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RADIOGRAFIA TEXTUAL

1. Referência

Cultura material escolar: a escola e seus artefatos (MA, SP, PR, SC e RS) – 1870/1925 / César
Augusto Castro (Org.). _ São Luís: EDUFMA: Café & Lápis, 2 ed. 2013, p. 43-53; 53-65.

2. Dados das Autoras

Eliane Peres Doutora em Educação pela Universidade Federal de


Minas Gerais (UFMG, 2000), com Estágio de Pesquisa na
Universidade de Lisboa (Portugal, 1999), Mestre em Educação pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 1995) é
Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina
(UEL, 1989). Desde 1991 é professora do Departamento de Ensino
da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (RS)
e desde 2001 atua no Programa de Pós-graduação em Educação
(PPGE), orientando dissertações de mestrado e teses de doutorado.
É líder do grupo de pesquisa HISALES (História da Alfabetização,
Leitura, Escrita e dos Livros escolares), cadastrado no CNPq em
2006. Desenvolve pesquisas sobre a história da escola primária, da
alfabetização e sobre práticas sociais de leitura e escrita.

Gizele de Souza, é Mestre e Doutora em Educação: História,


Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, com Estágio ‘Bolsa Sanduíche / Capes em História da Infância
na Università Degli Studi Di Pavia. É professora adjunta do Setor de
Educação da Universidade Federal do Paraná e da Linha de História e
Historiografia da Educação do Programa de Pós-graduação em
Educação. Coordena o NEPIE (Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Infância e Educação Infantil) e tem experiência na área de Educação,
com ênfase em História da Educação e Educação Infantil, atuando com
os temas: história da educação, história da infância e educação infantil.
È revisora de vários periódicos de educação e participa do comitê
científico da editora italiana Franco Angeli. Dentre as publicações
em artigos e livros,: SOUZA, Gizele de (org.). Educar na
Infância: perspectivas histórico-sociais. São Paulo: Contexto,
2010. v. 1.224 p. SOUZA, Gizele de (org.). A criança em
perspectiva: olhares do mundo sobre o tempo infância. 1. Ed.
São Paulo: Cortez, 2007. v. 1.152 p.
1. Objeto de Estudo das Autoras
 Os questionamentos sobre o processo de construção da materialidade da escola
como objeto de pesquisa e a prática historiográfica: algumas reflexões iniciais.
(p.43)
 A discussão em torno da pesquisa no campo da história da escolarização e da
cultura material escolar: aspectos teóricos-metodológicos. (p.53)

2. Objetivo da Obra

A investigação tem como objetivo “principal apresentar algumas reflexões acerca dos
aspectos teóricos e metodológicos da pesquisa acerca da materialidade escolar realizada
por um grupo de pesquisadores (denominado de G2 – Grupo de Trabalho 2- Cultura
Material da Escola) de cinco estados diferentes (Maranhão, Paraná, Santa Catarina, São
Paulo, Rio Grande do Sul), no bojo do projeto de investigação denominado: “Por uma
teoria e uma história da escola primária no Brasil: investigações comparadas sobre a
escola graduada (1870-1930)”, coordenado pela Professora Dra Rosa Fátima de Souza
(UNESP/Araraquara)” (p.44)

3. Aporte Teórico

Nessa operação analítica da pesquisa, as autoras apresentam confronto da teoria histórica


com as fontes nos arquivos de diversos estados da federação: (DEAP, Francisco
Ogg,1923,p.302), e dialogam Le Gooff (1996,p.40), (NÓVOA,1998,p.57),
(GINZBURG,2007,P.157), (ESCOLANO BENITO, 1990,p.11), (SOUZA,
2007,p.169), entre outros.

4. Descrição das Ideias Centrais

Os desafios da pesquisa empreendida e descrito pelas autoras Eliane Peres e Gizele de


Souza, no tópico “Aspectos teóricos-metodológicos da pesquisa sobre cultura material
escolar: (im) possibilidades de investigação”. (p.43).

Neste capítulo no ano de 1923, as autoras descrevem o relato do professor Francisco em relação as
dificuldades que vinha experimentando no seu trabalho no grupo escolar Dr. Franco Vale no interior do
Paraná. (p.43).

O aspecto exteior do prédio causa má impressão, as pa-


redes estão imundas, por ocasião das chuvas, ficam as
salas alagadas, entrando água pelo telhadoe buracos nas
vidraças que em grande números estão quebradas.

Quanto as dependências, as privada estão sem portas,


cercas estão caindo, o poço está com a coberta toda
quebrada correndo risco de cair alguma criança dentro
e além disso sem corda (DEAP, Francisco Ogg, 1923,
p. 302).

O pedido do professor ao Inspetor César Prieto Martinez: “a vista do que ora


acabo de expor, solicito-vos a fineza de tomar providências para que sejam
feitas as necessárias reparações” (DEAP. Francisco Ogg, 1923, p.302). (p.44).
Na perspectiva que o autor Chartier define como um conjunto de
“representações coletivas que incorporam nos indivíduos as divisões do mundo
social e estruturam os esquemas de percepção e apreciação a partir dos quais
estes classificam, julgam e agem” (CHARTIER, R., 1994, p..104). (p.44).

Para as autoras esses fragmentos empíricos vindos à tona por meio das palavras
do professor Francisco – e outros tantos de mestres anônimos de escolas
públicas no Brasil. (p.44).

Para tanto, este capítulo tem como objetivo principal apresentar algumas
reflexões acerca dos aspectos teóricos e metodológicos da pesquisa acerca da
materialidade escolar.

As autoras apresentam dois pontos importantes:


1. A prática históriográfica: algumas reflexões iniciais
2. A investigação em história da escolarização e da cultura material escolar:
aspectos teóricos-metodológicos

1. A prática históriográfica: algumas reflexões iniciais

Por Le Goof (1996, p.40), apoiado em Huizinga, define a prática científica


historiográfica como “uma forma intelectual para compreender o mundo”. O
fenômeno social – o mundo que interessou compreender foi o da escola
primária nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX. (p.45).

“Os discursos produzidos e veiculados pelos professores – do qual excertos do


professor Francisco reproduzido acima são um exemplo -, gestores, pais,
alunos, indicam que os “discursos sobre educação são muito mais do que
‘simples’ linguagens: eles fazem parte de um processo complexo graças ao qual
a sociedade define os problemas educativos e toma as medidas para resolvê-
los” (NÓVOA, 1998,p.57)”. (p.45).

Conforme Rose (1998, p. 34), alerta que as relações de poder não estão
“confinadas às relações de constrangimento ou de repressão da liberdade do
indivíduo”. (p.45).

A configuração para as autoras do envolvimento neste campo de estudo sobre


a materialidade escolar no contexto da escolarização primária. (p.46).

A materialidade da escola e as disputas em torno dela permitem perceber como


a escola e os projetos sociais e pedagógicos de educação da infância foram
construídos discursivamente envolvendo diferentes sujeitos. (p.46).

Conforme as autoras ao trabalhar com os documentos e deles extrair aspectos


da cultura material escolar, problematizando seus possíveis sentidos e usos,
trabalharam na esteira do paradigma indiciário, entendendo que o
“conhecimento histórico é indireto, indiciário, conjetural”. (GINZBURG, 2007,
p. 157). (p.47).

Do ponto de vista do fazer historiográfico, as autoras trabalharam com o já


conhecido princípio de que é pela interação entre o passado e o presente que os
historiadores têm definido a função social da história (FEBVRE, 1978; LE
GOFF, 1996). (p.47).

Nessa direção, é preciso considerar que a “história escrita é uma produção, uma
construção de linguagem, pensamento e imaginação, muito mais do que um
relato de uma estrutura de sentido que supõe existir nos próprios
acontecimentos históricos” (NÓVOA, 1995, p. XXIV) ou então que pré-
existam nos dados e nos documentos aos quais o historiador tem acesso. (p.48).

Compère (1995, p.91) sintetiza bem o processo da pesquisa histórica ao afirmar


que “o trabalho próprio do historiador não consiste somente em definir um
objeto de estudo: ele deve simultaneamente inventar, para construir, um corpus
original, determinar um método de exploração, e tornar transparentes aos olhos
do leitor as regras de elaboração da narrativa histórica”. (p.49).
Nessa perspectiva as autoras consideraram pertinente explorar os sentidos de
um trabalho histórico, mas especificamente uma narrativa no campo da História
da Educação. (p. 49-50).

Para as autoras a perspectiva que mobilizou a leitura e análise das fontes


escolhidas nos arquivos de diversos estados da federação – Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, e Maranhão. (p. 51).

O confronto com a pluralidade de fontes daria as autoras maiores possibilidades


de compreensão dos aspectos da cultura material escolar da escola primária
entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. (p.52-53)

2. A investigação em história da escolarização e da cultura material


escolar: aspectos teóricos-metodológicos

5. Parágrafo Síntese
As autoras põe em destaque as opções teóricas-metodológicas que guiaram a
investigação ressaltando a validade da análise dos discursos pedágógicos como
uma das possíveis formas de nos acercarmos da cultura material.

Para Foucault a Arqueologia é o método que busca compreender como um saber


vem a ser o que é, quais são os processos e discursos necessários para que
algo seja institucionalizado, legitimado e aceito pela sociedade como um saber
médico. Tomemos como exemplo, o livro a História da Loucura, publicado em
(1961).
Essa reflexão nos leva a segunda obra de Foucault, ou seja, a Genealogia. Se
no primeiro momento a Arqueologia estava interessado a investigar quais os
processos e discursos que legitimam o saber a Genealogia busca entender qual
é a gênese do poder, como ele se origina e se transforma ao longo do tempo e
quais são os dispositivos e as práticas sociais que os sustentam. Na obra Vigiar
e Punir de 1975, Foucault se propõe a investigar de maneira genealógica o
processo de generalização das prisões e o surgimento das instituições
disciplinares. Para isso, ele analisa as condições praticadas contra os criminosos
até meados do século XVIII.

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