)
Analogarnente, AC = (O,t,O) e AE : (O,O,t).

Podemos concluir então que, dada urna base qualquer {V,.Vr,V3}, as


coordenadas desses vetores em reiação a esta base são:

v1 :(l,o,o), ú2:(o,t,o) e Í::(o,o,l).


l5

-+ -+ -+ -+ -+
2. AF : 1AB+ 0 AC+ 1AE, daí AF: 0,0,t).
--) --) --)
Observamos que se a base considerada for {AB, AE, AC}, temos
--)
AF: (l,t,o).
-+ -+ -) -) -+
3. AG : 0 AB+ 1AC+ 1AE , daí AG : (O,t,t) .

Exemplo 2:
-) -+ -)
Consideremos ç: (-1,1,1) e* relação base {AB, AC, AE} do exemplo
anterior. Assim, v - -ai* ai* ai: ai.
Analogarnente ao que foi feito para o conjunto dos vetores no espaço,
podemos fazer para conjuntos de vetores coplanares e colineares.
Assim, um vetor nLlm conjunto de vetores coplanares tem duas
coordenadas e um vetor num conjunto de vetores colineares tem uma
coordenada. '

Propriedades:

Seja {Ít, iz, V:} uma base do espaço. Consideremos os vetores


ü, ú e ú, representados através de suas coordenadas em relação a esta
base.

1. Se ü:( à1, à2, a3), Í: bt,b2,b:) e t e IRentão:


(
a)ü:Vea1:b1, a2:b2 e a3:b3.
b) ü + ü: (a1 + b1 , a2tb2, a3 + b3).
c)tü: (ta1,ta2,ta3).
Prova: a) Como ú: a1V1 + a ZiZ + a:ü: e Í: b1Í1 + bZiZ + b3Í3 ,
temos:
(ur-br)Ír +(az-bz)iz +(a: -bj)Í. =5
Daí, ó:(ar -bl,à2-b2,ã: -b:).
Logo, a1 -b1 =Q, a2-b2:0 e a3 -b3 =0.

De maneira análoga podemos mostrar os itens b) e c).


t6

Observarnosqueosvetores ü: (0,0,0) e Í: ( bt, b2,b3) sãoLD,


visto que o vetor nulo é paralelo a todo vetor do espaço.

2. Sejam ü :( à1, à.2, a3)e Í: ( bt, b2,b3) vetoresnãonulos. Os


vetores ü e V são LD se, e somente se, existe um t e lR tal que :

â1: tbt
ã2: tbZ
ã3: t b:
Prova: ue
Se ü são LD, então n ll Í. Como V é Ll,podemos
escrever: ü :tv , ou seja, ,

â1: tbt
à2: tbZ
à3: t b:.
Por outro lado, se existe t e IR , ,ffi
ut=I[ D1
àZ: tbZ
à3: t b:
então ú : t ü. Logo n ll V e portanto uev são LD.

3. Três .vetores ü - (a1,a2,à3), V:(b1.b2,b3) e ú: (cl ,c2,c3)


são LD se, e somente se,
A1 àt a3
A- b1 b2 b3 :0.
C1 c7 c3

Esta propriedades pode ser demonstrada através de propriedades de


determinantes.

Concluímos que se t não existe na propriedade 2, ou se A é diferente de


zeÍo) na propriedade 3, temos que os vetores consiclerados nessas
propriedades são LL
17

1.10 Sistemas de coordenadas cartesianas

Definição 1: Um sistema de coordenadas cartesianas no espaço e um


conjunto forma«lo por urn ponto O e uma base {V1 . çz .V: }.

Indicamos um sistema de coordenadas .ua.ri*us no espaço por


{o,ç1,v2,Í3}.
O ponto O é chamado origem do sistema e os eixos que passam por O e
tem as direções de i1 , ü2 e Ír, respectivamente, são chamados de eixo
das abscissas, eixo das ordenadas e eixo das cotas.

Consideremos urn sisterna de coordenadas cartesianar {O,ü1,Íz,V:l e


seja P um ponto arbitrário do espaço. Charnamos coordenadas do ponto

P em relação ao sistema {O, Í1, Í zri 3}, a, coo.denadas do vetor 01,


-+
on seja, se OP: (u,,u z,a3), então P(ut, az,az). Os números
?1,22,à3 são denominados abscissa, ordenada e cota do ponto P,
respectivamente.

Exemplo 1:
'a--Eixo das cotas

Na figura ao lado, temos:

t. o-p=lv 1+2iz +v:.


)
ouseja, ái= (i,r,,) . o"i, ,(1,r,,).

2 of :(;,r,0), daí, o(;,r,r).


a
Eixo das ordenadas
3 oi. : (0, o,-;) , dai,* = (0, 0,-
3) Eiro tlas abscissas
I8

Propriedades:

Frxado um sisterna de coordenadas {O, Í, , V, , V3 } e dados V = (a, b, c) ,

P(xt,yt,zt) e Q(*z ,!2,22), temos as seguintes propriedades:


+ç'['
1. QP = (xt - x2,Yt - Y z,zt - zz) .

2, P +V=A(x l t z,yr *b, zy + c).


rv u["r
3. OpontomédiodepQ é oponro '"1, 1*: ,Yt*Yz ."*").
\-,/ 2 2 2 )'
Prova:
1. Para dernonstrarrnos esta propriedade,
escrevernos o vetor al como combinação a

linear dos vetor., & . oi, ou seja,


-+ -) --)
QP = -OQ+ OP: (-xz,-yz,-zz) + (*1, yt, z1) : (xr -x2,Yt-YZ,zt -zZ)

2. rJtrhzando a definição de soma de um ponto


-)
com um vetor, temos que PA:ú. Assim, o
-) -) -+
vetor OA : OP+ PA : (x r
* â,!1 * b,z1 + c'] .

Logo, A(*i + a, yt +b.zy + c).

3. Podemos clemonstrar a propriedade 3


--) --) ) --) I -)
escrevendo OM = OQ + QM OQ +:
;a,
-) -+
Representando os vetores OQ . QP atraves de
suas coordenadas, obtemos:
+l
OM = (xr, yr ,21) *
,(*, - 2 , t - z,zt -
X y y zz) .

f ^a^ -(x,+x2
l\/Íl | yt+y2 zt+zz\ - |

2'2'2)
I9

Exemplo 2:

Consideremos o paralelogramo ABCD, onde A(1,0,2), B(1.-1,2),


C(0,2,-2) Desejamos determinar as coordenadas dos vetores
)-+
AB e BC, do vertice D e do ponto medio de AB.

Aplicando as propriedades anteriores


temos:
-)
AB : (t - 1, - 1 - 0,2 -2) = (0,,-1,0),
-+
BC = (_1,3,_4),
-+J
D:A+AD=A+BC: (0,3,_2) e o ponto
médio de AB é M(1, -112,2).
20

CAPITULO II PRODUTOS

2.1 Produto escalar

Definição 1: Dados dois vetores ü e Í não


nulos, e escolhido um ponto O qualquer.
podemosescrever: A:O+ü e B:O+i.
Chamamos ângulo de ü e Í a medida do
A
ângulo AOB determinado pelas semi-retas
OA e OB. o

A
lndicamos AO B : (ú, V), onde 0 < (ü, Í)<,-.
Observemos que se (ú,Í):0, os vetores üeÍ têm mesmo sentido e se
(ü, V) : rc , estes vetores têm sentidos contrários.

Definição 2: Sejam ú e ü vetores não nulos. o produto escalar de


ü por Í, indicado por ü . Í, e o numero real ü Í:lúllÍlcos(ú,Í).
Se um dos vetores for nulo temos ü . Í = 0.

Exemplo 1

Considerando o quadrado seguinte, cujo lado rnede 2u, temos:

--) --) -) -+
1) AB .BC : I AB I I BC lcos 90o: 0.

-+ ) --) -+
2) AB .AC = I AB I I AC lcos 45o = 2.2"1 2 "5 -4.
2

-+ -) -) --)
3) AB.CD =l ABI I CD lcos180n - -4.
21

DeÍinição 3: Sejam ü um vetor não nulo e V um vetor qualquer.

u
+-
O vetor V se exprime de maneira única na forma ü=Ít +i2,onde V1 é
paraleloaü e Í2éortogonala ü.
Chamamos o vetor Í1, de
projeção de ü na direção de ü.

ü Indicamos proj6Í - i1.

Interpretação geométrica do produto escalar

SeVéum vetor qualquer e ú um vetor unitário, então


ü1 = proj.1Í: (V .ü)ü. De fato, colrro n\ llÚ-, temos Ít : t ú. Basta
mostra que V.ü = t. Para isso, consideremos os casos a seguir:

(1) ú r B Em (1) o ângulo 0:(ü,r) é agudo. Nesse


caso, temos t > 0, e daí Vr l:ltllú]=t.
Por outro lado, como o triârngulo ABC é
retângulo em A, podernos escrever:

t :l il l:l V I cosO : Vll ü | cos0: ü.ü.

Em (2) o ângulo e : (ü, V) e obtuso.


Nesse caso, ternos t < 0, e daí (2) < r'

I Vt l: I t ll ú l= -t. Alem disso, o ângulo


(ü, V) = n - 0. Considerando então o
triângulo retângulo EFG, temos:

t- - I Vr l:-lVlcos0:-lVllü lcos 0:l Vllü lcos(ru - 0): V.ü.


22

Se 0 +l ü l, temos projlü = proj_=o Í = (Í .üo )üo. Chamamos V .üo, a


u
medida algébrica da projeção de V na direção de üe indicamos
med alg proji V.

Exemplo 2:

Dados ú+ õ, iül=6 e (ú,V):60", temos que :

medalgprojuV: V' üo =l V ll üo I cos 60': 6.1.] : r.


2
Daí, projüü = 3üo .

Exemplo 3:

Dados ã,+ó, 16l


: B. (ã, 6) :120", temos que :

: :l b ll ã" lcos t20o :8 I í- : -o


\r l)
med alg proju6 6 . ã"
2)
Daí, projuÉ: -4d'

Propriedades do produto escalar

1. Í.ú : ü.ü.
2. ü.ü:0 <> ü I v.
t-
5.
-
U.U:lul.
- - t2

4. r (V.ü): (t V).ü : Í(t ü).

5 ü ( V+ú): ü.V + ú.w.


Nas propriedades acima, ü, v e w são vetores quaisquer, et é um
número real.

As quatro primeiras propriedades decorrem diretamente da definição do


produto escalar. Faremos a seguir a prova da propriedade 5.
23

Se um dos vetores for nulo, a


verificação é imediata.
Consideremos, na figura ao
O
lado, os vetores ü, Í e ú não
nulos e os pontos O, A, B e C .
tais que:

A:O+ ç, B:A+ w e C:O+ ú.


Inicialmente observamos que :

med alg projt (Í + frz) = mod alg projiÍ + med alg projiü .

Ou seja, ( V + 'fr, ).üo : ü.üo + 'fr-.ü' .

Daí, (Í+ú)(lülü"): v (lülü')+ ú (lülü").


Então, (ü+,frr).tJ: Í.ü + w.ú.
Pela propriedade 1, temos: ü.(V + ü ) : ü.i + ü.,frr .

Expressão cartesiana do produto escalar

Fixada uma base ortononnal { i, j, [ ] e dados os vetores ü : (x1,, yl, zt) e


V: (x Z,y2,z2) , temos:
.:
ü.V : (x1i + yr j
zrk).(rz í + yz j + z2k):
+
=(x1*z)i.i+(x1y)1' J * (^r rz)i [+ (yr")j i + (yr v)j.j + $pz)j [+
- -:* :
+ (2.x2)k . i + (zyyz)k . j + @tz2)k.k

Como { i, j, f, 1 é .rrnu base ortonormal, seus vetores satisfazem às relações:

i.J:J [=k.i=o e i .i : j . j : k.k = 1.


Assim, a expressão açima se reduz a:

u. v = x1x2 +YtYZ*2122
24

Observamos então que:

22
1) lül-{x1 +yt +zt
2) ü IÍ e ú. Í : xtx2 t ytyz -t z(2 : 0, ou seja,
ül-i ê x1x2 +yfy 2 * zlzz =0

Daqui em diante, o sistema consideraclo será o orlonormal, exceto quando


se explicitar o contrário.

Exemplo 4:

Dados os vetores 7: (7,2,2) e i:(2.0,2),temos:


1) ü.ú:2+0i4:6.
2) lü l=.l/l + 4 + 4 -- :3.
^[Ç

3) ü.=ü -!0,2,2,:(i ,i,:)


4) cos(ú,0)=üÉ =;fi--+, togo, (ü,Í) =45o.

5) ü I fir, sendo 'fr/ : (0,2.-2), pois ü ' vü = 0.

6) proj.;v:(v üo)üo=[,r.or,Il
L \- -/-)'*I
ii)-lt i:):
=r(t 2u):(?!!\
-(3'3'3) [:'l':]
7) med alg proj gi = 2 .
25

Cossenos diretores de um vetor

Fixada uma base ortonormal {i,j,É1, .hamamos cossenos diretores de


um vetor i *ó, os cossenos dos ângulos que ü forma com os vetores
desta base.

Considerando V = (x, y,z), cr = (Í,i), 0= (Í, J), e T= (ú,f,;, t.*or,


:-:
v'1
lvllil lvl lvlljl lvl lvllkl lvl
v
Como üo = _ , segue daí que , üo - (cos o, cos B, cos y) .
lvl

Dai, .or2 o*.or2 B+cos2 T=1.

Chamamos o, B ey ângulo diretores de V.

Exemplo 5:

t;
Dados cos(Í,i):.or
'2 o =Y,cos(í,J):"orP:0,(ü,f,) obtuso e

| ü l= 5, temos:

:- r:;
1) y - 1-.or2 o -.or2 Ê= 1- Logo, cosy : -+
"or2

2) Í:l vIv.: r(*,r,-+)=(*,0,-*)


26

2.2 Produto Vetorial

Para definirmos o produto vetorial entre


dois vetores é indispensável distinguirmos
o que são bases positivas e bases
negativas. Para isso, consideremos uma
base do espaço {Ít,Í 2,i3} e um
observador. Este observador deve estar com
os pés em Llm plano que contem
representantes de Í1 e üZ (os dois
primeiros vetores da base), de modo que
Í: (o terceiro vetor da base), esteja dirigido
para os seus olhos. Neste plano, sejam
-) -)
OA=üt e OB=i2.
Considerefiros agora, a rota ção de menor ângulo em torno de O, que torna o

I vetor Vr ( o primeiro vetor da base)


com mesmo sentido do vetor i z( o
segundo vetor da base). Se esta
rotação for no sentido contrário ao dos
ponteiros de um relogio, dizemos que
a base é positiva. Caso contrário,
dizemos que a
base e
negativa.
Assim, a base {Vt, ú2, Í3 11 , ilustrada
ao lado, e positiva.

Observemos que as bases {i Z,i t, Í: } . {ú: , Í Z,i i são negativas.

I
21

Chamamos atenção especial do leitor para o fato de que nem sempre o


observador está no mesmo semi-espaço que nós. Consequentemente. o
sentido da rotação que ele verá é contrário ao que nós vemos. Para ilustrar
este fato, desenhe em ulr1a fblha de papel dois vetores LI com a mesma
origem e considere uma rotação que toma um deles com mesmo sentido do
outro. A Íblha de papel pode ser considerada com um plano, assim, a Íblha
de papel divide o espaço em dois semi-espaços. observemos então que, em
um desses semi-espaços vemos esta rotação com um sentido. Se mudarmos
de semi-espaço vemos esta rotação com um sentido contr'ário ao anterior.

A observação anterior é útil na


identificação de bases positivas e
negativas, quando o observador não está no
mesmo semi-espaço que nós. Por exemplo,
ao anahzarmos a base {Vz,Ç1,-Í3 } vemos
a rotação no sentido horário, porém o
obsenrador, por estar no semi-espaço
distinto do qual nos encontrarnos, vê esta
rotação no sentido anti-horário e portanto
esta base e positiva.

Bxemplos

Consideremos o sistema {O, i, j, k} representado a seguir, temos que:

1. As bases {i, j,k}, {j,k,i,t e {k,i, j}


são positivas.

2. As bases {J, l, [] 1i,[,jy e {[,J,i]


,

são negativas.
28

Definição: Sejam ú e i vetores não colineares. O produto vetorial de


ü por i, indicado ü x Í, é um vetor, tal que:
1. lüx Íl=l ü ll ülsen(ú,V);
2. A direção de ü x ü é ortogonal a um plano que contem representantes
dos vetores ü e V;
3. A base {ü, V, ú x v} é positiva.
Se ü e V sãocolinearesentão rJxÍ=õ.

Exemplo 2

Sejam üeü vetores com representantes plano Cf,, onde


lü l:2, | ü l:',5 e (ü, V) :30o. Temos:

lüxÇ =lü lV sen3Oo:2.",try.- =tE


2

lüxü1=lüll ü scn30n:J3 2 :=!5


2

Assim, luxül=lVxü , rnAS UXV C VXU são vetores opostos, como


ilustra a figura.

Exemplo 3

Dada a base ortonormal positivu {i, J, Ê1, temos :

I. ixi=j"j:kxk:õ
2. i,,J=É,J'É=i. É*i=J
3. Jri:-k, ["j:-i e í'[:-J
29

Interpretação geométrica do produto vetorial

Consideremos o paralelogramo ABCD, abaixo.

\-
í1
Sabemos que a atea S desse
paralelogramo é:

ih S:basex altura, ou seia


-+
s=lABl.h.
Do triânguio AMD, temos:

h-l .sen 0.
,,-r ,\D |
z

--) -) -+ -)
5 = | AB I AD lsen0 =l ABx AD
Daí segue que, .
| I

Observamos tambem que a âreaT do triângulo ABD é:

-+ -)
T- lABxADl
2

Exemplo 4:

Consideremos o paralelogramo ao lado, oncle A(1,1,0), e(O,t,Z)e C(+,t,0)


temos:
-+ --)
I AB I =l (- 1.0.2)l= .
nE AD | =l (+,0,-z)l:2^[5
I

-+-): fiÃ;
cos(AB, AD)
84
= 'IAD
-> 10s
IABI ]

-+ -+ f t6 E
: 3

V'-- -Izi-s
sen(AB, AD) lt I _

Segue daí que a área S do paralelogramo ABCD é:

1
S=v5'2v5.1-6u.a.
5
Propriedades do produto vetorial

1. úxç:_(vxü).
2. (t V) x ü =Yx (t ú) : t (Vx ú).
3. úx(V+ú)=üxÍ+üxú.

Nas propriedades acima, ü, ü e rÍ são vetores quaisquer e t um número,


real. As propriedades 1 e 2 decorrem diretamente da definição de produto
vetorial, e a prova da propriedade 3 será feita no paúryrafo seguinte.

Expressão cartesiana do produto vetorial

Fixada uma base ortonormal positiva {i, j, É1 e dados os vetores


ü = (xt ,yl,zt) e V:(x2,yZ,z2), temos:

üx ú: (xriT- + yr j + z1k) x (xz i + yz1+ zrk):

: (xr*z) i * i + (^ry'z) i * J + (xr r)í*k +

+ (yr*z)j * i + (yúzlj " j + (yr r)j'É +

+(zr^z)k"i+ (züz)[, j +(zp2)[x[.


Podemos então escrever:

üxÍ:(yr Zz -zl)i + (zrx2 -xF2) J+ (" ü2. -yrxz)[.


A expressão acima pode ser dada sob a fonna de um deterrninante
"simbólico":
í j É
UXV: x1 Yt 21

x2 Yz 22
31

Exemplo 5

Dados os vetores ü = (1 ,2,3), V= (3,1,2) e ç =(2,4,6), temos:

li j ril
r) u*v=lt 2 :l=t+-3)i -(2-e) j+(l-6)[.
l:,rl
Da| üxV:(1,7,-5).

li
2\ Ur*:lt
i ,il
:tr2-t2) i+(6-6) j +(4--1) k.
2 :l
I 4 6l
12
Daí, üxw:(0,0,0)=õ.

Exemplo 6

Consideremos, na figura a seguir, os paralelogramos ABCD e ABC'C.

D C

A B

SeSeS' SAO AS ATCAS do s paralelogramos ABCD e ABC'C,


respectivamente. Temos:
-) -+ -+ -+
§ :lABx AD I e S' =l ABx AC I

Como
-) -) --) -) -> -+ -> -) -) -+ -+ -+ -+
I ABx AC |
:l ABx (AB+BC) | =l ABx AB+ ABx BC i :l õ+ ABx AD l: I ABx AD l,

podemos concluir que: S: Inir,õ 1= lai* et;: g'.


-)z

Considerando Ta área do triângulo ABC temos:

-) -+ -> -+ -+ --)
.r lABxACl lABxBCl lACxBCl
| i_______________

222
-

Exemplo 7:

Considerando S a ârea o retângulo ao lado, onde


--)
A(1,0,2), c(- 2,3,2) e AB o : (- 1,0,0)
temos:
-> -+ -+
5 =l AB x AC I e AC = (- :,:,t).
-++-+ -+
Como AB I BC, temos que AB = proj --, AC : (- :,0,0)
AB"

Daí S:; (-:,:.r), (-3,0,0)li (0,-3,9 )l: r0l8r :3.,,/1õ.

2.3 Produto Misto

DeÍinição: Sejam ü, ü e ,ft vetores quaisquer. o produto misto dos


vetores ü, Í e ü , indicado por [ü, V, ü], é o número real
[ü,Í, fr,]=(üxÍ).ú.

Exemplo 1:

Dados os vetores 1= (1,0,2), ü: (-1,1,3) e riz : (0,3,-2) , temos:

[ü, V, \i/] = [(1 ,0,2)x (-1,1,3)] . (0,3.-2) : (-2,-5,1) . (0,3,-2) = -ll

[V, ü, ü] = [(-1,1,3) x (I,0,2)l' (0,3,-2) : (2,5,-l). (0,3.-2) =77 .


JJ

Interpretação geométrica do produto misto

Seja o paralelepípedo de arestas AB,


AD e AE. Sabemos que o volume V
desse paralelepípedo e:

V : área da base x altura.


Considerandoaalturahdesse
paralelepípedo, err relação à base
ABCD e aplicando nossos
conhecimentos do cálcu1o vetorial
-+-)a
podemosescrever: V=ABxADlh. ;

Por outro lado, essa altura pode ser calculada como o rnodulo da projeção
--) + -+
do vetor AE na direção clo vetor AB x AD, pois a direção deste vetor é
ortogonal ao plano ABC. Assim podemos escrever:
-+ -) + --) -) -)
h- proj -+ ) AEI=lAE'(ABxAD)'l:lAE cos0l=lAEllcos0l,
(AB xAD)
)-)-)
onde 0 é o ângulo entre os vetores AE e AB x AD .

-) -+ --) -) --) -+ -+ -+ --)


Da| V = ABxAD IAE ll cos0 l:l (ABxAD).AE l: | [AB,AD,AE]1, ou
seja,
-+ --) -+
y: [AB, AD, AE]l

Consideremos agora o tetraedro de


arestas AB, AD e AE. Seja V1 o
volume desse tetraedro, assim,
Vr-
I1
: :I árca da basc x altura ,

Considerando a base ABD desse


tetraedro, observemos que a altura 1...#Qrl
relativa a essa base coincide com a
altura do paralelepípedo anterior.
34

Daí podemos escrever:

vr :i r
i r^i* eil Ê r r I cos0, =
*t r,&.
nil É r=| t r,ú,ó,airt

Exemplo 2:

Consideremos o paralelepípedo de arestas OA, OB e OC, onde


-) -) -)
OA : (7,0,2), OB : (1,1,3) e OC=(2,1.0). O volume V deste
paralelepípedo pode ser calculado como:

-) -+ --)
y :l [OA,
--) --) -)
OB, OC] l: | (OAx OB) OC |
: le2,-1,-l) . (2,1,0) : 5 u. v.

E a altura do mesmo em relação à base OABD será:

-+ (J6 ) 5.16 u'c'


h=l proj - -) ocl=l(2.l,ol .l- ., ,-
J6 J6
OA xOB \J 6 '- 6)l: u

Observação: Consideremos uma base


{Ír, ü2, ü3 } do espaço.Pela definição do
produto vetorial a base tÍr,üu, v1 x V2 )
é positiva. Assim, se V3 estiver no
mesmo semi-espaço que V1 x i2. em
relação a um plano que contiver
representantes de v1 e Í2, a base
{üt, Vz , V3 } será também positiva, já que
o observador não muda de posição. Caso
contrário a base {Ít , ü2,Í: } será
negativa.
Podemos verificar se V3 está, ou não, no rnesmo semi-espaço qlre v1 x ü2,
em relação a um plano que contiver representantes de Í1 através do
"iz,
35

ângulo entre estes vetores. Ou seja, se este ângulo for agudo, então ú3 está
no meslno semi-espaço que V t xi Z, caso contrário, não.
Por outro lado, para determinarmos se o ângulo entre dois vetores e agudo
ou obtuso, basta calcularmos o produto escalar entre etes. Assim,
(Ír tnz). V3 >0, temos que o ângulo entre estes vetores é agudo, logo a
base {V1 ,i2,i3} será positiva, caso contrârio, a base será negativa.
Podemos então concluir que umabase {Í1 ,i2,i3} é positiva se o produtó
misto [Vr, Í2,Í:]
r 0 e será negativa se [ú1,Í 2,i3] < 0.

Propriedades do produto misto

1. [ú,v,w]-0 <> ü,Ç e ,fru são coplanares.

2. [ú,Í, w] : [ü,fr,ü] : [ú,ü,V,] .

3. [ü,V,ú]=-[V,ü,ú].

4. (úxi).ú-ü.(vxw)

5. [ür + ü 2,i,ú] =[ür,ü,*] + [ú2,V,ú].

6. t [ü, V,'fr/] = [t ü, V, ú] : [ü, t V, w] = tü, Ç, t ú].

Í
Nas propriedades acima, ú, e rÍ são vetores quaisquer, e t é um número
real. Faremos a seguir suas provas:

l. "3" Se [ü, V, ü] : 0, então o volume do paralelepípedo cujas arestas são


representantes de
ü,V e w,
é zero. Assim, esse paralelepípedo é
degenerado, e portanto, ú,Í e ú são coplanares.

se
çl) É imediata.

2. Temos que I [ü, V, ü] I =l [Í, fr, ü] I =l [fr, ü, V, ] I como volume , de um


mesmo paralelepípedo. Se ü, Í e rÍ são L D, então

I [ü, V, ú] I
:l [V, W, ü] I :l [ü, ü, i,] l: 0
36

Se ü, Ve w são L I, então as bases {ú, Í, ú}, {ú, w, ü} e {,ft, ü, Í}


pertencem a mesma classe. Logo,

[ü, Í, *] : [V, ü, ü] = [ú, ú, V, ]

Nas provas das propriedades seguintes, usaremos as propriedades doq


produtos escalar e vetorial já vistas.

3. [ü,V,ü]= (ü x V).ú = -(Í x ü).ú: -[(V x ü).ú]: -[V,ü,,fr]

2. (üxv). ú -(üxw). ú:ü. (Vx ú)

Usaremos agora as proprieclades acima para derlonstrar a distributividade


do produto vetorial ern relação à adição de vetores, ou seja:

üx(V+w)=üxÍ+üxú.
Mostrarernos que : ü x (Í + ú) - (ü, - (ü x'fr2): §.
")
Considerando ã: ú x (V+ ú) - (ü x V) -(ü ú), temos:
"
ã.á =ã {tl x (V + w) - (ü x V) - (ü x w)}
= ã.[ü x (Í + w)] -á (ü x V) - ã. (ü x rÍ)
ii).(V + ü') -
= (ã x (ã
"
ü) .V - (ã'ü) w
=(ã xú) (V + ú) - (ã rü). (V + ú) : õ.

Portanto ã: õ.
5.[ül +ü2,V,ú] :{(ür +üz)"ú} .w-{ür xV+ü2 xÍ}.\r=
: (ür x V). ü + (ú2 x V). ú :[ü1,V,ú] + (ü2,ü,úl
6.[tü, V,ü] = (t ü x V) .,fr, : (ü x t V) . rfr, : [ü, t V,fii].

Analogamente podemos obter as outras igualdades.


)t

Expressão cartesiana do produto misto

Fixada uma base orlornomal positiva {i, j, k} e dados os vetores


ü : (xl,y7,zt), i :(x2,y2,22) . ú :(x3,y3,23), temos:

[ü,ü,ú]=(üxü).ú
= (yt z2-21y2, ztx2 -x122. xty2 -ytxz).(* i,y3,zz)
= (yr22 -ztyz) + (zéz - xTzz) y: + (xryz -yéz) 21,
":
Assim, pod.emos escrever:

[ú,V,w]=(yrz2 -ztyz)xt +@tx2 -xF)yt +(xryz -ytxz)zz.


A expressão açima pode ser dada sob a forma do detenlinante:

x1 Yl z1
[ú. v, ,ú] = x2 Y2 z2
x3 Y3 z3
Exemplo 3:

Do tetraedro de arestas OA, OB, e OC, sabemos que :

--) -+ --)
OA: (x,3,4), OB : (0,4,2) e OC : (1,3,2) .

Calcule o valor de x, para que o volume desse


tetraedro seja igual a2 u. v.

Sabemos que o volume V1 do tetraedro é dado


por:
-) ) --)
Vr=1 [oA, oB, oc]l
6
Assim, \i C

x 341 o
b§'

Vt= lr
ô
o 4 zlr:Ir 2x-101.
1321
1l

Como
I
Yr: 2 u.v, temos: '12*-lot:2. \ §i
*'
- tli'/

6" ,y
Logo, x: 11 OU x=-l .
7
38

Exercícios

Sequência I
1. Considerando o plisma abaixo, cuja base é um hexágono regular,
classifique em verdadeira ou falsa, as sentenças abaixo, justiÍicando cada
resposta.
-+ -+
a)GA-DI é L.D.
-) -+ -)
b)HI, IC,IB são L.I.
-+ -) -+
c) GM, MF, FE são L.I.
-+ -+ -) --)
d) BC + CI + IB e MF são L.D.
-)-) -à
e)AH, ED e MF são L.D.
-+ -)
f)GM e 2AÍ1 são coplanares.
-) -) -)
g)FA, FE e FM são L.L
-) -+ -+ -+
h)FM pode ser escrito como combinação linear de FA, FE e GM.
-+ -)
i)MG pode ser escrito como combinação linear de GH.
_>
j)F=E+LM
-+ -)
1) FA' : (2 JI)'
-+ -+ -) --)
m) FE'+ (2ML)": (FE+ 2ML)'

Nos exercíçios de 2 a 5, considere os vetores i:2i - 1+2k,


Í=5i+sj-zt< e ú=3i+6j.
2. Verifique se os vetores são L.D. em cada item abaixo:

a)ü b)ü e V c)õ d)üeó e)ü e (4,-2,4)

f)t1,, V e ri, g) ü, Í, (1,2,3) e (2,1,4) h) ú,V e (7,4,0)


i9

3. Determine:
a) 2u-V+ 3ú.

b) as coordenadas do ponto B, onde A : (1,0,-2) ,ü = U.


c) "
as coordenadas do ponto M, onde M e ponto rnédio do segmento AB,
do itern(b).

4. Escreva se possível:

a) ü como combinação linear de ã = (4,-2,4).


b) ü como combinação lineal de õ .

c) õ como combinação linear de tl .

d) ú como combinação linear de ü.


e) ü corno combinação linear de Í e á = (4,-2,4) .

f) Í como combinação linear de ü e ã : (4,-2,4) .

g) ú como combinação linear de ü e w.

5. Determine:
a) ü.ü e ü.w b) lü | . ü" c) (ü,ü) e (ü,w)
d) Um vetor não nulo orlogonal a Í.
e) Aprojeção de ú na direção de ú.
f) A projeção de ü na direção de 'fr2 .

g) A medida algébrica da projeção de V na direção de ü .

h) O versor de 6 , onde A tt 1,.


i) Um vetor paralelo a ú e de modulo 9,
j) O vetor õ, sabendo que seus ângulos diretores são agudos, oncle
ü=60o, F:45. e lõ]=lú1.
l) Íxfrz
m) Um vetor unitário ortogonal aos vetores ú e ú.
n) Uma base oftonomal {êt,ê z,él}, onde é1 ll i.
o) Uma base positiva {f1 ,Ír,Ír} , onde fi = V.
p)Ovetor ã,talque ãxü:õ e ã.i:-2.
-) --)
q) A área do triângulo ABC, onde AB : ü e AC = V.
r) [ü,V,t]
s) O volume do paralelepípedo de arestas AB, AC e AD, onde
--) + -+
AB:ú.AC=V e AD:rÍ.
40

Sequência II

1. Sabendo que A(0,0,,0), B(2,I,-2) e C(0,0,5) são vértices de um


triângulo, detenrrine um vetor que tem a direção da bissetrtz do ângulo
^
interno BAC.

2. Determine a resultante das forças em cada item a seguir:

a) lFr l=80kgf
lÉz l=15okgf
lÉ: l=18okgf

b) lFl l:120kgf
lÉz l:lookgf
lÉ: l:12okgf

3. Exiba, se possível, os exemplos abaixo. Se impossível explique porque.


a) Uma base do espaço que contenha os vetores (1,--2,3) e (Q,4,6).
b) Três vetores L.I. que não formem uma base do espaço.
i
c) Um vetor não nulo, paralelo a - (7,0,2) e ortogonal a 'tr - (-1,2,3).
4I

-+
4. Do cubo ao lado, sabemos que: A(2.1,0), B(2,4,0) e ADo: (0,0,1) .

Determine as coordenadas:
--)
a) do vetor AC;

b) do ponto E;
-+)
c) do vetor AL, sabendo que FL = -!ri.
't
J
) I --+ --) -+ ''l

d) do vetor CG em relação à base I ee,AC,AE i;


tl
5. De um losango ABCD sabemos que A(1,0,2), B(2,-1,2) e a diagonal AC
é paralela ao vetor ü:(-1,2,2'). Detennine as coordenadas dos outros
vertices.

6. Sabendo que lü l: 2,1ú l= 4 e (ü,fr):60", calcule:


a)lü+úl b)lprojúúl c)ü'(ü+ú)
7. Determine o vetor Í sabendo que I V l: JJ . que seus ângulos diretores
são agudos e Çongruentes.

8. De um triângulo ABC, sabemos que A(1,0,2), 8(3,1,1) e

A?" :(^l?-,r,9''l. Determine a alrura do triângulo ABC em relação


I z 'vr 2I "''-'
à
\- -/
base AC.

-+ -+
9. De um triângulo ABC, sabetnos que: I AB I: 2 , I AC l:3 e
--) -+
AB AC:3113 . Determine a área deste triângulo.

10. Sejam AB, AD, e AE arestas de um paralelepípedo retângulo de volume


(
12u.v. Sabernos que A(0.0.0).C(4.1,0) e AB'=l _ .0,=
l J' "lr\
[2 2) |

Determine: a) A área do base ABCD.


b) As coordenadas do vértice E.
42

11. Do paralelepípedo retângulo ao lado, temos:


--)
a) A(2,1,0),C(3,2,0) e I BE l:3 E
-+
b) Dois dos ângulos diretores de AB são
ct:y=45" D' C
Determine o volume deste paralelepípedo.
.""""'Í")
A-s
12. De um tetraedro ABCD sabemos que:
-+
a) A(4, 0,3), B(-8, 4, 1), D(3, - l, 0) e I AC l:2^1,
-+
b) Os ângulos diretores de AC são o : T- 45o .

Determine o volume deste tetraedro.

13. Dados os vetores Oi - Oi


= (2, O,r ) e Ot = (0, 3, 1 ),
(.1,y,2),
determine o valor de y para que a altura do tetraedro OABC, em relação à

base OBC. seja igual


-7 u | ,. ..

14. De um paralelepípedo de base ABCD sabemos que:


a) A(0,1 ,1), B(2,0, 1) e C(-1, 1,0);
b) Os ângulos diretores O" ,.G são agudos e clt : 60o e F = 45o .

Determine as coordenadas de vértice E, para que o volume deste


paralelepípedo seja igual a 4",liu.v.

15. De um tetraedro ABCD, sabemos que:


-) -+
a)A(0,0,0), D(1,5,1); teIR e AB.AC=8;
-) -) (' f; \
b) AB"=(1,0,0) e ACo=l +,9,0 l,
[2 2 )
c) o triângulo ABC é equilátero.
Determine as coordenadas do vértice D para que o volume deste tetraedro
. 8",6
sela tqual a _u.v.
.)
J
43
,.í
RESPOSTAS

Sequência I

s. a) r e o b) 3 , (1-+ arc.orf
\J 3 :j
c) e eoo
3) 54

drí*.r^5**5Yt^', e *oorv+o
IR e x+o ou Y+o ,(t 5 l\
t,[á .;-;)
\ 2 ,,Jt

o 1o,o,o; *, j ,,,(i _+
;) ", ( 3 +,_3)
t) (6,-3,6) ou (-6,3,-6) ,,
[+ ,+,+) 1) (12,-6,1s)

, ( 8JZ8s 14448s
'[ 48s 48s )

p) (12,-4) ,) t@ r, r) 1s s) 6o u.v.

Sequência II

,.{i+ +'l,rerR*
\J ) ))
)r-
2. a)R : (tsJI + eoJi,- s - eoJr) b) i:(ooJ5 _t20, -40)
-> -+ -+
4. a) AC: (0,3,3) b) E(5,1,0) c) CG: (0,0,1) d)AL : (3,2,0)

(3',33) ,
s. cíl _1 ?) o(z _t z)
[3 33)
6.ú2Ji b)r c)8
+I
t'
,,
,.
41
1ítr

.t ;
7.rr:(l.l.l) 8.h:5,'... 9.S:lr.r.
3

22

.j_
r0. a)' S: 6rE u a. b)/ EÍ, -:
1.1)
\ 3 3 3) ", .(!.-L-l)
\: 3 3)

"17
It.V=j{iu.r,. 12.v=1,r.r,. 13. l,:4 ou y-5
23
u. Eb., 2^li +1, 3) ls. D(1,s,2) ou D(r,s,-z)

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