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pRIncÍpIos De MoBILIZaÇÃo

Silvano Barbosa

A
bola
Vez
da

Mudança de Paradigma
no Adventismo da
América do Sul

foco na pessoa 22
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Por Silvano Barbosa

A
expressão “a bola da vez” surgiu numa modalidade do jogo de sinuca em que as bolas têm
uma sequência definida para serem encaçapadas. A próxima bola, aquela que recebe a aten-
ção de todos, é a bola da vez. Com o passar dos anos, o conceito se popularizou e hoje é em-
pregado nos esportes, nos negócios, na política e no meio empresarial. O objetivo é sempre
se referir ao próximo fato que está para acontecer, ao lugar onde as melhores oportunidades
se encontram, ou à personalidade do momento. Por exemplo, a revista Exame publicou re-
centemente que a bola da vez do crescimento econômico do país é o mercado imobiliário, já que os preços
no Brasil subiram 15,2% nos últimos 12 meses, a maior alta global.1
No cenário mundial “o mercado brasileiro é tido por grupos estrangeiros como a bola da vez”2. Re-
centemente, a empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers divulgou um estudo que aponta o Brasil

como o terceiro mais importante mercado do mun- dos “nossos nobres companheiros anglo-saxões da
do, perdendo apenas para a China e os Estados Alemanha” e nossos “nobres primos de sangue es-
Unidos.3 Nos esportes, os preparativos para rea- candinavo”5. A África, a América Latina e o Oriente
lização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos Médio eram vistos apenas como lembretes da difí-
também estão fazendo do Brasil a bola da vez. cil tarefa missionária que ainda estava pela frente.
E no Adventismo mundial, quem é a bola da vez? Esse conceito ficou ainda mais evidente na con-
Seria bom se pudéssemos responder a esta pergun- ferência missionária de Edinburgh em 1910, um
ta apresentando uma resposta simples, apenas um dos mais importantes eventos na história do movi-
nome. Mas a bola da vez no contexto adventista não é mento missionário mundial. Dos 1215 oficiais, 500
uma única pessoa, é o próprio Adventismo da América delegados vieram da Inglaterra, 500 dos Estados
do Sul. É a somatória de tudo aquilo que a Igreja se Unidos, 170 da Europa continental e 26 das “colo-
tornou e representa hoje. Sorria! A bola da vez agora niais” (população branca da Austrália, Nova Zelân-
é você! dia e África do Sul). Vieram apenas 19 do mundo
oriental, os quais, na prática, eram conversos do
Mudança de Polaridade no Centro do Cristianismo movimento missionário que estavam ali para re-
Durante centenas de anos, o Cristianismo foi presentar as chamadas “igrejas jovens” da Ásia6.
visto como uma religião do Ocidente (Europa Oci- Nenhum africano nativo foi convidado para Edin-
dental, América do Norte e Oceania)4. Os cristãos burgh e as fontes sugerem que ninguém fez um
desses países sempre se viram como os guar- comentário crítico do fato. Na verdade, ninguém
diões da Mensagem, responsáveis pela defesa e pareceu notar isso7. A América Latina também foi
expansão do Cristianismo. Durante o alto período silenciosamente ignorada.
imperial, os Britânicos acreditavam terem sido es- Entretanto, desde o final do século XIV essa ten-
colhidos por Deus para trazer paz e justiça a todo dência já estava mudando. Em 1882 as igrejas da Ásia
o planeta. O relatório da Conferência Missioná- e da África já estavam crescendo mais que as igrejas
ria Centenária de 1888 deixa essa ideia bem cla- nos Estados Unidos. Nem mesmo uma única igreja
ra quando enfatiza “a grande extensão na qual o americana se aproximava da taxa de crescimento da
trabalho da evangelização mundial é lançado so- Igreja Presbiteriana de Laos. Somente quatorze con-
bre a raça anglo-saxônica”, em outras palavras, gregações em todo o país superava a taxa de cres-
os britânicos e os americanos, com a assistência cimento da Igreja Presbiteriana de Trípoli, na Síria.

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Apenas oito igrejas nas ricas cidades de Nova Iorque, secretas da China e as igrejas nas casas da Índia
Chicago e Filadélfia superavam a taxa de crescimen- estão crescendo rapidamente.9 Em números ge-
to das igrejas de Shandong, na China8. A igreja estava rais, atualmente há 757 milhões de cristãos na
crescendo mais rápido nesses continentes do que na Europa e Estados Unidos, mas este número é pra-
América, de onde vinham os missionários. ticamente o dobro na América Latina, África e Ásia,
Nos anos posteriores, essa tendência se confir- onde 1.431.000 de pessoas se declaram cristãs.10
mou e hoje o centro de gravidade do Cristianismo Ao longo do último século, a Igreja Católica, por
mudou do ocidente para os países orientais, onde exemplo, teve a maior parte do seu crescimento
a maioria dos cristãos vive. Enquanto o modelo fora do continente europeu e atualmente há 200
nacional-estatal de Cristianismo (como o luterano, milhões de católicos a mais na América Latina do
anglicano e o holandês reformado) tem se enfra- que na Europa.11 A tabela abaixo mostra a progres-
quecido no ocidente, as igrejas nativas africanas, são no número de membros da Igreja Católica por
as igrejas populares da América do Sul, as igrejas continente em 1900 e em 2000:

Continente População católica em 1900 População católica em 2000

América Latina 59 milhões 483 milhões

Europa 181 milhões 277 milhões

Ásia 11 milhões 137 milhões

África 2 milhões 177 milhões

América do Norte 13 milhões 85 milhões

Oceania 1 milhão 9 milhões

Com a escolha de Francisco, o primeiro Papa la- nismo, foi de suprema importância para criar um cli-
tino-americano, os cardiais enviaram a clara men- ma espiritual propício ao trabalho missionário.14
sagem de que o futuro da Igreja se encontra no Sul Em 1853, Ellen White foi uma das primeiras a di-
Global (América Latina, África e Ásia). Esse pensa- zer que a missão adventista tinha relevância para o
mento foi confirmado pelo presidente dos Estados mundo quando se referiu a esta tarefa como “a última
Unidos, Barack Obama. Ao comentar a escolha do mensagem de misericórdia a ser dada a um mundo
novo Papa, ele afirmou que a nomeação “é uma in- culpado”15. A partir de então, outros passaram a usar
dicação da força e vitalidade de uma região que está a mesma linguagem para se referir à mensagem a
progressivamente dando forma ao nosso mundo”.12 ser proclamada pelo Remanescente. Contudo, du-
O centro de gravidade do Cristianismo mudou e rante a década de 1850, o conceito de missão mundial
isto também está acontecendo dentro do Adventismo. dentro do Adventismo se referia apenas à América do
Norte. Para eles, os Estados Unidos eram compostos
Mudança de Polaridade no Centro do Adventismo de imigrantes de quase todas as nações, e quando os
Desde o seu primórdio, os Adventistas do Séti- imigrantes Europeus começaram a aceitar a mensa-
mo Dia sempre viram a si mesmos como um mo- gem, alguns entenderam que a pregação do Evan-
vimento profético de restauração da verdade (Ap. gelho eterno a todas as nações estava se cumprido
10:11), levantados por Deus como o Remanescen- dentro dos Estados Unidos.
te no tempo do fim (Ap. 12:17), para proclamar o O passo seguinte foi a publicação de literatura
Evangelho eterno a todos os habitantes deste pla- em alemão, francês e em holandês para circular na
neta (Ap. 14:6-12). Esse discernimento profético América e ser levada por parentes para a Europa. Em
tem levado o movimento adventista até os recantos 1859, S. E. Armstrong, da Irlanda, foi um dos primei-
mais remotos da Terra e tem feito da Igreja Adven- ros a aceitar a mensagem adventista na Europa.16
tista do Sétimo Dia uma das organizações religio- Foi somente na década de 1870 que o texto de
sas que mais cresce atualmente.13 Apocalipse 10:11, “importa que profetizes outra vez
Em seu período inicial, especialmente, a formação a muitos povos, nações, línguas e reis”, passou a ser
dessa autoimagem, que chama atenção para o papel entendido como uma missão de extensão mundial.
único do movimento adventista na história do Cristia- Em 1872, Tiago White declarou que “os Adventistas

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do Sétimo Dia estavam vários anos atrasados em re- passaram a existir e foram levadas avante graças
lação às portas que a providência divina tinha aber- ao trabalho incansável destes irmãos que, com
to”.17 Ellen White insistiu com veemência para que desprendimento, aceitaram erguer os fardos onde
publicações fossem impressas em outras línguas e quer que fossem encontrados.
que os jovens se dedicassem aos estudos de línguas Essa visão continua sendo transmitida de gera-
estrangeiras para que “Deus os usasse como instru- ção em geração. Na Andrews University, as crianças
mentos para proclamar a salvação a outras nações”18. que participam nas classes da Escola Sabatina são
A Conferência Geral de 1873 confirmou o in- inspiradas todos os sábados a escolherem a vida
teresse na missão entre países missionária. Elas são cha-
de fala não inglesa. A demanda madas à frente da classe e
por missionários cresceu e, para “O Adventismo da América do são vestidas como médicos,
atendê-la, foi tomada a decisão Sul tornou-se uma das melho- dentistas, advogados, evan-
de estabelecer uma escola de- res expressões do Adventismo gelistas, etc. Enquanto isso,
nominacional em Battle Creek, mundial em sua manifestação as demais crianças cantam:
Estados Unidos.19 Em 1874, a teológica, pastoral, financeira “Missionary, go, go!” (Vá, vá,
missão adventista continuou a e estrutural. Agora, a pergun- missionário). Um missionário
expandir. Os relatórios indicam ta vital é: Por que Deus está “de verdade” conta semanal-
que, como resultado da distribui- fazendo isso”? mente a “história missioná-
ção de literatura, pessoas do sul ria” enquanto mostra objetos
dos EUA, Dinamarca, Suíça, No- e curiosidades sobre o local
ruega, Suécia, Alemanha, Itália, França, Espanha, que está sendo apresentado. Programas acadêmicos
Inglaterra, México e Austrália haviam começado a de várias áreas oferecem viagens missionárias de
guardar o sábado. Além disso, pedidos de literatu- curta duração como parte do currículo e assim eles
ra continuavam chegando da Irlanda, China, Escó- vão mantendo viva a visão.
cia e Nova Zelândia. Contudo, o mesmo fenômeno observado no Cris-
Finalmente, em 15 de setembro de 1874, J. N. tianismo em geral está acontecendo dentro do Ad-
Andrews foi enviado para a Europa como o primei- ventismo. A Igreja Adventista do Sétimo Dia esta se
ro missionário da organização. Nos anos seguintes, movendo do Ocidente para o Sul Global, onde a maio-
missionários continuaram a ser enviados dos Es- ria absoluta dos seus membros vive. Apesar de ter a
tados Unidos e Europa, e no início do século XX, a sua origem nos Estados Unidos, a Igreja cresce duas
Igreja Adventista do Sétimo Dia já havia se tornado vezes mais rápido no exterior. Em 1915, o total de
um movimento de extensão mundial. membros da Igreja era de 136.879 e 56% dos adven-
Assim como nas demais denominações cristãs, tistas vivia na Divisão Norte Americana. Atualmente,
os adventistas do ocidente sempre viram a si mes- a população adventista é de 17.479.890 e o percen-
mos como os responsáveis pela defesa e expansão tual de membros da Divisão Norte Americana é de
da mensagem adventista. Ao longo de toda a histó- 6,5 %. O mapa na página seguinte apresenta uma
ria do movimento, a teologia e a missão adventistas comparação entre o número de membros em 1915

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O Adventismo Mundial Moveu-se em Direção
ao Sul Global ao Longo do Último Século
Atualmente 87% da população Adventista vive na América Latina, Africa e Ásia e este número
cresce a cada ano. Apesar de ter a sua origem nos Estados Unidos, hoje a Igreja cresce duas
vezes mais rápido no exterior.

2010
CHINA
EUA
Norte America 393.280
1.060.499 Europa RUSSIA
1.142.039 ALEMANHA
418.118 491.979 FILIPINAS
35.195 713.219
FRANÇA
MEXICO 62.956
674.755 ITALIA UCRANIA INDIA
60.506 61.404 1.524,870
SPAIN
15.801 Ásia
3.286.914

HAITI NIGERIA
359.019 REPUBLICA 285.660
DOMINICANA KENIA
GUATEMALA 274.932 680.257
219.265 TANZANIA
VENEZUELA 415.250
COLOMBIA 233.297
América Latina 285.229
REP. DEM. Oceania
DO CONGO 432.169
5.579.841 EQUADOR
530.523
40.942

ZAMBIA
BRASIL 718.759
1.267.738 ANGOLA ÁFRICA
PERU
391.394 6.539.168
433.131

CHILE
121.548
ARGENTINA

1915
109.263

Leganda do mapa:
Norte America Europa
· O mapa apresenta uma comparação entre o número 77.735 37.617
de adventistas por continente em 1915 e em 2010.
· Países com maior representativide numa região são
apresentados individualmente Ásia
5.204

Oceania
América Latina ÁFRICA 5.967
7.267 13.084

Fonte: General Conference World Church Statistic. Acesse http://


docs.adventistarchives.org//docs/ASR/ASR2010.pdf#view=fit

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e em 2011 por continentes. Uma das características Mudança de Paradigma no Adventismo do Sul Global
mais marcantes do Adventismo é a maneira como Thomas Kuhn, historiador da ciência, desen-
a Igreja se estabelece numa nova localidade. Dife- volveu na década de 1960 a teoria da mudança de
rentemente da maioria das denominações cristãs, paradigma. Para ele, a ciência não cresce cumula-
o Adventismo utiliza uma abordagem integral. Isso tivamente, mas mediante revoluções.21 Em outras
significa que o nosso interesse não está em apenas palavras, o progresso da ciência não se deve ao
uma área específica. Atualmente, as organizações acúmulo de informação e pesquisa, mas ao desen-
missionárias das várias denominações colocam o seu volvimento de um novo modelo ou estrutura teórica,
foco em uma das áreas a seguir: aliviar o sofrimento chamados por Kuhn de paradigma.
humano; diminuir a diferença entre ricos e pobres; Ele define paradigma como o “conjunto de crenças,
ajudar as pessoas a viverem mais e melhor, prover valores e técnicas, compartilhadas pelos membros de
acesso à educação e pregar o Evangelho em locais de determinada comunidade”22. O processo de mudança
difícil acesso. de paradigma acontece quando um grupo de pessoas
O Adventismo não se limita a um segmento espe- começa a perceber a realidade de maneira diferente e
cífico mas traz consigo o ideal de estabelecer além busca um novo modelo para solucionar as necessida-
de congregações, instituições de educação, saúde, des vigentes.
publicações, mídia, alívio e desenvolvimento. Esse No Adventismo, qualquer mudança de paradigma
tem sido o grande diferencial do Adventismo e é só pode acontecer com base no Evangelho eterno e
exatamente por isso que essa é uma das melhores por causa dele23, pois proclamar o Evangelho eterno
formas de avaliarmos a força e a vitalidade do Ad- (Ap. 14:6-12) no tempo do fim a cada habitante deste
ventismo numa região. planeta é a própria razão da existência do movimen-
Dentro do Sul Global, para onde o Adventismo está to.24
se movendo de maneira cada vez mais consistente a Até agora, o Adventismo do Ocidente tem assu-
cada ano, a Divisão Sul Americana, especialmente o mido a responsabilidade de executar essa tarefa em
Brasil, tem se destacado progressivamente. O último toda a sua extensão. Graças à coragem, esforço e
relatório estatístico anual da investimento deles hoje a Igreja
Conferência Geral mostrou adventista existe na América
que o total de vendas da Casa Latina, África e Ásia. Ao mesmo
Publicadora Brasileira é maior “No Adventismo, qualquer tempo, o paradigma vigente nes-
do que o de todas as publica- mudança de paradigma só tas regiões é que a responsabi-
doras dos Estados Unidos e pode acontecer com base no lidade de expandir o Adventismo
da Europa juntas. A Universi- Evangelho eterno e por causa e proclamar o Evangelho eterno
dade Adventista de São Paulo dele, pois proclamar o Evan- a cada habitante deste planeta
é a instituição educacional da gelho eterno (Ap. 14:6-12) no de fato pertence a eles. A nossa
Igreja com o maior número de tempo do fim a cada habitante responsabilidade é proclamar-
alunos. deste planeta é a própria razão mos o Evangelho eterno aqui
Com mais de 1,2 milhão da existência do movimento.” ande estamos.
de membros, o Brasil é o país Entretanto, 88% da população
com a segunda maior popula- adventista vive no Sul Global e as
ção adventista, ficando atrás apenas da Índia. Mais evidências confirmam que nesta área, nenhuma região
de 200 pastores são incorporados à organização anu- possui a força e a vitalidade do Adventismo da América
almente e, para atender a essa demanda, um novo do Sul, especialmente do Brasil. Por isso, chegou a hora
Seminário de Teologia será aberto dentro de alguns de iniciarmos o processo de mudança de paradigma em
meses no Sul do Brasil. A Rede Novo Tempo de Co- nossa prática da missão.
municação já ocupa uma posição de destaque no Ad- Parece que a missão mundial não tem sido uma
ventismo mundial. A Divisão Sul-Americana possui a preocupação maior para nós, até aqui. Na maior parte
segunda maior arrecadação de dízimos e o terceiro do tempo, parece que estamos ocupados demais com
maior número de hospitais e sanatórios.20 as nossas prioridades locais para enxergarmos toda
O Adventismo da América do Sul tornou-se uma a extensão do campo missionário. Chegou a hora de
das melhores expressões do Adventismo mundial enxergarmos o mundo, objeto final do interesse de
em sua manifestação teológica, pastoral, financeira Deus, como nossa responsabilidade. Chegou a hora de
e estrutural. Agora, a pergunta vital é: Por que Deus pararmos de pensar naquilo que podemos receber do
está fazendo isso? Ocidente para começarmos a pensar naquilo que po-

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demos dar. Dentro do Adventismo mundial, a igreja na América do Sul possui hoje as melhores condições para
levar avante o papel único designado por Deus ao Remanescente.
A Igreja nos Estados Unidos está enfrentando ultimamente o relativismo pós-moderno do lado de fora e
uma compreensão “genérica” de si mesma do lado de dentro, e precisa do profundo compromisso com a teolo-
gia e a mensagem Adventista tão presentes na Igreja da América do Sul. A Igreja na Europa, em alguns lugares
envelhecida e cansada, pode se beneficiar da explosão de vitalidade e criatividade da jovem Igreja Sul-Ame-
ricana. O mundo mulçumano pode ver na prática o que significa ser cristão através do testemunho de nossos
estudantes, médicos, engenheiros ou comerciantes vivendo entre eles. A Igreja da África pode fazer ainda mais
e melhor para Deus utilizando a estrutura organizacional e administrativa bem estabelecida da América do Sul.

Conclusão
Ao longo do século XX, o centro de gravidade do cristianismo mun-
dial mudou do Ocidente para o Sul Global, onde atualmente a maioria da
população cristã vive. O mesmo fato foi observado dentro do Adventismo
do Sétimo Dia. Nesse mesmo período, a América do Norte progressi-
vamente substituiu a Europa como a base do movimento missionário
mundial a partir do Ocidente.25
Deus criou todas as circunstâncias necessárias para que o Adventismo
da América do Sul se tornasse uma mas melhores expressões do Adven-
tismo mundial em sua manifestação teológica, pastoral, financeira e estru-
tural. É exatamente por isso que esta região tem as melhores condições de
substituir progressivamente a América do Norte como base do movimento
missionário mundial dentro do Adventismo.
O movimento adventista foi levantado por Deus para desempenhar um
papel único na história do Cristianismo: proclamar, como o profeta Elias, a
mensagem de completa restauração “dos princípios que são o fundamen-
to do Reino de Deus”26; e, como João Batista, proclamar “no espírito e
poder de Elias” a mensagem de advertência e esperança que vai preparar
o mundo para a volta de Jesus. Isso não significa que os adventistas se
consideram melhores que os demais cristãos. Significa apenas que eles
foram chamados por Deus para desempenhar uma tarefa específica no
tempo do fim.
Como parte do povo Remanescente, você tem um papel a desempe-
nhar na execução dessa tarefa. Deus espera que você esteja preparado
e se coloque à disposição para ir onde Ele mandar. Como líder do povo
Remanescente, você é chamado a trabalhar dentro do “divino princípio
de cooperação”27, aproveitando as circunstâncias maiores que Ele tem
providenciado e criando as circunstâncias menores dentro da sua esfera
de ação para que esta missão seja levada avante até os confins da Terra.
Vamos trabalhar?

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1. http://exame.abril.com.br/economia/noticias/brasil-e-o-mercado-imobiliario-mais-efervescente-do-mundo
2 http://www.stussi-neves.com/portugues/noticias/ver_noticias.asp?id=115
3 http://www.pt.org.br/noticias/view/mercado_brasileiro_e_terceiro_mais_importante_do_mundo_afirma_empresariado
4 http://www.urbandictionary.com/define.php?term=western%20countries
5 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History. (MaryKnoll, T&T Clark, 2002), p. 57.
6 STANLEY, Brian. The World Missionary Conference, Edinburgh 1910. (Grand Rapids, Williams B. Eermdmans Publishing
Company, 2009), p. 91.
7 Idem, p. 99.
8 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History. (MaryKnoll, T&T Clark, 2002), p. 52.
9 KIM, Elijah. The Rise of the Global South. (Eugene, WIPF & SOTCK, 2012), p. xxiv.
10 JENKINS, Philip. The Next Christendom. (New York, Oxford University Press, 2007), p. 2.
11 http://www.nytimes.com/interactive/2013/02/11/world/europe/the-catholic-church-shifted-southward-over-the-past-
-century.html
12 http://www.nytimes.com/2013/03/14/world/europe/cardinals-elect-new-pope.html?pagewanted=all&_r=0
13 http://usatoday30.usatoday.com/news/religion/2011-03-18-Adventists_17_ST_N.htm
14 DAMSTEEGT, Gerard. Foundations of the Seventh-Day Adventist Message and Mission. (Berrien Springs, Andrews University
Press, 1997), p. 243.
15 WHITE, E. G. To The Saints Scattered Abroad. Review and Herald, 17 de fevereiro de 1853. Citado em Gerard Damsteegt,
Foundations of the Seventh-Day Adventist Message and Mission, p. 280.
16 DAMSTEEGT, Gerard. Foundations of the Seventh-Day Adventist Message and Mission. (Berrien Springs, Andrews University
Press, 1997), p. 282.
17 Idem, p. 243.
18 Idem, p. 289.
19 Esta escola foi mudada para Berrien Springs, MI, e foi chamada de Emmanuel Missionary College. Em 1958, recebeu o nome
de Andrews University, uma referência a J. N. Andrews.
20 http://docs.adventistarchives.org//docs/ASR/ASR2010.pdf#view=fit
21 KUHN, Thomas. The Structure of Scientific Revolutions. (Chicago, The University of Chicago Press, 2012), pp. 1-9.
22 Idem, p. 175.
23 BOSCH, David. Missão Transformadora. (São Leopoldo, Editora Sinodal, 2007), p. 234.
24 Para Ellen White, “a mensagem dos três anjos de apocalipse 14:6-12 é a mensagem do evangelho para estes últimos dias”.
Veja E. G. White, Testimonies, vol. VI, p. 241.
25 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History. (MaryKnoll, T&T Clark, 2002), p. 197.
26 WHITE, E. G. Profetas e Reis. (Tatuí, Casa Publicadora Brasileira, 1999), p. 678.
27 Idem, p. 478.

SILVANO BARBOSA

O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teolo-


gia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em
2010. Atualmente está cursando o PhD em Missão e Ministério na Andrews Univer-
sity. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira
Sul. Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental
de Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departa-
mental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense
e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois
filhos, Davi e Liz.

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