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MARCELO AIEXE

I’M SOUL MAN

MARCELO AIEXE
Caros leitores e editores,

É com imensa alegria e gratidão que me dirijo a vocês hoje. Após me encantar
pelo filme "The Commitments" de Alan Parker, decidi adquirir a trilha sonora, e
o impacto daquelas músicas em minha alma foi inegável. A partir desse
momento, um desejo inquietante começou a pulsar dentro de mim, clamando
por uma ação.

Sou um apaixonado por filmes, tive até uma locadora de filmes por 25 anos, e
dentre os gêneros que mais me encantam, o musical ocupa um lugar especial
em meu coração. Ansiava por criar uma história que entrelaçasse drama,
romance e música, uma narrativa em que as canções ganhassem vida e
ecoassem em sintonia com cada passo do enredo. Essa empreitada não foi
tarefa fácil, mas após vários anos, finalmente consegui terminar uma obra que
considero verdadeiramente incrível.

"I'm Soul Man", desde o seu conceito inicial, tomou forma como uma obra
destinada a ser representada no formato musical. Anseio pelo dia em que esse
sonho possa se concretizar, mas, até então, encontro-me satisfeito em
compartilhar com vocês a jornada que tracei através das páginas deste livro. Ao
mencionar as músicas à trama, não pretendo que sejam cantadas na íntegra,
mas sim as suas letras se fundem harmoniosamente com os momentos
descritos, enriquecendo a experiência da leitura, outras sim, eu vejo como
cantadas por inteiro.

Cada personagem que ganhou vida em minhas páginas é uma homenagem


sincera a pessoas que, de alguma forma, marcaram minha trajetória de vida.
Sejam elas figuras presentes ou que um dia estiveram ao meu lado, todas
deixaram uma pegada inapagável em meu coração. Aos protagonistas Louis
Anthony e Eva Arycan, dedico com profundo amor e gratidão aos meus amados
pais, Luiz Antonio e Eva Cinara (cujo anagrama resultou em Arycan ).

Ao lerem este livro, vocês embarcarão em uma jornada de amor que ultrapassa
barreiras de preconceitos e enfrenta desafios com bravura. As músicas se
tornarão as trilhas sonoras de suas próprias memórias, evocando vivamente as
cenas e sentimentos aqui compartilhados.

Portanto, queridos leitores, desejo-lhes uma envolvente e emocionante leitura,


repleta de descobertas e emoções. A todos vocês, meu profundo
agradecimento por fazerem parte desta jornada literária.

Com carinho e dedicação, Marcelo Aiexe


Uma Canção de Esperança e Superação"

"Através da noite mais escura, encontraremos a luz,


Nas profundezas do desespero, tomaremos nosso voo.
Com cada desafio que enfrentamos, iremos nos elevar acima,
Unidos pela força e amizade, conquistaremos com amor.

Nos muros da prisão, encontramos nosso caminho,


Mas agora é hora de nos libertarmos e aproveitarmos o dia.
Com novos horizontes à frente, reescreveremos nossa história,
Abraçando a jornada, perseguindo sonhos de glória.

As correntes podem ter nos segurado, mas não nos segurarão mais,
Pois em nossos corações, um fogo arde, pronto para voar.
Juntos enfrentaremos os desafios que esperam,
Com a esperança como nosso guia, desafiaremos as mãos do destino.

Então, meu amigo, adentre a luz, abrace o desconhecido,


Com coragem como sua armadura, você nunca estará sozinho.
O mundo pode tentar te quebrar, mas você sempre encontrará um caminho,
Para triunfar sobre a adversidade e fazer um dia mais brilhante."

M.A.S.
1

The Thrill Is Gone: Os Caminhos Cruzados dos Harmony Souls

Nos confins da pequena cidade de Bridgetown, no estado do Mississippi, a vida


parecia transcorrer de forma tranquila durante os anos 50. No entanto, por trás
das fachadas pitorescas e as ruas, em suas maiorias, sem asfalto um
preconceito enraizado impregnava a comunidade e as desigualdades sociais.
Uma época turbulenta em que os resquícios do passado assombravam o
presente, e foi neste contexto, carregado de tensão racial que uma amizade
inabalável enfrentou seu maior desafio.

Louis, Lisa, James e Henry, carinhosamente chamado por Tom e era


chamado assim, devido ao seu sobrenome, Stone. Eram amigos inseparáveis,
unidos desde crianças, antes dos oito anos idade. Tinham até o seu próprio
clubinho, o Water Lily Club e passavam praticamente o dia todos junto, exceto
durante o período escolar e em casa. Os quatro amigos tinham um espírito
aventureiro e sempre saiam para desbravar terrenos onde o acesso era
proibido, e cada qual com uma personalidade única. Louis Anthony era o mais
alegre, o mais engraçado, vivia contando e inventando histórias e mesmo assim
com tantas qualidades admiráveis, vinha de uma família amargurada. Morava
sozinho com o pai, que devido a sérios problemas de saúde o desqualificava
para trabalhos contínuos, vivendo de pequenos “bicos” e onde quase tudo que
ganhava , era gasto em bebidas. Lisa e James Smithson, irmãos gêmeos, filhos
do prefeito da cidade e praticamente dono dela, já que quase todos os
empregos eram gerados pelo comércio que os pais possuem por lá e James
sem duvida era o amigo mais leal de todos, enquanto Lisa, era a queridinha de
toda a cidade, a mais mimada. Henry Stone, o Tom, romântico incurável e o
mais sensível de todos. Apaixonado por músicas e jazz, soul blues. Dentre eles,
apenas Tom tinha uma vitrola e gostava de reunir os amigos na casa de suas
duas avós Noemy Ford e Hilda Stone, com que morava, e se trancavam no
quarto. Suas avós eram amigas desde crianças, eram filhas bastardas de mães
escravas e após a morte dos maridos, resolveram morar juntas. Enquanto o
mundo ao seu redor era mergulhado na injustiça e segregação, esses jovens
encontravam consolo nas melodias que ecoavam dos antigos discos de vinil.
Eles gostavam de cantar e tinham na música, os melhores momentos, sonhavam
em formar uma banda, The Harmony Souls , fingiam tocar instrumentos e
Louis era sem duvida, o melhor cantor dentre todos.

Certo dia, exatamente dia 16 de maio de 1955, aniversário de 14 anos dos


gêmeos James e Lisa, foi o dia que mudaria a vida de todos os amigos e
também de toda a cidade e começou do jeito que todo dia começa, sendo eles
acordados pelos pais aos beijos, felicitações e presentes. O dia era amanheceu
com uma leve neblina e antes das dez horas da manha já se fazia um calor
insuportável e os quatro amigos resolveram nadar num lago que ficava um
pouco afastado da cidade, isso era normal, sempre faziam isso e no lago tinha
outros moradores locais curtindo o momento. O tempo estava agradável, eles
se divertiam saltando das pedras ao lago, Lisa recebia atenção demais , de
outros amigos que vinham parabenizá-la e esquecendo do James, deixando-o
mal humorado e com isso os amigos não perdiam tempo e fazer gracinhas com
ele . O tempo passou e já era tarde, os amigos não conseguiram carona de volta
e tiveram que voltar a pé. Como já estava escurecendo, resolveram cortar
caminho por um acesso proibido, o que daria a eles cerca de uma hora ganha
de caminhada. Esta decisão fatídica mudaria o curso de suas vidas para sempre.
Sob a luz pálida da lua, quarteto de amigos decidiu também explorar o terreno
baldio, um local proibido pela cidade, escondido sob um manto de segredos
sombrios. Louis, preocupado com as consequências de suas ações, ofereceu-se
para ser o vigia do lado de fora, observando atentamente para garantir a
segurança do grupo.

Enquanto Louis permanecia em seu posto, a adrenalina fluía pelas veias de Lisa,
Tom e James. Empurraram a cerca enferrujada, adentrando o terreno
desconhecido. Eles riram, correram e brincavam, seus risos ecoando no ar
enquanto a escuridão envolvia o terreno. Desavisados das problemas que
estavam por vir, os amigos se aventuraram mais fundo, curiosos para desvendar
os segredos que o local guardava.

Foi então que o inesperado aconteceu. Uma estrutura dilapidada, corroída pelo
tempo e pela negligência, cedeu sob o peso dos amigos, desabando com um
estrondo ensurdecedor. O coração de Louis parou por um momento, enquanto
ele testemunhava impotente a tragédia se desdobrar diante de seus olhos. Ele
correu ate o local, gritando por seus nomes, mas apenas o silêncio se fez
presente.

A poeira assentou e o silêncio abraçou a noite. A verdade terrível se revelou.


James, o amigo mais próximo, deitado sob os escombros, imóvel e silencioso.
Uma onda de pânico e angústia se abateu sobre Lisa, Tom e Louis. Lágrimas
começaram a rolar por seus rostos, enquanto lutavam eles mesmos com seus
graves ferimentos, Lisa estava com o braço quebrado e Tom sangrava bastante
pela cabeça. Louis era o único que podia fazer algo que se apressou em
resgatá-lo, lutando contra o tempo e a angústia. Mas, infelizmente, suas
tentativas de reanimação foram em vão.

“Vá buscar ajuda Louis, disse Tom. “Nós ficaremos bem, vai rápido.”

“eu não posso, tenho que ficar aqui e ajudar vocês.”


Lisa, mesmo em choque e com dores, achou força e pegou na cabeça de Louis,
olhou fundo em seus olhos. “A única maneira de você ajudar é indo buscar
ajuda, vá logo”.

Ele se levantou, engoliu o choro, limpou as lágrimas na manga e deixou que o


instinto tomasse conta de seu destino, que o fez correr o mais rápido possível
em busca de ajuda.

No momento em que os socorristas chegaram ao local, perceberam que nada


mais poderia fazer a James, que jazia ao lado da irmã que não parava de chorar
e de Tom, que apesar do grave ferimento a cabeça, não saiu do lado de Lisa por
um segundo sequer. Logo a cidade também começou a despertar para a
tragédia. Rumores rapidamente se espalharam pelas ruas, carregados de
preconceito e injustiça. A investigação do acidente tomou um rumo sombrio,
apontando Louis como o responsável, ignorando a verdade que apenas ele e os
amigos conheciam. Os pais de James, sendo poderosos demais, tiveram papel
fundamental na acusação dele, enquanto Lisa e Tom enfrentavam uma
realidade distorcida em que a amizade se desvanecia nas sombras do
preconceito. O impacto do acidente repercutiu através dos corações dos
amigos, afetando-os de maneiras diferentes. Enquanto a dor da perda consumia
suas almas, de maneiras iguais.

"Nós precisamos contar a verdade!" exclamou Lisa, com a voz embargada pelo
choro, desesperada para fazer justiça ao amigo injustiçado.

"Mas quem acreditaria em nós?" respondeu Tom, a voz trêmula de incerteza. "A
cidade já decidiu quem é o culpado."

Eles sendo crianças, nada poderiam fazer e enquanto a injustiça se enraizava na


cidade, Louis carregava um fardo de culpa e ressentimento que moldaria sua
jornada. Ele acabou sendo julgado e condenado pelo juiz regional, e também
tio dos gêmeos, e se viu mergulhado em um pesadelo adicional: a injusta
atribuição da culpa. O sistema prisional e a comunidade preconceituosa
viraram-se contra ele, deixando-o sozinho e confuso diante de um destino que
parecia injusto e implacável.

Antes de ir cumprir a pena, seu pai Wilson Anthony, pode se despedir e tiveram
uma breve conversa, no qual ele disse: ” meu filho, seus amigos acreditam em
você e isto basta pra mim. A força para superar os desafios está dentro de você.
Enfrente as dificuldades com determinação. Escolha sabiamente e siga em
frente, aprendendo com os erros. Seja corajoso e faça as escolhas certas,
mesmo quando parecer difícil. Eu acredito em você e estarei sempre ao seu
lado. Seja forte e construa uma vida que te orgulhe." Seja homem e tudo ficará
bem no final”. Os dois se despedem com um abraço caloroso e lágrimas caem
dos olhos de Louis, no qual o pai apenas diz: “Engole o choro.”

Enquanto Louis adentra o ônibus que o levará ao presídio, uma tensão palpável
enche o ar. Os outros detentos olham para o chão, com expressões carregadas
de tristeza e ressentimento. No silêncio sufocante, um homem do outro lado do
corredor começa a cantar baixinho as primeiras notas de "The Thrill Is Gone".

A voz rouca e cheia de emoção do homem enche o ônibus, atingindo os


corações de todos os presentes, e neste momento lágrimas voltam a cair dos
seus olhos. Lentamente, um a um, os detentos começam a se juntar, cantando
em uníssono. As vozes ecoam pelas paredes metálicas do ônibus, como um
lamento coletivo pela perda da liberdade.

Enquanto a melodia envolvente da música se desenrola, Louis se encontra


imerso em suas próprias reflexões. As letras ressoam em sua mente, ecoando
seus sentimentos de desilusão, tristeza e a dor profunda da injustiça que
carrega consigo.

“Engole o choro”. As palavras do seu pai rapidamente ecoaram em sua


memória. Nunca mais ele ouviu as palavras de Wilson Anthony, tampouco o viu
novamente.
2

Cham Bang - O Ritmo da Esperança à Liberdade

8 anos depois...

O sol se levanta, lançando um raio de luz tênue através das grades da cela
numero 22 de Louis . O barulho dos trincos de metal sendo abertos anuncia o
início de mais um dia na prisão. Ele se levanta, sentindo o peso das correntes
emocionais que o aprisionam há uma década. Na ala dos presos, ele encontra
Bobby, seu único amigo na cadeia. Não que ele não tivesse outros com quem
conversava, mas foi em Bobby que ele conseguiu ter uma relação que pudesse
ser um tanto quanto fraternal. Durante os anos atrás das grades, uma amizade
profunda e sincera floresceu entre eles. Ambos compartilhavam o fardo da
injustiça e o sonho de um futuro diferente.

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Roberto Santos era seu nome, um imigrante latino, vindo da Costa Rica quando
mais jovem, e seu único crime foi de estar na hora e local errado e por não
portar documentos, erros comuns da época. Apesar de nunca ter falado a sua
idade, calcula-se que tivesse uns 60 e todos, eles diziam. Um homem mais velho
com sabedoria nos olhos e uma alma repleta de histórias, compartilhava a cela
com Louis na penitenciária. Sua sentença era perpétua, devido a isso, e aos anos
já cumpridos, lhe foi dado a permissão de um violão que com o tempo, era
comum estar faltando algumas cordas. Sua presença imponente e serena era
reconhecida por todos na prisão, e ele se tornou uma figura inspiradora para os
detentos. Ele cativava a todos com sua perspicácia e conhecimento, estava
sempre lendo e com um diário em mãos, era comum vê-lo fazendo anotações
nele. Sua vida era envolta em mistérios e experiências, algumas das quais ele
revelava sutilmente ao longo das conversas com Louis. Nas noites tranquilas na
cela, ele compartilhava histórias de sua juventude, suas lutas e triunfos, e como
a música se tornou sua paixão na vida.

Bobby era um talentoso cantor e compositor, com uma voz rouca e carregada
de emoção. Na solidão da prisão, ele encontrou conforto na música,
transformando suas experiências em letras profundas e melodias cativantes.
Suas composições eram verdadeiras obras de arte, mas permaneceram
aprisionadas junto com ele, sem serem ouvidas pelo mundo externo.
Louis ficava fascinado com cada palavra e nota musical de tocada por Bobby. As
noites se transformavam em sessões de composição, onde eles trabalhavam
juntos para aperfeiçoar cada melodia e cada verso. Eles sonhavam com um
futuro em que suas composições ganhariam vida fora das paredes da prisão.

Ao longo dos anos, eles aderiram ao apelido dado pelo Oficial Reynolds ,
Abbott & Costello* e cantavam em certas noites na prisão e Louis começa a se
destacar como um cantor talentoso, ganhando o respeito e admiração dos seus
companheiros de prisão.

A relação entre ambos foi além de uma simples amizade de cela. Eles se
tornaram mentores um do outro, compartilhando suas esperanças, medos e
sonhos. Bobby com sua sabedoria encorajava Louis a acreditar em seu talento e
a não desperdiçar a oportunidade de compartilhar suas composições com o
mundo.

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“Outro dia monótono pela frente, heim Bobby ?”

“É verdade, Louis . Mas a gente tem que continuar resistindo, não importa o
quê. E, hey, temos algo especial hoje!”,

“O quê?”

“teremos um café da manha totalmente especial, cheio de frutas, pães com


geléia de framboesa, mel, café feito na hora. Ouvi dizer que teremos ate bolo
de cenoura com cobertura de chocolate.”

“É uma ótima ideia! Nem me lembro de ter comido algo assim em minha vida,
mas eu gostaria de um dia, quem sabe, poder ter uma refeição desta. Eu queria
ter um pouco desta esperança e você prega “, diz Louis sorrindo.

“que a esperança em sua vida seja a minha motivação pra ser feliz.”, Bobby
filosofou e riu.

Enquanto caminham em direção ao refeitório, um policial arrogante, Oficial


Reynolds, os observa de canto de olho. Ele sempre teve prazer em exercer seu
poder sobre os detentos, alimentando-se do medo que provocava neles

No refeitório, eles se sentam em uma das mesas. Ao seu redor, conversas


sussurradas e olhares desconfiados preenchem o ambiente. O som das colheres
chocando-se contra pratos metálicos cria uma trilha sonora dissonante,
ecoando o cotidiano monótono da prisão. A tensão paira no ar, mas Louis e
Bobby encontram um momento de leveza em meio ao caos.

“Ei, Louis, você viu o Oficial Reynolds hoje? Ele está com a expressão mais
amarga do que nunca!”

“Acho que ele acordou do lado errado da cama hoje. Só espero que ele não
decida implicar conosco.”

Enquanto os presos se preparam para o trabalho, Oficial Reynolds aparece,


olhando severamente para ambos e vai ao encontro deles.

“Ora, ora, se não são a minha dupla preferida, Abbott & Costello. Espero que
não estejam programando alguma coisa pra hoje além de suarem a bunda e
serem picados por insetos, e quem sabe, por uma sorte do destino, tenham
uma insolação”. O oficial Reynolds tinha um senso de humor baseado em horas
de aulas de sarcasmo.

“Oh, não, senhor. Estamos prontos para trabalhar duro e seguir as regras”, disse
Bobby.

“Bom mesmo. Porque se eu pegar vocês dois fora de linha, vão se arrepender.”

“Pode ficar tranquilo, Oficial. Não queremos arrumar mais problemas.”

Após o café da manhã, os detentos são chamados para o trabalho diário. Hoje,
eles serão enviados para a construção de uma nova ferrovia. O som
ensurdecedor dos portões sendo destravados ecoa pelo pátio da prisão, e os
detentos se alinham em fila indiana.

O ônibus finalmente chega e os detentos embarcam. O motor ronrona, ecoando


um ritmo incansável. Sentam num assento próximo e olham para os
companheiros de prisão ao redor.

Ao som das marteladas nos trilhos do trem, os detentos começam a cantar


Chaim Bang em coro, uma melodia que demonstra o dia a dia deles, cada um
canta com um sentimento guardado As vozes se entrelaçam, harmonizando-se
com o ritmo constante das batidas. Um sorriso surge no rosto de Louis
enquanto ele canta com todo o seu coração.

Enquanto os próximos dois anos de pena se passam, o coro dos detentos ecoa
pelos trilhos, atravessando o tempo e as dificuldades. O som da música se torna
um hino de esperança e reabilitação, fortalecendo os laços entre os presos, e
esta melodia se faz presente até o dia em que Louis emerge da cela 22 pela
última vez, e caminha pelo corredor, também pela última vez, em direção à
saída, onde pela primeira vez, ele sai pelo portão da prisão, como um Homem
livre, levando com ele uma última mensagem de sabedoria do grande amigo
Booby: "Abrace o êxtase da vida, descubra a felicidade que reside em ti. Persiga
a esperança, pois ela perdura; acredite. Nos momentos de solidão e tentações
obscuras, recorda: esses pensamentos desvanecerão. Comande teus
pensamentos, a energia emana de dentro, então pensa positivo sem cessar. Na
jornada, nunca estarás só, apenas crê e tudo se encaixará."

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Mas tarde, Bobby sozinho em sua cela, feliz pela liberdade de seu amigo, mas
com uma tristeza que o consome por anos, ele aceitou a ideia que jamais será
um homem livre e que morrerá por lá mesmo, lembrou dos amigos e familiares
que nunca mais viu na Cosa Rica, seu sonho de que os EUA era o país de
oportunidades, esperança e liberadade, duraram menos de três meses. Ele olha
pela janela e tudo o que vê, e um céu escuro, sem estrelas, morto, ele se sentia
assim também, então ela pega seu violão gasto com apenas três cordas e
começa a tocar a canção "I Wish I Knew How it Would Feel to be Free” na
esperança que aquelas letras pudessem se tornar reais em algum momento
ainda em sua vida. O som da canção ia preenchendo os espaços vazios de
corredores frios e chegando às outras celas, onde cada detento, pode se
sensibilizar e sonharem por aquelas palavras sendo cantada.

A manha seguinte começa, rasgado com o som agudo das sirenes ecoando
pelos corredores, enchendo o coração dos detentos de um pavor iminente. Eles
acordaram assustados, e um turbilhão de medo e curiosidade se espalha pelo
ambiente, enquanto questionam o que poderia ter desencadeado tal alerta. Os
guardas, antes calmos e indiferentes, agora estavam tensos e corriam pelos
corredores banhados por uma penumbra inquietante. O Oficial Reynolds
andava acelerado em direção a um pequeno grupo de guardas. Na mão de um
deles um guarda segurava um violão velho, sem cordas, diante da cela numero
22.
3

Destination: Anywhere - O Caminho Incerto

Louis desce do ônibus após cumprir sua pena no presídio. Ele se vê diante da
estação de trem, confrontado com duas opções: voltar para casa ou embarcar
em uma jornada rumo a um destino desconhecido.

Ao fundo na rádio a música "Destination: Anywhere" estava tocando e como


um sinal ecoa em sua mente, enquanto ele reflete sobre sua vida e as escolhas
que o levaram até aquele momento crucial. A melodia tem letras melancólicas,
mas ao mesmo tempo transmite um recomeço esperançoso. Parece ser um
chamado para uma nova vida, longe das amarras do passado.

Louis olha para sua cidade natal ao longe, sentindo uma mistura de nostalgia e
apreensão. Ele sabe que, ao voltar para casa, terá que enfrentar as memórias
dolorosas e o preconceito arraigado na comunidade. No entanto, também há
um chamado interior para encontrar sua verdadeira identidade e trilhar um
caminho próprio.

A balconista vendo que Louis estava perdido em pensamentos, lhe pergunta:

“posso ajuda-lo senhor?” , isto o fez despertar.

“Eu queria comprar uma passagem, por favor “.

“destino?”

“qualquer lugar”, disse ele.

Com uma dose de coragem e uma pitada de incerteza, ele toma uma decisão e
compra uma passagem para um trem com destino a Woodville, conhecida
como A Morada do Sol, pois foi tudo que dava pra conseguir com o dinheiro
que tinha em mãos, e decidido a explorar um novo horizonte e se descobrir
além das limitações impostas pela sociedade.

A bordo do trem, Louis se senta perto da janela, observando as paisagens se


desenrolarem à medida que o vagão avança pelos trilhos. Ele pega o diário de
Bobby , presente que ganhou também em sua despedida e os folheou e , em
pensamentos, pensava em dar notas musicais às frases nele existente.

Ao longo da viagem, ele conhece outros passageiros com histórias próprias,


cada um em busca de algo único. Eles compartilham experiências, sonhos e
reflexões, criando um mosaico de narrativas entrelaçadas e todos estavam indo
em busca de novas possibilidades, um misto de liberdade com autodescoberta
é presente em ambos que se unem, enchendo o vagão com uma energia
vibrantes, lembrando que a todos que o futuro está em suas próprias mãos e
Louis sente uma mistura de sentimentos : empolgação, medo e esperança. Ele
sabe que sua decisão de seguir para Woodville abrirá um novo capítulo em sua
vida, mas também reconhece que a jornada de volta para casa ainda está pra
acontecer, ele só não estava preparado. Não ainda.
4

Ins’t that So: Cura da Alma e Transformação

Enquanto isso em Bridgetown, a cidade é consumida pela violência devido à


segregação racial que ainda persiste. Moyses "Bluesman" Carter sentava-se em
sua varanda, dedilhando seu violão e deixando as notas de seu blues carregado
de alma preencherem o ambiente. Seus amigos de infância o chamavam de MC
e logo que se consagrou um”Bluesman”, eles passaram a chamá-lo de MC
Bluesman. Sim, Moyses Carter foi literalmente o primeiro MC que se tem
conhecimento. Seus olhos refletiam o peso do mundo, as cicatrizes da guerra e
a angústia da injustiça racial que assolava sua comunidade. O amargo gosto da
segregação pairava no ar, sufocando os sonhos de seus habitantes.

Moyses "Bluesman" Carter, era assim que ele gostava de ser chamado, reunia
coragem para enfrentar Jack "Raging Storm" Davis, o líder da gangue que
espalhava o medo pela cidade. Moyses sabia que a música era sua arma mais
poderosa contra a violência e a segregação. J.D. era um homem elegante,
apesar de sua expressão selvagem e portva sempre o seu trompete dourado.
Jack “Raging Storm” Davis era um ótimo trompetista e seu Jazz Echoes Club , era
a principal casa noturna da cidade. Era comum ter presença de grandes artistas
presente, isso era ótimo para os negócios, fazendo com que o local permanecia
sempre lotado. Antigamente lá era uma pequena fábrica de tecido, mas que
após ”A Grande Depressão” ela foi aos poucos fechando.

Determinado, se aproximou da antiga fábrica onde J.D. e sua gangue se


reuniam. Ele podia ouvir os tambores distantes, ecoando pelo ar noturno. Com
sua guitarra em punho, Moyses adentrou o local sombrio.

Com sua expressão dura, encarou Moyses com desconfiança. "O que você quer,
Bluesman? Acha que sua música pode mudar alguma coisa?"

Moyses respirou fundo, seu olhar firme. "Não estou aqui para brigas. Eu
gostaria de ter uma oportunidade de cantar aqui no seu clube e para mostrar a
você, e seus clientes que a música tem o poder de unir e curar. E que eu sou
muito melhor que você cantando".

"Não me venha com essa bobagem", responde balançando a cabeça com


desprezo. "A música é apenas uma distração. Não vai mudar a realidade em que
vivemos. E você jamais vai tocar aqui no meu clube ou em qualquer outro desta
cidade.

Ruby Thompson, que acompanhava Moyses, interveio com voz suave, mas
determinada. "J.D. para com isso. Você sabe que Moyses é bom demais, ele
pode agradar a todos, fazer um pequeno show de abertura para algum outro
convidado. Você já ouviu falar da magia da música? Ela transcende barreiras e
toca a alma. Juntos, podemos criar uma harmonia que vai ecoar em cada canto
deste clube e talvez, de toda a cidade."

J.JD e Ruby eram amigos de infância e apesar de seguir por caminhos mais
sombrios, quando ele estava com Ruby era quando ele podia se sentir um cara
livre de verdade, mais humano. J.D. franziu a testa, olhou ao redor do clube,
para as pessoas que estavam lá, para as mesas ocupadas e uma idéia lhe veio a
mente.

“ok! Vamos fazer o seguinte. Um desafio. Está vendo aquele senhor sentado no
bar? Ele vem quase todo dia, o chamamos de Sr. Amargurado. Vou deixar você
tocar apenas uma música, pode subir no palco cantar, minha banda vai te
acompanhar no que você precisar, se você conseguir arrancar um aplauso dele,
meu clube estará de portas abertas pra um show seu. Combinado ?”
estendendo a mão.

Moyses olhou em volta, e apertando a mão respondeu: “combinado”.

Moyses subiu ao palco, se apresentou pra banda e combinaram o que seria


cantado. Os clientes estavam dispersos e conversando entre si. A maioria
sentado bebendo seus drinks e outros com suas namoradas ou pretendentes.
Ergueu sua guitarra e começou a tocar um blues contagiante e penetrante. As
notas e o som agradável de Isn’t That So ecoaram pelo espaço envolvendo
todos ali presentes. Ruby cantava e dançava no camarote de J.D. que
permanecia sentado. Alguns de seus “capangas” simulavam escondido um
gingado.

Enquanto a música se desenrolava, J.D. sentiu as vibrações ressoarem dentro de


si, trazendo à tona memórias há muito esquecidas. Ele se deixou envolver pelo
som, pelo poder emocional da melodia. Lentamente, começou a bater seus pés
no chão, criando uma batida ritmada que complementava a guitarra de Moyses
e a voz de Ruby. A música se fundia em uma harmonia surpreendente, um
símbolo de colaboração entre aqueles que antes eram adversários.

À medida que a canção chegava ao fim, olha para o salão, onde a animação
dos clientes contagiava aos demais, e olhando em direção ao bar, viu o Sr.
Amargurado dançando como se fosse a ultima vez que faria isso. Ao final da
musica Sr. Amargurado, batia palmas a esmo e assobia. J.D. não agüentando
ver aquela cena, riu demasiadamente e bateu palmas; deu um leve aperto no
ombro de Ruby e um tapinha nas costas.
"Você têm razão Ruby, ele é bom, minha palavra está valendo. Ele poderá fazer
shows aqui no clube. Vamos agendar um dia. A música dele tem um poder de
mudança e cura da alma” disse ele enquanto fazia um sinal de positivo em
direção a Moyses, que era ovacionado pelo publico presente.
5

Standy by Me: O Amor Traduzido em Notas

Quase doze anos se passaram desde o acidente de James, e esta época era sem
dúvida muito difícil pra Lisa, afinal comemoravam juntos os aniversários. Apesar
de já fazer um tempo, aquela conexão que os gêmeos possuem, fazia questão
de permanecer.

Nestes anos Lisa virou uma outra mulher. Deixou as brincadeiras de lado, e
devido seus pais terem tido forte influencia na condenação de Louis eles
acabaram tendo diversas brigas e discussões. Era comum o pai deixar escapar
que a culpa era dela e por muitas vezes ela preferia que tivesse sido ela ao invés
de James. Perdeu interesse nas coisas, deixou de ir pra escola. Lisa era até então,
uma ótima aluna. Virou uma menina triste e amargurada, depressiva e
revoltada. Após dois anos do acidente, seus pais a mandaram pra um colégio
interno.

Já Tom, mesmo triste, recebia sempre o conforto de suas avós e conseguiu se


superar com mais facilidade. Consegui um trabalho de meio período, o que o
mantinha afastado das lembranças das quais antes tinha. A noite, se trancava no
quarto e ficava escrevendo poesias e ouvindo as coleções dos discos de vinil
que tinham em casa. Eram as raras vezes que se encontrava com Lisa, os pais
dela sempre a mantinha por perto quando saiam. Com o dinheiro do primeiro
salário mais um pouco que ganhou das avós, conseguiu comprar um violão
usado, mas em boas condições.

Com Lisa longe, foi mais fácil dela poder conversa com Tom, através de cartas.
Praticamente toda semana um escrevia ao outro. Durante um ano, escreviam
sobre como podia ter sido diferente. Contaram centenas de idéias que
poderiam ter feito pra ajudar Louis. As cartas acabaram sendo um conforto para
cada um e notaram que sentiam saudades um do outro. A princípio as cartas
eram apenas meras formalidades do dia a dia e do que podiam ter feito pra
ajudar, mas com o passar do tempo, elas foram mudando pra algo mais pessoal,
sentimental. Lisa nutria um gosto de escrever poesias e mandava pra Tom. Dizia
pra ele achar se ficou bom, mas no fundo ela escrevia os poemas com
pensamento nele e foram nutrindo uma paixão mesmo que a distancia. Ele
queria dizer isso em palavras, mas um receio e medo de ter interpretado errado
as cartas dela, o deixava na defensiva. O nome de Louis já não era mais tocado
nas cartas.

Era maio de 1959, Lisa completaria dezoito e ela estaria voltando pra casa. Não
queria festa de aniversario, tampouco queria ficar com os pais. Combinou antes
com ele e acabou voltando um dia antes. Tom a esperou na rodoviária e
quando ela chegou, um abraço caloroso e apaixonado aconteceu. Aquele
abraço era o que faltava pra ambos saberem que era aquilo mesmo que
precisavam. Ficaram um tempo na rodoviária, conversando e esperando.

“Eu não quero mais deixar o medo me impedir de buscar a felicidade, Tom. A
vida é curta demais para vivermos presos no passado. E agora, com essa
sensação que compartilhamos, eu não posso deixar de me perguntar se existe
uma chance para nós.”

“Lisa, eu entendo completamente. Também passei por um processo de reflexão


e autodescoberta. Acredito que, juntos, podemos encontrar a felicidade e
honrar a memória de seu irmão e tentar buscar justiço pra Louis. E se há uma
chance para nós, estou disposto a abraçá-la e seguir em frente.”

A partir desse momento, Tom e Lisa decidiram embarcar em uma nova jornada
juntos. Eles se permitiram explorar seus sentimentos mais profundos e
encontraram conforto, apoio e amor um no outro.

Um outro ônibus chegou depois de um tempo e eles embarcaram pra um lugar


um pouco afastado do qual ninguém sabia, exceto Noemy e Hilda, as avós de
Tom. Retornaram três meses depois, já casados e Lisa nunca mais usou o nome
Smithson, e esperava nunca mais rever seus pais.

Ao longo dos anos, Tom e Lisa compartilhavam novas histórias, lembravam-se


dos tempos felizes da época de Harmony Souls e lamentavam a dor da perda de
James e Louis e neste momento de tristeza de Lisa, Tom era um marido
perfeito, ele a amava com todas as forças do coração e passava esta força à ela,
tranqüilizando-a. encontraram conforto e segurança um noutro.

Lisa gostava de escrever, já Tom, quando não estava trabalhando, era comum
ainda, se trancar no quarto pra ouvir suas musicas e ficar tocando seu violão.

No aniversario de um ano de casados, Tom saiu cedo pra trabalhar enquanto


Lisa ainda dormia. Ao se levantar e ir tomar café, viu um bilhete, ela feliz o abriu
e estava escrito: “a noite jantaremos fora, TE AMO”. Após o jantar, chegando
em casa, tom disse : “ tenho uma surpresa pra você” foi ate seu cantinho e
voltou com o violão.

“Tenho trabalhado em algumas poesias suas, fiz esta musica, juntado partes dos
seus contos, espero que você goste”. Das notas do violão saltaram uma melodia
serena e apaixonada e de sua voz harmoniosa e cativante saiu Standy Be Me a
mais linda canção de amor que ele pode escrever.
Na manha seguinte, enquanto tomavam café e sorrindo pela noite que tiveram,
Liza o surpreendeu:

“Tom, você já pensou que poderíamos criar nossa própria banda de blues e
soul?

Lisa, essa é uma ideia maravilhosa. Podemos criar nossas próprias canções. Você
escreve e eu faço a música esta nossa conexão especial, tocará as almas das
pessoas. Juntos, podemos criar uma harmonia única e verdadeira.

Decididos a seguir seus sonhos, Tom e Lisa formaram a banda "Harmony Souls".
Com Tom na guitarra e Lisa nos vocais, eles buscaram outros talentosos
músicos locais para completar o som autêntico e intenso que desejavam
transmitir. Juntos, começaram a se apresentar em pequenos clubes e bares da
cidade, cativando a audiência com sua paixão e entrega.

Enquanto sua banda ganhava reconhecimento, Tom e Lisa perceberam que


precisavam de um lugar especial para compartilhar sua música e oferecer
oportunidades a outros músicos talentosos. Com coragem e determinação, eles
decidiram abrir seu próprio clube de jazz e blues, um local onde novos artistas
pudessem ser descobertos e onde a música pudesse transcender barreiras e
tocar a alma das pessoas.

O pequeno clube de jazz e blues, chamado "Harmony's Haven", rapidamente se


tornou um ponto de encontro para os amantes da música. Apoiados pela
comunidade local, Tom e Lisa criaram um espaço íntimo e acolhedor, onde os
sons do blues e do soul ecoavam todas as noites.

Através do "Harmony's Haven", Tom e Lisa descobriram novos cantores e


músicos talentosos, proporcionando a eles a oportunidade de compartilhar sua
paixão e encontrar seu lugar no mundo da música. A cada noite, o clube era
preenchido com a magia da música, alimentando as almas dos presentes e
criando memórias duradouras.

E no meio dessa jornada, Tom e Lisa encontraram o amor um no outro.


Compartilhando sua paixão pela música e o desejo de fazer a diferença através
dela, eles uniram suas vozes não apenas no palco, mas também na vida
cotidiana. Juntos, enfrentaram os desafios da indústria musical e celebraram
cada vitória como uma dupla apaixonada.
6

Sunny Day: A Doçura da Pequena Woodville

Woodville, uma pequena cidade pitoresca situada no coração do país, é um


lugar repleto de encantos e peculiaridades. Seu clima ameno e suas paisagens
exuberantes a tornam um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza.
Rodeada por colinas verdejantes e florestas exuberantes, a cidade oferece um
cenário de tirar o fôlego em todas as estações do ano. Com sua atmosfera
serena e ruas arborizadas, a cidade emana uma sensação de pureza e
comunidade.

No centro de Woodville, encontra-se a praça principal, onde os moradores se


reúnem para desfrutar de momentos de tranquilidade e convívio social. Com
suas charmosas lojas locais e cafeterias aconchegantes que exalam o aroma de
café fresco e pães recém-assados. A praça é o coração pulsante da
comunidade, onde histórias são compartilhadas e laços são fortalecidos.

Entre os moradores, há um personagem especial que é um verdadeiro símbolo


de Woodville: o Sr. Kleberson com sua barba branca e sorriso acolhedor, ele é
conhecido como o guardião da cidade. Sempre presente nos eventos locais e
nas festividades, o ele é uma figura querida e respeitada por todos, alguém que
personifica o espírito acolhedor e amigável de Woodville.

A principal rua comercial, a Main Street, é o ponto de encontro favorito dos


moradores e turistas, onde se pode encontrar de tudo, desde livrarias
independentes até lojas de artesanato. Os estabelecimentos familiares são um
ponto focal na cidade, onde proprietários simpáticos e acolhedores
cumprimentam os clientes com sorrisos genuínos. Woodville também é
conhecida por seus eventos comunitários, como festivais de música ao ar livre e
feiras de artesanato, que trazem vida e animação às ruas durante todo o ano. É
um lugar onde todos se conhecem pelo nome e os vizinhos se cumprimentam
com afeto. Em Woodville, o espírito de comunidade floresce, refletindo a
essência acolhedora e generosa de seus habitantes. No meio a este cenário,
encontramos uma linda Floricultura Natty Di Bella Vic, cuja a dona era Eva
Arycan. Sua floricultura com suas cores vibrantes e fragrâncias perfumadas, é
uma das pérolas da cidade, atraindo visitantes de toda a região. Como
proprietária da floricultura local, era conhecida por suas habilidades
excepcionais em criar arranjos florais vibrantes e únicos. Seu estabelecimento
era um verdadeiro refúgio para os moradores, que encontravam nas flores uma
forma de expressar amor, gratidão e celebração.
Com seu carisma e bondade sem igual, ela é uma presença radiante em toda a
cidade. Ela é aquele tipo de mulher que todos querem por perto, ela é bondosa,
carinhosa, amiga, gentil. Seja qual fosse o evento, Eva era sempre convidada.
Seu sorriso ilumina o ambiente e seu amor pela natureza era inspirador. It's a
Sunny Day * cantava alegremente, contagiando a todos. Em uma tarde
ensolarada, Eva está no jardim da floricultura, cuidando das plantas com zelo. O
excêntrico Sr Kleberson, se aproxima e sorri ao ver a beleza das flores.

“ Eva, você sempre faz um trabalho incrível com essas flores. É como se cada
uma delas tivesse um brilho especial!”

“ Obrigada! Ah Sr. Kleberson, eu coloco todo meu coração nesse trabalho. Cada
flor é única e merece ser tratada com amor e cuidado.”

“ Com certeza, você é uma verdadeira mestre das plantas. Sabe, Woodville não
seria a mesma sem suas flores e seu sorriso contagiante.”

“Que gentileza! Fico feliz em saber que meu trabalho traz alegria para as
pessoas. É um prazer fazer parte desta comunidade”

“Eu gostaria de rosas brancas, são as preferidas de minha esposa Mary. Hoje é
aniversário dela e depois do que aprontei no final de semana, acho que vou
precisar de uma dúzia ou mais” e sorriu abafado.

“ Sr. Kleberson, flores eu tenho, mas leva este chocolate pra ela, vai ajudar
adoçar o momento é uma receita caseira que aprendi com minha mãe, que
aprendeu como a minha avó. Tenho certeza que ela vai adorar.” Eva estava
sempre sorrindo.

Enquanto Eva se dedica ao seu trabalho na floricultura, há alguém que a


observa de longe; Marc Zompero, um homem carismático e apaixonado por ela.
Adam é conhecido por sua personalidade extrovertida e seu jeito brincalhão,
filho de mãe americana e pai italiano, gostava de se gabar como um galã
conquistador. Famoso por suas tentativas constantes de conquistar o coração
de Eva. No entanto, apesar de suas investidas, Eva nunca demonstrou interesse
em Marc, e suas interações muitas vezes se tornam momentos cômicos, com
Eva desviando delicadamente de suas investidas.

“ Eva, minha querida, você é como um raio de sol em Woodville. Não consigo
resistir ao seu encanto!”

“ Marc, você é um grande amigo, mas já falei que não posso corresponder aos
seus sentimentos.”
“Ah, você não sabe o que está perdendo! Mas não se preocupe, vou continuar
tentando conquistar seu coração. Quem sabe um dia?”, e riu.

Eva sorri, sabendo que Marc nunca desistirá de sua missão de conquistá-la.
Enquanto isso, ela continua espalhando seu amor e bondade pela cidade.

Eva era uma figura amada e respeitada na comunidade de Woodville. Seus dias
eram preenchidos com o som suave da música, enquanto ela arrumava as flores
e preparava buquês deslumbrantes. Ela cumprimentava cada cliente com um
sorriso caloroso, conhecendo-os pelo nome e ouvindo atentamente suas
histórias e desejos. Eva era uma fonte de conselhos sábios e conforto,
oferecendo palavras de encorajamento e esperança.

Enquanto caminhava pelas ruas de Woodville, Eva era saudada pelos rostos
familiares dos moradores, que admiravam sua dedicação e espírito acolhedor.
Ela conhecia cada canto e recanto da cidade e sabia onde encontrar o melhor
café quente, as tortas caseiras mais deliciosas e os tesouros escondidos nas
pequenas lojas. Woodville era um lugar onde todos se sentiam parte de uma
grande família, uma comunidade unida que celebrava os momentos alegres e
apoiava uns aos outros nos momentos difíceis.

Enquanto isso, Marc, persistente como sempre, continua suas investidas


românticas, e numa tarde ensolarada aparece na floricultura com um buquê de
flores.

“ Eva, minha adorável florista, trouxe estas flores especialmente para você.
Espero que finalmente você perceba que sou o homem certo para alegrar sua
vida.”

“Marc, você é um verdadeiro cavalheiro, mas meu coração já foi conquistado


por alguém especial. Agradeço suas flores, mas meu destino já está traçado” e
numa das raras vezes em sua vida, Eva mentiu.

“ Ah, Eva, eu nunca desisto! Mas respeito sua decisão. Afinal, você merece
alguém que possa te amar e te fazer feliz.” Disse Marc decepcionado e também
surpreso, afinal ninguém jamais tinha visto Eva em companhia de alguém.

“Obrigada por entender. Você é um grande amigo e tenho certeza de que


encontrará alguém que valorize todo o amor e carinho que tem para oferecer.”

Enquanto os moradores, comércio e comerciantes de Woodville seguem a sua


rotina diária, do outro lado da cidade, um trem acaba de chegar na estação.
Apenas 30 pessoas desceram e no meio dos abraços de parentes que se
reencontravam, jovens casais que foram conhecer a cidade, um homem anda
por entre eles, invisível aos olhos das pessoas no local, seu semblante cinza,
triste, passaria despercebido aos olhos de todos, menos de Eva, que estava lá
para entregar flores para os passageiros que acabavam de chegar.

Do outro lado do país, os agentes federais e irmãos Aidam e Yan Dogberts


recebem a oportunidade de investigar seu primeiro caso de prestigio, onde
poderiam mostrar suas verdadeiras capacidades. No primeiro caso como
agentes, receberam uma pequena missão que era prender um falsificador local
e durante a operação eles foram mordidos pelo cachorro do criminoso e
carinhosamente são chamados pelos seus companheiros de trabalho “The
Bitting Brothers”.
7

Small Town : Renovando Laços e Sonhos

Louis se encontrava indo ao vagão de refeição. Ao chegar, notou uma agitação


assustadora, pessoas gritando, expressões de medo e raiva em seus rostos.
Enquanto ele se aproximava, notou um corpo que jazia no chão. As pessoas
começaram a olhar pra ele e gritar em sua direção: “foi você”, “culpado”, “
assassino”. Ele estava no vagão do trem, rodeado por acusadores furiosos,
incluindo os amigos de infância Lisa com o braço quebrado, Tom com a cabeça
sangrando e até mesmo o falecido James. Todos apontavam o dedo para ele,
culpando-o por algum terrível incidente que ocorreu dentro do trem. A voz de
Louis não saía, ele não conseguia se defender nem se explicar, tampouco
conseguia se mexer. Até que, no meio do caos, surgiu o Oficial Reynolds, o
mesmo policial arrogante do presídio, com seu olhar desdenhoso. "Você vem
comigo", disse o oficial, agarrou Louis pelo braço e desferiu um golpe com seu
cacetete em sua cabeça. Foi então que Louis acordou subitamente, seu grito de
desespero ecoando pelo pequeno compartimento foi angustiante. Ele estava
suado e ofegante.

Com o coração ainda acelerado, Louis se recompôs e respirou fundo, aliviado


por perceber que tudo não passara de um pesadelo. Ainda perturbado pelas
imagens vívidas, ele tentou se distrair e retomar o controle de seus
pensamentos. Avistou um homem sentado no banco oposto que lhe disse:
“sonho ruim?” Era um senhor de aparência sábia e gentil, com olhos que
pareciam guardar histórias do passado. Louis sentiu uma conexão instantânea e
respondeu: “já tive centenas de sonhos ruins, este foi algo que me assustou de
verdade”.

Durante o trajeto, eles foram conversando homem ouviu atentamente as


angústias de Louis, suas aspirações e seus medos, e então ofereceu palavras de
esperança e sonhos, união e fraternidade, amor e empatia igualdade social e a
não violência.

"Meu jovem amigo a vida é cheia de altos e baixos, mas cabe a nós encontrar a
força dentro de nós mesmos para superar as adversidades. Você tem uma
chama brilhante dentro de você, uma paixão que deseja compartilhar com o
mundo. Não se deixe abalar pelas dificuldades, pois cada desafio é uma
oportunidade para crescer e se reinventar. Você é capaz de alcançar grandes
feitos, de fazer sua voz ecoar pelos corações daqueles que o ouvirem." O
Homem Sábio, era assim que Louis o chamava mentalmente, ia falando palavras
de sabedoria, estar ao seu lado trouxe lembranças de Bobby. Ambos tinham
uma sabedoria e mentoria em questões humanas, mas enquanto com Bobby foi
a sua escola, já este Homem Sábio, foi a uma breve aula de faculdade.

As palavras do Homem Sábio ecoaram nos ouvidos de Louis, como um lembrete


de sua própria determinação e coragem. Ele sentiu-se revigorado, pronto para
enfrentar os obstáculos que estavam por vir. Com o pensamento voltado para
um futuro promissor, Louis desembarcou na estação de Woodville.

Ao pisar em terra firme, sentiu um calor familiar no coração. O ar da cidade o


envolveu, carregando consigo o cheiro das flores e o som dos pássaros
cantando. Era um lugar acolhedor, onde as pessoas se cumprimentavam nas
ruas e a solidariedade estava presente em cada sorriso. A cidade tinha “cheiro
de felicidade”. Em meio à multidão de passageiros, Louis avistou uma mulher
com buquê de flores nas mãos e distribuindo aos passageiros e pensou “gesto
bonito”.

Louis olhava ou um mapa local no mural da Estação Ferroviária Morada do Sol,


e ao virar-se notou que Eva estava indo ao seu encontro. Aproximou-se de com
um sorriso afetuoso. "Olá", disse ela gentilmente, estendendo um ramo de
flores. "Seja bem-vindo a Woodville. Eu me chamo Eva e percebi que você
parecia um pouco perdido e que precisaria de um pouco de ajuda” disse ela
com um sorriso que fez Louis olhar para o chão com um pouco de vergonha.
Ele nunca tinha visto um sorriso tão lindo e uma mulher assim tão cheia de
vida.

Louis olhando pro chão, não soube bem o que dizer e enfiou as mãos ao bolso
da calça e tirou umas poucas moedas, dizendo: “pra ser sincero, tudo que quero
agora é um café, a viagem foi cansativa”. Eva percebendo que aquele dinheiro
não daria para nem para o café.

“venha comigo, vou te levar na melhor café da cidade e você vai experimentar o
melhor pudim de chocolate de toda a região”.

Louis se sentiu estranhamente confuso e grato. Enquanto caminhavam juntos


pela cidade, envolvidos pela atmosfera calorosa de Woodville, Eva canta Small
Town onde ressalta o charme da pequena cidade, e ele sentiu uma chama
renovada dentro de si. Ali, naquele momento mágico, ele começou a vislumbrar
um novo caminho, onde suas paixões e sonhos poderiam se tornar realidade.

Na Marclean Coffee e Cake, são atendidos pela carismática Josy Lytah. Ela
herdou a confeitaria de seus pais e cuida com muita dedicação e carinho desde
então, ela é uma mulher de coração bondoso. “Oi Josy, poderia trazer pra meu
convidado o Sr ?? me desculpe , esqueci de perguntar seu nome.”

“É Louis. Louis Anthony. Mas por favor me chame apena de Louis, sem o Sr.”

“então Josy, eu falei que seu bolo de chocolate é o melhor da região, pode por
favor trazer pra Louis, um pedaço e uma xícara de café e pra mim, apenas uma
xícara de chá de camomila com maçã.”

“claro, um minutinho e já volto com seu pedido”

Sentado na cafeteria, Louis conta sobre a sua vida e a decisão de ir busca novos
lugares e oportunidades. Esperava que em Woodville ele pudesse se encontrar e
pediu ajuda a Eva, seja qual pudesse ser. Não contou sobre estar vindo de uma
prisão, ele não mentiu em nada sobre a vida que teve, apenas não contou que
tinha passado por esta dificuldade, sendo um detento.

O tempo passou rápido e já estava ficando tarde, Eva acabou levando ele pra
uma pensão que fica numa região mais carente da cidade e pediu que à
procurasse na floricultura, que ela iria tentar achar algo que pudesse de útil pra
ele. Louis agradeceu a gentileza desta mulher, e ficou encantado com tamanha
compaixão e empatia dela.

8
Sympathy for the Devil : Música, Crime e Consequências

Moyses, Ruby e J.D. se reuniram em uma mesa, discutindo os detalhes para uma
apresentação e decidiram fazer uma noite animada com um desafio entre
“Bluesman” e “Raging Storm” e terminando a noite com um dueto entre eles. A
idéia era ótima e J.D. já via que seria um noite de $uce$$o.

Enquanto os preparativos estavam em andamento, J.D. não deixava de cometer


alguns delitos junto com seus capangas. Um dos principais crimes cometidos
por ele. e sua gangue era o contrabando de bebidas alcoólicas e outros
negócios ilícitos Logo, J.D. tornou-se uma figura influente e temida na
comunidade, controlando grande parte do comércio de bebidas alcoólicas na
região.Eles também estavam envolvidos em extorsão, proteção milícias e jogos
de azar clandestinos. usava sua influência e reputação intimidante para garantir
que sua gangue pudesse operar impunemente e lucrar com suas atividades
criminosas.

Conforme o tempo passava, J.D. se tornou cada vez mais poderoso e confiante
em sua posição. É como se o Rock‟n Roll* tomasse conta de seu corpo e alma.
Ele tinha controle sobre a polícia local e outros funcionários corruptos que
estavam dispostos a fechar os olhos para suas atividades ilegais. Sua natureza
selvagem e habilidades de negociação o ajudaram a solidificar sua posição
como o chefe do crime em Bridgtown. Parecia que ele tinha feito uma
Sympathy for the Devil . No entanto, tudo isso estava destinado a mudar.

À medida que os dias iam se passando, as leis de proibição começaram a ser


relaxadas e a sociedade começou a evoluir. O clima político e social mudou, e o
apoio às atividades criminosas diminuiu. As pessoas começaram a se cansar da
influência tirânica dele e de seus capangas e buscavam mais tranqüilidade para
poderem se divertirem em paz.

Do outro lado da cidade um pequeno e aconchegante espaço se destacava


como esta alternativa. O Harmony’s Haven , era constantemente comentado
pelas ruas de Bridgetown como o lugar mais incrível da cidade, e com as
oportunidades que a casa dava aos novos cantores e uma opção mais barata
também, era comum o local sempre cheio e em fervorosa. Atendendo aos
pedidos de seus amigos e clientes, resolveu contratar um cantor local que fazia
um sucesso devastador pela cidade. Moyses “Bluesman” Carter era a atração
principal do Jazz Echoes Club e já não se sentia tão animado em continuar
tocando por lá, ainda mais devido os problemas que vinham sendo constantes
causados por J.D. e sua turma de criminosos.
Certo dia, exatamente no Dia dos Namorados, Moyses foi marcado como
atração principal. A venda antecipada de ingressos esgotou rapidamente, o que
fez Tom e Lisa se preocuparem um pouco, mas também os deixaram animados.
Eles precisavam ter um estoque bom de suplementos, e foi quando tudo
começou a dar errado. Tom preocupado em não conseguir um estoque
satisfatório para o evento, e também, seus distribuidores não conseguiriam
entregar a tempo o seu pedido a tempo, resolveu ir atrás dos fornecedores
capangas de J.D. Foi seu primeiro erro.

Ele já vinha sabendo sobre o sucesso crescente do Harmony’s Haven e não


estava gostando nada, o local se mantinha certo em tudo com suas obrigações,
não comprava as bebidas dele, sempre dos distribuidores legalizados e com o
publico do seu clube diminuindo constantemente era questão de tempo para
que fosse dar uma visita ao seu, agora forte concorrente. Tom antecipou-se.
Como ele era o único que teria as condições de fornecer o pedido que Tom
desejava, acabou triplicando o valor de cada um e Tom não teve outra opção a
não ser em aceitar. Combinaram a metade adiantado, e a outra após o evento.
Fazer o pagamento adiantado foi seu segundo erro.

Enquanto isso, na pequena cidade de Cedarville, no estado de Nebraska, Aidam


e Yan Dogberts,, os agentes federais atendiam sobre uma ocorrência num
pequeno comercio local, a Farmácia Nebraska. Lá dentro o seu dono, um grego
imponente Onofre Otraf , relatava sobre o ocorrido e com a sua mulher ao seu
lado, cuidando do ferimento em sua cabeça após uma forte coronhada e um
chute em seu estomago. Eles estavam se aproximando de um criminoso
selvagem, rude e que já tinha em seu curriculum todos os tipos de experiência
criminal, desde uma simples extorsão à assassinato. A violência e crueldade era
marca registrada de ”Rhythm Walker” , o Andarilho, e logo sua fama espalhou-
se pela região e aos pouco por todo o país.

9
Chains of Fools: O Despertar na Construção

À noite, Louis percorre as ruas da nova cidade, determinado a encontrar um


trabalho que o sustente e um lugar para chamar de lar e achou que seria
melhor não buscar a ajuda oferecida por Eva. E logo na manha seguinte, saiu à
procura; seus passos são firmes, seu olhar atento a todas as oportunidades que
possam surgir.

Ao entrar em diversos estabelecimentos, Louis enfrenta a dura realidade do


mercado de trabalho. Os proprietários de pequenos comércios revelam a
dificuldade de encontrar uma vaga em uma cidade com Woodville.

“ Sinto muito, meu rapaz, mas não estamos contratando no momento. Há


muitas pessoas buscando emprego por aqui.”

“ Compreendo. Obrigado pela atenção.”

Enquanto a busca continua, Louis encontra alguns trabalhos temporários, mas


eles são insuficientes para garantir uma estabilidade financeira e o objetivo do
trabalho era essencialmente suprir as necessidades mais básicas para
sobreviver, ele pensava nisso , mas a cada recusa, ele se sentia desanimado,
todavia sua determinação o impulsiona a seguir em frente.

Em uma manhã ensolarada, Louis avista um pequeno anúncio pregado em um


poste. Ele se aproxima para ler:

"Procura-se vigia, moradia inclusa", a construção de moradias estava em


uma alta constante.

Louis , animado com a oportunidade, segue as instruções do anúncio e se dirige


ao local. Ao chegar lá, ele é recebido por um simpático engenheiro responsável
pelo projeto, o Sr. Tosta Dantas.

“ Bem-vindo jovem. Estamos procurando alguém para nos ajudar a cuidar deste
lugar. Estamos construindo um lindo condomínio e precisamos de alguém que
vigie com atenção o local, enquanto a obra está sendo concluída, uma desta
moradia, servirá de base e você poderia ficar com um dos quartos. Você tem
alguma experiência em segurança?”

“ Sim senhor! Praticamente os últimos dez anos, eu estive presente em áreas


onde a mínima falta de segurança, era motivo pra sentir falta de algo.” Foi o que
ele disse enquanto pensava que na menor distração dos guardas, era motivo
pra se tentar fugir. Eu gosto de trabalhar com as mãos e aprender coisas novas.

Ótimo! Vamos fazer o seguinte, vou te dar uma semana pra ver seu trabalho e
depois disso voltaremos a conversar, tudo bem pra você? Se concordar, pode
começar amanha.”

“sim é justo”, agradeceu. E apertaram as mãos.

Enquanto Louis começava seu novo emprego como vigia de uma obra em
construção de futuras moradias, ele se deparou com um canteiro de obras
movimentado e cheio de operários habilidosos. O local estava repleto de
maquinários, materiais de construção e o barulho constante das atividades. Ele
sabia que sua função era zelar pela segurança e proteção do local durante a
noite.

Nos primeiros dias, Louis estava um tanto deslocado no ambiente. Ele


observava atentamente os operários realizando seus trabalhos com precisão e
agilidade, enquanto cumpria seu papel de vigia, fazendo rondas e verificando os
pontos críticos da obra. Sentia-se um pouco desanimado e ansiava por uma
oportunidade de mostrar sua habilidade e competência. Numa destas rondas,
ao passar por um local que até então ele não tinha ido, se deparou com um
depósito, cuja porta estava aberta e dentro cheios de caixas e entulho e por
baixo desta amontoado de caixas, um violão todo sujo, um pouco quebrado em
certas partes, sem as cordas, mas ele decidiu que seria seu e o pegou
escondido.

Numa outra noite, durante sua ronda habitual, notou uma movimentação
suspeita na entrada da obra. Ele se aproximou cautelosamente e se deparou
com um indivíduo tentando entrar no local sem autorização. Rapidamente,
Louis agiu com firmeza, abordando o intruso e impedindo sua entrada. Sua
rápida reação e destreza em lidar com a situação impressionaram seu chefe, que
ficou sabendo de tudo na manha seguinte.

Sr Tosta Dantas um homem de aparência séria, mas justo, se aproximou.


"Parabéns, Louis ! Você mostrou agilidade e iniciativa. Estou impressionado com
a sua postura profissional e dedicação ao trabalho", disse ele, estendendo a
mão para cumprimentá-lo.

Louis aceitou o cumprimento com um sorriso no rosto, sentindo-se valorizado e


reconhecido. A partir daquele momento, sua relação com o chefe se fortaleceu,
e ele ganhou a confiança e o respeito de toda a equipe. Chains of Fools
brindava ao som em seus pensamentos e fazia parte da trilha sonora de sua
nova jornada.
À medida que os dias passavam continuava a desempenhar seu papel como
vigia com comprometimento e responsabilidade. Ele se familiarizou com os
operários, trocando cumprimentos e algumas palavras amigáveis durante as
pausas. Aos poucos, ele se sentia mais integrado ao ambiente e percebia a
importância de sua presença para garantir a segurança do local. As noites ele
dedicava parte do tempo, para consertar o violão e quando já o feito, passava
horas treinando alguns acordes e tentava dar vida as anotações no diário do
velho amigo Bobby.

Um dia, enquanto Louis realizava sua ronda, ele notou um vazamento de água
em uma das áreas da construção. Sem hesitar, ele comunicou imediatamente
seu chefe sobre o problema e ofereceu sua ajuda para conter o vazamento até a
chegada dos profissionais responsáveis. Sua atitude proativa e eficiente ajudou
a evitar danos maiores à obra e conquistou ainda mais a admiração de todos ao
seu redor.

Enquanto Louis se dedicava ao seu trabalho, sua mente sempre se voltava para
o reencontro com Eva, esperava isso com ansiedade de um adolescente.

Finalmente, após 5 meses de trabalho árduo e quase sete já em Woodville , suas


demonstrações constantes de competência, chegou o momento tão aguardado.
Recebeu a notícia de que poderia tirar alguns dias, três precisamente, um final
de semana inteiro.

10
Build me up Buttercup : O Florescer do Amor

Louis caminhava pelas ruas do centro da cidade, com os olhos atentos e o


coração acelerado. Havia se passado tanto tempo desde que ele e Eva se
encontraram pela última vez, e a saudade apertava cada vez mais. Enquanto
perambulava pelas vitrines, seus olhos foram atraídos por um colorido mar de
flores. Era a Floricultura Natty Di Bella Vic de Eva, brilhando como um oásis em
meio à cidade movimentada.Ele ficou parado por um instante, hesitando se
deveria ir até lá. Mas o desejo de vê-la novamente era mais forte, e ele pensou,
e pensou muito e então decidiu: “vou tomar um café”.

Louis cruzou a rua e entrou na pequena Marclean Coffee e Cake do outro lado.
Sentou-se em uma mesa estrategicamente posicionada, de onde podia observar
a floricultura sem ser notado.

Josy Lytah logo veio atendê-lo. “olá! Bom dia, posso anotar seu pedido?
Estamos terminando de fazer umas panquecas de framboesas, estão uma
delicia”

“hum! Parece mesmo deliciosos, mas hoje vou querer apenas um café e um
pedaço daquele delicioso bolo de chocolate” respondeu com firmeza e um
sorriso no rosto.

“claro, com certeza, está fresquinho, foi feito agora mesmo. Já volto com seu
pedido.”

Enquanto saboreava seu café, ele percebeu o movimento na rua e comércios.


Aquele lugar trouxe uma paz que ele jamais pensou que poderia conhecer e aos
poucos as lembranças dos anos atrás das grades, foram ficando mesmo pra trás,
como Bobby vivia dizendo e também, o Homem Sábio.

Louis se perdeu novamente em pensamentos e foi despertado pelo sino da


porta que tilintou. Eva estava lá. Como ela era encantadora pensou e nisso seus
olhos se encontraram enquanto ela procurava um lugar pra se sentar. A
surpresa e alegria tomaram conta de seu rosto e Eva foi ao seu encontro.

"Louis!! Você ainda está aqui?", exclamou ela, com os olhos brilhando de
felicidade.
Louis se levanta pra cumprimentá-la. “pois é. Acabei ficando e minha vida deu
uma mudada mesmo que nem quando conversamos. Estou muito feliz. Tenho
trabalhado tanto e neste final semana me deram uma folga”.

“Que notícia incrível! você não apareceu noutro dia como conversamos, então
imaginei que pudesse ter ido embora”

Os dois se abraçaram timidamente.

“por favor, sente-se aqui comigo; deixe eu te pagar um café. Você foi tão gentil
comigo noutro dia, é o mínimo que possa fazer como agradecimento. Eva
aceitou.

Conversaram por cerca de 2 horas, relembravam os momentos


compartilhados no dia de sua chegada à Woodville, eles riram e brincavam
como se o tempo não tivesse passado. Os diálogos eram recheados de piadas e
histórias engraçadas que ajudavam a quebrar o gelo da distância que os
separou por tanto tempo. Ao fundo um casal coloca uma moeda na Jukeboxe e
logo Build me up Buttercup veio animar ainda mais o belo dia que estava
tendo.

Eva contou sobre seu trabalho na floricultura, como ela havia expandido o
negócio e ganhado a admiração dos moradores da cidade. Louis , por sua vez,
falou sobre suas experiências na construção e como ele havia se dedicado a
aprender mais sobre música e já se gabava de saber tocar muito bem o violão,
que tentava dar notas a um diário que ganhou do amigo. Foi uma conversa que
ambos precisando.

Ficou tarde e Eva precisava voltar à floricultura e se despediram novamente,


mas desta vez Louis a convidou pra almoçar no dia seguinte. Eva agradeceu,
mas recusou, pois era sábado e ela teria um almoço beneficente pra ir e já
estava tudo acertado entre ela e os organizadores. Isso caiu como um balde
d‟água fria na cabeça dele. Enquanto Louis pagava no caixa sua conta, sentiu
um cutucão em seu ombro e ao virar-se;

“por que você não vem comigo?” Eva se sentia estranhamente feliz ao seu lado.

Ele aceitou e combinaram onde se encontrar noutro dia para irem juntos ao
almoço. Louis voltou pra casa com uma felicidade nunca ate então sentida
estampada em seu rosto.

E assim, no final daquela tarde ensolarada, entre risadas e histórias


compartilhadas, Louis e Eva se sentiram conectados em algo novo para ambos,
e o gostinho de quero mais era evidente em cada um.
11

Land of 1000 Dances: O Ritmo da Conquista e do Amor


O evento tinha como objetivo arrecadar fundos para uma organização local que
ajudava crianças carentes a ter acesso a educação de qualidade. Eva, com seu
coração generoso, estava envolvida na organização e viu, através de seu
convite, uma oportunidade de apresentar Louis a sua rede de amigos e
contribuir para uma causa nobre.

O almoço ocorreu em um salão decorado com flores e mesas elegantemente


arranjadas. A atmosfera era de alegria e solidariedade, enquanto as pessoas se
reuniam para apoiar a causa. Eva estava radiante, apresentando Louis a cada
pessoa importante em sua vida. Ela falava com orgulho sobre o trabalho
realizado pela organização beneficiada e sobre seu desejo de ajudar aqueles
que mais precisavam. Durante o evento ganha um toque especial com um
concurso de novos talentos. O palco é montado no centro do salão, e as
pessoas se reúnem em volta, ansiosas para verem as performances.

“Você deveria participar”, disse Eva

Eu? Jamais ? não sei se consigo. Faz muitos anos que não canto pra alguém,
quanto mais pra um público. Melhor não” , respondeu sorrindo .

“achei que você estava em busca de um novo recomeço” e piscou pra ele. “me
diz, qual o intuito de você falar do seu violão, que gosta de tocar algumas
músicas, que se inspira nas letras confusas no diário que ganhou de seu amigo,
se você não vai cantar pra ninguém”. Um breve silêncio se fez “e outra, tenho
uma leve queda por homens que cantam em concursos de novos talentos”
sorriu maliciosamente .

Louis não parava de se encantar, vivia uma felicidade que não cabia em seu
coração. Ele precisava demonstrar isso, precisava cantar pra ela. A conexão entre
Eva e Louis se aprofundava a cada passo e ambos se sentiam muito bem na
presença um do outro.

No palco, Sr Kleberson anunciava o nome dos candidatos e, um a um ia


subindo nele demonstrando o seu talento. Uma das crianças, pelo qual o
almoço beneficente era dedicado estava no palco e Louis era o próximo. O
nervosismo toma conta de seu corpo e Eva apenas ria da situação.

“o próximo candidato que vem nos prestigiar com uma linda e animada canção
é Louis Anthony, “ disse Sr. kleberson. Alguns batem palma e Eva aplaude em
pé e assobia alto. “ Esperamos que a música que cante seja melhor do que esta
nome de cantor que ele se apresenta”. Todos começam a rir.
Louis pega o microfone e olha para a plateia. Ele fecha os olhos por um
momento e se conecta com sua paixão pela música. Ao abrir os olhos
novamente, ele começa a cantar, deixando sua voz encher o ambiente com
emoção e energia, contagiando com Land of 1000 Dances. Com uma batida
contagiante e um ritmo perfeito fez a todos levantarem dançarem. Após o
show, a euforia tomou conta de Louis. Ele sentia uma mistura de alegria,
adrenalina e satisfação. O aplauso ensurdecedor da plateia ecoava em seus
ouvidos. As pessoas o parabenizavam, dizendo como sua voz era incrível e seu
talento indiscutível. Era uma sensação única, um momento em que todas as
suas inseguranças e dúvidas se dissiparam. Louis finalmente percebeu que
estava no caminho certo, que sua voz e a música tinham o poder de emocionar
as pessoas. E foi ali, no meio de aplausos dos participantes do almoço, que Eva
se apaixonou por Louis.

12

What a Wonderful World: O Acender do Amor


Após o almoço, Eva sugeriu que eles dessem continuidade ao dia, levando Louis
para um passeio pela cidade. Eles caminharam de mãos dadas pelas ruas,
apreciando a paisagem e compartilhando histórias engraçadas e momentos
especiais. A conexão entre eles era evidente, e o amor florescia a cada instante.

Louis estava indignado. Ele não conseguia acreditar que havia ficado em
segundo lugar na competição de novos talentos. Para ele, sua performance
tinha sido impecável, cheia de energia e emoção. Mas para sua surpresa, um
cachorro havia conquistado o primeiro lugar.

O cachorro Oliver acompanhava sua dona, uma jovem música de rua. Durante a
apresentação, Oliver aproveitou um momento de distração e subiu ao palco,
começando a dançar de forma desengonçada, arrancando risadas e aplausos da
plateia. O inusitado número canino havia conquistado o coração dos jurados e
do público, garantindo a inesperada vitória na competição.

Louis, embora frustrado com o resultado, não conseguia deixar de rir ao lembrar
da cena. A ironia de ser superado por um cachorro dançante era algo que ele
jamais imaginaria. Ele pensou consigo mesmo: "Bem, pelo menos agora tenho
uma história engraçada para contar".

“mas eu sei muito bom por que você não ganhou a competição”, fez uma breve
pausa “ Sr. Kleberson tem razão, você não tem nome de cantor” , e riu enquanto
corria dele.

Enquanto caminhavam, iam conversando sobre diversos assuntos; o almoço, a


competição, sobre a vida e sobre família. Era fácil se sentiam conectados em
todos os assuntos. O sol já estava se pondo e um leve frio se fez presente. Louis
tirou sua jaqueta e ofereceu a Eva, que o aceitou, e neste momento mais
tranqüilo, ele segurou em sua mão. Eva olhando pra ele, compartilhou sua
gratidão por estar ao seu lado naquele evento tão especial. Ela mencionou o
quanto era importante para ela que ele estivesse ali, conhecendo sua rede de
amigos e apoiando a causa que ela tanto valorizava.

Louis, emocionado com as palavras de Eva, segurando sua mão gentilmente e


expressou o quanto estava feliz em fazer parte daquela jornada ao lado dela. Ele
falou sobre como a admirava e o quanto seu compromisso com a comunidade
era inspirador.

Enquanto a noite caía, Eva levou Louis até pequeno riacho que ficava próximo
de sua casa. Eles se sentaram juntos em uma cerca velha de madeira apreciando
o silêncio suave que envolvia o ambiente. Foi ali, naquele momento íntimo,
encostados sobre o cerca velha de madeira, de frente a um pequeno riacho seus
olhares se encontraram e eles souberam que estavam prontos para dar um
passo adiante. E assim, no final daquela noite mágica, eles se beijaram pela
primeira vez, selando o início de um amor verdadeiro.

Mas tarde, cada uma já em sua casa, lembranças do dia que tiveram , era o
único pensamento de ambos. Queriam que aquele momento fosse eternizado.
Combinaram de se encontrar novamente no próximo dia, e por muitos outros
dias que vieram. What a Wonderful World acompanhou a jornada deste
relacionamento, até o momento que decidiram, apouco mais de dois anos após
a sua chegada em Woodville, em morarem juntos e cujo momento preferido,
eram descansando do dia de trabalho, sentados no sofá, juntos.

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Cinco meses depois, uma onda de choque percorreu as ruas de Woodville e de


todo o país, ecoando o sentimento de tristeza e indignação, que rapidamente
chegou aos lares e estabelecimentos comerciais, abalando a rotina das pessoas
e provocando reações violentas diversas. Louis sentiu-se profundamente
surpreso e abalado. Ele se viu tomado por uma mistura de tristeza, indignação e
desânimo. No jornal que se encontrava em sua mesa de trabalho, ele reconhece
a foto do Homem Sábio nela, e a matéria principal era sobre o assassinado de
Martin Luther king.

13
I'd Rather Go Blind : Quando a Rivalidade se Torna Inferno

Ruby Thompson era um homem exemplar como pai e esposo. Sua dedicação à
família era evidente em cada gesto, em cada palavra amorosa e em cada
momento compartilhado. Como pai, ele era carinhoso, protetor e sempre
presente na vida de seu filho de apenas quatro anos, era rígido na educação
mas falava palavras de inspiração pro seu filho, sentavam por horas ouvindo
canções clássicas e lhe contava historias toda noite antes de dormir. Ruby era
um ouvinte atento, sempre disposto a oferecer conselhos sábios e
encorajamento incondicional. Como esposo, ele era um verdadeiro parceiro,
demonstrando amor, respeito e apoio inabaláveis a sua esposa Angela, uma
mulher muito amável e bem dada com todos. Ele valorizava os momentos
simples, como jantares em família e passeios românticos, e sempre fazia
questão de demonstrar seu amor por sua esposa, enchendo sua vida com afeto
e cumplicidade. Sua presença calorosa e seu sorriso contagiante iluminavam a
vida de sua família, criando um lar repleto de amor e felicidade. Ruby Thompson
tinha grandes sonhos de se tornar um renomado agente musical ao lado de seu
parceiro, Moyses “Bluesman” Carter. Seu amor pela música e sua dedicação ao
talento de Moyses eram inabaláveis. Ruby acreditava que juntos eles poderiam
alcançar o sucesso e compartilhar sua paixão com o mundo.

No entanto, havia uma sombra em seu caminho: J.D. Enquanto Ruby era uma
pessoa genuinamente amável e amiga de todos, J.D. era um homem egoísta e
invejoso, sempre em busca de uma maneira de se destacar e sabotar os outros
para conseguir o que queria.

Com o tempo, os shows que Moyses faziam no clube e na região começaram a


fazer um sucesso incomum, tirando a sua própria notoriedade no cenário
musical e J.D. começou a se sentir ameaçado pela parceria de ambos. Ele
percebeu que o talento deles juntos era algo poderoso e capaz de abrir portas
para um futuro brilhante. Com sua mente ardilosa, J.D. começou a tramar um
plano para afastar Ruby da jogada e tomar seu lugar ao lado de Moyses.
Percebeu que a melhor forma de atingir seu objetivo era através da
manipulação emocional. Um dia enquanto estacionava seu carro em frente ao
Mercado Santo Antonio, o mercado local, viu Moyses conversando com Angela ,
aquilo foi o gatilho que ele precisava. Na mesma noite convidou Ruby para uma
conversa em seu Clube , reclamando que não estava sendo um bom negocio a
ida de Moyses a outros clubes concorrentes, que não era bom pros negócios e
maliciosamente, falou que era melhor ele escolher melhor seus amigos que
convida pra ir em sua casa. Deixando Ruby desconfiado.

Enquanto isso, Ruby continuava a trabalhar incansavelmente para ajudar


Moyses a alcançar o estrelato. Ele organizava shows, buscava oportunidades e
investia todo o seu coração e alma no sucesso de seu amigo e foi durante um
destes shows que enquanto estava no palco ajeitando as coisas, percebeu
Moyses e Angela numa conversa descontraída, cheia de risos e meio ao pé de
ouvido, e aquilo foi motivo para uma certa dose de raiva ciumenta lhe correu
pelo sangue. Deste dia em diante Ruby mudou um pouco a sua personalidade,
ficando um pouco mais arrogante. Os dias se passaram, e J.D. esperou
pacientemente pelo momento perfeito. Ele sabia que precisava ser cuidadoso
para não levantar suspeitas e arruinar sua própria imagem diante das pessoas.
Então, uma noite, durante um show lotado no clube de J.D., o plano foi
colocado em ação.

Enquanto Ruby ajustava ao som, J.D. discretamente sabotou os equipamentos


de som par uma situação perigosa e viu Moyses ao fundo com uma mulher. Era
a cena perfeita que ele precisava.

“hei Ruby, é melhor você ir dar uma olhada nos cabos do som, eles estavam um
tanto quanto ruim depois das chuvas d‟outros dias e aproveita fala pro seu
Bluesman que eu não to pagando ele pra ficar namorando.”

Ruby olha pros lados, observa em direção ao seu lugar reservado e não vê
Ângela por lá.

Ruby caminha pros fundos em direção aos cabos, manipulados por J.D., e
enquanto os arruma uma forte corrente elétrica percorre seu corpo e pequenas
explosões em caixas acontecem. Moyses assustado tenta chegar perto, para
ajudar ao amigo, mas não conseguiu fazer nada, a corrente elétrica ainda estava
ativa enquanto o corpo de Ruby se contorcia devido a descarga elétrica que
recebia.

Angela saiu do banheiro, I’d Rather go Blind uma linda canção triste era tocada
na jukeboxe do clube, e repara um alvoroço que tinha se formado por trás do
palco. Caminhando em direção sentiu um cheiro ruim pelos ares. As pessoas
estavam tristes, algumas choravam, e viu Moyses completamente desolado em
um choro continuo ao lado, do então agora arrependido, J.D. e ao olhar ao
centro de toda confusão, o corpo queimado sem vida de Ruby Thompson, seu
marido, foi a ultima coisa que viu antes de desmaiar.

A idéia de J.D. era causar uma briga entre os dois e não matar a única pessoa
que o considerava como um amigo.
Era véspera do grande dia pra festa do Dia dos Namorados no “Harmony’s
Haven” e tom era só preocupação. J.D. ate o momento não tinha entregue o
que foi acertado, tudo bem que foi prometido para o dia de manha, mas a fama
de J.D. de não ser um homem confiável, mas o pior era sobre o cantor Moyses
que faria ao show. Seu melhor amigo e agente tinha acabado de morrer num
trágico acidente num outro clube, no que o deixou devastado. A noticia tinha
percorrido por toda a cidade e muitos clientes que compraram ao ingresso
com antecedência, foram lá para devolver, pois achava que o show já não teria
o mesmo valor emocional que a noite propunha e estavam certos. Apesar do
local estar sempre lotado e animado, no dia em questão o ar fúnebre era
sentido, mas Moyses fez questão de cumprir a sua agenda, em memória por
todo o esforço do qual o amigo fez por ele. Mas não foi a melhor festa lá no
clube, os clientes reclamaram, não tinha bebidas, faltou mesas para alguns
clientes que compraram por elas antes. Tom e Lisa nada puderam fazer,
gastaram o que não podiam para organizar o evento e ele não estava saindo
como planejado.

Noutro dia pela manha um caminhão para em frente ao „Harmony’s Haven’ que
estava lá para entrega dos produtos da festa, o que deixou Tom em estado de
ira. Lisa nunca o viu desta maneira, sua cólera era descontada no motorista
contratado para as entregas e receber a outra parte do pagamento. “leve essas
porcarias para o desgraçado do J.D. e eu não devo mais nada fala para ele. E eu
quero a droga do meu dinheiro de volta” falou enquanto esbravejava.

“„Claro, que levo. Ele não vai gostar nada de ouvir o que você me disse se eu
fosse você ficaria logo com os produtos e me dão dinheiro e tudo se resolve
mais facilmente”

Tom pegou uma pedra e jogou na direção do motorista, não chegou nem perto
e ele foi embora rindo.”você que sabe”.

Poucas horas depois, dois carros chegam ao Harmony’s Haven e J.D, e mais oito
capangas descem deles.

“Ouvi dizer que a noite de ontem não foi das melhores” disse indo em direção
de Tom, com seus capangas indo atrás. Lisa observava tudo de dentro de uma
das salas do clube.

“Seu maldito desgraçado, você me paga. Saia de minha propriedade”, indo ao


seu encontro.

Tom era um romântico sensível, totalmente contra qualquer tipo de violência,


mas naquele dia devido a raiva que sentiu partiu para um confronto e não
soube o que fazer ao ficar de frente ao J.D., que não perdeu tempo e deu um
soco violento em seu estomago , fazendo com que Tom caísse. Seus capangas
riram. Lisa que observava a sala, saiu correndo e foi na direção dos dois.

“Meu amor você esta bem?” Olhou para J.D. que ria com a situação e ela de
subitamente levanta e acerta um tapa violento na cara dele, fazendo um
pequeno corte em seu lábios

„‟olha só! Agora sabemos quem é o homem desta casa‟” e devolve ao tapa
fazendo a cair.

Tom olha pra ele que lhe desfere um soco violento em sua face. Com os dois
caídos e feridos na alma.

“Vocês tem 24 horas para conseguir meu dinheiro e se eu não o tiver, eu taco
fogo nesta porcaria”. E os dois carros foram embora.

Mas tarde na delegacia, o policial de plantão dizia que não poderia fazer nada,
afinal nenhum crime ainda tinha sido cometido e a ameaça não comprovava em
nada. Afinal J.D. era um membro de prestigio na cidade. Quanto ao soco o
próprio guarda dizia que foi auto defesa, afinal ele que teria ido correndo ao
encontro. J.D. Tinha mesmo a polícia local em suas mãos.

O dia passou rapidamente e J.D. retorna ao local, agora em quatro carros.

“Vim buscar o meu dinheiro”. Falou seriamente e segurando a uma garrafa.

“escuta J.D. fiz um acordo com você no qual não cumpriu. Você sabe muito bem
que não tenho seu dinheiro, te paguei antecipado e por um valor três vezes
mais caro, meu dinheiro viria pelo retorno da festa,. Foi uma semana muito ruim
pra todos, a morte de Ruby afetou ao Moyses e isso afetou também ao evento.
Todo nosso dinheiro estava envolvido neste show e não foi dos melhores.
Podemos negociar um prazo e nós vamos te pagando toda semana um pouco.
Estamos indo até um pouco bem com o nosso espaço, e podemos ir acertando
você aos poucos”.

J.D. ouvia a tudo, mas já estava decidido no que faria, e as palavras estamos
indo até um pouco bem com nosso espaço, não soaram como uma linda
melodia aos seus ouvidos. Eliminar a concorrência seria uma boa para que o seu
Jazz Echoes Club pudesse voltar a ter um movimento como o de antes.
“Eu não consegui o respeito dos outros por ser misericordioso com as pessoas,
e tenho por habito de cumprir com as minhas ameaças. Eu dei pra vocês 24
horas para conseguir meu dinheiro e eu não vim aqui para negociar a nada.”

Colocou fogo num pano amarrado a garrafa , Tom e Lisa correram para tentar
segura-lo, mas quatro capangas os agarraram , dois em cada, e J.D. jogou a
primeira garrafa que logo começou a espalhar o fogo rapidamente, outros seis
capangas fizeram o mesmo e em poucos minutos , o Harmony‟s Haven era
consumido por incêndio devastador.

Tom e Lisa choravam abraçados, desolados, enquanto os quatro carros iam


embora. Se J.D. cumprisse com as palavras como ele cumpre com as ameaças,
isto jamais teria acontecido, pensava Tom. A mesma melodia triste que
embalou a perda de Ângela, embala agora a perda deles.

"Rhythm Walker" estava sendo caçado em todo o país, Aidam e Yan estavam
bem perto de pegá-lo. Tinha acabado de cometer mais um roubo num mercado
na cidade de Soultown, deixando mais duas pessoas feridas, uma gravemente, e
fugiu num outro carro roubado. Na estrada parou para abastecer e foi ao
banheiro e ao retornar, lá estavam os “The Bitting Brothers” ao lado do carro,
procurando-o. Ele deu a volta e correu em sentido contrario. Uma mulher que
estava entrando no carro foi empurrada violentamente por ele que fugiu com o
carro dela. Cinco km depois ouve um choro e ao olhar para trás, um bebê se
encontrava deitado dentro de um carrinho, num bebê-conforto.

O carro acelera rapidamente em fuga, deixando pra traz, no acostamento da


estrada ensolarada, o bebê dentro do seu carrinho em conforto. Rhythem
Walker, o Andarilho, liga o radio e a mesma canção o acompanha em sua fuga.
14

Try a Litlle Tenderness : Espalhando Amor e Compaixão

Após o incêndio no Harmony’s Haven, Tom e Lisa entram em acordo de ficarem


por um tempo fora. Precisavam disto pra refletir sobre o que aconteceu, e
ficando por lá, as coisas poderiam piorar e muito, então caíram na estrada
fazendo pequenos shows por onde passavam.

------------

Três meses após o assassinato de Martin Luther king, o país ainda repercutia de
forma negativa, nas grandes cidades, a violência explodiu de forma absurda,
mas em Woodville, a cidade já estava quase que e sua normalidade. Certa noite,
após saírem de uma sorveteria Eva e Louis estão caminhando pela cidade,
desfrutando da companhia um do outro, quando de repente eles se deparam
com um cartaz colorido anunciando uma apresentação de uma banda ou dupla
musical.

“Olha, Louis! Parece que vai ter um show daquela banda ali. Eles devem ser
ótimos! Vamos, faz tempo que não saímos pra nos divertir, nossos passeios são
sempre pela cidade. Vamos dançar um pouquinho”, disse Eva sorrindo e
simulando um rebolado, dançando.

Louis olha para o cartaz e uma mistura de emoções surge em seu rosto. Ele
reconhece o nome desta banda. No cartaz dizia que a banda Harmony Souls se
apresentaria daqui um dia e a imagem dos seus amigos de infância estava
presente, que agora são músicos bem-sucedidos.

“ Eva, essa é a banda dos meus amigos de infância! Eu não acredito que eles
estão se apresentando aqui.” Fez um breve silêncio e falou num tom mais alto:
“Na verdade! não acredito que eles montaram uma banda sem mim”. E sorriu.

“Sério? Isso é incrível! Você não gostaria ir ao show e revê-los?”

Louis hesita por um momento, sua expressão mostrando um misto de felicidade


e apreensão.

“Sim, eu quero muito revê-los, mas também estou um pouco assustado. Eles
alcançaram tanto sucesso, e eu... Bem, minha vida tomou um rumo diferente. A
última vez que eu os vi, eu tinha apenas dezesseis anos e meu caminho não foi
dos melhores desde então”.
Eva coloca uma mão reconfortante no ombro e o abraça. Nesta época já não
havia mais segredos dele para com ela.

“Louis não se compare a eles. Cada um tem sua própria jornada. Você é
especial do seu jeito e tem seu próprio talento. Você é capaz, muito
responsável, esforçado e tenho certeza de que eles ficarão felizes em vê-lo
novamente. E outra, desta vez você tem algo que eles nunca poderão ter.”

“E o que poderia ser?” perguntou intrigado.

“Moi, mon amour”, respondeu sorrindo e dançando Eva.

Era mesmo impossível não ter se apaixonado por Eva. Inspirado pelas palavras
dela e pela vontade de reconectar-se com seu passado Louis resolve enfrentar
seus medos e decide que iria ao show. Este é uma das duas peças que faltavam
no quebra-cabeça que pra resolver todos os problemas que ainda o mantinha
acorrentado as grades, mesmo elas não estando mais presentes.

A noite Louis resolve escrever pra seu amigo Bobby. Seria a primeira vez que
fazia isso. Sentia falta de sua companhia e de suas palavras de sabedorias, elas
seriam de um bom agrado para o momento. Por nunca ter escrito a Bobby,
tampouco pode receber alguma carta. Esperava que ele pudesse estar bem e
gostaria que ele soubesse que sua vida estava no caminho certo e que seguiu
fielmente as últimas palavras que ele os dirigiu.

Na dia seguinte, Louis passou a manhã em casa, consertando algumas


pequenas coisas que precisavam ser consertadas. A tarde, foi ao mercado e
passou no correio pra enviar o envelope com a carta dentro. O final da tarde
chegou, Eva estava radiante como sempre, só a sua presença já fazia de Louis,
um homem mil vezes melhor e saíram de casa com destino ao show da banda
Harmony Souls.

Eva e Louis caminham pela cidade com desfrutando da companhia um do


outro. Antes de chegarem ao local, eles passam por uma praça movimentada,
onde uma criança está visivelmente triste e perdida. Ela se afastou um
pouquinho da mãe, para ver a um certo cachorro que pulava desengonçado
ouvindo sua dona que cantava na praça.

Eva, com seu coração generoso, se aproxima da criança e oferece conforto e


apoio.
“ Ei, você está bem? Está tudo bem, não precisa se preocupar. Vamos encontrar
sua família”. Eva acalma a criança e a ajuda a encontrar seus pais. A empatia e a
ternura dela se refletem em suas palavras e gestos.

Enquanto isso, Louis observa Eva em ação, fascinado por sua gentileza e
compaixão. Ele se sente ainda mais atraído por ela, percebendo o quão especial
ela é.

Após ajudar a criança, Eva se volta para Louis, um sorriso suave nos lábios.

“ Às vezes, tudo o que precisamos é um pouco de ternura para enfrentar os


desafios da vida. A gentileza pode fazer uma grande diferença.”

Louis olha para Eva com admiração, vendo-a como uma pessoa
verdadeiramente especial.

“ Você é incrível, Eva. Sua bondade e empatia são inspiradoras”.

Eles se abraçam carinhosamente enquanto a música continua a tocar,


envolvendo-os em uma atmosfera de ternura e conexão.

Na praça, a jovem cantora desfruta aos transeuntes uma obra prima com a
melodia Try a Little Tenderness, enquanto seu cachorro Oliver, dança
doidamente pela praça.
15

Shake Your Tailfeather : Cantando ao Abraço da Amizade

Louis e Eva chegam ao The Soggy Bottom Lounge , local onde seus amigos iriam
se apresentar. O lugar recebeu este nome após a banda “The Soggy Bottom
Boys” * passarem por lá, ninguém jamais tinham ouvido falar deles e o show
foi considerado, para os poucos clientes que presenciaram, o melhor show já
tocado na cidade, tanto que o cardápio de bebidas, leva o nome da cada uma
de suas canções.

O show já havia começado tem um tempo, acabaram se atrasando após


ajudarem a garotinha perdida. “Vou pegar algo para bebermos” disse Louis e
não entendeu muito bem o porquê daquelas músicas no cardápio, e perguntou:

“oi! qual bebida você recomenda, tem uma boa variedade”.

A jovem atendente, toda sorridente responde: “temos uma porção de drinks


especais, o que mais sai, e é também o que eu mais gosto é o In the Jailhouse
Now.

“Na Cadeia Agora” pensou aflito. “ Não! Não! Não! Melhor não. Me de duas
cervejas mesmo.

Enquanto bebiam e esperavam o momento certo pra poder se reencontrar aos


seus amigos, pediram uma bebida. Louis ficou preocupado, afinal faziam anos
que não se viam, e anos de cadeia muda a fisionomia de uma pessoa. “será que
eles querem me ver, conversar comigo. Isso foi um erro” pensava. Mas Eva
estava lá para dar a força necessária que ele precisava. Lisa estava linda e
cantava graciosamente, Tom mandava muito bem na guitarra, bateu um pouco
de ciúmes, afinal ele “era” o vocalista da banda Harmony Souls na infância.

“Eles são ótimos” disse Eva, enquanto dançava ao lado dele e trazendo-o à
realidade.

Enquanto Lisa cantava, ficou impressionado com as palavras nela cantada, e


refletindo que ele merecia o mesmo Respect, seja nos relacionamentos
pessoais ou em qualquer aspecto da vida. A música falava sobre ter
autoconfiança, reconhecer o próprio valor e não aceitar menos do que merece.
A musica tocava alma e foi inspirado a buscar a igualdade, a autoafirmação e a
lutar por seus direitos. Serviu como um lembrete de que todos merecem
respeito e devem se impor diante das injustiças ou desvalorização.
“São mesmo. Pra ser franco, não esperava que fossem tão bons. Quando
éramos jovens, eles eram péssimos” disse rindo. A música acabou e Tom disse:
“pessoal, faremos um pequeno intervalo, fiquem a vontade pra tomar mais
cervejas e irem ao banheiro; voltaremos logo.” Tom foi ao banheiro e Louis
achou que seria a melhor hora para ver o amigo. Fazia doze anos que não se
viam e ele achando que se encontrar no banheiro era a melhor hora.

Louis entra no banheiro e vê o Tom lavando as mãos. Ele se aproxima e solta


um comenta:

“ Finalmente você aprendeu a tocar, hein? Seus acordes eram como um gato
andando em cima do teclado!”

O cantor olha para ele, inicialmente surpreso, mas logo reconhece o amigo de
infância que não via há anos.

“Louis ? É você mesmo? Não acredito! Quanto tempo! Como é bom poder te
ver de novo”

Os dois se abraçam por um tempo considerado, com entusiasmo e


emocionados. Flashbacks dos tempos de juventude lhes vieram a mente, um
misto de sorrisos e lágrimas vieram ao rosto de Tom, como sempre muito
sensível.

“Olha só quem eu encontrei passando mal no banheiro” disse Tom rindo pra
Lisa, que ao virar-se, não conseguiu se segurar e começou a chorar em prantos.
Abraçou ao amigo e enquanto chorava se engasgava em palavras que tentava
dizer, pedindo desculpas, que sentia muito. Nesse momento, abraçado a Lisa e
mais de doze anos depois, Louis chorou novamente e Tom se juntou ao abraço.

O impacto desse reencontro foi marcante para Louis, que sentou-se na mesa
com seus amigos e acenou pra Eva vir até eles.

“Amigos esta é Eva, minha noiva e Amor, estes são meus amigos de infância
Tom e Lisa”.

“Stone” gritou Lisa, esticando a mão e mostrando o anel de casada, e com a


outra mão enxugava os olhos.

“Olha só, meus parabéns. James vivia me pedindo pra não deixar você chegar
perto, pois achava que você gostava dela”, fez-se um breve silencio frio.

Eva percebendo, logo deu os parabéns ao casal, “ quero ver o dia que eu terei
um deste em meu dedinho” gesticulando, e o clima alegre retornou.
Conversaram com empolgação e animados por uns vinte minutos. As
lembranças do passado triste, cheio de dificuldades e problemas, pareciam que
não existiram. Como senti falta deles, pensava Louis. Foram vários assuntos
neste curto tempo e Louis indignado, não aceitava a idéia deles terem formado
a banda e não chamá-lo pra ser o vocalista principal. A felicidade estava
presente na vida dos três amigos novamente.

Harmony Souls voltou ao palco, Tom falou algo no ouvido de Lisa , que sorriu a
concordou e enquanto a banda se preparava Lisa diz ao microfone: “pessoal, é
com muita alegria que reencontramos um amigo , ele é um dos fundadores
desta banda e é com prazer que chamo ao placo nosso amigo Louis para cantar
uma musica para vocês. Espero que gostem”. Tom ria ao fundo.

Aquilo pegou Louis de surpresa, não esperava por algo assim e enquanto fazia
sinal escondido de não, Eva ao seu lado batia palmas e gritava “Louis! Louis!
Louis !”. Ele sabia com ela do lado, não teria chance de sair de lá sem subir ao
palco. “Lembre-se que eu tenho uma leve queda por cantores” disse rindo
maliciosamente.

Louis se levanta e caminha em direção ao palco, poucos batem palma, afinal


ninguém lá tinha ido para ver a ele, e sim Harmony Souls. Louis da um tapa, de
leve na cabeça de Tom que não parava de rir. Combina com a banda alguns
detalhes pega um violão emprestado que estava ao lado sem uso, agradece ao
publico, começa a dedilhas uns acordes, e solta a voz em Shake Your
Tailfeather.

Enquanto cantava, Lisa e Tom se entre olhavam e boquiabertos com tamanha


surpresa, a presença de palco de Louis era incrível, que voz, que talento. Louis
era um verdadeiro showman. Ao final da musica, o salão inteiro ficou em
polvorosa. A alegria contagiante, conseguiu fazer até os desanimados da noite,
os que estavam sentados, se levantarem pra dançar. Eva era a mais animada
dentre eles. Louis era um sucesso, mas ele ainda não sabia disso.
16

A Change is Gonna Come: Reunindo os Fragmentos do Passado

Após sua breve apresentação Louis volta ao lugar onde Eva o esperava eufórica.
Ia recebendo felicitações e elogios e isto o deixou num estado de êxtase. Eva o
beijou ao chegar e deu seus pulinhos habituais com os olhos brilhando de
felicidade.

Após o show de Harmony Souls, Tom e Lisa voltam a se sentar com o amigo e
todos estavam apreensivos, pois tinha chegado a hora de uma conversa séria e
importante sobre o que aconteceu desde o acidente até os anos seguintes. Eles
decidem compartilhar suas histórias pessoais, detalhando como suas vidas se
desdobraram após aquele trágico evento.

Eva estava em pura felicidade, mas percebeu que não era uma boa estar por lá
neste momento. Agradeceu pelo espetáculo e enquanto se despede dos novos
amigos, Louis olha pra ela como olhar carinhoso e ela retribui o olhar com um
sorriso carinhoso antes de se afastar.

Agora tendo uma chance de compartilharem suas histórias e experiências ao


longo dos anos. Sentados em uma mesa iluminada, eles relembram as
memórias de sua juventude, as brincadeiras na rua, os sonhos que
compartilhavam e as dificuldades que enfrentaram.

Enquanto a conversa avança, Louis revela mais sobre sua jornada após sair da
prisão, suas lutas para encontrar emprego e um lugar para chamar de lar. Ele
compartilha suas aspirações musicais e como a experiência no palco despertou.

“ É difícil acreditar que já se passaram tantos anos desde aquela noite terrível.
Acho que é hora de finalmente colocarmos tudo em perspectiva e
compartilharmos nossas experiências.”

“ Concordo Tom. Acredito que seja importante reconstruirmos nossa história e


honrarmos a memória do meu irmão. Além disso, é uma oportunidade para
Louis entender o que realmente aconteceu.”

Louis respira fundo: “ Vocês têm razão. Sempre carreguei esse peso nas minhas
costas, mas nunca soube o que vocês passaram após aquele acidente.”

“Depois que você foi levado, a cidade inteira ficou em choque. Houve muita
especulação, muitos julgamentos injustos. As pessoas não entenderam que você
era apenas uma criança, e que não cometeu erro algum. E Lisa concorda que o
pai, sendo prefeito, quem iria contra o que ele falava. E ainda tinha o tio que é
Juiz da cidade até hoje”.

“Não foi fácil lidarmos com o fardo da tragédia. Meu pai ficou inconsolável, se
tornou um cara sem perspectiva, meu irmão era o filho perfeito pra ele.
Vivíamos brigando e minha mãe lutou para nos manter unidos, enquanto
enfrentava também o seu próprio luto. Hoje acredito que eles não tem duvida
que você é inocente, mas como vão falar algo assim. Sinto tanta falta do meu
irmão, assim como sentia de você e se não fosse o Tom tenho certeza que eu
não estaria aqui contando esta historia. Vocês não imaginam o quanto meu
pensamento me fez quase desistir. Me desculpe mesmo, do fundo do meu
coração, por favor me perdoa”. Lisa voltava a chorar.

“ Isso significa muito para mim, Lisa. Eu me senti tão perdido durante todos
esses anos, mas saber que vocês nunca duvidaram de mim me dá uma nova
perspectiva e entendo que vocês não poderiam fazer nada, éramos crianças, ate
para irmos pra escola precisávamos de nossos pais. Na cadeia você amadurece
muito rápido e me adaptei rapidamente e felizmente dei sorte, tive um
companheiro de cela que foi mais que um amigo, e não há o que pedir
desculpas, pois eu nunca duvidei de vocês.”

“Nós nos unimos como família, e eu gostaria que você voltasse a fazer parte
dela. Quando crianças, fizemos uma promessa que estaríamos sempre lá um do
lado d‟outro. Porque você não vem conosco e faz parte de Harmony Souls
novamente.”

“Mas isso é uma idéia maravilhosa Amor. Você sempre pensando com o
coração. Eu te amo tanto. Que tal, você vem?” Lisa se empolgou.

“Eu sempre admirei você, Lisa. Mesmo naqueles dias sombrios, seu espírito tão
brilhante era especial e me ajudou muitas vezes quando eu me sentia triste,
agradeço o convite, mas terei que recusar. Por acaso vocês notaram numa a
mulher que estava ao meu lado? vocês viram o quanto ela é maravilhosa ?
tenho uma vida boa e feliz e parte desta felicidade se resume principalmente a
aquela mulher que amo com todas as forças que Deus me deu. Ela sabe de tudo
que aconteceu em minha vida e esteve ao meu lado mesmo sabendo do meu
passado. Não demorou muito para que nos apaixonássemos. Decidimos seguir
nossos corações e construir uma vida juntos. E aqui estamos apoiando um ao
outro. Mas eu aceito seu convite Tom, de fazer parte de sua família novamente.
Quero estar presente nas suas conquistas e quero que vocês estejam nas
minhas. Espero que mantenhamos contato.”
“sabíamos que você sempre faria parte de nós, em algum momento Louis. Você
é nosso irmão de alma”.

A conversa continuou, mergulhando mais fundo nos detalhes da jornada dos


três amigos desde o acidente. Eles compartilham as histórias de seus
relacionamentos, seus casamentos, suas lutas e suas vitórias. Através desse
diálogo honesto, eles se reconectam em um nível ainda mais profundo,
reforçando sua amizade e seu vínculo inquebrável.

Enquanto Louis caminha pelas ruas na noite fria de Woodville, um turbilhão de


emoções estava presente em seu corpo inteiro. Coração acelerado, sentia seu
corpo quente, o efeito das bebidas também se mostravam presente. A Chance
is Gonna Come eram as palavras, em forma de canto que o acompanhava de
volta à sua casa criando um contraste emocional entre suas lembranças tristes e
seus pensamentos positivos para o futuro. A música transcende suas tristezas
passadas, impulsionando-o a seguir em frente e acreditar em um futuro melhor.
Os transeuntes que cruzam o caminho de Louis param por um momento,
capturados pela melodia cativante e pelas palavras que ressoam em seus
corações. Enquanto continua sua jornada solitária, aprisionada pelos contrastes
das luzes da cidade e as sombras que o envolvem, a música se torna seu refúgio
e sua inspiração para enfrentar os desafios que ainda estão por vir.

Uma semana depois, enquanto se preparavam para outra apresentação, Lisa se


sente muito mal, a principio um mal estar, depois ânsias e vômitos constantes.
Tom preocupado, pois ela tinha passado por muitas emoções nos últimas dias,
como o incêndio no clube que ela amava administrar, a viagem como uma
espécie de fuga, o reencontro com Louis.

“não e nada demais” disse o médico, “mas você precisa se cuidar mais daqui pra
frente. Devido ao que você tem passado ultimamente, eu recomendaria que
voltassem pra casa e cuidassem melhor deste bebezinho que você carrega”.
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Bring It On Home to Me: O Amor que Supera à Distancia

Louis está decidido a aprender a se tornar um cantor de sucesso e está disposto


a encontrar O Professor perfeito para ajudá-lo a alcançar seu objetivo. Ele
começa a pesquisar na em revistas musicais, vai a bares noturnos, pergunta a
outros cantores, que evitam a conversa, pois aumentaria a concorrência, mas
nada de chegar próximo ao objetivo.

Certo dia, enquanto comprava ao seu jornal, Louis se depara com a capa do
sensacionalista “Jornal National Enquirer"*, cuja noticia era "Floricultura Flores e
Risos: Onde as flores são tão divertidas quanto os palhaços!" e decidiu levar o
exemplar pra Eva.

Nesta matéria incomum, o jornal destaca uma floricultura única que oferece
uma experiência floral hilariante. A "Flores e Risos" é uma floricultura
especializada em arranjos florais e presentes que são projetados para trazer
alegria e risos aos clientes. Também menciona o fato de que a "Flores e Risos"
foi premiada como a "Floricultura Mais Divertida do Ano" pela Associação de
Jardinagem Cômica.

A noite sentado em seu sofá, sem ter muito o que fazer, Louis pega ao
“National Enquirer” se depara com um pequeno anuncio numa página onde
anúncios místicos eram feitos. Um post misterioso dizia apenas: Mr. Pitiful -
o professor capaz de levar seu aluno à nível extraordinário de talento.

Louis olhou por um tempo no anuncio e buscou ver se tinha mais informações
sobre ele no jornal e exceto o post misterioso, única coisa a mais eram os
números miúdos de um telefone 6345789.

Curioso e intrigado, Louis decide investigar mais a fundo e compra outros


jornais, que foram lançados e consegui alguns exemplares um pouco mais
antigos, porém não obteve sucesso em sua busca. Resolveu ligar. Do outro lado
da linha, uma voz arranhada, lembrando uma avó de 80 anos, conversava com
Louis e anotava ao recado dele. Bem, Louis pensou que ela estaria anotando.
Dois dias depois recebeu uma ligação e a voz arranhada falou que o Mr. Pitiful
estava disposto a recebê-lo como um aprendiz dentro de trinta dias e que seu
curso tinha duração de exatamente um ano, e se ele quisesse mesmo ter as
honras de ser o aluno do Mr. Pitiful, ele teria dois dias pra responder. Foi
exatamente assim que a voz arranhada falou com ele pelo telefone.

Os dois dias, foram difíceis para ele, a sua vontade era de nem ligar, afinal ele
era hoje em dia um cara feliz, tinha uma mulher maravilhosa ao seu lado, um
bom emprego e era respeitado por todos por lá. A comunidade de Woodville já
o conhecia e era tratado por todos com muita simpatia e carinho. Largar o certo
pelo duvidoso, não fazia parte de seus planos, ainda mais pra arriscar tudo isso
e por tanto tempo, por alguém totalmente enigmático, do qual ele não tinha
nenhuma informação. O que alguém conhecido como Sr. Lamentável poderia
lhe oferecer. Mas, em conversa com Eva lhe dava as forças para ir atrás deste
sonho, que ele era muito bom e que o mundo deveria conhecer o sucesso que
ele poderia vir a ter.

"Em um horizonte de incertezas, floresce a oportunidade de moldar um futuro


repleto de possibilidades e superações” disse Eva. “Doze meses não são doze
anos meu amor e eu ficarei bem. Sempre soube me cuidar e vou continuar me
cuidando, assim como a comunidade cuida de um aos outros”.

Noutro dia, Louis ligou para o tal número 634578, até o numero era enigmático
e acertou a sua ida com a senhora de voz arranhada. Durante os próximos vinte
e cinco dias, Louis teve que arrumar a sua vida, vendeu tudo o que não usava
ou precisava para juntar dinheiro, do qual Eva também ajudou com estas
despesas. Conseguiu junto ao Sr. Tosta Dantas um afastamento temporário.
Estes 25 dias pareciam que duraram apenas 25 horas.

Louis estava enfrentando uma série de emoções e sensações, incluindo


angústia, dúvida e até mesmo um pouco de pânico diante das incertezas que
surgiam ao considerar abandonar a vida estável em busca de um sonho
desconhecido e foi assim até a véspera de sua viagem. Em casa com Eva ,
fizeram amor pela ultima vez antes de sua partida. Na manha seguinte, seu
medo e empolgação pela viagem quase que o fizeram desistir, mas Eva sempre
o encorajava; “meu amor! No território do desconhecido, reside a chance de
descobrir nossa força interior e transformar incertezas em conquistas
extraordinárias. Sei que você vai conseguir, eu me apaixonei pela força incrível
do homem que existe em você, pode ir tranqüilo Louis, Eu Te Amo.”

Louis já dentro de seu vagão, guardou com cuidado seu violão e acenava pra
Eva que retribuía, e em quanto o trem começava a se locomover Bring It On
Home to Me eram as palavras cantadas que lhe vinha, se despedindo do seu
amado.
Após a morte do amigo Ruby Thompson , tanto Moyses quanto J.D. voltaram a
terem problemas um com outro e a parceria estava abalada. Moyses era
constantemente intimidado até que um dia ao receber bem menos do que lhe
foi prometido, aquilo foi a gota d‟água, ele tomou uma decisão. Na manha
seguinte, Moyses “Bluesman” Carter pegou um trem e nunca mais voltou `a
Bridgetown.

Aquilo foi uma traição para J.D. e o que aumentou ainda mais sua ira,
descontando na cidade aumentando os valores de seus serviços impostos. J.D.
estava completamente perdido , a culpa pela morte do amigo , mais a natureza
malévola adquirida o consumia por completo, realmente sentia falta do amigo.

Certo dia, ao entrar no mercado, se encontra com Ângela Thompson e seu filho
saindo. Conversaram bem brevemente e acabou oferecendo uma ajuda e uma
carona. Ao chegar, Angela o convidou para um café e não conseguiu dizer “não”
devido a tanta insistência dela. Conversaram por um longo tempo e vendo a
atual situação dela com o filho , prometeu ajudá-los.

Com o passar do tempo, o arrependimento estava socando seu corpo


diariamente. Acordava assustado quase todas as noites. Os breves encontros
com Ângela, passaram a se tornar um pouco mais demorados, passou a se
importar com eles, principalmente com Will, o filho deles, que sempre ia brincar
com ele, chamando-o de tio “Ragging”. J.D. apesar de ter se tornado este
monstro, ele era sábio, e se importava com eles. Decidiu que precisa se desligar
um pouco e resolveu fazer uma viagem, ficar um tempo fora. Ele já tinha
algumas pessoas com quem poderia deixar os negócios em confiança. Queria
voltar a ter o prazer que tinha antes com a música no qual havia se dedicado
por anos. Durante dois meses, fez pequenas apresentações em algumas cidades
e se sentia bem e feliz, mas o seu lado sombrio ainda permanecia.
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Mr. Pitiful: O Confronto e a ascensão do Poder Musical

A cidade de Bluevale é um local pitoresco e cheio de charme, situado a cerca de


10 horas de trem de Woodville. Conhecida por suas ruas de paralelepípedos,
arquitetura clássica e uma vibrante cena musical, Bluevale é considerada um
refúgio para os amantes da música.

Para Louis, sua ida para Bluevale era uma mistura de emoções. Ao partir de
Woodville, ele deixava para trás a familiaridade e a segurança da cidade que
passou a chamar de lar. A ansiedade tomava conta dele, mas havia também
uma sensação de excitação e curiosidade em relação ao que o esperava.

A saudade de Eva e de casa se misturava a insegurança de estar em um


ambiente desconhecido, Louis sabia que estava embarcando em uma jornada
de autodescoberta e crescimento artístico.

Curioso e intrigado, tendo ainda pouco mais de um dia pra o inicio das aulas,
decide investigar mais a fundo. Ele descobre que o Mr. Pitiful é conhecido por
ser uma figura enigmática, raramente aparecendo em público e mantendo sua
identidade em segredo. Rumores dizem que ele tem habilidades musicais
sobrenaturais e uma sabedoria profunda sobre a alma da música.

Enfim chegou o dia e determinado a encontrá-lo, Louis segue as pistas que


recebeu pelo telefone e que conseguiu durante sua investigação. Durante a
caminhada por lindas ruas de paralelepípedos, flores por todas as ruas, lojas
com as vitrines cheia de vidas e neste momento se sentiu em Woodville, mas
quanto mais ia andando, mas se aproximava de uma parte isolada de Bluevale.
Seguindo as informações no papel em suas mãos chegou ao destino. O prédio
era uma construção gótica de pedra, com janelas estreitas e enegrecidas, que
parecem guardar segredos sombrios. Ficou uns dois minutos na porta pensando
se deveria mesmo entrar. Apesar do tom sombrio do local, com as ruas não tão
cheias de vida como o centro comercial que passara antes, o bairro não era
abandonado, se ele fosse uma cor, seria cinza.

Ao entrar pelo portão, subiu dois lances de escada e chegou a uma porta verde
cor de mofo escrito MR. PITIFUL – ENTRE SEM BATER. A iluminação é fraca,
criando sombras dançantes nas paredes de pedra. O som de notas distantes e
melancólicas ecoa pelos corredores, adicionando um ar de mistério ao
ambiente. As cortinas pesadas cobrindo as janelas e velas acesas, lançando luzes
trêmulas sobre partituras antigas e instrumentos musicais empoeirados.
Quadros antigos com retratos enigmáticos de grandes músicos do passado
adornam as paredes, o observando atentamente enquanto caminha no corredor
em direção a um jovem sentado atrás de uma mesa .

“ola bom dia, me chamo Louis e tenho agendado pra hoje um inicio de aulas
com o Mr. Pitiful”

O jovem tinha um rosto tão sereno, tão cheio de vida, em nada se comparava
com aquele ambiente nostálgico. “seja bem vindo, fico feliz que pode chegar
bem. Espero que tenha feito uma boa viagem”.

Um frio gelado correu pelas costas de Louis, lá estava a voz arranhada que ele
tinha ouvido pelo telefone, saindo pelo microfone de garganta que o jovem
segurava em sua mão.

Enquanto esperava sentado pelo Mr. Pitiful, Julian o jovem, se mostrava tão
prestativo e fez com que Louis se sentisse mais relaxado, tranqüilo e animado,
porém ainda desconfiado. Cinco minutos depois ele é autorizado a entrar e
enquanto caminha em direção a uma porta de vidros, todo pintada de preto,
olha para Julian que simula um sorriso forçado. “meu Deus, onde fui me meter”
pensou.

Ao abrir a grande porta, um novo mundo surgiu em seus olhos. Ele nunca viu
algo tão lindo em toda sua vida. Luzes brilhantes contagiavam o ambiente.
Adentrando a uma sala gigante, imersa em uma atmosfera dourada e cheia de
vida, como se o próprio sol se manifestasse em cada detalhe. Os anos 40,50
deixaram sua marca pelos lindos móveis. As cores vibrantes dançam em
harmonia, criando um espetáculo caleidoscópico. Os tons dourados, sinônimo
de sofisticação e glamour, se entrelaçam com variantes intensas e provocantes,
resultando em uma estética deslumbrante. Nesse lugar encantado, a energia é
contagiante, os sons envolventes que soavam pelo ambiente o levava a um
imenso palco onde poderia dançar por horas com seu amor Eva, ficou perdido
em meio a um sonho que jamais desvanece. É um cenário deslumbrante, onde a
beleza é palpável e o encantamento é infinito.

Enquanto fica admirando, olhando para todos os lados possíveis, abre-se uma
porta e de traz surge um ser gigante, um sujeito exuberante e cheio de
vitalidade. sua figura rechonchuda e um sorriso contagioso, ele transborda
energia positiva e caminha dançando indo ao encontro e Louis que permanece
imóvel e boquiaberto. Seu corpo em movimento constante é uma celebração da
vida, e suas risadas são contagiantes. Seu estilo de vestuário é único. Ele vestia
roupas coloridas e alegres. Sua camisa vibrante num misto de laranja e rosa,
combina com calça larga em cores contrastantes num tom de verde ou seria
azul. Seus sapatos são confortáveis, mas não menos extravagantes, com
detalhes brilhantes e acabamentos metálicos que ornavam a acessórios como
óculos de sol, chapéu colorido na cor da calça e segurava a um lenço
estampado que dava um toque de charme.

“Louis meu filho, como é bom te ver, não imagina a minha felicidade em ter
você por aqui” e beija seu rosto, deixando Louis sem entender absolutamente
nada. “Seja bem vindo a escola do Mr. Pitiful , o próprio que vos fala”, fez uma
reverência. “desculpe fazer você esperar este tempo, mas você sabe, foi
proposital, e não vamos perder mais tempo. Temos muito trabalho a fazer. Vem
comigo”, e sua expressão já era de um homem bravo e sério.

“Quem era esse tal Mr. Pitiful e onde eu fui me meter”, pensava Louis.

Os dias iam passando e Louis observava atendo a tudo que o exigente Mr.
Pitiful lhe ensinava. Era um excelente professor de música, dedicado a ensinar a
arte do blues a seu aluno. Ele guiava Louis por um caminho de autodescoberta
musical, ajudando-o a se tornar um verdadeiro bluesman.

Louis mergulhou de cabeça em suas aulas com Mr. Pitiful, ansioso por aprender
e aprimorar suas habilidades musicais. No entanto, ele não esperava que as
lições fossem tão desafiadoras e, às vezes, constrangedoras. Mr. Pitiful sempre
foi implacável no ensinamento, buscando extrair o melhor dos seus alunos.

A primeira lição foi de presença de palco. Ele o instruiu a andar pelo palco com
confiança e a se expressar através de gestos e movimentos corporais. Louis se
sentiu desajeitado no início, mas Mr. Pitiful o incentivou a se soltar e a encontrar
sua própria linguagem corporal para transmitir sua música. Era desconfortável
para Louis se exibir dessa forma, mas ele sabia que era parte do processo de se
tornar um artista completo.

A segunda lição focou na conexão com o público. Mr. Pitiful ensinou a olhar nos
olhos das pessoas enquanto cantava, transmitindo emoção e paixão através de
suas expressões faciais. Para ele foi uma tarefa desafiadora. Ele era naturalmente
tímido e não se sentia confortável olhando nos olhos dos outros. Mas com a
orientação e incentivo de Mr. Pitiful, ele começou a se abrir e a se conectar
verdadeiramente com o público, vendo as reações e sentindo a energia em
retorno.

Uma das lições mais constrangedoras para Louis foi a técnica vocal. Mr. Pitiful o
colocou em exercícios vocais desafiadores e o incentivou a explorar as
diferentes tonalidades de sua voz. Sentiu-se vulnerável ao tentar alcançar notas
altas ou controlar seu tom. Às vezes, ele errava e sentia seu rosto corar de
vergonha. Mas Mr. Pitiful sempre o encorajava bravamente a continuar,
lembrando-o de que o caminho para a grandeza envolvia desafios e superação.

Outra lição importante foi sobre a interpretação das letras das músicas. Mr.
Pitiful mostrou como transmitir a emoção e a história por trás de cada palavra.
Eles mergulharam nas letras das canções, explorando suas variantes e
significados. Aprendeu a contar uma história através de sua voz, a deixar a
música fluir em sua alma e a compartilhar sua própria experiência emocional
com o público. Essa conexão profunda entre a música e as palavras transformou
sua interpretação.

Ao longo de semanas de treinamento intenso, começou a se sentir mais


confiante e seguro de si mesmo. Ele absorveu as lições de Mr. Pitiful e as
aplicou em suas apresentações, vendo a resposta positiva do público. Cada vez
mais, ele se sentia à vontade em seu próprio corpo e em sua voz. Louis estava
se tornando um verdadeiro artista, pronto para enfrentar qualquer desafio.

À medida que as aulas avançavam, introduzia Louis às histórias e às origens do


blues, compartilhando exemplos de grandes mestres do gênero. Ele o
encorajava a explorar suas próprias experiências pessoais e emoções, utilizando-
as como inspiração para compor suas próprias músicas. Julian acabou se
tornado um amigo de verdade, estava sempre presente e nas horas que Louis
estava de folga era sua companhia como guia local. Ele falou que foi aluno
também de Mr. Pitiful , do câncer que teve na garganta, impedindo que ele
pudesse ir atrás do sonho de ser um famoso cantor de Jazz. Julian era um
excelente saxofonista e tinha um habito estranho de morder broto de abóbora.

No entanto, os ensinamentos do dele também poderiam apresentar algumas


adversidades para Louis. Por exemplo, ele desafiava Louis a enfrentar suas
inseguranças e a se expressar plenamente através da música, o que poderia
deixá-lo vulnerável e exposto. O professor também enfatizava a importância da
perseverança e da prática, o que exigia de Louis um comprometimento e
esforço constantes.

As qualidades de um grande professor sábio, como o Sr. Pitiful, incluem


paciência, empatia e capacidade de adaptação. Ele era sensível às necessidades
individuais de Louis e encontrava maneiras de se conectar com ele em um nível
mais profundo. Além disso, ele encorajava a autoconfiança de Louis,
incentivando-o a explorar seu próprio estilo e voz no blues. Ele também
transmitia sabedoria ao compartilhar sua própria experiência e conhecimento
inspirando-o a abraçar a autenticidade e a paixão pela música. Aos sábados à
noite, levava Louis a um clube local aonde conhecia o dono que ficava feliz em
ter os alunos de Mr. Pitiful tocando de quase que de graça e Louis ate então,
tinha se mostrado o melhor de todos.

Louis adorava cada momento ao seu lado. Mr. Pitiful realmente tinha um dom
pra ser professor, ele amava ensinar, e isso o fez se questionar. Como um
homem igual a ele não tem outros alunos? Como ele não era um cantor
conhecido. É impossível não olhar pra ele e ver um artista completo e pra Louis
a palavra sucesso e Mr. Pitiful deveriam ser sinônimos. Eram raros os momentos
em que o professor tirava um momento de folga e era nesta hora que ele se
transformava naquele “ser” alegre, divertido, alto astral, extravagante que
conheceu no primeiro dia.

Nas noites Louis se dedicava a dedilhar seu violão e então, às vezes, se


deslocava até a rodoviária local para poder ligar pra Eva e ficavam conversando
por um breve período de tempo, já que ele precisava economizar ainda durante
um bom tempo, mas não deixava de escrever com freqüência. Ouvir as palavras
de Eva lhe dava mais força pra continuar, ela sempre transmita o conforto do
qual precisava. Ela era corajosa, e só precisava retribuir a ela, todo amor que ela
dava a ele. Faria tudo por ela.

Sete meses após o inicio das aulas, Louis já era uma realidade. Sua presença de
palco, sua dança, sua voz já era comentada pelas ruas da cidade e o dono do
clube agradecia pelas noites de sábados, pois sabia que seria uma bom dia pros
negócios. Isso ajudou a Louis a ganhar uns trocados a mais com o cachê e assim
ele pode ter mais tranqüilidade com suas despesas e passou a ligar pra Eva,
com mais freqüência. Seu breve sucesso fez com outros clubes locais e até
mesmo da região, passaram a contratá-lo. Louis era só felicidade e Mr. Pitiful
sempre observando de longe com seriedade.

Certa noite enquanto se preparava para cantar no Little Babe Club percebeu
uma agitação que viria de fora do clube e que adentrou-se, quatro homens mal
encarados, um tanto quanto rudes, empurravam aos clientes enquanto
andavam pelo recinto. Gritavam, menosprezando o clube e caminharam em
direção ao palco. No centro destes quatro homens, vinha uma outro totalmente
esnobe, mal educado e um tanto quanto selvagem, porém elegante, tinha uma
presença marcante que impressionava e em sua mão , trazia um trompete
dourado.

Jack. “ Raging Storm” Davis estava na região e tinha ouvido falar sobre um tal
de Louis Anthony e foi lá pra ver se ele era tudo isso mesmo que falavam.

“Por acaso você é Louis Anthony? ouvi dizer que pretendia tocar hoje por aqui”
“Sim, sou eu. E não. Não pretendia tocar. Eu VOU tocar”

“Olha amigo, eu vou tocar hoje aqui e longe de mim, mas você precisa arrumar
um nome melhor se quiser ser cantor” e riu. Seus capangas riram depois.

Loius apenas o ignorou e virou de costas, para voltar a arrumar as coisas.

“Não vire as costas pra mim enquanto falo com você seu desgraçado maldito” e
o empurrou bravamente, fazendo com que Louis caísse sobre os instrumentos e
quebrasse o seu violão.

Louis se levantou e fechou os punhos, seu rosto se fechou em ódio e raiva.


Sentiu o sangue ferver e tentava buscar o conforto na lembrança da amada,
mas não conseguiu, fechou os olhos e tentava buscar alguma palavra, conversa,
que teve com o amigo Bobby, porém nada lhe vinha a mente também, e
enquanto os capangas e J.D. se divertiram do caso e Louis se preparava para
fazer algo que se poderia se arrepender, as palavras chegaram a ele através de
Wilson Anthony, o seu pai “ Meu filho, a força para superar os desafios está
dentro de você. Enfrente as dificuldades com determinação. Escolha sabiamente e
siga em frente, aprendendo com os erros. Seja corajoso e faça as escolhas certas,
mesmo quando parecer difícil. Eu acredito em você e estarei sempre ao seu lado.
Seja forte e construa uma vida que te orgulhe."

Louis se recompôs, enquanto olhava para os cinco homens em sua frente “e que
tal um desafio? Uma pequena disputa; uma musica apenas e quem tocar melhor
fica o resto da noite”

“Esta é uma boa idéia. Eu aceito o seu desafio”.

Foi neste momento que o homem sentado bem do lado do palco, tomando
em sossego seu copo de whisky e contemplando o acontecimento resolve se
intrometer.

“ Rapazes! Rapazes! É admirável a coragem de vocês em participar desta idéia


idiota de um desafio.” Disse Mr. Pitiful tranquilamente, enquanto dedilhava o
gelo no copo de Whisky. “ e eu te proíbo deste desafio”, apontando o dedo a
Louis

“Eita Vida! O que é isso! O circo está na cidade? De onde saiu esta aberração?”
“ engraçado você falar em circo, eu achei que você o Homem-bruto e suas
mulheres ferozes, tinham sido contratados pelo gerente e isso fazia parte de
suas performances. Confesso, eu estava bastante entretido.

Randell, um dos capangas saltou em sua direção, e num piscar de olhos Mr.
Pitiful levantou-se e deferiu um soco que fez o capanga dar passos pra trás e
caiu desmaiado e voltou a sentar-se. Louis não acreditava no que estava
presenciando.

Enquanto os outros capangas ameaçam partir pra cima dele, J.D. grita:

“PAREM! Você não faz a mínima idéia de quem sou e no que está prestes a
acontecer com você”.

“Eu sei muito bem quem és. Você é Jack “MotherFucker” Davis , filho de Clay
“Ashole” Davis” e Dayse “Bitch” Davis”.

Aquilo pegou J.D. desprevenido. Quem era aquela criatura que sabia tanto
dele. A princípio passaria despercebido como uma pessoa sem importância, um
desqualificado, um Zé-ninguém. Caminhou em direção a ele, com raiva entre os
dentes. Colocou as duas mãos sobre a mesa e olhando em seus olhos,
perguntou rosnando:“ Ah é seu desgraçado. E quem diabo é você ?”

Um sorriso brotou em seu rosto que virou uma gargalhada alta e rapidamente
se levanta empurrando a mesa sobre J.D. que caiu assustado sentindo um frio
gelado percorrendo suas espinhas até a nuca. Uma figura crescendo e se
expandindo, preenchendo cada centímetro do espaço ao seu redor, deixando a
sala tomada por uma ilusão de força e imponência. Seu corpo parecia se esticar
além dos limites. Eles me chamam Mr. Pitiful , esse é meu nome agora.
19

"You Are My Sunshine: A Maternidade Floresce na Distância"

Já tinham se passado seis semanas e Eva, sentia muitas saudades de Louis. Por
mais que as atividades rotineiras não deixavam de existir, era à noite, que
acabava sendo a pior parte de todo o dia. Seu trabalho na floricultura consumia
muito de sua energia, mas ela se sentia segura e sempre estava feliz. Ela
realmente amava no que trabalhava. A comunidade tinha muito carinho por
ela, então durante as manhas, ela não se sentia solitária. Continuava indo aos
eventos festivos, quando dava para ir, apesar de ser convidada para todos. Só
não ia mais nos eventos noturnos, pois Louis poderia ligar. Assim como Louis,
ela o escrevia constantemente.

Um dia enquanto trabalhava no jardim no fundo da floricultura, ao levar um


saco de adubo pra um canto, sentiu uma tontura o que a fez perder o equilíbrio.
Sentou-se num banco para respirar melhor, mas um enjôo se manifestou e ali
mesmo ela acabou vomitando. Neste dia acabou voltando mais cedo pra casa ,
deixando a floricultura ao cuidados dos funcionários. Durante os próximos dois
dias, foi trabalhar normalmente e teve outras manifestações de enjôo. A noite
em casa recebeu a ligação esperada de Louis, mas não contou a ele sobre este
problema. Não queria deixá-lo preocupado e pelas conversas, ele esta muito
feliz em estar lá tendo o aprendizado.

No dia seguinte , enquanto tomava seu café da manha, teve um enjôo matinal,
brando e persistente e foi o suficiente para ir ao medico. Ela queria não
acreditar no que estava por vir, tinha esperança que poderia ser mal estar
devido ao trabalho, ou até pelo sentimento de tristeza pela ida do amado. Mas
ela já sabia o que seria. O doutor entrou no consultório com o resultado do
exame de sangue nas mãos.

“ meus parabéns Eva !! você será uma mãe incrível”

Com ternura, tocou sua barriga, Aconchegando em seu ventre, uma nova vida.
Eva é tomada por uma mistura intensa de emoções ao descobrir que está
esperando um filho, especialmente porque seu marido encontra-se em uma
viagem longa e demorará a retornar. A alegria e a euforia inundam seu coração
ao perceber que uma nova vida está se formando dentro dela, carregando
consigo um amor imenso e indescritível. Ela se conecta profundamente com o
bebê em seu ventre, sentindo cada movimento como um presente valioso.
No entanto, em meio à felicidade, surgem também dúvidas e um leve temor
que a envolvem. A saudade e a solidão se fazem presentes quando ela pensa no
marido distante, cumprindo suas obrigações longe de casa. Uma pontinha de
tristeza a invade ao imaginar a jornada que terá de enfrentar sem a presença
dele, com a espera cheia de incertezas.

À medida que os dias se transformavam em semanas, Eva enfrentava desafios


diários. As incertezas sobre o futuro e a responsabilidade de criar uma criança
sozinha eram avassaladoras, mas ela encontrava força nas palavras de otimismo
de Louis, ou nas cartas quando as recebia. Ela decidira que não iria contar pra
ele a não ser que algo pudesse prejudicar a sua saúde. Com o passar do tempo,
Eva percebeu que precisava de ajuda na floricultura, pois a barriga crescente
dificultava algumas tarefas.

Foi então que ela decidiu contratar Janah Sparks, uma jovem habilidosa e cheia
de entusiasmo. Conheceu Janah bem nos primeiros dias de sua gestação e da
mesma maneira que conheceu Louis, entregando flores aos passageiros que
chegavam na cidade. Janah rapidamente se tornou uma presença constante na
cidade de Woodvile e muitos diziam que elas eram irmãs, de tão parecidas. De
rosto, nenhuma semelhança, mas a personalidade era a mesma. Janah brilhava e
por onde passava, radiava alegria, chamando atenção de todos, especialmente
um. Foi sem duvida a melhor escolhe que Eva fez. A amizade entre as duas
floresceu, e Janah se tornou uma parte essencial do cotidiano de Eva.

Certo dia Janah voltava pra casa carregando algumas sacolas e Marc Zompero,
achou que deveria ir falar com ela. Ofereceu ajuda no que ela aceitou
prontamente. Ela já o tinha observado de longe e ficou feliz com a ajuda.
Durante um tempo, Marc passava sempre pra visitá-la na floricultura, Eva
apenas dava risada e brincava com a situação, mas eles logo acabaram
namorando e até que foi bom, pois Marc, mostrou-se o bom amigo que Eva
dizia ser e ajudava constantemente elas na floricultura.

Um dia, com 25 semanas de gravidez, uma encomenda chegou endereçada a


Louis. Eva ficou intrigada, pois não esperava nenhuma correspondência para ele
durante a ausência quanto mais uma caixa considerada bem grande. Confiante
de que conseguiria entregar pessoalmente a Louis quando ele voltasse. O que a
deixou bastante desconfiada e apreensiva era o que estava escrito no campo de
remetente: Complexo Correcional de Woodville e pensou muito se deveria ou
não abri-la. Dentro dela tinha um lindo violão, todo em mogno envernizado,
adornado com detalhes meticulosos. Ao tocar uma nota, o espaço de sua sala
ganhou vida. Em nada se lembrava àquele outro que Louis levou em sua
viagem, aquele em sua mão era o violão mais belo que já tinha visto. Por baixo
do violão tinha uma carta, mas decidiu guardar a tudo, confiante de que
conseguiria entregar pessoalmente a Louis quando ele voltasse.
As semanas que se seguiram foram desafiadores para Eva. Ela enfrentou noites
insones, cansaço extremo e os altos e baixos emocionais típicos da gravidez.
Mas cada vez que sentia o movimento do bebê dentro de si, seu coração se
enchia de amor e determinação.

Finalmente, o dia tão esperado chegou. Eva deu à luz uma linda menina,
decidiu chamá-la de Angelica. Este nome seria em homenagem a sua mãe que
havia falecido no dia do seu nascimento Os primeiros momentos com sua filha
foram mágicos. Nas noites, Eva embalava sua filha no colo e quando Angelica
chorava You are my Sunshine era a musica que a acalmava e lhe fazia dormir
como um anjo que era. Eva também enfrentou a realidade de ser mãe solteira.
Cuidar de Angelica sozinha exigia esforço físico e emocional, mas Eva encontrou
forças dentro de si mesma que nem sabia que possuía.

Faltando pouco mais de um mês pra sua volta, recebeu uma ligação aflita de
Louis . O seu violão havia se quebrado e ele não saberia como iria fazer para
continuar com os shows agendados que estava fazendo, e para a prova final
que estaria para acontecer.

Eva então lembrou do violão. “tenho uma surpresa pra você. Bem! na verdade
são duas. A primeira você irá receber aí em breve. A segunda você vai ter
quando retornar”.

Enquanto o primeiro ano sem Louis chegava ao fim, Eva refletia sobre a jornada
que havia percorrido. Ela cresceu como mulher e encontrou coragem em
momentos de desespero e experimentou um amor incondicional ao segurar sua
filha nos braços. A experiência a tornou mais invulnerável e determinada a criar
Angelica em um ambiente cheio de amor e oportunidades.
20

Seven Steps to Haven: A Jornada Inspiradora

Enquanto Mr. Pitiful brilhava sedo guiados por luzes de holofotes invisíveis e
swinguando entre todos os presentes, Louis foi levado um instante de susto e
assombro a admiração e fascínio e seguranças e policiais entraram no clube,
levando J.J. e seus capangas embora, gritando palavras ameaçadoras. Aquele
revelação artística do seu professor o deixou em êxtase e agradeceu a Eva por
ter lhe convencido a fazer a tal ligação reservando a sua vaga como aluno.

Mas tarde, enquanto sentados Louis e seu professor que não largava seu copo
de whisky estavam sentados num canto mais isolado do bar, conversando sobre
aquele dia atípico.

“hoje foi um dia e tanto , heim?” disse Mr. Pitiful.

“ mas o que foi aquilo!!!! ? nunca vi algo que me desse tanto medo e mesmo
assim eu fiquei completamente deslumbrado com você” , as palavras de Louis
saíram eufóricas.

Sentado em seu canto ensombrado, com um sorriso triste nos lábios, ele
começa a contar:"Quando eu era jovem, minha vida não foi fácil. Não lembro de
ter conhecido meus pais e cresci literalmente na rua e ninguém dava a mínima.
Eles riam e me chamavam de 'Pitiful' (lamentável). Minha vida era uma sucessão
de desafios e dificuldades, me tratavam como um qualquer ser repugnante,
alguém cujas aspirações e sonhos pareciam estar fora de alcance. Mas eu não
deixei que isso me abalasse. Eu sabia que tinha algo especial dentro de mim,
uma chama que queimava intensamente. Então, um dia, eu decidi mostrar a
todos quem eu realmente era. Encontrei consolo na musica, queria ser um
Soulman. Eu andava atrás de qualquer som que ouvia e ,como todos, despertei
uma vontade se ser um grande cantor e tinha na musica a oportunidade de
transformar meu próprio destino. Abracei este apelido que me deram e o
transformei no meu amuleto da sorte e joguei pro universo que pudesse ma
trazer algo positivo, mudei de cidade onde ninguém me conhecia já como um
outro rapaz e aos poucos esta personalidade se moldou em mim. Eu não sabia
nem ler e escrever, e logo conhecia A Srª Teresa Scott que foi a minha
professora. Ela tinha uma habilidade incrível de perceber as necessidades
individuais de seus alunos. Sua dedicação e amor pelo ensino brilhavam em sua
abordagem. Não vou tomar muito de seu tempo, mas a Srª Teresa tinha uma
habilidade incrível de perceber as necessidades individuais de seus alunos, bem
como suas futuras qualidades. Ela me dizia que eu seria um excelente um
professor único e aos poucos, eu percebi que eu gostava de ajudar aos novos
alunos dela, eu realmente gostava de ensinar e foi isso que me fez me tornar
um professor. Eu quis unir as duas coisas que mais gostava , musica e ensinar e
deixei meu nome de lado e me tornei o Professor Mr. Pitiful.” E bebeu mais
uma grande dose do seu whisky e pediu outro pro garçom. .

“realmente é uma historia muito cativante, bonita de se ouvir e sou muito grato
mesmo pelo que você faz por mim. Eu acabei me privando de coisas para estar
aqui, sem saber o que eu encontraria, mas foi a melhor decisão tomada. E a
propósito; qual o seu verdadeiro nome ?” pergunta Louis.

„”Se você vencer o desafio, ficará sabendo.”

“ mas qual desafio? você acabou de me proibir do desafio e isso não foi legal,
eu iria destruir aquele sujeito repugnante. E outra, de onde você conhece ele ?

“Eu conheci o pai dele faz uns trinta anos no Festival Grand Ole Opry* em
Nashville tinha sido minha primeira viagem sozinho e fiquei num hotel barato
de beira de estrada uns cinco km longe do festival e o pai dele também estava
hospedado lá, mas diferente de mim, Clay esta a negócios. ele tinha uma fabrica
de tecido e estava neste hotel pois era o lugar mais próximo de onde estava
fazendo novos negócios. Ficamos amigos e conversamos bastante e ele me
prometeu um emprego, fiquei com seu contato e eu pensava seriamente em ir
pra lá. Quando eu o escrevi, os negócios já não estavam bem, e ele precisou
mandar alguns funcionários embora e que em breve fecharia a fabrica. Eu sabia
que ele era um jovem pai e morava com sua esposa e filho em Bridgetown”

O simples fato de ouvir o nome de sua cidade Bridgetown, não foi algo que fez
bem a Louis. Ele conhecia a antiga fabrica e seu pai foi um dos demitidos. Não
conhecia os donos, mas conhecia o nome Davis.

“Tem uns cinco anos, e ouvi falar de um lugar o Jazz Echoes Club, recém
inaugurado e que estava fazendo um grande sucesso entre os amantes de boa
musica de boa cerveja. Falaram que era comum dar de frente com alguma
celebridade e há três anos eu estava por lá na região e fui conhecer. Ao chegar
na cidade vi que o Clube era numa antiga fabrica, que lugar maravilhoso é
aquele clube, tão cheio de energia , valeu a pena ter ido. Lá acabei encontrando
Clay com sua esposa, e sentei na mesa com eles num lugar privilegiado , eles
estavam lá pra prestigiar o show do filho. O lugar estava lotado, seria o primeiro
show do filho após O Batismo. O show de J.D. foi maravilhoso, suas melodias
nos dava impressões que faltavam apenas Seven Steps to Haven e deixou a
todos encantados, o lugar era tão animado e todos estavam em êxtase, não se
via uma pessoa que não estava dançando e contemplando ao espetáculo, e por
isso lhe proibi desta disputa. Louis vai por mim, você é sensacional, é muito
bom e está quase lá, mas ainda não está preparado para tal nível de disputa.”

Louis queria não acreditar no que estava ouvindo, não parecia que aquele tal de
“Raging Storm” fosse tudo isso, mas neste quase um ano na presença de Mr.
Pitiful , percebeu que ele era autentico e verdadeiro,e continuou ouvindo.

“ após o show, sabe como é, você se torna o centro da atenção. Todos querem
ter um tempo ao seu lado, conversar, as mulheres se atrevem, todas estas coisas
que você esta vivenciando e ele veio até a mesa dos seus pais que nos
apresentou. Eu lhe dei os parabéns, realmente o show foi digno de aplausos,
mas ele estava tão disperso, os amigos ao seu lado o chamando pra beber, ele
apenas agradeceu e foi comemorar com eles, tenho certeza que ele não me
reconheceu. Ele parecia ser mais humilde e os pais dele, que me perdoem, eles
não mereciam aquilo que falei. Não tem culpa do filho se tornar um imbecil.”

Louis escutava atento a tudo que o professor falava, tirava disso um


aprendizado. Aquilo era uma aula gratuita. “Mas que coisa é essa de „O
Batismo? Eu já fui batizado quando criança”.

“Então, é esse o desafio que você precisa vencer, e em breve isso vai acontecer,
mas por enquanto não vamos conversar sobre isso”

“Você tem alguma ideia de como consigo arrumar isso?” mostrando em suas
mãos o violão quebrado.

“Meu aluno, lembre-se de que a verdadeira música reside em seu coração e em


suas habilidades. Mesmo com o violão quebrado, você possui uma melodia
única dentro de si. Um violão quebrado não define o seu talento musical. Ainda
temos um tempo e sei que VOCÊ vai conseguir dar um jeito e agora me de
licença, quero beber tranquilamente meu whisky. “

Caminhando em destino ao palco para arrumar as coisas, reparou um brilho


refletido que vinha debaixo do palco e ao pegar o tal objeto, de deparou com
um lindo trompete dourado.
21

Soulful Strut : O Duelo Histórico e Incendiário

A medida que os dias passava Louis se sentia mais apreensivo e preocupado,


afinal estava sem violão, e Mr. Pituful deixou bem claro que era um problema
pra ele resolver, e o grande dia da tal disputa musical estava pra acontecer.
Faltando quinze dias pro confronto musical, Mr. Pitiful chama ele em seu lindo
escritório.

“sente-se vamos conversar.” Ele disse enquanto se servia de uma dose calorosa
de whisky. “acho que chegou a hora da conversa mais importante. “Estamos
quase finalizando nosso contrato, e você precisa saber algumas coisas sobre
tudo que envolve esta competição, e também onde eu me encaixo nela. Nós
somos em cinco professores que seguimos a este ritual e temos algumas
divergências, algumas discussões, mas podemos nos dizer que somos amigos
no final. Todo ano é feito um sorteio de quem vai ser a dupla de professores,
neste momento os outros três, estão ansiosos para verem quem será o
escolhido, porém só serão dois, e eu e Mr. Scigliano não estaremos
participando. Tudo isso desde a publicação no jornal, até sua vinda, o local que
escolhi para ensinar é místico e gera expectativas incríveis pro final. Escolas de
musica tem em todo lugar, não é mesmo? E já que você quer ser o melhor, nós
também temos que ser o melhor a oferecer, te tratando como único. Você está
pronto e foi sem duvida o melhor aluno que tive ate o momento, depois do
Alex. Coitado ele seria o melhor de todos. Mas você vai terá um ótimo
adversário pelo que soube. Indiferente se você ganhar, saiba que o seu
adversário vai ser um ótimo sucesso também pela frente, podendo ser muito
melhor que você depois no final, isso vai depender de como você vai se
comportar e você já viu pelos próprios olhos através do “Raging Storm” que a
fama, não traz só momentos bons, ela pode acabar com o bem que tem dento
de você.”

Louis apenas escutava, nesta altura dos acontecimentos, já sabia como e


quando era para dar a sua opinião.

“Uma vez você me perguntou do por que eu não tenho outros alunos. É porque
não preciso. Nós cinco nos dedicamos apenas em escolher um, e sabemos que
vai ser um grande músico ou artista. Quanto mais alunos, maior a conversa
paralela, é um querendo se sair melhor que outro, invejas, ofensas, isso não traz
um ambiente bom, todos se drogam com o mal quando manifestado. Eu me
preparei para ser um ótimo professor, e meu trabalho eu sei que faço muito
bem , que é ensinar e quero que meu aluno também se prepare tão ou até mais
que eu, e fico feliz em ter feito a escolha certa em te aceitar.” E fez uma
pequena pausa. “agora como você vai se comportar , e o que tem que fazer,
isso cabe apenas a si próprio.”

“obrigado mesmo pelas palavras, e confesso que não foi fácil. Tive que me
sacrificar, mas não me arrependo em nada, cada dia foi uma aprendizado e me
sinto muito melhor, mais confiantes. Sei que eu posso ser um sucesso, mas sinto
saudades de casa e da minha querida Eva. Tudo isso que faço, no fundo é para
ela, que sempre me apoios em todas as circunstâncias. Mas posso estar
convicto que esta foi a melhor experiência que vou ter na minha vida”, Louis
ainda não sabia que esta experiência, nem de perto seria a melhor.

“daqui dez dias viajaremos, e espero mesmo que você consiga arrumar seu
violão a tempo. Quando dermos entrada no local você vai ter que deixar ele
com organização onde ficará até o momento final da disputa e se você não
conseguir um ate lá, meu ano foi totalmente desperdiçado”.

Uma semana se passou e Louis estava mais aflito ainda. Seu violão que foi
deixado num estabelecimento para conserto ficaria pronto em até dois dias,
mas a incerteza era o que mais lhe dava a esta aflição. Até tinha arrumado um
emprestado, mas ele queria disputar com o seu. Nesta noite, enquanto estava
no seu quarto de motel no qual ficou durante este ano todo, lhe batem à porta
e ao abrir era o recepcionista trazendo um grande caixa em sua mão. Ao ver o
nome de Eva como remetente, lembrou que ela tinha dito, há poucos dias que
ele receberia uma surpresa e ao abrir a caixa, ele teve a maior de todas. Um
lindo violão se encontrava dentro que o deixou encantado e um pequeno
envelope.

Meu amado Louis,

Para você continuar com seu sonho. Estamos com saudades e torcendo por
você. Por aqui estamos todos bem e esperando por seu retorno em breve.

Te amamos muito.

Que mulher incrível ele tinha, ela sabia exatamente de tudo que precisava. Ficou
sensibilizado por ela ter compartilhado o momento e que todos os amigos e
que estavam torcendo por ele. Pensou.

Com posse do vilão em suas mãos, vislumbrava em cada detalhe do corpo dele.
Cada nota tocada era uma poesia que soava. Era o que faltava para tirar aquele
peso sobre as costas e pode relaxar melhor. Deitado na cama e em posso do
lindo violão, dedilhando algumas notas, sentiu uma leve familiarizada com ele e
olhando melhor e mais perto dos detalhes reconheceu o nome escrito numa
parte da escala: Bobby

Enquanto viajam pra Memphis , Tennessee, vão conversando sobre mais


detalhes sobre o evento. Louis era apreensivo. Louis, um talentoso guitarrista,
estava prestes a enfrentar seu adversário, um habilidoso saxofonista, na final de
uma competição musical. Os dois competidores haviam impressionado seus
professores e a todos, cada qual com sua maestria e habilidades técnicas.
Chegaram numa quinta-feira e o evento seria no sábado. Na sexta-feira se
apresentaram a organização pela manha onde Louis foi orientado a deixar o seu
violão lá guardado.

“como ele chama” disse o jovem que estava anotando sua inscrição.

“ meu nome é Louis”

“do violão eu quis dizer, qual o nome dele por favor “

Louis pensou na pessoa mais importante da vida dele. “Eva, o nome do violão é
„Amada Eva‟ “.

Durante a tarde apenas andaram pela cidade, esperando o jantar que seria
oferecidos aos competidores e professores, num hotel mais chique da cidade.

“Mr. Pitiful, que satisfação em te ver novamente. Já faz o que? uns 5 anos por ai”

“Mr. Scigliano, a satisfação e minha, fico feliz e honrado de ter sido escolhido e
ter você como adversário“ e deram um caloroso abraço fraterno.

Apresentaram seus dois pupilos que se cumprimentaram e ambos se olhavam


com olhares ameaçadores.

Sentaram-se nos seus lugares já marcados na mesma mesa. Realmente tudo é


místico e estranhamento encantador. Durante o jantar tiveram uma conversa
amigável, nada de disputa, não se via rivalidade entre eles. Louis se sensibilizou
com a historia de Diego Mancini, porem ele usava o nome artístico de Joe king,
um italiano que tinha vindo pros EUA ainda bebe, sua mãe veio pra cá com os
americanos após a Segunda Guerra mundial e seu pai morreu combatendo os
alemães.

“tenho certeza que desta vez vai ser diferente. Este ano eu vou conseguir
ganhar a competição contra você “ disse Mr. Pitiful .
“não sei não. Já são o que, 3 x 0 pra mim. Acho muito improvável, sabe por
que?” fez um silêncio “seu aluno nem tem nome de cantor “.

O evento começaria as 21:00 horas e ao chegar no local, viu-se um clima de


muita elegância e glamour. O evento era fechado, muitos convidados, mais uma
grande legião de fãs (mais do evento do que dos competidores), curiosos,
transeuntes tomavam conta da movimentada entrada do famoso Clube The Juke
Joint .*

Os dois professores, cada um guiando seus competidores, chegam a um mesa


reservada.

“bebam isso” disse Mr. Scigliano entregando um copo de madeira que mais se
parecia um cálice a cada um.

Ambos se olharam, fizeram um brinde e beberam. “que vença o melhor!” disse


Joe. “ Urgh! Mas que coisa ruim é isso “ disse Louis. “AYAHUASCA ¹” brindaram
os professores.

Enquanto isso, o professor do saxofonista, um homem enigmático e misterioso,


tinha uma abordagem mais sombria. Ele acreditava que a música era uma
manifestação das forças ocultas do universo e que, para alcançar o sucesso, era
necessário fazer pactos secretos com entidades sobrenaturais. Seu aluno estava
disposto a fazer qualquer coisa para obter vantagem sobre Louis, inclusive
explorar caminhos sombrios.

A hora da disputa final chegou, e o local estava repleto de uma energia


eletrizante. O palco estava adornado com símbolos místicos e velas, criando
uma atmosfera mágica. Os competidores subiram ao palco, cada um trazendo
consigo sua bagagem de técnicas e influências musicais. Ambos se sentiam
estranhamente alternados, sinal que os efeitos da tal bebida misteriosa davam
sinais em cada um deles.

¹ A bebida era a composição feita a partir da combinação de duas plantas: a


videira Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psychotria viridis, que
continha, tradicionalmente usada por algumas culturas indígenas e vinha da
Amazonia no Brasil. Uma das características mais marcantes das pessoas
quando consomem o tal chá é a indução de experiências altamente
introspectivas e psicodélicas. A bebida promovia um estado alterado de
consciência, levando a visões, insights profundos, expansão da percepção e
reflexões intensas.
Louis, com seu violão em mãos, exalava confiança e serenidade. Ele canalizou
todas as experiências espirituais vividas com seu professor, conectando-se
profundamente com sua essência musical. Sua música soul enérgica e
dançante, com uma seção rítmica pulsante e uma seção de metais vibrante. A
batida de Papa's Got a Brand New Bag é contagiante e o groove é irresistível,
com uma mistura de elementos do soul e do funk.

Seu adversário, o saxofonista, por sua vez, estava repleto de uma energia
intensa e sombria. Ele desencadeou uma performance arrebatadora, explorando
escalas complexas e sons dissonantes. A plateia se viu envolvida em Pick Up
the Pieces uma dança espectral de sons que ecoavam nas profundezas da alma.

Enquanto a disputa musical avançava, o confronto entre os dois músicos se


tornava cada vez mais intenso. Suas notas se entrelaçavam em um duelo
musical épico, transcendendo o plano terreno. O público era levado a uma
viagem através da música, onde as fronteiras entre o real e o divino se
dissipavam.

Em um momento crucial, os dois músicos já exaustos e alucinados com a bebida


tinham o maior desafio de criar algo juntos e saiu a mais linda composição ate
então feita num evento assim Soulful Strut. Era como se seus instrumentos
tivessem se tornado extensões de suas almas, e eles se entregavam totalmente
à música, buscando a perfeição. Eles se olharam orgulhosos do que estavam
fazendo .

No final, Louis emergiu como o vencedor, conquistando o público com sua


habilidade, emoção e entrega total à música. Sua vitória foi um testemunho da
jornada espiritual e da conexão profunda que ele tinha com sua arte.no palco
coube ao Mr. Pitiful as honras de dar o premio a Louis.

“ que espetáculo maravilhoso, algo que ficará por anos na lembrança dos que
aqui estão presentes. Dois grandes competidores, mas a competição só pode
haver um vencedor e fico muito feliz que seja você. Pessoal vamos aplaudir o
grande mestre do soul Louis Anthony “ gritando animado aplaudindo.

Louis sobe ao palco com seu violão na mão. “Estou explodindo de felicidade e
sou muito grato ao Eric King, que literalmente me fez suar e foi uma honra
competir ao seu lado e espero que num outro momento podemos repetir num
outro duelo, mas como amigos e não adversários” agradeceu ao publico, aos
organizadores,ao seu querido professor. “E vocês podem me chamar de Louis
“SoulMan” Barret gritou enquanto levantava “Amada Eva” com sua mão.
Os dois professores se encontraram após a competição, cada um refletindo
sobre o resultado e compartilhando sobre a experiência astral que estavam
tendo, também pelos efeitos do chá que beberam. “acho que não haverá uma
disputa musical tão intensa e marcante quanto esta aqui” diziam. Ambos
estavam enganados, alguns anos mais tarde, inicio dos anos oitenta, o The Juke
Joint* teve a maior disputa até então, e é um vislumbre a memória dos que
estiveram por lá e um lamento para os que perderam. O jovem Eugene
Martone* em uma Encruzilhada* para desvendar os segredos do blues teve
uma disputa extraordinária, sobrenatural e inefável contra o virtuoso Mestre
guitarrista Jack Buttler*. Desde então, nunca mais ouve tal disputa.

J.D. não se conformava como as coisas estavam caminhando, seu império estava
sendo abalado. Ruby era a balança que dava equilíbrio nos seus atos, seus
encontros com Angela e Will , eram mais freqüentes, porém nada de
envolvimento e o remorso o corrompia por dentro,entretanto tinha que se
manter forte. Seu clube já não se pagava as despesas para se manter aberto, foi
deixando de fazer certos acertos com os chefes de policia, milícias e alguns
fornecedores sem uma licença autorizada. Sua raiva era maior pelo simples fato
do seu então trompete dourado ter desaparecido naquele dia em Bluevale. O
trompete é o símbolo de uma lembrança de uma coroação, de um momento
digno de um artista que lutou a vida toda pela fama e abraços. Seu mundo
estava sendo devastado.

Uma noite, um carro para na porta de seu clube “preciso falar urgente com J.D‟
ordenou. Ele já tinha a informação de que J.D. era o responsável por toda
sujeira que acontecia na região. Os capangas assustados o levaram para uma
sala

“senhor, ele está aqui” disse o capanga Randell, aquele mesmo que levou o
soco de Mr. Pitiful. “ mas olha só, a quem devo esta honra em poder recebê-lo
em minha humilde cidade” disse J.D. cumprimentando “Rhythm Walker”. Ele foi
até lá e pedir uma ajuda temporária. Um lugar para descansar enquanto a
poeira abaixava para ele, algo que poderia levar anos depois dos crimes que
cometia, repercutindo em todos os jornais do país. O premio pela captura dele
era algo que poderia ser aproveitado caso precisasse e J.D. nunca foi bobo e
viu mais uma oportunidade ali de conseguir algo em troca. Ofereceu
hospedagem e proteção por uma semana, já conhecia a fama de louco do
Andarilho em troca de um pequeno favor. Ele precisaria ir depois para Bluevale.
22

I Will be Home for Christmas : De Volta ao Passado

Após sua consagração, o então agora Louis Barret ,se sentia um novo homem, e
ele era mesmo, estava mais confiante , era uma outra pessoa. Finalmente algo
de bom foi reservado pra ele nesta vida. Ele merecia esta felicidade. Batalhou
muito para isso escreveu para sua amada Eva cantando sobre os
acontecimentos. Ficou por um mês a mais do que o previsto pelo contrato de
um ano, pois o campeão teria algumas apresentações agendadas em
compromisso com os organizadores do evento e já no próximo sábado seria o
seu primeiro como “SoulMan” e o cachê era realmente bom. Voltaria no
ônibus em breve com destino para Woodville. Contava ansioso os dias.

Cartazes foram espalhados pelas ruas da cidade e região. LOUIS BARRRET AO


VIVO O MAIOR “SOULMAN” DA AMERICA EM ÚNICA APRESENTAÇAO, dizia o
cartaz, que tinha uma foto dele estampada ao centro. Como esperado o show
foi um grande sucesso, casa lotada e todos por lá dançaram a noite toda. Foi
ótimo para os negócios e Louis Barret ganhou até um pouco a mai$ e levou
consigo, um dos cartazes como lembrança.

No domingo, dia do embarque, se encontrava com Mr. Pitiful na rodoviária,


vestido com a mesma roupa do dia em que se conheceram, mesma calça que
ele ainda não sabe se é verde ou azul, mesmo óculos escuro, chapéu colorido
onde conversaram até a chegado de seu ônibus.

“você não me decepcionou e estou muito orgulhoso de sua trajetória. Estou


ficando velho e estava esquecendo da magia de poder ensinar. Eu pensava em
parar e só ir levando a vida como sempre levamos. Você me deu inspiração e
motivos pra continuar. Obrigado”

“eu que só tenho a agradecer. Você foi muito mais que um professor, foi um
amigo, assim como o Julian, e por favor agradeça a ele por mim. Ele também foi
responsável por tudo que me aconteceu. Fique também com o violão para os
novos alunos que terão, eu já tenho o meu talismã “Amada Eva”. Serei
eternamente grato por tudo” estendendo a mão para um cumprimento final.
Mr. Pitiful o abraça e da um beijo carinhoso em seu rosto.

“Você tem todo caminho e uma vida linda pela frente. Todos temos um
passado que não da para mudá-lo; mas a forma como você lida com este
passado, isto da para mudar.”

“Enquanto ia subindo os degraus, voltou e o questionou: “você disse que se eu


ganhasse a disputa me contaria seu nome “.
Mr. Pitiful tirou seu óculos escuro, olhou em seus olhos, demorou um pouco e
abraçou-o novamente e diz em seu ouvido, “eu me chamo Alice Juliet”.

Dois dias depois, Mr. Pitiful chegar em casa, feliz pelo resultado conquistado,
mas bastante cansado pela viagem. Deixa a mala em cima da cama e vai pegar
roupas limpas e tomar um banho. Olhou rapidamente para o trompete dourado
que se encontrava dentro do guarda roupas. Ai virar-se “oi Mr. Pitiful” disse um
homem antes de acerta-lhe uma coronhada na cabeça.

A viagem demoraria pouco mais de três dias, a ansiedade da viagem dava


impressão que ela demoraria muito mais na ultima parada antes do destino
final, o ônibus iria demorar um pouco mais, resolveu andar pelas ruas da
pequena cidade e ver o pequeno comércio legal. Na praça local, ficou admirado
com uma senhora idosa, cheia de vida que contava e encantava uma linda
historia para as crianças. Big Rock Candy Mountain é numa terra de sonhos
tudo era fácil e perfeito; uma visão fantasiosa e encantadora de um refúgio
onde não há preocupações ou responsabilidades.

Resolveu levar um presente pra esposa, e entrou numa pequena e


aconchegante Adega de vinho. Andrea Premma e sua filha Natasha cuidavam
do local com muito amor e dedicação. Andrea e o marido, são brasileiros e na
viagem de lua-de-mel deles, foram fazer um passeio pela região e
simplesmente amaram o lugar. Dez anos depois decidiram voltar, pois acharam
que seria um ótimo lugar para sua filha crescer. Seu marido era um jovem
vinicultor e trouxe do Brasil, sementes de uvas “vitis vinifera” e montou uma
linda e pequena Adega que servia o melhor vinho da região, o Fabio Doll Vale.
Lá também serviam doces típicos brasileiros como, a cocada, e um que foi
impossível não levar uma caixa cheia deles, uma especialidade que Andrea
gostava de fazer; o brigadeiro.

No dia em que Louis estava programado para retornar, Eva se vestiu lindamente
e arrumou Angelica. O coração dela batia rápido, uma mistura de nervosismo e
alegria, ela era pura ansiedade. “como ele vai reagir, ao ver a sua filha” pensava
Eva. Quando o trem finalmente chegou à estação, ela segurava Angelica nos
braços e um sorriso brilhante iluminava seu rosto.

Louis saiu do trem, seus olhos percorreram a multidão até encontrarem Eva e
Angelica. Seus olhos se encheram de lágrimas de felicidade ao vê-las no mesmo
tempo que também ficou em choque ao vê-la com uma criança no colo. Ele
correu para abraçar Eva. “conheça sua filha Angelica, foi ela que me dava as
forças que precisava na sua distancia. Toda a saudade que eu sentia e me
deixava vazia por dentro, foi ela que preencheu cada espaço.”

Louis estava sem palavras , ele estava feliz. Achava que em companhia do Mr.
Pitiful tinha sido a sua melhor experiência, isso foi completamente em vão,
enquanto segurava Angelica em seus braços.

Naquela noite, conversaram bastante, comeram quase toda a caixa de


brigadeiros, e o assunto era sobre a filha praticamente. Ele teria voltado para
ficar ao lado de Eva, mas tudo acabou dando certo no final. Após fazerem amor,
ela pegou algo que uma cara que estava guardado numa gaveta e lhe entregou
uma carta, cujo remetente era Oficial Brenno Reynolds.

Noutro dia, demorou um pouco pra abri-la. Esperava ter notícias boas, mas seu coração
dizia que não. Louis deu uma breve risada surpreso logo ao iniciar a leitura. Ele
tinha certeza de que o Abbott fosse ele.

“Caro Costello”,

“Recebemos a sua carta encaminhada para o Bobby, mas infelizmente ele


não está mais conosco. Sei do valor da amizade e respeito entre vocês, e
pensei muito se escreveria ou não, mas no fundo acho que foi a decisão
certa.

Eu sempre acreditei na inocência tanto a sua quanto de Bobby, por isso eu


pegava mais nos pés de vocês dois. Foi a melhor forma que achei de
conseguir evitar que pudessem entrar em problemas, que convenhamos
aparecem todos os dias. Após a partida de Bobby, encontrei na cela alguns
rabiscos e uma letra que se parece uma canção. A conexão de vocês com a
música, sempre fez daquele lugar ser um pouco melhor, então guardei
comigo algumas coisas na esperança de um dia você ir visitá-lo e eu te
entregaria.

Espero que não se importe que eu tenha restaurado o violão. Eu queria que
fosse pelo menos um recomeço de uma nova historia para ele, já que não
poderia ser pro Bobby. Sei que você fará bom proveito dele.

Fico feliz sabendo que está bem, numa cidade ótima e que encontrou a
felicidade e o amor. Espero que a sua jornada continue no caminho certo” .

Oficial Brenno Reynolds.


Apenas três dias desde sua volta, e quando tudo parecia que estava em ordem,
que sua vida finalmente estaria em paz, ele recebe uma ligação. Era o seu
querido professor.

Mr. Pitiful tinha sido ferozmente agredido e torturado durante quase um dia e
ficou internado por mais três. Foi Alex que o encontrou quando chegou pra
trabalhar noutro dia. Mr. Pitiful o alertou que era bom ele tomar cuidado, ficar
bastante atendo, pois seu agressor estava procurando um tal de Louis Anthony.

Nos próximos dez dias , Louis e Eva , conversaram mais sobre quais caminhos
teriam que seguir. Tinha chegado o momento de Louis resolver finalmente sua
vida, havia chegado a hora de voltar a sua cidade natal e resolver por vez tudo
que envolvia a ultima peça do quebra-cabeça. Ligou para Tom que ficou muito
feliz em poder recebê-los. “I Will be Home for Christmas” , disse Louis a Tom.
A sua antiga casa, onde morava, foi vendida muitos anos antes e ninguém mais
soube do paradeiro de Wilson Anthony. Eva não quis abandoná-lo novamente e
junto com a pequena Angélica embarcaram para Bridgetown.

23
The Dark End of the Street: Encontro Levado a Conseqüências
Imprevisíveis

J.D. ficava acordado até tarde da noite, primeiro em seu agora quase falido
clube e depois perambulando pelas ruas sombrias de Bridgetown, enquanto a
neblina escondia os segredos que o assombravam. O dilema em seu coração
parecia crescer a cada dia, e as escolhas à sua frente se mostravam cada vez
mais difíceis.

Angela, a esposa do falecido Ruby, tornou-se um raio de luz em sua vida


sombria. Seus encontros que antes começaram como um terapia para ajudá-lo
a superar sua culpa, passaram a lhe dar significados mais importante e
sentimentos além da amizade, já despertavam nos corações de ambos. Ela o via
além da fachada do criminoso perigoso que todos conheciam. Sua sinceridade e
compreensão o tocaram de maneira única, fazendo-o acreditar que talvez
pudesse ser amado e encontrar a redenção.

A principio não queria levantar suspeitas e seus encontros eram sempre a noite.
O banco da praça que sentavam, testemunhou por muitas vezes o The Dark
End of the Street que J.D. e Ângela compartilhavam. Ele se mostrava amoroso e
lutava para expressar o que se escondia por trás de sua armadura de criminoso.

"Angela, sou um homem com um passado sombrio e cheio de erros terríveis,


mas quando estou com você, sinto como se houvesse uma chance de redenção.
Sei que não posso apagar meu passado, mas posso tentar ser melhor no futuro.
Por você, Angela e o pequeno Will, quero me tornar alguém que você possa se
orgulhar."

As lágrimas brotaram dos olhos de Angela, enquanto ela lutava para processar a
confissão de J.D. Ela também se sentia atraída por ele, apesar de tudo o que
aconteceu no passado. O dilema era igualmente intenso em seu coração. Ela
gostava de estar ao lado de J.D., mas também queria um futuro seguro e estável
para si mesma e para seu filho. “J.D., eu não posso negar que também me sinto
atraída por você. Vejo em você uma sinceridade quando estamos juntos que é
diferente do que os outros vêem. Mas não posso ignorar o fato de que você é
um criminoso perigoso. Se você quiser um futuro comigo, precisa deixar essa
vida para trás. Não sei em qual momento em sua vida você se perdeu, mas
ainda tem chance de fazer o certo. Eu não posso viver com medo de perder
alguém que amo para a violência das ruas e tampouco colocar meu filho em
contato com essas situações. “disse Angela com voz trêmula.
Enquanto J.D. ponderava sobre as palavras de Angela, um novo desafio surgiu
no horizonte. O Andarilho, Rhythm Walker um criminoso ainda mais cruel e
impiedoso, começou a espalhar sua influência pela cidade. Seus planos
envolviam assumir o controle das organizações que pertenciam a J.D., incluindo
suas conexões com pessoas perigosas ao redor do país. Bridgetown era o lugar
perfeito, toda estrutura já armada e contava ainda com boa parte da policia já
comprada.

J.D. sabia que essa ameaça não podia ser ignorada, mas enfrentá-la significava
se envolver ainda mais com sua vida criminosa. Ele se via entre dois mundos.
Precisava escolher entre a mulher que amava e uma vida de redenção ou
mergulhar mais fundo na escuridão para proteger sua influência e evitar o
controle do Andarilho. Os caminhos se bifurcavam, e suas decisões moldariam
seu destino, mas a principio, só pensava em deixar como está, pois Rhythm
Walker lhe poderia ainda ser útil e se mostrou muito competente quando lhe
trouxe de volta o seu trompete.

Tom, Lisa e o pequeno James Henry Stone , agora com cinco meses , esperavam
na estação de trem a chegada de Louis e Eva . Foi um momento de lindo
reencontro entre eles, ainda mais onde os dois casais estavam com seus lindos
bebezinhos.

Em casa enquanto conversavam, Tom tentou fazer a cabeça de Louis para evitar
ir se encontrar com J.D. , que ele era louco. Contou o que ele fez e como ele
„governa’ a cidade com suas próprias leis, mas Louis não passou por uma longa
jornada e fez uma longa viagem também a toa. Ele já tinha se decidido e bolado
um plano muito antes. Na manha seguinte se dirigiu ao Jazz Echoes Club e
chegando lá alguns capangas estavam na porta.

“o que você quer por aqui” disse um deles, indo na direção dos dois.

“Calma! Calma”, eu vim na paz. Quero conversar com “Raging Storm” e ouvi
dizer que ele estava me procurando”. Louis notou que o capanga estava sem os
dentes da frente e o reconheceu por ter levado o soco de Mr. Pitiful . “bem
feito”, pensou.

Ficaram esperando do lado de fora e Louis não sabia se tinha feito uma boa
escolhe em ir até lá. “Mas olha só que maravilha este dia se inicia. Que surpresa
desagradável temos aqui. Se não é o grande cantor dos clubes falidos de
cidades desertas, o famoso Louis Anthony, visitando nossa humilde cidade.
Aplausos “ disse o sarcástico J.D. enquanto ao seu lado, O Andarilho, se portava
seriamente. „”acompanhado do bebezinho chorão Tom Stone.”
Eu também sou desta cidade, nasci e cresci aqui assim como você. Felizmente
fui embora antes de conhecer um imbecil como você. E meu nome é Louis
“SoulMan” Barret. “

Aquilo pegou a J.D. de surpresa, duas vezes. Não sabia que Louis era da cidade
tampouco que ele também havia sido batizado. “UAU !! Isso é admirável e
lamentável. Houve um tempo que os organizadores tinham bom gosto musical
e agora qualquer um pode ser batizado. E a que devo as honras em ter sua
presença por aqui „SoulMan‟ ? “

Tom ainda sentia uma raiva tremenda por J.D. e resolveu se falar "Olha só para
você, um criminoso de merda! Como você consegue viver com tanta sujeira em
sua consciência? Você é um imbecil andando do lado desta sua namorada
ridícula aí do seu lado. Ta cheio de graça, mas a piada mais patética de todas é
você.” Disse com bravura enquanto apontava o dedo para Rhythm Walker, que
não gostou em nada ser apontado com o dedo, ser mencionado na conversa , e
principalmente, por ser chamado de namorada. “ Quer fazer piada. Por que não
conta de como você e suas capangas tomaram uma surra do professor de Louis
e tiveram que sair da cidade com os rabos entre as pernas”.

“Namorada, vou te mostrar quem é namorada”, pensava o enraivado Andarilho.

“ por falar no querido professor, meu amigo aqui me contou que ele teve um
pequeno acidente. Espero que ele estejas bem “

Louis tinha um plano simples, enfrentar J.D. num desafio. Aquele mesmo que
foi interrompido pelo Mr. Pitiful e quem ganhasse, deixaria o outro em paz.
Porém vendo o Andarilho, o responsável pelos atos, frente a frente, o deixou
em estado de fúria e numa atitude imprevista e espontânea “ seu desgraçado
maldito” e correu em sua direção.

Pow !!! ouviu-se um tiro . “ VOCE É LOUCO “ , gritou Louis ao Andarilho.

“Louis “... chamou Tom que estava sangrando e caiu ao chão.

“Namorada ! quero ver você me chamar de namorada novamente “ disse O


Andarilho.

Mas tarde naquela tarde, Lisa e Eva conversavam sobre as maravilhas de serem
mães, os desafios. Elas adoravam e curtiam a cada momento ao lado deles.
Enquanto Eva ninava as duas crianças com Go to Sleep, Little Baby, Lisa
prepara a mesa do jantar para a volta dos esposos , quando o telefone.
Dois dias depois, Lisa não saiu um minuto se quer do lado de seu marido no
hospital. Tom estava entubado e corria sério risco de vida, médicos não lhe
davam muitas esperanças. Lisa se via novamente com a possível perda de
alguém que tanto amava, ela mal se alimentava e nestes dois dias não
conseguiu dormir mais que quatro horas. O tempo todo ficava rezando e
louvando a Deus em melodia com Amazing Grace. Louis e Eva ficavam em
sua casa e cuidando das crianças.

“Lisa querida, tem duas pessoas que gostariam de te ver” disse uma enfermeira
enquanto abria a porta.

Lisa não se segurava em choros enquanto caminhava ao abraço de seus pais.


24

Sinnerman : Momento Decisivo com Consequências Incertas

Após a morte de James, seus pais, o Sr. Charles Smithson, o respeitado prefeito
da cidade, e a Sra. Suely Parker Smithson, proprietária de diversos negócios e
terras, sentiram a dor da perda de forma avassaladora. A dinâmica familiar
mudou dramaticamente, com os pais afundando em um mar de dor e
frustração. A relação com Lisa sofreu sérios abalos, pois eles, dominados pelo
luto, tornaram-se excessivamente rígidos com a filha, culpando-a
involuntariamente pela morte do irmão. As constantes brigas e a pressão
insuportável fizeram Lisa sentir-se como se carregasse o fardo da culpa.

A tragédia também levou o Sr. Charles a se afastar das atividades públicas, antes
tão presentes na comunidade. Sentia o peso da culpa em seus ombros, como
uma sombra implacável que o atormentava constantemente. As reuniões na
sede da prefeitura eram marcadas por discussões acaloradas sobre a falta de
segurança no local do acidente, tanto que já houvera outros acidentes no local,
e a sensação de abandono que pairava sobre a cidade. O prefeito atribuía a
culpa pelos acidentes às pessoas que haviam entrado uma área restrita, e o
sentimento de culpa o corroia, após o acidente ser com seu filho.

Enquanto isso, Suely tentava manter-se forte, assumindo o controle dos


negócios da família e das propriedades. Porém, em seu íntimo, também se
culpava por não ter conseguido proteger James. A família, que antes era
conhecida por sua influência e poder, agora parecia estar desmoronando
lentamente, abalada pelas circunstâncias que os rodeavam.

Após a partida de Lisa para o internato, a casa dos Smithson transformou-se em


um lugar repleto de silêncio e saudade. O Sr. Charles e a Sra. Suely sentiam-se
mais distantes do que nunca, perdidos em suas próprias dores e culpas. A
ausência da filha gêmea só acentuava a sensação de vazio em seus corações.
Tentaram, por algumas vezes, falar com ela, mas Lisa já estava casada e não
desejava mais nenhum vínculo com a eles. Nas raras vezes em que se
encontravam, as brigas voltavam a se manifestar, tornando o reencontro ainda
mais doloroso.

A influência dos Smithson, antes sólida e respeitada na cidade, começou a


enfraquecer, e a comunidade sentiu os efeitos disso. O aumento crescente da
violência, causada por J.D. e seus capangas, mergulhou a cidade no medo e na
insegurança. Alguns cidadãos mudaram-se, e vários lojistas fecharam as portas,
impactados pelo caos instaurado. A esperança era tênue.
Quando souberam do incêndio no Harmony Haven, tentaram mais uma vez
falar com Lisa, mas ela já havia partido em uma viagem sem se despedir. Ficou
evidente que haviam perdido a filha para sempre, e esse fato impulsionou uma
decisão determinante: precisavam agir para resgatar a cidade e, assim,
reconquistar Lisa. Com a ajuda do irmão de Suely, o antigo Juiz da cidade, agora
Senador Roger Parker, utilizaram todo o poder que o nome Parker Davis
detinha na cidade, região e Estado. Sim, Davis. Suely e Roger eram primos em
segundo grau de Clay Davis, pais de J.D..

Graças à influência de Roger Parker, o FBI finalmente os ouviu, tornando-se um


aliado crucial para arquitetar um plano audacioso com o objetivo de capturar
J.D., o criminoso que sempre escapava das acusações por falta de provas, graças
ao suporte da polícia local e regional. Criaram, então, uma força-tarefa
especializada para investigar J.D., dedicada a coletar informações, analisar
padrões e identificar atividades ilícitas.

O plano era complexo: enfraquecer a organização de J.D., reunindo provas


incriminatórias suficientes para obter mandados de busca e prisão. Dessa forma,
esperavam capturá-lo e desmantelar completamente a crime, restaurando a tão
almejada paz na cidade. As investigações progrediam rapidamente, com uma
quantidade significativa de documentos coletados como provas, e a captura do
criminoso parecia ser apenas uma questão de tempo.

Entretanto, nesse momento crucial, souberam da presença de Rhythm Walker,


que chegara à cidade. Eles esperavam a chegada dos oficiais do caso, Aidan e
Yan, para irem atrás dos criminosos juntos, quando um tiro rompeu com o
estomago de Tom.

Charles e Suely sentiam ansiedade e emoções conflitantes nos dias anteriores à


visita ao hospital para ver Lisa, após anos separados. A expectativa de
reencontrá-la os deixavam apreensivos e refletiam sobre seus erros no passado.
Charles comprou flores enquanto Suely fez a torta preferida que ela gostava,
pois achou que Lisa estaria com fome. Além disso, compraram um presente
para James Henry Stone, seu netinho, como um símbolo de afeto e
reconciliação.

No dia da visita, o nervosismo aumentou, mas ao vê-la chorar, os abraços


revelaram o amor e o desejo de reconstruir os laços familiares. A emoção do
reencontro marcou o início de uma nova fase, onde estavam determinados a
apoiá-la e fortalecer a família.

As lágrimas escorriam pelos rostos dos três, mas ali, naquele abraço, eles
encontraram consolo e a sensação de que estavam, finalmente, novamente
juntos. Lisa percebeu o quão necessário e importante era sentir o apoio e o
carinho de seus pais, especialmente em um momento tão delicado.

Após o abraço, sentaram-se ao lado do marido de Lisa, que estava entubado


após o procedimento cirúrgico. Charles e Suely ouviram atentamente as
histórias de Lisa sobre os desafios que ela enfrentou durante aqueles anos,
enquanto estavam separados. Aos poucos, as tensões se dissipavam, e a
conexão familiar começava a se reconstruir.

O reencontro também trouxe a tona uma sensação de arrependimento por


parte dos pais. Eles perceberam o quão negligentes tinham sido com Lisa, ao
deixá-la sozinha em um momento tão difícil de sua vida, eles deveriam ter
tentado muito mais, ser ouvintes e não ficarem a questionando e dando ordens
nas raras vezes que se encontraram. Mas naquele momento, eles estavam
determinados a mudar e a oferecer o suporte e a presença que ela precisava.
Lisa precisava muito do conforto deles, especialmente de sua mãe.

Nestes dias, Louis refletia o por que foi pra lá. Mais um amigo se feria
gravemente e ele era o responsável. Ele andava pela cidade, foi visitar sua antiga
casa e levava sempre seu violão consigo. Um dia foi visitar o local onde a sua
vida desmoronou. O local hoje comporta um pequeno bairro residencial. O
loteamento da região foi a ultima obra de Charles como prefeito e bem no local
do acidente, há uma pracinha com uma igreja em em frente. Sentou no banco e
ficou ‟conversando‟ com James. Pedia ajuda a um Deus que antes não conhecia,
mas que se manifestou em sua vida com tantas bênçãos, para a melhora de
Tom. Ficou sentado por horas, e tentou dar voz e ritmo aquela musica que
Bobby escreveu. Era tão intensa, tão bela, mais não conseguia achar o ritmo
para deixá-la perfeita e nem percebeu quando um senhor se aproximou.

“boa tarde meu filho, posso me sentar com você?” era o pastor da pequena
igreja.

“Claro, por favor. Nossa! Estou horas aqui. Na verdade parece que estou preso a
este lugar a minha vida toda”

Conversaram por um tempo, Louis contou do acidente. Apesar de ser bem


antes da vinda do pastor para a cidade, ele conhecia o caso.

“não sei se você reparou, mas alguns bancos levam nomes de algumas pessoas
que já não estão entre nós, e por acaso você sentou-se justamente no banco
com o nome de eu amigo James Smithson”.
Louis pediu uma oração pra seu amigo que estava hospitalizado e para sua
família, e também pra sua jornada. Ao se levantarem para despedida falou.

“Padre, o senhor poderia fazer uma benção para meu violão? sei que o pedido
é inusitado, mas seria de muito significado para mim, por esta jornada que
seguirei.”

Que surpreso e sorrindo respondeu: “claro meu filho, e como vai chamá-lo”.

“ EvAngelica “ , respondeu.

Suely não abria mão de estar ao lado de sua filha, foram tantos anos afastadas e
Lisa se sentia agradecida com esse momento de compaixão. Falava o quanto a
amava com Unchained Melody e gestos carinhosos.

Charles percebeu que uma abordagem mais impactante era necessária para
provocar uma mudança significativa na cidade. Ele convocou as figuras mais
influentes, incluindo os comerciantes locais e a comunidade cansada de
suportar tantos crimes. Juntos, organizaram uma manifestação que teria como
alvo a antiga fábrica, o covil de J.D. Comovida com a causa, Angela juntou-se a
eles, e até Louis encontrou-se no meio do grupo. A tensão entre ele e o Sr.
Charles era palpável, mas ficou claro que aquele não era o momento de lidar
com suas questões pessoais. Todos eles esperavam que essa manifestação
chamasse a atenção da mídia e, talvez, até do governo, para que fosse tomada
alguma providência.

Sem o conhecimento dos manifestantes, agentes federais já estavam


planejando uma estratégia para lidar com os criminosos. No entanto, foram
pegos de surpresa pela escala inesperada da manifestação. Aproveitando a
oportunidade, decidiram se infiltrar na multidão durante o protesto, com o
objetivo de se aproximar ao máximo dos principais alvos, J.D. e O Andarilho.
Eles procederam com cautela, evitando repetir o incidente com Tom.

Inicialmente destinada a ser pacífica, a manifestação tomou um rumo imprevisto


quando uma briga surgiu entre duas facções: alguns moradores e os capangas
dos criminosos notórios, enquanto outros manifestantes se opunham com
fervor em protesto, gritando contra os Sinnerman. O caos se instalou e a
situação saiu do controle, levando a disparos que provocaram pânico e medo
na multidão anteriormente pacífica.
Enquanto isso, O Andarilho, Rhydhm Walker, observava tudo atentamente,
mantendo-se a uma distância segura do caos. Percebendo que não tinha mais
chances de permanecer despercebido na cidade, decidiu aproveitar a confusão
e fazer sua fuga. Esgueirando-se entre a multidão, ele era perseguido por Yan,
enquanto Aidan se aproximava do outro lado. Encurralado e reconhecendo os
agentes optou por uma ação desesperada: agarrou a pessoa mais próxima e
apontou uma arma para sua cabeça, ameaçando prejudicá-la se alguém se
aproximasse.

"Afastem-se!" Rhydhm bradou, "Vou atirar na cabeça dela, eu juro! Estou indo
embora daqui, e ela vai comigo!" Angela estava paralisada de medo, incapaz de
compreender o pesadelo que se desenrolava diante de seus olhos.

A situação tensa rapidamente chamou a atenção dos manifestantes, e o foco se


voltou para o impasse perigoso. Os capangas dos criminosos foram dominados
pelos outros oficiais, deixando J.D. ,que levava vantagem no confronto contra
Louis, em estado de desespero ao ver a cena se desenrolar.

"Solta ela, Rhydhm, seu covarde desprezível!" J.D. gritou enquanto corria em
direção a eles e se lançava sobre os três que caíram, e em meio ao caos, um
novo e último disparo.

Aidan e Yan conseguiram conter O Andarilho e desarmá-lo, guiando


cuidadosamente seu caminho através da multidão atônita. Angela chorava no
chão, ajoelhada ao lado do corpo sem vida de J.D.

Naquele momento, a cidade ficou em silêncio. A manifestação que começou


como um clamor coletivo contra o crime se transformou em uma tragédia que
mudaria suas vidas para sempre. As ruas estavam cheias de tristeza e raiva, mas
também havia esperança de que esse sacrifício não fosse em vão - que marcaria
o início de uma nova era, na qual a justiça prevaleceria sobre a lei da
impunidade.
25

I’m Soul Man: Lidando Finalmente com os Fantasmas

Três dias após a manifestação, a cidade ainda estava em choque com os


eventos trágicos que se desdobraram. As ruas, antes repletas de euforia e
revolta, agora se encontravam silenciosas e carregadas de luto. As pessoas se
reuniam em pequenos grupos, compartilhando histórias sobre a noite fatídica
que mudou suas vidas para sempre. A presença das autoridades federais ainda
era palpável, enquanto a imprensa local e nacional cobria intensamente os
acontecimentos e Tom já respirava normalmente sem ajuda de aparelhos e se
recuperava bem e se mantivesse assim, poderia ir em breve para casa. Ficou
surpreso em ver os sogros por lá e ver Lisa se dando bem com eles. Suas avós
Hilda e Noemy também o visitaram em alguns outros dias. Louis e Eva ainda
estavam na cidade, ficariam até o Natal que já se aproximava. O clima entre
Louis e Charles não era dos melhores, e muitas vezes as discussões aconteciam
e só não foi pior por causa de Suely que se intrometia e dando um pouco de
tranqüilidade.

Tom tem a melhora que precisa e todos voltam pra casa. Tom fica muito feliz
em poder abraçar seu filho novamente, tudo parecia se encaixar exceto o atrito
visível entre Charles e Louis. Ate a Suely conseguiu perdoá-lo, não conseguiria
perder sua filha novamente, e aceitou os argumentos de que Louis era
inocente. Um dia voltando de seu passeio habitual pela cidade, Louis encontra
Charles num bar bebendo com uns amigos.

Entrou, pegou uma cadeira e foi sentar em frente a ele com os amigos à mesa;
“precisamos conversar. Eu vou embora em três dias e quero resolver este
problema que temos.”

“ seu irresponsável, eu nem sei como começar a expressar o que sinto. Meu
filho se foi, e tudo por sua culpa!”

„Charles, eu juro que eu não tive nada a ver com o que aconteceu com o seu
filho. Foi um acidente e James era o meu melhor amigo. “ falou com tristeza.

Você sempre foi um problema para essa cidade, Louis. Sempre metido em
confusões, e agora isso acontece justo quando você esta por aqui. Tudo e todos
a sua voltam se ferem ou morrem. James, Tom, J.D. . quem será o próximo ?”
disse o irritado Charles.
Louis com sinceridade disse: “ Eu entendo a sua raiva, mas você precisa
acreditar em mim. Eu não tive nenhuma intenção de causar mal a ninguém,
muito menos ao seu filho. A manifestação foi idéia sua, então vamos todos dizer
que você é o culpado pela morte de J.D. “

Os amigos da mesa se entreolhavam e Charles não gostou do que ouviu.

“Você pode não acreditar em mim, isso não importa mais. Paguei um alto preço
por isso e pra mim o que importa mesmo é o que a minha família acredita e
eles sabem a verdade do que aconteceu. Quando eu digo minha família, isto
inclui Lisa e Tom. Eu realmente sinto muito pela sua perda, mas eu não sou
responsável pela morte dele. Eu entendo que você precise de respostas e de
alguém para culpar, mas eu não posso ser esse alguém. Sei que não posso
mudar o que você está sentindo, mas eu peço que pelo menos considere a
possibilidade de que eu sou inocente. Eu não posso trazer seu filho de volta,
mas talvez, juntos, possamos encontrar a paz que precisamos.“

As palavras ecoavam pelo ouvido de Charles e não estava fazendo nada bem, a
raiva estava consumindo-o. Levantou e teve que ser segurado pelos amigos de
mesa “ Juntos? Eu não quero ter nada a ver com você! Você destruiu a minha
familia uma vez e agora quer me convencer de que é inocente? Quer tirar a
minha filha também da minha vida. Você vai me pagar seu maldido
desgraçado”, jogando os copos sob a mesa em cima de Louis. “Eu farei de tudo
pra que você volte pra cadeia e nunca mais saia de lá seu vagabundo
mentiroso.”. Você não faz a mínima idéia do tipo de homem que eu sou”
esbravejava pelo salão enquanto todos olhavam assustados.

“Eu sei muito bem o tipo de homem que você é, Charles. Um pai que prefere
culpar os outros pela sua própria falta de controle e responsabilidade. Em vez
de enfrentar a dor que carrega, você escolhe usar a sua raiva como muleta,
alimentando esse ódio incessante que só o consome por dentro. Você é o tipo
de homem que ninguém da a mínima, um coitado que as pessoas fingem se
importar. Resumindo bem, você é um ninguém. Você é que não sabe quem
sou“

“É quem diabo é você seu desgraçado?” batendo as duas mãos bravamente


sobre a mesa.

Um sorriso brotou em seu rosto que virou uma gargalhada alta, rapidamente se levanta
empurrando a mesa sobre Charles que sentiu um frio gelado percorrendo suas
espinhas até a nuca. Uma figura crescendo e se expandindo, preencheu cada espaço ao
seu redor, deixando a sala tomada por uma ilusão de força e imponência. Como uma
lampejo, a letra da canção escrita por Bobby na qual vinha trabalhando clareou em
seus pensamentos e seu corpo parecia se esticar além dos limites. I’m soul Man.
26

If you Wanna be Happy : Brindando a Felicidade

Os próximos dias passaram rapidamente. Tom já andava com ajuda de bengala


e todos tiveram uma linda ceia de Natal em sua casa. A tensão entre Louis e
Charles permanecia, mas conseguiram se comportar adequadamente. Louis,
Eva e Angelica voltaram pra Woodville noutro dia.

O ano novo Lisa e Tom puderam almoçar com os Smithson, em sua fazenda e
depois disso, era comum passarem por lá em outras circunstancias. Suely e
Charles amavam o neto James Henry Stone e faziam tudo por ele e foi nele que
encontraram as suas felicidades. Os meses foram passando e Charles teve que
aceitar as palavras de sua filha sobre o acidente com o James. Era isso ou ela iria
embora de vez, se mudaria da cidade pra woodville onde Louis morava, e nunca
mais veria ela ou o neto.

Louis “Soulman” Barret continuou fazendo sucesso com a sua carreira. Gravou
discos que estouraram nas paradas de sucesso. Era presente ao máximo que
podia para Angelica. Cada ano que passava ele era mais apaixonado por Eva
que continuava administrando a floricultura Natty Di Bella Vic , cada dia mais
agradecida.

Mr. Pitiful agora ensinava mais alunos. Finalmente montou uma escola onde
ajudava centenas de crianças carentes em busca de se tornar um artista ele
realmente fazia a diferença na vida daqueles jovens. Ele nunca mais participou
de uma seleção para participar novamente da disputa do Batismo .

Nove meses após sua prisão, O Andarilho Rhythm Walker, teve o destino pelo
qual muitos achavam que ele merecia. Durante o mês de setembro de 1971, ele
foi uma das vítimas no violento massacre ocorrido onde ele estava preso,
conhecida por muitos como A Rebelião da Penitenciaria de Attica.
Um carro chega na cruzamento da David Prater* Aveneu com Samuel D. Moore*
Street, estaciona em frente ao numero 31. Na casa ao lado, Victor e Diego, dois
irmãos festejam cantando If you Wanna be Happy . Louis vai abrir a porta do
seu lindo carro, o clássico modelo 1965, um Mustang. Sally é carregada por
sua mãe no colo. E a segunda filha do casal e hoje vai ser o primeiro dia que
Angelica, com seus quase seis anos, vai conhecer a sua irmãzinha que acabou
de sair do hospital.

“vem amor deixe eu te ajudar. Você precisa se cuidar e da nossa bebezinha


Sally.”

Entram em casa, colocam as chaves e bolsas na penteadeira que fica no hall da


entrada, e Louis observa o quadro que tem acima na parede, o cartaz do seu
primeiro show, e o som dos dois irmãos fazem a trilha sonora para o momento
perfeito.
Consideração final do autor:

Agradeço a todos que leram a meu romance. Eu ainda não sei fazer um rodapé,
então segue abaixo algumas citações utilizadas; por favor compreenda e me
desculpe.

Cap. 02 – Abott & Costtello foi uma dupla de comediantes norte-americanos


que atingiram o seu auge nos anos 40, e foram considerados os "reis da
comédia" de Hollywood.

Cap.06 - A canção do título, é um jingle usado num comercial da Coca-cola

Cap. 08 – nos anos 50,60 o Rock‟n Roll era considerado música do diabo.

Cap. 15 – The Soggy Bottom Boys é uma banda fictícia que apareceu no filme “
E AÍ MEU IRMÃO, CADE VOCÊ ? de 2000 dirigidas pelos irmãos Joel e Ethan
Coen. A música “In the Jailhouse Now”, é cantada por esta banda durante o
filme.

Cap. 17 – jornal National Enquirer é um tablóide americano de fofocas e noticias


sensacionalistas criado em 1926 e que tem publicações ate hoje.

Cap. 20 – o Grand Ole Opry é um famoso programa de radio e de espetáculo de


musica country em Nashville, nos EUA, criado em 1926 e é uma das principais
casas de shows de musica country do país.

Cap.21 – Eugene Martone, Jack Buttler são personagens e o The Juke joint é o
local criado para o filme A Encruzilhada de 1986, dirigido por Walter Hill.

Cap.26 – Samuel Moore e David Prater, conhecidos como “Sam & Dave”, foram
uma famosa dupla de cantores soul dos EUA, cantores da música I‟m Soul Man,
na qual eu me inspirei como título deste romance.

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