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AZUSA E O EVANGELHO NO BRASIL

Quando os missionários Gunnar Adolf Vingren e Daniel Hõgberg fundaram a primeira igreja
pentecostal no Brasil em 18 de junho de 1911, denominaram-na Missão da Fé Apostólica. A escolha
do nome foi inspirada no Avivamento de Azusa, sob a liderança do pastor afro-americano William J.
Seymour. O nome do jornal de Azusa era Apostolic Faith (Fé Apostólica), que acabou dando nome
àquela abençoada igreja de Los Angeles, que passou a se chamar Missão da Fé Apostólica. A igreja,
bem como seu periódico, muito conhecidos por Vingren e Berg, eram tão populares por pregar a
restauração para os nossos dias da manifestação do Espírito conforme os tempos apostólicos, que
quando Bennet Freeman Lawrence escreveu a primeira história do Movimento Pentecostal em 1916,
não pensou duas vezes em dar à sua obra o nome de The Apostolic Faith Restored.

O avivamento na Rua Azusa era famoso em todo o mundo. Não era à toa que os jornais seculares da
época chamavam aquele lugar de “O endereço mundial do Movimento Pentecostal”. Apesar de terem
sido incendiados pela chama pentecostal em Chicago, foi em Azusa que Berg e Vingren naturalmente
se inspiraram ao escolherem o nome da igreja que fundavam no Brasil. Entretanto, sete anos depois,
Gunnar Vingren e Daniel Berg, agora acompanhados dos missionários Otto Nelson e Samuel
Nyström, acharam por bem mudar o nome da igreja de Missão da Fé Apostólica para Assembleia de
Deus. Por que essa mudança? A inspiração também veio dos Estados Unidos. Quando o Movimento
Pentecostal se espalhou pelos Estados Unidos, a primeira reação das igrejas evangélicas tradicionais,
assustadas com aquilo que lhes era novo, foi excluir os crentes que abraçavam a mensagem
pentecostal. Foi assim que, de 1901 a 1914, surgiram em profusão, em todos os cantos dos EUA,
denominações pentecostais com os nomes mais variados. Porém, em 1914, os líderes dessas jovens e
fervorosas igrejas resolveram unir-se. Foi assim que, em 2 de abril daquele ano, em um ato histórico,
a maioria esmagadora das denominações pentecostais norte-americanas se fundiu fundando uma
única igreja, denominada Assembleia de Deus. Esse encontro, realizado de 2 a 12 de abril, reuniu
cerca de 300 ministros pentecostais e delegados de todos os EUA, e foi conhecido como o primeiro
Concílio Geral das Assembleias de Deus.

A primeira resolução do Concílio Geral, proferida pelo seu líder, o ex-pastor batista do Texas, E. N.
Bell (que foi presidente do Concílio até 1925, quando faleceu), objetivava deixar clara a posição dos
pentecostais em relação à ortodoxia bíblica: “Essas Assembleias opõem-se a toda Alta Crítica radical
da Bíblia, a todo o modernismo, a toda incredulidade na igreja e à filiação a ela de pessoas não-
salvas, cheias de pecado e de mundanismo; e acreditam em todas as verdades bíblicas genuínas
sustentadas por todas as igrejas verdadeiramente evangélicas”. Quando os missionários suecos no
Brasil souberam do ocorrido, acharam por bem admitir o mesmo nome para a igreja pentecostal
brasileira, como uma demonstração de sintonia com os irmãos pentecostais norte-americanos, já que,
oficialmente, o Movimento Pentecostal nascera nos Estados Unidos, espalhando-se rapidamente por
todo o mundo.

Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910, e ninguém
poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria
profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o
único e suficiente Salvador da Humanidade, do Batismo no Espírito Santo como uma bênção
subsequente à Salvação e da atualidade dos dons espirituais. Em poucas décadas, a Assembleia de
Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até
alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário
religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada:
o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.

Hoje, estima-se que os evangélicos no Brasil sejam quase 20% da população brasileira, mais de 30
milhões de pessoas, sendo praticamente metade deles assembleianos. Isso faz da Assembleia de Deus
no Brasil o maior Movimento Pentecostal do mundo

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