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ANO 4
N° 1
ABR
2024
ENTREVISTAS 3
Entrevista Cláudio Alberto Guimarães, Promotor de Justiça 3
Entrevista Sílvia Abdala Tuma, Procuradora de Justiça, e
Corregedora-Geral do MP do Amazonas 6
Entrevista Themis Maria Pacheco de Carvalho, Procuradora de
Justiça e Corregedora-Geral do Ministério Público do Maranhão 9
SAÚDE MENTAL 11
SAÚDE MENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR: desafios
contemporâneos 12
ARTIGOS JURÍDICOS 15
PERPECTIVAS EM PSICOLOGIA E PSICOPATOLOGIA FORENSE:
DO DIVÓRCIO À ALIENAÇÃO PARENTAL – DA VÍTIMA AO
AGRESSOR 17
O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO CONTROLE EXTERNO
DA ATIVIDADE POLICIAL: uma análise das estratégias adotadas
no Brasil entre desafios e perspectivas para uma Segurança
Pública Cidadã 29
BOAS PRÁTICAS E LIÇÕES APRENDIDAS NA ATUAÇÃO
RESOLUTIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR PARA A
PREVENÇÃO DE CRIMES MILITARES ENVOLVENDO DROGAS
POR JOVENS MILITARES 48
PANORAMA ESTATÍSTICO 67
Conselho Editorial
Equipe da Corregedoria
Endereço virtual:
https://revistaminerva.mpma.mp.br/index.php/revistaminerva
EDITORIAL
ENTREVISTAS
Entrevista Cláudio Alberto
Guimarães, Promotor de
Justiça
é praticado no país e a relação direta des- buições normativamente muito bem de-
te fator com o regime jurídico político que finidas. O Ministério Público precisa estar
se encontra no exercício do poder. Assim, mais próximo dos cidadãos e isso se con-
categorias definidas como democracia segue facilmente com uma atuação mais
formal, democracia substancial, cidadania externa, de mais fiscalizações, operações
real, composição demográfica racional, conjuntas, mais audiências públicas, en-
mínimo existencial, dentre tantas outras fim, através de meios que não necessitem
que fazem parte desse contexto social diretamente de judicialização para solução
concreto de exercício do poder e que po- do problema.
dem ser compreendidas, a partir de uma
perspectiva teórica, na ambiência dos es- RM - Que mensagem deseja deixar
tudos da ação comunicativa, têm que fa- para os demais membros do Ministério
zer parte das reflexões daqueles que inte- Público?
gram o Ministério Público brasileiro, para
que possam compreender e, por essa via, Cláudio Guimarães - Eu penso que
melhor enfrentar os referidos desafios. nós, acima de tudo, temos que nos colocar
no lugar daquelas pessoas que procuram
RM - Como o senhor vê o Ministé- o Ministério Público na esperança para so-
rio Público, nesse momento da socieda- lução de seus problemas, na maioria das
de brasileira, diante de tantos desafios e vezes muito graves e urgentes, e na pers-
complexidades? pectiva da eficácia, eficiência e efetividade
buscarmos todas as possibilidades possí-
Cláudio Guimarães - Eu vejo o Minis- veis para a solução dos mesmos. Para mim
tério Público como uma instituição que essa é a essência, o maior compromisso e
tem, necessariamente, que se reinventar a razão de existência da nossa instituição.
dia após dia. O gabinete ficou um lugar
pequeno ante tantos desafios complexos
que se colocam na pauta direta de todos
que integram uma instituição que, segun-
do a Constituição Federal – para ficarmos
apenas no âmbito mais próximo dos indi-
víduos – é responsável pela defesa dos in-
teresses sociais e individuais indisponíveis.
Dessa forma, o mínimo existencial tem
que ser garantido por uma atuação dire-
ta e concreta daqueles que possuem atri-
fundação em 1988, demonstrou a sua na- Além disso, o contato próximo e di-
tureza combativa e propositiva e hoje nos ário com a população e o trabalho incan-
deparamos com o desafio de tornar a ins- sável para o acolhimento e proteção das
tituição, mais do que nunca, veículo de efe- vítimas, especialmente as vulneráveis, são
tiva resolução dos problemas e crises da imprescindíveis para que mantenhamos a
Sociedade brasileira. É preciso que paulati- relevância institucional e social. O Promo-
namente busquemos instrumentos, ferra- tor de Justiça deve ser a primeira pessoa a
mentas e modos de agir que nos permitam ser lembrada pelo jurisdicionado nos casos
trazer soluções criativas e eficazes e que em que seus direitos estejam sendo viola-
não dependam, salvo em último caso, da dos e isso só se consegue com a presença
atuação do Poder Judiciário, que enfrenta efetiva e integrada do Promotor de Justiça
uma sobrecarga jamais vista e que, portan- na Comarca de sua titularidade e na socie-
to, depende da evolução de instituições e dade local. Sem isso não avançaremos.
instrumentos que permitam a pacificação
por outros meios que não os judiciais. É
isso que devemos buscar: resolutividade e
eficácia com meios de atuação próprios e
independentes.
SAÚDE MENTAL
Camila Ribeiro
Pedagoga e Psicóloga
Mestre em Psicologia pela UFMA
Autora de livro infantil na área
de Educação Socioemocional
Coordenadora do Curso de
Psicologia da Faculdade Edufor
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ARTIGOS JURÍDICOS
Mestranda em Ciências
Criminológico-Forense pela
Universidad de Ciencias
Empresariales y Sociales
-UCES. Promotora de Justiça
do Maranhão. MBA em
Administração Judiciária
pela Faculdade de Negócios
Excellence. Pós Graduada em
Direito Civil e Processo Civil pela
Faculdade do Maranhão. Pós
Graduada em Teoria Psicanalítica
pela Faculdade Hokemah.
1. Introdução
Por mais que essa prática seja bastante comum, a comunidade em geral e até mes-
mo os alienadores desconhecem os efeitos psicológicos devastadores que ela causa.
Filhos que sofrem alienação parental desenvolvem um ódio doentio e injustificado pelo
genitor alienado, e, isso vai gerar consequências desastrosas tanto no aspecto físico
quanto psicológico.
A separação dos casais, na maioria dos casos, produz efeitos traumáticos, desen-
cadeando sentimentos de abandono, rejeição, traição e outros. Tais sentimentos levam
os casais a uma disputa pessoal, que acaba penalizando os filhos.
Gardner (2002) observou o fenômeno em casos de divórcio nos tribunais dos Es-
tados Unidos, onde a guarda, na maioria dos casos era concedida às mães, o que levou
os pais a buscarem alguma falha para acusar as ex-mulheres. Waquim (2018) comenta
que Judith Wallerstein fez um estudo, durante 25 anos, com dezenas de crianças e ado-
lescentes, sobre os efeitos do divórcio nas crianças e percebeu que os filhos se aliavam
a um dos genitores numa simbiose que comprometia seu saudável desenvolvimento,
faziam um “alinhamento patológico”. Ela concluiu que os genitores que atraem seus
filhos para confusões conjugais e pós-conjugais acabam afetando o psicológico deles.
Baker (2006) realizou uma pesquisa com 40 adultos que afirmaram ter sofrido interfe-
rência de um dos pais tentando colocá-los contra o outro genitor.
O fato é que a alienação parental e os conflitos daí decorrentes terminam por aco-
meter familiares de ambos os lados e causam danos a toda a família e suas relações e,
principalmente, à formação psicológica da criança.
nham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie
genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Ortega (2012, p.5) enfatiza que alienação parental é um conjunto de sintomas “[...]
que resultam do processo pelo qual um progenitor, através de diferentes táticas ou es-
tratégias, tenta transformar a consciência dos seus filhos, a fim de prevenir, dificultar
ou destruir os seus laços com o outro progenitor”. O objetivo da alienação parental é
manipular a criança através de campanhas difamatórias que desvirtuam a imagem do
genitor alienado, causando uma ruptura no convívio.
Por mais que essa prática seja bastante comum, a comunidade em geral e até mes-
mo os alienadores desconhecem os efeitos psicológicos devastadores que ela causa.
Filhos que sofrem alienação parental desenvolvem um ódio doentio e injustificado pelo
genitor alienado, e, isso vai gerar consequências desastrosas tanto no aspecto físico,
quanto psicológico.
A alienação parental desvirtua o conceito que a criança tem do genitor que foi
alienado, maculando assim a sua imagem. A destruição da figura de um dos genitores
pelo outro, poderá acarretar angústia na criança. Segundo Freud (1905/1992, p. 204) “A
angústia infantil originalmente nada mais é do que a expressão da falta da pessoa ama-
da”. Dessa forma, a alienação parental é uma tentativa deliberada de afastar a criança
do convívio do outro genitor, fazendo dele um estranho e trazendo como consequência
um mal-estar psicológico na vida dos filhos.
Na alienação parental apenas um dos lados deseja ser o Outro da criança, figuran-
do como o único discurso válido e digno de credibilidade, enquanto o outro (o genitor
alienado) será excluído dessa relação. Assim, não resta para a criança nada além do que
se aliar e responder alienando-se nos significantes que o Outro (alienador) lhe fornece.
Cuenca (2006) comenta que na sua experiência profissional verificou condutas psi-
copatológicas características de progenitores alienadores, dentre as quais destacamos:
A utilização dos filhos como um objeto no conflito existente entre os pais, além
problemas jurídicos, gera também problemas sociais, psicológicos e psicossomáticos
à criança e à própria família. Muitas vezes esse sofrimento gera isolamento, agressivi-
dade, revolta, ansiedade, déficit de atenção, medo e insegurança, sentimento de culpa,
dificuldade com normas e regras, tendência suicida, automutilação, transtorno de iden-
tidade, maior demanda de atenção e amor, enurese noturna (xixi na cama) e outros. Na
adolescência, as vítimas de alienação parental têm grande propensão ao vício em álcool
e drogas.
Conclui Trindade (2014) que deverá o alienado abandonar o papel que lhe foi atri-
buído, passando a desempenhar uma função ativa em busca de sua saúde emocional,
mas também visando um desenvolvimento saudável dos filhos. O alienado deve enten-
der que a omissão também constitui uma forma de violência psicológica, que pode ser
tão perversa quanto a violência física. Ao se acomodar passivamente às condições dita-
das pelo alienador, o cônjuge alienado pode ser tão prejudicial aos filhos quanto aquele.
As denúncias, na maioria das vezes, são feitas com o objetivo de garantir a guarda
unilateral da criança ou mesmo como forma de punir o alienado pelo rompimento do
enlace matrimonial. O que os alienantes não sabem é que imputar falsamente crime a
alguém caracteriza no Brasil o crime de calúnia e o cônjuge alienante pode ser respon-
1
sabilizado criminalmente por sua conduta, se ficar demonstrado que não existem maus-
-tratos, abandono ou estupro de vulnerável, uma vez comprovada que a narrativa não
passou de criação do alienante para afastar o outro cônjuge ou familiares da criança.
1 Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis
meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade,
salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença
irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime
imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Ornell apud Freitas (2015), tratando sobre mentiras infantis explica que até os sete
ou oito anos, a criança se encontra vulnerável à manipulação, não diferenciando entre
a fantasia e realidade. Isso pode gerar falsas memórias que passam a ser tidas como
reais, por isso, é necessária atenção especial em crianças nessa fase. Dessa forma, “[...]
é muito comum em disputas judiciais pela guarda um dos progenitores descarregar as
frustrações em face do outro genitor sobre a criança como forma de produzir um sis-
tema de cumplicidade” (p.150).
7. Considerações Finais
Não é novidade que o universo jurídico tenha se apropriado desse debate, visto
que o fenômeno da Alienação Parental foi observado pela primeira vez nas perícias ju-
diciais realizadas nos tribunais norte-americanos. Partindo dessa premissa, vários pes-
quisadores empreenderam esforços para estabelecerem mecanismos legais que dimi-
nuíssem os danos à criança que era vítima de longos e desgastantes processos judiciais
de disputa pela guarda e pensão alimentícia.
A separação dos casais, que na maioria dos casos não ocorre de forma consensual,
produz efeitos traumáticos na relação familiar, em especial nos filhos. Muitos dividem
com a criança o peso do sofrimento e acusam, difamam o outro genitor, e geram falsas
memórias na criança, afetando o psicológico e gerando traumas, desenvolvendo na
criança sentimentos de ódio, medo e desprezo pelo genitor alienado.
Por fim, fica claro que a utilização dos filhos como um objeto no conflito existente
entre os pais, mostra-se de relevante interesse criminológico, tendo em vista os graves
problemas sociais e psicológicos gerados pela alienação parental, inclusive com reper-
cussões criminais, posto que em algumas condutas são tipificadas como crime, como
é o caso de denunciação caluniosa, difamação, imputação falsa de crime e outros. Por
essa razão, é de fundamental importância o estudo da alienação sob uma ótica psico-
lógica e psicanalítica, visto que a alienação parental produz um sofrimento psíquico na
vida de crianças e adolescentes, sendo necessária a intervenção de profissionais capa-
citados que possam oferecer uma escuta qualificada, a fim de ajudar essas vítimas a
ressignificarem suas histórias.
8. Referências
Cuenca, J. M. (2006). Síndrome de alienación parental: hijos manipulados por un cónyuge para odiar al
outro. Editorial Almuzara.
Baker, A. (2006). Patterns of parental alienation syndorme: a qualitative study of adults who were alie-
nated from a parent as a child. The American Journal of family Therapy. <http://www.alienacaoparental.
com.br/textos-sobre sap/ DOI: 10.1080/01926180500301444
RESUMO
ABSTRACT
The objective of this work is to elucidate the causes of pathological violence exis-
ting in Brazil and present the strategies of the National Security and Social Defense Plan
to reduce the rates of violence against the population, focusing on the external control
of police activity carried out by the Public Ministry. The key issue addressed is how a
country with so many advantages can be so violent with its people, and how the role of
the Public Ministry can contribute to reducing violence. The object of investigation is
public security in Brazil, with emphasis on the performance of the Public Ministry in the
external control of police activity. The article presents an analysis of Brazil’s potential in
relation to other emerging countries and the social distortions existing in the country.
MPMA Ministério Público
2024 - O Ministério Público do Maranhão no fomento à
resolutividade das demandas sociais 29
do Estado do Maranhão
ANO 4
N° 1
In addition, the limitations of the role of the Public Ministry in promoting public hearin-
gs and in the preparation of annual reports on public security are discussed.
Keywords: violence, public security, external control, Public Ministry and strategies.
1 INTRODUÇÃO
Vera da Silva Telles (1999, p. 85) faz uma análise da diferença de acesso a direitos
e condições de vida entre trabalhadores e capitalistas, apontando para o fato de que a
maioria da população possui apenas a venda da sua força de trabalho como meio para
garantir a sobrevivência. Com base nisso, salienta a necessidade de se entender as
causas das desigualdades e buscar formas de superá-las, bem como de analisar o que
essas desigualdades produzem na subjetividade dos homens.
Exatamente por isso, diversos grupos sociais tiveram sua condição de sujeitos
de direito negada e fragilizada. Ficou demarcado, então, um crescimento econômico
pautado na privatização dos lucros e socialização dos prejuízos, com a emergência das
desigualdades sociais, do desemprego e da sociedade de insegurança.
cídio, bem como as consequências sistêmicas entre esses indicadores e os índices edu-
cacionais de baixa qualidade e insuficiente correspondência com a inserção no mer-
cado (SEN, 2008). A multidimensionalidade da pobreza não se enfrenta apenas com
estratégias monetárias (SEN, 2010).
o conjunto de meios de intervenção, quer positivos quer negativos, acionados por cada so-
ciedade ou grupo social a fim de induzir os próprios membros a se conformarem às normas
que a caracterizam de impedir e desestimular os comportamentos contrários às menciona-
das normas, de restabelecer condições de conformação, também em relação a uma mudan-
ça no sistema normativo.
Como é sabido, o Brasil vivenciou uma ditadura militar violenta e arbitrária que du-
rou de 1 de abril de 1964 até 15 de março de 1985. Em seguida, passou por um proces-
so de redemocratização em que foi promulgada, em 1988, a Constituição da República
Federativa do Brasil. A Constituição de 1988, implementou o Estado Democrático de
Direito no Brasil, trazendo os princípios do sistema de direitos fundamentais, da justiça
social, da igualdade e da legalidade, entre outros.
mocrático. Portanto, o Estado Brasileiro deve atuar pautado nas leis que tanto limitam
a sua atuação, como as justificam.
Esses acontecimentos contrastantes mostram que o governo não teve sucesso em trans-
formar muitas práticas arbitrárias de suas instituições ou em impor as restrições esperadas
ao monopólio estatal da violência legal. O Brasil, assim, ilustra o problema que as novas
democracias enfrentam ao aumentar o fosso entre o aperfeiçoamento político do Estado e
sua persistente violação dos direitos econômicos, sociais e civis. Essas práticas conflitantes
mostram o desafio que os países em desenvolvimento enfrentam ao estabelecer conexões
entre esferas heterógenas de poder - valores democráticos continuam a coexistir com va-
lores autoritários.
É imperioso chamar atenção para o fato de que o PRONASCI foi elaborado duran-
te um governo progressista mais alinhado com os princípios da esquerda, o governo
do Partido dos Trabalhadores. Contudo, ainda que o PRONASCI tenha proporcionado
avanços na discussão sobre segurança pública, os índices de violência no Brasil conti-
nuam alarmantes, conforme demonstrado na introdução do presente trabalho.
Fonte: Fonte: Elaboração própria (BBC; BRASIL; IPEA; WORLD BANK; UNESCO)
Das duas tabelas acima, verifica-se que os dados brasileiros quanto à redução de
taxas de homicídios, pobreza e analfabetismo contemporaneamente, o que permite
inferir a existencia de sua correlação sistêmica.
Não se pode negar que a política de segurança pública, quando elaborada com am-
pla participação da sociedade civil, pode ser indutora da redução dos índices de violência
no Brasil. No entanto, um modelo de segurança pública baseado na participação popular,
tanto na sua elaboração quanto na sua execução, demanda alterações estruturais no atu-
al modelo bastante militarizado e voltado especialmente para o policiamento ostensivo.
Mas, também, é oportuno afirmar que uma política nacional de segurança pública
não é, ne legitima, nem democrática, se ela se dirige a um processo de higienização da
pobreza com uma escolha pelo encarceramento de massas. Brasil se mantém na 26ª
posição em ranking dos países que mais prendem no mundo.É decisivo que as políticas
de segurança pública se desenhem de forma integrada com uma visão de conjuntura
das determinantes sociais, educação, trabalho e desenvolvimento social. (CHAI, 2021).
Resta claro que a política pública de segurança necessita ser aprimorada e, com
base nisso, foi formulado o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, ins-
trumento que objetiva reduzir os índices de violência e criminalidade até o ano de 2030.
A ideologia por trás desse discurso é definida por Alessandro Baratta (2002, p. 41-
44) como “Ideologia da Defesa Social”, cujos princípios norteadores seriam o princípio
da culpabilidade; do interesse social e do delito natural; da legitimidade; da igualdade;
da prevenção; e princípio do bem e do mal. A soma dos princípios citados resultaria na
crença de que esse é o caminho para uma sociedade sem criminalidade.
Em suma, essa teoria trata o crime como um fenômeno de massa que deve ser
combatido pelo Estado, a fim de proteger a sociedade. Ela tem como premissa que o
criminoso é um perigo para a sociedade e que, portanto, deve ser isolado ou controla-
do. A teoria surgiu no século XIX, em um contexto de expansão do capitalismo e da in-
dustrialização. No Brasil, essa teoria foi adotada durante a ditadura militar (1964-1985),
o que resultou em uma política de segurança pública repressiva e que violou os direitos
humanos.
Não se nega que a defesa social é uma ideologia bastante sedutora que se baseia
na ansiedade da sociedade para se defender do crime, ao passo que aprimora o sistema
repressivo com atributos de legitimidade. Com a defesa social, o sentimento é de que o
aumentando as punições a justiça será alcançada. Ou seja, a cultura do medo por trás
da “Ideologia da Defesa Social” vende perigos imaginários como reais, o que justifica as
formas de defesa, por vezes arbitrárias e violentas, do Estado contra o cidadão.
Porém, no Brasil vigora o Estado Democrático de Direito, motivo pelo qual preser-
var a ordem pública significa garantir a legalidade e coibir ações policiais contrárias aos
direitos humanos fundamentais. Agir de forma contrária implica na transgressão da
ordem pública cujo objetivo das ações policiais seria garantir.
dente de polícia militar (ONU, 2012). Segue o texto: “ (...) 119.60. Work towards abo-
lishing the separate system of military police by implementing more effective measures
to tie State funding to compliance with measures aimed at reducing the incidence of
extrajudicial executions by the Police. (Denmark)”.
Em síntese, afirmam que o Brasil precisa trabalhar para abolir o sistema indepen-
dente de polícia militar implementando medidas mais efetivas para assegurar finan-
ciamento estatal para cumprimento de medidas destinadas à redução da incidência de
execuções extrajudiciais pela polícia. Baseado nessas razões, conclui-se que o Ministé-
rio Público necessita exercer uma intervenção ativa acerca do tema.
Também há a Lei Orgânica do Ministério Público da União (LC 75/1993) que prevê
a atuação do Ministério Público da União no controle de políticas de segurança públi-
ca, em seu art. 5º, II, “e”, com a seguinte redação: “Art. 5º São funções institucionais do
Ministério Público da União: II - zelar pela observância dos princípios constitucionais
relativos: e) à segurança pública;”.
Art. 3º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade policial tendo
em vista:
(a) o respeito aos fundamentos do Estado Democrático de Direito, aos objetivos fundamen-
tais da República Federativa do Brasil, aos princípios informadores das relações internacionais,
bem como aos direitos assegurados na Constituição Federal e na lei;
Por sua vez, o art. 9º da mesma lei determina as medidas judiciais e extrajudiciais
pelas quais o Ministério Público exercerá o controle externo da atividade policial:
III - representar à autoridade competente pela adoção de providências para sanar a omissão
indevida, ou para prevenir ou corrigir ilegalidade ou abuso de poder;
O ideal é que esses órgãos contem com equipes formadas não só por promotores,
mas também por psicólogos e assistentes sociais, dentre outros, bem como é essencial
a constante capacitação e treinamento desses profissionais com o objetivo de que os
núcleos funcionem com efetividade e eficiência.
Com base no exposto acima, pode-se afirmar que o controle externo da ativida-
de policial exercido pelo Ministério Público diz respeito ao policiamento de segurança
pública em geral, podendo ser incidental ao inquérito policial ou relacionando-se com
a proibição de excessos e de ineficiência, intervindo em casos de arbitrariedade com
o foco na prevenção de práticas abusivas e responsabilizando os que cometerem tais
atos. Nessa linha, o membro do Ministério Público Thiago A. Pierobom de Ávila (2020)
, classifica a atuação do Ministério Público em cinco nichos:
(i) controle procedimental do inquérito policial para a eficiência da investigação criminal (di-
reção mediata derivada da titularidade da ação penal);
(iv) controle extraprocessual de eficiência das políticas de segurança pública; (v) controle
extraprocessual de não arbitrariedade da investigação criminal e do policiamento de segu-
rança pública (prevenção e responsabilização).
Infelizmente, são raras (se é que existem) as audiências públicas promovidas pelo Ministé-
rio Público para discutir problemas de segurança pública, e reputo ser inexistente qualquer
relatório público anual do Ministério Público nesse tema, que realize uma análise global da
situação, aponte as possíveis soluções indicadas pelos especialistas, proponha as medidas
que já se mostram viáveis, se proponha a monitorar a evolução de tais políticas e se coloque
como um interlocutor qualificado no debate democrático da segurança pública, atuando
como um “promotor de accountability”. De forma geral, o Ministério Público brasileiro tem
sido omisso em exercer de forma adequada a fiscalização das políticas de segurança públi-
ca, fortalecendo o caráter democrático e comprometido com os direitos fundamentais que
deveria guiar a execução desse serviço público.
Resta claro, portanto, que cabe ao Ministério Público, após mais de 30 anos des-
de que a Constituição cidadã passou a vigorar, se organizar de forma adequada com o
fim de exercer atribuição tão relevante que é o controle externo da atividade policial.
Assim, o que se espera é a promoção de reformas que impossibilitem a reiteração dos
ilícitos cometidos pelos agentes de segurança pública no Brasil, além de uma atuação
adequada na fiscalização das políticas de segurança pública.
5 CONCLUSÃO
diferentes às elites que dominavam o tecido social, com o objetivo de preservar o pa-
trimônio e o status quo das estruturas conservadoras do Brasil.
Imperioso ressaltar que durante esse período uma parte significativa da popula-
ção teve sua condição de sujeitos de direito negada e fragilizada, mais notadamente o
preto e o pobre. Até hoje, essa parcela da população sofre com o etiquetamento social,
em que um dos resultados é a violência policial combatida no presente trabalho.
Assim, o presente estudo buscou identificar medidas que possam fortalecer a atu-
ação do Parquet no controle externo da atividade policial. Uma possibilidade palpável
é a capacitação dos núcleos estaduais especializados no controle externo da atividade
policial, o que certamente contribuiria para fortalecer a atuação do Ministério Público
nessa seara, sem onerar significativamente os cofres públicos.
Outra estratégia possível é a criação de ouvidorias formadas por uma equipe multi-
disciplinar de profissionais dentro dos próprios Departamentos de Polícia, com o obje-
tivo de receber feedbacks da população acerca do comportamento dos policiais. Cam-
panhas de conscientização sobre a necessidade de se denunciar as violações e abusos
cometidos por policiais também é uma medida cabível e realizável.
Por fim, uma ação essencial consiste na realização constante de discussões com a
finalidade de promover a cooperação entre diversas instituições envolvidas na seguran-
ça pública através do compartilhamento de informações e de discussões relacionadas à
segurança pública. Acredita-se que essa providência pode fortalecer a cooperação en-
tre diferentes setores da sociedade comprometidos com segurança pública, com baixo
custo para o estado.
O Estado Brasileiro deve buscar romper com o atual status das políticas de segu-
rança pública, já que aprimorar essas políticas consiste em condição sem a qual não
será possível progredir socialmente, nem alcançar um melhor patamar no processo ci-
vilizatório do país.
REFERÊNCIAS
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Rebecca Aguiar
Eufrosino da Silva
de Carvalho
RESUMO: Este trabalho propôs-se a apresentar o projeto social “Mais que Ven-
cedores” como experiência positiva de atuação resolutiva do Ministério Público Militar
no desenvolvimento de ações preventivas ao uso de substâncias entorpecentes por
jovens militares. Este estudo qualitativo e quantitativo foi realizado por meio de revisão
bibliográfica e de análise documental a respeito das várias experiências produzidas no
âmbito de atuação da Procuradoria de Justiça Militar em Curitiba/PR, valendo-se, para
tanto, de conceito, técnica e reflexões teóricas a respeito da psicodinâmica do trabalho
militar e das políticas públicas nacionais sobre drogas. Os dados obtidos após 7 anos
de trabalho, por meio de pesquisa reativa e etnográfica demonstram que a implantação
do projeto social resultou em melhoria transversal do convívio laboral, relacionamento
social, disciplina e rendimento no aprendizado. A articulação interagências na condução
do projeto social mostrou-se potencialmente viável, tanto logística (autossustentável
com os meios humanos disponíveis na localidade) quanto economicamente (trabalho
voluntariado), para sensibilização e desenvolvimento cultural naquele micro realidade
social para a formação (e proposição espontânea) de uma política pública setorial (For-
ças Armadas) de prevenção ao uso de drogas para jovens militares federais.
ABSTRACT: This work proposes to present the social project “Mais que Venceores”
as a positive experience of resolutive action by the Military Public Prosecutor’s Office in
the development of preventive actions against the use of narcotic substances by you-
ng military personnel. This qualitative and quantitative study was carried out through
a bibliographical and documentary review regarding the various experiences produced
within the scope of the Military Justice Prosecutor’s Office in Curitiba/PR, using, for this
purpose, the concept, technique and theoretical reflections regarding the psychody-
namics of military work and national public policies on drugs. The data obtained after
7 years of work, through reactive and ethnographic research, demonstrate that the
implementation of the social project resulted in a transversal improvement in working
life, social relationships, discipline, and learning performance. The interagency articu-
lation in conducting the social project proved to be potentially viable, both logistically
(self-sustainable with the human resources available in the locality) and economically
(volunteer work), for raising awareness and cultural development in that micro social
reality for training (and spontaneous proposition) of a sectoral public policy (Armed
Forces) to prevent drug use among young federal soldiers.
1. INTRODUÇÃO
Um esboço do perfil dos envolvidos nesse tipo de injusto penal revelou que: 99%
são homens; 98% são cabos ou soldados; 85% têm no máximo 21 anos; e 52% têm no
máximo o ensino fundamental completo.
1 O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas alterou a nomenclatura (desatualizada) “substância
entorpecente ou que determine dependência física ou química” para “drogas”.
2 No campo jurídico, em que pese o desigual tratamento conferido pelas legislações pátrias (Código Penal Militar;
e Lei nº 11.343/2006), quando o “ tráfico ou a posse de substância entorpecente”, ainda que de pequena
quantidade, ocorrer em local sujeito à administração militar ou por militar de serviço, as jurisprudências do STM
e STF comungam do entendimento de que os “institutos despenalizadores” contidos na lei geral (nº 11.343/06)
não prevalecem sobre as hipóteses configuradoras do crime militar (artigos 9º e 290 do Código Penal Militar),
uma vez que os bens jurídicos tutelados pela norma penal militar extrapolam a incolumidade pública, alcançando
e lesionando expressivamente a hierarquia e disciplina militar, assim como a regular organização, preparo e
emprego das Forças Armadas (STF. Órgão Pleno. Habeas Corpus nº 103.684/DF).
Por fim, apresentará alguns resultados alcançados com essas medidas de cidada-
nia e prevenção criminal, correlacionando-os com as metodologias e abordagens em-
pregadas, a fim de que possam subsidiar ações resolutivas congêneres e até a adoção
de política pública de âmbito setorial e nacional para as Forças Armadas.
3 “Atuação resolutiva é aquela por meio da qual o membro, no âmbito de suas atribuições, contribui decisivamente
para prevenir ou solucionar, de modo efetivo, o conflito, problema ou a controvérsia envolvendo a concretização
de direitos ou interesses para cuja defesa e proteção é legitimado o Ministério Público, bem como para prevenir,
inibir ou reparar adequadamente a lesão ou ameaça a esses direitos ou interesses e efetivar as sanções aplicadas
judicialmente em face dos correspondentes ilícitos, assegurando-lhes a máxima efetividade possível por
meio do uso regular dos instrumentos jurídicos que lhe são disponibilizados para a Resolução extrajudicialou
judicial dessas situações, nos termos da Resolução CNMP 54/2017.” (Fonte: Glossário Eletrônico da Atuação
Resolutiva da Corregedoria Nacional do Ministério Público. Disponível em: «https://www.cnmp.mp.br/portal/
institucional/corregedoria/biblioteca-digital-vade-mecum/glossario». Acesso em: 25/05/2023).
4 JATAHY, C. R. C. 20 anos de Constituição: o novo Ministério Público e suas perspectivas no Estado Democrático
de Direito. In: FARIAS, C. C.; ALVES, L. B. M.; e ROSENVALD, N. (orgs.). Temas atuais do Ministério Público. 3.
ed. Salvador: JusPODIVM, 2012, p. 36.
Assim, passa o Ministério Público a ter um importante papel como Instituição me-
diadora de conflitos de interesse sociais, sendo constitucionalmente lançado ao exercí-
cio de uma “magistratura ativa na defesa da ordem jurídica-democrática”5.
ficas do Poder Público nesse sentido; além, é claro, de atuar nas investigações das con-
dutas que mais abalam a sociedade, de forma a combater com rigor e eficiência o crime
organizado e permitir que o Direito Penal tenha eficácia social, assevera Almeida (2012).
Interessante notar que iniciativas isoladas, ancoradas nas principiologias que de-
vem reger a atuação resolutiva do Ministério Público e, em especial, na “tutela da mul-
tifuncionalidade dos direitos fundamentais”, têm sido o ponto de partida para o de-
6 PROMOS são procedimentos (expedientes extrajudiciais) promocionais que têm por objeto a efetivação dos
direitos fundamentais por meio de ações resolutivas de natureza promocional, no âmbito do MP do Trabalho.
7 Art. 1º O Projeto Social objetiva, por meio de um conjunto integrado de atividades e da articulação
interinstitucional, transformar uma parcela da realidade, reduzindo, eliminando ou solucionando um problema
e/ou promovendo a tutela dos direitos ou interesses tuteláveis pelo Ministério Público, nos termos da
Constituição da República Federativa do Brasil e da legislação aplicável. (destaquei). [Resolução conjunta nº
03/11, da Procuradoria-Geral de Justiça e Corregedoria-Geral do Ministério Público de Minas Gerais].
8 As expressões “parceira”, “mediador” e “indutor” são utilizadas por Fontes (2006, pp. 150 e 153/157) ao justificar
que o papel do atual Ministério Público deveria se aproximar às características e atribuições do ombudsman,
numa dimensão propriamente política.
9 Expressão utilizada por Fauzi H. Choukr (FAUZI H. CHOUKR, 2012, p. 487/488) como sinônima de “Políticas
Públicas”.
3.1 Situação-problema
(de dinheiro, cartão bancário com senha, tênis e celular de colegas de caserna), “furto
qualificado” (arma de fogo, notebook, impressora, etc.), “deserção”,“abandono de pos-
to”,“dormir em serviço”, possuíam conexão ou decorriam do uso de drogas, consoante
declarado pelos próprios militares (réus).
13 A ideia é que cada Organização Militar adote o nome que seja mais adequado com a sua atividade e abordagem.
No âmbito da PJM/Curitiba, deu-se o nome “Projeto social MAIS QUE VENCEDORES”.
O acompanhamento da execução do projeto foi realizado com base nas ações re-
alizadas, de acordo com o cronograma14 estabelecido.
14 Cronograma das fases do projeto-piloto na EAMSC: Elaboração: maio a julho de 2015; Início: agosto/2015;
Término: novembro/2015; Avaliação e divulgação dos resultados: dezembro/2015 a junho/2016.
A seguir, sucederam-se reuniões semanais para pequenos grupos (no caso, cada
um dos 14 Pelotões [turmas de aula], com 38 militares cada), conduzidas pelo Diretor-
-Presidente da ONG Vida Limpa e acompanhadas somente pelos profissionais do Nú-
cleo de Assistência Social da EAMSC: psicóloga, assistente social e assessora jurídica,
compromissadas a manter o sigilo profissional do conteúdo tratado nesses encontros.
Cada reunião teve a duração média de 90 minutos: ambientação (10 min), “exposi-
ção dialogada” (50 min) e intervenções dos participantes/espaço de discussão (30 min).
Iniciava-se com ambientação (atividade de roda ou musicalização) destinada a criar
informalidade, conexão e identidade entre todos os participantes da atividade, como
indivíduos e grupo de trabalho, proporcionando a operacionalização das dimensões da
“mobilização subjetiva”. Todos eram orientados a utilizar roupas confortáveis (abrigo/
agasalho de educação física) para se sentarem no chão da sala de atividade, comuni-
carem-se visualmente e se movimentar durante as dinâmicas de grupo desenvolvidas.
e social dos participantes, bem como formas de lidar com questões comportamentais
e relacionais do passado, presente e futuro (próximo e distante), no que se referem às
drogas.
O diferencial na realização deste projeto não se traduziu pela forma nem pelos
conteúdos dinamizados, que seguem protocolos já consagrados por este tipo de inter-
venção preventiva de educação em saúde mental. A inovação da proposta esteve nas
bases teóricas que justificaram que as intervenções fossem realizadas no espaço de
trabalho (militar), que se tornou espaço legítimo de fala (espaço de discussão) sobre
os “sofrimentos”16 ali vivenciados, legitimando este espaço também como o espaço
do uso da inteligência prática, da cooperação e do reconhecimento individual e grupal,
nessa temática extralaboral, e ainda o trabalho como espaço de ressignificação do so-
frimento, espaço de saúde e de prazer.
Como encerramento desse percurso, foi realizada gincana cultural com a partici-
pação voluntária de todos os 14 Pelotões (532 militares-alunos), disputando a premia-
ção anunciada: passeio no parque Beto Carreiro (a 100 Km da EAMSC), com entradas,
alimentação e transporte custeados pelos parceiros e colaboradores do projeto.
15 Art. 4º, incisos III e VIII, e art. 19, incisos IV e V, da Lei 11.343/2006.
16 Todo trabalho representa sofrimento (deixar a família, o conforto do lar, submeter-se a ordens, prazos, metas
etc.); por isso, torna-se necessário (e possível) que o trabalho tenha significação (consciente), a fim de que ele
(trabalho) possa ser criativo, produtivo e ético, gerando pertencimento e realização, o que, na psicodinâmica
do trabalho, denomina-se “sofrimento criativo”.
17 Na Psicodinâmica do Trabalho (DUARTE, 2014), a circulação da palavra está no centro do processo de construção
coletiva de boas relações no trabalho, com base na solidariedade, cooperação, reconhecimento. Ocorre que, ao
experimentar o reconhecimento, o trabalhador sente-se aceito, admirado e liberto-motivado para expressar-
se livremente: desse modo, o trabalho deixa de ser espaço de alienação e de sofrimento – produzir somente
para sobreviver – e volta ao seu papel original de espaço para constituição do sujeito, construção de cidadania
e produção com prazer.
18 Para a psicodinâmica do trabalho, o labor é uma categoria central na constituição da identidade do ser humano,
fonte de saúde, prazer e integração com o mundo (MERLO e MENDES, 2009). As refexões teóricas a respeito da
psicodinâmica do trabalho militar, em especial acerca da organização do trabalho, como possíveis explicações
para o aumento do risco para a dependência química permitem também discutir caminhos para a prevenção
e enfrentamento destes riscos; neste processo, os conceitos de “mobilização subjetiva” e de “ressonância
simbólica” – que já foram abordados ao longo do texto – são centrais. Mendes (1995) defende que o sofrimento
oriundo da rigidez da organização do trabalho pode ser transformado em criatividade através da “ressonância
simbólica” e do espaço de discussão (uma das dimensões da “mobilização subjetiva”). Numa perspectiva de
garantia de direitos humanos e trabalho, as reflexões teóricas a respeito da psicodinâmica do trabalho militar,
bem como acerca da organização do trabalho, como possíveis explicações para o aumento do risco para a
dependência química permitem abordar, na forma macro de política pública, o potencial preventivo de projetos
de mobilização subjetiva para abertura de espaço de discussão e cooperação no ambiente de trabalho, visando
o enfrentamento do risco de uso de entorpecentes por jovens militares , em especial os recrutas.
Observou-se que vários indicadores foram alcançados por meio do projeto. Dentre
eles, os que mais se destacam são os comportamentais (melhoria do rendimento esco-
lar e diminuição de contravenções disciplinares).
O Diretor da ONG Vida Limpa destacou que a abordagem humanista e afetiva adota-
da pelo projeto, por si só, já foi o suficiente para que os jovens militares se sentissem va-
lorizados (e cuidados) como indivíduos e pertencentes ao corpo de militares da instituição
Marinha do Brasil e, assim, correspondessem positivamente aos estímulos do projeto.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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19 De acordo com Weber (2009), o diário de campo é uma ferramenta importante para a autoanálise do(a)
pesquisador(a), não sendo um texto completo, mas um material de análise da pesquisa, podendo haver
partes que não serão mencionadas em publicações científicas, mas que devem ser consideradas durante a
análise dos dados. Os diários compreendem registros não somente de procedimentos técnicos, mas também
conversas que “acontecem em filas de ônibus, no balcão da padaria, nos corredores das universidades; outras
são mediadas por jornais, revistas, rádio e televisão” (SPINK, 2003, p. 29) apud KROEF, GAVILLON e RAMM
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PANORAMA ESTATÍSTICO
Por Anne Caroline Sousa de Almeida
Corregedora-Geral do Ministério
Público do Maranhão
Themis Maria Pacheco de Carvalho
Promotor de Justiça
Laert Pinho
(Revisor)
Corregedora Geral
do Ministério Público
Themis Maria Pacheco de Carvalho
Chefe de Gabinete
Alessandra Darub Alves
EQUIPE