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Brazilian Journal of Development 50336

ISSN: 2525-8761

Fatores que podem influenciar na evasão no ensino superior: uma


análise estatística do curso de engenharia florestal no campus de
Parauapebas da universidade federal rural da Amazônia

Factors that may influence higher education dropout: a statistical


analysis of the forest engineering course at the Parauapebas campus of
the universidade federal rural da Amazônia

DOI:10.34117/bjdv8n7-108

Recebimento dos originais: 23/05/2022


Aceitação para publicação: 30/06/2022

Cássio Pinho dos Reis


Doutor
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, Pioneiros - MS, CEP: 79070-900
E-mail: cassio.reis@ufms.br

Leônidas Pompeu Leão Velloso


Doutor
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Estr. Principal da Ufra, 2150, Curió Utinga, Belém - PA
E-mail: leonidas.velloso@ufra.edu.br

Melquias de Oliveira da Silva


Aluno
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Estr. Principal da Ufra, 2150, Curió Utinga, Belém - PA
E-mail: melkiase@gmail.com

Fernando Colares
Mestre
Instituição: Universidade da Amazônia
Endereço: Avenida Alcindo Cacela, 287, Umarizal Belém Pará
E-mail: fismat.fernando@gmail.com

Fabricio da Silva Lobato


Mestrando
Instituição: Universidade Estadual do Pará
Endereço: Rua do Uma, 156, Telégrafo, Belém - PA
E-mail: fabriciolobatomat15@hotmail.com

Katiane Pereira da Silva


Doutora
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Estr. Principal da Ufra, 2150, Curió Utinga, Belém - PA
E-mail: Katiane.silva@ufra.edu.br

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Antonio Thiago Madeira Beirão


Doutor
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Estr. Principal da Ufra, 2150, Curió Utinga, Belém - PA
E-mail: Thiago.madeira@ufra.edu.br

Ademir Ferreira Silva Junior


Doutor
Instituição: Universidade Federal do Pará
Endereço: AV. Augusto Corrêa, N 01, Guamá, Belem - PA, Brasil
E-mail: Ademirjunior@ufpa.br

Alessandra Epifanio Rodrigues


Mestra
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Estr. Principal da Ufra, 2150, Curió Utinga, Belém - PA
E-mail: alessandra.epifanio@ufra.edu.br

Robson José Carrera Ramos


Mestre
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Estr. Principal da Ufra, 2150, Curió Utinga, Belém - PA
E-mail: robson.carrera@ufra.edu.br

Relinaldo Pinho de Oliveira


Mestre
Instituição: Universidade Santo Amaro (UNISA)
Endereço: avenida João Paulo II, 794, Entroncamento, Belém - PA
E-mail: relinaldopinhodeoliveira@gmail.com

Gustavo Nogueira Dias


Doutor
Instituição: Colégio Federal Ten. Rêgo Barros
Endereço: Av. Júlio César, s/n, Souza, Belém - PA
E-mail: gustavonogueiradias@gmail.com

RESUMO
Uma maneira de conhecer um aluno e evitar uma evasão destes durante a realização do
ensino superior, é estudar o seu perfil socioeconômico e cultural. Pensando nisso, esse
trabalho tem por objetivo identificar como é o comportamento social, econômica e
cultural, de graduandos em Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural da
Amazônia, campus de Parauapebas (UFRA). Para obter os resultados, foi coletado dados
com elementos descritivos de 38 dos 40 alunos inscritos no primeiro semestre do curso
do ano de 2020 do curso de engenharia florestal. Como resultado, observou-se uma média
de idade desses alunos de 20 anos e muitos desses estudantes moravam em outros locais
do estado onde está localizada a universidade e até de outros estados, e diferente de outras
engenharias, uma característica do curso da UFRA-Parauapebas, é que a maior parte dos
alunos são mulheres. Constata-se também a falta de recursos doe estudante que podem
dificultar o seu proveito no curso. Sintomas psicológicos também estão presentes nesses

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alunos, pois um percentual desses responderam que possuem algum indício de problema
psicológico, podendo afetar numa saída do curso.

Palavras-chave: evasão, engenharia florestal, perfil.

ABSTRACT
One way to get to know a student and avoid dropping out of them during higher education
is to study their socioeconomic and cultural profile. With that in mind, this work aims to
identify the social, economic and cultural behavior of undergraduates in Forestry at the
Federal Rural University of Amazonia, Parauapebas campus (UFRA). To obtain the
results, data was collected with descriptive elements from 38 of the 40 students enrolled
in the first semester of the 2020 course of the forest engineering course. As a result, an
average age of 20 years was observed for these students and many of these students lived
in other places in the state where the university is located and even in other states, and
different from other engineering fields, a characteristic of the UFRA-Parauapebas course.
, is that most of the students are women. There is also a lack of student resources that can
make it difficult for them to take advantage of the course. Psychological symptoms are
also present in these students, as a percentage of them answered that they have some
indication of a psychological problem, which may affect them when they leave the course.

Keywords: evasion, forest engineering, profile.

1 INTRODUÇÃO
Essas instituições públicas, são locais onde se observa uma capacitação
profissional e também a demanda do mercado de trabalho. No geral, essas instituições
são consideradas modelos de referências e possuem reverência para a sociedade em geral
(DURHAM, 2003). Entretanto, é sabido que o padrão pedagógico atual dessas
instituições, estabelece um limite de vagas para entrar no estabelecimento de ensino,
fazendo com que seja necessária uma forma para selecionar os alunos adentrarão numa
universidade do país.
Nesta seletiva que é adotado pela grande maioria dessas instituições públicas,
somente os que atingirem a média determinada pelo curso e pela concorrência à vaga
provavelmente terão êxito, e conseguirão entrar dentro da universidade. Porém, as
qualidades socioeconômicas podem estar associadas ao sucesso desses estudantes (REIS
et al, 2021ª).
O estudante depois que entra numa IES, encontra um novo problema: as altas taxas
de saída e desistências. Esses problemas têm alertado a todos, pois é notório que a cada
ano se agrava. Dentre vários fatores, existem inúmeros motivos para esses problemas,
como por exemplo, frustação do curso ou da carreira escolhida, condições econômicas,
sociais, antagônicas à continuação no curso do estudante, entre outros. Essas condições

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socioeconômicas dos estudantes têm relação com a permanência e manutenção da


residência, pois muitas vezes, o aluno se desloca de sua cidade para a cidade da IES,
aumentando assim seu custo de vida, além da dificuldade em obter recursos tecnológicos
que podem ser importantes para as atividades acadêmicas, (REIS et al, 2021b).
Muitos jovens necessitam escolher seu curso e consequentemente sua profissão
muito cedo. Uma desistência futura do curso pretendido pode ser levada ao não
conhecimento da profissão escolhida por esses jovens, levando assim a um
descontentamento do estudante perante o curso escolhido. Outro motivo talvez, pode ser
a má formação no ensino básico. Desde o ensino fundamental até o ensino médio. Assim,
podemos observar essas qualidades dos alunos antes e após a iniciação da graduação
numa IES, ajuda na preparação de novas metodologias para serem ajustadas durante a
realização das disciplinas e unidades curriculares desses alunos (PAIVA, 2008).
Administração, Engenharia Florestal, Engenharia de Produção, Engenharia
Florestal e Engenharia Florestal eram os cursos de graduação oferecidos pela
Universidade Federal da Amazônia (UFRA) – campus Parauapebas em 2020, além de ter
também um curso de pós-graduação em nível de mestrado (Produção Animal da
Amazônia). Somando todos os discentes do campus, a universidade possui 1.000 alunos
matriculados.
Assim, este trabalho tem objetivo de levantar o perfil do aluno de graduação, com
a sua realidade sócio, econômico e cultural, do curso de Engenharia Florestal da
Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas (UFRA). Espera-se
com esse trabalho, observar as possíveis deficiências do estudante e identificar quais
pontos causam a desistência de seu curso.
Na literatura, alguns trabalhos realizados com objetivos semelhantes. Ou seja,
estudar o perfil de alunos de graduação em Universidade, como é o caso de Pfuetzenreiter
(2003), Santos et. al (2013), Silva et. al (2015), Frozza et. al (2019), Seabra e Mattedi
(2017). E há uma constante preocupação em verificar esse perfil de alunos ingressantes
do curso de Engenharia Florestal, como pode-se ver em Campos e Piñol (2004),
Bernadino, et. al (2011), Artuzo et. al (2012), Latreille (2013), Simonetti et. al (2015),
Flores et. al. (2015), Fernandes et. al (2016), Simonetti et. al (2016), Centenaro et. al
(2017), Cassol et. al (2017), Reis et al (2021ª) e Reis et al (2021b).

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2 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado no campus de Parauapebas da Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA). Usou-se de informações por meio de uma pesquisa de
caráter quantitativa com apenas perguntas fechadas, a fim de beneficiar a coleta de dados
(GIL, 1999). A população do estudo, ou seja, o alvo da pesquisa, foram os alunos do
primeiro período de Engenharia Florestal no ano de 2020. Obteve uma amostra com erro
amostral de 2%, de forma que o quantitativo amostral foi de 39 alunos, de um total de 40.
A pesquisa foi realizada logo no início das aulas do semestre.
A escolha das perguntas foi feita de tal maneira que objetivou-se analisar o perfil
desses ingressantes. O questionário foi dividido em: dados pessoais, formação escolar
antes da universidade, perspectivas futuras para o curso e condições socioeconômicas. As
informações coletadas foram analisadas por meio de uma apreciação percentual
pertinente a cada item exibido em forma de figuras e tabelas, com auxílio do programa
Excel versão 2010 e R (2020).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nota-se na Tabela 1, que a média de idade dos estudantes calouros do curso de
Engenharia Florestal no campus de Parauapebas da UFRA é de apenas 20 anos e com um
desvio padrão de 4 anos. Essa mesma média se observa em outros cursos do mesmo
campus (REIS et al, 2021). A idade desses alunos pode indicar que o curso escolhido por
esses estudantes por alunos que acabaram de sair do ensino médio. A totalidade dos
alunos são do sexo feminino. Percentual parecido com outras universidades, como por
exemplo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (BERNDINO et al, 2011).
Essa idade observada em na UFRA de Paraupebas, também é compatível a outros
cursos de ciências agrárias. Pfuezenreiter (2003) relata que a idade dos estudantes na
universidade estudada variou entre 17 e 21 anos, com uma média de 18anos. Já Silva et.
Al (2017) apresenta que em outra universidade a maior parte dos alunos tinham entre 18
e 28 anos, com 89,29%.
Segundo Fernandes e Maia (2016), jovens com idade entre 17 e 23 anos, são em
maior parte na educação superior. Esses resultados de diversas pesquisas revelam que a
Engenharia Florestal de Parauapebas está exatamente neste mesmo cenário.
Segundo Silva (2008), ainda hoje a participação feminina em trabalhos descritos
masculinos é pequena, mas, apesar disto, é evidente um aumento do número de estudantes
do sexo feminino no ensino superior, e com isso uma expansão da mulher na amplitude

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do mercado de trabalho, inclusive em cursos caracterizadas pelo universo masculino


como é o caso das engenharias, apesar da maioria das matrículas femininas nas
universidades, ainda pertencerem a áreas como magistério e enfermagem.
Quase 95% dos alunos não são casados e sem filhos consequentemente, observa-
se uma pequena quantidade de alunos que já são casados e que possuem filhos. A raça
parda é uma característica predominante na cidade em que a universidade se encontra, e
da mesma forma, a maior parte dos alunos (61,54%) se autodeclara como pardo.
Averígua-se um percentual relevante de alunos que já possuem um curso técnico, o que
pode lembrar que o curso está sendo favorito por aqueles que já têm certa peculiaridade.
Perfil interessante da universidade é que uma parcela razoável de alunos nasceu em outros
Estados do Brasil (35,00%), e mais que isso, 75,00% são naturais de outros locais. Esses
percentuais podem indicar que os alunos saíram de sua cidade natal, para morar numa
cidade nova por conta da Universidade, aumentando dessa forma o custo de sua
manutenção.

Tabela 1: Perfil dos alunos ingressantes do curso de Engenharia Florestal no Semestre 2020.1 da
Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas.
Variável n=39
Idade 20 (± 4) anos
Sexo Quantidade Percentual
Masculino 14 35,90
Feminino 25 64,10
Estado Civíl
Solteiro 37 94,87
Casado / União Estável 2 5,13
Raça
Pardo 28 61,54
Branco 7 17,95
Negro 8 20,51
Possui Filho
Sim 1 2,56
Não 38 97,44
Possui alguma graduação
Sim 0 0,00
Não 39 100,00
Possui algum curso técnico
Não 32 82,05
Sim 7 17,95
Naturalidade - Estado
Pará 26 66,67

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Maranhão 6 15,38
Outros 7 17,95
Naturalidade - Cidade
Parauapebas 10 25,64
Outras cidades 29 74,36
Fonte: dados da pesquisa

No universo de ingressantes em alguns outros cursos de outras universidades, a


grande maioria também são solteiros, o que corrobora com a pesquisa feita no Campus
de Parauapebas que apresenta maioria de alunos solteiros, porém alguns já casados e com
filhos. Ainda no que tange o estado civil, a maioria de solteiros presentes no curso de
Engenharia Florestal de Parauapebas é também observado no estudo de Campos e Piñol
(2004) por exemplo, onde alunos solteiros compõem 87,80% do universo da pesquisa
realizada com ingressantes. Santos et al. (2015), num estudo sobre alunos de engenharia
florestal, identificaram também uma alta percentagem de alunos solteiros. Segundo
estudos de Simonetti , Montiel , Mascarello (2016) 14% dos estudantes de um curso de
ciências agrárias possuem um curso técnico, esse dado também se apresenta na pesquisa
aqui desenvolvida, onde muitos alunos já possuem um curso técnico.

Figura 1: Perfil dos alunos ingressantes do curso de Engenharia Florestal no Semestre 2020.1 da UFRA,
campus de Parauapebas, por característica de sua residência.

Fonte: dados da pesquisa

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Um ponto apresentado pela pesquisa é de que cerca de 75% dos ingressantes são
nascidos em outras cidades, ao que se assemelha com o estudo de Simonetti, Montiel ,
Mascarello (2016), que em sua pesquisa os autores identificaram que a maioria dos alunos
ingressantes vem de outras cidades. Observou-se também que cerca de 35,00% dos
ingressantes de Parauapebas são nascidos em outros estados que não o Pará. O número
de alunos que são autodeclarados pardos contabiliza 61,54%, semelhante a outros cursos
da própria universidade, como se pode ver em Reis et al (2021ª) e Reis et al (2021b).
O avanço tecnológico fez com que a aquisição de produtos eletrônicos se
popularizasse, porém, pode-se perceber na Figura 1, que esses alunos possuem ainda
alguma restrição em relação a aparelhos tecnológicos, como por exemplo: 35,90% não
possuem computador. 15,38% não possuem acesso à Internet. 69,323% não possui tv por
assinatura. Além de que a grande maioria, não possuem veículo para se locomover
(94,87%).
Com relação as condições de moradia desses alunos, uma percentagem relevante
de alunos não mora em ruas pavimentadas (7,69%) e nem possuem água encanada em
sua casa (2,56%). Esses percentuais podem indicar que algumas doenças podem ser
levadas a estes alunos, e dependendo da condição financeira, podem não receber
tratamento médico adequado. Reis et al (2021ª) e Reis et al (2021b) estudaram esse
comportamento em outros cursos, e pode-se observar uma semelhança, o que pode indicar
que não há uma diferença no ´perfil do estudante entre os diferentes cursos da UFRA
Parauapebas.

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Figura 2: Percentual de alunos ingressantes do curso de Engenharia Florestal no Semestre 2020.1 da


Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas, com sintomas psicológicos

.Fonte: dados da pesquisa

Os jovens do Século XXI estão cada vez mais sofrendo com problemas
emocionais. Uma das consequências é a perturbação do cotidiano desses alunos, e fazer
com que parte deles não consiga terminar a sua graduação ou atrasar a sua conclusão.
Entre os alunos ingressantes, observa-se na Figura 2, que cerca de 40,00% deles sofrem
de ansiedade e de insônia/alteração do sono. Por volta de 20,00% sofrem de tristeza
persistente e solidão. Outros problemas emocionais como desatenção problemas
alimentares, medo e desamparo, também são observados nesses alunos ingressantes.
Esses sintomas psicológicos necessitam ser tratados de uma maneira com que melhore a
qualidade do aluno, e consequentemente, um melhor aprendizado, fazendo com que o
aluno não desista do curso por conta desses sintomas.
Em relação ao vestibular desses alunos ingressantes, percebe-se pela Figura 3, que
o curso de Engenharia Florestal foi o curso de primeira opção de curso para 51,28% dos
alunos. Esse fato é bom, uma vez que o interesse do curso pode ser maior e assim uma
possível desistência do curso pode não existir. A maioria desses alunos tentou o vestibular
em outras oportunidades (43,59%), ou seja, não foi a primeira tentativa de ingressar numa
IES e até em outras universidades (46,15%). Com a criação do SISU, essa possibilidade
de entrar em outras universidades se tornou mais fácil, pois com um mesmo exame, pode-
se escolher várias universidades do Brasil. Reis et al (2021ª) e Reis et al (2021b) também
observaram essa mesma característica em outros cursos da UFRA Parauapebas.

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Figura 3: Percentual de alunos ingressantes do curso de Engenharia Florestal no Semestre 2020.1 da


Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas, por característica de seu exame de
entrada no ensino superior.

Fonte: dados da pesquisa

Dificuldades no ensino básico refletem diretamente no aprendizado do aluno


ensino superior. Entre os alunos ingressantes do curso de Engenharia Florestal, percebe-
se que durante o ensino médio, houve uma dificuldade extrema nas matérias de ciências
exatas (química, física e matemática). Essas matérias são importantes para se obter um
bom aproveitamento durante a graduação em Engenharia Florestal, e como se pode ver
na Figura 4, houve um percentual bem elevado de alunos, que tiverem uma dificuldade
moderada ou acima nessas três matérias durante o ensino médio. Ao contrário, há uma
afinidade maior nas matérias de português e biologia, uma vez que a dificuldade
encontrada nessas matérias foi bem inferior. Essa dificuldade encontrada nessas
disciplinas, não é exclusivo apenas do curso de Engenharia Florestal, pois como pode ver
em Reis et al (2021ª) e Reis et al (2021b), que em outros cursos, há também essa
dificuldade.

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Figura 4: Nível de dificuldade em disciplinas no ensino médio dos ingressantes do curso de Engenharia
Florestal no Semestre 2020.1 da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas.

Fonte: dados da pesquisa

Perguntados sobre suas perspectivas a médio/longo prazo, após concluir seu curso
de graduação, a maior parte dos alunos do curso de engenharia florestal pretende ir direto
para o mercado de trabalho, como se pode ver na Tabela 2 (53,85%). Campos e Piñol
(2016) em seus estudos sobre o perfil de ingressantes em um curso de graduação,
verificaram que (28,63%) dos alunos tem interesse no seu curso em virtude do mercado
de trabalho, esse dado é parecido com o da pesquisa realizada no campus de Parauapebas.

Tabela 2: Expectativa dos alunos ingressantes do curso de Engenharia Florestal no Semestre 2020.1 da
Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas, em relação ao seu curso.
Variável n=39
O que pretende fazer Quantidade Percentual
Ir direto para o mercado de trabalho 21 53,85
Ir para a área acadêmica 9 23,08
Não sabe 9 23,08
Perspectiva da profissão a médio/longo prazo
Ruins/péssimas 1 2,56
Razoáveis 3 7,69
Boas 22 56,41
Excelentes 13 33,33
Fonte: dados da pesquisa

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Uma parcela considerável de alunos tem interesse em seguir a área acadêmica,


seguindo para um mestrado e doutorado. Fato esse bem importante, pois se pode observar
um interesse deste no ensino e na pesquisa em uma área que o país necessita em grande
quantidade de novos pesquisadores. Observa-se também que a grande maioria dos alunos,
acredita no seu bom rendimento na graduação e na sua qualificação na universidade, uma
vez que possuem uma perspectiva futura entre boa e excelente para a sua profissão.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperou-se com esse trabalho, observar as possíveis carências do estudante e
identificar quais pontos podem ocasionar a evasão do seu curso.
Observou-se que dentre os alunos do curso no campus de Parauapebas, a maior
parte dos ingressantes são mulheres nativas de outras cidades e até de estados. São jovens
alunos com uma idade média de 20 anos. Assim como na região da universidade, esses
alunos são da raça parda, e uma parcela destes, já possui curso técnico e estão querendo
fazer um curso superior.
A falta de recursos foi notória nos alunos da universidade. Não possui alguns itens,
como computador, internet e tv por assinatura é uma realidade para uma boa parte desses
alunos. A falta desses itens pode fazer com que o rendimento do aluno diminua e fazendo
com que o aluno desista do curso. Além disso, condições precárias de moradia, e doenças
psicológicas são uma realidade no país e para os alunos ingressantes do curso de
Engenharia Florestal na UFRA – Parauapebas não é diferente. Sintomas de diversos
transtornos psicológicos, como ansiedade, insônia, tristeza, desatenção, medo, etc., são
observados nesses alunos. Fatores que podem influenciar no seu rendimento acadêmico.
Perceber durante o andamento da graduação, que a área, ou o próprio curso não é
interesse do estudante, ou que não agradou ao estudante pode estar relacionado a evasão
do aluno do curso superior. No estudo realizado, o curso de Engenharia Florestal não foi
a primeira opção no vestibular realizado por este aluno para quase metade dos
ingressantes. Nesse ponto de vista, pode-se destacar que, se durante a graduação, o aluno
não se agradar com o curso, ele pode desistir do curso antes do seu término.
Outro motivo de uma possível desistência da graduação, é a dificuldade em
algumas matérias básicas do conhecimento. Disciplinas como química, física e
matemática são muito importantes durante a graduação de engenharia florestal, porém,
foi visível que os alunos ingressantes tiveram dificuldades nessas matérias durante o

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ensino médio. Dessa forma, o aluno acaba ficando preso em algumas disciplinas,
dificultando a conclusão do curso.
Entretanto, pode-se retirar resultados positivos na pesquisa realizada. Uma boa
perspectiva do curso é realidade para uma maioria dos estudantes que estão ingressando
no curso, principalmente em relação a sua profissão ao longo dos anos.

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