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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD
Avaliação Presencial 1 (AP1) – 2020.1
Data: 13/04/2020 até 19/04/2020 (prazo final de postagem)

Disciplina: Geografia na Educação 2


Coordenadora(o): Lincoln Tavares Silva
Aluno(a): Débora Máximo Pereira Pires

Matrícula: 18112080182 Polo: Paracambi

1) Leia o texto da reportagem e responda ao que se pede:

Como a reforma agrária vem se dando até agora no Brasil


André Cabette Fábio 10 de jan de 2019 (atualizado 11/01/2019 às 19h12)

Em mais uma medida seguida por recuo, o governo Bolsonaro determinou a paralisação da reforma
agrária no Brasil, mas a suspendeu um dia após a informação repercutir. No dia 8 de janeiro de
2019, a ONG Repórter Brasil revelou o teor de três memorandos internos aos quais teve acesso.
Eles haviam sido distribuídos no dia 3 de janeiro a servidores do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária).O primeiro deles determinava a paralisação, sem prazo, dos
processos de aquisição, desapropriação e qualquer outra forma de obtenção de terras para a reforma
agrária no Brasil. A mesma medida paralisava os 1.700 processos em curso para titulação de
territórios quilombolas no Brasil. O documento foi assinado pelo ex-diretor do Incra, Clovis
Figueiredo Cardoso, ligado ao MDB do Mato Grosso e indicado durante o governo Temer. Também
assinado por Cardoso, outro documento determinava que as superintendências regionais do Incra
disponibilizassem, até o dia 9, a relação de todos os imóveis que poderiam ser destinados à reforma
agrária. E um terceiro reforçava a ordem de suspender os processos de compra e desapropriação em
andamento, exceto nos casos daqueles que tramitavam na Justiça. Ele ressaltava que a determinação
valia para áreas da Amazônia Legal, e fora assinado por Cletho Muniz de Brito, diretor de
ordenamento da estrutura fundiária do Incra. A informação foi repercutida por veículos de mídia.
No dia seguinte à reportagem, o presidente substituto do órgão, Francisco José Nascimento, enviou
um novo memorando às superintendências em que revoga os dois documentos que paralisavam a
reforma agrária.

O contexto do vaivém
A justificativa presente no primeiro memorando que paralisava a reforma agrária era de que os
processos seriam suspensos até que a nova estrutura do Incra fosse definida pelo governo. Em nota
à Repórter Brasil, o Incra reforçou a justificativa, afirmando: “conforme consta no corpo do próprio
documento, os processos foram sobrestados enquanto não se define a nova estrutura do Incra”.As
instituições responsáveis pela política fundiária têm sido foco de uma série de alterações sob o
governo Bolsonaro. Já no dia 1º de janeiro, o presidente publicou uma medida provisória que
reorganiza a estrutura dos ministérios dos órgãos da Presidência da República. Ligado desde 2016 à
Casa Civil, o Incra foi transferido para o Ministério da Agricultura. A medida provisória explicita
que a responsabilidade sobre concessão de títulos de terras quilombolas e a reforma agrária passa
para o Ministério da Agricultura. Anteriormente sob a pasta da Justiça, a Funai (Fundação Nacional
do Índio) passou para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e perdeu o poder de
demarcar terras indígenas. A prerrogativa também foi transferida para o Ministério da Agricultura.
A pasta vem sendo comandada por Tereza Cristina, que é ex-presidente da bancada ruralista na
Câmara dos Deputados. O Ministério da Agricultura também ganhou uma nova Secretaria de
Assuntos Fundiários, com a responsabilidade de lidar com políticas fundiárias, inclusive com a
reforma agrária. Ela é comandada por Nabhan Garcia, amigo pessoal de Bolsonaro e membro da
conservadora UDR (União Democrática Ruralista).

Fonte: adaptado de: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/01/10/Como-a-reforma-agr


%C3%A1ria-vem-se-dando-at%C3%A9-agora-no-Brasil

a) A questão agrária no Brasil envolve a disputa de diferentes atores sociais. A partir da leitura da
reportagem e dos textos existentes nos materiais didáticos da disciplina, identifique dois atores
presentes na reportagem e dois outros não citados na mesma, que mantém conflitos entre si na
disputa pela propriedade da terra no campo.

R.: Pode-se identificar no texto acima a Bancada Ruralista e Ministério da Agricultura; fora do texto
podemos citar os pequenos produtores rurais e os sem-terra. As divergências entre estes diferentes
atores sociais se prolongam no decorrer do tempo, isto porque, os dois primeiros citados defendem
a tecnologia aderida na agricultura, gerando o agronegócio que visa o lucro exacerbado oriundo das
grandes exportações, que movimenta a economia e os bolsos dos grandes fazendeiros. Bem como,
destaca-se o uso abusivo de agrotóxicos que destroem os recursos naturais. Todavia, os demais
citados, veem na desigualdade social, o não direito á terra que na teoria de “é de todos”, na prática
passa a ser de alguns privilegiados, e a agricultura familiar que não possui estrutura para competir
com grandes indústrias, o que gera o conflito de interesses.

b) Indique e explique pelo menos um dos interesses de dois (02) dos atores identificados por você
na questão anterior.

R.: Bancada Ruralista → tem por interesse a expansão do agronegócio inclusive em terras de
demarcação indígenas que são preservadas, logo, visam o lucro dos grandes proprietários de terras e
das indústrias devido ao aumento das exportações.
Sem-Terra → tem por interesse a luta pela reforma agrária, onde possa ser concedido o direito à
terra para moradia e agricultura familiar, enfim visam a questão de justiça social e dignidade já que
por anos e anos se arrasta neste tipo de exclusão.

2) Um dos temas que mais tem afligido a população mundial diz respeito à propagação de
doenças e vírus no mundo atual em escala planetária. Vários fatores podem influenciar tal
transmissão, mas há fatores sociais e ambientais que podem atuar como inibidores ou
facilitadores da propagação de doenças. Após ler a reportagem, apresente explicações para o
que se pede, em sequência, na questão:

O Ministério da Saúde informou na quarta-feira (29/0102020) que o Brasil tinha, até aquela data,
nove casos suspeitos de pessoas infectadas pelo coronavírus chinês. Os pacientes estavam sendo
examinados em seis estados, sendo três deles em São Paulo e dois em Santa Catarina. Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Ceará tinham um caso suspeito cada um. Segundo o secretário de
vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, nenhuma das suspeitas havia sido confirmada até a data.
O ministério ainda aguardava o resultado de exames. Os primeiros casos de pessoas infectadas com
o novo tipo de coronavírus foram detectados no final de dezembro de 2019, em Wuhan, cidade com
11 milhões de habitantes na China, entre pessoas que frequentavam um mercado local que vende
animais silvestres. Em 9 de janeiro de 2020, o governo chinês anunciou a descoberta de um novo
tipo de vírus. Dois dias depois, compartilhou sua sequência genética, numa atitude que foi elogiada
pela rapidez. A China já tinha sido criticada por esconder informações durante a epidemia de Sars
(Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2003, causada por outro tipo de coronavírus, responsável
por infectar mais de 8.000 pessoas e matar outras 774.Até a noite de quarta-feira (29), já haviam
sido confirmados 6.165 casos de infecção do novo tipo de coronavírus, a grande maioria deles na
própria China. Pelo menos 133 pessoas morreram no país. A família do coronavírus é conhecida
desde os anos 1960 e causa infecções respiratórias em seres humanos e animais. A maioria dos
casos resulta em doenças leves e moderadas, como resfriados. Quase toda pessoa acaba infectada
por algum tipo de coronavírus ao longo da vida. O novo tipo observado na China veio de morcegos,
provavelmente vendidos no mercado em Wuhan. Ele causa sintomas comuns aos outros tipos, como
febre, tosse, dor muscular e cansaço, mas também pode dar início a uma pneumonia severa e levar à
morte. No Brasil, o Ministério da Saúde montou um centro de operações de emergência, formado
por especialistas, para monitorar possíveis casos. Há também vigilância e avisos sonoros nos
aeroportos. Desde terça-feira (28), o governo trabalha no nível 2 de alerta, que indica risco iminente
de entrada do vírus no país, devido à chegada de pessoas vindas da China. Por isso, o ministério tem
desaconselhado viagens ao país asiático. O nível 1 é um alerta inicial, que tem como objetivo
preparar a rede de saúde. Já o nível 3 é de “emergência em saúde pública”, que pode acontecer se o
primeiro caso de coronavírus no Brasil for confirmado.

Uma análise sobre o corona vírus


Para entender as possibilidades de o coronavírus se espalhar pelo Brasil, o Nexo conversou com o
especialista em biossegurança Edison Durigon, que é professor titular de virologia do Instituto de
Ciências Biomédicas da USP. Segundo ele, o clima quente do país dificulta a transmissão.

O que esse vírus tem de diferente dos demais coronavírus? Edison Durigon: Os quatro tipos de
coronavírus que circulam entre humanos e que infectam principalmente crianças, mas também
adultos, são responsáveis por resfriados e gripes leves. Eles não são muito graves. Esse novo
coronavírus da China vem do morcego. Dos sete tipos existentes de coronavírus, pelo menos dois,
que são o beta e o alfa, infectam morcegos, e o morcego atua quase como um reservatório desse
vírus. Não fica doente, mas transmite o vírus. Pode passar para outros mamíferos e inclusive para
nós, humanos, e foi isso o que aconteceu na China. O surto começou num mercado que vendia
animais silvestres, inclusive morcegos. A transmissão desse vírus por morcego se dá pelas fezes.
Elas criam uma quantidade grande de vírus, com aerossol [suspensão de partículas no ar] que as
pessoas inalam, ou manipulam e pegam o vírus. É um vírus novo, mas a família dos coronavírus já
era conhecida.

Pela primeira vez estamos vendo esse novo tipo de vírus passar para os humanos. Por que isso
aconteceu só agora?
Edison Durigon: É uma coincidência da natureza. Esse vírus já deveria existir há bastante tempo
nos morcegos. Qual a chance de um morcego infectar um humano? É muito pequena. Morcegos
vivem em cavernas, em árvores. Como a transmissão acontece pelas fezes, e tem que ser em
quantidade grande, o contato de humanos com fezes de morcego é muito raro. Agora, imagine um
mercado que deve capturar morcegos e vender. Esses morcegos ficam em gaiolas. A quantidade de
fezes passa a ser grande. Provavelmente o que aconteceu foi que um morcego ou uma colônia deles
estava infectada com esse coronavírus. As pessoas, ao manipularem essas fezes, até para limpar a
gaiola, já que os morcegos são vendidos como alimento, se infectaram no mercado. Um começou a
passar para o outro e aí foi. A infecção do vírus para o homem depende de que as células humanas
tenham um receptor para esse vírus. O que é esse receptor? É uma proteína que o vírus reconhece.
Quando essa proteína que o vírus reconhece no morcego é o mesmo de um humano, ele passa a
transmitir para humanos. (…)

Qual o risco de uma epidemia desse tipo no Brasil?


Edison Durigon: É uma pergunta difícil, mas esse vírus é tipicamente de clima frio. Ele transmite
rapidamente em clima frio. A gente sabe disso porque, em 2003, houve uma epidemia de Sars
(Síndrome Respiratória Aguda Grave) causada por um outro coronavírus, também vindo da China,
na mesma época do ano, e causou uma pneumonia bastante grave, uma mortalidade maior do que
essa. A taxa de infecção era menor, mas a mortalidade era mais alta, e morriam indivíduos jovens.
Isso se espalhou por países frios, para quem estava no inverno, nos Estados Unidos e na Europa.
Chegou à Austrália porque eles têm um contato muito próximo com a China. Mas nunca chegou ao
Brasil, à América do Sul ou à África, por exemplo. Por quê? Nós estamos no verão nessa época.
Esse vírus não se propaga bem em clima quente. Agora, aconteceu a mesma coisa. Começou na
China, no inverno, está se espalhando em países que estão no inverno. Talvez a gente tenha um caso
ou outro aqui, importado. O indivíduo que veio da China ou de algum país em que se infectou, vai
ser tratado aqui, internado aqui. Mas acho que o risco de uma epidemia acontecer aqui, agora, ainda
é baixa, por conta do clima. A transmissão desse vírus em clima quente não é boa, e também há a
radiação do sol. Ele é muito sensível à luz ultravioleta.

Fonte: adaptado de: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/01/29/Por-que-o-clima-no-


Brasil-dificulta-a-transmissão-do-coronavírus

a) Com base na reportagem, apresente e caracterize duas condições climáticas e ambientais


existentes no Brasil que dificultam a propagação de algumas doenças que vêm preocupando o
mundo, tais como aquelas retratadas na reportagem.

R.: O Brasil está localizado mais próximo à Linha do Equador e por esse motivo possui um clima
mais quente diferente de outros países que por estarem mais afastados e possuírem um clima mais
frio, são mais propensos á propagação de certas doenças. Devido ao seu tamanho continental,
possui variados climas. Portanto, duas condições climáticas e ambientais que pode-se destacar são:
o clima tropical, que tem por característica um verão mais úmido e o inverno mais seco; a Massa
Equatorial Continental que torna o verão brasileiro com temperaturas altas e chuvoso por ser uma
massa de ar mais quente e úmida. Assim sendo, mesmo no inverno não possuímos temperaturas tão
baixas e massas polares tão extremos quanto aos países acima do Equador, o que não propaga certos
vírus.

b) Apesar da situação climática favorável, no que diz respeito a não proliferação de algumas
doenças, as condições sociais em nosso país têm facilitado a propagação de outras doenças que
dificilmente se espalham em países cujas desigualdades sociais são menores. Aponte pelo menos
uma das doenças que mais têm afetado a população brasileira, cuja propagação decorre
fundamentalmente de aspectos sociais típicos de países em desenvolvimento. Explicite também um
dos fatores sociais que facilitam a propagação da doença citada por você.

R.: Uma doença que afeta muito a população brasileira é a Leptospirose, doença proveniente da
urina do rato que em sua fase mais avançada causa hemorragia levando à morte. Decerto, um
grande fator social que auxilia nessa contaminação é a falta de saneamento básico. O Brasil ainda
possui um grande número de cidadãos que moram em locais desprovidos de segurança, bem estar e
saúde, assim se veem diante do risco de adquirir doenças com esgotos a céu aberto e consumo de
água imprópria. O esgoto e a ingesta de água imprópria também causam doenças gastrointestinais
como a Amebíase e a Hepatite A.

3) As duas reportagens a seguir também retratam temas que dizem respeito a preocupações
socioambientais em nosso país. Neste caso, o contexto retratado é o das cidades brasileiras,
principalmente as grandes cidades. Após ler os trechos elencados, forneça explicações para o que se
pede

As maiores chuvas nas capitais brasileiras desde 1990


Gabriel Zanlorenssi e Lucas Gomes12 de fev de 2020 (atualizado 12/02/2020 às 17h40)
Mês de janeiro de 2020 em Belo Horizonte foi o mais chuvoso já registrado em uma capital
brasileira nos últimos 30 anos. A cidade de Natal foi a que registrou maior volume em dois dias
consecutivos.
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2020/02/12/As-maiores-chuvas-nas-capitais-
brasileiras-desde-1990

Cidades brasileiras precisam se adaptar o mais rápido possível ao clima cambiante


As enchentes de Belo Horizonte e São Paulo são a ponta mais recente do iceberg climático que está
a atingir as cidades brasileiras. Despreparadas, estas estão ameaçadas por chuvas cada vez mais
fortes e mais frequentes. As chuvas que caíam uma vez a cada 10, 20 anos, agora acontecem a cada
5 anos ou menos.
Daniela Chiaretti, no Valor, lembra que um trabalho do INPE de 2010 indicava que a temperatura
média em São Paulo já tinha aumentado entre 2°C a 3°C, o suficiente para a cidade perder sua
famosa garoa. A matéria compara as “enchentes surpresas” daqui com práticas adotadas mundo
afora para exatamente reduzir o risco e os prejuízos com as chuvas nas cidades brasileiras.

Em Moçambique, a prefeitura de Pemba e Nacala mapearam as zonas de risco de desabamentos e


enchentes e só autorizam novas construções em função desses riscos. Na Filadélfia, nos EUA, a
prefeitura sabe que os primeiros milímetros de chuva determinam o tamanho do estrago. Assim,
implantaram um programa no qual as casas instalam sistemas de captação e armazenamento desse
primeiros volumes. Em Bangladesh, a perda anual da criação de galinhas pelas enchentes foi
reduzida com a introdução da criação de patos.

Chiaretti conversou com Sergio Margulis e Natalie Untersell, responsáveis pelo melhor trabalho
sobre impactos climáticos em todo o país, trabalho que traz um conjunto importante de medidas de
prevenção e adaptação, o Brasil 2040. Margulis diz que “se cortar gases-estufa é missão dos
governos federais, a adaptação é local. É preciso começar logo: desentupir bueiros, melhorar a
drenagem, plantas árvores, limpar córregos, educar a população a não jogar lixo no chão.
Implementar um plano e pensar em obras estruturantes. O que não é possível é não fazer nada e
apenas esperar pela próxima calamidade”.

ClimaInfo, 13 de fevereiro de 2020.

Fonte: https://climainfo.org.br/2020/02/12/cidades-brasileiras-precisam-se-adaptar-o-mais-rapido-
possivel-ao-clima-cambiante/
a) Diante do processo de urbanização existente no Brasil, indique 4 fatores que agravam os
impactos das chuvas torrenciais típicas do verão, afetando a vida da população residente nas
grandes cidades.
R.: A construção de moradias em áreas inadequadas como as que existem próximas a leitos de rios.
O lixo que é descartado inadequadamente pela falta de coleta seletiva e acaba por parar dentro de
rios, bueiros e córregos. O assoreamento de rios que ocorre pelo depósito e acúmulo de substâncias
que as indústrias descartam indevidamente. O desmatamento de áreas com vegetação preservada
para construções urbanas que resultam na impermeabilização do solo.

4) A reportagem que segue trata da questão industrial no Brasil

Terça-feira, 23 de julho de 2019


Dentre 30 países, Brasil lidera ranking de desindustrialização precoce
O mais recente levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi)
relacionando dados de 30 países ao longo de 50 anos identificou no Brasil a terceira maior retração
industrial.
O Brasil está atrás apenas de Austrália e Reino Unido que se afastaram da indústria como
consequência da elevação de renda per capita, diferente do país sul-americano que passa a liderar o
ranking de desindustrialização precoce.
Em 2016 a Organização das Nações Unidas (ONU) já alertava sobre o processo de
desindustrialização precoce no Brasil ao identificar pouco mais de 10% do PIB brasileiro no setor
industrial, enquanto que na década de 70 a indústria correspondia a quase 30 pontos percentuais do
montante nacional, fomentando grande parte dos postos de trabalho e do desenvolvimento
econômico no país.
Tendência Mundial
Foi a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) que chancelou
as reformas liberalizantes promovidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco
Mundial (BM) enquanto aceleradoras do processo global de desindustrialização, sendo esta
chamada de precoce no Brasil essencialmente por não atingir toda sua potencialidade produtiva
manufatureira, regredindo ao concentrar forças na produção de commodities principalmente da
agricultura em vez de proporcionar investimento tecnológico na indústria de serviços com valor
agregado.
Enquanto tendência mundial, a desindustrialização tem ocorrido em países como Austrália e Reino
Unido acompanhada da elevação de renda e do PIB per capita – sendo tal elevação um propulsor do
distanciamento do consumo de bens por parte da população e migração para o consumo de serviços
– a qual exige potencial tecnológico para acompanhar o enriquecimento, como Japão, EUA e
Europa experimentaram ao fim do século XX com o avanço principalmente das tecnologias de
comunicação.
Brasil em Desmonte
Os dados do estudo realizado pela Iedi consideram valores reais até o fim de 2017, mas vale
recordar que apesar do crescimento de 1,1% do setor industrial no ano seguinte, 2019 já acumula
queda de 0,7% do setor nos primeiros cinco meses do ano, evidenciando a tendência de
desindustrialização incorporada pela economia brasileira.
Diferente da Austrália e Reino Unido, o Brasil não acompanhou o processo de desindustrialização
ao longo das décadas com aumento do PIB per capita ou investimento tecnológico, colocando em
risco um dos setores que mais concentra mão de obra direta e indiretamente no país às oscilações do
mercado internacional, cenário ainda mais grave quando acumula quase 14 milhões de
desempregados.
Com retração de longo prazo do produto manufatureiro real per capita e sem condições de
amadurecimento industrial, o país ainda perde potencial econômico para investir em avanços
tecnológicos destinados à formação e capacitação de mão de obra qualificada à indústria 4.0 e à
produção de serviços dinâmicos de alto valor agregado, responsáveis por substituir o setor da
indústria tradicional em países desenvolvidos, tal como os EUA.
Passado que se Repete
Recentemente, uma carta assinada por dez ex-ministros da Ciência e Tecnologia deflagrou a
intensificação da crise tecnológica que o Brasil passa, ainda mais com o contingenciamento das
Universidades Públicas, responsáveis pela vasta parcela da produção científica nacional e,
consequentemente, pela garantia do avanço e amadurecimento econômico do país.
Com limitação de avançar tecnologicamente e retração na indústria atual, observa-se um ciclo que
parte do empenho tardio no processo de industrialização do Brasil, passa pela ausência de
investimento tecnológico por parte do Estado para produção de bens de valor agregado e se
consolida na dependência econômica de produção de commodities.
Sem investimentos reais em tecnologia, o Brasil se condena ao retrocesso e deflagra um futuro de
submissão às potências desenvolvidas, na margem da economia e na contramão da melhoria das
condições de vida do povo.
Ergon Cugler é pesquisador da Universidade de São Paulo.
Fonte: http://www.justificando.com/2019/07/23/dentre-30-paises-brasil-lidera-ranking-de-
desindustrializacao-precoce/

A) Após a leitura, apresente explicações que justifiquem tratar o processo de industrialização


no Brasil como tardio, dependente, concentrado e, conforme a reportagem, sujeito agora a se
desindustrializar precocemente.

R.: De acordo com o texto a desindustrialização no país avança precocemente devido a falta de
investimentos, e se não há recursos para que a tecnologia nacional se fortaleça para assim
desenvolver o perfil industrial, cai a produção, enfraquece a economia e assim causa impacto
diretamente em trabalhadores da área industrial e outras mãos de obra indiretamente ligados. Esse
investimento que não ocorre, paralisa setores como a Ciência nas Universidades Públicas,
responsáveis pela área de pesquisa e tecnologia, que se veem obrigadas a parar com seus projetos e
desenvolvimentos, muitas vezes em testes com fase final. Portanto, nos deparamos com um
processo retroativo que nos torna dependentes de potências internacionais que alavancam sua
economia já crescente e seu status de superpotências.

Base referencial para as respostas:

Textos da AP1 e Material Didático da Disciplina.

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