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Brazilian Journal of Development 48609

ISSN: 2525-8761

Trabalho e saúde metal: aplicação da escala de estresse percebido com


1
professores universitários

Work and health metal: application of the perceived stress scale with
university professors
DOI:10.34117/bjdv8n6-391

Recebimento dos originais: 21/04/2022


Aceitação para publicação: 31/05/2022

Ricardo Ferreira
Mestre em Ensino de Ciências em Educação
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: R. Baraúnas, 351, Universitário, Campina Grande - PB, CEP: 58429-500
E-mail: mcta.ricardo@gmail.com

Ana Jussara Silva do Nascimento


Mestre em Administração
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: R. Baraúnas, 351, Universitário, Campina Grande - PB, CEP: 58429-500
E-mail: anajussara@servidor.uepb.edu.br

Sueli Aparecida Albuquerque de Almeida


Especialista em Pediatria e Puericultura
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: R. Baraúnas, 351, Universitário, Campina Grande - PB, CEP: 58429-500
E-mail: sueliaalb@gmail.com

Tatiana Cristina Vasconcelos


Doutora em Ensino de Ciências em Educação
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: R. Baraúnas, 351, Universitário, Campina Grande - PB, CEP: 58429-500
E-mail: vasconcelostc@yahoo.com.br

Abraão Clementino de Sousa


Mestre em Ciências da Educação
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: R. Baraúnas, 351, Universitário, Campina Grande - PB, CEP: 58429-500
E-mail: abraaoseafds@gmail.com

Vanildo Rodrigues da Silva


Mestre em Ciências da Educação
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: Rua Maria Estelita Cruz Pereira Pinto 159, Universitário,
CEP: 58459070
E-mail: vanildo63geo@hotmail.com

1
Recorte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor.

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Alexis dos Santos Cotta


Mestre em Ensino de Ciências em Educação
Instituição: Universidade Estadual da Paraíba
Endereço: R. Baraúnas, 351, Universitário, Campina Grande - PB, CEP: 58429-500
E-mail: alexiscotta@hotmail.com

RESUMO
Este estudo teve como objetivo a aplicação de um questionário sobre a Escala de Estresse
Percebido (Perceived Stress Scale - PSS) com professores universitários na busca de
entender sobre o grau de estresse desses profissionais. O mesmo trata-se de uma pesquisa
de cunho qualitativo, pois o pesquisador se volta para compreensão do mundo e detém da
preocupação com o caráter de acordo com características hermenêuticas na atividade de
realizar pesquisa envolvendo vivências do homem. A pesquisada foi realizada no ano de
2019 e contou com a participação de 30 professores que faziam parte do quadro efetivo
docente da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situada no município de Campina
Grande, no Estado da Paraíba. Os mesmos cumpriam carga horaria de trabalho de 40
horas semanais. Como instrumento de coleta de dados contou-se com a aplicação de um
questionário sobre a Escala de Estresse Percebido, a qual também é, denominada
Perceived Stress Scale (PSS). Os dados foram analisados de forma individual e conforme
as respostas atribuídas por cada professor ao questionário, assim como, foram feitas
análises fieis de cada resposta. Diante dos resultados analisados, é preciso que haja novos
estudos, que não silenciem a realidade tanto do processo trabalho docente, assim como,
sejam priorizadas ações em saúde do trabalhador.

Palavras-chaves: magistério, escala de estresse percebido, professores universitários.

ABSTRACT
This study aimed to apply a questionnaire on the Perceived Stress Scale (PSS) with
university professors in order to understand the degree of stress of these professionals.
The same is a qualitative research, because the researcher turns to understanding the
world and holds the concern with the character according to hermeneutical characteristics
in the activity of carrying out research involving human experiences. The research was
carried out in 2019 and had the participation of 30 professors who were part of the
effective teaching staff of the State University of Paraíba (UEPB), located in the
municipality of Campina Grande, in the State of Paraíba. They had a workload of 40
hours per week. As a data collection instrument, a questionnaire was applied on the
Perceived Stress Scale, which is also called Perceived Stress Scale (PSS). The data were
analyzed individually and according to the answers given by each teacher to the
questionnaire, as well as faithful analysis of each answer. In view of the analyzed results,
it is necessary that there are new studies, which do not silence the reality of the teaching
work process, as well as prioritize actions in workers' health.

Keywords: teaching, perceived stress scale, university professors.

1 INTRODUÇÃO
O trabalho é considerado uma categoria central na vida humana na
contemporaneidade, sendo constitutiva da subjetividade e identidade de cada pessoa. Os

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processos de trabalho são assim abordados pela potência de agir dos trabalhadores como
um caráter ontológico, histórico e impessoal (CLOT, 2010). Os temas trabalho e saúde,
contudo, nem sempre foram abordados como aspectos significativos da vida das pessoas.
Quando o trabalho começa a fazer parte efetiva da vida dos sujeitos, ele se torna
tão significativo (ou quase) quanto as relações amorosas que elas constroem. Sem
trabalho, não teremos como satisfazer necessidades básicas do nosso corpo e da nossa
fantasia. Apesar disso, o trabalho só bem tardiamente passou a integrar, de modo efetivo
e sistemático, o campo das preocupações presentes nos estudos sobre saúde mental
(BORSOI, 2007).
Diante das transformações políticas e legais ocorridas desde o século XX no
mundo do trabalho, tornou-se essencial aprofundar o debate sobre as múltiplas questões
que envolvem a relação entre trabalho e saúde/saúde mental, na busca de ampliar o
reconhecimento dessa relação, reconhecer os direitos dos trabalhadores e propiciar
mudanças nas situações de trabalho (BORSOI, 2007).
A perspectiva de que o trabalho humano é de algum modo organizador da vida é
recente (VASQUES-MENEZES, 2004). Além disso, reconhecendo também que o
trabalho é um fator importante na constituição de sofrimento psíquico, torna-se relevante
compreender o adoecimento para além da genética, dos aspectos orgânicos e/ou a história
familiar e afetiva dos sujeitos. As atuais transformações no mundo do trabalho, advindas
da reestruturaçãoprodutiva perpassada pela acumulação e produção flexível impactaram
nas condições de trabalho e vida dos trabalhadores, e, sobretudo, incidindo sobre a saúde,
que passam a ter sua capacidade laboral comprometida ao se submeterem em condições
precárias de trabalho (SILVA; FERREIRA; ALMEIDA, 2019).
Em 2011, segundo fonte do Ministério da Previdência social, foram registrados
711.164 acidentes e doenças do trabalho, entre os trabalhadores assegurados da
Previdência Social, o que não inclui os trabalhadores autônomos e as empregadas
domésticas. Tais doenças laborais, segundo a mesma fonte, são causas de afastamento ao
trabalhador, o que gera gastos para a instituição e/ou previdência (RAMOS, 2019).
Quando se discute a respeito do que caracteriza o processo de trabalho de maneira abstrata
e ampla, as características ligadas ao seu atributo relacional são elencadas. Contudo, é
interessante perceber e destacar que, quando a literatura científica aborda o processo de
trabalho a identificação de faltas e excessos está nas questões centrais: falta de
infraestrutura, de condições ergonômicas e de proteção contra riscos de acidentes e

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contaminações; e excesso de burocratização nos 16 serviços, de verticalização das


relações interpessoais e do contato com o sofrer alheio.
Desse modo, o trabalhador passou a se deparar com situações vulneráveis dentro
do trabalho, principalmente se tratando do estresse.
O estresse que ataca o homem contemporâneo, e, de modo específico o professor,
pode ser considerado um dos maiores problemas dos tempos modernos. De acordo com
Levi (2009), o nível de estresse na população brasileira está 50% mais elevado do que há
quarenta anos. A palavra estresse é aplicada em diferentes áreas do conhecimento e com
conotações distintas, desde o estresse físico de uma peça mecânica até o estresse
psicológico no ser humano. De acordo com Silva, Guido e Goulart (2018), o estresse pode
ser considerado sinônimo de fadiga e cansaço.
Investigações conduzidas entre professores demonstram que o estresse é um fator
que influencia diretamente o rendimento do professor, assim como a sua qualidade de
vida, além de apontar diversas fontes potencialmente geradoras de estresse. Estudos em
volta das causas e consequências do estresse na vida dos professores, são muito comuns
na rotina diária laboral destes e tal fenômeno tem provocado muitas preocupações, pois
ao observar os causadores temos os dias muito atarefados, a falta de vida, o número
enorme de alunos em salas de aulas apertadas, com uma diversidade de problemas, dentre
outros motivos provocadores deste elevado estresse.
O trabalho pode se transformar em um elemento nocivo à saúde e estar associadaa
condutas e condições que podem aumentar o risco para o adoecimento. Assim,
estabelecer as relações entre os múltiplos agentes estressores e a percepção de estresse
em professores universitários pode auxiliar a compreensão sobre quais aspectos devem
ser considerados no controle dessas situações, daí se justifica a importância de mais
estudos sobre o tema.
Uma das maneiras de avaliar o estresse consiste em observar o grau no qual o
indivíduo percebe como estressantes as diferentes situações ocorridas ao longo da sua
vida. Tal perspectiva propõe que a presença de eventos de vida potencialmente estressores
não caracteriza, necessariamente, o fenômeno do estresse (LAZARUS, 1966).
Diante disso, essa pesquisa teve como objetivo a aplicação de um questionário
sobre a Escala de PSS com professores universitários com o intuito de entender sobre o
grau de estresse desses profissionais.

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1.1 TRABALHO E SAÚDE MENTAL


O trabalho é uma categoria de análise que deve ser compreendido em seu caráter
ontológico, tendo em vista que, enquanto atividade fundante do ser social, constitui ao
homem à sociabilidade humana (SILVA; FERREIRA; ALMEIDA, 2019). Embora o
trabalho, enquanto atividade central na vida do ser humano, seja extremamente valorizado
no contexto da sociedade capitalista, nem todas as suas dimensões são explicitadas e
discutidas.
Além disso, as análises a respeito, muitas vezes carece de uma abordagem
multidisciplinar na busca de uma maior compreensão do tema e suas implicações nas
vidas concretas das pessoas. Se por um lado que seu exercício pode resultar em
sentimentos de satisfação, realização e prazer, por outro também pode ter como
consequência mal-estar, doenças e acidentes (DEJOURS, 1986).
De acordo com Borsoi (2007), essa laborização parece tornar-se cada vez mais
marcante no mundo do trabalho, na contemporaneidade, intensificando os prejuízos à
integridade física e psíquica dos trabalhadores, em que pese a existência de condições
tecnológicas que bem poderiam levar ao contrário. O modo de organização do mundo
contemporâneo tem, na maioria das vezes, direcionado os indivíduos a estruturarem suas
vidas em torno do trabalho e nele passar a maior parte de seu tempo.
Contudo, muitas pessoas não conseguem se realizar como sujeitos no mundo do
trabalho, inclusive pela falta de oportunidade de emprego. Estar desempregado é algo que
causa estranhamento e envergonha a pessoa e sua família, como se isso fosse uma escolha
pessoal e não um problema social.
A Psicodinâmica do Trabalho possibilita uma compreensão contemporânea sobre
a subjetividade no trabalho. Essa abordagem trouxe um novo olhar nas ciências do
trabalho, ao propor a criação de espaços de discussão onde os trabalhadores puderam
expressar sua voz, seus sentimentos e as contradições do contexto do trabalho que
respondem pela maioria das causas geradoras de prazer e de sofrimento (DEJOURS,
1992).
Dejours (1992), enfatiza a necessidade de identificação das raízes do sofrimento
no trabalho e, através da Psicodinâmica do Trabalho procura compreender a relação do
trabalhador com esse sofrimento, e o contexto do trabalho como possível ofensor à saúde
do trabalhador. Quando a relação do homem com o conteúdo significativo do trabalho é
bloqueada por alguma circunstância, ocorre o sofrimento, que gera insatisfação e afeta a
subjetividade.

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Diante dessas nuances ao buscarmos compreender o trabalho, reafirmamos que


este é um modo organizador da vida (VASQUES-MENEZES, 2004). Mesmo assim, é
comum manter-se um suposto distanciamento entre trabalho e saúde mental, como se o
primeiro não pudesse dizer nada sobre o segundo, como se determinados aspectos
objetivos e subjetivos do trabalho não pudessem atuar provocando adoecimento.
A ausência de estabilidade e segurança dentro e fora do trabalho, a violação
sistemática dos direitos no trabalho e a ausência de uma retribuição minimamente justa
constituem-se como causas diretas e fundamentais das desigualdades sociais. Além disso,
o ambiente no trabalho (em termos gerais) e o respeito pelos direitos no trabalho são
fatores de saúde que afetam a saúde, mas que nem sempre encontra o reconhecimento que
merece.

2 PERCURSO METODOLÓGICO
O presente estudo trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, pois o
pesquisador se volta para compreensão do mundo e detém da preocupação com o caráter
conforme características na atividade de realizar pesquisa envolvendo vivências da
hamanidade. A pesquisa qualitativa enfatiza os aspectos subjetivos do comportamento
humano, o mundo do sujeito, suas experiências cotidianas, suas interações sociais e os
significados que possibilita a essas experiências e interações, é por ligações que se
constroem as interpretações, os significados, e o olhar realidade do indivíduo (ANDRÉ,
1998).
A pesquisa foi realizada no ano de 2019 e contou com a participação de 30
professores que faziam parte do quadro efetivo da UEPB, situada no município de
Campina Grande, no Estado da Paraíba. Os mesmos cumpriam jornada de 40 horas
semanais de trabalho, e possuíam titulação minima de mestre.
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a aplicação de um questionário
sobre a Escala de Estresse Percebido, a qual também é, denominada Perceived Stress
Scale (PSS – Escala de Estresse Percebido) (MACHADO et al., 2014). De acordo com
Cohen et al. (1983), a PSS mede detecta o grau em que os indivíduos percebem as
situações como estressantes.
A PSS é uma escala geral, que pode ser usada em diversos grupos etários, desde
adolescentes até idosos, pois não contém questões específicas do contexto. A ausência de
questões específicas de contexto é um fator importante na escala e, provavelmente,
porque a escala tenha sido validada em diversas culturas. A PSS avalia a percepção do

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indivíduo sobre o quão imprevisível e incontrolável lhe parecem os eventos de vida


experienciados no último mês, podendo ser utilizada na população geral com, no mínimo,
nível de escolaridade equivalente ao ensino fundamental completo.
Além proporcionar uma avaliação subjetiva do estresse, se destaca a brevidade do
instrumento, o que favorece a sua aplicação em conjunto a outras medidas (MACHADO,
et al., 2014). A PSS possui 14 questões com opções de resposta que variam de zero a
quatro (0 = nunca; 1 = quase nunca; 2 = às vezes; 3 = quase sempre 4 = sempre). As
questões com conotação positiva (4, 5, 6, 7, 9, 10 e 13) têm sua pontuação somada
invertida, da seguinte maneira, 0 = 4, 1 = 3, 2 = 2, 3 = 1 e 4 = 0. As demais questões são
negativas e devem ser somadas diretamente. O total da escala é a soma das pontuações
destas 14 questões e os escores podem variar de zero a 56 (MACHADO, et al., 2014).
As respostas que foram fornceida ao instrumento de coleta de dados foram
analisadas de forma individual e ética conforme as respostas atribuídas por cada professor
ao questionário.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 A PRESENÇA DO ESTRESSE EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
Na Tabela 1, é possível verificar as respostas dos professores da UEPB, Campus
I, em relação a PSS. A partir das respostas dos participantes foram calculadas a média e
o desvio Padrão, levando em consideração que as pontuações podem variar de 0 a 56
pontos, no presente estudo verificou-se que a pontuação mínima foi de 32 e a máxima de
56 (Média = 44; DP = 1,23).
A partir da média, os professores foram divididos em dois grupos: G1 = Baixo
PSS e G2 = Alto PSS. A seguir serão expostas as frequências de respostas.

Tabela 1: Frequência dos professores nos itens da PSS


NESTE ÚLTIMO MÊS COM QUE FREQUÊNCIA... F F
G1 G2
Você tem ficado triste por causa de algo que aconteceu inesperadamente? 6 24
Você tem se sentido incapaz de controlar as coisas da sua vida? 1 29
Você tem se sentido nervoso e “estressado”? -- 30
Você tem tratado com sucesso dos problemas difíceis da vida? 20 10
Você tem sentido que está lidando bem com as mudanças importantes que estão ocorrendo na 12 18
sua vida?
Você tem se sentido confiante na sua habilidade de resolver problemas pessoais? 4 26
Você tem sentido que as coisas estão acontecendo de acordo com a sua vontade? 14 16
Você tem achado que não conseguiria lidar com todas as coisas que você tem que fazer? 12 18
Você tem conseguido controlar as irritações de sua vida? 15 15
Você tem sentido que as coisas estão sob controle? 12 18
Você tem ficado irritado porque as coisas que acontecem estão fora de seu controle? 9 21

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Você tem se encontrado pensando sobre as coisas que deve fazer? -- 30


Você tem conseguido controlar a maneira como gasta seu tempo? 1 29
Você tem sentido que as dificuldades se acumulam a ponto de você acreditar que não pode 11 19
superá-las?
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Com base na Tabela 1, é possível verificar que os professores apresentaram na


maior parte dos itens alta frequência de PSS. Especificamente, 3 itens chamam a atenção,
pois nos itens Você tem se sentido nervoso e “estressado”? e Você tem se encontrado
pensando sobre as coisas que deve fazer?, todos os professores universitários
apresentaram alta frequência. E no item: Você tem se sentido incapaz de controlar as
coisas da sua vida?, 29 dos 30 participantes apontaram alta frequência desse sentimento
no último mês.
Por outro lado, a maioria dos professores (n = 26) apresentou alta frequência no
item: Você tem se sentido confiante na sua habilidade de resolver problemas pessoais?
Este aspecto foi avaliado como positivo, pois revela que os participantes possuem uma
avaliação positiva de si, e al percepção pode ser visto como um fator relevante no
enfrentamento do estresse.
De acordo com um levantamento nacional realizado por Codo (1999), 26% dos
professores nacionais apresentavam um nível de exaustão emocional considerado
perigoso à saúde mental dos mesmos. Esta não é uma realidade apenas brasileira. Diante
das muitas funções e das constantes mudanças nas condições de trabalho, tendem a gerar
nesses profissionais sentimentos de mal-estar resultando em alguns fatores estressores.
Fatores como: baixos salários, excesso de carga horária, salas superlotadas, falta de
segurança no ambiente de trabalho, ocasionando assim, um aumento da tensão no
exercício de trabalho (CARLOTTO, 2006).
O que antes era considerada como uma profissão vocacional, agora é tida como
uma atividade alvo de inúmeros estressores psicossociais no contexto de trabalho
(CARLOTTO, 2006). Independente da fonte estressora, diferentes estudos vêm
demonstrando que o estresse impacta negativamente na saúde física e psicológica. Tais
estudos fornecem evidência de que a avaliação do estresse por meio de ferramentas
validas e confiáveis é imprescindível para programas de prevenção, diagnóstico e
intervenção em relação a esse problema.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tais reflexões, consideramos necessários novos estudos, que não

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silenciem a realidade tanto, sugere-se novas análises analíticos que fortaleçam o


conhecimento sobre essas relações, entendendo que intervir sobre o estresse poderá
reduzir suas influências na vida dos estudantes e trabalhadores.
Da mesma forma, visto que o estresse interfere na qualidade de vida e saúde das
pessoas, é importante que as pesquisas proponham intervenções para auxiliar no
gerenciamento dos estressores e, assim, minimizar os seus efeitos negativos ao nível
individual, profissional e social.

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REFERÊNCIAS

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