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QUAIS OS DESAFIOS DA
SOCIEDADE MODERNA?
Autoria: Dr. Maicon Costa Borba Macedo
Revisão técnica: Dr. Marcelo Flório
Introdução
O século XXI trouxe imensos desafios para as sociedades. A maioria, entretanto, é consequ
de acontecimentos históricos vivenciados ao longo do século XX e que continuam a influe
os dias atuais. A Guerra Fria é um bom exemplo. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, in
se um período de tensão, que dividiu o cenário internacional em dois blocos: um liderado
Estados Unidos, e outro pela União Soviética. Esse conflito reestruturou a geopolítica mu
tendo como vencedor os Estados Unidos e seu modelo econômico. Além da vitória ameri
ao longo da segunda metade do século XX, tem início uma nova forma de integração mu
chamada de globalização, que vem reconfigurando o capitalismo internacional.
característica marcante do fim do século passado e início do XXI são as novas o
migratórias, que desafiam, sobretudo, os países de destino dos migrantes. Completan
panorama, verificamos o risco do terrorismo em diversos países.
A verdade é que o cenário atual é marcado por grandes incertezas. Por isso se faz neces
identificar as principais características deste momento, buscando compreendê-lo dentro d
contexto histórico, construído desde a Segunda Guerra Mundial e intensificado durante e a
Guerra Fria. Nesse sentido, são pertinentes as seguintes indagações: quais as consequênci
fim do mundo socialista para a economia mundial? Como a globalização está interferind
sociedade, principalmente sobre o Estado e a política? E qual o perfil das migrações
terrorismo nesse início de século? Com isso, poderíamos refletir, ainda, quais seriam os des
para a construção de sociedades mais justas. Deveriam as sociedades e suas organiza
adotar medidas de responsabilidade social? Ao estudar essas questões, aprendemos um p
mais sobre os contornos que a sociedade moderna vem tomando e podemos nos pre
melhor para as transformações que ainda virão.
Bons estudos!
Figura 1 - Ao longo da Guerra Fria, a tensão devido ao desencadeamento de uma guerra “quente”, ou seja, com con
bélico, esteve sempre presente
Fonte: Scanrail1, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de diversos mísseis à
esquerda, lançados à céu aberto.
Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética estenderam suas influênc
diversos países, muitas vezes de forma violenta. Além disso, os dois países patrocinaram
série de episódios que viriam a intensificar as tensões mundiais, com a constante iminênc
conflitos militares. Como pano de fundo dessa disputa de poder, estava a ideologia comu
ou socialista, por parte da União Soviética, e a ideologia capitalista, pelo lado dos Es
Unidos. O modelo comunista caracterizava-se pela economia fortemente controlada pelo E
e fechada ao livre comércio global, ao passo que a ideologia capitalista apregoava o
comércio, sem intervenção estatal (MIRANDA; FARIA, 2003).
Um dos acontecimentos mais marcantes do período foi a construção de um muro dividin
cidade de Berlim, capital da Alemanha, representando a separação do mundo em dois bloc
comunista e o capitalista. O muro de Berlim passou a ser o símbolo da Guerra Fria (MIRA
FARIA, 2003). Com o passar do tempo, entretanto, a União Soviética foi perdendo forças. C
economia estagnada e o desenvolvimento comprometido, era evidente que os comun
estavam perdendo a corrida do desenvolvimento econômico e tecnológico. São apon
como causas do fim da União Soviética, dentre vários fatores, a sua defasagem tecnológic
custos para manter sua defesa, a falta de democracia e liberdade, e o isolamento dos p
comunistas, além das grandes transformações tecnológicas e sociais que estavam ocor
no ocidente (RODRIGUES, 2006).
Figura 2 - A queda do muro de Berlim, em 1989, representou o fim da Guerra Fria travada entre Estados Unidos e Un
Soviética desde o final da Segunda Guerra Mundial
Fonte: neftali, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos um selo que retrata a queda do muro de
Berlim. Há um indivíduo em cima de uma escada
quebrando o muro. Neste, encontramos dizeres e grafites,
assim como ferros expostos nos locais em que o concreto
foi derrubado.
Joseph Stiglitz (2002) argumenta que a globalização possui muitos aspectos positivos,
vez que reduziu o isolamento de alguns países, propiciando seu desenvolvimento econôm
também colaborou em campanhas globais, como as de combate a AIDS. Entretanto, o
também salienta que para muitos países a globalização foi um desastre, porque as polític
cunho neoliberal geraram desemprego e pobreza. Uma das causas foi que os países rico
seguiram as orientações que eles próprios recomendavam aos países pobres, ou seja, enq
orientavam maior abertura econômica aos países periféricos, eles protegiam setores da
própria economia. Dessa forma, os países subdesenvolvidos tiveram suas econo
enfraquecidas (STIGLITZ, 2002). A globalização tem implicações nas mais diversas esfer
vida social como, por exemplo, na questão da imigração e as consequências que
fenômeno traz, tema do nosso próximo tópico de estudo.
4.2 Terrorismo e deslocamentos populacionais
#PraCegoVer
Na figura, temos um painel com diversas combinações
numerais. Há, também, uma seta indicando queda.
Se por um lado a expansão global de grandes empresas para países periféricos reflet
investimentos, circulação da economia e geração de empregos, é inevitável observar que
sua saga expansionista – as grandes empresas buscam a maximização de seus lucro
meio de um rol de concessões que garantam mão de obra e matéria-prima mais baratas, m
carga tributária e menor regulação estatal sobre a força de trabalho. Bauman (2012) ob
que a fragmentação das demandas sociais, a limitação da ação política tradiciona
desilusão com as alternativas ao capitalismo, após a queda do muro de Berlim, contribuem
a fragilização do poder político nos dias de hoje. O esvaziamento do Estado como espa
ação coletiva de construção de um projeto de sociedade abre espaço para o crescimen
poder da economia globalizada e para a ideologia de mercado, que é por si m
individualista e sem preocupações éticas. Sendo assim, quais as consequências d
ideologia para a sociedade?
Figura 4 - No mundo globalizado, a desigualdade social, especialmente em países periféricos, tem se aprofundado cad
mais
Fonte: Fred Cardoso, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma região urbana. Pode-
se observar, em primeiro plano, diversas casas construídas
em meio ao morro. Há vegetação ao redor. Já em segundo
plano temos diversos edifícios, demonstrando a
desigualdade social.
ESTUDO DE CASO
A tendência da grande maioria dos países desenvolvidos atualmente é de fechar suas
fronteiras para a imigração, tanto em decorrência da crise econômica que o mundo vem
enfrentando, quanto pela pressão de grupos de extrema direita que alegam o receio de ações
terroristas em seu território. Na contramão dessa tendência, países como o Canadá têm
facilitado e incentivado o fluxo de imigrantes ao seu território, acolhendo, inclusive,
refugiados de guerras como as que acontecem no Oriente Médio. Quais as razões que levam
o Canadá a adotar essa postura diante do atual fluxo migratório global? Além das causas
humanitárias em relação a refugiados de guerra e a postura enfática contra os crescentes
movimentos xenófobos e racistas que eclodem no mundo, o governo canadense tem
apostado nos fatores positivos da imigração: com uma população envelhecida, necessita de
pessoas jovens para movimentar a economia e suprir o setor de serviços. Mas como colocar
em prática essa postura? O sucesso do empreendimento repousa no planejamento e na
criação de políticas que visem auxiliar e acompanhar a adaptação e inserção dos migrantes
na sociedade canadense.
A eclosão de guerras em vários locais do globo, especialmente no Oriente Médio, tem deslo
um grande volume de pessoas que precisam fugir por questões de sobrevivência. A resist
dos países desenvolvidos em recebê-las encontra argumento nas precauções con
terrorismo. Martine (2005) ressalta, porém, que a relação entre migração e terroris
complexa, mas o que desencadeia ações terroristas não é a imigração, mas a cres
desigualdade entre os países. Uma maior abertura poderia, inclusive, reduzir o terrorism
medida em que reduz a desinformação e desconfiança entre os povos.
Figura 5 - Dados da ONU apontam que, atualmente, 65,3 milhões de pessoas estão na condição de refugiadas de seus
Fonte: Sadik Gulec, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos adultos e crianças negros vestidos com
turbantes e lenços, utilizando um sistema improvisado de
água. Há um cano enterrado e ligado a outro que
transporta o elemento. As pessoas carregam galões para
serem enchidos, os quais estão ao redor do sistema. Ao
fundo, pode-se observar uma cerca alta e, atrás desta, mais
pessoas e uma vegetação seca.
Atualmente, tanto a atuação das empresas quanto a dos indivíduos tem se pautado cad
mais por um viés sustentável, ético, e que considere a responsabilidade social junto à socie
e ao meio ambiente. Quando pensamos em desenvolvimento sustentável, nos remetemos
equilíbrio entre os objetivos de desenvolvimento econômico, desenvolvimento soc
conservação ambiental. A responsabilidade social corporativa vem atraindo olhare
sociedade e de estudiosos sobre o tema, especialmente em uma época de acentuamento
desigualdades sociais e do aprofundamento da degradação do meio ambiente. Mas quai
os fundamentos da responsabilidade social? E como ela se aplica na atuação das empre
corporações?
4.3.1 Os fundamentos da responsabilidade social
O conceito de responsabilidade social tornou-se central a partir da emergência da discu
sobre a necessidade de um desenvolvimento sustentável, que leve em consideraç
preservação do meio ambiente e a utilização consciente de recursos naturais. Mas a ide
não é recente. Iniciativas empresariais que visam à atuação das corporações na socieda
modo mais amplo, extrapolando seu objetivo imediato, que é a obtenção de lucro, existem d
o final do século XIX e início do século XX. Porém, nesse período, as ações das emp
orientavam-se por um viés mais filantrópico e assistencialista na sua atuação jun
sociedade. Atualmente, a utilização do termo “filantropia”, quando se trata de açõe
responsabilidade social, é visto de forma pejorativa, pois remete a ações que não busc
transformação da sociedade.
Figura 6 - Diante dos desafios sociais e ambientais de nossa época, o conceito de responsabilidade social está cada vez
presente na atuação empresarial
Fonte: wk1003mike, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos uma fotografia editada digitalmente. Há
três torres de moedas empilhadas, uma pequena, outra
média e a última mais alta. Elas trazem terra por cima e
uma mudinha de planta. Atrás dessas torres de moeda,
encontramos um espécie de gráfico indicando crescimento
conforme as torres aumentam de tamanho.
É do Instituto Ethos, que tem como objetivo orientar e incentivar empresas acerca de
responsabilidade socioambiental, umas das definições mais corrente para o conceit
responsabilidade social:
VOCÊ SABIA?
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou dados que mostram que mais de 40
milhões de pessoas em todo o mundo foram vítimas de trabalho escravo em 2016.
Estimativas apontam que as mulheres são as mais afetadas pelas modalidades modernas
de escravidão, representando quase 29 milhões de meninas e mulheres, inclusive vítimas de
trabalho forçado na indústria do sexo (CAZARRÉ, 2017). Leia mais
em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-09/com-40-milhoes-de-
escravos-no-mundo-oit-pede-mais-empenho-dos (http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-
humanos/noticia/2017-09/com-40-milhoes-de-escravos-no-mundo-oit-pede-mais-empenho-
dos).
Antes de ser um entrave para os objetivos financeiros - que são legítimos em qualquer em
privada - a responsabilidade social pode ser uma aliada e deve ser encarada como
investimento em médio e longo prazo. Os ganhos para a imagem da empresa, a identific
com setores progressistas da sociedade, cada vez mais preocupados com o im
socioambiental das corporações, bem como o reconhecimento social e estatal, que
reverter-se em futuros incentivos fiscais, são algumas das vantagens para enquadrar-s
paradigma cada vez mais presente no mundo corporativo: de atuação responsável e ética
à sociedade e o meio ambiente. Em nosso próximo item, vamos abordar quais são os des
para se chegar a uma sociedade justa e igualitária.
Diante do cenário globalizado e regido pela lógica mercantil que caracteriza nosso temp
sociedades e nações, especialmente das economias periféricas, enfrentam grandes des
para alcançar níveis de desenvolvimento social e econômico satisfatório em termo
igualdade, equidade e justiça social para sua população. Mas o que significa justiça so
Qual a sua relação com os desafios que marcam nossa época? Como dar materialida
justiça social?
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma criança em meio ao
lixo. Ela está ajoelhada e carrega um saco. Ao fundo, pode-
se observar caixas, sacolas e pedras.
A igualdade de oportunidades.
O direito, assim, torna-se um direito injusto. Para o autor, a finalidade do direito é a realizaç
justiça. Já a finalidade da justiça, é a transformação social, ou seja, a condução de
sociedade à justiça social. Se o direito deve ser um instrumento para alcançar a just
alcance da verdade é finalidade do direto para obter uma decisão justa (LUNARDI; DIMO
2007).
A discussão sobre a realização da justiça por meio da aplicação do direito evoca também
faceta: a distinção entre justiça universal e justiça particular. Esta questão vem de Aristóte
está intrinsecamente ligada ao debate sobre justiça como equidade (RAWLS, 2002). A ju
universal relaciona-se à legalidade, ou seja, remete ao todo da sociedade. A lei e a ju
aplicam-se a todos e a todas as situações, de forma abstrata, genérica e universal.
Porém, existem casos particulares e específicos cuja justiça universal pode não alc
critérios de justiça, mas ao contrário, provocar injustiça. Nestes casos, entra em cena a ju
particular. Essa segunda forma de justiça relaciona-se à igualdade (ARISTÓTELES, 1979)
quer dizer que, casos em que a justiça universal não satisfaça os critérios de equidade d
indivíduo ou um grupo em particular, devendo então a justiça guiar-se, não pela lei gen
aplicável a todos, mas por critérios particulares que atendam a uma decisão justa e equitat
seguir, vamos tratar dos desafios enfrentados pela justiça social.
4.4.3 Os desafios da Justiça Social
O desenvolvimento econômico sem preocupação com o bem-estar coletivo favore
concentração de renda nas mãos de poucas pessoas e, por consequência, a desigua
social. O resultado disso são países que, mesmo com índices econômicos em ascensão
conseguem traduzir esse crescimento em melhoria na condição de vida da população. O f
que o mercado não é capaz de gerar justiça social e acesso à cidadania. É necessário que a
partam do Estado, tanto em termos de regulação da economia, quanto em termos de progr
e ações que visem garantir a toda população diretos básicos e condições de vida dignas.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 3º, contempla aspectos referen
diminuição da desigualdade social e promoção de uma sociedade justa:
Os esforços, porém, são frágeis diante do abismo social vivenciado no país: segundo ranki
desigualdade social da ONU, o Brasil é o décimo país mais desigual do mundo (PNUD, 2
John Rawls (2002), a partir de sua teoria da justiça como equidade, busca estabelecer princ
e instituições necessários para que se alcance a justiça social. Em primeiro lugar, aponta
sistema educacional deva ser subsidiado pelo governo, de modo a garantir liberdad
consciência e igual acesso à educação para todos os cidadãos. Em segundo lugar, o go
deve garantir uma renda mínima a todas as famílias, de modo que os direitos básicos s
garantidos. Rawls (2002) defende também que as instituições governamentais d
comportar programas de apoio para, por um lado, garantir a eficiência da economia do mer
mantendo o sistema de preços em patamar competitivo e garantindo níveis de emprego;
outro, garantir a equidade social por meio de impostos sobre herança e consumo e por pol
de transferência de renda para os setores mais fragilizados da população.
Como vimos, os desafios da justiça social em tempos de globalização e livre circulaçã
capital econômico são imensos. Para que os países logrem sucesso, é necessário atentar p
fortalecimento de políticas do Estado frente às demandas e exigências do mercado. Além d
ações de inclusão social e diminuição da desigualdade - em curto, médio e longo prazo - d
ser pensadas envolvendo todos os setores – sociedade civil, mercado e Governo.
CONCLUSÃO
Referências
ADICHIE, C. N. Americanah. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.