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Palavra que tem origem no latim praepositione e significa o ‘ato de prepor’.

É a palavra
invariável que une termos de uma oração, estabelecendo entre eles variadas relações. A
preposição de, por exemplo, estabelece inúmera relações ente o antecedente (o primeiro
termo) e o consequente (o segundo termo):
Exemplos:

Marília de Dirceu (ideia de posse)


Gritava de fome (ideia de causa)
Casa de madeira (ideia de matéria)
Poema de amor (ideia de assunto, conteúdo)
Mesa de trabalho (ideia de finalidade)
Uma jovem de quinze anos (ideia de idade, de tempo)

O emprego de uma ou de outra preposição modifica toda a relação entre os dois temos,
subordinando o segundo.
Exemplos:

Venho de Minas. (Ideia de afastamento)


Vou a Minas. (Ideia de aproximação)
Sou de Minas. (Ideia de origem)
Estou com Minas. (Ideia de união, companhia)
Luto por Minas. (Ideia de finalidade, propósito)

VALORES DA PREPOSIÇÃO A
Ideia de Movimento = direção a um limite, segundo Celso Cunha:

1) No espaço:
“Dirigem-se as duas à fonte.” (M. Bandeira)

2) No tempo:
Daqui a trezentos anos
Não existirei mais. “ (M. Bandeira)

3) Na noção:
“Sou para cair e para me levantar,
Para viver e para não ligar à vida
Nem à morte nem ao tempo
Nem às águas paradas
Que apodrecem dentro dele.” (J. de Lima)
TIPOS DE PREPOSIÇÕES

1) ESSENCIAIS: são essencialmente preposições, isto é, na quase totalidade das vezes


em que são empregadas exercem essa função.
São elas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem,
sob, sobre, trás (Lembrando: trás pode ser advérbio, preposição ou interjeição);

2) ACIDENTAIS: Acidentalmente exercem a função de preposição.


São elas: afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, menos, salvo,
segundo, senão, tirante, como (= na qualidade de), etc.
As preposições essenciais são seguidas pelas formas oblíquas tônicas dos pronomes
pessoais, enquanto as acidentais são seguidas pelas forma retas:

Exemplo:

Estão todos contra mim.


Todos saíram, exceto eu.

LOCUÇÃO PREPOSITIVA

Às vezes, temos mais de uma palavra com o valor de uma preposição. São as locuções
prepositivas, tais como:

Abaixo de
Acerca de
Acima de
A fim de
Além de
Antes de
Ao lado de
Ao invés de
Ao redor de
A par de
Apesar de
A respeito de
Atrás de
Através de
De acordo com
Debaixo de
Defronte de
Depois de
Diante de
Embaixo de
Em cima de
Em face de
Em frente de
Em lugar de
Em redor de
Em torno de
Em vez de
Fora de
Junto a
Junto de
Não obstante
No caso de
Por detrás de
Perto de
Por causa de
Por trás de
Etc.

FORMAS COMBINADAS E CONTRAÍDAS

É muito comum o fato de a preposição aparecer unida a outra palavra; podemos ter duas
situações;

A) COMBINAÇÃO – a preposição aparece unida a outra palavra, sem perda de nenhum


elemento fonético, como em:
Ao (preposição a + artigo o)
Aonde (preposição a + advérbio onde)

B) CONTRAÇÃO – a preposição unida a outra palavra perde algum elemento fonético,


como em:
Do (preposição de + artigo o)
No (preposição em + artigo o)
Daquele (preposição de + pronome aquele)
OBSERVAÇÃO: O que é a CRASE?

1. Crase (à): é a fusão da preposição a com o artigo definido feminino a(s), ou da


preposição a com o a inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo,
ou ainda da preposição a com o pronome demonstrativo a(s), ou então da preposição a
com o a inicial do pronome relativo a qual (as quais).

2. Crase vem do latim KRÂSIS e significa ‘mistura’. Na evolução da língua, são alguns
exemplos de crase: ler = ler, door = dor, pee = pé, soo = só.

3. Outros casos em que ocorre de forma simples no nosso dia a dia: roupa amarela.

QUANDO OCORRE A CRASE:

1) PREPOSIÇÃO A + ARTIGO FEMININO A


Irei a + a Bahia. = Irei à Bahia.
Assisti a + a última peça de Dias Gomes. = Assisti à última peça de Dias Gomes.

2) Quando está implícito a expressão à moda de:


Era um texto à Camões.

3) Entre a preposição a e pronomes:


Assisti a + aquela peça de Dias Gomes. = Assisti àquela peça de Dias Gomes.
Assisti a + aquele jogo da seleção. = Assisti àquele jogo da seleção.
A aquilo chamam de líder? = Àquilo chamam de líder?!

4) Ente a preposição a e o pronome demonstrativo a(s) implícito ou não:


Todas as moças são bonitas, mas refiro-me à da ponta. (à = àquela)

5) Entre a preposição a e o pronome relativo a qual (as quais), sempre que o termo
regente exigir preposição:
Esta é a cena à qual me referi. (Aqui, à qual é o objeto indireto do verbo referir.)

6) Diante de pronomes possessivos em referência a substantivo oculto:


Falei a minha tia e não à sua.
QUANDO NÃO OCORRE A CRASE

1) Antes de verbo:
Estou acostumado a estudar.

2) Antes de palavra masculina:


Ele foi morto a tiro.

3) Com pronome pessoal:


Respondi a ela que não iria.

4) Em expressões formadas por palavras idênticas repetidas:


Gota a gota, frente a frente, ponta a ponta, cara a cara.

5) Antes de palavra de sentido indefinido:


Falou a uma pessoa.
Falou a certa pessoa.
Falou a qualquer pessoa.
Falou a cada pessoa.
Falou a toda pessoa.

LOCUÇÕES COM PALAVRAS FEMININAS

As locuções com palavras femininas não são um caso de crase, mas, sim, de acento
diferencial. “Emprega-se o acento grave no à quando representa a pura preposição a que
rege um substantivo feminino singular, formando uma locução adverbial.” (Evanildo
Bechara)

Exemplos:

À força
Á míngua
À bala
À faca
À espada
À fome
À sede
À pressa
À noite
À tarde
À mão
À disposição
Às avessas
À beira-mar
Às centenas
Às escondidas
À frente
À mão armada
À parte
À perfeição
À primeira vista
À revelia
À risca
À solta
À toa
À vela
À vontade

Também ocorre com as locuções prepositivas, conjuncionais e adjetivas:

a) Prepositiva: à procura de, à frente de, à presença de, etc.;

b) Adverbiais: à distância, à vontade, à noite, etc.;

c) Conjuncionais: à medida que, à proporção que, à espera de que;

d) Adjetivas: bailes à fantasia, homem à-toa.

Segundo Rocha Lima, “Por motivos de clareza como para atender às tendências
históricas do Idioma, recebem acento no a, independentemente da existência de crase,
muitas expressões formadas com palavras femininas:

Apanhar à mão
Cortar à espada
Enxotar à pedrada
Fazer a barba à navalha
Fechar à chave
Ir à vela
Matar o inimigo à fome
Pescar à linha
À direita
À esquerda
À força
À força de
À francesa
À imitação de
À maneira de
À medida que
À míngua de
À noite
À pressa
À proporção que
À semelhança de
À toa
À ventura
À vista
À vista de
Nas expressões a seguir há a presença da preposição mais o artigo feminino a:
Às pressa (ou a pressa)
Às vezes (ou a vezes)
Às ocultas (ou a ocultas)
Às expensas de (ou a expensas de)

NÃO OCORRE ACENTO GRAVE EM LOCUÇÕES


ADVERBIAIS COM PALAVRAS MASCULINAS

A pé
A caminho
A cavalo
A frio
A gás
A gosto
A lápis
A meio pau
A nado
A óleo
A postos
A prazo
A sangue-frio
A sério
A tiracolo
A vapor
Etc.
IMPORTANTE:

É comum no Brasil colocar o acento grave por motivo de clareza. Pode ser questão de
concurso.

Observe:

Foi caçada a bala. ( A bala foi caçada)


Foi caçada à bala.
Bateu a máquina. (Deu uma pancada na máquina)
Bateu à máquina.
Cortou a faca. (Cortou a própria faca)
Cortou à faca.
Vendeu a vista. (Vendeu os olhos)
Vendeu à vista.
Coloquei a venda. (Colocou uma faixa nos olhos)
Coloquei à venda.
Tranquei a chave. ( A chave ficou trancada em algum lugar)
Tranquei à chave.
Pagou a prestação. (Pagou o que devia)
Pagou à prestação.
Lavar a mão. X Lavar à mão.
Fazer a mão. X Fazer à mão.
Veio a tarde. X Veio à tarde.
Combateremos a sombra. X Combateremos à sombra.
Aguardavam a cabeceira do doente. X Aguardavam à cabeceira do doente.

BIBLIOGRAFIA:
GRAMÁTICA CONTEMPORÂNEA DA LÍNGUA PORTUGUESA, José de Nicola e
Ulisses Infante, ed. Scipione.
GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, Celso Ferreira da Cunha, MEC/FAE/RJ.
NOVA GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA, Manoel P. Ribeirro,
Metáfora Editora.

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