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Capítulo III - Turvo Convés
Capítulo III - Turvo Convés
Os marinheiros não viam mais Oliver. Estavam todos esperando algum indício. Ao menos ver
sua expressão ou qualquer sinal dela.
Até que viram novamente Oliver e sua barba ruiva puxando uma alça. Soltou então uma escada
de corda aos barcos acima do navio.
A maioria dos homens exaltava-se contentes, não tanto por Oliver, mas por sua própria
salvação. Werner mantinha seu olhar orgulhoso enquanto guardava seus pertences. Edwin não
teve uma expressão tão descontente e agastada desde que começaram a expedição. Houve uma
certa confusão devido à ansiedade comum dos homens, os que tinham poucos pertences foram
os primeiros a subir.
Um a um, iam segurando sacos cheios em suas mãos ou dentes amarelos. Subiam pela longa
escada levando seus pertences. Quase todos tinham cintos, os mais sofisticados levavam uma
faca no coldre.
O cheiro salgado do mar estava mais distante e a umidade lá em cima era menor, apesar de
ainda estar presente. Os últimos que foram eram indecisos quanto à essa escolha, mas conforme
quase todos os homens estavam subindo ou esperando sua vez — decidiram seguir os outros.
A primeira coisa que qualquer um fez ao subir foi admirar o imenso convés. Não havia sequer
um pirata ou estrangeiro mas estava um tanto bagunçado.
Oliver estava apoiado no navio admirando o horizonte. O denso oceano azul-marinho era ainda
mais vasto se visto de cima. Mesmo que sua visão fosse limitada pela neblina frequente.
Quando terminaram de puxar a escada, Oliver foi com uma certa pressa ao barril d'água. Juntou
suas mãos e bebeu quatro ou cinco vezes antes de encher seu cantil.
Edwin com alguns outros observam a parte subsequente do navio — do outro lado. Seus mastros
pareciam ainda maiores de perto.
Edwin parecia pensativo, ainda mais do que estava no barco. Então empunhou-se sobre alguns
dos homens.
— Devemos ir até lá. Devem ter algum capitão ou tripulante que nos trará as respostas
necessárias.
Edwin então chama Werner e Daan por terem seus papéis de importante utilidade. A fim de ser
mais convincente troca um olhar sutil com Oliver, que pareceu concordar. Hendrick puxa Lars
Groot entre os homens sentados em uma lona. Ele era o jovem foguista, pareceu
convincentemente útil levá-lo também. Os sete então entram em acordo temporário à ir até a
sala do capitão, do outro lado do convés — mesmo que não se falem.
A tripulação parecia não se importar tanto quanto eles. Estavam relativamente bem abrigados e
em uma situação de demasiada sorte. Embora ainda houvesse medo no fundo de seus corações.
Caminharam por mais algum tempo, passando pelos grandes mastros e até alguns canhões,
quando finalmente viram algo interessante depois de alguns degraus. A grande sala do capitão
estava logo acima de uma sala no navio, que era acessada pela escadaria ao lado.
Havia uma grossa porta dupla trancada ao centro dela. Daan tentou abrir mas parecia fechada
por dentro, então desistiram de checar. O que chamou antes a atenção foi que logo acima dela
havia uma grande placa de ouro, possuía o mesmo símbolo do leão e alguns enfeites inscritos
juntos à uma data, "1607". Era quase cem anos de distância, consideravelmente estranho.
Decidiram então passar pelas escadas à lateral. O último foi Lars que ainda não havia concebido
a situação como qualquer outra. Olhou para trás e mal via sinal de seus companheiros, entre os
mastros, caixas e tantos outros itens espalhados.
O leme era de madeira talhada com alguns enfeites mas estava no mesmo estado das outras
coisas, estava logo antes da sala.
Não ouviu mais nenhum som então decidiu subir a escada também. Cada passo rangia a
madeira suja, era até um tanto molhada. Viu a porta dupla da sala do capitão deslocada do lugar
e todos os homens a sua volta em profunda observação. Quando se aproximou conseguiu ver o
motivo de seus espantos. Logo acima da entrada havia a inscrição "ANR Eastkruiser".