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Amora, eu estava com uma para o Mykha.

A ideia consiste no seguinte: após a sua esposa ter sido levada, ele ajudou com o que pôde
na investigação, mas logo foi posto como principal suspeito por ter sido a única pessoa que
tinha ligação e noção do itinerário que ela faria no dia e pelo testemunho dos vizinhos
falando que tinham visto ela no dia antes do Mykha sair de casa.
Isso deixou o Mykha perturbado, pois tinha de lidar com o peso da perda, da culpa e da
rejeição. O Mykha, após ver os dias passar e ser descartado enquanto suspeito, sente que
talvez a perícia não conseguiria encontrar a sua esposa. Que aquilo poderia se tratar de
algo sobrenatural. Mas preferiu ignorar isso … até que ele foi empacotar as coisas dela. Lá,
ele encontrou um colar, o primeiro colar que ele deu para ela, e, sobre ele, ele começa a
chorar de joelhos enquanto se lembrava do dia, o dia em que seu cabelo e seu sorriso
refletiam a luz do sol como a neve. Naquele instante, ele sentia um calor como se algo o
reconfortasse, poderia jurar por deus que eram seus braços lhe abraçando. Não sabia se
era verdade, ou apenas sua mente querendo o acalmar a todo custo, mas uma coisa era
certa: ela deveria estar em algum lugar e ele precisava saber onde. Talvez realmente fosse
algo sobrenatural.
No começo, a sua procura não era muito grande, apenas tirando poeira de alguns livros
antigos da sua biblioteca da sua época clerical. Ele saia de casa ainda, mesmo que as
pessoas não fossem mais as mesmas com ele, afinal ele acreditava que ela estava por aí e
toda noite ele rezava por sua proteção. Porém, as coisas foram piorando gradualmente nos
meses seguintes, as horas a menos de sono cresceram e, quando ele tentava parar, um
sentimento de culpa não o deixava dormir direito e instigava-o a ler "só mais este capítulo
antes de dormir".
Anos depois, quando foi aconselhado pelo seu melhor amigo por carta a se cuidar melhor e
começou a tomar remédios para dormir, começou a ter pesadelos onde quanto mais andava
pela casa atrás dela mais distante a sua esposa ficava, até que ela desaparecesse e a
sombras distorcidas dos vizinhos e do chefe de polícia aparecessem julgando ele, falando
que a culpa era dele que ela não estava mais alí. No fim, acordava deste sono mal-dormido,
suado e com um sentimento pior de culpa, porém que eram novamente apaziguados por
aquele colar em seu peito. Quando saia de casa para fazer coisas básicas, tinha sonhos
acordados de quando ele e sua esposa trilharam aquele mesmo caminho, o que o enchia
de determinação, movido por esperança e amor, mas que, uma vez que chegava em casa,
parecia se distorcer em culpa.
No fim, ele parecia miserável e doente tanto fisicamente quanto mentalmente, talvez até
espiritualmente. Nada mais importava, deixando de lado até mesmo seu amigo de infância,
Valentyn, pois não podia parar. A única coisa que parecia fazê-lo parar era aquele colar.
Valentyn estranhou o desaparecimento do seu amigo e, temendo o pior, foi visitá-lo. Ao
chegar, teve de perguntar aos vizinhos se Mykha morava ainda naquela casa. Parecia
decadente e distorcida, não sabia dizer ao certo, talvez fosse o excesso de vegetação viva
ou morte, mas parecia. Ao bater na porta e ninguém atender, ele forçou a sua entrada.
Valentyn não visitava Mykha fazia um bom tempo, mas não haveria falta de familiaridade no
mundo que justificasse a estranheza que sentiu ao entrar. A casa energia da casa não
parecia estar funcionando direito, então prosseguiu com cautela, talvez seu amigo ainda
estivesse alí. Ao andar pela casa, encontrou restos de comida estragada, pratos e copos
quebrados, alguns papéis com anotações jogados e rabiscados, parecia ter alguma
coerência entre eles mas nada que desse para discernir ao certo, juntamente a isso, parecia
ter um cheiro estranho permeando o local. Por fim, achou Mykha no que foi um dia a
biblioteca da casa, agora um amontoado de livros e cadernos jogados. Alem disso, tinham
escrituras nas paredes que talvez pudessem brilhar alguma luz no que estava acontecendo,
mas este não era seu foco. Ele pegou Mykha e começou a arrastá-lo à força para fora da
casa, não que fosse difícil levar alguém naquelas condições, o que era difícil era de
aguentar o cheiro que ele tinha. Era diferente do que estava na casa, mas certamente
parecido.
Após ser removido da casa, Mykha desmaiou de cansaço em seus braços, abraçando o
colar em posição quase como se sua vida dependesse daquilo. Valentyn então levou Mykha
para um convento de sua confiança para ter uma boa recuperação.
Após algumas semanas de recuperação no convento, Valentyn requeriu uma inspeção para
ver se tinha algo à mais de errado no seu amigo e é informado que sim, uma mácula, mas
não se sabe o que causou isso exatamente. O quer que fosse, parecia ter se alimentado
dele, da sua culpa através do seu amor. Enfim, independente do processo, o resultado era
claro: uma mácula.
Por fim, Valentyn sugere um ritual que talvez fosse o ajudar a melhorar mas não tinha como
afirmar com certeza, nele.
Bem seja lá o que fosse o ritual, a Uma , mas Mykha não conhece o ritual, então não tem
opção senão confiar no seu melhor amigo e ter fé.

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