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Fala, pessoal. Tudo bem? Esse material é um carinho da nossa equipe Ciclos, para fazer companhia a vocês nessas 24h que
antecedem a prova. Aqui mora um pequeno retrato dos nossos materiais da RETA FINAL TJDFT, com foco total na CESPE.

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REVISÃO DE VÉSPERA – RETA FINAL TJ/DFT

DIREITO ADMINISTRATIVO1

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA/INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

É um dos pilares do regime jurídico-administrativo,


fundamentando todas as prerrogativas especiais de que
dispõe a Administração. Deste princípio decorre a premissa
de que: existindo conflito entre o interesse público e o
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE
interesse privado, deve prevalecer o primeiro. Este princípio
PÚBLICO
tem incidência direta, sobretudo, nos atos em que a
administração manifesta seu poder de império, ou seja, que
impõe obrigações/restrições ao administrado em nome do
interesse público.
Guarda semelhança com o da supremacia por ser também um
dos pilares do regime jurídico-administrativo, porém, o que o
diferencia é que dele derivam todas as restrições especiais
impostas à atividade administrativa. Tais restrições
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO
decorrem, exatamente, do fato de não ser a administração
INTERESSE PÚBLICO
pública a titular da “coisa pública” e sim mera gestora de bens
e interesses públicos (do povo, os verdadeiros titulares),
assim, são vedados ao administrador quaisquer atos que
impliquem renúncia dos direitos do poder público.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE

É a exigência de atuação ética dos agentes da administração pública, como condição de validade dos atos
administrativos. Assim, um ato que viola o princípio da moralidade está sujeito à exame de legalidade (mérito),
devendo ser declarado NULO.

A moralidade administrativa é mais rigorosa e exigente do que a moralidade comum, pois significa a correção
de atitudes, somada à boa administração (a melhor administração possível).

#DEOLHONASÚMULA:

Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal.

PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA DAS SANÇÕES

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Por Thais Sponchiado Cavallieri

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O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem a dimensão estritamente
pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato ilícito. Ou seja, tal princípio
proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores.

Ainda, outra dimensão desse princípio é impedir que um ente federado sofra restrições em decorrência de
sanções aplicadas a uma de suas entidades da administração indireta, tampouco aos integrantes de outros
poderes, ainda que vinculados ao mesmo ente federativo.

#DEOLHONAJURIS
Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União por irregularidades praticadas
pelos outros Poderes ou órgãos autônomos. A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude
de pendências de órgãos dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais como o Ministério
Público estadual, constitui violação do princípio da intranscendência, na medida em que o Governo do Estado
não tem competência para intervir na esfera orgânica dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode
ser impedido de contratar operações de crédito em razão do descumprimento dos limites setoriais de despesa
com pessoal por outros poderes e órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal).
STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).
Município pode obter certidão positiva com efeitos de negativa quando os débitos são da Câmara Municipal
(e não do Poder Executivo). É possível ao Município obter certidão positiva de débitos com efeito de negativa
quando a Câmara Municipal do mesmo ente possui débitos com a Fazenda Nacional, tendo em conta o princípio
da intranscendência subjetiva das sanções financeiras. STF. Plenário. RE 770149, Rel. Min. Marco Aurélio,
Relator p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – tema 743) (Info 993).

SETORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1º setor ou Setor Público = é o Estado formalmente considerado.

2º setor ou Setor Privado = são as pessoas jurídicas que prestam serviços públicos por meio de delegação, que
visam lucro (concessionárias, permissionárias e autorizatárias).

3º Setor ou Setor Social = são as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que desempenham
atividade de interesse público e mantêm vínculo de parceria (convênio, termo de parceria, contrato de gestão,
benefícios) com o Estado.
• Organizações da Sociedade Civil (OSC).
• Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”).
• Organizações Sociais (OS).
• Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
• Entidades de Apoio.
Descentralização
ATENÇÃO: A ONG (organização não governamental) é pessoa jurídica de direito privado por outorga
sem fins lucrativos, mas
não necessariamente integram o terceiro setor. Algumas ONGs mantêm vínculo formal com o Estado e,
portanto, integram o Terceiro Setor.

PODER DE POLÍCIA

Atividade da administração que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público. Se funda no poder de império.
Previsto expressamente no art. 78 do CTN.

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Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº
31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Exercício preventivo: limitam ou condicionam a utilização de bens ou exercício de atividades privadas = licença
e autorização.
Exercício repressivo: aplicação de sanções administrativas como consequência à infração de normas de polícia.

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA:

Liberdade de atuação da administração, podendo valorar a oportunidade


DISCRICIONARIEDADE
e conveniência de sua prática
Atuação imediata e direta da administração, sem necessidade de recorrer
AUTOEXECUTORIEDADE
ao Judiciário
Imposição de suas decisões aos particulares, independentemente de
COERCIBILIDADE
concordância destes ou de ordem judicial

ATENÇÃO: A cobrança de multas administrativas de polícia, quando RESISTIDA pelo particular, NÃO é
autoexecutável, deve ser realizada por via judicial.

CICLO DE POLÍCIA:

Legislação que estabelece os limites e condicionamentos; fase obrigatória


Ordem de polícia
e indelegável
Anuência prévia da administração, quando exigida, para atividades
Consentimento de polícia
particulares (alvará); fase não obrigatória e delegável
Verificação do adequado cumprimento das ordens de polícia; fase
Fiscalização de polícia
obrigatória e delegável

Aplicação da sanção por violação da ordem ou por atividades em


Sanção de polícia desacordo com o consentimento de polícia; fase não obrigatória e
indelegável

DELEGABILIDADE DO PODER DE POLÍCIA:

O STJ, encampando a teoria dos ciclos de polícia, decidiu-se que somente os atos relativos ao consentimento e

à fiscalização são delegáveis às pessoas jurídicas de direito privado, pois aqueles referentes à legislação e à
sanção derivam do poder de coerção do Poder Público.

O STF, por sua vez, decidiu que é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta, desde que possuam capital social
majoritariamente público e que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em
regime não concorrencial.

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Apesar de ter chegado à mesma conclusão que o STJ, a Corte Suprema ressaltou que a única fase do ciclo de
polícia que, por sua natureza, é absolutamente indelegável é a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa.

#DEOLHONANAJURIS
É possível a DELEGAÇÃO do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação de multas – para pessoas
jurídicas de direito privado. É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas
de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF.
Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).
É prescindível (dispensável) a comprovação, pelo ente tributante, do efetivo exercício do poder de polícia, a
fim de legitimar a cobrança da Taxa de Fiscalização de Anúncios, da Taxa de Fiscalização de Localização e
Funcionamento e da Taxa de Fiscalização Sanitária. STJ. 1ª Turma. AgRg no Ag 1320125/MG, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 20/11/2012.
As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito,
lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às
guardas municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções
administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (repercussão geral) (Info 793).
O PROCON detém poder de polícia para impor multas (art. 57 do CDC) decorrentes de transgressão às regras
ditadas pela Lei n.º 8.078/90. Assim, a sanção administrativa aplicada pelo PROCON reveste-se de legitimidade,
em virtude de seu poder de polícia (atividade administrativa de ordenação) para cominar multas relacionadas à
transgressão do CDC. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1594667/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
04/08/2016.
A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse jurídico
suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em área cuja
competência para o licenciamento seja do Município ou do Estado. Nos termos da legislação federal de
regência, a competência concorrente (rectius: competência comum) não inibe a atuação do IBAMA, ainda mais
não tendo havido a interferência de órgão ambiental local. STJ. 2ª Turma. REsp 1560916/AL, Rel. Min. Francisco
Falcão, julgado em 06/10/2016.
Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o IBAMA
pode exercer o seu poder de polícia administrativa, porque não se pode confundir competência para licenciar
com competência para fiscalizar. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1484933/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 21/03/2017.
A Administração pode ingressar com ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine a execução de
ato de poder de polícia ao particular. Um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutoriedade. Isso significa
que a Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e decisões, sem precisar de
prévia autorização judicial. A Administração, contudo, pode, em vez de executar o próprio ato, ingressar com
ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência ao particular. Ex: diante de uma
irregularidade grave, a Administração Pública poderia, em tese, interditar o estabelecimento. Se ela, em vez de
executar esta ordem diretamente, ajuíza ação pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência, tal
ação não pode ser julgada extinta por falta de interesse de agir. A autoexecutoriedade não retira da
Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe assegure a providência fática que
almeja, pois nem sempre as medidas tomadas pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são
suficientes. STJ. 2ª Turma. REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017.
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário.
RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

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CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:

• Verticalidade: desequilíbrio contratual em favor da Administração, em razão das cláusulas exorbitantes;


• Regime predominantemente de direito público: aplica-se, supletivamente, as normas de direito privado
(art. 89);
• Formalismo moderado: formais, escritos e públicos.
• Bilateralidade: depende da manifestação de vontade de contratante e contratado;
• Comutatividade: as obrigações das partes são equivalentes e previamente estabelecidas;
• Pessoalidade (intuitu personae): em regra, os contratos administrativos são pessoais, ou seja, a execução
deve ser levada a termo pela mesma pessoa (física ou jurídica) que se obrigou perante a Administração.
EXCEÇÃO: subcontratação (art. 122);
• Instabilidade ou mutabilidade: a Administração pode alterar unilateralmente as cláusulas contratuais, de
acordo com o interesse público.

CLÁUSULAS EXORBITANTES:

O fundamento das cláusulas exorbitantes é o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.

CLÁUSULAS EXORBITANTES
São prerrogativas legalmente constituídas em favor da Administração Pública, que sujeitam o contratado a
um desequilíbrio entre as partes do contrato administrativo, em nome do interesse público.
Modificação unilateral dos contratos, para melhor adequação às finalidades de
Alteração unilateral
interesse público, respeitados os direitos do contratado.
Rescisão unilateral Direito de extinguir os contratos, nos casos especificados na nova Lei.
Fiscalização Poder-dever de fiscalizar a correta execução dos contratos.
A Administração pode aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
Aplicação de sanções
parcial do ajuste.
Direito de ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
Ocupação provisória a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, inclusive após extinção do contrato.

DURAÇÃO DOS CONTRATOS:

Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a prevista em edital, e deverão ser observadas, no
momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários, bem como
a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro.
Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços
e fornecimentos contínuos, observadas as seguintes diretrizes:
I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior vantagem econômica
vislumbrada em razão da contratação plurianual;
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos
orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção;
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos
orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem.
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de aniversário
do contrato e não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática.
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente,
respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade competente ateste
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que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração, permitida a negociação com o
contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das partes.
Art. 108. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas
nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei.

Esses casos do art. 108 são hipóteses de dispensa de licitação que se referem, resumidamente, a:
• alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
• materiais de uso das Forças Armadas, para fins de padronização (com exceções);
• inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo;
• comprometimento da segurança nacional;
• transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS);
• insumos estratégicos para a saúde.

Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por PRAZO INDETERMINADO nos contratos em que
seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, DESDE QUE comprovada, a cada exercício
financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação.
Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere economia para a Administração,
os prazos serão de:
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento;
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados aqueles que impliquem a
elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão
revertidas ao patrimônio da Administração Pública ao término do contrato.

Exemplo de contrato que gera receita são os contratos de concessão de uso de bem público. Nesse tipo de
contrato, a administração receberá um valor pelo uso do bem. Logo, o contrato gera receita para a
administração.
Os contratos de eficiência, por sua vez, são definidos como: “Art. 6º, LIII – contrato de eficiência: contrato cujo
objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo
de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, remunerado o
contratado com base em percentual da economia gerada;”
Assim, se o contratado realizar investimentos (por exemplo: custear uma obra), o contrato poderá ter vigência
de até trinta e cinco anos. Fique atento, entretanto, que este prazo somente se aplica se a obra for custeada
pelo contratado. Se a administração realizar o pagamento da obra, o prazo será de até dez anos (sem
investimento).

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

MODALIDADES DE INTERVENÇÃO:

Gera restrições de caráter geral e abstrato, que


Limitação administrativa atingirão o caráter absoluto do direito de
propriedade (em regra, não há indenização).
Instituída sobre imóvel de propriedade alheia,
com base na lei, por entidade pública ou seus
Servidão administrativa delegados, em favor de um serviço público ou de
INTERVENÇÃO
um bem afetado a fim de utilidade pública (em
RESTRITIVA
regra, não há indenização).
É a forma de intervenção pela qual o poder
público usa, transitoriamente, imóveis privados
Ocupação temporária como meio de apoio à execução de obras e
serviços públicos (caberá indenização se houver
dano).
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Ato administrativo unilateral, o qual é
autoexecutório, consistindo na utilização de
bens e serviços particulares pela administração,
Requisição administrativa
por conta de um perigo público iminente, ou
uma guerra (caberá indenização se houver
dano).
Procedimento administrativo pelo qual o Poder
Público institui restrições parciais sobre o direito
de propriedade de bens de qualquer natureza,
Tombamento
cuja conservação seja de interesse público, em
razão de sua vinculação ao patrimônio cultural
brasileiro (não há indenização).
É um procedimento administrativo e, quase
sempre, judicial, pelo qual o Poder Público retira
INTERVENÇÃO um bem ou direito do patrimônio de alguém de
Desapropriação
SUPRESSIVA forma obrigatória e originária, pagando, em
regra, uma indenização (em regra, há
indenização).

MODALIDADES DE DESAPROPRIAÇÃO:

Modalidade Previsão legal Competência Indenização

Utilidade e necessidade
pública
União, Estados,
Ordinária (DL 3.365/61)
Municípios, Distrito Em dinheiro
(art. 5º, XXIV CF)
Federal e Territórios.
Interesse social (Lei
4.134/62)

Desapropriação
Em títulos da dívida
Urbanística Municípios e Distrito
Lei 10.257/2001 pública, resgatáveis em
Sancionatória (art. 182, Federal
10 anos
§4º, III CF)

Em títulos da dívida
Desapropriação por
Lei 8.629/1993 agrária, resgatáveis em
interesse social para
União 20 anos (benfeitorias
fins de reforma agrária
LC 76/1993 úteis e necessárias em
(art. 184, CF)
dinheiro)

Desapropriação
Não há direito à
confiscatória Lei 8.257/1991 União
indenização
(art. 243, CF)

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

TEORIAS – EVOLUÇÃO DO TEMA:

Irresponsabilidade “The king can do no wrong” – O Rei não erra

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Tenta equiparar o Estado ao particular, admitindo a
Teoria da responsabilidade com culpa
responsabilização nas mesmas hipóteses em que estes
(doutrina civilista da culpa)
teriam reconhecida a obrigação de reparar o dano.
Procura desvincular a responsabilidade do Estado da ideia
Teoria da culpa administrativa de culpa do funcionário; é a chamada culpa Anônima do
(exceção no Brasil – omissão) serviço público (porque não é necessária a individualização
do agente público responsável pela omissão).
Dispensa a demonstração de elemento subjetivo, mas
Teoria do RISCO ADMINISTRATIVO
admite hipóteses de exclusão de responsabilidade -
(regra no Brasil)
RESPONSABILIDADE OBJETIVA (art. 37, §6º, CF)
Teoria do RISCO INTEGRAL Também adota a teoria da responsabilidade objetiva e NÃO
(exceção no Brasil) admite excludentes de responsabilidade.

HIPÓTESES DE RISCO ADMINISTRATIVO NO ORDENAMENTO BRASILEIRO:

Art. 37, § 6º, CF - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Alcança todas as pessoas jurídicas de direito público, portanto a Administração Direta, Autarquias e Fundações
de direito público, independente das atividades que exerçam ou os serviços que prestem. Abarca, ainda, as
pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviços públicos, como as empresas públicas, sociedades de
economia mista e as fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado que prestem tais serviços.

Caso tais entidades da Administração Indireta não sejam prestadoras de serviços públicos, explorando atividade
econômica de produção ou comercialização de bens, por exemplo, não lhes será aplicável o referido dispositivo
constitucional e elas deverão responder pelos danos que causarem com base na responsabilidade civil regulada
pelo direito privado, onde se exige a comprovação de culpa, ou seja, trata-se de responsabilidade civil subjetiva.
É o que determina o art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal.

Por fim, as demais pessoas jurídicas de direito privado englobadas pelo art. 37, § 6º, da CF são aquelas que não
são integrantes da Administração Pública, mas são delegatárias de serviços públicos, como as concessionárias,
permissionárias e detentoras de autorização para prestação de serviços públicos.

HIPÓTESES DE RISCO INTEGRAL NO ORDENAMENTO BRASILEIRO:

Responsabilidade civil por danos nucleares (art. 21, XXIII, “d”, da CF/88)
Responsabilidade civil por danos ambientais (art. 225, §3º)
Responsabilidade civil da União perante terceiros no caso de atentado terrorista, ato de guerra ou eventos
correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo,
excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei. n. 10.744/2003)

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE:

• Teoria do risco integral: Não admite excludente.


• Teoria do risco administrativo: A responsabilidade objetiva pode ser excluída. Basta afastar um dos seus
elementos. Ex. culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior (são exemplos, não são as únicas formas).
Inverte o ônus da prova. Cabe ao Estado provar que não houve o fato administrativo, o nexo ou o dano.

TEORIA DA DUPLA GARANTIA:

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A vítima poderá ajuizar a ação de indenização somente contra o Estado; se este for condenado, poderá acionar
o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa; o ofendido não poderá propor a demanda
diretamente contra o agente público.
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da CF, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada
contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para
a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. STF.
RE 1027633/SP, 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).

A parte final do art. 37, § 6º, da CF exige especial atenção, pois prevê o direito de regresso da pessoa jurídica de
direito público ou de direito privado prestadora de serviço público contra o seu agente que tenha sido o
responsável pela ocorrência do dano, nos casos em que tenha agido com dolo ou culpa.

É importante ter em mente que há dois liames de responsabilidade civil distintos, um entre a pessoa jurídica
causadora do dano e o terceiro lesado, que é de natureza objetiva fundado no risco administrativo e não precisa
de comprovação de dolo ou culpa, e outro entre a pessoa jurídica causadora do dano e o seu próprio agente
responsável pela ocorrência do dano, fundado em uma responsabilidade subjetiva, ou seja, que exige a
comprovação de dolo ou culpa por parte do agente.

Ainda, é necessário que haja algum vínculo jurídico entre o agente e a pessoa jurídica obrigada a indenizar, ainda
que maculado por algum vício de ilegalidade, como é o caso dos funcionários de fato. A expressão “nessa
qualidade”, constante do texto constitucional, deve ser entendida no sentido de que somente haverá
responsabilidade civil objetiva fundada no risco administrativo se o agente estiver no exercício de suas funções
ou, ao menos, a sua conduta indique um pretexto de exercê-la.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

O ato de improbidade administrativa pode ser conceituado como o ato doloso praticado por agente público, ou
por agente público e particular, que gere enriquecimento ilícito (art. 9º), cause danos ao erário (art. 10) ou viole
os princípios da administração pública (art. 11).

ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA = condutas DOLOSAS tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 da LIA.

Art. 1º, § 1º, LIA: Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas DOLOSAS tipificadas nos arts.
9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

No tocante ao elemento subjetivo da conduta ímproba, a lei prevê que, além da conduta ser dolosa, este dolo
deve ser ESPECÍFICO, ou seja, ato praticado com fim ilícito (não há que se falar em dolo genérico).

Art. 1º, § 2º Considera-se DOLO a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts.
9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

Art. 1º, § 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato
doloso com FIM ILÍCITO, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)

Com isso, pelas alterações promovidas pela Lei 14.230/2021, NÃO EXISTE MAIS ato de improbidade culposo.

Antes da Lei 14.230/21 Após a Lei 14.230/21


Artigos 9º, 10-A e 11 = Apenas DOLO Todos os atos de improbidade = Apenas DOLO
Art. 10 (Dano ao Erário) = DOLO ou CULPA (dolo específico)

#TABELINHA para gravar

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Sujeito passivo do ato de improbidade – art. 1º, § 5º
Executivo
Poder Legislativo
Judiciário
Violam a probidade:
União
- Na organização do Estado
Adm. Pública Direta Estados / DF
-No exercício de suas funções
Municípios -Na integridade do
patrimônio público e social
Autarquias
Adm. Pública Indireta Fundações
Associações/Consórcios
Sujeito passivo do ato de improbidade – art. 1º, § 6º

Atos de improbidade
Entidade privada que receba subvenção, benefício ou
praticados contra o
incentivo, fiscal ou creditício
patrimônio

Sujeito passivo do ato de improbidade – art. 1º, § 7º

Atos de improbidade
praticados contra o
patrimônio, limitado o
Entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja
ressarcimento de prejuízos,
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual
nesse caso, à repercussão do
ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos.

SANÇÕES PREVISTAS PARA CADA MODALIDADE DE IMPROBIDADE:

Enriquecimento ilícito Lesão ao erário Violação dos princípios


(art. 9º c/c art. 12, I) (art. 10 c/c art. 12, II) (art. 11 c/c art. 12, III)

Suspensão dos direitos


Até 14 anos Até 12 anos Não se aplica
políticos

Perda da função pública Aplicável Aplicável Não se aplica


Perda dos bens ou
Aplicável se concorrer
valores acrescidos Aplicável Não se aplica
esta circunstância
ilicitamente
Equivalente ao valor do Equivalente ao valor do Até 24 vezes o valor da
Multa Civil
acréscimo patrimonial dano remuneração do agente

12
Proibição de contratar
Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
com o poder público

DIREITO AMBIENTAL2

PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL

Art. 225, CF: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

BEM DE USO COMUM DO POVO


+
ESSENCIAL À SADIA QUALIDADE DE VIDA
+
DIREITO DAS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES

#VEMDETABELA

COMPETÊNCIAS

a) Exclusiva União
I – MATERIAL
b) Comum, cumulativa ou paralela (art. 23) União, Estados e DF

a) Privativa (art. 22) União

b) Concorrente (art. 24) União, Estados e DF


II – LEGISLATIVA
c) Suplementar (art. 24, §2º) Estados

d) Exclusiva (art. 25, §§1º e 2º) Estados

PRINCÍPIOS

Tema sempre presente em provas!! #DECORAESSATABELA

Parte da certeza, da convicção científica. É o risco concreto, conhecido, certo.


PREVENÇÃO Trabalha com a certeza do dano, de modo a minorá-lo ou evitá-lo. Definido na
Convenção de Estocolmo sobre o Meio Ambiente.
Trabalha com situações controversas, riscos incertos e potenciais. São atividades
PRECAUÇÃO que normalmente decorrem de inovação tecnológica. A dúvida sempre deve militar
em favor do meio-ambiente. In dubio pro natura. Possibilita a inversão do ônus da

2
Por Thais Sponchiado Cavallieri

13
prova, ou seja, o empreendedor que deve provar que a sua atividade não gera danos
ao meio ambiente. Princípio definido na RIO 92.
Relacionar os aspectos ambiental, econômico e social, buscando um ponto de
equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, o crescimento econômico e a
DESENVOLVIMENTO
equidade social. Dessa forma, busca-se o crescimento da economia observando a
SUSTENTÁVEL
preservação ambiental, olhando também para as gerações futuras que devem gozar
dos bens ambientais.
Aquele que utilizar o recurso ambiental deve suportar seus custos, sem que essa
cobrança resulte na imposição de taxas abusivas, de maneira que nem o Poder
Público nem terceiros sofram com tais custos. O objetivo do princípio do poluidor-
pagador é forçar a iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela
produção e pelo consumo na forma de degradação e de escasseamento dos recursos
POLUIDOR PAGADOR ambientais.
Poluidor direto: É aquele responsável diretamente pelo dano ambiental.
Poluidor indireto: É aquele que se beneficia da atividade poluente, consumindo um
determinado produto que é oriundo de uma atividade considerada poluente, ou
quem cria os elementos necessários para que a poluição ocorra, permitindo que o
bem a ser consumido seja lesivo ao meio ambiente.
USUÁRIO PAGADOR Todos aqueles que se utilizam dos bens da natureza, devem pagar por eles, havendo
degradação ou não, já que os bens naturais possuem economicidade.
Positivado no ordenamento jurídico brasileiro no âmbito da Política Nacional de
PROTETOR
Resíduos Sólidos, o princípio do protetor-recebedor premia quem protege o meio-
RECEBEDOR
ambiente.
SOLIDARIEDADE É o pacto entre as gerações, além disso, decorre do princípio do desenvolvimento
INTERGERACIONAL sustentável.
Assegura ao cidadão o direito à informação e à participação na elaboração das
GESTÃO
políticas públicas ambientais, de modo que devem ser assegurados os mecanismos
COMUNITÁRIA OU
judiciais, legislativos e administrativos que o efetivam. Dessa forma, a população
PARTICIPAÇÃO
deve ser inserida em questões ambientais.
Toda informação em matéria ambiental é de interesse coletivo, e no caso de
INFORMAÇÃO/
inexistência caberá ao Estado produzi-la, tamanha é sua importância para a
PUBLICIDADE
construção do Estado de Direito Ambiental.
Dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos
LIMITE / CONTROLE de poluição, a fim de mantê-la dentro de bons níveis para não afetar o equilíbrio
ambiental e a saúde pública.
Prescreve a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do meio
VEDAÇÃO AO ambiente, prevê que as normas ambientais não devem ser flexibilizadas, sob pena
RETROCESSO de comprometer as conquistas até então alcançadas pela legislação ambiental.
ECOLÓGICO Assim, tal princípio aponta que as leis ambientais deverão assumir caráter cada vez
mais protetivo.

#DEOLHONAJURIS
Direito à informação ambiental e obrigação do Estado com a transparência.
Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro compreende:
i) o dever de publicação, na internet, dos documentos ambientais detidos pela Administração não sujeitos a
sigilo (transparência ativa);
ii) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer acesso a informações ambientais específicas não
publicadas (transparência passiva); e
iii) direito a requerer a produção de informação ambiental não disponível para a Administração (transparência
reativa);

14
Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus da Administração
justificar seu descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos:
i) na transparência ativa, demonstrando razões administrativas adequadas para a opção de não publicar;
ii) na transparência passiva, de enquadramento da informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e
iii) na transparência ambiental reativa, da irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente;
Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o imóvel, de interesse
público, inclusive as ambientais;
Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de
informações alusivas a suas funções institucionais.
STJ. 1ª Seção. REsp 1857098-MS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/05/2022 (Tema IAC 13) (Info 737).

RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL

Art. 225, § 3º, CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados.

Responsabilidade civil ambiental é OBJETIVA: Os danos ambientais são regidos pelo modelo da
responsabilidade objetiva, independentemente da verificação de culpa, previsto genericamente no parágrafo
único do art. 927 do Código Civil e, de forma específica, na Lei nº 6.938/81.

Teoria do Risco Integral: A responsabilidade por danos ambientais, além de ser objetiva, é regida pela teoria do
risco integral, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81, recepcionado pelo art. 225, §§ 2º, e 3º, da CF/88:

Art. 14, §1º, Lei 6.938/81: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor
ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

Excludentes do direito tradicional não serão aplicadas: caso fortuito e força maior; fato de terceiro ou licitude
da conduta.

#SELIGA: A responsabilidade civil existe mesmo que o dano decorra de empreendimento licenciado, pois não
tem caráter sancionatório, sendo fruto do princípio do usuário-pagador. Haverá, nesse caso, apenas
responsabilidade administrativa.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR DANO AMBIENTAL:

Teoria do risco administrativo (art. 37, §6º, CF) – é objetiva e


admite excludentes de nexo causal.
Por Atos Comissivos (AÇÃO)
Teoria do risco integral (art. 14, §1º, Lei 6.938/81) – é objetiva e não
admite excludentes de nexo causal.
Teoria do risco integral (art. 14, §1º, Lei 6.938/81) – é objetiva;
Por Atos Omissivos (OMISSÃO)
microssistema ambiental (Precedentes STJ)

REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

a) Reparação in natura (preferencialmente):


• Reparação específica (ex.: incêndio florestal = reflorestamento da mata)
• Compensação ecológica (na impossibilidade da reparação específica)
15
b) Reparação em pecúnia: equivalente em dinheiro (subsidiário) – fundamento: art. 225, caput, CF
• Obrigação de recuperação e restauração das áreas degradadas

O PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO IN INTEGRUM aplica-se ao dano ambiental. Com isso, a obrigação de recuperar
o meio ambiente degradado é compatível com a indenização pecuniária por eventuais prejuízos, até sua
restauração plena. Contudo, se quem degradou promoveu a restauração imediata e completa do bem lesado
ao status quo ante, em regra, não se fala em indenização. Nas demandas ambientais, por força dos princípios
do poluidor-pagador e da reparação in integrum, admite-se a condenação do réu, simultânea e agregadamente,
em obrigação de fazer, não fazer e indenizar. Aí se encontra típica obrigação cumulativa ou conjuntiva. Assim,
na interpretação dos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981), e
do art. 3º da Lei 7.347/1985, a conjunção "ou" opera com valor aditivo, não introduz alternativa excludente. A
cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez
de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco em parcela do dano
que, embora causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho
futuro, irreparável ou intangível. (STJ, RESP 1198727).

#SELIGANASÚMULA
Súmula 613, STJ: “Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.”
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não
fazer cumulada com a de indenizar.
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do
proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.

SOLIDARIEDADE DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL:

“No plano jurídico, o dano ambiental é marcado pela responsabilidade civil objetiva e solidária, que dá ensejo,
no âmbito processual, a litisconsórcio facultativo entre os vários degradadores, diretos ou indiretos. Segundo
a jurisprudência do STJ, no envilecimento do meio ambiente, a "responsabilidade (objetiva) é solidária" (REsp
604.725/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 22.8.2005, p. 202), tratando-se de hipótese de
"litisconsórcio facultativo" (REsp 884.150/MT, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.8.2008), pois,
mesmo havendo "múltiplos agentes poluidores, NÃO EXISTE OBRIGATORIEDADE NA FORMAÇÃO DO
LITISCONSÓRCIO", abrindo-se ao autor a possibilidade de "demandar de qualquer um deles, isoladamente ou
em conjunto, pelo todo" (REsp 880.160/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
27.5.2010) [...]” (STJ, Resp 843978/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, julgado em 21/09/2010).

RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL

A CF/88 não previu a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas apenas


sua responsabilidade administrativa.
Os defensores desta primeira corrente fazem a seguinte interpretação do § 3º
1ª Corrente
do art. 225 da CF/88: os infratores pessoas físicas estão sujeitos a sanções penais
(minoritária)
e os infratores pessoas jurídicas a sanções administrativas. Assim, quando o
dispositivo constitucional fala em sanções penais ele está apenas se referindo às
pessoas físicas. Adotam essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto
Bitencourt, José Cretela Jr.
2ª Corrente A ideia de responsabilidade da pessoa jurídica é incompatível com a teoria do
(majoritária na doutrina crime adotada no Brasil.
tradicional)

16
É a posição majoritária na doutrina tradicional. Esta segunda corrente baseia-se
na Teoria da ficção jurídica, de Savigny, segundo a qual as pessoas jurídicas são
puras abstrações, desprovidas de consciência e vontade (societas delinquere non
potest), logo, desprovidas de tais atributos, não podem praticar condutas
tipicamente humanas, como as condutas criminosas.
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zaffaroni, René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado,
Alberto Silva Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto Delmanto,
LFG, entre outros.
É plenamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de
crimes ambientais porque assim determinou o § 3º do art. 225 da CF/88. A
pessoa jurídica pode ser punida penalmente por crimes ambientais ainda que
não haja responsabilização de pessoas físicas.
3ª Corrente O principal argumento desta corrente é pragmático e normativo: pode haver
(acolhida atualmente responsabilidade penal porque a CF/88 assim determinou. Vale ressaltar que o §
pelo STF e STJ) 3º do art. 225 da CF/88 não exige, para que haja responsabilidade penal da
pessoa jurídica, que pessoas físicas sejam também, obrigatoriamente,
denunciadas. STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rei. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 6/8/2015 (lnfo 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rei. Min.
Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (lnfo 714).
4ª Corrente É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto
(posição antiga do STJ, com uma pessoa física.
atualmente superada) Era a antiga posição do STJ.

#DEOLHONAJURIS
O transporte em quantidade excessiva de madeira, não acobertada pela respectiva guia de autorização,
legitima a apreensão de toda a mercadoria. A gravidade da conduta de quem transporta madeira em
descompasso com a respectiva guia de autorização não se calcula com base apenas no quantitativo em excesso.
Essa infração compromete a eficácia de todo o sistema de proteção ambiental. Logo, a medida de apreensão
deve compreender a totalidade da mercadoria transportada. STJ. REsp 1.784.755-MT, Min. Og Fernandes,
17/09/2019 (Info 658).
As autoridades ambientais podem apreender veículo utilizado para a prática de infração ambiental mesmo
que este bem seja alugado e quem tenha cometido o ilícito tenha sido o locatário. O locador (proprietário) do
bem apreendido tem o direito de se defender administrativamente. Ainda que se trate de bem locado ao real
infrator, a apreensão do bem é possível. Não se pode dizer que houve uma injusta restrição ao proprietário (que
não deu causa à infração ambiental). Ao alugar o veículo, o locador assume o risco decorrente da exploração da
atividade econômica por ele exercida. Após a medida de apreensão, a autoridade administrativa deverá notificar
o proprietário do veículo locado para dar a ele a oportunidade de comprovar a sua boa-fé antes de decidir sobre
a destinação do bem apreendido pela prática de infração ambiental. Cabe ao proprietário do veículo comprovar
sua boa-fé, demonstrando que, pelas circunstâncias da prática envolvida e apesar de ter tomado as precauções
necessárias, não tinha condições de prever a utilização do bem no ilícito ambiental. STJ. 2ª Turma. AREsp
1.084.396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019 (Info 659).
Não é permitido o abate de animais apreendidos em situação de maus-tratos. É inconstitucional a
interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais apreendidos em situação de
maus-tratos. O art. 225, § 1º, VII, da CF/88 impõe a proteção à fauna e proíbe qualquer espécie de maus tratos
aos animais. O art. 25, § 1º da Lei nº 9.605/98 afirma que os animais apreendidos serão prioritariamente
libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues
a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de
técnicos habilitados. Até que os animais sejam entregues às instituições, o órgão autuante zelará para que eles
sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar
físico. Assim, não é constitucionalmente adequada a interpretação segundo a qual os animais devam ser
resgatados de situações de maus-tratos para, logo em seguida, serem abatidos. STF. Plenário. ADPF 640 MC-
Ref/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).
17
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Apesar de já existirem leis ambientais anteriores, entende-se que o Direito Ambiental foi criado com a Lei
6.938/81, pois foi a primeira lei de caráter nacional a regular o meio ambiente como um todo ao instituir a
Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente.

Direito ambiental é o ramo do direito público composto por princípios e regras que regulam as condutas
humanas que afetam, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio ambiente em todas as suas
modalidades, objetivando o controle da poluição, a fim de mantê-la dentro dos padrões toleráveis, para instituir
um desenvolvimento econômico sustentável, atendendo às necessidades das presentes gerações sem privar as
futuras da sua dignidade ambiental.

Segundo o art. 3.º, I, da Lei 6.938/81, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Pode ser das
seguintes espécies:

Formado pelos elementos da natureza com ou sem vida, que existem independentemente da
NATURAL
ação do homem.
CULTURAL Composto pelas criações tangíveis e intangíveis do homem sobre os elementos naturais.
ARTIFICIAL Formado por bens fruto de criação humana, mas que não integrem o patrimônio cultural.
Ocorre com o cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho pelas empresas,
LABORAL
proporcionando ao obreiro condições dignas e seguras.

#SELIGANOSCONCEITOS
DEGRADAÇÃO DA
Alteração adversa das características do meio ambiente;
QUALIDADE AMBIENTAL
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
POLUIÇÃO
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
POLUIDOR
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
RECURSOS AMBIENTAIS
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

PRINCÍPIOS DA PNMA:
• Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
• Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
• Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
• Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
• Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
• Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos
ambientais;
• Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
18
• Recuperação de áreas degradadas;
• Proteção de áreas ameaçadas de degradação;

OBJETIVOS DA PNMA:
• Compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente
e do equilíbrio ecológico;
• Definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico,
atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
• Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de
recursos ambientais;
• Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos
ambientais;
• Difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à
formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico;
• Preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade
permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
• Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao
usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

INSTRUMENTOS da PNMA:

Objetivo: regulamentar o uso e a ocupação do solo. Pretende a


ZONEAMENTO AMBIENTAL
divisão das áreas econômicas das áreas de proteção ambiental.
É gênero, englobando estudos específicos como: EPIA/RIMA;
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS RAP (relatório ambiental preliminar); Relatório de viabilidade
ambiental (RVA); EIV (estudo de impacto de vizinhança)
Instrumento de controle do Poder Público de atividades que
LICENCIAMENTO utilizam recursos ambientais; Revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras
Áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico
CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS
e reservas extrativistas. Previsto na Lei nº 9.985/00 (SNUC) –
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS
norma específica
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES Conhecido como SINIMA. Base de dados de âmbito federal
SOBRE O MEIO AMBIENTE previsto no art. 11, II e III do Decreto nº 99.274/90
Previsto no art. 17, I da Lei nº 6.938/81. Para profissionais que
se dedicam a estudos ambientais, à consultoria ou venda de
CADASTRO TÉCNICO equipamentos de controle ambiental. Renovação a cada dois
anos – este cadastro é mantido pelo IBAMA. Taxa de controle
e fiscalização ambiental (art. 17-B da Lei nº 6.938/81)
As PENALIDADES disciplinares ou compensatórias não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou
PENALIDADES
correção da degradação ambiental. Instrumento de repressão
às condutas consideradas lesivas ao meio ambiente.
A garantia da prestação de INFORMAÇÕES relativas ao Meio
Ambiente está relacionada ao princípio da informação
INFORMAÇÃO ambiental. Direito de acesso às informações (art. 5º, inc
XXXIII CF). Lei nº 10.650/03 (art. 2º) - garante o acesso a
estudos, dados e informações ambientais.
a) CONCESSÃO FLORESTAL: previsto na Lei nº 11.284/06
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS
(exploração de florestas públicas) – concede uma floresta

19
pública através de licitação para explorar os produtos e
serviços florestais.
b) SERVIDÃO AMBIENTAL: previsto no art. 9-A, 9-B e 9-C –
consiste na renúncia espontânea à utilização de recursos
ambientais de sua propriedade; esta renúncia pode ser parcial
ou total; vantagem: isenção de ITR, CRA (cota de reserva
ambiental) em bolsa de valores
c) SEGURO AMBIENTAL: não está regulamentado.

Esses instrumentos constam em um rol meramente exemplificativo, podendo haver outros como a instituição
de tributos que favoreçam a proteção ambiental, prazo prolongado para pagar créditos, concessão de créditos
com juros baixos etc.

O Sistema Nacional do Meio Ambiente é formado por órgãos e entidades dos entes federados:

O Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na


Órgão Superior formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e
os recursos ambientais.
o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar,
Órgão estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o
Consultivo e meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
Deliberativo normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida;
a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República (Ministério do Meio
Ambiente), com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como
Órgão Central
órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente;
O IBAMA e o Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a
Órgãos
política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as
Executores
respectivas competências
Órgãos Os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e
Seccionais pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
Os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas
Órgãos Locais
atividades, nas suas respectivas jurisdições;

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Regulamentada pela Lei 9.985/00, a qual prevê 12 modalidades de unidade de conservação, as quais são
divididas em dois grandes grupos:

Unidades de Proteção Integral


Os ecossistemas deverão ser mantidos livres de alterações, admitindo-se, em regra, apenas o uso indireto
dos seus atributos naturais.
Visa a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, sendo de
Estação Ecológica
propriedade pública, proibida visitação, exceto para fins educacionais.

20
Visa a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus
limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as
medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo
Reserva Biológica
necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os
processos ecológicos naturais. É de propriedade pública, proibida visitação pública,
exceto para fins educacionais.
Propriedade pública visa a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
Parque Nacional desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação
em contato com a natureza e de turismo ecológico. Será chamado de parque estadual,
distrital ou municipal, se instituídos por esses entes.
Monumento Visa preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Admitida a
Natural visitação pública, podendo ser propriedade pública ou privada, se compatível.
Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a
Refúgio da Vida existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente
Silvestre ou migratória. Pode ser pública ou particular, se compatível, admitidas a visitação
pública e as pesquisas científicas, se autorizadas

Unidades de Uso Sustentável


Será permitida a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma
socialmente justa e economicamente viável.
Área pública ou privada, em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes
Área de Proteção
para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e visa proteger a
Ambiental
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade
do uso dos recursos naturais.
Área pública ou privada, em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma
Área de
ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga
Relevante
exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
Interesse
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de
Ecológico
modo a compatibilizá-lo com a conservação da natureza
Área pública com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem
Floresta Nacional como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa
científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.
Área pública, utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-
se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação
Reserva de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida
Extrativista e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
unidade. Essa área é concedida pelo Poder Público, via contrato. É permitida a visitação
pública e a pesquisa, sendo proibidas a exploração de recursos minerais e a caça.
Uma área natural pública com populações animais de espécies nativas, terrestres ou
aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre
Reserva de Fauna
o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. É permitida a visitação pública,
sendo proibida a caça.

21
Área natural pública que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em
sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de
Reserva de
gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel
Desenvolvimento
fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
Sustentável
Permitidas a visitação e pesquisa. Essas populações tradicionais terão o direito ao uso
concedido pelo Poder Público através de contrato.
Reserva
Particular do Área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade
Patrimônio biológica, sendo apenas permitidas a pesquisa e a visitação.
Natural

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

A Lei nº 9.433/97 não se limitou a regular o regime jurídico das águas: instituiu verdadeira Política Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH), que tem como fundamentos (art. 1º):

FUNDAMENTOS DOS RECURSOS HÍDRICOS


• A água é um bem de domínio público
• A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico
• em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação
de animais
• A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas
• A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
• A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público,
dos usuários e das comunidades

INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS


São os verdadeiros “planos diretores” das bacias hidrográficas
PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
(arts. 6º, 7º e 8º da Lei n. 9.433/97).
Visa a assegurar às águas qualidade compatível com os usos
ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE
mais exigentes a que forem destinadas, diminuir os custos de
ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS
combate à poluição das águas, mediante ações preventivas
PREPONDERANTES DA ÁGUA
permanentes (arts. 9º e 10 da Lei n. 9.433/97).
Compete à União definir os critérios de outorga dos direitos de
uso de recursos hídricos (art. 21, XIX, da CF); a outorga depende
OUTORGA DOS DIREITOS DE USO DE
da intervenção do Poder Executivo federal (art. 29, II, da Lei n.
RECURSOS HÍDRICOS
9.433/97) e dos Poderes Executivos estaduais e do Distrito
Federal (art. 30, I, da Lei n. 9.433/97).
Objetiva reconhecer a água como bem econômico e dar ao
usuário uma indicação de seu real valor, incentivar a
COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS racionalização do uso da água e obter recursos financeiros para
HÍDRICOS o financiamento dos programas e intervenções contemplados
nos planos de recursos hídricos (arts. 19, 20, 21 e 22 da Lei n.
9.433/97).
COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS O art. 24 foi vetado pelo Presidente da República.
Sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação
SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE
de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes
RECURSOS HÍDRICOS
em sua gestão (arts. 25, 26 e 27 da Lei n. 9.433/97).
22
RESÍDUOS SÓLIDOS

Considera-se resíduo sólido o material cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da
melhor tecnologia disponível.

Conceitos importantes em matéria de resíduos sólidos:

Área contaminada cujos responsáveis pela disposição não sejam


ÁREA ÓRFÃ CONTAMINADA
identificáveis ou individualizáveis.
Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a
compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou
DESTINAÇÃO FINAL outras destinações admitidas pelos órgãos competentes, entre elas
AMBIENTALMENTE ADEQUADA a disposição final, observando normas operacionais específicas de
modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a
minimizar os impactos ambientais adversos.
Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas
DISPOSIÇÃO FINAL operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde
AMBIENTALMENTE ADEQUADA pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos.
Resíduos sólidos são os que não apresentem outra possibilidade
REJEITOS que não a disposição final ambientalmente adequada.
#SELIGA – Rejeito não tem jeito!
Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
RESPONSABILIDADE consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza
COMPARTILHADA PELO CICLO DE urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume
VIDA DOS PRODUTOS de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os
impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental
decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos da Lei
Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
LOGÍSTICA REVERSA
empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada.

DIREITO PROCESSUAL PENAL3

SISTEMAS PROCESSUAIS

SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO


Não há separação das funções de acusar, defender e Separação das funções de acusar, defender e julgar.
julgar, que estão concentradas em uma única pessoa, Por consequência, se caracteriza pela presença das
que assume as vestes de um juiz inquisidor. partes (actum trium personarum), contrapondo-se

3
Por Thais Sponchiado Cavallieri

23
acusação e defesa em igualdade de condições,
sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira
equidistante e imparcial.
Como se admite o princípio da verdade real, o
O princípio da verdade real é substituído pelo
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado
princípio da busca da verdade, devendo a prova ser
como mero objeto do processo, daí porque se admite
produzida em fiel observância ao contraditório e à
inclusive a tortura como meio de se obter a verdade
ampla defesa.
absoluta.
Gestão de prova: recai precipuamente sobre as
partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla
quando provocado, e desde que haja necessidade de
iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade
investigação judicial. Durante a instrução processual,
para determinar de ofício a colheita de elementos
prevalece o entendimento de que o juiz tem certa
informativos e de provas, seja no curso das
iniciativa probatória, podendo determinar a
investigações ou da instrução processual.
produção de provas de ofício, desde que o faça de
maneira subsidiária e devidamente fundamentada.
A separação das funções e a iniciativa probatória
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a
residual restrita à fase judicial preservam a
iniciativa acusatória dela decorrente são
equidistância que o magistrado deve tomar quanto
incompatíveis com a garantia da imparcialidade
ao interesse das partes, sendo compatíveis com a
(CADH, art. 8o, §1o) e com o princípio do devido
garantia da imparcialidade e com o princípio do
processo legal.
devido processo legal.

INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste em
um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de prova
e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar
que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.

Ademais, eventuais vícios dele constantes não têm, em regra, o condão de contaminar o processo penal a que
der origem, sendo que eventual irregularidade em ato praticado no curso do inquérito não conduz, por si só, à
anulação do processo penal subsequente, salvo se se tratar de provas ilícitas.

Considerando a ausência das garantias constitucionais da ampla defesa e contraditório, considera-se que o
inquérito policial possui valor probante relativo, ficando sua utilização como instrumento de convicção do juiz
condicionada a que as provas nele produzidas sejam confirmadas pelas provas produzidas judicialmente.

Unicamente ao delegado de polícia compete a condução do inquérito policial ou outro procedimento


investigativo de origem ou em curso nas delegacias de polícia, atribuição esta que não pode ser transferida a
outras instituições ou ao particular. Repisa-se que a previsão legal de que incumbe ao delegado a condução do
inquérito policial não implica a proibição de que outros órgãos realizem investigações criminais, como é o caso
do Ministério Público.

a) Polícia judiciária: visa auxiliar a Justiça, cumprindo determinações do Poder Judiciário. São exercidas, com
exclusividade, pela polícia federal (art. 144, § 1.º, I e IV, da CF) e pela polícia civil, refere-se à polícia auxiliando
o poder judiciário (cumprimento de suas ordens, mandados, investigação de delitos).

b) Polícia investigativa: atribuição relacionada à colheita de provas da infração penal em todos os seus aspectos
(autoria, materialidade, ilicitude etc.). A investigação criminal pode ser policial (inquérito policial presidido pelo
delegado de policial civil ou federal) ou não policial, quando a investigação criminal é presidida pelo promotor
de justiça (PIC), por exemplo.
24
c) Polícia administrativa: trata-se de atividade de cunho preventivo, ligada à segurança, visando impedir a
prática de atos lesivos à sociedade. Tem caráter ostensivo. Ex: policiamento ostensivo.

d) Polícia Penal: trata-se de um órgão de segurança pública, federal, estadual ou distrital, vinculado ao órgão
que administra o sistema penal da União ou do Estado/DF, sendo responsável pela segurança dos
estabelecimentos penais. A polícia penal foi prevista na CF por meio da EC 104/2019.

#DEOLHONAJURIS
É CONSTITUCIONAL norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de TERMOS CIRCUNSTANCIADOS
pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. O art. 69 da Lei dos Juizados Especiais, ao dispor que “a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado” não se refere
exclusivamente à polícia judiciária, englobando também as demais autoridades legalmente reconhecidas. O
termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial
ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade investigativa e, por via de consequência, não se revela como
função privativa de polícia judiciária. STF. Plenário. ADI 5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022
(Info 1046).

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:

a) Procedimento escrito: em regra, o inquérito policial deve ser reduzido a termo.

Art. 9o, CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas
e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

b) Procedimento dispensável: o inquérito poderá ser dispensado se a justa causa necessária para o início do
processo penal for ministrada por outra peça de informação

c) Procedimento sigiloso: em regra, a fase investigatória é sigilosa (já na fase processual, a regra é a publicidade)

Art. 20, CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade

Súmula Vinculante 14 do STF: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”

d) Procedimento inquisitorial: não está sujeito ao contraditório nem à ampla defesa.

Exceção:
Art. 14-A, CPP. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição
Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal
praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art.
23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

e) Procedimento discricionário: O delegado tem discricionariedade para realizar as diligências, entretanto,


discricionariedade não significa arbitrariedade, ou seja, o delegado não pode agir contra a lei. A
discricionariedade do delegado é mitigada pelo poder de requisição do Ministério Público (art. 129, VIII, CF –
requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais).

f) Procedimento indisponível: o delegado de polícia não pode arquivar o Inquérito Policial

Art. 17, CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

25
g) Procedimento temporário: O prazo do inquérito depende do fato de o réu estar preso ou solto

Art. 10, CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

PRAZOS DO INQUÉRITO POLICIAL


PREVISÃO LEGAL PRESO SOLTO
10 dias, prorrogáveis por até 15*
REGRA GERAL (CPP) *PACOTE ANTICRIME – art. 3º-B 30 dias (prorrogáveis)
suspenso pelo STF
POLÍCIA FEDERAL 15 dias + 15 dias 30 dias
CRIMES CONTRA A
10 dias 10 dias
ECONOMIA POPULAR
LEI DE DROGAS 30 dias + 30 dias 90 dias + 90 dias
INQUÉRITO MILITAR 20 dias 40 dias + 20 dias

#DEOLHONAJURIS
Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do investigado se encontrar solto
e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva, a investigação perdura por longo período e não resta
demonstrada a complexidade apta a afastar o constrangimento ilegal. (...) O fato de o paciente não ter sido
indiciado ou não sofrer os efeitos de qualquer medida restritiva, por si só, não indica ausência de
constrangimento, considerando que a simples existência da investigação, que no caso está relacionada ao
exercício profissional do paciente, já é, como disse o Ministro Antonio Saldanha Palheiro, por ocasião do
julgamento do RHC 135.299/CE, uma estigmatização decorrente da condição de suspeito de prática delitiva. O
constrangimento é patente. (STJ, HC 653.299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta
Turma, por maioria, julgado em 16/08/2022, DJe 25/08/2022, Info. 747).
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na
fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito
policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da
opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e
da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não
se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das
prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e
tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933).
Não há violação da súmula vinculante 14 no caso em que, ao contrário do que alega a defesa, os áudios
interceptados foram juntados ao inquérito policial e sempre estiveram disponíveis para as partes, inclusive
na forma digitalizada depois de deflagrada a investigação. Caso concreto: defesa ingressou com reclamação no
STF alegando que o magistrado não permitiu que ela tivesse acesso ao procedimento de interceptação telefônica
que serviu de base ao oferecimento da denúncia. Ficou provado, no entanto, que o procedimento estava
disponível para a defesa, de forma que não houve violação à SV 14. STF. 1ª Turma. Rcl 27919 AgR/GO, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (Info 949)

#NÃOCONFUNDIR

ELEMENTOS INFORMATIVOS PROVAS


São aqueles colhidos na fase investigatória, sem a A palavra prova só pode ser usada para se referir aos
necessária participação dialética das partes. Em elementos de convicção produzidos, em regra, no
relação a eles, não se impõe a obrigatória curso do processo judicial, e, por conseguinte, com a
26
observância do contraditório e da ampla defesa (...). necessária participação dialética das partes, sob o
Apesar de não serem produzidos sob o manto do manto do contraditório (ainda que diferido) e da
contraditório e da ampla defesa, tais elementos são ampla defesa. O contraditório funciona, pois, como
de vital importância para a persecução penal, pois, verdadeira condição de existência e validade das
além de auxiliar na formação da opinio delicti do provas.
órgão da acusação, podem subsidiar a decretação de
medidas cautelares pelo magistrado ou fundamentar
uma decisão de absolvição sumária (CPP, art. 397).

INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL:

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:


I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou
de quem tiver qualidade para representá-lo.
(...)
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de
quem tenha qualidade para intentá-la.

Todas as formas de início do inquérito decorrem de uma notitia criminis, assim compreendida a notícia da
infração penal levada ao conhecimento da autoridade policial, que se classifica da seguinte forma:

A autoridade policial toma conhecimento da ocorrência de um


crime de forma direta por meio de suas atividades funcionais
Notitia criminis de cognição direta
rotineiras, podendo ser por meio de investigações por ela
(ou imediata, ou espontânea)
mesma realizadas, por notícia veiculada na imprensa, por meio
de denúncias anônimas, etc.
A autoridade policial toma conhecimento da ocorrência do crime
por meio de algum ato jurídico de comunicação formal do delito.
Notitia criminis de cognição indireta
Pode ser o requerimento da vítima ou de qualquer pessoa do
(ou mediata, ou provocada)
povo, a requisição do juiz ou do Ministério Público, a requisição
do Ministro da Justiça e a representação do ofendido.
Ocorre na hipótese de prisão em flagrante delito, em que a
autoridade policial lavra o respectivo auto. Vale destacar que o
auto de prisão em flagrante é forma de início do inquérito
policial, independentemente da natureza da ação penal.
Notitia criminis de cognição coercitiva
Entretanto, nos crimes de ação penal pública condicionada e de
ação penal privada, sua lavratura apenas poderá ocorrer se for
acompanhado, respectivamente, da representação ou do
requerimento do ofendido (art. 5º, §§ 4º e 5º, do CPP).
É a conhecida denúncia anônima. Diante dessa notícia, deve o
delegado aferir plausibilidade e verossimilhança por meio da
Verificação de Existência Prévia (VEP), para só então instaurar o
Notitia criminis inqualificada (apócrifa) inquérito. Não é outro o entendimento do STF, que entende que
a notícia crime apócrifa, por si só, não autoriza a instauração de
inquérito policial, afastando a notícia anônima como elemento
único para deflagrar a investigação.

#DEOLHONAJURIS
É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. STJ. 6ª Turma. RHC 98.056-
CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019 (Info 652).

27
INDICIAMENTO: O indiciamento é resultado das investigações policiais por meio do qual alguém é apontado
como provável autor de um fato delituoso. Assim, trata-se de ato privativo do Delegado de Polícia que, para
tanto, deverá fundamentar-se em elementos de informação que ministrem certeza quanto à materialidade e
indícios razoáveis de autoria. Portanto, não se afigura possível que o juiz, o Ministério Público ou uma Comissão
Parlamentar de Inquérito requisitem ao delegado de polícia o indiciamento de determinada pessoa.

AÇÃO PENAL

Titular é o MP e não
Incondicionada depende da vontade da
vítima
Pública
Depende de representação
Condicionada da vítima ou requisição de
autoridade

Ação Penal De iniciativa do ofendido e


Propriamente dita os sucessores podem
continuar

Só pode ser ajuizada e


Privada Personalíssima
continuada pelo ofendido

Subsidiária da Se houver inércia do MP, o


pública ofendido pode ajuizar

Princípios comuns
Ação Penal pública Ação Penal privada
Princípio da inércia da jurisdição
“Ne bis in idem” processual
Princípio da intranscendência

Princípios específicos
Ação Penal pública Ação Penal privada
Obrigatoriedade Oportunidade / Conveniência
Indisponibilidade Disponibilidade
Divisibilidade Indivisibilidade

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a
prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL, desde que necessário e suficiente
28
para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(...)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão
CONSIDERADAS as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.

REQUISITOS:
• Não ser caso de arquivamento;
• Confissão formal e circunstanciada;
• Crime SEM violência/grave ameaça;
• Crime com pena MÍNIMA inferior a 4 anos – ATENÇÃO: Pena mínima igual a 4 anos NÃO cabe.
• Necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime;
• Atendimento das condições impostas.

CONDIÇÕES:

Art. 28-A, CPP. (...)


I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto
ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena MÍNIMA
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma
do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da
execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos
aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional
e compatível com a infração penal imputada.

HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO:

Art. 28-A, CPP. (...)


§ 2º O disposto no caput deste artigo NÃO se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual,
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não
persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

FORMALIZAÇÃO E HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO:

Art. 28-A, CPP. (...)


§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por ESCRITO e será firmado pelo membro do Ministério
Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada AUDIÊNCIA na qual o juiz deverá
verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
[JUÍZO DE DELIBAÇÃO = sem análise de mérito]
29
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não
persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo,
com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério
Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá RECUSAR homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for
realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de
complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.

CUMPRIMENTO/DESCUMPRIMENTO DO ACORDO:

Art. 28-A, CPP. (...)


§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério
Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua RESCISÃO e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo
Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de
antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a EXTINÇÃO
DE PUNIBILIDADE.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o
investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.

#DEOLHONAJURIS
O ANPP não constitui direito subjetivo do investigado: Cuidando-se de faculdade do Parquet, a partir da
ponderação da discricionariedade da propositura do acordo, mitigada pela devida observância do cumprimento
dos requisitos legais, não cabe ao Poder Judiciário determinar ao Ministério Público que oferte o
acordo de não persecução penal. (STJ, RHC n. 161.251/PR, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma,
julgado em 10/5/2022, DJe de 16/5/2022.)
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº 13.964/2019, desde que
não recebida a denúncia. A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no
ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019, no
ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre a
retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. O ANPP se esgota na etapa préprocessual, sobretudo
porque a consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de
oferecimento e de recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual,
devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a
retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando já
recebida a denúncia em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª Turma. HC 607.003-SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683). STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel.
Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.
O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não persecução
penal (ANPP). Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara
investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.” (STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 11/5/2021. Info 1017)

COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

30
STF STJ TRF´S TJ’S
Infrações penais comuns: Infrações penais comuns: Infrações penais Infrações penais
- Presidente da República Governadores dos comuns e de comuns e de
- Vice-Presidente Estados e do Distrito responsabilidade: responsabilidade:
- membros do Congresso Federal (art. 105, I, a, da - Juízes Federais da área - Juízes Estaduais e do
Nacional CF). de sua jurisdição, Distrito Federal
- seus próprios Ministros incluídos os da Justiça - membros do
- Procurador-Geral da Infrações penais comuns Militar e da Justiça do Ministério Público,
República (art. 102, I, b, da e de responsabilidade: - Trabalho ressalvada a
CF). Desembargadores dos - membros do competência da
Tribunais de Ministério Justiça
Infrações penais comuns e Justiça dos Estados e do Público da União, Eleitoral (art. 96, III, da
de responsabilidade: Distrito Federal ressalvada a CF)
- Ministros de Estado - membros dos Tribunais competência da Justiça - Prefeitos Municipais
- Comandantes da de Contas dos Estados e Eleitoral (art. 108, I, a, que praticarem crimes
Marinha, do Exército e da do Distrito Federal, dos da CF). submetidos à Justiça
Aeronáutica, ressalvado o Tribunais Regionais - Prefeitos Municipais Estadual (art. 29, X, da
disposto no art. 52, I Federais, dos Tribunais que praticarem crimes CF).
(estabelecendo a Regionais Eleitorais e do submetidos à Justiça
competência do Senado Trabalho Federal (Súmula 702 do
Federal para julgar os - membros dos Conselhos STF).
comandantes das forças ou Tribunais de Contas
armadas em crimes de dos Municípios e do
responsabilidade conexos Ministério Público da
com os do Presidente da União que oficiem
República e Vice) perante Tribunais.
- membros dos Tribunais
Superiores, do Tribunal de
Contas da União
- chefes de missão
diplomática em caráter
permanente (art. 102, I, c,
da CF).

#DEOLHONAJURIS
O foro por prerrogativa de função exige contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em
apuração e o exercício da função pública. No caso concreto, além de o crime ser anterior à posse como chefe
do Poder Executivo Municipal, o ato praticado não guarda relação com o seu cargo eletivo, não havendo que se
falar em deslocamento do feito para julgamento pelo Pleno do Tribunal de Justiça. STJ. 6ª Turma. REsp 1982779-
AC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 14/09/2022 (Info 755).
É inconstitucional norma de constituição estadual que estende o foro por prerrogativa de função a
autoridades não contempladas pela Constituição Federal de forma expressa ou por simetria.
STF. Plenário. ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM e ADI 6516/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
20/8/2021 (Info 1026).
A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso de
eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar função pública. STF. 1ª Turma. RE
1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940).
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal não se relacionam ao
exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF, mas sim do juízo de 1ª instância.
Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018). A apropriação indébita se consuma no ato da inversão da propriedade do bem. Se a inversão da
31
propriedade ocorreu com a transferência dos recursos da conta bancária da empresa vítima, com sede em
Brasília/DF, efetuada pelo Diretor da entidade, tem-se que a competência para apurar este delito é do juiz de
direito de 1ª instância do TJDFT. STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
19/2/2019 (Info 931).
As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for
praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função. STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630).
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente
público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP
937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem
prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a apuração do investigado
com foro por prerrogativa de função e os demais são julgados em 1ª instância. No entanto, no caso envolvendo
o Senador Aécio Neves, sua irmã, seu primo e mais um investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não
deveria haver o desmembramento e a apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os
envolvidos. Isso porque entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às
investigações. STF. 1ª Turma.Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

QUESTÕES PREJUDICIAIS X PRELIMINARES

MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os


proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro,
SEQUESTRO DE BENS IMÓVEIS objetivando-se garantir a reparação do dano causado pela infração penal
(art. 91, I, do CP) e o confisco dos bens em favor da União (art. 91, II, do
CP).
Nos termos do art. 126 do CPP, é cabível o sequestro dos bens móveis
SEQUESTRO DE BENS MÓVEIS
adquiridos com os proventos da infração penal (produto indireto, também
32
chamado de proventos ou proveito da infração ou, ainda, frutos da
infração ― fructus sceleris). Ao sequestro de bens móveis, aplicam-se
todas as disposições do sequestro de bens imóveis, salvo a inserta no art.
128 do CPP (inscrição do sequestro no Registro de Imóveis).
Diferentemente do que ocorre em relação ao sequestro, a hipoteca legal
recai sobre bens imóveis de origem lícita, de propriedade do réu,
objetivando, tão somente, garantir ao ofendido (ou sucessores) a
HIPOTECA LEGAL
indenização pelos danos causados pela infração penal e o pagamento das
despesas judiciais, não havendo, na hipoteca legal, qualquer preocupação
em relação ao confisco de bens em favor da União.
Previu o legislador processual penal dois tipos de arresto:
I) arresto prévio (ou preventivo): Conforme art. 136 do CPP, o arresto do
imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo
de 15 dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal; e
ARRESTO
II) arresto subsidiário: se o responsável não possuir bens imóveis ou os
possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis
suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal
dos imóveis.

NULIDADES

Trata-se de espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, ocasionando a inaptidão para a produção
de seus efeitos regulares. Nesse sentido, em relação aos atos praticados contrários ao modelo previsto, a lei
estabelece sanções, que acabam variando de acordo com o grau de intensidade do desvio.

Espécies de atos processuais e consequências:

IRREGULARIDADE NULIDADE RELATIVA NULIDADE ABSOLUTA INEXISTÊNCIA


O vício provém da O vício provém da violação O vício provém de uma O vício processual é tão
violação a uma regra a uma regra legal, mas violação direta ao Texto grave, a ponto de afetar
legal. referem-se a elementos Constitucional (referem- um requisito
acidentais do ato. se a elementos essenciais imprescindível para a
do ato). existência do ato.
A formalidade A formalidade desatendida Decorre sempre de uma O ato, de tão defeituoso,
desatendida tem índole tem índole ofensa a princípio não chega sequer a
infraconstitucional. infraconstitucional. constitucional do existir.
processo penal, seja ele Trata-se, portanto, de
expresso ou implícito, um não-ato, de um
como p. ex: contraditório, arremedo de ato, de uma
ampla defesa etc. aparência de ato.
Estes, exatamente
porque inexistentes, não
produzem efeito algum.
A formalidade não tem A formalidade visa a O prejuízo sempre existe Não existe o ato;
qualquer finalidade, garantir um interesse (é presumido), pois a portanto, desnecessário
nem visa garantir predominantemente das norma violada é de ordem saber se dele decorreu
direito das partes, e, por partes. pública. STJ e STF dizem prejuízo.
esta razão, é irrelevante que aqui também se deve
para o processo. provar o prejuízo.
O prejuízo é impossível, O interesse violado é O interesse violado é de Eventualmente, a
já que a formalidade era predominante da parte, ordem pública, sendo o aparência do ato pode
irrelevante. prejuízo presumido. STJ e gerar algum prejuízo, até
33
devendo esta comprovar o STF dizem que aqui que se perceba que na
efetivo prejuízo. também se deve provar o realidade nada existe.
prejuízo.
Não invalida o ato, A nulidade relativa A declaração de nulidade É irrelevante ter
sendo irrelevante o seu somente será reconhecida absoluta não depende de ocorrido prejuízo ou
reconhecimento. se a parte interessada demonstração de prejuízo não, pois tão logo se
comprovar o efetivo eis que se trata de constate o vício, será
prejuízo. matéria de ordem pública desconsiderado tudo o
e este é presumido. que a ele se seguiu.
O vício é irrelevante e, O vício deverá ser arguido O vício jamais preclui, A inexistência é um vício
portanto, deve ser pela parte interessada na podendo ser conhecido que jamais preclui,
desconsiderado. primeira oportunidade, sob em qualquer fase do podendo ser
pena de preclusão. processo, de ofício pelo reconhecida de ofício a
Assim, não são juiz, mesmo que não haja qualquer momento.
reconhecíveis de ofício. arguição da parte.
Quem deu causa não pode Exceção: 160-STF: É nula a
invocá-la. decisão do tribunal que
acolhe, contra o réu,
nulidade não arguida no
recurso da acusação,
ressalvados os casos de
recurso de ofício.
Nesses casos, mesmo a
incompetência absoluta
não pode ser reconhecida.
Por ser irrelevante, a Necessita de um A nulidade absoluta A inexistência não
irregularidade não é provimento judicial que a precisa de um provimento necessita ser declarada
declarada ou, se o for, reconheça. judicial que a reconheça, judicialmente, bastando
não produz Assim, enquanto o órgão logo, a consequência será que se desconsidere a
consequências jurisdicional não disser que a mesma apontada no aparência do ato e se
processuais. o ato é nulo, ele valerá. quadro ao lado, referente pratique outro em seu
A relevância disso é que, à nulidade relativa. lugar. Pacelli discorda,
após o trânsito em julgado, A relevância disso é que, afirmando que também
nenhuma nulidade poderá após o trânsito em a inexistência precisa ser
ser reconhecida em julgado, nenhuma declarada.
prejuízo do réu, pois não nulidade poderá ser
existe revisão criminal pro reconhecida em prejuízo
societate. do réu, pois não existe
revisão criminal pro
societate.
Exemplos: Exemplos: Exemplos:
Ausência de intimação do Incompetência em razão - Sentença assinada por
Réu para oitiva de da matéria ou da pessoa; quem não é juiz ou por
testemunhas quando tem Realização de juiz impedido;
advogado constituído; interrogatório sem - Denúncia oferecida por
Falta de intimação de defensor. estagiário ou promotor
expedição da carta ad hoc;
precatória. - Certidão de trânsito em
julgado, no caso de
omissão de remessa
obrigatória, quando
prevista (423-STF).

34
- Sentença extintiva de
punibilidade com base
em certidão de óbito
falsa.

CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS

São aquelas que por si sós demonstram o próprio fato objeto da


PROVA DIRETA investigação. Ex: uma testemunha que presenciou o crime, uma perícia
realizada.
É aquela que se refere a outro fato e que, por raciocínio lógico, nos
PROVA INDIRETA permitirá ratificar ou ilidir o fato principal. Ex: testemunha que viu o
acusado em outro lugar na hora do crime.
É aquela que imprime no julgador a certeza quanto ao fato discutido. Para
PROVA PLENA
condenação é sempre necessária a plenitude da prova. Ex: prova pericial
É aquela limitada quanto à profundidade e não imprime no julgador um
PROVA SEMIPLENA, INDICIÁRIA juízo de certeza. Essa prova é suficiente para decretação de medidas
OU CIRCUNSTANCIAL cautelares, para imprimir justa causa à inicial acusatória e para embasar
eventual absolvição. Ex: indício
É aquela que emerge do próprio fato, caracterizando a sua evidência ou
PROVA REAL
materialidade. Ex: uma fotografia, uma filmagem, uma pegada
PROVA PESSOAL É aquela que decorre da pessoa. Ex: testemunhos, interrogatório
a) Posição restritiva: a ideia da atipicidade probatória é vista de maneira
intimamente ligada à ausência de previsão legal da fonte de prova que se
quer utilizada no processo. Assim, a atipicidade probatória guarda estreita
ligação com a ausência de previsão legal da fonte de prova, confundindo-
PROVA ATÍPICA se os conceitos de prova atípica e de prova inominada;
b) Posição ampliativa: uma prova é atípica em duas situações: b.1) quando
ela estiver prevista no ordenamento, mas não haja procedimento
probatório; b.2) quando nem ela nem seu procedimento probatório
estiverem previstos em lei.
É aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhe são próprios, com
características de outra prova nominada. Em outras palavras, existe meio
PROVA ANÔMALA
de prova legalmente previsto para a colheita da prova. Todavia, deixa-se
de lado esse meio de prova nominado, valendo-se de outro meio de prova.
É a prova típica colhida sem a observância do modelo previsto em lei.
Como essa prova irritual é produzida sem obediência ao modelo legal
PROVA IRRITUAL
previsto em lei, trata-se de prova ilegítima, passível de declaração de
nulidade.

CADEIA DE CUSTÓDIA

Trata-se de um ciclo de atos/eventos que devem manter a idoneidade e integridade dos elementos que serão
eventualmente utilizados como provas. Visa assegurar a idoneidade dos objetos e bens apreendidos, de modo
a evitar qualquer tipo de dúvida quanto à sua origem e caminho percorrido durante a investigação criminal e o
subsequente processo criminal.

Foi inserida previsão expressa no Código de Processo Penal pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19):

35
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais
ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

ETAPAS DA CADEIA DE CUSTÓDIA (ART. 158-B, CPP):

ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção


RECONHECIMENTO
da prova pericial;
ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o
ISOLAMENTO
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime
descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou
no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada
FIXAÇÃO
por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no
laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento
ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
COLETA
suas características e natureza
procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e
ACONDICIONAMENTO
biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
quem realizou a coleta e o acondicionamento
ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a
TRANSPORTE
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle
de sua posse
ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado
com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e
RECEBIMENTO unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem
transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do
vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu
exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se
PROCESSAMENTO
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido
por perito
procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser
ARMAZENAMENTO processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou
transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente
procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação
DESCARTE
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial

PROVA EMPRESTADA

É aquela produzida em um processo e transportada documentalmente para outro processo, caracterizando a


mútua colaboração entre órgãos jurisdicionais. Vale mencionar que não se pode falar de prova emprestada de
elementos informativos, salvo nos casos de provas não repetíveis – perícia – já que o contraditório é diferido.

36
REQUISITOS:
a) Mesmas partes em ambos os processos: sobre esse requisito, há divergência. Isso porque o STJ entende que
a prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas (Info 543)
b) O contraditório deve ser respeitado quando da prospecção da prova (STF HC 95.186).
c) A disciplina normativa na produção da prova deve ter sido atendida: em regra, só é possível emprestar prova
lícita; a prova ilícita pode ser emprestada para favorecer o réu.
d) O fato provado pelo elemento que se pretende emprestar deve ser importante e útil aos dois processos
para caracterizar eventual responsabilidade criminal ou não.

#DEOLHONAJURIS
Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contra adolescente absolutamente incapaz, é
admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada a pedido da genitora da vítima, em
seu terminal telefônico, mesmo que solicitado auxílio técnico de detetive particular para a captação das
conversas. STJ. 6ª Turma. REsp 1.026.605-ES, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 13/05/2014 (Info 543).
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização
em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas no acordo de
colaboração premiada, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação ao
colaborador. Assim, por exemplo, se um indivíduo celebra acordo de colaboração premiada com o MP aceitando
fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no
acordo. STF. 2ª Turma. PET 7065/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922).
É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem utilizadas,
como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações decorrentes do fato investigado. Esse
empréstimo é permitido mesmo que as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial
dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico. STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).
É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente produzida
em processo criminal? SIM. A jurisprudência do STJ e do STF são firmes no sentido de que é admitida a utilização
no processo administrativo de “prova emprestada” do inquérito policial ou do processo penal, desde que
autorizada pelo juízo criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa (STJ. 1ª Seção. MS 17.472/DF, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 13/6/2012).
É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente produzida
em processo criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Isso porque,
em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não repercute na instância administrativa,
tendo em vista a independência existente entre as instâncias (STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 2/4/2013. Info 521).

Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.

TRIBUNAL DO JÚRI

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI:

Defesa técnica: é a defesa realizada pelo profissional habilitado


(advogado ou defensor público). Inclui a apresentação de argumentos
jurídicos e extrajurídicos, além do direito de inquirir as testemunhas
arroladas.
PLENITUDE DE DEFESA
Autodefesa: é aquela realizada pelo próprio réu e consiste no direito de
relatar aos jurados a versão dos fatos. É importante lembrar que a tese
pessoal do réu pode, inclusive, contrariar os argumentos da defesa
técnica, em razão do princípio da plenitude da defesa.
37
a) Sala especial: é o local onde os jurados responderão às quesitações
por meio de cédulas em papel, que contêm as palavras “sim” e “não”.
Aplica-se aqui o princípio da publicidade restrita, assegurando-se a
participação apenas do juiz, dos jurados, do membro do Ministério
Público e do defensor público ou advogado. Busca evitar possíveis
constrangimentos aos jurados e garantir a sua imparcialidade.
b) Incomunicabilidade dos jurados: sobre o assunto, é importante
lembrar que os jurados podem revelar o seu voto após o julgamento.
Além disso, caso o julgamento seja suspenso, os jurados devem
SIGILO DAS VOTAÇÕES permanecer no fórum, em respeito ao princípio da incomunicabilidade.
O desrespeito ao princípio acarreta nulidade absoluta, além da exclusão
do respectivo jurado do Conselho de Sentença com aplicação de multa.
c) Encerramento da votação em plenário: enquanto a sessão não
terminar, os jurados não poderão se comunicar entre si e com o mundo
exterior. Em respeito ao princípio do sigilo das votações, o magistrado
deverá encerrar a votação sobre o quesito da materialidade e autoria do
crime, quando tiver mais de 4 votos no mesmo sentido. Dessa forma,
poderá evitar a divulgação dos votos dos jurados, nos casos de votação
unânime.
Antes de mais nada, precisamos lembrar que o Tribunal de segundo grau
não poderá modificar a decisão de mérito proferida pela Conselho de
SOBERANIA DOS VEREDICTOS
Sentença formado pelos 7 jurados, sendo-lhe permitido apenas cassar a
decisão, sem absolver ou condenar o réu.

#NÃOCONFUNDA: o Tribunal poderá modificar a decisão do juiz presidente, mas não o veredicto dos jurados.
Assim, é possível que o tribunal venha a modificar a pena do réu nos casos autorizados pela lei, isso porque é o
juiz presidente quem fixa a pena a ser imposta ao réu. Vejamos:

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:


(...)
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
(...)
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança
§ 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos
quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2º Interposta a apelação com fundamento no inciso III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der
provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.

Assim, o princípio da soberania dos veredictos afirma que a decisão tomada pelo júri é soberana. No entanto,
afirmar que a decisão do júri é soberana não significa afirmar que ela é irrecorrível. Trazendo essa ideia para o
Tribunal do Júri chegamos a seguinte conclusão: a decisão do júri é recorrível, não com efeito de reforma (efeito
substitutivo), mas com efeito de anulação (cassação). É perfeitamente possível recorrer da decisão do júri, desde
que seja para anulá-la, mantendo assim a soberania dos vereditos.

COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI = Julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

A CRFB/88 estabeleceu uma competência mínima para o Tribunal do Júri. Isso não impede a criação de novas
hipóteses, a exemplo da competência para julgar os delitos conexos aos crimes dolosos contra a vida,
estabelecida pelo legislador ordinário.

Súmula vinculante 45: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa
de função exclusivamente pela Constituição Estadual.

38
PROCEDIMENTO BIFÁSICO DO TRIBUNAL DO JÚRI: O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de bifásico
(ou escalonado) porque se divide em duas etapas:

1) FASE DO SUMÁRIO DA CULPA (iudicium accusationis): é a fase de acusação e instrução preliminar (formação
da culpa). Inicia-se com o oferecimento da denúncia (ou queixa) e termina com a preclusão da sentença de
pronúncia.

Sentença que encerra o sumário da culpa: Ao final da 1ª fase do procedimento do júri (sumário da culpa), o juiz
irá proferir uma sentença, que poderá ser de quatro modos:

PRONÚNCIA IMPRONÚNICA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DESCLASSIFICAÇÃO


O réu será pronunciado O réu será O réu será absolvido, Ocorre quando o juiz se
quando o juiz se impronunciado quando o desde logo, quando convencer de que o fato
convencer de que juiz não se convencer: estiver provado (a): narrado não é um crime
existem prova da • da materialidade do • a inexistência do fato; doloso contra a vida,
materialidade do fato e fato; • que o réu não é autor mas sim um outro delito,
indícios suficientes de • da existência de ou partícipe do fato; devendo, então, remeter
autoria ou de indícios suficientes de • que o fato não o processo para o juízo
participação. autoria ou de constitui crime; competente.
participação. • que existe uma causa Ex.: juiz entende que não
Recurso cabível: RESE Ex.: a única testemunha de isenção de pena ou houve homicídio doloso,
(art. 581, IV) que havia reconhecido o de exclusão do crime. mas sim latrocínio.
réu no IP não foi ouvida Ex.: todas as
em juízo. testemunhas ouvidas Recurso cabível: RESE
afirmaram que o réu não (art. 581, II)
Recurso cabível: foi o autor dos disparos.
Apelação (art. 416)
Recurso cabível:
Apelação (art. 416)

2) FASE DE JULGAMENTO (iudicium causae): Conforme dispõe o art. 421 do CPP, preclusa a decisão de
pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz-presidente do Tribunal do Júri para a preparação do processo
para o julgamento perante o Conselho de Sentença.

Desaforamento: Trata-se do deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de que
nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri (aplicável somente na 2ª fase – sessão de julgamento).

HIPÓTESES LEGITIMIDADE COMPETÊNCIA


• Interesse de ordem pública • Ministério Público; A competência para julgamento é
• Dúvida sobre a imparcialidade • Assistente de acusação; do Tribunal, preferencialmente na
do júri: • Querelante; Câmara ou Turma competente.
• Falta de segurança pessoal do • Acusado;
acusado • Juízo competente #ATENÇÃO!
• Quando o julgamento não for
realizado no prazo de 6 meses,
contado da preclusão da decisão
de pronúncia, desde que
comprovado excesso de serviço e
evidenciado que a demora não foi
provocada pela defesa.

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#DEOLHONAJURIS: O desaforamento é medida excepcional, cabível apenas quando comprovada por fatos
objetivos e concretos a parcialidade do Conselho de Sentença. A simples presunção de que os jurados poderiam
ter sido influenciados por ampla divulgação do caso pela mídia e a mera suspeita acerca da parcialidade dos
jurados não justificam a adoção dessa medida excepcional. STJ. 5ª Turma. HC 492.964-MS, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).

DESCLASSIFICAÇÃO NA 2ª FASE DO JÚRI:

a) Desclassificação própria: ocorre quando o Conselho de Sentença desclassifica o crime para outro delito que
não é da sua competência, porém não especifica qual seria o delito. Nesse caso, o juiz presidente assume total
capacidade decisória para apreciar o fato delituoso, pois não está vinculado ao pronunciamento do Júri,
podendo inclusive absolver o acusado.

b) Desclassificação imprópria: ocorre quando o Conselho de Sentença reconhece sua incompetência para julgar
o crime, mas aponta o delito cometido pelo acusado.

c) Desclassificação do crime doloso contra a vida para modalidade delituosa que permita aplicação dos
benefícios da Lei 9.099/1995: se houver desclassificação da infração dolosa contra a vida para outra, de
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença, aplicando, quando o
delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo,
o disposto no art. 69 e seguintes da Lei 9.099. Assim, tendo o caso, os institutos despenalizadores da Lei 9.099
deverão ser aplicados perante a vara do júri, não sendo necessário a remessa dos autos ao Juizado Especial.

d) Desclassificação do crime doloso contra a vida e consequência desta decisão perante os delitos conexos
sem essa natureza: em caso de desclassificação do crime doloso contra a vida, o crime conexo que não possua
essa natureza será julgado pelo juiz-presidente do Tribunal do Júri.

EMENDATIO LIBELLI X MUTATIO LIBELLI

EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI


Ocorre quando o juiz, ao condenar ou pronunciar o Ocorre quando, no curso da instrução processual,
réu, altera a definição jurídica (a capitulação do tipo surge prova de alguma elementar ou circunstância que
penal) do fato narrado na peça acusatória, sem, no não havia sido narrada expressamente na denúncia ou
entanto, acrescentar qualquer circunstância ou queixa. (art. 384, CPP)
elementar que já não esteja descrita na denúncia ou
queixa (art. 383, CPP)
Não é acrescentada nenhuma circunstância ou É acrescentada alguma circunstância ou elementar que
elementar ao fato que já estava descrito na peça não estava descrita originalmente na peça acusatória e
acusatória. cuja prova surgiu durante a instrução.
É cabível na Ação Penal Pública e Privada É cabível apenas na Ação Penal Pública
Se o juiz, na sentença, entender que é o caso de 1) Se o MP entender ser o caso de mutatio libelli, ele
realizar a emendatio libelli, ele poderá decidir deverá aditar a denúncia ou queixa no prazo máximo
diretamente, não sendo necessário que ele abra de 5 dias após o encerramento da instrução; 2) esse
vista às partes para se manifestar previamente aditamento pode ser apresentado oralmente na
sobre isso. Tal se justifica porque no processo penal audiência ou por escrito; 3) no aditamento, o MP
o acusado se defende dos fatos e como os fatos não poderá arrolar até 3 testemunhas; 4) será ouvido o
mudaram, não há qualquer prejuízo ao réu nem defensor do acusado no prazo de 5 dias – nessa
violação ao princípio da correlação entre acusação resposta, além de refutar o aditamento, a defesa
e sentença. poderá arrolar até 3 testemunhas; 5) o juiz decidirá se
recebe ou rejeita o aditamento; 6) se o aditamento for
aceito pelo juiz, será designado dia e hora para
continuação da audiência, com inquirição de

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testemunhas, novo interrogatório do acusado e
realização de debates e julgamento.
É possível que o tribunal, no julgamento de um Não é possível, porque se o Tribunal, em grau de
recurso contra a sentença, faça emendatio libelli, recurso, apreciasse um fato não valorado pelo juiz,
desde que não ocorra reformatio in pejus (STJ HC haveria supressão de instância (Nesse sentido é a
87984 / SC). Súmula 453-STF).

LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (LEI Nº 9.296/96)

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação


criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz
competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
informática e telemática.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive
com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade
policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de
captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por meio de
operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do caput do art. 5º
da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou
do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade da
gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA ESCUTA TELEFÔNICA GRAVAÇÃO TELEFÔNICA


Ocorre quando um terceiro capta Ocorre quando o diálogo
Ocorre quando um terceiro capta
o diálogo telefônico travado entre telefônico travado entre duas
o diálogo telefônico travado entre
duas pessoas, sendo que um dos pessoas é gravado por um dos
duas pessoas, sem que nenhum
interlocutores sabe que está próprios interlocutores, sem o
dos interlocutores saiba.
sendo realizada a escuta. consentimento ou a ciência do
outro.

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Ex: polícia, com autorização EX: polícia grava a conversa Também é chamada de gravação
judicial, grampeia os telefones dos telefônica que o pai mantém com “clandestina” (obs: a palavra
membros de uma quadrilha e o seqüestrador de seu filho. “clandestina” está empregada não
grava os diálogos mantidos entre na acepção de “ilícito”, mas sim
eles. Para que seja realizada é no sentido de “feito às ocultas”).
indispensável a autorização
Para que a interceptação seja judicial (posição majoritária). Ex: mulher grave a conversa
válida é indispensável a telefônica no qual o ex-marido
autorização judicial ameaça matá-la.
(entendimento pacífico). A gravação telefônica é válida
mesmo que tenha sido realizada
SEM autorização judicial.

A gravação telefônica é válida


mesmo que tenha sido realizada
SEM autorização judicial.

A única exceção em que haveria


ilicitude se dá no caso em que a
conversa era amparada por sigilo
(ex: advogados e clientes, padres
e fiéis).

#DEOLHONAJURIS
A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova." (art. 5º). A interceptação
telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal
ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info 855).
Segundo o art. 8º da Lei 9.296/96, o procedimento de interceptação telefônica (requerimento, decisão,
transcrição dos diálogos etc.) deverá ser instrumentalizado em autos apartados. Haverá nulidade caso a
interceptação não seja formalizada em autos apartados? NÃO. Preenchidas as exigências previstas na Lei nº
9.296/96 (ex: autorização judicial, prazo etc.), não deve ser considerada ilícita a interceptação telefônica pela
simples ausência de autuação. A ausência de autos apartados configura mera irregularidade que não viola os
elementos essenciais à validade da interceptação. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 9/12/2015 (Info 811).
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização em
persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de
prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado. STJ. 5ª Turma. RMS
33677-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014 (Info 541).
Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contra adolescente absolutamente incapaz, é
admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada a pedido da genitora da vítima, em
seu terminal telefônico, mesmo que solicitado auxílio técnico de detetive particular para a captação das
conversas. STJ. 6ª Turma. REsp 1026605-ES, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/5/2014 (Info 543).
Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao investigado o
pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade do material que, direta e
indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em determinar a transcrição da
integralidade ou de partes do áudio. STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014
(Info 742).

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Não é ilícita a interceptação telefônica autorizada por magistrado aparentemente competente ao tempo da
decisão e que, posteriormente, venha a ser declarado incompetente. Trata-se da aplicação da chamada “teoria
do juízo aparente”. STF. 2ª Turma. HC 110496/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/4/2013 (Info 701).
A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não houver outro
meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei nº 9.296/1996.
Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”.
STF. Segunda Turma. HC 108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012 (Info 692).

PREVENÇÃO E O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A CRIANÇA E O


ADOLESCENTE – LEI HENRY BOREL (LEI Nº 14.344/2022)

Vamos finalizar nosso NFPSS de Processo Penal com esse tema super atual e em alta!!! #APOSTACICLOS
Como trata-se de legislação recente, ainda não há doutrina e jurisprudência correlatas, então vamos focar na
letra da lei. Aqui destacamos os principais artigos que são relacionados com o Direito Processual Penal, mas se
você tiver um tempinho extra, vale a pena a leitura integral desta Lei.

Âmbitos de ocorrência:

Art. 2º Configura violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente qualquer ação ou omissão que
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano patrimonial:
I - no âmbito do domicílio ou da residência da criança e do adolescente, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que compõem a família
natural, ampliada ou substituta, por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a vítima,
independentemente de coabitação.

Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente:

Art. 5º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente intervirá nas situações de violência contra
a criança e o adolescente com a finalidade de:
I - mapear as ocorrências das formas de violência e suas particularidades no território nacional;
II - prevenir os atos de violência contra a criança e o adolescente;
III - fazer cessar a violência quando esta ocorrer;
IV - prevenir a reiteração da violência já ocorrida;
V - promover o atendimento da criança e do adolescente para minimizar as sequelas da violência sofrida; e
VI - promover a reparação integral dos direitos da criança e do adolescente.
(...)
Art. 8º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente com os sistemas de justiça,
de saúde, de segurança pública e de assistência social, os Conselhos Tutelares e a comunidade escolar, poderão,
na esfera de sua competência, adotar ações articuladas e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à
agilidade no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à
responsabilização do agressor.

Atendimento pela Autoridade Policial:

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Art. 11. Na hipótese de ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, a autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência
deferida.
Art. 12. O depoimento da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar será
colhido nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, observadas as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
(...)
Art. 14. Verificada a ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência doméstica
e familiar, com a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da criança e do adolescente,
ou de seus familiares, O AGRESSOR SERÁ IMEDIATAMENTE AFASTADO DO LAR, do domicílio ou do local de
convivência com a vítima:
I - pela autoridade judicial;
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca;
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia.
§ 1º O Conselho Tutelar poderá representar às autoridades referidas nos incisos I, II e III do caput deste artigo
para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima.
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo
de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
bem como dará ciência ao Ministério Público concomitantemente.
§ 3º Nos casos de risco à integridade física da vítima ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso.

Medidas Protetivas de Urgência:

Art. 15. Recebido o expediente com o pedido em favor de criança e de adolescente em situação de violência
doméstica e familiar, caberá ao juiz, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento do responsável pela criança ou pelo adolescente ao órgão de assistência
judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis;
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.
Art. 16. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo JUIZ, a requerimento do Ministério
Público, da autoridade policial, do Conselho Tutelar ou a pedido da pessoa que atue em favor da criança e do
adolescente.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência
das partes e de manifestação do Ministério Público, o qual deverá ser prontamente comunicado.
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente e poderão ser substituídas
a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados
ou violados.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, ou a pedido da vítima ou de
quem esteja atuando em seu favor, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já

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concedidas, se entender necessário à proteção da vítima, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
Ministério Público.
(...)
Das Medidas Protetivas de Urgência à Vítima
Art. 21. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas, determinar:
I - a proibição do contato, por qualquer meio, entre a criança ou o adolescente vítima ou testemunha de violência
e o agressor;
II - o afastamento do agressor da residência ou do local de convivência ou de coabitação;
III - a prisão preventiva do agressor, quando houver suficientes indícios de ameaça à criança ou ao adolescente
vítima ou testemunha de violência;
IV - a inclusão da vítima e de sua família natural, ampliada ou substituta nos atendimentos a que têm direito nos
órgãos de assistência social;
V - a inclusão da criança ou do adolescente, de familiar ou de noticiante ou denunciante em programa de
proteção a vítimas ou a testemunhas;
VI - no caso da impossibilidade de afastamento do lar do agressor ou de prisão, a remessa do caso para o juízo
competente, a fim de avaliar a necessidade de acolhimento familiar, institucional ou colação em família
substituta;
VII - a realização da matrícula da criança ou do adolescente em instituição de educação mais próxima de seu
domicílio ou do local de trabalho de seu responsável legal, ou sua transferência para instituição congênere,
independentemente da existência de vaga.

DIREITO EMPRESARIAL4

EMPRESÁRIO

CONCEITO DE EMPRESÁRIO:

Artigo 966, CC: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

• Profissionalmente: é necessário habitualidade


• Atividade econômica: finalidade lucrativa
• Organizada: reunião dos 4 fatores de produção – mão de obra, capital, matéria prima/insumos e tecnologia
• Produção ou circulação de bens ou serviços: é a atividade da empresa

O empresário pode ser pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária).

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: é a pessoa natural (pessoa física), que individualmente, de forma profissional, exerce
uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.

• Requisitos (artigo 972, CC): estar em pleno gozo da capacidade civil e não ter impedimento legal.
OBS: O incapaz não pode INICIAR empresa como empresário individual, somente poderá ser sócio de sociedade,
atendidos os requisitos do artigo 974.

4
Por Thais Sponchiado Cavallieri

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Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, CONTINUAR a empresa antes
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da
empresa, bem como da conveniência em continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os
pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por
terceiros.
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da
interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a
autorização.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus
representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).

• Responsabilidade do empresário individual: ILIMITADA, pois o empresário responde com seus bens pessoais
por dívidas empresariais contraídas (Princípio da unidade patrimonial = a PF e a empresa possuem um único
patrimônio).
• Empresário individual casado: o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer
que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado
no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens,
alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO:

• Quando a sociedade NÃO tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, ela será considerada
sociedade SIMPLES (Artigo 982, CC)

#ATENÇÃO: A distinção entre uma sociedade simples e empresária está atrelada ao modo de exploração de seu
objeto social. Isto é, a atividade pode ter finalidade lucrativa, contudo não será empresária se não tiver a
organização dos fatores de produção. Não confundam: Ambas exercem atividades econômicas, mas
diferenciam-se pela natureza da atividade exercida.

• Pessoa Física – profissional liberal / autônomo:


a) Profissional intelectual (art. 966, p. único, CC): profissão de natureza científica, literária ou artística; exceção
– se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
b) Exercente de atividade rural sem registro na junta comercial (artigo 971, CC): empresário, cuja atividade
rural constitua sua principal profissão; a partir do momento que faz o registro na junta comercial, passa a ser
empresário.

• Pessoa Jurídica – sociedade simples ou EIRELI simples


a) Sociedade de advogados: por força do próprio Estatuto da OAB (arts. 15 e 16 da Lei 8.906/1994), a
sociedade de advogados não tem natureza jurídica de sociedade empresária, sendo, na maioria das vezes, uma
sociedade simples;
b) Sociedade cooperativa (artigo 982, p. único, CC): independentemente de seu objeto.

#NOVIDADELEGISLATIVA – A Lei 14.195/2021 alterou dispositivos relacionados ao Direito Empresarial:

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EXTINÇÃO DAS EIRELI´S
A EIRELI era uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física. Tratava-se de uma espécie de
pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresentava, portanto, personalidade jurídica e patrimônio distintos
daquele titularizado pela pessoa física que explora a atividade em questão.

NOME EMPRESARIAL

O nome empresarial tem proteção constitucional, conforme pode ser verificado no art. 5º, XXIX:

CF, art. 5º, XXIX: “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;”

O nome empresarial é inalienável.

O registro é feito na Junta Comercial e é de proteção estadual.

MODALIDADES – de acordo com o Código Civil, há duas modalidades de nome empresarial:


• Firma: pode ser individual ou social (razão social é o mesmo que firma social e não é igual à denominação).
• Denominação: aplicação e composição do nome empresarial

FIRMA INDIVIDUAL FIRMA SOCIAL DENOMINAÇÃO


É aplicada para a sociedade que
É aplicada para a sociedade que
possui sócio com responsabilidade
É destinada ao empresário possui sócio com responsabilidade
ILIMITADA (significa que o sócio
individual (e à antiga EIRELI) LIMITADA (era aplicada também
responde com seus bens pessoais
para a antiga EIRELI)
pela dívida da sociedade)
Na composição, coloca-se o nome É formada com palavras de uso
A composição da firma individual é
civil dos sócios que possuem comum ou vulgar na língua
dada pelo nome civil (do
responsabilidade ilimitada – o nacional ou estrangeira e/ou com
empresário individual ou do titular
nome pode ser completo ou expressões de fantasia, além da
da EIRELI) completo ou abreviado
abreviado indicação do objeto da sociedade
Exemplo (nome completo ou
Exemplos (nome completo ou
abreviado dos sócios que possuem Exemplos de denominação: “Que
abreviado do empresário
resp. ilimitada): João Silva e Maria fome lanchonete sociedade
individual): João Silva Empresário
Silva + ramo de atividade limitada”
Individual
(facultativo) + tipo societário

#SELIGA Com o objetivo de desburocratizar, a Lei nº 14.195/2021 acrescentou o art. 35-A na Lei nº 8.934/94
dizendo que o empresário ou pessoa jurídica poderá utilizar o CNPJ como nome empresarial:
Art. 35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de inscrição no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do
tipo societário ou jurídico, quando exigida por lei.
O art. 1.155 prevê duas espécies de nome empresarial: a) firma; b) denominação.
Com esse novo art. 35-A temos uma terceira espécie de nome empresarial: o CPNJ como nome
empresarial.

ATENÇÃO! Diferença entre nome empresarial e título de estabelecimento:

• Nome empresarial: identifica a pessoa natural ou jurídica que explora a atividade empresarial.

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• Título de estabelecimento: também conhecido como Nome Fantasia ou Nome de Fachada, é o nome popular
de um estabelecimento, o apelido comercial dado que pode ser ou não ser igual ao seu nome empresarial.
Geralmente, é o nome que serve para a divulgação de determinada empresa, visando o maior aproveitamento
da sua marca e da estratégia de marketing e vendas.
Exemplo:
Nome empresarial: Arcos Dourados Comércio de Alimentos LTDA
Título de estabelecimento: McDonalds

SOCIEDADES

Podemos classificar as sociedades em:


• Sociedades não personificadas: é aquela que não tem personalidade jurídica.
• Sociedades personificadas: é aquela que possui personalidade jurídica.

Sociedade em comum
Não
personificada
Sociedade em conta de
participação

Sociedade em nome
coletivo

Sociedades
Sociedade em comandita
simples

Sociedade Sociedade em comandita


Empresária por ações

Sociedade
Personificada Sociedade anônima
simples

Cooperativa Sociedade limitada

Efeitos da personalização:

• Titularidade negocial: aptidão para realizar negócios jurídicos. Ex. assinar contrato de franquia,
empréstimo, leasing.
• Titularidade processual: pode estar tanto no polo ativo quanto passivo. Ex. ajuizar execução, sofrer ação de
dissolução de sociedade.
• Autonomia patrimonial: ela tem patrimônio distinto do patrimônio dos sócios.

Início da personalização:

A sociedade adquire personalidade jurídica quando ela faz o registro do seu ato constitutivo no órgão próprio.

Art. 985, CC. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei,
dos seus atos constitutivos (artigos 45 e 1.150).

Término da personalização:

Com o procedimento dissolutório, que pode ter natureza judicial ou extrajudicial. Ele possui três fases:
dissolução, liquidação e partilha.

#DEOLHONAJURIS

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A extinção da pessoa jurídica se equipara à morte da pessoa natural (art. 110 do CPC/2015), atraindo a sucessão
material e processual com os temperamentos próprios do tipo societário e da gradação da responsabilidade
pessoal dos sócios. Em sociedades de responsabilidade limitada, após integralizado o capital social, os sócios
não respondem com seu patrimônio pessoal pelas dívidas titularizadas pela sociedade, de modo que o
deferimento da sucessão dependerá intrinsecamente da demonstração de existência de patrimônio líquido
positivo e de sua efetiva distribuição entre seus sócios. A demonstração da existência de fundamento jurídico
para a sucessão da empresa extinta pelos seus sócios poderá ser objeto de controvérsia a ser apurada no
procedimento de habilitação, que é previsto no art. 687 do CPC/2015, aplicável por analogia à extinção de
empresas no curso de processo judicial. A desconsideração da personalidade jurídica não é, portanto, via cabível
para promover a inclusão dos sócios em demanda judicial, da qual a sociedade era parte legítima, sendo medida
excepcional para os casos em que verificada a utilização abusiva da pessoa jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp
1.784.032-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 02/04/2019 (Info 646).

Responsabilidade nas sociedades – responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais:

SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES Responsabilidade mista


SOCIEDADE ANÔNIMA Responsabilidade limitada
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO Responsabilidade ILIMITADA
SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES Responsabilidade mista
SOCIEDADE LIMITADA (há solidariedade) Responsabilidade limitada
SOCIEDADE SIMPLES Pode ser pactuado no contrato: nenhuma ou ILIMITADA.

SOCIEDADE ANÔNIMA

Conceito: é a sociedade cujo capital social está dividido em ações.

Características:
• É uma sociedade institucional: não se trata de sociedade contratual, como, por exemplo, a sociedade
limitada; a sociedade anônima não possui contrato social, mas sim Estatuto Social; o estatuto social não possui
a liberdade contratual que possui o contrato social, assim, devem ser observadas as regras da Lei 6.404/1976.
• A sociedade anônima sempre será sociedade empresária (nunca de natureza simples): isso consta no art.
982, § único do CC.
• A sociedade anônima sempre será registrada na junta comercial.

Espécies de S/A (art. 4° da Lei 6.404/76):


• Companhia aberta: é aquela em que seus valores mobiliários são admitidos à negociação no mercado de
valores mobiliários (são papéis/títulos emitidos por uma companhia – exemplo: ações).
• Companhia fechada: é aquela em que seus valores mobiliários não são admitidos à negociação no mercado
de valores mobiliários, ou seja, as ações de uma companhia fechada não são negociadas na Bolsa de Valores.

OBS: A CVM é a entidade autárquica federal de natureza especial com qualidade de agência reguladora; a CVM
é quem cuida do mercado de capitais; trata-se de entidade autárquica federal de natureza especial com
qualidade de agência reguladora.

Constituição da S/A:
• Para constituir a S/A (aberta ou fechada), necessariamente, é necessário cumprir os requisitos preliminares,
os quais estão dispostos no art. 80 da Lei 6.404/76.

Lei 6.404/76, art. 80: A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos
preliminares:

49
I - Subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no
estatuto;
II - Realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em
dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial
de parte maior do capital social.

OBS: Para constituir uma S/A é necessário que haja, pelo menos, 2 sócios (a S/A é pluripessoal, ou seja, possui
2 ou mais sócios) – essa é a regra. Mas há exceções, como as Empresa Públicas, que podem ser unipessoais,
tendo apenas um sócio (exemplos: BNDES e EBC), bem como suas subsidiárias.

Ações: são frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio de uma sociedade anônima
(quem possui ações de uma companhia é acionista (sócio) da sociedade anônima).

Formas de integralização: são formas de integralização na S/A (pagamento de ações):


• Bens;
• Dinheiro;
• Crédito

Responsabilidade do acionista: LIMITADA

Lei 6.404/76, art. 1º: “A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade
dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.”

Acionista controlador:

Lei 6.404/76, art. 116: Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações
da assembleia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da
companhia.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto
e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os
que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar
e atender.

Direitos essenciais do acionista:

Lei 6.404/76, art. 109: Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o acionista dos direitos de:
I - Participar dos lucros sociais;
II - Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV - Preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis
em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172;
V - Retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.

Órgãos de sociedade anônima:

• Assembleia geral:
50
Lei 6.404/76, art. 125: Ressalvadas as exceções previstas em lei, a assembleia geral instalar-se-á, em primeira
convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do total de votos
conferidos pelas ações com direito a voto e, em segunda convocação, instalar-se-á com qualquer número.
(Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembleia-geral e discutir a matéria
submetida à deliberação.
Lei 6.404/76, art. 129: As deliberações da assembleia-geral, ressalvadas as exceções previstas em lei, serão
tomadas por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em branco.

• Conselho de administração:

Lei 6.404/76, art. 138: A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de
administração e à diretoria, ou somente à diretoria.
§ 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia
privativa dos diretores.

• Diretoria: é o órgão executivo da companhia; se compõe em, no mínimo, dois membros (acionistas ou não)
• Conselho fiscal (órgão obrigatório, mas de funcionamento facultativo): fiscaliza as contas da companhia e os
atos de gestão; será composto de, no mínimo, 3 membros e, no máximo, 5 membros, e suplentes em igual
número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia-geral.

CONTRATOS BANCÁRIOS

Por atividade bancária entende-se, juridicamente, a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros em moeda nacional ou estrangeira. Conceito que deflui do artigo 17 da Lei n° 4.595/64
(Lei da Reforma Bancária).

Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas
públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de
recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as
pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual.

Para exercer a atividade bancária é necessária a autorização governamental, de competência do Banco Central,
autarquia da União, integrante do Sistema Financeiro Nacional, a quem a lei atribuiu, entre outras, as funções
de emitir a moeda, executar os serviços do meio circulante, controlar o capital estrangeiro e realizar as
operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras.

Contratos bancários são aquelas modalidades contratuais formalizadas pelos bancos no exercício de atividade
bancária, ou seja, com a finalidade de coletar, intermediar ou aplicar recursos junto aos agentes econômicos.
Contratos bancários são aqueles em que não apenas uma das partes é, necessariamente, um banco, mas
também que somente podem ser praticados com um banco, ou seja, são aqueles que configurariam infração à
lei caso fossem praticados com pessoa física ou jurídica não autorizada a funcionar como instituição financeira.

REQUISITOS:
Presença de uma instituição financeira em um dos polos da relação + Prestação seja uma atividade bancária.

O STJ e STF entendem pela aplicação do CDC às instituições bancárias.

#SELIGANASÚMULA
51
Súmula 297, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras
Súmula 381, STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
Súmula 379, STJ: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser
convencionados até o limite de 1% ao mês.
Súmula 285, STJ: Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa
moratória nele prevista.
Súmula 287, STJ: A Taxa Básica Financeira (TBF) não pode ser utilizada como indexador de correção monetária
nos contratos bancários.
Súmula 288, STJ: A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indexador de correção
monetária nos contratos bancários.

#SELIGA
A banca CESPE, na prova do TJDFT/2016, considerou correta a seguinte alternativa: “A cobrança de taxa de
cadastro só é permitida no primeiro contrato celebrado pelo consumidor com a instituição financeira, não
podendo ser cobrada nos posteriores.”

QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO:

SIGILO BANCÁRIO
Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?
POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judicial.
NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).
Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de
MP contas de titularidade de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o
patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª
Turma. HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015).
NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012).
Exceção: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias
TCU
de recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em
26/5/2015).
SIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O repasse das informações dos bancos
Receita Federal
para o Fisco não pode ser definido como sendo "quebra de sigilo bancário".
Fisco estadual, SIM, desde que regulamentem, no âmbito de suas esferas de competência, o art. 6º
distrital, municipal da LC 105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001.
SIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001).
CPI
Prevalece que CPI municipal não pode.

CONTRATOS EM ESPÉCIE:

• Operações Passivas: A instituição financeira assume o polo passivo, isto é, ela se torna devedora. São os
contratos que têm a função econômica de captação dos recursos de que necessita o banco para o
desenvolvimento de sua atividade.
• Depósito Bancário: Vulgarmente chamado de conta, uma pessoa (depositante) entrega ao banco
(depositário) determinada quantia em dinheiro, cabendo ao banco restituí-la, na mesma espécie, em data pré-
determinada ou quando o depositante solicitar.
• Contrato De Depósito: É um contrato real, isto é, somente se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro a
instituição financeira depositária. É um contrato autônomo, porque independe da existência de outros. Trata-
se de contrato bancário próprio que se enquadra na categoria de operações passivas, ou seja, naquele em que
o banco assume o polo passivo da relação contratual, é o devedor.

52
FALÊNCIA

Falência é o processo coletivo de execução forçada de um empresário ou sociedade empresária cuja


recuperação mostra-se inviável. A falência tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos e
recursos do falido a fim de que, com os recursos obtidos pela alienação de tais bens, possam os credores ser
pagos, obedecendo a uma ordem de prioridade estabelecida na lei.

A Lei nº 11.101/2005 (art. 2º) NÃO se aplica a:

Sociedades simples, pois não são empresárias;


Empresa pública;
Sociedade de economia mista;
Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência
complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

#DEOLHONAJURIS
É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de falência O art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005,
afirma que esta Lei não se aplica a cooperativa de crédito. Existe, porém, regra específica na Lei nº 6.024/74
prevendo que as instituições financeiras e equiparadas (como as cooperativas de crédito) podem ir à falência após
liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Essa possibilidade foi reafirmada pela Lei nº 13.506/2017, que alterou
a Lei nº 6.024/74. Desse modo, a doutrina, ao interpretar o art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005 afirma que as
instituições financeiras e cooperativas de crédito apenas não ingressam, de imediato, no processo judicial de
execução coletiva empresarial, passando antes por intervenção e liquidação extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp
1.878.653-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).

Objetivos da falência:

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a: (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à realocação eficiente de recursos na
economia; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização do retorno célere do empreendedor falido
à atividade econômica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual, sem prejuízo do
contraditório, da ampla defesa e dos demais princípios previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

Por meio da falência dá-se o encerramento da atividade econômica desenvolvida pela empresa em crise
financeira, de forma a minimizar os prejuízos de seus empregados e credores.

Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos
em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta
Lei.

#NÃOCONFUNDA: O encerramento da falência é causa da dissolução e da liquidação da sociedade empresária.


No entanto, isso não significa, por si só, que seja também causa de extinção automática da empresa, tendo em
vista que a sua personalidade jurídica é mantida até o efetivo cancelamento no registro competente ou, ainda,
porque pode ressurgir com a reabilitação da falida para o exercício de suas atividades.
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#DEOLHONAJURIS
A personalidade jurídica da falida não desaparece com o encerramento do procedimento falimentar, pois a
sociedade pode prosseguir no comércio a requerimento do falido e deferimento do juízo, ou mesmo, conforme
determinava a anterior lei falimentar, requerer o processamento de concordata suspensiva. STJ. 3ª Turma. REsp
883.802/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/04/2010.

O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios
do falido. Dessa forma, após a instauração da execução consensual do devedor, todas essas ações irão convergir
para o juízo falimentar. Em virtude dessa característica, diz-se que o juízo da falência é universal:

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e
negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido
figurar como autor ou litisconsorte ativo.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o
administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do
processo.

Pressupostos da falência:
• Pressuposto material subjetivo: qualidade de empresário
• Pressuposto material objetivo: insolvência do devedor
• Pressuposto formal: sentença

#DEOLHONAJURIS:
O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência
patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº
11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a
decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp
1532154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).

Fases do processo de falência:

• Fase pré-falimentar: se dá com o pedido de falência, realizado pelos legitimados do art. 97.

• Fase falimentar: Esta etapa objetiva o conhecimento judicial do ativo e passivo do devedor, a realização do
ativo apurado e o pagamento do passivo admitido. Ela tem início com a sentença declaratória de falência e
termina com a sentença de encerramento.
• Fase de reabilitação: sentença de extinção das obrigações do falido

1ª FASE – PRÉ FALIMENTAR

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:


I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;
IV – qualquer credor.

#DEOLHONAJURIS:
A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor.
Assim, o credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o
54
art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1544267-DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).

Competência para analisar o pedido de falência – competência ABSOLUTA:

Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou
decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha
sede fora do Brasil.

#SELIGA: A justiça competente para julgar as ações de falência é a justiça comum estadual, uma vez que o art.
109 da Constituição Federal exclui da competência da Justiça Federal a apreciação das causas de falência.

#DEOLHONAJURIS:
Compete ao Juízo falimentar decidir sobre os bens do falido dados em garantia em favor de sociedade
empresária em recuperação judicial ainda que pendente decisão no juízo arbitral sobre eventual
descumprimento de obrigações entre as partes. STJ. 2ª Seção. CC 166591-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 23/10/2019 (Info 659).

Requisitos da autofalência:
• Crise econômico-financeira;
• Não atender aos requisitos da recuperação judicial: deve-se primar pela preservação da empresa

Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua
recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos (...)

Hipóteses autorizadoras da falência:

1. Impontualidade injustificada: aquele que, sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento,
obrigação líquida (certas quanto à existência e determinação de seus objetos), materializada em título ou títulos
executivos protestados, cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência
(ART. 94, I)

#IMPORTANTE: A impontualidade injustificada é provada pelo protesto do título executivo, que constitui o
devedor em mora

2. Execução frustrada: Ocorre quando o devedor executado por qualquer quantia líquida não paga, não
deposita e não nomeia bens suficientes para solver os débitos dentro do prazo legal. Nessa hipótese, presume-
se que o devedor é insolvente. Aqui, o legislador permite o pedido de falência por qualquer quantia líquida (ART.
94, II).

3. Atos de falência:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: (...)


III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar
pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores,
negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar
com bens suficientes para solver seu passivo;

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d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização
ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.

SENTENÇA DE FALÊNCIA:

Apesar do nome de que fez uso o legislador, a sentença declaratória da falência, pressuposto inafastável da
instauração do processo de execução concursal do devedor empresário, tem caráter predominantemente
constitutivo. Após a sua edição, a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores do empresário falido são
submetidos a um regime jurídico específico, diverso do regime geral do direito obrigacional. É a sentença de
falência que introduz o falido e seus credores no regime jurídico-falimentar, donde o seu caráter constitutivo.

#DEOLHONAJURIS:
O ato decisório que decreta a falência possui natureza de sentença constitutiva, pois sua prolação faz operar a
dissolução da sociedade empresária, conduzindo à inauguração de um regime jurídico específico. STJ. 3ª Turma.
REsp 1780442/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019.

Na sentença declaratória da falência, o juiz deve se pronunciar sobre a continuação provisória das atividades do
falido ou a lacração do seu estabelecimento (LF, arts. 99, VI e XI, e 109). Não são medidas de adoção obrigatória.
Inexistindo razões tanto para autorizar a continuação provisória das atividades do falido como para a lacração
do estabelecimento, o juiz pode simplesmente denegar as duas medidas.

O juiz, ao julgar o pedido de falência, também poderá julgá-lo improcedente, proferindo sentença denegatória
da falência.

Se, porém, a denegação da falência não tiver por fundamento a improcedência do pedido, mas a sua elisão
provocada pelo depósito do valor da obrigação em atraso, o juiz determinará o levantamento deste em favor
do requerente e condenará o requerido no reembolso das despesas e nos honorários de advogado em favor do
requerente.

A sentença declaratória da falência desafia recurso de agravo de instrumento, enquanto a sentença


denegatória da falência desafia recurso de apelação:

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido
cabe apelação.

Basta pensar que, declarando a falência o processo terá continuidade com a fase de falimentar, ou seja, trata-
se de decisão interlocutória, portanto, recorrível por agravo de instrumento. Já a denegatória de falência põe
fim ao processo, portanto é decisão terminativa, recorrível por apelação.

Declaratória Agravo de
de falência Instrumento
Sentença
Denegatória
Apelação
de falência

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Efeitos da sentença declaratória de falência em relação ao falido:

1. Inabilitação para a atividade empresarial – se inicia com a sentença declaratória e termina com a sentença de
extinção das obrigações do falido.

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência
e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à
respectiva anotação em seu registro.

#IMPORTANTE! O empresário individual que vai à falência ou o sócio de responsabilidade ilimitada de uma
sociedade que tem sua falência decretada, por exemplo, ficam impedidos de exercer qualquer atividade
empresarial até que suas obrigações sejam consideradas extintas por sentença transitada em julgado. No caso
da sociedade empresária, a inabilitação é automática, iniciando-se com a decretação da falência e terminando
com a sentença de encerramento do processo falimentar (art. 156 da LRE). No entanto, deve-se ressalvar a
hipótese de o falido ser condenado por crime falimentar, caso em que referida condenação também lhe impõe
a pena acessória de inabilitação empresarial, e nesse caso essa inabilitação só cessará cinco anos após a extinção
da punibilidade, nos termos do art. 181 da LRE.

2. Perda da disponibilidade dos bens (art. 103, LRE)

3. Dissolução da sociedade empresária (art. 1044, CC)

4. Falência dos sócios ilimitadamente responsáveis pelas obrigações da sociedade (art. 81)

Sociedade limitada: a sentença declaratória só atinge a sociedade, pois os sócios não respondem com seu
patrimônio pessoal. A falência é da pessoa jurídica e não do sócio, de modo que ele pode ser sócio de outra
empresa. Só há impedimento de ser administrador novamente, se ele era e houve a falência.
Sociedade ilimitada: o sócio responderá com seu patrimônio pessoal por dívidas da sociedade. Os bens dos
sócios também serão arrecadados no processo falimentar.

#IMPORTANTE: Previsão expressa da possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica: A Lei nº


14.112/2020 inseriu o art. 82-A prevendo expressamente que é possível a desconsideração da personalidade
jurídica no processo de falência.

Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos sócios de
responsabilidade limitada, aos controladores e aos administradores da sociedade falida, admitida, contudo, a
desconsideração da personalidade jurídica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, para fins de responsabilização
de terceiros, grupo, sócio ou administrador por obrigação desta, somente pode ser decretada pelo juízo
falimentar com a observância do art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) e dos arts. 133,
134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), não aplicada a
suspensão de que trata o § 3º do art. 134 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

Efeitos da sentença declaratória de falência em relação aos credores:

1. Constituição da massa falida: A massa falida é a reunião de bens e credores do falido. Só há massa falida após
a decretação da falência. A reunião dos credores forma a denominada massa falida subjetiva (corpus
creditorum).

2. Vencimento antecipado de toda dívida do falido: Para que todos os credores possam participar do
procedimento, fazendo as suas respectivas habilitações de crédito, a lei determina o vencimento antecipado das
dívidas do falido:

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Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos
em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta
Lei.

Efeitos da sentença declaratória de falência em relação às obrigações do falido:

Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer os seus direitos sobre
os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta Lei prescrever.
Art. 116. A decretação da falência suspende:
I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser entregues ao
administrador judicial;
II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios
da sociedade falida.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador
judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à
manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei
ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados.
Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas
por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.

REALIZAÇÃO DO ATIVO:

Depois que os bens da massa falida forem arrecadados, ou seja, listados e organizados formalmente, eles serão
vendidos a fim de arrecadar dinheiro para pagar os credores. Essa venda dos bens da massa falida é chamada
pela lei de “realização do ativo” e está disciplinada nos arts. 139 a 148 da Lei.

QUAIS AS MODALIDADES DE ALIENAÇÃO DE BENS


Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020
a) leilão eletrônico;
a) leilão; b) processo competitivo organizado promovido por
b) pregão; e agente especializado;
c) proposta fechada. c) qualquer outra modalidade, desde que aprovada
nos termos desta Lei.

Possibilidade de os bens serem considerados sem valor de mercado e serem destinados à doação:

Art. 144-A. Frustrada a tentativa de venda dos bens da massa falida e não havendo proposta concreta dos
credores para assumi-los, os bens poderão ser considerados sem valor de mercado e destinados à
doação. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. Se não houver interessados na doação referida no caput deste artigo, os bens serão devolvidos
ao falido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)

Possibilidade de adjudicação dos bens pelos credores:

LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 11.101/2005)


Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020

58
Art. 145. O juiz homologará qualquer outra Art. 145. Por deliberação tomada nos termos do art. 42
modalidade de realização do ativo, desde que desta Lei, os credores poderão adjudicar os bens
aprovada pela assembleia-geral de credores, alienados na falência ou adquiri-los por meio de
inclusive com a constituição de sociedade de constituição de sociedade, de fundo ou de outro
credores ou dos empregados do próprio devedor, veículo de investimento, com a participação, se
com a participação, se necessária, dos atuais sócios necessária, dos atuais sócios do devedor ou de
ou de terceiros. terceiros, ou mediante conversão de dívida em capital.
§ 1º Aplica-se irrestritamente o disposto no art. 141
§ 1º Aplica-se à sociedade mencionada neste artigo o desta Lei à transferência dos bens à sociedade, ao
disposto no art. 141 desta Lei. fundo ou ao veículo de investimento mencionados no
caput deste artigo.
§ 2º No caso de constituição de sociedade formada
por empregados do próprio devedor, estes poderão
§ 2º (Revogado).
utilizar créditos derivados da legislação do trabalho
para a aquisição ou arrendamento da empresa.
§ 3º Não sendo aprovada pela assembleia-geral a
proposta alternativa para a realização do ativo,
caberá ao juiz decidir a forma que será adotada, § 3º (Revogado).
levando em conta a manifestação do administrador
judicial e do Comitê.
§ 4º Será considerada não escrita qualquer restrição
convencional à venda ou à circulação das participações
Não havia § 4º do art. 145.
na sociedade, no fundo de investimento ou no veículo
de investimento a que se refere o caput deste artigo.

#ATENÇÃO: Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público e as Fazendas Públicas serão intimados
por meio eletrônico, nos termos da legislação vigente e respeitadas as respectivas prerrogativas funcionais, sob
pena de nulidade (Art. 142, §7º).

ORDEM E CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS:

Os credores do falido não são tratados igualmente. A natureza do crédito importa para a definição de uma
ordem de pagamento, que deve ser rigorosamente observada na liquidação. Na dita ordem de pagamento,
encontram-se não apenas os credores do falido, como também os créditos extraconcursais.
Classificam-se, portanto, os créditos, segundo a ordem de pagamento na falência, nas seguintes categorias:

a) os créditos extraconcursais.

LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL (LEI 11.101/2005)


Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados
no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e I - (revogado);
seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do
trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho
relativos a serviços prestados após a decretação da
falência;
Não havia inciso I-A do art. 84. I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta
Lei;
59
Não havia inciso I-B do art. 84. I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em
recuperação judicial pelo financiador, em
conformidade com o disposto na Seção IV-A do
Capítulo III desta Lei;

Não havia inciso I-C do art. 84. I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição,
conforme previsto no art. 86 desta Lei;
Não havia inciso I-D do art. 84. I-D - às remunerações devidas ao administrador
judicial e aos seus auxiliares, aos reembolsos devidos
a membros do Comitê de Credores, e aos créditos
derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de
acidentes de trabalho relativos a serviços prestados
após a decretação da falência;
Não havia inciso I-E do art. 84. I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos
praticados durante a recuperação judicial, nos termos
do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos
praticados durante a recuperação judicial, nos após a decretação da falência, respeitada a ordem
termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da estabelecida no art. 83 desta Lei.
falência, e tributos relativos a fatos geradores
ocorridos após a decretação da falência, respeitada
a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
Não havia § 1º do art. 84. § 1º As despesas referidas no inciso I-A do caput deste
artigo serão pagas pelo administrador judicial com os
recursos disponíveis em caixa.
Não havia § 2º do art. 84. § 2º O disposto neste artigo não afasta a hipótese
prevista no art. 122 desta Lei.

b) os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por
credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho (art. 83, I);

c) os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do bem gravado (art. 83, II);

d) os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos


extraconcursais e as multas tributárias (art. 83, III);

#ATENÇÃO: Antes da Lei n° 14.112/2020, após os créditos tributários, viriam os créditos com privilégio especial
e privilégio geral. Essas categorias foram EXTINTAS! Esses créditos passam a integrar a classe dos créditos
quirografários.

e) créditos quirografários (art. 83, VI);

f) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, incluídas as
multas tributárias (art. 83, VII); e

g) créditos subordinados (art. 83, VIII).

Antes da Lei 14.112/2020 Depois da Lei 14.112/2020


Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

60
(...)
III – créditos tributários, independentemente da sua III - os créditos tributários, independentemente da sua
natureza e tempo de constituição, excetuadas as natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos
multas tributárias; extraconcursais e as multas tributárias;

IV – créditos com privilégio especial, a saber: IV - (revogado);


a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de a) (revogada);
janeiro de 2002; b) (revogada);
b) os assim definidos em outras leis civis e c) (revogada);
comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; d) (revogada);
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de
retenção sobre a coisa dada em garantia;
d) aqueles em favor dos microempreendedores
individuais e das microempresas e empresas de
pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº
123, de 14 de dezembro de 2006 (Incluído pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
V – créditos com privilégio geral, a saber: V - (revogado);
a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de a) (revogada);
janeiro de 2002; b) (revogada);
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta c) (revogada);
Lei;
c) os assim definidos em outras leis civis e
comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;
VIII – créditos subordinados, a saber: VIII - os créditos subordinados, a saber:
a) os assim previstos em lei ou em contrato; a) os previstos em lei ou em contrato; e
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem b) os créditos dos sócios e dos administradores sem
vínculo empregatício. vínculo empregatício cuja contratação não tenha
observado as condições estritamente comutativas e as
práticas de mercado; e
Não havia inciso IX do art. 83. IX - os juros vencidos após a decretação da falência,
conforme previsto no art. 124 desta Lei.
§ 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros § 4º (Revogado).
serão considerados quirografários.
Não havia § 5º do art. 83. § 5º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos
cedidos a qualquer título manterão sua natureza e
classificação.
Não havia § 6º do art. 83. § 6º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos que
disponham de privilégio especial ou geral em outras
normas integrarão a classe dos créditos quirografários.

DIREITO PENAL5

CONCEITO DE DIREITO PENAL

CONCEITO DE DIREITO PENAL

5
Por Carolina Byrro.

61
ASPECTO Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos
FORMAL/ESTÁTICO como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas.
O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou
ASPECTO
danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria
MATERIAL
conservação e progresso da sociedade.
O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a
necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.
Aprofundando o enfoque sociológico
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer
diretrizes.
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções
(civis ou penais).
ASPECTO
#ATENÇÃO: Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o
SOCIOLÓGICO/
Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do
DINÂMICO
controle social.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal.
#IMPORTANTE: O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de
consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL).
- O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando
os outros ramos do direito falham.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL

PRINCÍPIO DA O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes,
EXCLUSIVA indispensáveis ao convívio da sociedade. Decorrência do princípio da ofensividade.
PROTEÇÃO DOS
BENS JURÍDICOS
O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que
sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico tutelado (caráter fragmentário).
a) Princípio da fragmentariedade (ou caráter fragmentário do Direito Penal):
estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que
atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser
humano e da sociedade. Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a
última etapa de proteção do bem jurídico.
Deve ser utilizado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais
somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção
PRINCÍPIO DA
de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa.
INTERVENÇÃO
#O que é FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS?
MÍNIMA
Situações em que um comportamento inicialmente típico deixa de interessar ao
Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito.
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico da
fragmentariedade.
b) Princípio da subsidiariedade: a atuação do Direito Penal é cabível unicamente
quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social
tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Assim, o Direito
Penal funciona como um executor de reserva (ultima ratio), entrando em cena
somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos
invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem
jurídico tutelado.

62
Projeta-se no plano concreto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente
se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido empregados, sem
sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação, portanto, com a tarefa de
aplicação da lei penal.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO

Art. 5º, II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;”
Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;”
Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
PRINCÍPIO DA a) não há crime ou pena sem lei (MP não pode criar crime, nem cominar pena)
LEGALIDADE b) não há crime ou pena sem lei anterior (princípio da anterioridade)
c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador)
d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar
tipo incriminador - analogia in malam partem).
e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da
determinação; Proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados)
f) não há crime ou pena sem lei necessária (desdobramento lógico do princípio da
intervenção mínima)
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos.
ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo
baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
PRINCÍPIO DA
Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue Direito Penal do Fato.
EXTERIORIZAÇÃO OU
Resquícios de direito penal do autor no direito brasileiro: Até 2009, mendicância
MATERIALIZAÇÃO
era crime. Vadiagem é contravenção penal.
DO FATO
ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao
direito penal do fato: fixação da pena, regime de cumprimento da pena e espécies
de sanção.
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, relevante e
de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal.
-CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio.
Princípio da
-CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante;
OFENSIVIDADE/
porte de arma.
LESIVIDADE
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando
pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado dispensando
vítima determinada.

PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE

Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal


coletiva.
PRINCÍPIO DA DESDOBRAMENTOS:
RESPONSABILIDADE a) Obrigatoriedade da individualização da acusação (é proibida a denúncia
PESSOAL genérica, vaga ou evasiva). O Promotor de Justiça deve individualizar os
comportamentos. OBS: Nos crimes societários, os Tribunais Superiores
flexibilizam essa obrigatoriedade.

63
b) Obrigatoriedade da individualização da pena (é mandamento constitucional,
evitando responsabilidade coletiva).
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua
responsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa).
Está proibida a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo ou culpa.
Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA
(autorizadas por lei):
PRINCÍPIO DA
1- Embriaguez voluntária
RESPONSABILIDADE
Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita
SUBJETIVA:
da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente.
2- Rixa Qualificada
Crítica: só responde pelo resultado agravador quem atuou frente a ele com dolo
ou culpa, evitando-se responsabilidade penal objetiva.
3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais
Postulado limitador do direito de punir.
PRINCÍPIO DA Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente
CULPABILIDADE capaz, com potencial consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o
caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível conduta diversa.
PRINCÍPIO DA A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma
ISONOMIA igual o que é igual, e desigualmente o que é desigual.
Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada
de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for
PRINCÍPIO DA
legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito,
PRESUNÇÃO DE
em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:”
INOCÊNCIA
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;”

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (DA BAGATELA OU INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA)

Este princípio preconiza a análise da ocorrência de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo
penal. Expoente: Claus Roxin, em 1964.

Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da tipicidade material. É um requisito negativo da tipicidade
(STF, HC 137217). É um juízo negativo da tipicidade conglobante, pois ultrapassa o juízo subsuntivo formal e
adentra na seara da análise do desvalor da conduta e do resultado em sentido amplo (STJ, RHC 59568).

#SELIGA: É instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.

REQUISITOS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


OBJETIVOS SUBJETIVOS
STF: MARI STJ: E3C
Mínima ofensividade da conduta Extensão do dano
Ausência de periculosidade social da ação Circunstâncias e resultado do crime
Reduzido grau de reprovabilidade do Condições pessoais da vítima;
comportamento Condições pessoais do agente
Inexpressividade da lesão jurídica
EXEMPLOS:
Extensão do dano: bem de pequeno valor, mas de grande valor sentimental.
Circunstâncias e resultado do crime: número de pessoas atingidas.
Condições pessoais da vítima: situação financeira por exemplo
Condições pessoais do agente: furto praticado por policial militar. O desvalor da ação é maior do que de um
cidadão comum

64
DISTINÇÃO
BAGATELA PRÓPRIA BAGATELA IMPRÓPRIA
Ocorre a bagatela própria quando uma conduta é Ocorre nas situações em que uma conduta ofende
formalmente criminosa (subsuma-se ao tipo penal), significativamente o bem jurídico protegido pela
mas não atingiu expressivamente o bem jurídico norma, mas, a pena se torna desnecessária.
tutelado pela norma. Essa lesão insignificativa desde o Ex. perdão judicial.
início já afasta o crime, porque a conduta é atípica Atenção: jurisprudência não aplica a bagatela
materialmente. imprópria para os delitos de Maria da Penha.
Dessa forma, sem um dos elementos do fato típico não
há crime.

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

Súmula 599 do STJ: dispõe que “o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração
pública”

Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO A multirreincidência específica somada ao fato de o acusado estar em


prisão domiciliar durante as reiterações criminosas são circunstâncias que inviabilizam a aplicação do princípio
da insignificância. REsp 1.957.218-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região),
Sexta Turma, por maioria, julgado em 23/08/2022. (Info 746)

Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante, ainda que presentes
antecedentes penais do agente, se não denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade,
a cometer crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. (Info 744 - STJ)

É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo que
a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja reincidente.
Vale ressaltar que os produtos haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e que logo após o agente
foi preso, ainda na porta do estabelecimento.
Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de
pinga marca 51, tudo avaliado em R$ 29,15.
STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da
atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade
do fato imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância.
STJ. 5ª Turma. HC 553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos
elementos do caso concreto.
No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal
ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem
furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas
utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no
princípio da proporcionalidade

65
STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).

A jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da inaplicabilidade do princípio da insignificância na hipótese de


crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado médico falso; introdução de moedas falsas), em função
do bem jurídico tutelado pela norma, que, no caso, a fé pública representa caráter supraindividual. STF. 2ª
Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/03/2014 STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel. Min
Roberto Barroso, decisão monocrática em 18/06/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/02/2022 STJ. 5ª Turma. AgRg-RHC 155.201, Rel. Min. Jesuíno Rissato,
julgado em 12/12/2021.

Excepcionalmente, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (uso de atestado falso)
em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade
da lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da conduta e afastar a incidência do direito
penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel.
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 16/11/2021.

#ATENÇÃO: O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de munição,
desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela. STJ. 5ª Turma.
AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019.

A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de
droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma.
HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021.

OBS.: STF: Há um precedente da 1ª Turma, aplicando o princípio.

PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO VS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

VELOCIDADES DO DIREITO PENAL


O direito penal da prisão. Engloba a minoria dos crimes (mais graves), que inevitavelmente
levam à prisão. Tal velocidade constitui um direito penal lento e extremamente garantista.
1ª (primeira)
Isso porque o bem jurídico em disputa (liberdade) é muito valioso, o que necessita de um
velocidade
processo lento, com muitas fases de defesa e recursos, prazos dilatados. O melhor
exemplo é o procedimento do júri.
É formada pelo direito penal sem prisão. Assim, mesmo que seja condenado, o sujeito não
será preso. Engloba os crimes mais leves. Por não envolver a perda da liberdade, permite
2ª (segunda) um processo mais rápido, com o suprimento de algumas fases processuais e até mesmo
velocidade flexibilizar direitos e garantias fundamentais. Um exemplo é a Lei 9099/95, ao tratar dos
Juizados Especiais Criminais, que traz o instituto da transação penal e as penas restritivas
de direitos.
É uma fusão das velocidades supracitadas. Segundo parte considerável da doutrina, a 3ª
(terceira) velocidade teria sido também desenvolvida por Silva Sánchez. Outros entendem
que ela somente teria sido exposta com minúcias por Günther Jakobs, professor
3ª (terceira) catedrático de Direito Penal e Filosofia do Direito na Universidade de Bonn, Alemanha, o
velocidade qual traçou lineamentos de uma teoria denominada de Direito Penal do inimigo.
O direito penal do inimigo seria então a 3ª velocidade do direito penal por ser um direito
penal com pena de prisão e extremamente célere. Trata-se de uma mistura das duas
velocidades acima mencionadas. Essa tendência pode ser vista em algumas “recentes” leis
66
brasileiras, como a Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072, de 1990), que, por exemplo,
aumentou consideravelmente a pena de vários delitos, estabeleceu o cumprimento da
pena em regime integralmente fechado e suprimiu, ou tentou suprimir, algumas
prerrogativas processuais (exemplo: a liberdade provisória), e a Lei do Crime Organizado
(Lei n. 9.034, de 1995), entre outras.
A 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal estaria ligada ao Direito Internacional.
Para aqueles que uma vez ostentaram a posição de Chefes de Estado, e, como tais,
violaram gravemente tratados internacionais de tutela de direitos humanos, serão
4ª (quarta) aplicadas as normais internacionais. O TPI (Tribunal Penal Internacional) será
velocidade especialmente aplicado a esses réus. Nessa velocidade, há uma nítida diminuição das
garantias individuais penais e processuais penais desses réus, defendida inclusive pelas
ONGs. Podem ser citados como exemplos (Sadam Russem, Muammar Kadafi, Adolf Hitler,
dentre outros).

CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS #APOSTACICLOS6

CRITÉRIO CLASSIFICAÇÕES
I) COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa, sem nenhuma circunstância
específica. Ex: Homicídio.
II) PRÓPRIO: exige uma condição especial para que a pessoa possa ser o sujeito ativo,
a exemplo dos crimes funcionais, que somente podem ser cometidos por funcionário
público.
#DEOLHONAJURIS: O diretor de organização social pode ser considerado funcionário
público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as
organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder Público devem ser
consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do CP. STF. 1ª
QUANTO AO
Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
SUJEITO ATIVO
III) DE MÃO PRÓPRIA: Exige que o agente atue pessoalmente na realização do tipo. Ex:
crime de falso testemunho
#DEOLHONAJURIS O STF entende que esse crime admite participação, no caso
concreto, do advogado (HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF
também admite coautoria RHC 81327 / SP).
OBS: Crime multitudinário é aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não diz
o que se entende por “multidão”, razão pela qual sua configuração deve ser
examinada no caso concreto. Exemplo: agressões praticadas em um estádio por
torcedores de um time de futebol.
I) INSTANTÂNEO: o crime se consuma em momento determinado, não
necessariamente no mesmo momento de realização da conduta.
II) PERMANENTE: o momento consumativo se prolonga no tempo, de acordo com a
vontade do agente para que assim seja. Destaque-se que enquanto durar a
permanência poderá ser realizado o flagrante.
QUANTO AO III) INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES: o delito é instantâneo, consumindo-se
MOMENTO DA em momento determinado, porém os efeitos do crime após a consumação é que são
CONSUMAÇÃO visíveis. Ex: Crime de bigamia, que se concretiza no ato do segundo casamento,
permanecendo seus efeitos.
#DEOLHONAJURIS De acordo com o entendimento do STF, o terceiro que perpetra a
fraude pratica crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma na ocasião
do pagamento da primeira prestação do benefício indevido. Por outro lado, o agente
beneficiário da fraude prática crime de natureza permanente, cuja execução se

6
Normalmente, o conhecimento dessas classificações é cobrado de forma incidental em algum caso concreto, para que
se verifique, por exemplo, se de fato ocorreu o crime ou não.

67
prolonga no tempo, renovando-se a cada parcela recebida. Nesse caso, a consumação
ocorre apenas quando cessa o recebimento indevido das prestações (HC 104880).
I) Crime de dano: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao bem
jurídico.
II) Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano.
III) Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado.
IV) Crime de perigo abstrato: delito cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não
precisa ser provado. Há doutrinadores que pregam a inconstitucionalidade desses
crimes, pois violariam o princípio da ofensividade. Ex: Crime do art. 310, CP:
#DEOLHONASÚMULA Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar
ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que
se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução
do veículo.
V) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, como no abandono de incapaz (CP,
art. 133);
VI) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
VII) Crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da conduta
se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
QUANTO Á
ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de tipos penais
RELAÇÃO DA
preventivos. #FOCANATABELA #DIRETODAFUC
CONSUMAÇÃO
CRIMES DE DANO CRIMES DE PERIGO CRIMES DE PERIGO
COM O DANO
CONCRETO ABSTRATO
- Homicídio culposo no - Trafegar em velocidade - Embriaguez no volante
trânsito (art. 302) e incompatível com a (306)
- Lesão corporal culposa segurança nas - Permitir ou entregar a
no trânsito (art. 303) proximidades de direção de veículo
determinados lugares automotor a pessoa não
(art. 311) habilitada (310)
- RACHA (art. 308)
- DIRIGIR SEM PERMISSÃO
(art. 309)
QUANTOS AO N° I) Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato. Não
DE ATOS admite tentativa nem fracionamento.
NECESSÁRIOS À II) Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos.
CONSUMAÇÃO Admite tentativa e fracionamento.
QUANTO A I) Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios ou não transeunte.
EXISTÊNCIA DE II) Delito de fato transeunte: é aquele que não deixa vestígios.
VESTÍGIOS
I) Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, dois ou mais tipos penais em
uma única descrição legal (SENTIDO ESTRITO) ou que abrange um tipo simples
acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO).
II) Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta
penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou ameaça
(conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica).
DIFERENCIAÇÃO DE
III) Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de duas ou mais
CRIMES
figuras típicas. Ex: Latrocínio (roubo + morte).
COMPLEXOS
O que se entende por crime ultracomplexo? Segundo Rogério Sanches, ocorre o crime
ultra complexo "quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo como
qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo (crime complexo)
praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na hipótese, uma unidade jurídica
ultra complexa formada pela reunião do crime de roubo (nascido da fusão do
constrangimento ilegal + furto) e do crime de porte ilegal de arma de fogo. Em outras
68
palavras, percebemos um crime complexo (roubo) acrescido de outro (porte ilegal de
arma de fogo), que serve como causa de aumento de pena do crime patrimonial".
(CUNHA Rogério Sanches, Manual de Direito Penal: Parte Geral, 4. Ed. Salvador:
juspodivm, 2016, pág. 167). Nesse caso, sendo todos os crimes praticados no mesmo
contexto fático, o autor deverá responder apenas pelo roubo majorado pelo emprego
de arma de fogo (em razão da aplicação do princípio da consunção), que, como vimos,
pode ser chamado de crime ultra complexo.
I) Crimes à distância: também conhecidos como “crimes de espaço máximo”, são
aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos (lembrar que o Código
Penal acolheu a teoria mista ou da ubiquidade quanto ao lugar do crime).
II) Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem em
comarcas diversas, sediadas no mesmo país. No tocante às regras de competência, o
QUANTO AO
art. 70 do Código de Processo Penal dispõe que, nesse caso, será competente para o
ESPAÇO
processo e julgamento do crime o juízo do local em que se operou a consumação. Há,
TERRITORIAL
contudo, exceções (ex: júri, juizado especial criminal – momento da ação/omissão).
III) Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em
um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele
vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com
ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
I) Crimes de mínimo potencial ofensivo: são os que não comportam a pena privativa
de liberdade. No Brasil, enquadra-se nesse grupo a posse de droga para consumo
pessoal, tipificada no art. 28 da Lei 11.343/2006, ao qual são cominadas as penas de
advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida
educativa de comparecimento à programa ou curso educativo.
II) Crimes de menor potencial ofensivo: são aqueles cuja pena privativa de liberdade
em abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa. São assim
definidos pelo art. 61 da Lei 9.099/1995, e ingressam na competência do Juizado
Especial Criminal. O art. 98, I, da Constituição Federal faz menção às “infrações penais
de menor potencial ofensivo”, expressão que também abrange todas as
contravenções penais.
QUANTO AO
III) Crimes de médio potencial ofensivo: são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa
POTENCIAL
um ano, independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada.
OFENSIVO
Tais delitos admitem a suspensão condicional do processo, na forma delineada pelo
art. 89 da Lei 9.099/1995.
IV) Crimes de elevado potencial ofensivo: possuem pena mínima superior a um ano,
e, consequentemente, pena máxima acima de dois anos. Tais delitos não se
compatibilizam com quaisquer dos benefícios elencados pela Lei 9.099/1995.
V) Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela
Constituição Federal. São os hediondos e equiparados – tráfico de drogas, tortura e o
terrorismo (CF, art. 5.º, XLIII), bem como os delitos cujas penas não se submetem à
prescrição, quais sejam, racismo (CF, art. 5.º, XLII) e ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art. 5.º, XLIV).
I) Crimes de rua ou crimes de colarinho azul: praticados pelas pessoas de classes
sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis, andarilhos e
mendigos. Esses delitos são cometidos aos olhos da sociedade, em locais
supervisionados pelo Estado (praças, parques, favelas etc.), e por essa razão são
frequentemente objeto das instâncias de proteção (Polícia, Ministério Público e Poder
QUANTO A CLASSE
Judiciário). Quando ficam alheios ao conhecimento do Poder Público, integram as
SOCIAL DO AGENTE
cifras negras do Direito Penal.
II) Crimes do colarinho branco (white collar crimes): são cometidos por aqueles que
gozam e abusam da elevada condição econômica e do poder daí decorrente, como é o
caso dos delitos contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986), de lavagem de
capitais (Lei 9.613/1998) e contra a ordem econômica (Lei 8.176/1991), entre tantos
69
outros. Nesses crimes socioeconômicos, surgem as “cifras douradas do Direito Penal”,
indicativas da diferença apresentada entre a criminalidade real e a criminalidade
conhecida enfrentada pelo Estado. Raramente existem registros envolvendo delitos
dessa natureza, inviabilizando a persecução penal e acarretando a impunidade das
pessoas privilegiadas no âmbito econômico.
Crime habitual: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo
agente. Tipo penal criado para punir um estilo de vida. Ex: curandeirismo, casa de
prostituição. Considerações: I) Não suporta tentativa; II) Cabe flagrante;
CRIME HABITUAL
Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém a
prática de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou fraudulenta
(Lei 7.492).
De tendência interna transcendente/intensificada: requerem um agir com ânimo,
finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior
atividade, distintos da realização do tipo penal. Possui as seguintes espécies:
I) De resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de
delito formal) depende, para sua configuração, de comportamento advindo de
CRIMES DE
terceiros estranhos à execução do crime. Ex: art. 159, CP - extorsão mediante
INTENÇÃO
sequestro - a obtenção da vantagem (o resgate) depende dos familiares da vítima.
II) Atrofiado ou Mutilado de dois atos: o resultado naturalístico (também dispensável)
depende de um novo comportamento do agente. Ex: art. 291 - na modalidade adquirir
petrecho - precisa-se de outro ato para a falsificação da moeda com prejuízo a alguém
(resultado naturalístico).
São aqueles em que a “tendência afetiva” do autor delimita a ação típica. Assim, a
tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. Ex:
toque do ginecologista na realização de uma consulta, que pode configurar mero agir
profissional ou algum crime de natureza sexual, a depender da tendência (libidinosa
ou não) do agente. No mesmo sentido é o crime de injúria, pois vai depender da real
intenção do agente de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar. Aqui, a
CRIMES DE tendência do agente não transcende a conduta típica, como nos delitos de intenção.
TENDÊNCIA Este último possui como elementares intenções especiais (finalidade transcendente)
expressas no próprio tipo. Ex.: no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159), o
tipo objetivo consiste em "sequestrar alguém". Por sua vez, o tipo subjetivo possui o
dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo, que é sequestrar alguém) e o
elemento subjetivo especial (com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate). Essa intenção especial transcende (vai
além) do tipo objetivo (sequestrar alguém).
I) Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave e
para tanto, por meio de atos sucessivos, práticas gradativas e crescentes violações o
bem jurídico. Há uma só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar o
crime “maior”. DIFERE DE PROGRESSÃO CRIMINOSA, na qual o agente deseja
inicialmente produzir um resultado menos grave, porém, após atingi-lo, decide
prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado mais grave. Haverá mais
de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a prática do crime
OUTRAS “menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de maior
CLASSIFICAÇÕES gravidade.
II) Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias
modalidades de condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal. Pode
ser alternativo (prática de mais de uma conduta constitui crime único) ou cumulativo
(prática de mais de uma conduta constitui mais de um crime). Ex: art. 22, parágrafo
único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – proteção de bens jurídicos diversos.
III) Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas
destituída de personalidade jurídica.

70
IV) Crime gratuito é o praticado sem motivo conhecido, porque todo crime tem uma
motivação. Não se confunde com o motivo fútil, definido como aquele de menor
importância, desproporcional ao resultado provocado pelo crime.
Com efeito, a ausência de motivo conhecido não deve ser equiparada ao motivo fútil.
Destarte, o desconhecimento acerca do móvel do agente não deve ser colocado no
mesmo nível do motivo de somenos importância. Há, todavia, adeptos de posição
contrária, os quais alegam que, se um motivo ínfimo justifica a elevação da pena, com
maior razão deve ser punida mais gravemente a infração penal imotivada.
V) Crime de ímpeto: cometido sem premeditação, como decorrência de reação
emocional repentina, tal como no homicídio privilegiado, cometido pelo agente sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (CP, art.
121, § 1.º). Esses crimes são, normalmente, passionais (movidos pela paixão).
VI) Crime exaurido: aquele em que o agente, depois de já alcançada a consumação,
insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em
desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. Em outras palavras, é o crime
que, depois de consumado, alcança suas consequências finais, as quais podem
configurar um indiferente penal, como no falso testemunho (CP, art. 342), que se torna
exaurido com o encerramento do julgamento relativo a este crime, ou então condição
de maior punibilidade, como ocorre na resistência (CP, art. 329), em que a não
execução do ato dá ensejo à forma qualificada do crime.
VII) Crime de circulação é o praticado com o emprego de veículo automotor, a título
de dolo ou de culpa, com a incidência do Código Penal ou do Código de Trânsito
Brasileiro (Lei 9.503/1997).
VIII) Crime atentado é aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime consumado
e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa. É o caso do
crime de evasão mediante violência contra a pessoa (CP, art. 352: “Evadir-se ou tentar
evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando
de violência contra a pessoa”).
IX) Crime de opinião ou de palavra: é o cometido pelo excesso abusivo na
manifestação do pensamento, seja pela forma escrita, seja pela forma verbal, tal como
ocorre no desacato (CP, art. 331).
#DEOLHONAJURIS: O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e
com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito
à liberdade de expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação,
desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os
excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
13/3/2018 (Info 894). #IMPORTANTE
x) Crime inominado: delineado pelo uruguaio Salvagno Campos, é o que ofende regra
ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido em lei como
infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o princípio da reserva legal veda a
analogia in malam partem em âmbito criminal.
XI) Crime profissional: é o crime habitual, quando cometido com finalidade lucrativa.
Exemplo: rufianismo (CP, art. 230).
XII) Quase-crime: é o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (CP, art. 17) e à
participação impunível (CP, art. 31). Na verdade, inexiste crime.
XIII) Crime subsidiário: é o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais
grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP,
art. 250). Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de
reserva”.
XIV) Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto é aquele em que o agente
acredita realmente ter praticado um crime, quando na verdade cometeu um
indiferente penal. Exemplo: “A” vende um pó branco, acreditando tratar-se de
cocaína. Na verdade, era talco. Trata-se de um “não crime”, que se divide em três
71
espécies: a) crime putativo por erro de tipo; b) crime putativo por erro de proibição,
também conhecido como “delito de alucinação”; e c) crime putativo.
XV) Crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime
autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e dos
petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291).
XVI) Crimes de plástico: são aquelas situações típicas das sociedades modernas, em
que o direito penal aparece como (falsa) solução para todos os males, contribuindo
fundamentalmente para a proliferação e ampliação do “cardápio” de tipos penais, com
nenhuma ou pouca efetividade. Em situações determinadas, sobretudo quando há
uma movimentação e pressão popular ou midiática, o Estado traz novas (?) soluções e
alterações legislativas, seja para recrudescer o tratamento a alguns delitos, seja para
criar efetivamente crimes no ordenamento jurídicos. Ex: Lei Carolina Dieckman (Lei
12.737/12).

TEORIAS DA CONDUTA

Idealizada por Von Liszt, Beling, Radbruch. Início do século XIX.


TEORIA CAUSALISTA
Marcadas pelos ideais positivistas. Segue o método empregado pelas ciências
(CAUSAL-NATURALISTA
naturais
/CLÁSSICA
Crime: (Teoria tripartite) - Fato típico (conduta), Ilicitude e Culpabilidade.
NATURALÍSTICA/
Conduta: movimento corporal voluntário que produz uma modificação no
MECANICISTA)
mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Experimentação
Idealizada por Edmund Mezger. Desenvolvida nas primeiras décadas do século
TEORIA NEOKANTISTA
XX.
(CAUSAL-VALORATIVA/
Tem base causalista. Fundamenta-se em uma visão neoclássica, marcada pela
NEOCLÁSSICA/
superação do positivismo, introduzindo a racionalização do método. Valoração
NORMATIVISTA)
Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado.
Criada por Hans Welzel. Meados do século XX (1930 – 1960).
Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado (não devem
integrar a culpabilidade).
Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim
(toda conduta é orientada por um querer).
TEORIA FINALISTA
OBS: Para Welzel, toda consciência é intencional.
(ÔNTICO-
OBS: Retira do dolo seu elemento normativo (consciência da ilicitude).
FENOMENOLÓGICA)
OBS: Culpabilidade formada apenas por elementos normativos (potencial
consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa, imputabilidade).
OBS: o Dolo normativo (consciência da ilicitude) passa a ser dolo natural ou
valorativamente neutro (dolo sem consciência da ilicitude). Dica: supera-se a
cegueira do causalismo com um finalismo vidente.
Desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck.
A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas
acrescentar-lhes uma nova dimensão, qual seja, a relevância social do
TEORIA SOCIAL DA comportamento.
AÇÃO Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim,
socialmente reprovável.
OBS: para esta teoria, o dolo e a culpa integram o fato típico (finalismo), mas
são novamente analisados no juízo da culpabilidade (causalismo).
Ganham força e espaço na década de 1970, discutidas com ênfase na Alemanha.
FUNCIONALISMO Busca adequar a dogmática penal aos fins do Direito Penal.
(TEORIAS Percebem que o Direito Penal tem necessariamente uma missão e que seus
FUNCIONALISTAS) institutos devem ser compreendidos de acordo com essa missão – (edificam o
Direito Penal a partir da função que lhe é conferida).

72
Conclusão: a conduta deve ser compreendida de acordo com a missão conferida
ao direito penal.
ROXIN (ESCOLA DE MUNIQUE) CRIME: fato típico (conduta), ilícito e
REPROVÁVEL (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade
FUNCIONALISMO de conduta diversa e necessidade da pena).
TELEOLÓGICO/ OBS: Roxin busca a reconstrução do Direito Penal com base em critérios político-
DUALISTA/MODERADO/ criminais.
DA POLÍTICA Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos. Proteger os valores
CRIMINAL/VALORATIVO essenciais à convivência social harmônica.
Conduta: Comportamento humano voluntário causador de relevante e
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
JAKOBS (ESCOLA DE BONN) CRIME: fato típico (conduta), ilícito e culpável
(imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta
diversa).
OBS: Para Jakobs, o Direito Penal deve visar primordialmente à reafirmação da
norma violada e ao fortalecimento das expectativas de seus destinatários.
FUNCIONALISMO Missão do Direito Penal: Assegurar a vigência do sistema. Está relativamente
SISTÊMICO/MONISTA/ vinculada à noção de sistemas sociais (Niklas Luhmann).
RADICAL Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado
violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.
OBS: Ação é produção de resultado evitável pelo indivíduo (teoria da
evitabilidade individual).
OBS: O agente é punido porque violou a norma e a pena visa reafirmar a norma
violada.

SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE

#DICA - B I P E: o agente deverá RESPONDER PELO RESULTADO MORTE, por se tratar de CAUSAS
SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES que se encontram na linha de desdobramento natural da
conduta do agente, razão pela qual o NEXO CAUSAL NÃO É QUEBRADO, não havendo por isso a aplicação do
art. 13, §1o, CP nos seguintes casos:

➢ BRONCOPNEUMONIA;
➢ INFECÇÃO HOSPITALAR;
➢ PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E;
➢ ERRO MÉDICO
Por sua vez, aplicar-se-á o art. 13, §1o CP (HAVERÁ O ROMPIMENTO DO NEXO CAUSAL e o agente responderá
pela TENTATIVA) se a questão trouxer como causa da morte da vítima:

• INCÊNDIO;
• DESABAMENTO do hospital; e
• ACIDENTE com a ambulância

RELEVÂNCIA PENAL DA OMISSÃO #APOSTACICLOS

No caso do art. 13, §2º, CP, em que temos a previsão dos crimes omissivos, o nexo causal presente não é o nexo
naturalístico, mas sim o nexo normativo (estabelecido pela lei). Assim, nos crimes omissivos, o nexo decorre da
lei que pune a inação (o agente será punido simplesmente por não ter atuado quando deveria).

No caso dos crimes omissivos impróprios estaremos diante de crimes comissivos por omissão. Mesmo assim, a
causalidade será normativa. Isso porque, apesar de haver nexo entre conduta e resultado, este nexo não é

73
naturalístico (pois a omissão não provocou o resultado). O agente não causa diretamente o resultado, mas
permite que ele ocorra quando deveria e poderia evitá-lo. A doutrina chama de NEXO DE EVITAÇÃO.

JDPP 29: A responsabilidade a título de omissão imprópria deve observar a assunção fática e real de
competências que fundamentam a posição de garantidor.

TEORIAS ACERCA DA PUNIÇÃO DA TENTATIVA

PUNIÇÃO DA TENTATIVA
Observa o aspecto objetivo do delito (sob a perspectiva dos atos praticados pelo
agente). A punição se fundamenta no perigo de dano acarretado ao bem jurídico,
verificado na realização de parte do processo executório.
Conclusão: por ser objetivamente incompleta, a tentativa merece pena reduzida.
TEORIA OBJETIVA/ A tentativa é chamada de tipo manco.
REALÍSTICA Quanto maior a proximidade da consumação menor será a diminuição, e vice-versa
(leva-se em conta o iter criminis percorrido pelo agente).
Adotado pelo CP.
Regra: Teoria objetiva (pune-se a tentativa com a pena da consumação reduzida de
1/3 a 2/3).
Observa o aspecto subjetivo do delito (sob a perspectiva do dolo).
Conclusão: sob a perspectiva subjetiva (dolo), a consumação e a tentativa são
TEORIA SUBJETIVA/
idênticas, logo, a tentativa deve ter a mesma pena da consumação, sem redução.
VOLUNTARÍSTICA/
Adotada como Exceção: Teoria subjetiva (pune-se a tentativa com a mesma pena
MONISTA
da consumação – sem redução). São os CRIMES DE ATENTADO ou
empreendimento.
INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA: (CCHUPAO): #DICA #APOSTACICLOS
Culposo (salvo culpa imprópria)
Contravenções penais (faticamente possível, mas não punível)
Habituais
Unissubsistentes
Preterdolosos
Atentado/Empreendimento
Omissivos PRÓPRIOS

CRIME DOLOSO

TEORIAS DO DOLO
Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
TEORIA DA
Dolo = previsão (consciência) + querer
VONTADE
OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo direto.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível
TEORIA DA e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta.
REPRESENTAÇÃO Dolo = previsão (consciência) + prosseguir com a conduta
ATENÇÃO: Esta teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível
e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o
evento.
TEORIA DO
Dolo = previsão (consciência) + prosseguir com a conduta assumindo o risco do
CONSENTIMENTO/
evento
ASSENTIMENTO
OBS: Esta teoria, diferente da anterior, não mais abrange no conceito de dolo a
culpa consciente.
OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo eventual.

74
Trabalha com dados estatísticos, ou seja, se de acordo com a conduta do agente,
TEORIA DA
estatisticamente, ele tiver grandes probabilidades de alcançar o resultado, estará
PROBABILIDADE
configurado o dolo. Não adotada pelo CP.

#SÓNATABELHINHA #APOSTACICLOS

Dolo direto: o agente dirige De 1º grau: dolo clássico, sem efeitos colaterais certos e necessários
sua vontade na produção de De 2º grau: o agente, para produzir um determinado resultado, tem que
um resultado determinado. produzir outros resultados como efeitos colaterais certos e necessários (ex:
A finalidade é certa, precisa. colocar uma bomba no avião)
Dolo Indireto: o resultado Dolo Alternativo: o agente dirige sua conduta no sentido de produzir um ou
que o agente deseja outro resultado, indistintamente (atira, desejando matar ou ferir)
produzir não é certo e Dolo eventual: o agente dirige sua conduta no sentido de produzir um
determinado. A finalidade resultado, não se importando, contudo, que aconteça um resultado mais
não é certa e precisa. gravoso.

ATOS INFRACIONAIS NA DOSIMETRIA DA PENA:

REGISTRO DE ATOS INFRACIONAIS PRETÉRITOS PODEM SER UTILIZADOS CONTRA O


INVESTIGADO/ACUSADO?
DOSIMETRIA: Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da
NÃO pena-base, tampouco podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para
a prática de crimes ou má conduta social. STJ. 5ª Turma. HC 499.987/SP, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 30/05/2019.
REINCIDÊNCIA: Atos infracionais pretéritos não se prestam a configurar reincidência. STJ. 6ª Turma. AgRg
NÃO no AREsp 1665758/RO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020
DECRETAR Anotações de atos infracionais podem ser utilizadas para amparar juízo concreto e
PRISÃO cautelar de risco de reiteração delitiva, de modo a justificar a necessidade e adequação
PREVENTIVA: SIM da prisão preventiva. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 09/06/2020.
NEGAR TRÁFICO O registro de atos infracionais pode justificar a negativa da causa especial de diminuição
PRIVILEGIADO: de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (tráfico privilegiado), por indicar
SIM a dedicação do réu à prática delituosa. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 573.149/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 02/06/2020.
NEGAR O Não se mostra possível reconhecer um reduzido grau de reprovabilidade na conduta de
PRINCÍPIO DA quem, de forma reiterada, comete habitualmente atos infracionais. STJ. 6ª Turma. AgRg
INSIGNIFICÂNCIA: no AREsp 1550027/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/05/2020
SIM

LIVRAMENTO CONDICIONAL

+1/3 Não reincidente em crime DOLOSO e bons antecedentes

+1/2 Reincidente em crime DOLOSO


LIVRAMENTO Crimes hediondos, tortura, tráfico (drogas e pessoas) e terrorismo.
+2/3
CONDICIONAL Arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas.
Reincidente específico em Crime hediondo tortura, tráfico (drogas e pessoas)
e terrorismo.
VEDADO
Reincidente específico no Arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas.
Crime hediondo ou equiparado com resultado morte.

CRIMES CONTRA AS PESSOAS – DESTAQUES GERAIS


75
RESUMO – HOMICÍDIO:

HOMICÍDIO Em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de grupo de
SIMPLES extermínio, ainda que por só um agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90).
O homicídio é privilegiado quando o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
a injusta provocação da vítima. Nesse caso, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço. As hipóteses legais do privilégio apresentam caráter subjetivo.
#NÃOESQUECER são de natureza objetiva, portanto admitem o homicídio privilegiado-
qualificado, as hipóteses do art. 121, §2º, III e IV, (referentes aos meios e modos de
HOMICÍDIO execução), com exceção da traição.
PRIVILEGIADO As demais qualificadoras, nos demais incisos, são de natureza subjetiva.
#MEMORIZAR as objetivas, por exclusão (já que são em menor quantidade).
#ATENÇÃO O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência de previsão legal.
Lembrem que o rol dos crimes hediondos é um rol taxativo.
#CONCURSO DE AGENTES: em caso de concurso de agentes as causas privilegiadas não se
comunicam, uma vez que são circunstâncias subjetivas do crime (e não elementares). Art.
30, CP.
✓ MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU OUTRO MOTIVO TORPE =
motivo vil, repugnante. Ex.: matar um parente para ficar com sua herança.
#ATENÇÃO #SAINDODOFORNO A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não é
aplicável aos mandantes do homicídio, porque o pagamento é, para eles, a conduta que
os integra no concurso de pessoas, mas não o motivo do crime. REsp 1.973.397-MG, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022. (Info 748
- STJ)
#DIVERGÊNCIA: É possível a aplicação da qualificadora descrita no inciso I do § 2º do
artigo 121 do Código Penal ao mandante do crime de homicídio (HC n. 447.390/SC,
relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 23/4/2019, DJe de 30/4/2019)
✓ MOTIVO FÚTIL = insignificante, desproporcional à natureza do crime praticado.
Obs.: a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil.
HOMICÍDIO ✓ MEIO INSIDIOSO: agente usa de fraude para cometer crime sem que a vítima perceba.
QUALIFICADO ✓ MEIO CRUEL: é aquele que proporciona à vítima um intenso (e desnecessário)
sofrimento físico ou mental quando a morte poderia ser ocasionada de forma menos
dolorosa.
✓ TORTURA: o agente usa da tortura como meio para conseguir a morte da vítima, ou seja,
trata-se de morte dolosa. Vai responder por crime de homicídio qualificado.
OBS: tortura com resultado morte (art. 1º, §3º, Lei nº 9.455/97): crime essencialmente
preterdoloso. O agente tem o dolo de torturar a vítima e, por excesso, finda por causar-
lhe a morte, culposamente.
✓ TRAIÇÃO: é o ataque desleal, repentino e inesperado.
✓ EMBOSCADA: pressupõe o ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa.
✓ DISSIMULAÇÃO: fingimento, disfarçando o agente a sua intenção criminosa.
✓ OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO:
trata-se de caso clássico de interpretação analógica.
✓ Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do Tribunal do
FEMINICÍDIO
Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei nº 8.072/90).
✓A Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal com escopo de criar uma nova qualificadora
ao crime de homicídio.
HOMICÍDIO
✓Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade ou agente
FUNCIONAL
descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência

76
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição.
#SELIGA houve também alteração na Lei nº 8.072/1990, tornando o homicídio funcional
espécie de crime hediondo.
✓ É possível a aplicação do perdão judicial nos casos de homicídio culposo. Trata-se de
causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP).
HOMICÍDIO #DEOLHONASÚMULA:
CULPOSO Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
✓ HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO: deveremos aplicar o art. 302, CTB.

#ATENÇÃONOVIDADE – LEI HENRY BOREL


A novatio legis, dentre outras novidades, inclui como qualificadora do crime do artigo 121 do Código Penal
Brasileiro o homicídio praticado contra menor de 14 anos.
E mais, a pena de reclusão de 12 a 30 anos, referente ao homicídio qualificado, terá como causa de aumento de
pena o delito praticado pelos ascendentes, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor (que orienta na educação da criança), empregador da vítima ou qualquer outra pessoa que
exerça autoridade ou cuide dela.
Ainda, em decorrência da qualificadora, o homicídio contra criança ou adolescente até 14 anos torna-se crime
hediondo.
A consequência prática de rotular determinados crimes como hediondos é que o apenado deixa de ter direito a
alguns benefícios constitucionais e legais, como, por exemplo, a fiança, a graça e a anistia, ou tenha restrição na
obtenção desses benefícios, como a exigência de maior tempo de cumprimento de pena para progredir de
regime.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA #APOSTACICLOS

CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO CRIME FUNCIONAL IMPRÓPRIO


A ausência da condição de servidor público torna o A ausência da condição de servidor público faz com
fato atípico (atipicidade absoluta) que o crime deixe de ser funcional e passe a ser
incriminado por outro tipo penal incriminador
(atipicidade relativa)

REVISÃO PECULATO:

PECULATO
PECULATO-APROPRIAÇÃO: tem a posse do bem em virtude do cargo e passa a agir como
dono.
PRÓPRIO
PECULATO-DESVIO: tem a posse do bem em virtude do cargo e o desvia em proveito
próprio ou de terceiros.
PECULATO-FURTO: não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades do cargo para
IMPRÓPRIO
subtrair ou concorrer para subtração.
O agente não observa seu dever de cuidado, concorrendo para que outrem subtraia,
desvie ou se aproprie do bem. É infração de menor potencial ofensivo, admitindo
CULPOSO transação penal e suspensão condicional do processo.
Se o agente reparar o dano até a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se após
isso, reduz a pena pela metade.
Apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por
ESTELIONATO
erro de outrem.
O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui
ELETRÔNICO
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da

77
Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano.

PECULATO CULPOSO E REPARAÇÃO DO DANO:


A REPARAÇÃO DO DANO ANTES DA
CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
SENTENÇA IRRECORRÍVEL7

A REPARAÇÃO DO DANO POSTERIOR À CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA


SENTENÇA IRRECORRÍVEL (minorante)

PECULATO DOLOSO E REPARAÇÃO DO DANO:


REPARAÇÃO DO DANO
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
ATÉ O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
REPARAÇÃO DO DANO
APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA ATENUANTE GENÉRICA
E ANTES DO JULGAMENTO

CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

BEM JURÍDICO O regular funcionamento da Administração Pública e os direitos e garantias


PROTEGIDO fundamentais previstos na CF/88.
Agentes públicos. Crime próprio. É possível o concurso de pessoas com particular,
SUJEITO ATIVO
desde que tenha conhecimento da qualidade do agente público.
Dupla subjetividade passiva:
SUJEITO PASSIVO Mediato/ indireto ou permanente = Estado.
Imediato/ direto ou eventual = pessoa física ou jurídica vítima do abuso.
Se o agente público que praticou o abuso não possui foro por prerrogativa de
função, a competência será da Justiça de 1º grau: Estadual (agente público
COMPETÊNCIA
estadual ou municipal), Federal (agente público federal) ou Militar (por militar em
serviço).
ELEMENTO SUBJETIVO Dolo + especial fim de agir.
AÇÃO PENAL Pública incondicionada.
Estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
PRAZO PARA
Público receber os autos do inquérito policial;
DENÚNCIA
Réu solto ou afiançado, o prazo é de 15 dias.

Elemento subjetivo especial dos crimes de abuso de autoridade


1) ao praticar a conduta tinha a finalidade específica de:
• prejudicar alguém; ou
O agente só comete crime de • beneficiar a si mesmo ou a terceiro; OU
abuso de autoridade se 2) tiver praticado a conduta por mero capricho ou satisfação pessoal.
- Capricho: vontade desprovida de qualquer razão anterior.
- Satisfação pessoal: para agradar interesses pessoais.

CRIMES DE LAVAGEM OU OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS E VALORES #APOSTACICLOS

7 #PEDRADETOQUE: para saber se o funcionário público será beneficiado pela extinção da punibilidade ou pela aplicação da
minorante, o marco crucial será visualizar a recorribilidade da sentença condenatória. Isso porque se irrecorrível somente poderemos
falar em causa de diminuição da pena.

78
FASE DO DELITO DE LAVAGEM
FASE DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Aplicação no mercado formal,
mediante depósito em banco, troca
Separação física do dinheiro dos por moeda estrangeira, remessa ao
autores do crime. exterior através de mulas,
1ª COLOCAÇÃO (PLACEMENT)
É antecedida pela captação e transferência eletrônica ou física
concentração do dinheiro. para paraísos fiscais, importação
subfaturada; aquisição de imóveis;
obras de arte; joias; etc.
Nessa fase, multiplicam-se as
transações anteriores, através de
muitas empresas e contas, de modo
2ª OCULTAÇÃO
que se perca a trilha do dinheiro Várias transferências por cabo (wire
OU
(paper trail), constituindo-se na transfer) ou sucessivos
DISSIMULAÇÃO
lavagem propriamente dita, que empréstimos.
(LAYERING)
tem por objetivo fazer com que não
se possa identificar a origem ilícita
dos valores ou bens.
O dinheiro é empregado em Compra de uma empresa já
negócios lícitos, ilícitos ou compra existente e em funcionamento,
de bens, dificultando ainda mais a aquisição de um empreendimento
3ª INTEGRAÇÃO (INTEGRATION
investigação, já que o criminoso imobiliário, simulação de obtenção
OU RECYCLING)
assume ares de respeitável em pagamento por serviços de
investidor, atuando conforme as difícil mensuração, como
regras do sistema. consultoria, por exemplo.

DIREITO CIVIL8

DIREITOS DA PERSONALIDADE #APOSTACICLOS

Direitos da personalidade são àqueles ligados aos nossos atributos fundamentais, a ex. a honra, a
imagem, a intimidade e a integridade física. Antes de tudo, os direitos da personalidade são direitos
fundamentais (todo direito da personalidade é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental é
um direito da personalidade).

À luz da constitucionalização do Direito Civil três são os princípios magnos afetos aos direitos da
personalidade, quais sejam:

a) os da dignidade humana;
b) da solidariedade social e;
c) da igualdade (art. 1º, III; 3º, I; 5º, caput, todos da CF/88).

CARACTERISTÍCAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

8
Por Carolina Byrro.

79
Absolutos
Ilimitados
Extrapatrimoniais
Intransmissíveis/Vitalícios
Impenhoráveis
Imprescritíveis (Mas não o direito a reparação de dano)
Indisponíveis/Irrenunciáveis (Nem todos os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis)

#ATENÇÃO: O que são as diretivas antecipativa de vontade? Em atenção à autonomia privada, há importante
debate, no cenário nacional, derredor da legalidade da chamada diretriz antecipativa de vontade, também
denominada declaração antecipada de vontade. Diretriz antecipativa de vontade consiste em um gênero, tendo
como principais espécies o testamento vital e o mandado duradouro. Por testamento vital compreendem-se as
instruções prévias de uma pessoa, consciente, sobre os tratamentos que deseja, ou não, receber, quando da
terminalidade da vida. Ensina Joaquim Clotet que visa afastar prolongamentos vitais dolorosos e fúteis, os quais
não promoverão a cura, mas apenas trarão a perpetuação da dor.
Dialoga o testamento vital com a ortotanásia, sendo um negócio jurídico unilateral, extra patrimonial, informal,
inter vivos e atípico. Tem batismo digno de crítica, pois remete à figura do testamento, ato sucessório diverso e
mortis causa. Já o mandado duradouro - também chamado de poder duradouro do representante para cuidados
com a saúde - diz respeito à nomeação de alguém para que tome decisões pelo paciente, quando este esteja
em situação incapacitante, seja ela transitória ou definitiva. Veja-se que diversamente do testamento vital, o
objeto do mandado duradouro não condiz apenas com a terminalidade da vida, conforme vaticina Joaquim
Clotet. Outrossim, no mandado duradouro se elege um substituto para declaração de vontade, quem agirá no
melhor interesse do paciente; enquanto no testamento vital é o próprio paciente quem declarará a sua vontade.

NEGÓCIO JURÍDICO #APOSTACICLOS

#NOVIDADE:
Art. 113, do Código Civil. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)

FATO JURÍDICO Ordinário - Nascimento natural, morte natural, decurso


Fato jurídico em sentido
Em sentido amplo, do tempo.
estrito (a intervenção
é todo Extraordinário - Tem carga de imprevisibilidade ou
humana não existe)
acontecimento inevitabilidade, um furacão por exemplo.

80
natural ou
Ato jurídico em sentido estrito (não
humano apto a Atos Jurídicos lato sensu - negocial) - com consequências impostas
criar, modificar ou Ações humanas (se destaca Lícito pela lei e não escolhidas pelas partes.
extinguir relações precipuamente a ação da
jurídicas. pessoa, ou seja, sua Negócio Jurídico - regulamentação pela
manifestação de vontade em autonomia privada.
praticar o ato) Atuação humana com efeitos
Ilícito
repudiados pelo ordenamento.

Ato-fato (embora a atuação do homem seja o núcleo do fato, é desprovida de


voluntariedade e consciência em direção ao resultado jurídico existente).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


PLANO DA EXISTÊNCIA são elementos: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma.
partes ou agentes capazes; vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível,
PLANO DA VALIDADE
determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei.
estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e
deveres, caso da condição, do termo, do encargo ou modo, das regras de
PLANO DA EFICÁCIA inadimplemento negocial (juros, multa e perdas e danos), do registro
imobiliário, da rescisão contratual, do regime de bens do casamento, entre
outros.

#PEGAOGANCHO:
Boa-fé objetiva Boa-fé subjetiva
Significa manter uma conduta de acordo com padrões Não é um princípio, mas sim um estado psicológico.
sociais de lisura, honestidade e correção. Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar
Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança da se a pessoa pensava, sinceramente, que agia ou
outra parte. não de acordo com o direito (é examinado se a
Deve ser examinada externamente, ou seja, não pessoa tinha boas ou más intenções).
importa qual era o sentimento da pessoa, mas sim Deve ser examinada internamente, ou seja, de
a sua conduta. acordo com o sentimento da pessoa.

#SELIGA:
#IMPORTANTE:
Doação de imóvel aos filhos do casal não é fraude contra credores se a família continua morando nele.
A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo ao
credor (eventus damni) e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor
(scientia fraudis). O eventus damni trata-se de pressuposto objetivo e estará configurado quando o ato de
disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de insolvência do devedor ou tenha levado-o a este
estado. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem impenhorável, especialmente de bem de
família, exige uma ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de um lado, a proteção legal
conferida ao bem de família, fundada no direito à moradia e no mínimo existencial do devedor e/ou sua família
e, de outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para discernir se há ou não fraude contra
credores ou à execução é verificar a ocorrência de alteração na destinação primitiva do imóvel - qual seja, a
morada da família - ou de desvio do proveito econômico da alienação (se existente) em prejuízo do credor. Na
hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel desde o ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado,
no ano de 2011, pelo casal aos filhos menores, a situação fática em nada se alterou, já que o bem continuou
servindo como residência da entidade familiar. Ou seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e
teve sua destinação (moradia) inalterada. Essas peculiaridades demonstram a ausência de eventus damni e,
portanto, de disposição fraudulenta. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída pela Lei
8.009/1990, quando reconhecida sobre metade de imóvel relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do

81
bem. Assim, não sendo a esposa devedora, a doação de sua quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida
por fraudulenta. E, haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão, o imóvel está protegido
pela garantia da impenhorabilidade do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.926.646/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA #APOSTACICLOS

CC, Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a
que aludem os arts. 205 e 206.

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

Art. 194. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006)

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes
legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor
(...)

Decadência
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição.

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

#SELIGA
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva
extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título
executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. REsp 1.786.266-DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito

82
Relacionada aos direitos subjetivos (cunho Relacionada aos direitos potestativos (aqueles que
prestacional. Aqueles que se opõem a um dever se opõem a um estado de sujeição)
jurídico).
Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou
através de contrato (decadência convencional).
Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso ou Prazo de decadência não pode ser impedido,
interrompido. suspenso ou interrompido (em regra –art. 207 do
CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se
aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição”).
Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, §
2º, do CDC

#NOVIDADE LEGISLATIVA:
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)

#OLHAOCC:
CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO
PRESCRIÇÃO
Art. 197. Não corre a prescrição: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
conjugal; I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
II - entre ascendentes e descendentes, durante o ordenar a citação, se o interessado a promover no
poder familiar; prazo e na forma da lei processual;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou II - por protesto, nas condições do inciso
curadores, durante a tutela ou curatela. antecedente;
III - por protesto cambial;
Art. 198. Também não corre a prescrição: IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o ; de inventário ou em concurso de credores;
II - contra os ausentes do País em serviço público da V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
União, dos Estados ou dos Municípios; o devedor;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que
Armadas, em tempo de guerra. extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: Parágrafo único. A prescrição interrompida
I - pendendo condição suspensiva; recomeça a correr da data do ato que a
II - não estando vencido o prazo; interrompeu, ou do último ato do processo para a
III - pendendo ação de evicção. interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva qualquer interessado.
ser apurado no juízo criminal, não correrá a Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. não aproveita aos outros; semelhantemente, a
interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
credores solidários, só aproveitam os outros se a § 1 o A interrupção por um dos credores solidários
obrigação for indivisível. aproveita aos outros; assim como a interrupção
efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.

83
§ 2 o A interrupção operada contra um dos
herdeiros do devedor solidário não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, senão quando se
trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal
devedor prejudica o fiador.

RESPONSABILIDADE CIVIL #APOSTACICLOS

#OLHAALEI:
CC, Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

ESPÉCIES DE DANO
MATERIAL OU REAL
Atinge o patrimônio de bens ou direitos reais ou pessoais.
Dano emergente: Prejuízo imediato; perda concreta e atual que acarreta efetiva diminuição do patrimônio.
Lucros cessantes :Frustração de um ganho certo.
MORAL OU IDEAL
Lesão a direitos da personalidade. Fixado pelo sistema da dupla avaliação: leva em consideração a extensão
do prejuízo moral causado à vítima e também o caráter pedagógico da quantia fixada, a fim de que, a
depender da capacidade financeira do ofensor, não seja tão penosa a ponto de conduzir-lhe à penúria, nem
tão ínfima que não o desestimule a futuras práticas semelhantes, evitando-se enriquecimento sem causa.

Dano moral coletivo: “é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito
transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma a
envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o dano é, na
verdade, apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial de uma pessoa.” (Min. Mauro Campbell
Marques).

#NÃOCONFUNDA
Quando se fala em dano moral coletivo a análise não envolve aqueles atributos tradicionais da pessoa
humana (dor, sofrimento ou abalo psíquico). O dano moral coletivo tutela, portanto, uma espécie autônoma
e específica de bem jurídico extrapatrimonial, não coincidente com aquela amparada pelos danos morais
individuais
ESTÉTICO
STJ reconheceu como categoria autônoma (ao lado dos danos material e moral), que se caracteriza como
dano indenizável em virtude da deformidade em si, independentemente dos demais gravames a outros
direitos da personalidade. S. 387 do STJ.
SOCIAL
São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral –
principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida.
EXISTENCIAL

84
Lesão que atinge as perspectivas pessoais da vida humana, de forma a desconfigurar o modus vivendi, ou, em
última análise, o seu projeto de vida.
Faz com que a pessoa deixe de realizar atividades que faziam parte do seu cotidiano ou passe a ter que
conviver com uma perspectiva alterada e não querida ou, muitas vezes, insuportável.
#ATENÇÃO: 9 Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que deixou de
apresentar seus livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação inoficiosa por
um de seus sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio dos livros e as
chances de vitória na demanda judicial.

OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil por
perda de uma chance, no caso concreto, foram bem sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade e a
probabilidade de sucesso de futura ação declaratória de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a viabilidade e a
probabilidade de sucesso de futura ação de sonegados; (iii) a existência de nexo de causalidade entre o
extravio de dois livros e as chances de vitória nas demandas judiciais.".

REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022. (Info 754 - STJ)

POSSE #APOSTACICLOS

TEORIAS SOBRE A POSSE


Savigny
A posse é um poder direto que o indivíduo tem sobre a coisa, podendo dispor
fisicamente e a possuindo com intenção de ser dono.
TEORIA SUBJETIVA
Posse = corpus (elemento objetivo) + animus domini (elemento subjetivo).
DA POSSE
Não há posse sem intenção de ser proprietário. Por essa teoria, não são possuidores
o locatário; o comodatário e o depositário.
Adotada na configuração da usucapião
Ihering
Posse é corpus. Para que haja a configuração da posse, é necessário dispor
TEORIA OBJETIVA
fisicamente da coisa ou haja possibilidade de querendo, realize a sua disposição física.
DA POSSE
Adotada no CC (art. 1196) – o mero comportamento em reação à coisa, como se fosse
dono, induz a posse.
Teoria da sociabilidade em relação ao direito das coisas, de forma que se analisa com
o crivo hermenêutico da função social. Para que se verifique a posse, deve haver o
cumprimento de sua função social, consistente em conferir à posse uma utilidade,
mormente relacionada ao direito fundamental de moradia.
TEORIA DA FUNÇÃO POSSE = CORPUS (DOMÍNIO FÁTICO) + FUNÇÃO SOCIAL (FUNÇÃO COLETIVA QUE A
SOCIAL DA POSSE POSSE DEVE TER)
Essa teoria, porém, não vem expressa nos artigos 1196 e 1197 do Código Civil, mas
foi implicitamente adotada pelo CC/02 por meio da valorização da posse-trabalho. A
ideia é de que a pessoa que confere uma destinação positiva ao bem pelo
atendimento da função social da posse deve ter uma premiação.

POSSE – CLASSIFICAÇÃO
QUANTO AO a) posse direta: contato corpóreo.
DESDOBRAMENTO b) posse indireta: contato incorpóreo.
OU RELAÇÃO
PESSOA-COISA

9
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85
a) posse justa: “limpa”, sem vícios objetivos.
QUANTO AOS VÍCIOS b) posse injusta:
OBJETIVOS • Violenta (física/psíquica).
• Clandestina (ocultamento).
• Precária (abuso de confiança).
a) posse de boa fé: ignora obstáculo para aquisição da propriedade ou tem um
QUANTO AOS VÍCIOS justo título.
SUBJETIVOS b) posse de má fé: não ignora obstáculo para aquisição do domínio e não tem justo
título.
a) posse com título (ius possidendi) – há causa representativa. Posse causal ou
QUANTO AO TÍTULO posse civil.
b) posse sem título (ius possessionis, quod possideo) – não há causa
representativa. Posse natural ou posse ato-fato.
QUANTO AO TEMPO a) posse nova.
b) posse velha – tem pelo menos 1 ano e 1 dia.

#USUCAPIÃO:

RESUMO – MODALIDADE DE USUCAPIÃO


- Comum - Posse ad usucapionem por 10 anos - Justo título. Ex. contrato,
compromisso de compra e venda. - Boa fé subjetiva (art. 1.201) se o possuidor
ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
USUCAPIÃO ORDINÁRIA - Por posse trabalho - Requisito material - Destinação positiva dada à coisa:
ART. 1242, CC moradia ou realização de investimentos de interesse social e econômico
Não importa o tamanho relevante - Prazo cai para 5 anos - Requisito formal: aquisição onerosa que foi
do imóvel cancelada. Ex.: compromisso de compra e venda que foi registrado e foi
cancelado. Esse requisito regra o chamado usucapião tabular. O legislador
exigiu um justo título especial, que consiste no título que já esteve registrado
em nome do possuidor. Obs. doutrina majoritária exige os dois requisitos.
USUCAPIÃO - Comum - Posse ad usucapionem por 15 anos - A boa-fé e o justo título
EXTRAORDINÁRIA ART. presumem-se de forma absoluta.
1238, CC - Por posse trabalho - Estabelecimento da moradia ou realização de
Não importa o tamanho investimentos de caráter produtivo - NÃO PRECISA de boa-fé nem de justo título
do imóvel - Prazo cai para 10 anos
USUCAPIÃO - NÃO SÃO EXIGIDOS O JUSTO TÍTULO E A BOA-FÉ. - Imóvel rural até 50 hectares
CONSTITUCIONAL - Posse ad usucapionem por 5 anos - Utilização do imóvel para subsistência ou
ESPECIAL RURAL trabalho pelo possuidor ou sua família (moradia) - Não pode ser proprietário de
(USUCAPIÃO AGRÁRIA OU outro imóvel rural ou urbano.
PRO LABORE) ART. 191,
CAPUT CF, ART. 1239 CC
USUCAPIÃO - Urbana individual - Área urbana não superior a 250m². - Posse ad usucapionem
CONSTITUCIONAL OU por 5 anos - Imóvel destinado para moradia do possuidor ou de sua família -
ESPECIAL URBANA Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. - Só pode ser
(URBANA INDIVIDUAL OU reconhecido uma vez (é requisito apenas da usucapião urbana).
PRO MISERO) ART. 183
CF, ART. 1240 CC E ART. 9º
ESTATUTO DA CIDADE.
- É na vara cível e não na de família. - Posse ad usucapionem por 2 anos - Posse
USUCAPIÃO ESPECIAL direta. Enunciado 502 – não necessariamente é a posse direita do art. 1197.
URBANA POR ABANDONO Para dar compatibilidade ao fato do artigo permitir a moradia da família. -
DO LAR ART. 1240-A, CC Imóvel urbano até 250m². - Imóvel em copropriedade ou em condomínio com
o cônjuge ou companheiro. Obs. qualquer forma de família. Enunciado 500 da
86
JDC. - Abandono do lar. Obs.: basta ser separação de fato. - Utilizar para moradia
ou de sua família (crítica – exige posse direita e fala que pode ser família) - Não
pode ser proprietário de imóvel urbano ou rural - Somente uma vez.
- Área urbana – área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
250m² por possuidor - Posse ad usucapionem por 5 anos - Núcleos urbanos
USUCAPIÃO ESPECIAL informais - Moradia - Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou
URBANA COLETIVA ART. rural. - Não exige justo título e boa fé. - Rito sumário.
10 DO ESTATUTO DA A nova redação legal não exige que os possuidores sejam de baixa renda e que
CIDADE não seja possível a identificação da área de cada possuidor.
O §1º do art. 10 do Estatuto permite expressamente a accessio possessionis
para essa modalidade de usucapião.
O proprietário pode ser privado da coisa se: - um considerável número de
pessoas - estiver por mais de 5 anos - na posse ininterrupta e de boa-fé - de
extensa área - e nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
DESAPROPRIAÇÃO
relevante. Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário;
JUDICIAL PRIVADA POR
pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome
POSSE-TRABALHO (art.
dos possuidores. Alguns doutrinadores, especialmente civilistas, afirmam que
1.228, §§ e 4º e 5º do CC)
esse instituto tem natureza jurídica de “usucapião”. Outros autores, no entanto,
sustentam que se trata de uma hipótese de “desapropriação”, considerando a
posição topográfica (o § 3º do art. 1.228 está tratando sobre desapropriação) e
o fato de se exigir pagamento de indenização.
Requisitos: a) posse da terra por índio (integrado ou não) b) por 10 anos
consecutivos c) devendo ocupar como se fosse próprio trecho de terra inferior
INDÍGENA (art. 33 do a 50 hectares.
Estatuto do Índio) Não é possível a usucapião indígena de: • terras do domínio da União; • terras
ocupadas por grupos tribais; • áreas reservadas segundo o Estatuto do Índio; •
terras de propriedade coletiva de grupo tribal.
Trata-se da possibilidade de o réu, em uma ação de invalidade de registro
TABULAR público, alegar a usucapião em seu favor. O juiz, na mesma sentença que
(CONVALESCENÇA reconhece a invalidade do registro, declara a ocorrência de usucapião,
REGISTRAL) (art. 214, § 5º, concedendo ao réu a propriedade do bem. A usucapião tabular tem relação com
da Lei 6.015/73) a usucapião ordinária do art. 1.242, parágrafo único, porque exige do possuidor
justo título e boa-fé.
O art. 68 do ADCT da CF/88 confere proteção especial aos territórios ocupados
pelos remanescentes quilombolas: Art. 68. Aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
RECONHECIDA A PROPRIEDADE DEFINITIVA, devendo o Estado emitir-lhes os
títulos respectivos. O que são as terras dos quilombolas? São as áreas ocupadas
pelos remanescentes das comunidades dos quilombos e utilizadas por este
grupo social para a sua reprodução física, social, econômica e cultural. O que
são remanescentes das comunidades dos quilombos? Existe uma grande
DE QUILOMBOLAS (art. 68
discussão antropológica sobre isso, mas, de maneira bem simples, os grupos
do ADCT)
que hoje são considerados remanescentes de comunidades de quilombos são
agrupamentos humanos de afrodescendentes que se formaram durante o
sistema escravocrata ou logo após a sua extinção. Alguns doutrinadores
afirmam que esse instituto teria natureza jurídica de “usucapião”. Essa,
contudo, não é a posição que prevalece, considerando que o fundamento
jurídico para esse direito de propriedade não é a posse mansa, pacífica e por
determinado prazo. A fonte desse direito é uma decisão do legislador
constituinte. A previsão do art. 68 do ADCT foi uma forma que o constituinte

87
encontrou de homenagear “o papel protagonizado pelos quilombolas na
resistência ao injusto regime escravista” (Min. Rosa Weber).

RELAÇÕES DE PARENTESCO #APOSTACICLOS

- Parentesco na linha reta: é aquele existente entre ascendentes e descendentes (art. 1.591).
- Parentesco na linha colateral ou transversal: existente entre pessoas provenientes do mesmo tronco que
não são ascendentes e descendentes (art. 1.592). Está limitado ao quarto grau.
- Parentesco por afinidade: entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou
companheiro. O CC/2002 admite parentesco por afinidade em união estável. Na linha reta o parentesco
por afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou união estável.
- Parentesco civil: é aquele que possui “outra origem”, conforme art. 1.593 do CC.

Art. 1.593, do CC. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.

PARENTESCO CIVIL:
ADOÇÃO
SOCIOAFETIVIDADE
REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL10

#ATENÇÃO #2022

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;


II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito, procurador ou Associação de Representação de Municípios, quando
expressamente autorizada; (Redação dada pela Lei nº 14.341, de 2022)
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação,
por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a
quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal
aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.

(...)

§ 5º A representação judicial do Município pela Associação de Representação de Municípios somente poderá


ocorrer em questões de interesse comum dos Municípios associados e dependerá de autorização do respectivo
chefe do Poder Executivo municipal, com indicação específica do direito ou da obrigação a ser objeto das medidas
judiciais. (Incluído pela Lei nº 14.341, de 2022)

#OLHAOGANCHO #APOSTACICLOS CONCILIADORES E MEDIADORES JUDICIAIS

10
Por Carolina Byrro.

88
De acordo com o CPC:

Os centros judiciários de solução consensual de conflitos são responsáveis pela realização de sessões
e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e
estimular a autocomposição (art. 165).

#SELIGA:
Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à
autocomposição.

A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz
respeito à definição das regras procedimentais.

As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e
de mediação, que poderá ou não estar cadastrado no tribunal.

Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.

TÉCNICA DE JULGAMENTO AMPLIADA OU TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DE COLEGIADO

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.

§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros
julgadores que porventura componham o órgão colegiado.

§ 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do
julgamento.

§ 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido
em:

I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento
ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;

II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:

I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas;

II - da remessa necessária;

III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

A TÉCNICA DO ART. 942 DO CPC É APLICADA EM CASO DE ACÓRDÃOS NÃO UNÂNIMES (POR MAIORIA)
PROFERIDOS EM:
APELAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO RESCISÓRIA

89
Não importa se o Tribunal Somente se o Tribunal reformou Se o resultado do acórdão for a
manteve ou reformou a sentença. decisão que julgou parcialmente o rescisão da sentença.
Basta que o acórdão tenha sido mérito.
por maioria.

#DEOLHONAJURIS: A técnica de julgamento ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos ao
acórdão de apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente para alterar o resultado
inicial do julgamento, independentemente do desfecho não unânime dos declaratórios (se rejeitados ou se
acolhidos, com ou sem efeito modificativo). STJ. 3ª Turma. REsp 1786158-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 678). Deve ser aplicada a técnica de
julgamento ampliado nos embargos de declaração toda vez que o voto divergente possua aptidão para alterar
o resultado unânime do acórdão de apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1910317-PE, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira,
julgado em 02/03/2021 (Info 687).

TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO


APLICA-SE NÃO SE APLICA
Apelação IAC
Ação rescisória, quando for rescindir a sentença IRDR
Agravo de instrumento, quando houver reforma da
Remessa necessária
decisão parcial de mérito
Não unânime proferido, nos Tribunais, pelo Pleno
Apelação interposta em MS (JDPC62)
ou Corte Especial
Não unânime proferido dos Juizados (FPPC599)
Rescisão parcial do julgado (JDPC63) Embargos infringentes pendentes ao tempo do
início da vigência do CPC (FPPC466)

RECURSOS #APOSTACICLOS

→ RECURSOS EM ESPÉCIE
Remédio voluntário idôneo apto a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, invalidação, esclarecimento
ou integração da decisão judicial.
PRINCÍPIOS:
a. TAXATIVIDADE
b. SINGULARIDADE ou unirrecorribilidade
c. FUNGIBILIDADE
d. VEDAÇÃO DA REFORMA PARA PIOR
EFEITOS DOS RECURSOS
O efeito obstativo está ligado à preclusão temporal e sua relação com a interposição do
EFEITO recurso. A doutrina majoritária entende que a interposição de qualquer recurso impede
OBSTATIVO a geração da preclusão temporal, bem como do trânsito em julgado, que somente vai
ocorrer após o julgamento do recurso.
Trata-se da transferência ao órgão “ad quem” do conhecimento de matérias que já
tenham sido objeto de decisão no juízo “a quo”.

A doutrina entende que todo recurso gera efeito devolutivo. Isso porque a incidência do
EFEITO efeito devolutivo independe de a competência para analisar o recurso ser de órgão
DEVOLUTIVO distinto do recorrido. O essencial aqui é que seja permitida uma nova análise da matéria
anteriormente decidida, pouco importando qual órgão jurisdicional fará tal exame. Na
realidade, o que vai variar em relação ao efeito devolutivo de cada recurso é somente
sua extensão e profundidade.

90
O efeito devolutivo possui duas dimensões:

A dimensão horizontal é entendida como a extensão da devolução, estabelecida pela


matéria em relação à qual uma nova decisão é pedida, é dizer, aquilo que o recorrente
pretende devolver ao tribunal. O efeito horizontal está previsto no art. 1.013, caput, do
CPC.

A dimensão vertical é entendida como a profundidade da devolução. Dessa forma,


dentro daquelas matérias definidas pelo recorrente, o tribunal poderá analisar todos os
fundamentos, questões e alegações relativas àquela matéria, ainda que eles não tenham
sido objeto de recurso pela parte.
O efeito suspensivo diz respeito à impossibilidade de a decisão impugnada gerar efeitos
enquanto não for julgado o recurso interposto.

Nem todo recurso tem efeito suspensivo previsto em lei, mas em todos é possível a sua
EFEITO obtenção no caso concreto, desde que preenchidos determinados requisitos.
SUSPENSIVO
O efeito suspensivo previsto em lei, que de nada depende para ser gerado, é chamado
de efeito suspensivo próprio, enquanto o efeito suspensivo obtido no caso concreto, a
depender do preenchimento de determinados requisitos, é chamado de efeito
suspensivo impróprio.
Por efeito translativo, deve-se entender a possibilidade de o tribunal conhecer
determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso. Normalmente é associado
às matérias de ordem pública, mas também se aplica às matérias que, apesar de não
serem propriamente de ordem pública, a própria lei determina que podem ser
conhecidas de ofício (Ex.: prescrição).

No âmbito dos recursos ordinários, é pacífica na jurisprudência a possibilidade de o


tribunal conhecer de ofício a matéria de ordem pública e a prescrição. A grande
controvérsia diz respeito aos recursos excepcionais (recurso especial e extraordinário).
EFEITO
Uma primeira corrente entende que não é possível o reconhecimento de ofício das
TRANSLATIVO
matérias de ordem pública em razão da ausência de prequestionamento de tal matéria,
o que impediria sua análise pelos tribunais superiores. Esse, inclusive, é o entendimento
do STF (AI 823.893-AgR/MG) e do STJ (AgRG no Resp 1.189.824/RS).

Uma segunda corrente entende que o prequestionamento é apenas um requisito


especial de admissibilidade recursal, voltado a admissibilidade do recurso e não ao seu
mérito. Em sendo assim, uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade do
recurso, haveria o conhecimento do recurso, com a consequente possibilidade de análise
das matérias de ordem pública, mesmo que não prequestionadas.
Será gerado o efeito expansivo toda vez que o julgamento do recurso ensejar decisão
mais abrangente do que a matéria impugnada, ou ainda quando atingir sujeitos que não
participaram como partes no recurso, apesar de serem partes na demanda. Na primeira
EFEITO
situação ocorre o chamado efeito expansivo objetivo, o qual pode ser ainda interno ou
EXPANSIVO
externo, a depender da matéria atingida pelo julgamento do recurso estar localizada
dentro ou fora da decisão impugnada. Na segunda situação há o chamado efeito
expansivo subjetivo.
O CPC determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites
da impugnação.
EFEITO
SUBSTITUTIVO
A doutrina, contudo, defende que não se deve interpretar o dispositivo de forma literal,
uma vez que a substituição por ele apregoada somente ocorre nos julgamentos de

91
mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento, não ocorrendo
a substituição em caso de não conhecimento do recurso.

No caso de recurso julgado em seu mérito, é preciso analisar o conteúdo da decisão para
saber se há ou não o efeito substitutivo. Sendo a causa de pedir do recurso fundada em
“error in judicando” e o pedido de reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de
mérito do recurso haverá a substituição da decisão recorrida. Já nos casos de causa de
pedir composta por “error in procedendo” e sendo o pedido de anulação da decisão,
somente haverá efeito substitutivo no caso de “não provimento” do recurso, porque o
provimento do recurso, ao anular a decisão impugnada, não a substitui, uma vez que
uma nova decisão deverá ser proferida em seu lugar.
Parte da doutrina entende que não se trata de um efeito autônomo, sendo um simples
reflexo do princípio devolutivo.

Cuida-se de efeito que permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento
do juízo prolator da decisão.
EFEITO
REGRESSIVO
Trata-se de efeito previsto em todas as espécies de agravo previstas no CPC.

No caso de apelação, o CPC previu três hipóteses desse efeito: no art. 331, caput, na
sentença de indeferimento da petição inicial, no art. 332, §3º, na sentença de
improcedência liminar e no art. 485, §7º.
Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra
outra decisão ou a mesma decisão.

No primeiro caso, pode-se dar como exemplo a necessidade de a apelação ser conhecida
EFEITO para que a impugnação da decisão interlocutória não recorrível por agravo de
DIFERIDO instrumento seja julgada em seu mérito. No segundo caso, ocorre, por exemplo, no caso
do uso de recurso especial e do extraordinário contra o mesmo acórdão, sempre que a
análise do segundo dependa do conhecimento e julgamento do primeiro. Também o
recurso adesivo somente será julgado se o recurso principal for conhecido e julgado em
seu mérito.

NOMENCLATURAS IMPORTANTES:
É o enunciado normativo (texto) da ratio decidendi (norma geral) de uma
SÚMULA jurisprudência dominante, que é a reiteração de um precedente.

É a reiteração dos precedentes. Há casos, no Brasil, em que precedentes


JURISPRUDÊNCIA possuem eficácia normativa, mesmo que não tenham gerado
jurisprudência.
STARE DECISIS Tratar os casos iguais de forma igual (treat like cases alike).

92
Os precedentes não são equivalentes às decisões judiciais. São as razões
generalizáveis, que podem ser identificados a partir das decisões judiciais.
Têm como matéria-prima a decisão. O precedente trabalha essencialmente
sobre fatos jurídicos relevantes que compõem o caso examinado pela
jurisdição. São sempre obrigatórios e vinculantes e emanam apenas das
PRECEDENTES Cortes Supremas. Os precedentes não são apenas formais e quantitativos, são
também materiais e qualitativos. Os artigos 926 e seguintes, do NCPC
fornecem apenas pistas – algumas delas falsas – a respeito de como os
precedentes devem ser tratados dentro da ordem jurídica. Por exemplo, acaso
um julgamento de recursos repetitivos não contenha razões determinantes e
suficientes claramente identificáveis, não formará precedente, nada obstante
oriundo da forma indicada pelo novo Código.

É o próprio precedente, constituindo uma generalização das razões adotadas


RATIO DECIDENDI como passos necessários e suficientes para decidir um caso ou as questões de
um caso pelo juiz. A ratio é uma razão necessária e suficiente para resolver
uma questão relevante constante no caso.
Algo dito de passagem. É aquilo que é dito durante um julgamento ou consta
OBTER DICTUM em uma decisão sem referência ao caso ou que concerne ao caso, mas não
constitui proposição.
Técnica de confronto, interpretação e aplicação do precedente. Com efeito,
DISTINGUISHING ocorrendo vinculação do julgador a precedentes, é preciso ter em mira que
o método da comparação é fundamental: análise dos elementos objetivos
da demanda, verificando os elementos das demandas antecedentes.

Técnica usada quando um precedente perde sua força e é substituído por


outro. Essa substituição pode ser expressa (express overruling) ou tácita
OVERRULING (implied overruling). A forma tácita, todavia, não é admitida no Brasil, vez
que o NCPC exige fundamentação adequada e específica para a superação
de uma determinada orientação jurisprudencial (art. 927, §4º, NCPC).

PROSPECTIVE A eficácia da superação do precedente só se realiza para o futuro.


OVERRULING
OVERRIDING Reescrita. Funciona como redefinição do âmbito de incidência do
precedente.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA #APOSTACICLOS

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC: Prevalece que o CPC/15 possui aplicação subsidiária e supletiva nas ações
do microssistema de tutela coletiva. Ex.: prazo de apelação (que não é tratada pelas leis do microssistema).

A Ação Civil Pública tem por objeto a tutela preventiva (antes do dano) ou ressarcitória (após o dano) dos bens
e direitos metaindividuais (interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos) previstos nos arts. 1º, 3º e
11, da LACP.

OBJETO DA LEI DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA:


Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por
danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
93
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)
V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014)
VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014)

#IMPORTANTE É perfeitamente admissível o manejo de ACP para o fim de responsabilizar alguém por danos
morais causados a quaisquer valores transindividuais de que cuida a lei.

#FOCANATOGA NÃO CABE ACP PARA VEICULAR PRETENSÕES QUE ENVOLVAM:


a) Tributos;
b) Contribuições previdenciárias;
c) FGTS;
d) Outros fundos de natureza institucional.
e) Contra ato jurisdicional não se admite ação civil pública.
ACP não pode fazer às vezes de ADI (controle concentrado), embora a inconstitucionalidade de determinado
ato normativo possa ser questão prejudicial. Cabe apenas como meio de controle difuso.

LEGITIMIDADE (#ATENÇÃO) – O art. 5º, LACP: traz hipótese de legitimidade AUTÔNOMA (não depende de
autorização do titular do direito), CONCORRENTE (mais de um legitimado) e DISJUNTIVA (um legitimado não
depende de autorização do outro).
I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de
2007).
V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004, de 2014)

#DEOLHONASÚMULA #IMPORTANTE
Súmula 643 do STF- O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
Súmula 329 do STJ- O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
patrimônio público.
Súmula. 601 do STJ - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviços públicos.

#IMPORTANTE Da mesma forma que o MP e a DP, os entes federativos não estão condicionados ao requisito
da pertinência temática, de modo que eles não estão jungidos à defesa, na ação civil pública, de um determinado
tema, sendo legitimados à defesa dos mais diversos direitos passíveis de tutela via ação civil pública. A
desnecessidade de pertinência temática não equivale a uma atuação ampla e irrestrita, pois há necessidade de
se demonstrar, no caso concreto, se existe conexão entre as competências, os serviços, as atividades ou o
patrimônio do ente, e a causa de pedir e o pedido por ele formulados na ação.

-Quanto às associações, exige-se a pertinência temática e que esteja constituída há mais de 1 ano (em alguns
casos, o magistrado pode dispensar esse requisito da pré-constituição – art. 5º, §4º).

- A Administração Pública direta ou indireta pode propor ACP, mesmo as sociedades de economia mista e as
empresas públicas.
94
#FOCANATOGA NÃO HÁ prerrogativa de foro em ACP (competência da 1ª instância). EXCEÇÃO: art. 102, I, “f”
e “n”, CF.

#DEOLHOSNAJURIS #IMPORTANTE #SAINDODOFORNO


Em ação civil pública ajuizada por associação civil, cujo estatuto prevê como finalidade a defesa de direitos
humanos, em que se postula por indenização por danos morais decorrentes da prática de atos vexatórios em
revistas íntimas para ingresso em centros de detenção, não é obrigatória a juntada de autorização individual de
cada uma das pessoas interessadas. AgInt no REsp 1.833.056-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
por unanimidade, julgado em 22/08/2022, DJe 24/08/2022. (Info 750 - STJ)

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 11

Ondas do acesso à justiça

A primeira onda renovatória guarda referência com a assistência jurídica aos pobres,
1ª ONDA
revelando a necessidade de órgãos encarregados de prestar assistência aos menos
RENOVATÓRIA
afortunados, patrocinando os direitos desta parcela humilde da população.
Relaciona-se com a superação dos problemas inerentes à representação e defesa dos
direitos “difusos” em juízo, especialmente nas áreas da proteção ambiental e do
2ª ONDA
consumidor. Há o estabelecimento de legitimados para a tutela dos direitos
RENOVATÓRIA
transindividuais, com o objetivo de garantir o direito de acesso e propiciar a
repressão de condutas lesivas aos mencionados direitos.
Expõe o problema dos procedimentos judiciais, seus custos e seu tempo de duração,
sendo formuladas propostas alternativas, como a prevalência da oralidade e a
concentração dos ritos processuais; a redução dos custos do processo, seja pela
3ª ONDA
supressão das custas processuais e da taxa judiciária ou pela instituição de órgãos
RENOVATÓRIA
jurisdicionais autônomos que possam solucionar questões de pequenas causas de
modo gratuito; a adoção de métodos alternativos de solução de conflitos como a
arbitragem, a conciliação e a mediação.

A doutrina mais moderna já fala em outras ondas, a saber:


4ª ONDA: ética nas profissões jurídicas e acesso dos advogados à justiça;
5ª ONDA: o contemporâneo processo de internacionalização da proteção dos direitos humanos;
6ª ONDA: iniciativas promissoras e novas tecnologias para aprimorar o acesso à justiça;
7ª ONDA: desigualdade de gênero e raça nos sistemas de justiça.

CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DO TJDFT

RESOLUÇÃO 6 DE 19 DE ABRIL DE 2022 – Institui o Código de Ética e Conduta do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios - TJDFT.

Principais conceitos trazidos pela Resolução (art. 5º):

o processo contínuo e reiterado de condutas abusivas que,


independentemente de intencionalidade, atentem contra a integridade, a
ASSÉDIO MORAL
identidade e a dignidade humana do trabalhador por meio da degradação das
relações sócio profissionais e do ambiente de trabalho, da exigência de tarefas

11
Por Thais Sponchiado Cavallieri

95
desnecessárias ou exorbitantes, da discriminação, da humilhação, do
constrangimento, do isolamento, da exclusão social, da difamação ou do abalo
psicológico;
é o processo contínuo e sistemático de condutas abusivas, decorrente das
relações de trabalho em sentido amplo, amparado por estratégias
ASSÉDIO MORAL organizacionais ou por métodos gerenciais que resultem no vexame, na
ORGANIZACIONAL humilhação ou no constrangimento, destinados ao engajamento intensivo de
todo um grupo às políticas e às metas da Administração, com desrespeito aos
seus direitos fundamentais
a conduta de conotação sexual praticada contra a vontade de alguém, de modo
verbal, não verbal ou físico, manifestada por palavras, gestos, contatos físicos
ASSÉDIO SEXUAL ou outros meios, para perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua
dignidade, ou criar para ela um ambiente intimidativo, hostil, degradante,
humilhante ou desestabilizador
a peça promocional, sem valor comercial e de baixo valor econômico, assim
compreendido aquele que não ultrapasse 1% (um por cento) do teto
remuneratório previsto no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição,
BRINDE
distribuída por entidades de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda
ou divulgação, por ocasião de eventos especiais, a qual pode ser recebida da
mesma entidade uma única vez por ano
bem, serviço ou vantagem de qualquer espécie e que não configure brinde,
PRESENTE recebido de quem tenha interesse em decisão do agente público ou de
colegiado do qual este participe
o comportamento em desconformidade com as instâncias legal (lei), ou
disciplinar (normas disciplinares), ou ética (regulamentação ética), ou com duas
ou três delas ao mesmo tempo, que deve ser apurado na instância judicial do
Tribunal quando constituir crime previsto em lei ou, conforme as características
e a gravidade, no âmbito interno administrativo do Tribunal, quando constituir
DESVIO DE CONDUTA
desvio de conduta ética ou infração disciplinar; são as fraudes, a corrupção, a
discriminação, os assédios moral, organizacional ou sexual, a retaliação, o
exercício de atividade que configure conflito de interesses, outros
comportamentos que contrariem a missão, os valores ou as condutas éticas
previstas neste documento, ou se enquadrem como condutas inadequadas
toda distinção, exclusão, restrição, inclusive a recusa de adaptação razoável ou
preferência fundada em raça, etnia, cor, sexo, gênero, religião, deficiência,
opinião política, ascendência nacional, origem social, idade, orientação sexual,
DISCRIMINAÇÃO identidade e expressão de gênero, ou outra que atente contra o
reconhecimento ou o exercício, em condições de igualdade, dos direitos e
liberdades fundamentais nos campos econômico, social, cultural, laboral ou em
qualquer área da vida pública
a observância, na convivência do indivíduo com os demais, de valores que
ÉTICA
devem reger a tomada de decisões e o comportamento
qualquer ação ou omissão, incluindo falsa representação, que induz ou tenta
FRAUDE induzir, consciente ou imprudentemente, outra parte a erro, para obter um
benefício financeiro ou evitar uma obrigação
o conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle praticados para
GOVERNANÇA avaliar, direcionar e monitorar a gestão, conduzir políticas públicas e prestar
serviços públicos
a capacidade da instituição de atuar com ética, honestidade, transparência,
INTEGRIDADE imparcialidade, competência, compromisso com a prestação jurisdicional de
excelência, conformidade; a primazia do interesse público sobre o privado, a

96
fim de garantir a entrega dos resultados esperados pela sociedade e a
concretização dos direitos fundamentais interna e externamente
o conjunto formado pelo Comitê de Governança e Gestão da Ética e da
SUBSISTEMA DE
Integridade - COGEI, pela Comissão de Enfrentamento dos Assédios Moral e
GOVERNANÇA E GESTÃO
Sexual - CEAMS e pela Comissão Multidisciplinar de Inclusão - CMI com o
DA ÉTICA E DA
objetivo principal de garantir a implementação da cultura de integridade no
INTEGRIDADE
TJDFT

Instrumentos de Ajuste de Conduta

Art. 12. Constituem instrumentos de ajuste de conduta o Termo de Acordo de Conduta Ética - TACE e as
Orientações Construtivas Formais - OCF.

Art. 13. O TACE constitui documento formal e escrito assinado pelo autor de desvio de conduta ética e pelo
Presidente do colegiado em que o respectivo processo administrativo tramite - COGEI ou CEAMS -, no qual o
primeiro se compromete a adequar o comportamento aos padrões éticos previstos nas normas adotadas pelo
Tribunal.

Art. 14. Constituem requisitos mínimos para que o TACE seja proposto:
I - lesividade mínima da conduta;
II - inexistência de dolo ou de má-fé;
III - reconhecimento da inadequação da conduta pelo autor do desvio de conduta ética; e
IV - concordância do autor do desvio de conduta ética em firmar o TACE.
1º O autor do desvio de conduta ética terá o prazo de até 5 (cinco) dias, a partir da ciência da proposta de TACE,
para se manifestar sobre o interesse em firmá-lo, por intermédio do mesmo canal de comunicação oficial do
Tribunal pelo qual foi contatado.
2º Caso o autor do desvio de conduta ética manifeste interesse em firmar o TACE, o Presidente do colegiado
determinará que a unidade de apoio o lavre e providencie o que for necessário para a assinatura do documento.
3º Se o autor do desvio de conduta ética não se pronunciar no prazo fixado ou manifestar desinteresse em firmar
o TACE, o colegiado converterá a apuração preliminar em procedimento de apuração ética ou, caso este já esteja
em curso, dar-lhe-á continuidade.

Notícias:

Art. 21. Os destinatários deste Código deverão comunicar os potenciais desvios de conduta ética para apuração
do COGEI ou da CEAMS como noticiantes que tenham sido prejudicados por esses comportamentos, que os
tenham presenciado ou que deles tenham tido conhecimento.
1º As notícias serão tratadas sigilosamente desde a apresentação até o desfecho da apuração sobre o potencial
desvio de conduta ética.
2º As notícias sobre potenciais crimes contra a Administração Pública deverão ter tratamento prioritário.

Art. 22. As notícias sobre potenciais desvios de conduta ética - praticados por ou contra qualquer dos
destinatários deste Código, ou contra a Administração Pública - podem se referir a:
I - fraude;
II - corrupção;
III - discriminação;
IV - assédios moral, organizacional ou sexual;
V - retaliação;
VI - exercício de atividade por outrem que configure conflito de interesses;
VII - outros comportamentos que contrariem os valores e as condutas adequadas, ou se enquadrem como
condutas inadequadas, previstos neste Código.

97
Proteção ao noticiante:

Art. 41. O noticiante de desvios de conduta ética deverá ter seus dados pessoais protegidos, e sua identidade
apenas será conhecida em caso de relevante interesse público ou de interesse concreto para a apuração dos
fatos, ou, se caracterizada a má-fé, para a adoção das medidas cabíveis.
1º A revelação da identidade do noticiante de boa-fé somente será efetivada mediante consulta prévia a este e
manifestação formal de que concorda com a retirada da proteção de seus dados pessoais.
2º O noticiante que, de má-fé, apresentar notícia falsa com o intuito de prejudicar, ofender ou causar danos a
outrem responderá por seus atos no âmbito administrativo, aqui compreendidas a esfera disciplinar e a ética,
além de poder vir a ser responsabilizado civil e penalmente.
3º O prejudicado pela notícia falsa será orientado a encaminhar notícia-crime sobre a eventual ocorrência de
denunciação caluniosa à autoridade policial ou ao Ministério Público.

Rede de Acolhimento:

Art. 38. A Rede de Acolhimento é responsável por prestar o suporte humanizado ao noticiante de assédios
moral, organizacional ou sexual, ou de discriminação, que faça parte do público interno do Tribunal por meio da
escuta, da orientação e do acompanhamento a ele oferecidos.
Parágrafo único. O suporte da Rede poderá ser realizado antes da remessa da notícia à CEAMS, durante a
apuração desta ou mesmo após o seu encerramento, quando for necessário.

Art. 39. A Rede de Acolhimento somente encaminhará a notícia de potencial assédio ou discriminação para ser
apurada pela CEAMS se autorizada pelo noticiante.

Recursos:

Art. 44. Os recursos contra as decisões da CEAMS serão dirigidos ao COGEI, e os interpostos contra as decisões
do Comitê, ao próprio Comitê.
1º O prazo para interpor o recurso é de 30 (trinta) dias corridos, contados da ciência da decisão.
2º O recurso contra decisão da CEAMS será distribuído no COGEI para relator diverso do membro que funcionou
com relator naquela.
3º O recurso contra decisão do COGEI será distribuído a relator diverso do original.

Disposições finais:

Art. 45. Os desvios de conduta ética que constituam violação aos deveres previstos na Constituição Federal, na
Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e na Lei 8.429, de 2 de junho de 1992, deverão ser encaminhados para
apuração pelas devidas instâncias.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO UTILITARISMO:


O “bem” é definido como sendo o bem-estar. Diz-se que o objetivo
PRINCÍPIO DO BEM-ESTAR
pesquisado em toda ação moral se constitui pelo bem-estar que ela tem
MÁXIMO
potencialidade para promover;

As consequências de uma ação são a única base permanente para julgar


sua moralidade. O utilitarismo não se interessa desta forma pelos
impulsos morais, mas pelas ações efetivamente praticadas. Há uma
CONSEQUENCIALISMO
dissociação entre a causa (o agente) e as consequências do ato. Em
outras palavras, é indiferente se o agente é generoso, interessado ou
sádico, pois são as consequências do ato que são morais.

98
O que se leva em conta é o saldo líquido (quantidade global) de bem-
estar de todos os indivíduos afetados pela ação, independentemente da
distribuição deste saldo (ou seja, qualquer que seja a repartição desta
quantidade). Sendo assim, é considerado válido atingir o bem-estar de
PRINCÍPIO DA AGREGAÇÃO
uma minoria, a fim de aumentar o bem-estar geral. Esta possibilidade de
sacrifício se baseia na ideia de compensação: a desgraça de uns é
compensada pelo bem-estar da maioria. Se o saldo de compensação for
positivo, a ação é julgada moralmente boa.

O utilitarismo exige a maximização do bem-estar geral, o que não se


PRINCÍPIO DE OTIMIZAÇÃO
apresenta como algo facultativo, mas sim como um dever.

Os prazeres e sofrimentos são considerados da mesma importância,


IMPARCIALIDADE E quaisquer que sejam os indivíduos afetados. O bem-estar de cada um
UNIVERSALISMO tem o mesmo peso dentro do cálculo do bem-estar geral. Este princípio
é compatível com a possibilidade de sacrifício.

O que chamamos hoje de pragmatismo jurídico consiste na revivescência de um movimento preponderante na


esfera jurídica norte-americana do início do século XX, o Realismo Jurídico (também conhecido como
Jurisprudência Sociológica).

Esta escola teórica teve entre seus principais idealizadores Roscoe Pound, Benjamin Cardozo e Oliver Wendell
Holmes – sendo os dois últimos juízes da Suprema Corte em atividade naquele momento.
Essa corrente introduz um conceito de direito puramente instrumental, baseado em três as características
fundamentais:

Toda e qualquer proposição jurídica deve ser julgada a partir de sua


CONTEXTUALISMO conformidade com as necessidades e os aspectos fáticos da sociedade
para a qual ela terá aplicação
Toda e qualquer proposição deve ser testada hipoteticamente, com a
CONSEQUENCIALISMO
antecipação de suas consequências e resultados possíveis
Consiste na rejeição de quaisquer espécies de entidades metafísicas,
conceitos abstratos, categorias apriorísticas, princípios perpétuos,
ANTI-FUNDACIONALISMO
instâncias últimas, entes transcendentais e dogmas, entre outros tipos
de fundações possíveis ao pensamento.

Pode-se então afirmar que os juízes operam com um método comparativo-consequencialista. Vale dizer, eles
avaliam comparativamente diversas hipóteses de resolução de um caso concreto tendo em vista as suas
consequências. De todas as possibilidades de decisão, projetará de forma hipotética as consequências, e, do
confronto destas, escolherá a que lhe parecer melhor.

A melhor decisão, para o pragmatista, é aquela que melhor corresponder às necessidades humanas e sociais,
tendo em vista as possibilidades fáticas (realidade social). Contudo, essa realidade social não lhe limita de todo,
pois é ele compelido a nela intervir, criando, com suas decisões, verdadeiras políticas públicas.

Por isso, ele não se encontra fechado dentro do sistema jurídico. Além das tradicionais fontes do direito os
juízes devem se valer também, por exemplo, de considerações de ordem econômico e política.

Em razão disso, o pragmatismo jurídico muitas vezes apresenta-se como uma teoria do ativismo judicial, uma
vez que em seu âmbito o que confere validade para as normas passa a ser a aplicação que o juiz delas faz.

99
EFICIÊNCIA PROCESSUAL – VALOR ESPERADO E DEMANDAS FRÍVOLAS
Os arranjos possíveis na dinâmica do andamento processual são reflexos de muitas variáveis, especialmente
que afetam as preferências das partes litigantes: iniciar ou não uma disputa judicial; realizar ou não um acordo
antes do julgamento; revelar ou não determinada informação; recorrer ou não da decisão proferida, etc.12
No trilhar do posicionamento da Análise Econômica do Direito, a utilização do processo judicial deve primar
pela satisfação de metas de ordem econômica: diminuir os custos envolvidos na deflagração de um processo
e minimizar a quantidade de erros nas decisões judiciais.
Posner denomina os custos principais envolvidos no ajuizamento de uma ação como custos sociais do processo
judicial, os quais são subdivididos em custos diretos e custos de erros.
Os custos diretos, também denominados custos administrativos ou imediatos, referem-se ao montante
pecuniário a ser dispendido com o ajuizamento do processo judicial, o qual envolve, exemplificadamente, a
quantia referente à contratação do advogado, às custas judiciárias e despesas para a produção de provas. Em
suma, é dispêndio para a utilização do instrumental processual disponível.
Diante desse contexto, temos que as demandas frívolas são aquelas cuja motivação está vinculada a
fundamentos jurídicos de baixa probabilidade de aceitação como fator autorizador do resultado que se
pretende alcançar com o processo judicial.
Para evitar que se apresentem demandas de baixa probabilidade de êxito, o pagamento dos custos do processo
tende a ser um robusto óbice ao ajuizamento, assim como a interposição de recursos e outros instrumentos
intermediários protelatórios. Ainda, como desestímulo a práticas protelatórias, têm-se as sanções processuais,
como a multa por litigância de má-fé (art. 14, CPC).
As partes conflituosas, assim, devem analisar o seu contexto e, diante das variadas probabilidades de escolha
de solução da celeuma, devem decidir pela que atingirá o objetivo de minimizar os custos diretos e o custo das
decisões judiciais equivocadas. É o que se denomina de racionalidade individual, que indica que o indivíduo
somente escolherá determinada alternativa se verificar que será beneficiado do modo esperado ou, ainda, a
mais do que suas expectativas, se comparada à utilidade que perceberá se optar por outra escolha.
Aqui, então, surgem outros fatores vinculados aos custos sociais do processo e que são relevantes à Análise
Econômica do Processo: a perspectiva de benefício (que é a probabilidade de se alcançar o valor envolvido em
uma lide) e a chance de sucesso. Tais fatores oferecem o que se denomina valor esperado da demanda (VED),
calculado a partir do produto entre o valor envolvido (B) e a chance de êxito (V), reduzidos os custos sociais do
processo (CS).

LEI DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (LEI Nº 11.697/08)

1. COMPOSIÇÃO DA JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (ARTS. 1º A 3º):

12
Grazielly Alessandra Baggenstoss. BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ANÁLISE ECONÔMICA DO PROCESSO JUDICIAL.
Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=363b688b0469919e

100
Tribunal de Justiça

Conselho Especial

Conselho da Magistratura

Justiça do DFT Tribunais do Júri

Juízes de Direito do Distrito


Federal e dos Territórios

Juízes de Direito Substitutos


do Distrito Federal

Auditoria e o Conselho de
Justiça Militar

2. COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (ART. 4º A 7º)

O Tribunal de Justiça, com sede na Capital Federal, compõe-se de 48 (QUARENTA E OITO) DESEMBARGADORES
e exerce sua jurisdição no Distrito Federal e nos Territórios.

TJDFT 48 Desembargadores

Presidente, o Primeiro Vice-Presidente, o Segundo Vice-Presidente e o Corregedor = para um período de 2


(dois) anos, VEDADA A REELEIÇÃO.

Art. 5º (...)
§ 1º Vagando os cargos de Presidente, Primeiro e Segundo Vice-Presidentes ou Corregedor, realizar-se-á nova
eleição para completar o mandato, salvo se faltarem menos de 6 (seis) meses para o seu término, caso em que
a substituição do Presidente será feita pelo Primeiro e Segundo Vice-Presidentes, sucessivamente, e a destes
ou do corregedor pelo desembargador mais antigo, observado o disposto no parágrafo único do art. 102 da Lei
Complementar no 35, de 14 de março de 1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
§ 2º A eleição do Segundo Vice-Presidente proceder-se-á somente quando da composição total do número de
desembargadores definido no art. 4o desta Lei.

Não poderão ter assento na mesma Turma ou Câmara do Tribunal de Justiça desembargadores cônjuges ou
parentes em linha reta ou colateral, inclusive por afinidade, até o 3º (terceiro) grau (art. 7º).

3. PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DFT (ART. 8º)

I – processar e julgar originariamente:

101
a) nos crimes comuns e de responsabilidade, os Governadores dos Territórios, o Vice-Governador do Distrito
Federal e os Secretários dos Governos do Distrito Federal e dos Territórios, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
b) nos crimes comuns, os Deputados Distritais, e nestes e nos de responsabilidade, os Juízes de Direito do
Distrito Federal e dos Territórios, os Juízes de Direito Substitutos do Distrito Federal e dos Territórios, ressalvada
a competência da Justiça Eleitoral;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra atos do Presidente do Tribunal e de qualquer de seus
órgãos e membros, do Procurador-Geral da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, dos Juízes do Distrito
Federal e dos Territórios, do Governador do Distrito Federal, dos Governadores dos Territórios, do Presidente
do Tribunal de Contas do Distrito Federal e de qualquer de seus membros, do Procurador-Geral do Distrito
Federal e dos Secretários de Governo do Distrito Federal e dos Territórios;
d) os habeas corpus, quando o constrangimento apontado provier de ato de qualquer das autoridades indicadas
na alínea c deste inciso, exceto o Governador do Distrito Federal;
(...)
n) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face de sua Lei Orgânica;
o) a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face de sua Lei
Orgânica;
(...)
II – julgar as argüições de suspeição e impedimento opostas aos magistrados e ao Procurador-Geral de Justiça;
III – julgar os recursos e remessas de ofício relativos a decisões proferidas pelos Juízes de Direito do Distrito
Federal e dos Territórios;
(...)
VII – aplicar as sanções disciplinares aos magistrados; decidir, para efeito de aposentadoria, sobre sua
incapacidade física ou mental, bem como quanto à disponibilidade e à remoção compulsória de Juiz de Direito;
(...)
X – elaborar lista tríplice para o preenchimento das vagas correspondentes ao quinto reservado aos advogados
e membros do Ministério Público, bem como para a escolha dos advogados que devem integrar o Tribunal
Regional Eleitoral do Distrito Federal, observado o disposto no inciso III do art. 120 da Constituição Federal;
XI – eleger os desembargadores e juízes de direito que devam integrar o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito
Federal;
(...)
XIV – promover o pedido de Intervenção Federal no Distrito Federal ou nos Territórios, de ofício ou mediante
provocação;
(...)
XXIV – designar, sem prejuízo de suas funções, até 2 (dois) Juízes de Direito para Assistentes da Presidência do
Tribunal e até 4 (quatro) Juízes de Direito para Assistentes do Corregedor de Justiça, a eles podendo ser
delegadas funções correicionais em cartórios judiciais e Serviços Notariais e de Registro.

Legitimados para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade no TJDFT:

Governador do Distrito Federal;


Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
Procurador-Geral de Justiça;
Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal;
Entidades sindicais ou de classe, de atuação no Distrito Federal, demonstrando que a pretensão por elas
deduzida guarda relação de pertinência direta com os seus objetivos institucionais;
Partidos políticos com representação na Câmara Legislativa.

Legitimados para propor Ação Declaratória de Constitucionalidade no TJDFT:

Governador do Distrito Federal;

102
Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
Procurador-Geral de Justiça.

Art. 8º
(...)
§ 4º Aplicam-se ao processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios as seguintes disposições:
I – o Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade;
II – declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma da Lei Orgânica do
Distrito Federal, a decisão será comunicada ao Poder competente para adoção das providências necessárias e,
tratando-se de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 (trinta) dias;
III – somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou de seu órgão especial, poderá o Tribunal de
Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Distrito Federal ou suspender a vigência
em decisão de medida cautelar.
§ 5º Aplicam-se, no que couber, ao processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Distrito Federal, em face da sua Lei Orgânica, as normas sobre o processo e o julgamento da ação
direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

4. PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO NO DISTRITO FEDERAL

Art. 16. A Magistratura de Primeiro Grau do Distrito Federal compõe-se de Juízes de Direito e Juízes de Direito
Substitutos.

Art. 17. A Justiça de Primeiro Grau do Distrito Federal compreende as Circunscrições Judiciárias com o respectivo
quantitativo de Varas definido no Anexo IV desta Lei.

5. DA VARA DE EXECUÇÃO DE TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS E DE CONFLITOS ARBITRAIS

Art. 25-A. Compete ao juiz da Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e de Conflitos Arbitrais: (Incluído pela
Lei nº 13.850, de 2019)
I - o processamento e o julgamento das execuções de títulos extrajudiciais, inclusive quando figurar como parte
qualquer das pessoas jurídicas referidas no art. 35 desta Lei, ressalvada a competência da Vara de Execução
Fiscal do Distrito Federal; (Incluído pela Lei nº 13.850, de 2019)
II - o processamento e o julgamento dos embargos do devedor, dos embargos de terceiro, das cautelares, dos
processos incidentes e dos incidentes processuais relacionados às execuções de títulos extrajudiciais; (Incluído
pela Lei nº 13.850, de 2019)
III - o processamento e o julgamento das ações decorrentes da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de
Arbitragem), ressalvadas as questões falimentares de competência da Vara de Falências, Recuperações Judiciais,
Insolvência Civil e Litígios Empresariais do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 13.850, de 2019)

6. JUSTIÇA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

Art. 36. A Justiça Militar do Distrito Federal será exercida:


I – pelo Tribunal de Justiça em segundo grau;
II – pelo Juiz Auditor e pelos Conselhos de Justiça.
§ 1o Compete à Justiça Militar o processo e o julgamento dos crimes militares, definidos em lei, praticados por
Oficiais e Praças da Polícia Militar do Distrito Federal e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

103
§ 2o Os feitos de competência da Justiça Militar serão processados e julgados de acordo com o Decreto-Lei no
1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar e, no que couber, respeitada a competência
do Tribunal de Justiça, pela Lei de Organização Judiciária Militar (Decreto-Lei no 1.003, de 21 de outubro de
1969).

7. JUÍZES DE DIREITO

Art. 45. Aos Juízes de Direito cabe, além de processar e julgar os feitos de sua competência:
I – inspecionar os serviços cartorários, informando, semestralmente, ao Corregedor o resultado das inspeções;
II – aplicar aos servidores que lhes sejam subordinados penalidades disciplinares que não excedam a 30 (trinta)
dias de suspensão;
III – indicar servidores para substituição eventual de titulares;
IV – indicar à nomeação o cargo e as funções comissionadas da respectiva Secretaria.

Art. 50. Aplicam-se aos magistrados do Distrito Federal e dos Territórios as normas da Constituição Federal, da
Lei Orgânica da Magistratura Nacional, desta Lei e, subsidiariamente, as do Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União.

Art. 51. As nomeações e promoções de Juízes de Direito e Substitutos serão feitas pelo Presidente do Tribunal,
mediante prévia indicação do Tribunal de Justiça.

8. PROVIMENTO DOS CARGOS NA CARREIRA DA MAGISTRATURA (ART. 52)

O ingresso na Carreira da Magistratura dar-se-á nos cargos de Juiz de Direito Substituto do Distrito Federal ou
de Juiz de Direito dos Territórios e dependerá de concurso de provas e títulos realizado pelo Tribunal de Justiça,
com a participação do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do lugar em que se realizarem as
provas

Requisitos:

Ser brasileiro no gozo dos direitos civis e políticos;


Estar quite com o serviço militar;
Ser Bacharel em Direito, graduado em estabelecimento oficial ou reconhecido;
Ter exercido durante 3 (três) anos, no mínimo, no último qüinqüênio, advocacia, magistério jurídico em nível
superior ou qualquer função para a qual se exija diploma de Bacharel em Direito;
Ter mais de 25 (vinte e cinco) e menos de 50 (cinqüenta) anos de idade, salvo quanto ao limite máximo, se for
magistrado ou membro do Ministério Público;
Ser moralmente idôneo.

9. DESEMBARGADORES (ART. 55)

O provimento de cargo de Desembargador far-se-á por promoção de Juiz de Direito do Distrito Federal, por
antigüidade e merecimento alternadamente, reservado 1/5 (um quinto) de lugares, que será preenchido por
membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e advogados em efetivo exercício da profissão.

104
Os lugares reservados a membros do Ministério Público ou da
Ordem dos Advogados do Brasil serão preenchidos dentre aqueles
de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10
(dez) anos de efetiva atividade profissional, indicados em LISTA
SÊXTUPLA pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Recebidas as indicações, o Tribunal formará LISTA TRÍPLICE,


enviando-a ao Poder Executivo, que, nos 20 (vinte) dias
subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para
nomeação.

A indicação de membro do Ministério Público e de advogado


será feita de modo a resguardar a igualdade de representação
das 2 (duas) categorias e observar-se-á o critério de
alternatividade, iniciando-se por advogado.

10. SERVIÇOS AUXILIARES

Art. 64. Os serviços auxiliares da Justiça serão executados:


I – pelos servidores do Quadro do Tribunal de Justiça em exercício nas Secretarias e nos Ofícios Judiciais;
II – pelos servidores dos Serviços Notariais e de Registro.
Art. 65. São Ofícios Judiciais os Cartórios dos diversos Juízos, os Serviços de Contadoria-Partidoria, de
Distribuição e os Depósitos Públicos.

11. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES

Art. 76. Aos servidores do Quadro do Tribunal de Justiça aplica-se o Regime Jurídico dos Servidores Públicos
Civis da União, observado, também, o ordenamento jurídico que regulamenta o Plano de Cargos e Salários dos
Servidores Públicos do Poder Judiciário Federal.

REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS13

1. COMPOSIÇÃO DO TJDFT:

Art. 1º O Tribunal de Justiça, com sede na Capital Federal, compõe-se de quarenta e oito desembargadores e
exerce sua jurisdição no Distrito Federal e nos Territórios Federais. (Redação dada pela Emenda Regimental nº
1, de 2016)

Art. 2º O Tribunal funciona:


I - EM SESSÕES:
a) do Tribunal Pleno;
b) do Conselho Especial;
c) do Conselho da Magistratura;
d) da Câmara de Uniformização;
e) das Câmaras especializadas;
f) das Turmas especializadas.

13
https://www.tjdft.jus.br/publicacoes/regimentos/regimento-interno-do-tjdft

105
II - em reuniões das comissões permanentes ou temporárias.
Parágrafo único. O Tribunal possui três Câmaras especializadas - duas cíveis e uma criminal - e onze Turmas -
oito cíveis e três criminais. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 1, de 2016)

Tribunal Pleno

Conselho
Especial

Conselho da
Magistratura
Sessões do
TJDFT
Câmara de
Uniformização

Câmaras
Especializadas

Turmas
Especializadas

Art. 4º O Presidente do Tribunal, o Primeiro Vice-Presidente, o Segundo Vice-Presidente e o Corregedor da


Justiça são eleitos pelo Tribunal Pleno entre os seus membros, nos termos definidos neste Regimento.
§ 1º O Presidente, o Primeiro Vice-Presidente, o Segundo Vice-Presidente e o Corregedor da Justiça compõem
a Administração Superior e integram o Conselho Especial e o Conselho da Magistratura, sem exercerem, no
primeiro, as funções de relator ou de revisor. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 16, de 2020)

Art. 7º O Conselho Especial compõe-se de VINTE E UM membros e é


presidido pelo Presidente do Tribunal. (Redação dada pela Emenda
Regimental nº 1, de 2016)
§ 1º Integram o Conselho Especial: (Redação dada pela Emenda
Regimental nº 15, de 2019)
CONSELHO ESPECIAL I - os onze desembargadores mais antigos, entre eles o Presidente do
Tribunal, o Primeiro Vice-Presidente, o Segundo Vice-Presidente e o
Corregedor da Justiça; (Redação dada pela Emenda Regimental nº 1,
de 2016)
II - dez desembargadores eleitos pelo Tribunal Pleno. (Redação dada
pela Emenda Regimental nº 1, de 2016)
Art. 14. O Conselho da Magistratura é integrado pelo Presidente do
CONSELHO DA MAGISTRATURA Tribunal, pelo Primeiro Vice-Presidente, pelo Segundo Vice-
Presidente e pelo Corregedor da Justiça.
Art. 17. A Câmara de Uniformização é integrada pelo desembargador
CÂMARA DE UNIFORMIZAÇÃO mais antigo das Turmas Cíveis, que a presidirá, e pelos dois
desembargadores mais antigos de cada uma delas.
Art. 19. A Primeira e a Segunda Câmara Cível serão integradas pelos
CÂMARAS ESPECIALIZADAS componentes das oito Turmas Cíveis; a Câmara Criminal, pelos
componentes das três Turmas Criminais. (Redação dada pela Emenda
Regimental nº 1, de 2016)

106
Art. 24. Cada Turma compõe-se de QUATRO desembargadores e
TURMAS ESPECIALIZADAS
reunir-se-á na presença de, no mínimo, três julgadores.

Juízes Substitutos de Segundo Grau:

Art. 64. Os juízes de direito substitutos de segundo grau integram classe especial da magistratura de primeiro
grau e exercerão atividade exclusivamente jurisdicional no auxílio aos órgãos de segundo grau e na substituição
de desembargadores.

2. JULGAMENTO ELETRÔNICO:

Art. 122. Poderão ser julgados por meio eletrônico os recursos e os processos de competência originária.
(Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
Art. 123. As partes serão intimadas do julgamento eletrônico e poderão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
apresentar memoriais ou objeção à forma de julgamento. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de
2016; Retificação em 12/09/2016)
Parágrafo único. Será excluído do julgamento eletrônico o processo em relação ao qual for manifestada
discordância por qualquer das partes.
Art. 124. O julgamento eletrônico será feito mediante aplicativo próprio e observará o seguinte procedimento:
I - o relator enviará seu voto aos demais membros do colegiado integrantes do quorum de julgamento;
II - no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis a partir do recebimento do voto do relator, os demais
desembargadores compartilharão seu voto de adesão ou de divergência; (Redação dada pela Emenda
Regimental nº 3, de 2016; Retificação em 12/09/2016)
III - caso não seja observado o prazo de que trata o inciso anterior, o relator poderá incluir o processo em pauta
para julgamento presencial;
IV - persistindo a divergência, poderá o processo ser apreciado em sessão presencial mediante inclusão em
pauta. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
§ 1º. Concluído o julgamento e lavrado o acórdão, a ementa será publicada no diário de justiça eletrônico no
prazo máximo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
§ 2º. Ato da Presidência regulamentará os procedimentos a serem adotados para implementação do julgamento
virtual. (Incluído pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)

3. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR RELATIVO A MAGISTRADOS

Competência para promover o PAD:


• Presidente do TJDFT = processo contra desembargadores
• Corregedor de Justiça = processo contra magistrados de 1º grau

107
Acusado presta Instauração do
Representação ou Submete ao
informações em 5 PAD por maioria
Sindicância Conselho Especial
dias absoluta

Citação do Intimação do MP
Defesa Prévia em
Instrução acusado e defesa (manifestação em
15 dias
em 5 dias 5 dias)

Razões finais em Sessão de Imposta punição


Sustentação Oral
10 dias (MP e Julgamento no pelo voto da
por 15 minutos
acusado) Conselho Especial maioria absoluta

Art. 410. O Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, e o Corregedor da Justiça, no caso de


magistrados de primeiro grau, deverão promover, mediante procedimento preliminar, a apuração de falta
disciplinar de que tiverem ciência.

Art. 411. Qualquer pessoa poderá noticiar falta disciplinar cometida por magistrado, exigindo-se representação
por escrito, com confirmação de autenticidade, a identificação e o endereço do denunciante.
§ 1º O procedimento será arquivado de plano pelo Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, ou
pelo Corregedor da Justiça, no caso de magistrados de primeiro grau, quando o fato narrado não configurar
infração disciplinar ou ilícito penal.
§ 2º Não sendo o caso de arquivamento de plano, o magistrado será intimado para prestar informações no prazo
de 5 (cinco) dias.
§ 3º Poderá ainda o Presidente do Tribunal ou o Corregedor da Justiça instaurar sindicância investigativa,
permitido ao sindicado o seu acompanhamento.
§ 4º Após as informações ou a conclusão da sindicância, se for o caso, a representação poderá ser arquivada
pelo Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, ou pelo Corregedor da Justiça, no caso de
magistrados de primeiro grau, quando não se verificar a existência de indícios de materialidade ou de autoria
de infração disciplinar.
§ 5º Das decisões unipessoais caberá RECURSO AO CONSELHO ESPECIAL, no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 412. Não sendo o caso de arquivamento, o Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, e o
Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, submeterá a acusação ao Conselho Especial.
§ 1º Antes da deliberação do Conselho Especial será concedido ao magistrado prazo de 15 (quinze) dias para a
DEFESA PRÉVIA, contado da data de entrega de cópia do teor da acusação e das provas existentes, que lhe será
remetida pelo Presidente do Tribunal, mediante ofício, nas 48 (quarenta e oito) horas imediatamente seguintes
à apresentação da acusação.
(...)

Art. 413. Determinada a instauração de processo disciplinar, pela MAIORIA ABSOLUTA dos membros do
Conselho Especial, o acórdão respectivo será acompanhado de portaria, assinada pelo Presidente, que conterá
a imputação dos fatos e a delimitação do teor da acusação.

108
Art. 414. Na oportunidade em que decidir pela abertura do processo disciplinar, o Conselho Especial, pela
maioria absoluta de seus membros, deliberará sobre o afastamento do magistrado, até decisão final ou por
prazo determinado, assegurado o subsídio integral.

Art. 415. O relator sorteado determinará a intimação do Ministério Público para manifestação no prazo de 5
(cinco) dias e, posteriormente, a citação do magistrado para apresentar defesa em 5 (cinco) dias,
encaminhando-lhe cópia do acórdão do Conselho Especial.

Art. 416. Observado o disposto no artigo anterior, o relator decidirá sobre a produção de provas requeridas pelo
acusado e determinará as que de ofício entender necessárias, podendo delegar poderes a juiz de direito para
produzi-las.

Art. 417. Finda a instrução, o Ministério Público e o magistrado acusado – ou o respectivo defensor – terão vista
dos autos por 10 (dez) dias, sucessivamente, para razões finais.

Art. 418. Na sessão de julgamento, depois do relatório e da sustentação oral, pelo prazo de quinze minutos para
cada parte, serão colhidos os votos e somente poderá ser IMPOSTA PUNIÇÃO ao magistrado pelo voto da
maioria absoluta dos membros do Conselho Especial.

Art. 422. O processo administrativo terá o PRAZO DE 140 (CENTO E QUARENTA) DIAS PARA SER CONCLUÍDO,
prorrogável, quando imprescindível para o término da instrução e houver motivo justificado, mediante
deliberação do Conselho Especial, por MAIORIA SIMPLES.

São penas disciplinares aplicáveis aos magistrados do Distrito Federal e dos Territórios (art. 423):

ADVERTÊNCIA;
CENSURA;
REMOÇÃO COMPULSÓRIA;
DISPONIBILIDADE;
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA;
DEMISSÃO.

As penas de advertência e de censura são aplicáveis aos magistrados de primeiro grau = não se aplicarão aos
desembargadores, não se incluindo, nesta exceção, os juízes de direito substitutos de segundo grau e os juízes
de direito convocados para o Tribunal.

O Conselho Especial poderá determinar, de forma justificada e por motivo de interesse público, a remoção
compulsória, a disponibilidade ou a aposentadoria compulsória do magistrado, nas seguintes hipóteses:

Art. 425 (...)


§ 1º O magistrado será removido compulsoriamente, por interesse público, quando o exercício das respectivas
funções for incompatível com a atuação no órgão fracionário ou no juízo em que estiver localizado.
§ 2º O magistrado será posto em disponibilidade com subsídios proporcionais ao tempo de serviço, por interesse
público, quando a gravidade das faltas não justificar a aplicação de pena de censura ou de remoção compulsória.
§ 3º O magistrado será aposentado compulsoriamente, por interesse público, quando:
I - mostrar-se manifestamente negligente no cumprimento de seus deveres;
II - proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo;
III - demonstrar capacidade insuficiente de trabalho ou apresentar conduta funcional incompatível com o bom
desempenho das atividades do Poder Judiciário.

Ao juiz não vitalício será aplicada pena de demissão em caso de (art. 428):
109
I - falta que derive da violação às proibições contidas na Constituição da República e nas leis;
II - manifesta negligência no cumprimento dos deveres do cargo;
III - procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções;
IV - insuficiente capacidade de trabalho;
V - procedimento funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário.

Do aproveitamento do magistrado em disponibilidade:

Art. 428-A. O magistrado posto em disponibilidade em razão de processo disciplinar somente pode pleitear o
seu aproveitamento decorridos dois anos do afastamento. (NR) (Incluído pela Emenda Regimental nº 14, de
2019)

Art. 428-B. O aproveitamento de magistrado em disponibilidade pode ser proposto por qualquer
desembargador do TJDFT, independentemente da aquiescência do magistrado, desde que de modo
fundamentado. (Incluído pela Emenda Regimental nº 14, de 2019)

4. APURAÇÃO DE FATO DELITUOSO IMPUTADO A MAGISTRADO

Art. 429. A notícia que contenha indícios de prática de infração penal por parte de magistrado de primeiro grau
será encaminhada ao Corregedor da Justiça, que decidirá acerca de instauração de inquérito. Art. 430.
Instaurado inquérito, competirá ao Corregedor da Justiça presidi-lo.

Art. 431. Distribuído o inquérito, o relator abrirá vista, por 15 (quinze) dias, ao Procurador-Geral de Justiça, que
poderá requerer diligências complementares, arquivamento, ou oferecer denúncia.

Art. 432. Verificada a existência de falta punível com pena disciplinar, o relator encaminhará cópia dos autos ao
Corregedor da Justiça para as providências cabíveis.

5. PROCEDIMENTO DE ACOMPANHAMENTO DE ESTÁGIO PROBATÓRIO

Art. 440. A partir da entrada em exercício, o juiz de direito substituto ficará sujeito ao estágio probatório pelo
período de DOIS ANOS, durante o qual a Comissão de Acompanhamento de Estágio Probatório avaliará,
semestralmente, as condições pessoais e a capacidade para o desempenho das funções inerentes ao cargo.
§ 1º O juiz de direito substituto que for promovido durante os dois primeiros anos de exercício do cargo
continuará submetido ao estágio probatório para vitaliciamento.
§ 2º Se o Corregedor da Justiça propuser ao Conselho Especial instauração de processo administrativo, o
procedimento previsto no caput será imediatamente iniciado. No caso de arquivamento, o acompanhamento
do estágio probatório retomará o curso normal.

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO14

#TABELINHA comparativa dos tributos que se submetem à anterioridade e noventena

14
Por Thais Sponchiado Cavallieri

110
Anterioridade Noventena

II Não Não

IE Não Não

IPI Não Sim

IOF Não Não

IR Sim Não

IPTU (BC) Sim Não

IPVA (BC) Sim Não

IEG Não Não

Empréstimos compulsórios Não Não

ICMS-combustíveis Não (redução e restab.) Sim

CIDE-combustíveis Não (redução e restab.) Sim

Contribuição de seg. social Não Sim

#DEOLHONAJURIS:

A instituição de hipótese de substituição tributária do ICMS, imputando-se a estabelecimento atacadista o


dever de recolhimento do tributo em relação às operações subsequentes, pode ser feita por meio de lei
ordinária estadual, devidamente regulamentada por decreto. ADI 5702/RS, relator Min. André Mendonça,
julgamento virtual finalizado em 21.10.2022 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1073 - STF)
A redução de alíquota do ICMS requer a comprovação do impacto financeiro e orçamentário, além da
celebração de convênio entre os estados e o Distrito Federal e a demonstração da essencialidade dos bens e
serviços. ADI 6152/MA, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 30.9.2022 (sexta-feira), às
23:59. (Info 1070 - STF)
São inconstitucionais normas estaduais que fixam a alíquota do ICMS para operações de fornecimento de
energia elétrica e serviços de comunicação em patamar superior à cobrada sobre as operações em geral. ADI
7111/PA, ADI 7119/RO, ADI 7122/GO, ADI 7116/MG, ADI 7113/TO, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual
finalizado em 26.8.2022 (sexta-feira), às 23:59. (Info 1065 - STF)
É constitucional resolução do Senado Federal que fixa alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS) aplicável às operações interestaduais com bens e mercadorias importados do exterior. STF.
Plenário. ADI 4858/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/8/2021
(Info 1025).
As operações relativas ao licenciamento ou cessão do direito de uso de “software”, padronizado ou elaborado
por encomenda, pagam ISS (e não ICMS). É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)
sobre o licenciamento ou cessão do direito de uso de programas de computador. STF. Plenário. ADI 5576/SP,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 2/8/2021 (Info 1024).
Incide ISS sobre as operações de venda de medicamentos preparados por farmácias de manipulação sob
encomenda. Incide ICMS sobre as operações de venda de medicamentos por elas ofertados aos consumidores
em prateleira. STF. Plenário. RE 605552, Rel. Dias Toffoli, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – Tema
379) (Info 994 – clipping).
A inadimplência do usuário não afasta a incidência ou a exigibilidade do ICMS sobre serviços de
telecomunicações. As vendas inadimplidas não podem ser excluídas da base de cálculo do tributo, pois a
111
inadimplência do consumidor final — por se tratar de evento posterior e alheio — não obsta a ocorrência do
fato gerador do ICMS-comunicação. STF. Plenário. RE 1003758/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 705) (Info 1017).

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Hipótese
Fato Obrigação Crédito
de
gerador tributária tributário
incidência

A hipótese de incidência é, eventualmente, seguida pelo fato gerador. A obrigação tributária, que surge a partir
do fato gerador, materializada pelo lançamento, pode fazer surgir o crédito tributário.

Hipótese de incidência: é o momento abstrato, previsto em lei, como hábil a deflagrar a relação jurídico-
tributária.

Fato gerador: se a situação prevista na hipótese de incidência ocorre no mundo dos fatos, tem-se o fato gerador.
Assim, fato gerador é a realização material da hipótese de incidência.

Obrigação tributária: trata-se do vínculo que surge a partir da hipótese de incidência associada à ocorrência do
fato gerador.

Crédito tributário: a obrigação tributária se torna exigível quando ocorre o lançamento.

HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA + FATO GERADOR = OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
PRINCIPAL ACESSÓRIA
Surge com a ocorrência do fato gerador. É a imposição de deveres específicos ao contribuinte
para viabilizar o cumprimento da obrigação tributária
principal.
Tem por objeto o pagamento de tributo ou Tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,
penalidade pecuniária. É uma obrigação de dar nela previstas no interesse da arrecadação ou da
(pagar). fiscalização dos tributos. É uma obrigação de fazer ou
de não fazer.

Extingue-se juntamente com o crédito dela A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
decorrente. inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.
Tem que ser instituída por meio de lei em sentido Decorre da legislação tributária (pode ser instituída
formal. por meio de atos infralegais).
Ex: auferir renda, que gera o pagamento do imposto Ex: a entrega da declaração do imposto de renda.
de renda.

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas atividades, rendas, bens ou pessoas não
poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma
limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na própria CF.
112
São espécies de imunidade tributária:

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
Recíproca (art. 150, IV, a, da CF). Dos livros, jornais, periódicos e do papel para sua
impressão (art. 150, IV, d, da CF)
Dos templos de qualquer culto (art. 150, IV, b, da CF) Dos fonogramas e videogramas musicais (art. 150,
IV, e, da CF)
Dos partidos, sindicatos, entidades educacionais e Das entidades beneficentes de assistência social às
assistenciais (art. 150, IV, c, da CF) contribuições de seguridade social (art. 195, § 7º, da
CF)

#DEOLHONAJURIS:

Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço público de abastecimento de água
potável e coleta e tratamento de esgotos sanitários faz jus à imunidade tributária recíproca sobre impostos
federais incidentes sobre patrimônio, renda e serviços. Para a extensão da imunidade tributária recíproca da
Fazenda Pública a sociedades de economia mista e empresas públicas, é necessário preencher 3 (três) requisitos:
a) a prestação de um serviço público; b) a ausência do intuito de lucro e c) a atuação em regime de exclusividade,
ou seja, sem concorrência. STF. Plenário. ACO 3410/SE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2022 (Info
1051).
A imunidade tributária estabelecida no art. 150, VI, “c”, da CF/88 abrange o IOF incidente inclusive sobre
operações financeiras praticadas pelas entidades mencionadas no dispositivo, desde que vinculadas às
finalidades essenciais dessas instituições. A imunidade assegurada pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição da
República aos partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e às
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos da lei, alcança
o IOF, inclusive o incidente sobre aplicações financeiras. STF. Plenário. RE 611510/SP, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 12/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 328) (Info 1012).
Estados-membros, mesmo gozando de imunidade tributária recíproca, devem cumprir as obrigações
tributárias acessórias. A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da Constituição) impede que os entes
públicos criem uns para os outros obrigações relacionadas à cobrança de impostos, MAS NÃO VEDA A
IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. As obrigações acessórias sejam instituídas por meio de atos
infralegais. STF. Plenário. ACO 1098, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Info 980).
Incide a imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal), no caso de contrato de
alienação fiduciária em que pessoa jurídica de direito público figure como devedora. Não incide IPVA sobre
veículo automotor adquirido, mediante alienação fiduciária, por pessoa jurídica de direito público. STF. Plenário.
RE 727851, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 685) (Info 985).
Sociedade de economia mista, cujas ações são negociadas na Bolsa, e que está voltada à remuneração do
capital de seus controladores ou acionistas, não tem direito à imunidade tributária recíproca, mesmo que
preste serviço público. Sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em Bolsas de
Valores, e que, inequivocamente, está voltada à remuneração do capital de seus controladores ou acionistas,
não está abrangida pela regra de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição, unicamente
em razão das atividades desempenhadas. STF. Plenário. RE 600867, Rel. Joaquim Barbosa, Relator p/ Acórdão
Luiz Fux, julgado em 29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 508) (Info 993 – clipping).
As empresas públicas e as sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não
distribuam lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da
imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal, independentemente de
cobrança de tarifa como contraprestação do serviço. STF. Plenário. RE 1320054 RG, Rel. Ministro Presidente,
julgado em 06/05/2021 (Repercussão Geral – Tema 1140)
A imunidade do art. 155, § 2º, X, “b”, da CF/88 restringe-se ao Estado de origem, não abrangendo o Estado de
destino da mercadoria. Segundo o artigo 155, § 2º, X, b, da CF/1988, cabe ao Estado de destino, em sua
totalidade, o ICMS sobre a operação interestadual de fornecimento de energia elétrica a consumidor final, para
emprego em processo de industrialização, não podendo o Estado de origem cobrar o referido imposto. STF.

113
Plenário. RE 748543, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 05/08/2020
(Repercussão Geral – Tema 689) (Info 990 – clipping).

#SELIGANASSÚMULAS:

Súmula Vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis
seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

Súmula Vinculante 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para
fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.

Diferenças entre isenção e imunidade:

Isenção Imunidade

Instituída por Lei Instituída pela Constituição


Regra: autônoma Sempre heterônoma
Exceções: heterônomas para ICMS e ISS nas Tem sempre sede constitucional, não depende da
exportações (controvérsia: previstas em tratados autonomia do ente para concessão (vem da
internacionais) República Federativa e não da União)

DIREITO FINANCEIRO

Conceitos importantes:

RECEITA São as receitas próprias, tributárias, de exploração do patrimônio

DESPESA É o gasto que o Estado realiza em prol da coletividade

Quando o Estado não tem recursos próprios suficientes para atender às despesas
ENDIVIDAMENTO realizadas, deve fazer um endividamento, que são chamadas de operações de
créditos: receitas de terceiros (dívida pública)
PLANEJAMENTO É o orçamento

A iniciativa sobre leis orçamentárias é privativa do Chefe do Executivo, ao contrário da iniciativa para leis sobre
direito tributário, que permitem iniciativa concorrente tanto do Legislativo quanto do Executivo.

Lei complementar disporá sobre finanças públicas (art. 163, inciso I, da CF)

São regulados por lei ordinária (art. 165 CF): PPA, LDO e LOA.

Medida provisória será o instrumento utilizado para a abertura de crédito extraordinário para atender a
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (§
3° do art. 167 da CF).

PRINCÍPIOS:

114
A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita
e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
EXCLUSIVIDADE
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei
O princípio da universalidade estabelece a necessidade de todas as receitas e
UNIVERSALIDADE
despesas estarem previstas na LOA
Necessidade de haver um único orçamento para cada ente da Federação,
UNIDADE
observada a periodicidade anual
Os orçamentos valerão para um único exercício financeiro, que, atualmente,
ANUIDADE
compreende o intervalo entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano
O orçamento não deve conter apenas as estimativas para as receitas e despesas
PROGRAMAÇÃO do próximo exercício financeiro, mas, também, a previsão de objetivos e metas
relacionados à realização das necessidades públicas
Exigência relativa às contas públicas, que deverão apresentar o mesmo
EQUILÍBRIO montante quando se trata de estimar as receitas e as despesas. Dessa forma,
ORÇAMENTÁRIO esse princípio busca a igualdade numérica entre as entradas e saídas da
administração, afastando-se a presença de déficit ou superávit
As receitas e as despesas deverão constar na lei orçamentária pelos seus totais,
ORÇAMENTO BRUTO
vedadas quaisquer deduções
A publicidade é apenas uma das formas de se promover a transparência e, com
isso, permitir a fiscalização das receitas e despesas públicas, visto que só um
TRANSPARÊNCIA
orçamento transparente possibilita o cidadão ficar a par das informações
necessárias ao exercício da fiscalização
É da natureza do imposto não ter a sua receita vinculada a algum Órgão, fundo
NÃO VINCULAÇÃO ou despesa, visto que devem ter os recursos livres para a aplicação, pelo
Executivo, do seu programa de governo, idealizado politicamente
O orçamento não pode ser genérico, estabelecer gastos sem precisão ou valer-
se de termos ambíguos. Deve ser o mais claro possível, com receitas e despesas
ESPECIFICAÇÃO
bem discriminadas, demonstrando o recurso desde a sua origem até a sua
aplicação final.
O gestor público não pode repriorizar as ações governamentais através da
PROIBIÇÃO DO ESTORNO transposição, remanejamento ou transferência de recursos sem prévia
autorização legislativa
É necessário que todo recurso carreado ao Erário, de caráter originário ou
derivado, ordinário ou extraordinário, de natureza orçamentária ou
UNIDADE DE TESOURARIA
extraorçamentária, geral ou vinculado, seja alocado em uma única conta, a fim
de facilitar a sua gerência.

Espécies de Orçamento:

Orçamento tradicional ou clássico Orçamento por programa ou moderno

O processo orçamentário é dissociado dos O orçamento é o elo entre o PLANEJAMENTO e as


processos de planejamento e programação. funções executivas da organização.
A alocação dos recursos visa à aquisição de MEIOS.
Não procurava alcançar resultados, mas apenas
realizar o controle político. Apenas se separava os A alocação de recursos visa à consecução de OBJETIVOS
recursos para as despesas que seriam realizadas. e METAS.
Por conta disso, ele ficou conhecido como “lei de
meios”.

115
As decisões orçamentárias são tomadas tendo em As decisões orçamentárias são tomadas com base em
vista as necessidades das unidades organizacionais. avaliações e análises técnicas das alternativas
Não se indagava o motivo da despesa. possíveis.
A estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos A estrutura do orçamento está voltada para os
CONTÁBEIS de gestão. aspectos ADMINISTRATIVOS e de PLANEJAMENTO.

Principal critério de classificação: FUNCIONAL-


Principais critérios classificatórios: UNIDADES
PROGRAMÁTICO. Classificam-se as despesas por
ADMINISTRATIVAS e ELEMENTOS.
função e por programa.

Não há sistemas de acompanhamento e medição


Utilização sistemática de indicadores e padrões de
do trabalho (indicadores), assim como dos
medição do trabalho e dos resultados.
resultados.

O controle visa avaliar a honestidade dos agentes O controle visa avaliar a eficiência, a eficácia, a
governamentais e a legalidade no cumprimento do efetividade e a economicidade das ações
orçamento. governamentais.

LEIS ORÇAMENTÁRIAS:

Lei de Diretrizes
Lei / Conteúdo Plano Plurianual (PPA) Lei Orçamentária Anual (LOA)
Orçamentárias (LDO)
Apenas receitas e despesas
Desdobramento do orçamento- Metas e prioridades da (exclusividade) e todas as
Em linhas gerais programa Administração receitas e despesas
o
(artigo 165, § 1 , CR) (artigo 165, § 2 , CR) (universalidade). Artigo 165, § 5o,
o

CR
Realização mais direta 3 contas na LOA: orçamento
Mais Define o planejamento das do PPA, orientações fiscal, orçamento de
especificamente atividades governamentais para a elaboração da investimento e orçamento da
LOA Seguridade Social
Programação governamental Metas relativas
pelos próximos 4 anos às despesas, receitas,
Determinação das despesas de dívidas, patrimônio e Compatibilidade com a LDO e,
capital (+ as despesas delas resultado. assim, com o Anexo de Metas
decorrentes) e de durarão (Anexo de Metas Fiscais Fiscais
Providência
continuada – art. 4º, LRF) Reserva de contingência, para
Nenhum investimento que Outro anexo: Anexo de fazer frente ao Anexo de Riscos
ultrapasse 1 ano será realizado Riscos Fiscais (possíveis Fiscais
sem a previsão no PPA (artigo contingências e
167, § 1o, CR) soluções)

PPA LDO LOA


É abstrata. Possui abstração média. É a mais concreta.
Está disciplinada no art. 165, §1º, Está disciplinada no art. 165, §2º, CF Está disciplinada no art. 165,
CF. e no art. 4º da LRF. §5º, CF e no art. 5º da LRF.
Trata-se de lei de vigência de 4 Tem vigência de 1 ano e dispõe
Tem vigência de 1 ano e
anos, estabelecendo os grandes sobre as receitas e as despesas
estabelecerá os objetivos e metas da
objetivos e metas da da Administração neste período
administração durante o ano. Visa
Administração. Estabelece as de um ano (fixação de despesa
tornar o plano plurianual mais
Diretrizes, Objetivos e Metas. e previsão de receita). Fixa os
116
concreto. Estabelece as Metas e orçamentos de investimento,
Prioridades. fiscal e da seguridade social.

DIREITO CONSTITUCIONAL15

CLASSIFICAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988

• Quanto à forma: escrita

• Quanto à sistemática: codificada

• Quanto à origem: democrática

• Quanto à estabilidade: rígida ou super-rígida

• Quanto à identificação das normas: formal

• Quanto à extensão: prolixa

• Quanto à dogmática: eclética

• Quanto à função: dirigente

• Quanto à ontologia: normativa ou nominal (há divergência doutrinária)

O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais é essencial à correta interpretação da Constituição


Federal. É a compreensão da aplicabilidade das normas constitucionais que nos permitirá entender exatamente
o alcance e a realizabilidade dos diversos dispositivos da Constituição. #APOSTACICLOS

A classificação das normas quanto à sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a proposta pelo Prof. José
Afonso da Silva. A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, José Afonso da Silva classifica as normas
constitucionais em três grupos:

15
Por Carolina Byrro

117
Eficácia plena

Norma
Eficácia contida
constitucional
De princípio
institutivo
Eficácia limitada
De princípio
programático

PODER CONSTITUINTE DERIVADO – REVISOR E REFORMADOR #APOSTACICLOSEMDOBRO

Assim como o poder decorrente, o poder constituinte derivado reformador e revisor é limitado,
condicionado e jurídico.

1. PODER REVISOR (artigo 3º, ADCT):


Responsável pela revisão constitucional, esta revisão é uma via extraordinária de alteração da
constituição.

ADCT, art. 3º: “A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.”

O art. 3º, ADCT, trouxe duas limitações para este poder: uma limitação temporal de 5 anos; e uma
limitação formal, relativa ao procedimento a ser adotado.
O único local em que a Constituição Federal de 1988 dispôs sobre sessão unicameral foi no art. 3º, ADCT,
em todos os demais momentos, versa-se sobre sessão bicameral, ou seja, o cômputo dos votos dos membros
do Congresso Nacional é feito separadamente (Câmara dos Deputados e Senado).

Segundo entendimento do STF, NÃO é possível a realização de nova revisão constitucional. Em 1993, foi
realizada a dita revisão constitucional, a qual resultou na elaboração de 6 Emendas Constitucionais de Revisão.
Por ocasião do julgamento da ADI 981, o STF consolidou entendimento no sentido de que, após a realização da
revisão constitucional, a norma do art. 3º do ADCT teve sua APLICABILIDADE ESGOTADA e EFICÁCIA EXAURIDA,
de forma a NÃO ser mais possível nova manifestação do poder constituinte derivado revisor. Ressalte-se ainda
que, neste mesmo julgado, o STF também assentou o entendimento de que a realização da revisão
constitucional, à época, NÃO estava vinculada ao resultado do plebiscito previsto no art. 2º do ADCT.

STF, ADI 981 MC: “Após 5 de outubro de 1993, cabia ao Congresso Nacional deliberar no sentido da
oportunidade ou necessidade de proceder à aludida revisão constitucional, a ser feita uma só vez.”
STF, ADI 1.722 MC: “Ao Poder Legislativo, Federal ou Estadual, não está aberta a via da introdução, no cenário
jurídico, do instituto da revisão constitucional”.

2. PODER REFORMADOR (artigo 60, CF):


Responsável pela reforma da Constituição, esta reforma pode ser definida como a via ordinária de
alteração da constituição.
LIMITES TEMPORAIS: a limitação temporal proíbe a alteração da Constituição durante um determinado
período de tempo, isso ocorre para possibilitar a sedimentação do texto constitucional.
→ No Brasil, a Constituição de 1824 trouxe uma limitação temporal de 4 anos.
118
→ A Constituição Federal de 1988 não trouxe limitação temporal para o Poder Reformador, apenas uma
limitação temporal de 5 anos para o Poder Revisor (art. 3º, ADCT).
#ATENÇÃO #PEGADINHA: NÃO HÁ LIMITAÇÃO TEMPORAL PARA REFORMA DA CF! As bancas sempre tentam
confundir o limite temporal com o limite circunstancial.

REGRA: DIFUSO E CONCRETO (TJ)


CONCENTRADO E ABSTRATO (STF)

EXCEÇÕES: CONCENTRADO E CONCRETO (representação interventiva e MS por parlamentar)


DIFUSO E ABSTRATO (cláusula de reserva de plenário)
#ATENÇÃO #SELIGANODF: E se fosse a Lei Orgânica do Distrito Federal? Cabe ADI no TJDFT contra lei ou ato
normativo distrital que viola a Lei Orgânica do Distrito Federal? SIM. Isso porque prevalece que a Lei Orgânica
do Distrito Federal possui a mesma natureza jurídica de uma Constituição Estadual.
Tribunal de Justiça pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro a Constituição Federal, desde
que seja uma norma de REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA. É constitucional o dispositivo de constituição estadual
que confere ao tribunal de justiça local a prerrogativa de processar e julgar ação direta de constitucionalidade
contra leis e atos normativos municipais tendo como parâmetro a Constituição Federal, desde que se trate de
normas de reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. ADI 5647/AP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
3/11/2021 (Info 1036).

FEDERAÇÃO #APOSTACICLOS

Características:

É um Estado para a comunidade internacional.

Os estados membros são unidos por uma Constituição.

Os membros possuem autonomia. No estado Federal quem tem soberania é a República Federativa (Estado
Federal), nenhum ente que compõe a Federação tem soberania, porém todos os entes possuem autonomia.

É vedado o direito de secessão (é o direito de abandonar, se separar dos demais Estados). Princípio da
indissolubilidade do pacto federativo art. 1º CF
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

As decisões dos órgãos centrais são obrigatórias para todos, numa federação quando o órgão central cria uma
lei estabelecendo normas gerais, estas normas se estiverem dentro da competência da união estas normas
gerais são obrigatórias para todos, todos os entes da federação devem respeitá-las.

Exerce atividades relacionadas a assuntos internos e externos, ou seja, numa federação temos a União
exercendo atividades no plano internacional e atividades no plano nacional.

Os cidadãos possuem a nacionalidade do Estado Federal, ou seja, numa federação só existe uma
nacionalidade. Ex: todos que vivem no Brasil só possuem uma nacionalidade, a brasileira.
A nacionalidade é do país e não dos Estados.

O poder central é dividido em Legislativo, Executivo e Judiciário.

119
Federalismo por agregação: Surge quando estados soberanos cedem uma parcela da sua soberania para
formar um ente único. Existem vários Estados Soberanos esses estados se unem para formar um ente único que
é o estado federal, quando isso ocorre eles têm que ceder uma parcela da sua soberania para o ente principal∕
central. O poder que era soberano passa a ser autônomo. Aqui o poder é deslocado da periferia para o centro
(movimento centrípeto). Ex: Estados Unidos.

Federalismo por segregação: Surge com a descentralização política de um Estado Unitário, ou seja, neste
caso o movimento é inverso (movimento centrífugo), aqui existe um Estado unitário e nele o poder está
concentrado no centro, este poder será dividido entre os Estados Membros. Ex: Brasil.

Federalismo Dualista/Dual: Caracteriza-se por uma repartição horizontal de competências entre a União
e os Estados Membros, ou seja, nessa espécie de federalismo a CF divide de forma equilibrada as competências
entre a União e os Estados. A relação entre a União e Estados é de coordenação, eles se encontram no mesmo
plano∕ patamar. A divisão é feita de maneira rígida, não há interferência de ente com o outro. Este modelo de
Estado Dualista geralmente é dotado pelos Estados Liberais Clássicos, a principal característica destes é o
abstencionismo, ou seja, aquele estado que não intervém nas relações econômicas, sociais e laborais. Ex: EUA
até 1929.

Federalismo de Integração: É exatamente o oposto do Federalismo Dualista. Caracteriza-se pela


repartição vertical de competências nas quais há uma relação de sujeição dos Estados em relação à União, ou
seja, nesta repartição vertical de competências a relação entre a União e os Estados é uma relação de
subordinação (e não coordenação∕ equilíbrio). Os Estados Membros estão submetidos às normas da União. Ex:
Brasil durante a CF de 1967 e 1969.

Federalismo Cooperativo: Caracteriza-se por possuir tanto uma repartição horizontal quanto uma
repartição vertical de competências, sendo estas tuteladas pela União. Não há hierarquia entre as Leis federais
e estaduais. Ex: CF brasileira de 1988; EUA após 1929; CF Alemã.
OBS: No Brasil, há uma descentralização especial, denominada de TRÍPLICE ou de MODELO TRICOTÔMICO:
União, Estados, DF e Municípios. O Brasil reconhece a autonomia dos MUNICÍPIOS, construindo uma Federação
tripartite, um modelo diferente de federalismo – de 3º grau. O Município tem competência nas matérias de
interesse local. Alguns autores afirmam que os municípios não podem ser equiparados aos Estados, têm
autonomia, mas não é a mesma que os Estados.

Subdivisão e desmembramento dos entes federados:


A CF/88 autoriza os Estados incorporarem-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem
a outros ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, desde que observados os seguintes
requisitos/procedimentos:

A população interessada deverá aprovar a formação do novo Estado por meio


de plebiscito, que é condição prévia, essencial e prejudicial à fase seguinte.
Plebiscito Sobre população diretamente interessada, o STF decidiu que envolve a
população de todo o Estado-membro e não a só do território a ser
desmembrado.
Propositura do projeto de lei Sendo favorável o plebiscito, será proposto projeto de lei complementar
complementar perante qualquer das Casas do Congresso Nacional
A Casa perante a qual foi apresentado o projeto de LC deverá proceder com a
Audiência das Assembleias audiência das respectivas Assembleias. O parecer das Assembleias não é
Legislativas vinculativo, ou seja, mesmo que desfavorável, o CN poderá dar continuidade
ao processo de formação de novos Estados

120
Após a manifestação das Assembleias, o projeto seguirá para votação do CN,
demandando maioria absoluta para aprovação. O CN não está obrigado a
Aprovação pelo Congresso
aprovar o projeto de lei, nem o Presidente está obrigado a sancioná-lo. Ambos
Nacional
têm discricionariedade para avaliar a conveniência política mesmo com o
plebiscito favorável

De forma semelhante, autoriza que os Municípios se incorporarem, subdividiam-se ou desmembrem-se


para se anexarem a outros ou formarem novos Municípios, observado os seguintes requisitos/procedimentos:

Determinará o período para a criação, incorporação, fusão ou


Lei complementar federal
desmembramento de Municípios, por lei estadual

Estudo de viabilidade Deverá ser divulgado estudo demonstrando a viabilidade da criação,


municipal incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios
Desde que positivo o estudo de viabilidade, será feita consulta às populações
Plebiscito dos Municípios envolvidos para aprovarem ou não a criação, incorporação,
fusão ou desmembramento. Será convocado pela Assembleia Legislativa
Dentro do período que a lei complementar federal definir, desde que já tenha
Lei estadual havido um estudo de viabilidade e aprovação plebiscitária, serão criados,
incorporados, fundidos ou desmembrados Municípios, através de lei estadual.

DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:


Liberdades individuais (liberdades públicas e direitos políticos, ou seja,
1ª DIMENSÃO
direitos civis e políticos). Valor – liberdade.
Direitos sociais, culturais e econômicos. Direitos coletivos e de coletividade.
2ª DIMENSÃO
Valor – igualdade.
Necessidade de proteção do meio ambiente e dos consumidores. Direitos de
3ª DIMENSÃO solidariedade e fraternidade. Direitos com teor de humanismo e
universalidade. Valor – fraternidade.
Norberto Bobbio - engenharia genética.
4ª DIMENSÃO Bonavides - globalização política. Destaque para o direito à democracia, à
informação e ao pluralismo. Universalização dos Direitos Fundamentais.
Para Bonavides - direito à paz, sendo este axioma da democracia participativa
5ª DIMENSÃO
ou, ainda, supremo direito da humanidade.

TEORIA DOS QUATROS STATUS DE JELLINEK:


É aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o
STATUS PASSIVO Estado. É um estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo
é meramente detentor de deveres (exemplo: alistamento eleitoral).
O indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade
STATUS ATIVO
estatal (exemplo: direito ao voto).
É aquele em que o indivíduo goza de um espaço de liberdade diante das
STATUS NEGATIVO possíveis ingerências (exemplos: não proibir manifestações religiosas e não
restringir indevidamente a liberdade de locomoção).
É aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas
prestações positivas.
• Prestações materiais: direito à saúde e à educação – exige que o Estado
STATUS POSITIVO construa hospitais e escolas, contrate médicos e professores e forneça
medicamentos e materiais.
• Prestações jurídicas: elaboração de leis criminalizando determinadas
condutas (segurança pública).
121
MANDADO DE SEGURANÇA

Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

COMPETÊNCIA PARA JULGAR MANDADO DE SEGURANÇA


Contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
STF Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, d).
Contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
STJ
Aeronáutica ou do próprio Tribunal (art. 105, I, b).
TRFs Contra ato do próprio Tribunal ou de Juiz Federal (art. 108, I, c).
JUÍZES Contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos “tribunais
FEDERAIS federais” (art. 109, VIII).
JUSTIÇA DO
Quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (art. 114, IV).
TRABALHO
JUSTIÇA
Quando envolvida matéria eleitoral (art. 121, §4º, V).
ELEITORAL
TRIBUNAIS E
JUÍZES Conforme dispuserem as respectivas Constituições Estaduais (art. 125, §1º)
ESTADUAIS

LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL

Objetivos do DF:
Art. 3º São objetivos prioritários do Distrito Federal:
I - garantir e promover os direitos humanos assegurados na Constituição Federal e na Declaração Universal dos
Direitos Humanos;
II - assegurar ao cidadão o exercício dos direitos de iniciativa que lhe couberem, relativos ao controle da
legalidade e legitimidade dos atos do Poder Público e da eficácia dos serviços públicos;
III - preservar os interesses gerais e coletivos;
IV - promover o bem de todos;
V - proporcionar aos seus habitantes condições de vida compatíveis com a dignidade humana, a justiça social e
o bem comum;
VI - dar prioridade ao atendimento das demandas da sociedade nas áreas de educação, saúde, trabalho,
transporte, segurança pública, moradia, saneamento básico, lazer e assistência social;
VII - garantir a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
VIII - preservar sua identidade, adequando as exigências do desenvolvimento à preservação de sua memória,
tradição e peculiaridades;
IX - valorizar e desenvolver a cultura local, de modo a contribuir para a cultura brasileira.
X - assegurar, por parte do poder público, a proteção individualizada à vida e à integridade física e psicológica
das vítimas e testemunhas de infrações penais e de seus respectivos familiares.
XI - zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532 do Livro do Tombo Histórico,
respeitadas as definições e critérios constantes do Decreto nº 10.829, de 2 de outubro de 1987, e da Portaria nº
314, de 8 de outubro de 1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

122
XII – promover, proteger e defender os direitos da criança, do adolescente e do jovem.
XIII - valorizar a vida e adotar políticas públicas de saúde, de assistência e de educação preventivas do suicídio.
XIV - promover a inclusão digital, o direito de acesso à Internet, o exercício da cidadania em meios digitais e a
prestação de serviços públicos por múltiplos canais de acesso.

Organização Administrativa do DF:


Art. 10. O Distrito Federal organiza-se em Regiões Administrativas, com vistas à descentralização administrativa,
à utilização racional de recursos para o desenvolvimento socioeconômico e à melhoria da qualidade de vida.
§ 1º A lei disporá sobre a participação popular no processo de escolha do Administrador Regional.
§ 2º A remuneração dos Administradores Regionais não poderá ser superior à fixada para os Secretários de
Governo do Distrito Federal.
§ 3° A proibição de que trata o art. 19, § 8°, aplica-se à nomeação de administrador regional.
Art. 11. As Administrações Regionais integram a estrutura administrativa do Distrito Federal.
Art. 12. Cada Região Administrativa do Distrito Federal terá um Conselho de Representantes Comunitários, com
funções consultivas e fiscalizadoras, na forma da lei.
Art. 13. A criação ou extinção de Regiões Administrativas ocorrerá mediante lei aprovada pela maioria absoluta
dos Deputados Distritais.
Parágrafo único. Com a criação de nova região administrativa, fica criado, automaticamente, conselho tutelar
para a respectiva região.

Competência do Distrito Federal

Art. 14. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios,
cabendo-lhe exercer, em seu território, todas as competências que não lhe sejam vedadas pela Constituição
Federal.

Seção I
Da Competência Privativa

Art. 15. Compete privativamente ao Distrito Federal:


I - organizar seu Governo e Administração;
II - criar, organizar ou extinguir Regiões Administrativas, de acordo com a legislação vigente;
III - instituir e arrecadar tributos, observada a competência cumulativa do Distrito Federal;
IV - fixar, fiscalizar e cobrar tarifas e preços públicos de sua competência;
V - dispor sobre a administração, utilização, aquisição e alienação dos bens públicos;
VI - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços de interesse local,
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VII - manter, com a cooperação técnica e financeira da União, programas de educação, prioritariamente de
ensino fundamental e pré-escolar;
VIII - celebrar e firmar ajustes, consórcios, convênios, acordos e decisões administrativas com a União, Estados
e Municípios, para execução de suas leis e serviços;
IX - elaborar e executar o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual;
X — elaborar e executar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e Planos
de Desenvolvimento Local, para promover adequado ordenamento territorial, integrado aos valores ambientais,
mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano;
XI - autorizar, conceder ou permitir, bem como regular, licenciar e fiscalizar os serviços de veículos de aluguéis;
XII - dispor sobre criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas;
XIII - dispor sobre a organização do quadro de seus servidores; instituição de planos de carreira, na administração
direta, autarquias e fundações públicas do Distrito Federal; remuneração e regime jurídico único dos servidores;
XIV - exercer o poder de polícia administrativa;
XV - licenciar estabelecimento industrial, comercial, prestador de serviços e similar ou cassar o alvará de licença
dos que se tornarem danosos ao meio ambiente, à saúde, ao bem-estar da população ou que infringirem
dispositivos legais;
123
XVI - regulamentar e fiscalizar o comércio ambulante, inclusive o de papéis e de outros resíduos recicláveis;
XVII - dispor sobre a limpeza de logradouros públicos, remoção e destino do lixo domiciliar e de outros resíduos;
XVIII - dispor sobre serviços funerários e administração dos cemitérios;
XIX - dispor sobre apreensão, depósito e destino de animais e mercadorias apreendidas em decorrência de
transgressão da legislação local;
XX - disciplinar e fiscalizar, no âmbito de sua competência, competições esportivas, espetáculos, diversões
públicas e eventos de natureza semelhante, realizados em locais de acesso público;
XXI - dispor sobre a utilização de vias e logradouros públicos;
XXII - disciplinar o trânsito local, sinalizando as vias urbanas e estradas do Distrito Federal;
XXIII - exercer inspeção e fiscalização sanitária, de postura ambiental, tributária, de segurança pública e do
trabalho, relativamente ao funcionamento de estabelecimento comercial, industrial, prestador de serviços e
similar, no âmbito de sua competência, respeitada a legislação federal;
XXIV - adquirir bens, inclusive por meio de desapropriação, por necessidade, utilidade pública ou interesse social,
nos termos da legislação em vigor;
XXV - licenciar a construção de qualquer obra;
XXVI - interditar edificações em ruína, em condições de insalubridade e as que apresentem as irregularidades
previstas na legislação específica, bem como fazer demolir construções que ameacem a segurança individual ou
coletiva;
XXVII - dispor sobre publicidade externa, em especial sobre exibição de cartazes, anúncios e quaisquer outros
meios de publicidade ou propaganda, em logradouros públicos, em locais de acesso público ou destes visíveis.

Seção II
Da Competência Comum

Art. 16. É competência do Distrito Federal, em comum com a União:


I - zelar pela guarda da Constituição Federal, desta Lei Orgânica, das leis e das instituições democráticas;
II - conservar o patrimônio público;
III - proteger documentos e outros bens de valor histórico e cultural, monumentos, paisagens naturais notáveis
e sítios arqueológicos, bem como impedir sua evasão, destruição e descaracterização;
IV - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
V - preservar a fauna, a flora e o cerrado;
VI - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
VII -prestar serviços de assistência à saúde da população e de proteção e garantia a pessoas portadoras de
deficiência com a cooperação técnica e financeira da União;
VIII - combater as causas da pobreza, a subnutrição e os fatores de marginalização, promovendo a integração
social dos segmentos desfavorecidos;
IX - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
X - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
minerais em seu território;
XII - estabelecer e implantar política para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Lei complementar deve fixar norma para a cooperação entre a União e o Distrito Federal, tendo
em vista o equilíbrio do desenvolvimento e o bem-estar no âmbito do território do Distrito Federal.

Seção III
Da Competência Concorrente

Art. 17. Compete ao Distrito Federal, concorrentemente com a União, legislar sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - junta comercial;
IV - custas de serviços forenses;
124
V - produção e consumo;
VI - cerrado, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, paisagístico e turístico;
VIII - responsabilidade por danos ao meio ambiente, ao consumidor e a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, espeleológico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XI – defensoria pública e assistência jurídica nos termos da legislação em vigor;
XII – proteção e integração social das pessoas com deficiência;
XIII - proteção à infância e à juventude;
XIV - manutenção da ordem e segurança internas;
XV - procedimentos em matéria processual;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres da polícia civil.

§ 1º O Distrito Federal, no exercício de sua competência suplementar, observará as normas gerais estabelecidas
pela União.

§ 2º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Distrito Federal exercerá competência legislativa plena, para
atender suas peculiaridades.

§ 3º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei local, no que lhe for contrário.

Emenda à Lei Orgânica:


→ 1/3 da Câmara Legislativa
→ Governador
→ Iniciativa Popular (1% do eleitorado, distribuídos em 3 zonas eleitorais, não menos de 0,3% dos eleitores
de cada uma)
→ Votada em 2 turnos, por 2/3 dos membros

Art. 70. A Lei Orgânica poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara Legislativa;
II - do Governador do Distrito Federal;
III - de cidadãos, mediante iniciativa popular assinada, no mínimo, por um por cento dos eleitores do Distrito
Federal distribuídos em, pelo menos, três zonas eleitorais, com não menos de três décimos por cento do
eleitorado de cada uma delas.
§ 1º A proposta será discutida e votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e considerada
aprovada se obtiver em ambos, o voto favorável de dois terços dos membros da Câmara Legislativa.
§ 2º A emenda à Lei Orgânica será promulgada pela Mesa Diretora da Câmara Legislativa, com o respectivo
número de ordem.
§ 3º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda que ferir princípios da Constituição Federal.
§ 4º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa.
§ 5º A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado
de sítio.

DIREITO DO CONSUMIDOR16

#NOVIDADESLEGISLATIVAS #APOSTACICLOS:

16
Por Carolina Byrro.

125
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de
situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio
da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na
concessão de crédito;

XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por
metro ou por outra unidade, conforme o caso.

Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
deficiência, observado o disposto em regulamento.

#JURISSAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

Caso adaptado: Priscila e sua mãe Regina fizeram uma viagem internacional. Priscila tentou utilizar o cartão de
crédito que foi indevidamente bloqueado por uma falha da operadora do cartão. Regina ajuizou ação contra a
operadora do cartão alegando que a sua filha é quem iria pagar todas as despesas durante a viagem. Logo, como
o cartão de crédito de Priscila não funcionou, ela (Regina) passou por constrangimentos e pela angústia de não
saber se conseguiria pagar as despesas.

O STJ afirmou que Regina – que não era a titular do cartão – não era destinatária dos serviços e, portanto, não
possuía legitimidade ativa para propor a respectiva ação indenizatória.

Vale ressaltar que, por se tratar de vício do produto, Regina não pode ser considerada consumidora por
equiparação (bystander), sendo essa figura restrita aos casos de fato do produto ou serviço.

STJ. 3ª Turma. REsp 1967728-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

#NOVIDADESLEGISLATIVAS #APOSTACICLOS:
f. é nula a cláusula que limite ou condicione, de qualquer forma, o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;
g. são nulas as cláusulas que estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade nas prestações
mensais ou que impeçam o restabelecimento integral dos direitos pelo consumidor através da purgação da
mora ou de acordo com os credores;

SUPERENDIVIDAMENTO: #NOVIDADELEGISLATIVA #APOSTACICLOS

Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito
responsável e sobre a educação financeira do consumidor. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-


fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo
existencial, nos termos da regulamentação. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos


decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação
continuada. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante
fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o
pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor (teoria da
proteção simplificada do luxo). (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

126
#ATENÇÃO: a lei não protege o superendividado ativo consciente (mal intencionado, fraudulento), mas
apenas o superendividado ativo inconsciente (imprevidente e sem malícia) e o superendividado passivo (que
sofre com acidentes da vida, como o desemprego).

#VEMDETABELA #APOSTACICLOS

Fato do produto ou serviço Vício do produto ou serviço


Previsto nos artigos 12 a 14 do CDC Previsto nos artigos 18 a 20 do CDC
É defeito do produto ou serviço É vício – inadequação – do produto ou serviço
Prejuízo é extrínseco ao produto ou serviço Prejuízo é intrínseco ao produto ou serviço
Volta-se a atenção à incolumidade físico-psíquica do Atenção está voltada a incolumidade econômica do
consumidor consumidor
Afeta a prazo prescricional Afeto a prazo decadencial

#DEOLHONASÚMULA #IMPORTANTE

Súmula 643 do STF- O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.

Súmula 329 do STJ- O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
patrimônio público.

Súmula. 601 do STJ - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviços públicos.

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS:

Do trecho final acima delineado, extrai-se a legitimidade dos PROCONS para propor ações coletivas em favor
dos consumidores (REsp 788.006 de 2006).

Do mesmo modo, o PROCON - nos termos do artigo 5º do decreto 2.181/87 - tem competência para receber
reclamações de consumidores, instaurar processo administrativo com o fim de apurar irregularidades e aplicar
as punições previstas em lei (REsp 1.135.743 de 2010).

Embora os PROCONs tenham capacidade postulatória, não poderão figurar no polo passivo das lides, eis que
desprovidos de personalidade jurídica própria (REsp 788.006 de 2006).

PLANOS DE SAÚDE #APOSTACICLOS

#STJEMTESES

- É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
#NÃOCONFUNDIR

• Cláusula que limita o tempo de internação hospitalar: abusiva;

• Cláusula que limita o tempo de atendimento ambulatorial: é válida.

- É abusiva a cláusula contratual que exclua da cobertura do plano de saúde algum tipo de procedimento ou
medicamento necessário para assegurar o tratamento de doenças previstas pelo referido plano.

- É abusiva a cláusula contratual que exclua da cobertura do plano de saúde o tratamento de AIDS ou de doenças

127
infectocontagiosas.

- É abusiva a cláusula contratual que exclui da cobertura do plano de saúde o fornecimento de medicamento
para quimioterapia tão somente pelo fato de ser ministrado em ambiente domiciliar.

- É ilícita a recusa de cobertura de atendimento, sob a alegação de doença preexistente à contratação do plano,
se a operadora não submeteu o paciente a prévio exame de saúde e não comprovou a sua má-fé.

- O período de carência contratualmente estipulado em contratos de seguro-saúde não prevalece em situações


emergenciais. (Período de carência máximo de 24h para urgência e emergência).

- A injusta recusa de plano de saúde à cobertura securitária enseja reparação por dano moral.

- A cirurgia para redução do estômago (gastroplastia), indicada como tratamento para obesidade mórbida, é um
procedimento essencial à sobrevida do segurado, revelando-se ilegítima a negativa do plano de saúde em cobrir
as despesas da intervenção médica.

- É ilegítima a recusa de cobertura pelo plano de saúde de cirurgias complementares de caráter reparador ou
funcional em paciente pós-cirurgia bariátrica, quando se revelarem necessárias ao pleno restabelecimento do
segurado acometido de obesidade mórbida.

- O plano de saúde pode estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado
para a cura de cada uma, sendo abusiva a cláusula contratual que exclui tratamento domiciliar (home care).

- As operadoras de plano de saúde não estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela ANVISA.
(Exceção: é de cobertura obrigatória pela operadora de plano de saúde, o medicamento que, apesar de não
registrado pela ANVISA, teve a sua importação excepcionalmente autorizada pela referida Agência Nacional).

- É abusiva a recusa da operadora de plano de saúde em arcar com a cobertura de medicamento prescrito pelo
médico para tratamento do beneficiário, ainda que se trate de fármaco off-label, ou utilizado em caráter
experimental, não previsto em rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.

- Há abusividade em cláusula contratual ou ato de operadora de plano de saúde que importe em interrupção de
tratamento de terapia ou de psicoterápico por esgotamento do número de sessões anuais asseguradas no rol
de procedimentos e eventos em saúde da ANS, visto que se revela incompatível com a equidade e com a boa-
fé, colocando o usuário em desvantagem exagerada.

- É válida a cláusula que autoriza o reajuste de plano de saúde com base no aumento da sinistralidade.
#CUIDADO

#DEOLHONAJURIS

Em junho de 2022, o STJ decidiu que:

1 - O rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar é, em regra, taxativo;

2 - A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante do rol da
ANS se existe, para a cura do paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado ao rol;

3 - É possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de aditivo contratual para a cobertura de


procedimento extra rol;

128
4 - Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do rol da ANS, pode haver, a título
excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde que:

(i) não tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimento ao rol da Saúde
Suplementar;

(ii) haja comprovação da eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em evidências;

(iii) haja recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como CONITEC e NATJUS) e estrangeiros;
e

(iv) seja realizado, quando possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com entes ou pessoas com
expertise técnica na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do rol de Procedimentos e Eventos em
Saúde Suplementar, sem deslocamento da competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS.

STJ. 2ª Seção. EREsp 1886929-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/06/2022 (Info 740).

ATUALIZAÇÃO LEGISLATIVA QUE IMPLICARÁ MUDANÇA DE ENTENDIMENTO #BACKLASHLEGISLATIVO


Ocorre que, depois de uma grande mobilização popular, o Congresso Nacional editou a Lei nº 14.454/2022, que
buscou superar o entendimento firmado pelo STJ. A Lei nº 14.454/2022 alterou o art. 10 da Lei dos Planos de
Saúde (Lei nº 9.656/98), incluindo o § 12, que prevê o caráter exemplificativo do rol da ANS:

Art. 10 (…) § 12. O rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado pela ANS a cada nova
incorporação, constitui a referência básica para os planos privados de assistência à saúde contratados a partir
de 1º de janeiro de 1999 e para os contratos adaptados a esta Lei e fixa as diretrizes de atenção à saúde.

Vale ressaltar, contudo, que, para o plano de saúde ser compelido a custear, é necessário que esteja
comprovada a eficácia do tratamento ou procedimento, nos termos do § 13, também inserido:

§ 13. Em caso de tratamento ou procedimento prescrito por médico ou odontólogo assistente que não estejam
previstos no rol referido no § 12 deste artigo, a cobertura deverá ser autorizada pela operadora de planos de
assistência à saúde, desde que:

I - exista comprovação da eficácia, à luz das ciências da saúde, baseada em evidências científicas e plano
terapêutico; ou

II - existam recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde
(Conitec), ou exista recomendação de, no mínimo, 1 (um) órgão de avaliação de tecnologias em saúde que tenha
renome internacional, desde que sejam aprovadas também para seus nacionais.

A Lei nº 14.454/2022 entrou em vigor no dia 22/09/2022.


REGRA: em regra, os planos de saúde não são obrigados a fornecer medicamentos para tratamento domiciliar.
EXCEÇÕES: Os planos de saúde são obrigados a fornecer:

a) os antineoplásicos orais (e correlacionados);

b) a medicação assistida (home care); e

c) outros fármacos incluídos pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no rol de fornecimento
obrigatório.

129
STJ. 3ª Turma. REsp 1692938/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021 (Info 694).
No caso em que o serviço de home care (tratamento domiciliar) não conste expressamente do rol de
coberturas previsto no contrato de plano de saúde, a operadora ainda assim será obrigada a custeá-lo em
substituição à internação hospitalar contratualmente prevista, desde que respeitados os seguintes requisitos:

1) tenha havido indicação desse tratamento pelo médico assistente;

2) o paciente concorde com o tratamento domiciliar;

3) não ocorra uma afetação do equilíbrio contratual em prejuízo do plano de (exemplo em que haveria um
desequilíbrio: nos casos em que o custo do atendimento domiciliar por dia supera a despesa diária em hospital).

STJ. 3ª Turma. REsp 1.378.707-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/5/2015 (Info 564).
O plano de saúde somente é obrigado a reembolsar as despesas que o usuário teve com tratamento ou
atendimento fora da rede credenciada em hipóteses excepcionais, como por exemplo, em casos de:

• inexistência ou insuficiência de estabelecimento ou profissional credenciado no local; e


• urgência ou emergência do procedimento.

STJ. 2ª Seção. EAREsp 1459849/ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/10/2020 (Info 684).
A demora para a autorização da cirurgia indicada como urgente pela equipe médica do hospital próprio ou
credenciado, sem justificativa plausível, caracteriza defeito na prestação do serviço da operadora do plano de
saúde, resultando na sua responsabilização. A operadora de plano de saúde tem responsabilidade solidária por
defeito na prestação de serviço médico, quando o presta por meio de hospital próprio e médicos contratados,
ou por meio de médicos e hospitais credenciados.

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE17

#SELIGA:

Excepcionalmente é possível inserir a aplicação de medida protetiva de acolhimento institucional ou de


acolhimento familiar à criança ou adolescente. Somente o magistrado pode determinar a retirada dessa criança
nesses casos de medida protetiva, expedindo uma guia de acolhimento, a qual é encaminhada para uma
entidade de atendimento que, por sua vez, elabora um plano individual, de acordo com o qual serão feitos
relatórios que serão remetidos à autoridade judiciária (que deve avaliar a necessariedade (ou não) da
continuidade da medida, especialmente por se tratar de uma medida orientada pela brevidade, devendo ser
mantida até que seja possível o retorno à família natural ou até que seja colocada em família substituta). Essa
medida protetiva de acolhimento institucional equivale ao: (a) abrigo; (b) casa-lar; (c) república.

#ATENÇÃO:

SOMENTE O MAGISTRADO PODE FAZER A COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.

#ATENÇÃO #APOSTACICLOS:

OBS1: já no acolhimento familiar a criança ou adolescente é encaminhado para uma família acolhedora (que
poderá ter a guarda da criança ou adolescente, mas sem perder o caráter de brevidade).

OBS2: o acolhimento familiar tem preferência em relação ao acolhimento institucional.

17
Por Carolina Byrro

130
OBS3: o conselho tutelar não pode aplicar essas medidas protetivas (de acolhimento familiar e acolhimento
institucional, por determinação expressa do artigo 136, I do ECA), vez que somente o magistrado pode aplicá-
las. Todavia, em situação de urgência a entidade de atendimento pode receber (mediante encaminhamento
do Conselho Tutelar) a criança e adolescente sem a guia de acolhimento e, após, encaminhará o caso ao
magistrado em 24 horas, sob pena de responsabilidade (artigo 93, do ECA). Imediatamente o magistrado
decidirá pela reintegração ao convívio familiar, colocação em programa familiar, institucional ou colocação em
família substituta, com respeito a instauração de processo contencioso com direito de defesa conferido aos pais
(principalmente no caso de colocação em família substituta), tudo com a participação do MP.

Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo
comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
responsabilidade.

ADOÇÃO #APOSTACICLOSEMDOBRO

• CONCEITO:

É uma das formas de colocação em família substituta, por meio da qual há o rompimento/desconstituição dos
vínculos familiares anteriores e constituição de novos vínculos familiares.

ADOÇÃO BILATERAL: é a regra.

ADOÇÃO UNILATERAL: não serão rompidos todos os vínculos familiares, preservando os vínculos para com um
dos genitores.

• CARACTERÍSTICAS:

a. ATO PERSONALÍSSIMO: por esse fato, não pode ser pleiteada por meio de procurador (mandato).
Art. 39. § 2º É vedada a adoção por procuração.

b. ATO EXCEPCIONAL: pois somente será deferida se não for possível a manutenção da criança ou
adolescente com a família natural ou extensa.
c.
d. ATO IRREVOGÁVEL: a adoção perpetua seus efeitos definitivamente, impossibilitando a retomada do
poder familiar pela família original.

#DEOLHONALEI:

Art. 39, § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados
os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo
único do art. 25 desta Lei.

#DEOLHONAJURIS:

No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando.
Nesse sentido:

No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente
pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando. (STJ, REsp 1.545.959-SC, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 6/6/2017, DJe 1/8/2017)

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS:
131
É possível, mesmo ante a regra da irrevogabilidade da adoção, a rescisão de sentença concessiva de adoção
ao fundamento de que o adotado, à época da adoção, não a desejava verdadeiramente e de que, após atingir
a maioridade, manifestou-se nesse sentido.

A interpretação sistemática e teleológica do § 1º do art. 39 do ECA conduz à conclusão de que a irrevogabilidade


da adoção não é regra absoluta, podendo ser afastada sempre que, no caso concreto, verificar-se que a
manutenção da medida não apresenta reais vantagens para o adotado, tampouco é apta a satisfazer os
princípios da proteção integral e do melhor interesse da criança e do adolescente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1892782/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691).

AUTORIZAÇÃO PARA VIAGENS

O Estatuto da Criança e do Adolescente impõe, em seus arts. 83 a 85, algumas restrições para que as crianças e
adolescentes façam viagens desacompanhados dos pais.

A Lei nº 13.812/2019 promoveu importante alteração nessas regras.

Viagem NACIONAL
Situação Necessária autorização?
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar com
NÃO
o pai e a mãe.
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar só
NÃO
com o pai ou só com a mãe.
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar com NÃO
algum ascendente (avô, bisavô). (nem dos pais nem do juiz)
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar com
NÃO
algum colateral, maior de idade, até 3º grau (irmão,
(nem dos pais nem do juiz)
tio e sobrinho).
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar
acompanhada de uma pessoa maior de idade, mas SIM
que não seja nenhum dos parentes acima listados Será necessária uma autorização expressa do pai,
(ex: amigo da família, chefe de excursão, treinador de mãe ou responsável (ex: tutor) pela criança.
time).
SIM
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar sem
Será necessária uma autorização do juiz da infância
estar acompanhada por uma pessoa maior de idade.
e juventude.
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar
desacompanhada de parentes para comarca vizinha, NÃO
localizada dentro do mesmo Estado, ou para comarca (nem dos pais nem do juiz)
que pertença à mesma região metropolitana.
Adolescente de 16 anos completos ou mais viajar NÃO
desacompanhado de pais, responsável, parente ou Adolescentes com 16 anos ou mais podem viajar
qualquer outra pessoa. pelo Brasil sem autorização.
Viagem ao EXTERIOR

Situação Necessária autorização?


Criança ou adolescente viajar acompanhado do pai
NÃO
e da mãe.
Criança ou adolescente viajar com o seu
NÃO
responsável (ex: guardião, tutor ou curador).

132
SIM
Nesse caso, será necessária:
1) autorização judicial; OU
Criança ou adolescente viajar só com o pai ou só 2) autorização expressa do pai ou mãe que não for
com a mãe. viajar, através de documento com firma reconhecida.
Obs.: não será necessária autorização com firma
reconhecida se os pais estiverem presentes no
embarque.

Criança ou adolescente viajar desacompanhado


SIM
Criança ou adolescente viajar em companhia de Nesse caso, será necessária:
terceiros maiores e capazes, designados pelos 1) autorização judicial; OU
genitores. 2) autorização expressa do pai e da mãe, com firma
reconhecida.
Obs.: não será necessária autorização com firma
Em todos os outros casos (ex: avô, tio, irmão, chefe
reconhecida se os pais estiverem presentes no
de excursão, treinador de time etc.).
embarque.

Criança ou adolescente nascido no Brasil viajar em SIM


companhia de residente ou domiciliado no exterior. Necessária prévia e expressa autorização judicial.

DIREITO À SAÚDE

#IMPORTANTE: Art. 14. § 1º. É OBRIGATÓRIA A VACINAÇÃO das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias.

#APOSTACICLOS: É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de
convicção filosófica

É CONSTITUCIONAL a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância
sanitária,

(i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou

(ii) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou

(iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-
científico.

Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003).

REMISSÃO

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do
Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de EXCLUSÃO do processo, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua
maior ou menor participação no ato infracional.

133
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo.

#PRESTATENÇÃO: Art. 127. A remissão NÃO implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da


responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de
qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

#APOSTACICLOS

REMISSÃO
É o ato de perdoar o ato infracional praticado pelo adolescente e que irá gerar:
• a exclusão;
• a extinção; ou
• a suspensão do processo, a depender da fase em que esteja.

Não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece


para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
previstas em lei, EXCETO a colocação em regime de semiliberdade e a internação.
ESPÉCIES DE REMISSÃO
Forma de Forma de
EXCLUSÃO do processo SUSPENSÃO ou EXTINÇÃO do processo
É pré-processual (antes do processo iniciar). É processual, ou seja, depois que a ação
socioeducativa foi proposta.
Concedida pelo MP. Concedida pelo juiz.
Concedida a remissão pelo representante do MP os O MP deverá ser ouvido, mas sua opinião não é
autos serão conclusos ao juiz para homologar ou vinculante. Quem decide se concede ou não a
não. remissão é o magistrado.
Também chamada de remissão ministerial. Também chamada de remissão judicial.
Prevista no art. 126, caput, do ECA: Prevista no art. 126, parágrafo único, do ECA:
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial Art. 126 (...)
para apuração de ato infracional, o representante Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a
do Ministério Público poderá conceder a remissão, concessão da remissão pela autoridade judiciária
como forma de exclusão do processo, atendendo importará na suspensão ou extinção do processo.
às circunstâncias e consequências do fato, ao
contexto social, bem como à personalidade do
adolescente e sua maior ou menor participação no
ato infracional.

#DEOLHONAJURIS: Se o adolescente recebe a remissão (extintiva ou suspensiva) cumulada com medida


socioeducativa e descumpre NÃO pode receber internação-sanção.

Segundo o STJ: O descumprimento da condição imposta não tem o condão de justificar a aplicação da
internação-sanção, prevista no art. 122, inciso III, do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas, apenas, o
prosseguimento da apuração da prática do ato infracional (STJ, 506.424, 2019).

#SAIBADIFERENCIAR:

REMISSÃO

134
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Ocorre quando é concedido perdão puro e simples Ocorre quando é concedido o perdão ao
ao adolescente, sem qualquer imposição. adolescente, mas com a imposição de que ele
cumpra alguma medida socioeducativa, desde que
esta não seja restritiva de liberdade.
A doutrina afirma que, neste caso, não é necessário É indispensável o consentimento do adolescente e
o consentimento do adolescente nem a presença de seu responsável, além da assistência jurídica de
de advogado. um advogado ou Defensor Público.

Ato infracional praticado com violência ou grave Ato infracional praticado sem violência ou grave
ameaça* ameaça*

Auto de apreensão e oitiva de testemunhas e do Boletim de ocorrência circunstanciado


adolescente.

Apreender o produto e os instrumentos da infração.

Requisitar os exames ou perícias.

Identificação dos responsáveis pela apreensão.

Comunicação incontinenti à família ou pessoa indicada.

Comunicação incontinenti à autoridade policial.

Liberação imediata ou condução do adolescente ao Ministério Público**

*tudo nos termos dos artigos 106, 173 e 174 do ECA.

**A liberação será imediata aos pais ou responsável que assumirão o compromisso de levar o adolescente o ao
MP no dia útil seguinte. Caso o ato infracional seja grave, com repercussão social, o infrator será encaminhado
imediatamente ao MP para oitiva informal e tomar alguma das medidas do artigo 180 do ECA.

#ATENÇÃO: Caso não seja possível o encaminhamento imediato ao MP, o adolescente irá para entidade de
atendimento que mantenha programa socioeducativo de internação. Caso esta inexista, o adolescente
permanecerá na repartição policial.

#VEMDEPERGUNTA:

Cabe HC ou MS contra ato irregular praticado pela autoridade policial? Depende. Caso mantenha o adolescente
em cárcere em situação contrária à lei será cabível a impetração de HC pelo MP, pelo próprio adolescente ou
por qualquer pessoa. Mas, caso não seja essa a situação, havendo direito líquido e certo, cabe MS, o qual está
sujeito ao princípio da subsidiariedade ou da residualidade (não cabe se couber HC ou HD, se houver recurso
com efeito suspensivo, ou se couber correição parcial - súm 267 do STF).

#DEOLHONALEI:

Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts.
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei
135
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441,
de 2017)

I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os


limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)

II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá


a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)18

III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o
total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da
autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)

I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou


autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
atribuído no momento da conexão.

§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável
pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das
investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e
nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

18
#JÁCAIU (MPE-SC – 2019 / Instituto Consulplan)

A Lei n. 8.069/1990, pontualmente quanto à infiltração de agentes de polícia para a investigação de crimes contra a dignidade sexual
de criança e de adolescente, dispõe que a infiltração na internet, dar-se-á pela autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público ou representação de delegado de polícia. (Errada)

136
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efetividade da
identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e tombado em livro
específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos
apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação
da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído
pela Lei nº 13.441, de 2017)

RESOLUÇÃO 109 DO CNAS – TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS

A Resolução 109 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) tipifica os Serviços


Socioassistenciais disponíveis no Brasil organizando-os por nível de complexidade do Sistema Único de
Assistência Social: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.

TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS


PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA MÉDIA COMPLEXIDADE ALTA COMPLEXIDADE
I. Serviços de Proteção e I. Serviço de Proteção e I. Serviço de Acolhimento
Atendimento Integral à Família Atendimento Especializado a Institucional, nas seguintes
(PAIF); Famílias e Indivíduos (PAEFI); modalidades:
- abrigo institucional;
II. Serviços de Convivência e II. Serviço Especializado em - Casa-Lar;
Fortalecimento de Vínculos; e Abordagem Social; - Casa de Passagem e Residência
Inclusiva;
III. Serviços de Proteção Social III. Serviço de Proteção Social a
Básica no domicílio para pessoas Adolescentes em Cumprimento II. Serviço de Acolhimento em
com deficiência e idosas. de Medida Socioeducativa de República;
Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à III. Serviços de Acolhimento em
Comunidade (PSC); Família Acolhedora; e

IV. Serviço de Proteção Social IV. Serviços de Proteção em


Especial para Pessoas com Situações de Calamidades
Deficiência, Idosas e suas Famílias; Públicas e de Emergências.

V. Serviço Especializado para


Pessoas em Situação de Rua.

DIREITO ELEITORAL19

JUSTIÇA ELEITORAL

19
Por Carolina Byrro
137
A Justiça Eleitoral encontra-se disciplinada nos arts. 118 a 121 da CF, bem como nos arts. 12 a 41 do CE. Trata-
se de JUSTIÇA ESPECIALIZADA, ou seja, não integra a Justiça Comum.

Composição da Justiça Eleitoral:

Tribunal Superior
Eleitoral

Tribunais Regionais
Eleitorais
Justiça
Eleitoral
Juízes Eleitorais

Juntas Eleitorais

A Justiça Eleitoral será dividida em circunscrição estadual, zonas e seções eleitorais:


• Circunscrição Estadual: cada estado membro e o Distrito Federal constitui uma circunscrição, sob a jurisdição
do TRE.
• Zonas Eleitorais: constituem a divisão de circunscrição estadual, que podem ou não coincidir com a
delimitação territorial da comarca, sob a jurisdição de um juiz eleitoral.
• Seções Eleitorais: são divisões da zona eleitoral para exercício de funções administrativas no dia das eleições
e para a votação.

FUNÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL


• Função administrativa: refere-se à preparação, organização e administração do processo eleitoral (tem como
principal característica o poder de polícia e a atuação ex officio do Juiz)
• Função jurisdicional: caracteriza-se pela solução, em caráter definitivo, dos conflitos submetidos ao Estado-
juiz, afirmando-se a vontade estatal em substituição à dos contendores.
• Função normativa: consiste na prerrogativa que a Justiça Eleitoral tem de expedir instruções para
regulamentar a legislação infraconstitucional, como, por exemplo, as resoluções do TSE.
• Função consultiva: consiste na prerrogativa conferida ao TSE e aos TREs para responder consultas formuladas
pelas partes no processo eleitoral.

CARACTERÍSTICAS DA JUSTIÇA ELEITORAL


• Estrutura piramidal e hierárquica: a Justiça Eleitoral é distribuída em níveis. Na base estão os Juízes eleitorais
e Juntas eleitorais, os quais se encontram subordinados hierarquicamente ao TRE respectivo. E os TREs estão
subordinados ao TSE
• Inexistência de magistratura própria na Justiça Eleitoral: os juízes que exercem a função eleitoral provêm de
outros ramos do Poder Judiciário, especialmente da justiça comum estadual.
• Periodicidade da investidura dos juízes: como não há carreira própria de magistrados foi estabelecido um
período de investidura de dois anos, permitida uma recondução pelo mesmo período.
• Existência de servidores próprios: o quadro de servidores é próprio do órgão, ocupado pelos técnicos e
analistas de cada tribunal.
• Competência definida por lei complementar
• Divisão territorial para fins eleitorais

138
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE)
Formado por, no mínimo, 7 membros, escolhidos da seguinte forma:
• 3 dentre os Ministros do STF, pelo voto secreto dos próprios membros.
• 2 dentre os Ministros do STJ, pelo voto secreto dos próprios membros.
• 2 advogados: o STF elabora lista sêxtupla escolhendo nomes dentre advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, encaminhando-a ao Presidente da República.
Composição
Este escolherá 2, nomeando-os, sem sabatina pelo Senado.
Presidente e Vice do TSE: serão eleitos dentre os Ministros oriundos do STF e o Corregedor
Eleitoral dentre Ministros do STJ.
#ATENÇÃO, pois essa previsão sobre o Corregedor está na CFRB/88, pelo Código Eleitoral
poderia ser qualquer um dos membros.
Art. 22 do Código Eleitoral: Compete ao Tribunal Superior:
I – processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e
de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República.
Competência b) os conflitos de jurisdição entre tribunais regionais e juízes eleitorais de estados
Originária diferentes;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à
sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de
diploma na eleição de presidente e vice-presidente da República;
Em grau de recurso, o TSE aprecia dois recursos:
Especial:
• Em face de decisão de TRE contrária à lei ou à CF.
• Quando houver divergência entre TREs acerca da interpretação da Lei Eleitoral.
Competência Ordinário – em face de decisão do TRE que:
Recursal • Anular diplomas nas eleições estaduais e federais
• Decretar a perda do mandato federal ou estadual.
• Denegar HC, MS, Mandado de Injunção ou Habeas Data
• Verse sobre inelegibilidade nas eleições federais ou estaduais.
#ATENÇÃO!!! O TSE não tem competência penal originária.
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE)
Haverá um TRE na Capital de cada Estado e no Distrito Federal
Composto por 7 membros, escolhidos da seguinte forma:
• 2 juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (em voto secreto)
• 2 juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça (voto secreto)
• 1 juiz dentre os desembargadores do TRF com sede na Capital do Estado ou no
Composição
Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF
respectivo;
• 2 juízes, por nomeação, pelo Presidente, dentre 6 advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça;
O Presidente e Vice-Presidente do TRE serão eleitos dentre os desembargadores
Art. 29 do Código Eleitoral: Compete aos tribunais regionais:
I – processar e julgar originariamente:
Competência a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos
Originária políticos, bem como de candidatos a governador, vice-governadores, e membro do
Congresso Nacional e das assembleias legislativas;
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo estado; [...]

139
Art. 29 do Código Eleitoral: Compete aos tribunais regionais:
II – julgar os recursos interpostos:
Competência
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais;
Recursal
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou
mandado de segurança
JUÍZES ELEITORAIS
São os próprios juízes de direito em efetivo exercício, cabendo-lhes a jurisdição de cada
uma das zonas eleitorais em que é dividida a circunscrição eleitoral. Os juízes dos tribunais
Composição eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por 2 anos, no mínimo, e nunca por mais de
dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo
mesmo processo, em número igual para cada categoria.
Art. 35 do Código Eleitoral: Compete aos juízes:
II – processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada
a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais regionais;
V – tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito,
reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;
VIII – dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
Competência IX – expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
Originária X – dividir a zona em seções eleitorais;
XII – ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos
municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional;
XIV – nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com
pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;
XVIII – fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por
dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;

JUNTAS ELEITORAIS

São, ao lado dos Juízes Eleitorais, órgãos de primeiro grau da Justiça Eleitoral.
Serão formadas por 1 juiz de direito, que será o presidente, e de 2 ou 4 cidadãos de notória
Composição idoneidade nomeados 60 dias antes da eleição, e extintas após o término da apuração dos
votos. Nas eleições municipais, a extinção ocorre após a diplomação dos eleitos.
As Juntas, por decisão do presidente, poderão ser desdobradas em Turmas.
Art. 40. Compete à junta eleitoral:
I – apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição;
Competência II – resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da
contagem e da apuração;
III – expedir os boletins de apuração mencionados no art. 179;
IV – expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
No TSE, o Procurador-Geral Eleitoral será o Procurador-Geral da República.
O Procurador Regional Federal será escolhido entre os Procuradores da República que
atuam no TRF, quando for no Estado sede, e entre os Procuradores da República de
Composição
primeira instância, se não for sede de TRF.
Já perante os juízes e juntas eleitorais atuam membros do MP Estadual, escolhido pelo PGJ
e nomeado pelo Procurador Regional Eleitoral.

#FOCANALEI:

140
A Lei 14.211/21 acrescentou o art. 23-A ao Código Eleitoral, nos seguintes termos:
Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único do art. 1º e no inciso IX
do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias especificamente autorizadas em lei, sendo vedado ao
Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa à organização dos partidos políticos. (Incluído pela Lei
nº14.211, de 2021)
Este dispositivo trata justamente das instruções expedidas pelo TSE para a execução do Código Eleitoral. Assim,
são requisitos para as instruções:
- Restrição às matérias especificamente autorizadas em lei;
- Vedado tratar sobre matéria relativa à organização dos partidos políticos.

#SELIGANASSÚMULAS
Súmula 72-STF: No julgamento de questão constitucional, vinculada a decisão do Tribunal Superior Eleitoral,
não estão impedidos os Ministros do Supremo Tribunal Federal que ali tenham funcionado no mesmo processo,
ou no processo originário.
Súmula 374-STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito decorrente de multa
eleitoral.
Súmula 34-TSE: Não compete ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar mandado de segurança contra
ato de membro de Tribunal Regional Eleitoral.
Súmula 37-TSE: Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar recurso contra
expedição de diploma envolvendo eleições federais ou estaduais.

Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito PRIVADO. Possuem autonomia para definir sua estrutura
interna, organização e funcionamento. Deve sempre observar a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.

É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos.

Art. 1º, da Lei nº 9.096/95 - O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos
fundamentais definidos na Constituição Federal.

Constituição Federal:

CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
141
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma
da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades
da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores que se
desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de anuência do
partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a
migração de partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros fundos públicos e
de acesso gratuito ao rádio e à televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo partidário
na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres,
de acordo com os interesses intrapartidários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do fundo partidário
destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a
ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento),
proporcional ao número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos
pelos respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse
partidário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) #NOVIDADELEGISLATIVA

PRECEITOS
Caráter nacional
Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
Prestação de contas à Justiça Eleitoral (TSE e não Tribunal de Contas)
Funcionamento parlamentar de acordo com a lei
VEDAÇÕES (art. 6º, Lei 9.096/95)
Utilização de organização paramilitar
Ministrar instrução militar ou paramilitar
Utilizar-se de organização da mesma natureza
Adotar uniforme para seus membros
REQUISITOS PARA CRIAÇÃO (art. 7º, Lei 9.096/95)
Constituição civil como pessoa jurídica, na forma da lei civil
Registrar o estatuto no TSE

Apoiamento Mínimo (art. 7º, §1º, Lei nº 9.096/95):

O partido político tem caráter nacional e deve comprovar o seu caráter nacional. Para tanto, utiliza-se como
critério o apoiamento. O apoiamento é uma lista de pessoas que apoia a criação do novo partido. Deve ser
comprovado, no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente
a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos

142
Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados,
com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles.

Período de 2 anos
0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara de Deputados
APOIAMENTO MÍNIMO
Em pelo menos 1/3 dos Estados
Mínimo de 0,1% do eleitorado em cada Estado

A prova do apoiamento mínimo de eleitores é feita por meio de suas assinaturas, com menção ao número do
respectivo título eleitoral, em listas organizadas para cada Zona, sendo a veracidade das respectivas assinaturas
e o número dos títulos atestados pelo Escrivão Eleitoral. O Escrivão Eleitoral dará imediato recibo de cada lista
que lhe for apresentada e, no prazo de 15 dias, lavra o seu atestado, devolvendo-a ao interessado.

Registro do Partido no TSE:

Art. 8º O requerimento do registro de partido político, dirigido ao cartório competente do Registro Civil das
Pessoas Jurídicas do local de sua sede, deve ser subscrito pelos seus fundadores, em número nunca inferior
a 101 (cento e um), com domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 (um terço) dos Estados, (...).

Subscrição (assinatura) por, pelo menos, 101 fundadores


Distribuídos por 1/3 dos Estados
REGISTRO DO PARTIDO
Nome e função dos dirigentes provisórios (deve constar do requerimento)
Endereço da sede do partido no território nacional

#CUIDADO: Não confundir a subscrição pelos fundadores do partido político com o apoiamento mínimo que já
vimos. A subscrição pelos fundadores será necessária para registro civil. Já o apoiamento mínimo é necessário
para o registro perante o TSE.

#ATENÇÃO Lei 13.877/2019: Minirreforma Eleitoral de 2019.

ANTES: O partido político, para requerer seu registro, precisava ter sede em Brasília (Capital Federal);
AGORA: Não é mais necessário, podendo ter sede em qualquer lugar do território nacional.

REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL (LEI 13.877/2019)


Art. 8º (...) Art. 8º (...)
§1º O requerimento indicará o nome e função dos § 1º O requerimento indicará o nome e a função dos
dirigentes provisórios e o endereço da sede do dirigentes provisórios e o endereço da sede do
partido na Capital Federal. partido no território nacional. (Redação dada pela Lei
nº 13.877, de 2019)
Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre
outras, normas sobre: outras, normas sobre:
I – nome, denominação abreviada e o I – nome, denominação abreviada e o
estabelecimento da sede na Capital Federal; estabelecimento da sede no território
nacional; (Redação dada pela Lei nº 13.877, de 2019)

FUNDO PARTIDÁRIO – NOVIDADE LEGISLATIVA (EC 117/2022)

143
A Emenda Constitucional 117 de 5 de abril de 2022, alterou o art. 17 da CF/88 para impor aos partidos políticos
a aplicação de recursos do fundo partidário na promoção e difusão da participação política das mulheres, bem
como a aplicação de recursos desse fundo e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e a divisão do
tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão no percentual mínimo de 30% (trinta por cento) para
candidaturas femininas.

SISTEMAS ELEITORAIS #APOSTACICLOS

SISTEMA MAJORITÁRIO:

Por este sistema, é considerado eleito o candidato que obtenha a maior soma de votos sobre os seus
adversários, prevalecendo o pronunciamento da maioria.
Este sistema é dividido em sistema majoritário simples (maioria relativa de votos) e absoluto (maioria absoluta
de votos):

SISTEMA MAJORITÁRIO

Simples Válido nas eleições para Senador e Prefeito de Município com ATÉ 200 mil eleitores.

Válido nas eleições para Presidente, Governador e Prefeito de Município com MAIS de
Absoluto
200 mil eleitores.

PROPAGANDA ELEITORAL

Propaganda política é um gênero, do qual existem quatro espécies, quais sejam:

Consiste na divulgação das ideias e do programa do partido. Tem por


finalidade a exposição e o debate público de sua ideologia, de sua
PROPAGANDA PARTIDÁRIA história, de suas metas, seus valores e suas propostas para a melhoria
ou transformação da sociedade. Havia sido extinta da legislação, mas
foi disciplinada novamente a partir da Lei nº 14.291/22.
É aquela realizada por filiado de partido que aspira ser candidato em
PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA
pleito eletivo.
É a propaganda oficial, feita pela própria administração pública, com
PROPAGANDA INSTITUCIONAL
o objetivo de divulgar suas ações (não interessa ao direito eleitoral).
Forma de captação de votos usada pelos partidos políticos, coligações
PROPAGANDA ELEITORAL ou candidatos, em época determinada por lei, por meio de divulgação
de suas propostas, visando à eleição de cargos eletivos.

A propaganda eleitoral é permitida apenas durante o período eleitoral. De acordo com a Lei das Eleições,
permite-se a propaganda após o dia 15 de agosto. Assim, a propaganda eleitoral poderá ser desenvolvida entre
os dias 16 de agosto e o dia das eleições, se for realizada antes desse período, será considerada propaganda
eleitoral antecipada.

Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição. (Redação dada
pela Lei nº 13.165, de 2015)

O art. 36-A da Lei das Eleições elenca uma série de hipóteses que não são consideradas como propaganda
eleitoral antecipada. MAS, MUITA ATENÇÃO!!! Para que os atos arrolados nos incisos do art. 36-A da Lei
9.504/97 não sejam considerados como propaganda eleitoral antecipada eles não poderão conter PEDIDO
EXPLÍCITO DE VOTOS.

144
O artigo 37 é o MAIS IMPORTANTE neste tema de propaganda partidária!!! Ele sofreu diversas alterações
legislativas, em todas as minirreformas eleitorais o artigo 37 foi alterado, e sempre é cobrado em provas. Então
leia na íntegra o dispositivo no seu Vade Mecum.

#TABELINHA

PROPAGANDA PERMITIDA PROPAGANDA PROIBIDA


Paga na imprensa escrita, até a antevéspera da
Paga no rádio e na televisão
eleição
Em bens públicos de uso comum e naqueles a que a
Bandeiras móveis nas vias públicas população em geral tem acesso; árvores, jardins,
muros, cercas e tapumes em áreas públicas
Gratuita em bens particulares Paga em bens particulares
Alto-falantes entre as 22h e 8h, e em distância
Mesas para distribuir material de campanha inferior a 200m das sedes do Poder Público, quartéis,
hospitais, escolas, bibliotecas, igrejas e teatros
Alto-falantes, comícios e carreatas, ou qualquer tipo
Adesivo plástico em automóveis de até 0,5m2
de propaganda, NO DIA da eleição
Arregimentação de eleitor NO DIA da eleição (“boca
Materiais impressos – adesivos de até 50x40 cm
de urna”
Publicação de novos conteúdos ou impulsionamento
Alto-falantes até entre as 8h e 22h
na internet NO DIA da eleição
Distribuição de brindes (camisetas, chaveiros, bonés,
Comícios e sonorização fixa entre as 8h e as 24h
canetas, cestas básicas ou outra vantagem)
Distribuição de material, caminhada, carreata,
passeata e carro de som até as 22h do dia ANTERIOR Showmício – apresentação de artistas em comício
à eleição
Carros de som e minitrios, com limite de som de até
Outdoors, inclusive eletrônicos
80 decibéis.
Manifestação individual e silenciosa do eleitor no dia
Trios elétricos
das eleições
Propaganda na internet – no sítio do candidato, do
partido ou da coligação; por meio de mensagem Manifestação coletiva de eleitores no dia da eleição –
eletrônica para endereços cadastrados aglomeração de pessoas com vestuário padronizado
gratuitamente; em blogs, redes sociais, sítios de ou outros instrumentos de propaganda
mensagens instantâneas e aplicações
Impulsionamento de conteúdos, desde que
Vestuário ou propaganda pelos servidores da Justiça
identificado como tal, disponibilizado pelo provedor
Eleitoral, mesários ou escrutinadores
da aplicação e contratado pelo candidato/partido
Uso de símbolos, frases ou imagens de órgão de
governo, empresa pública ou sociedade de economia
mista
Conteúdo na internet com perfis “fake”
Impulsionamento de conteúdo pela internet por
ferramentas NÃO disponibilizadas pelo provedor da
aplicação
Em sites de pessoas jurídicas ou sites de órgãos ou
entidades da administração pública

INELEGIBILIDADES

145
São as circunstâncias que impedem o cidadão do exercício total ou parcial da capacidade eleitoral passiva, ou
seja, da capacidade de eleger-se. Essas circunstâncias estão previstas na CF e em lei complementar, que poderá
estabelecer outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação.

#ATENÇÃO: As condições de inelegibilidade só podem ser tratadas em Lei Complementar, mas as condições de
elegibilidade podem ser objeto de lei ordinária.

As hipóteses de inelegibilidade podem decorrer de dois fundamentos principais:


➢ Decorrente da aplicação de uma sanção (INELEGIBILIDADE SANÇÃO).
➢ Mera situação jurídica em que a pessoa se encontra ao efetuar o registro da candidatura, decorrente de:
status profissional; ou outras situações específicas previstas na legislação (INELEGIBILIDADE NATA).

INELEGIBILIDADE NATUREZA
SANÇÃO CONSTITUTIVA

INELEGIBILIDADE NATUREZA
NATA DECLARATÓRIA

As inelegibilidades serão absolutas quando se aplicarem a todos os cargos, como por exemplo, os analfabetos.
Serão relativas quando somente se referem a alguns cargos, como por exemplo, a inelegibilidade para um
terceiro mandato consecutivo nos cargos do Executivo.

INELEGIBILIDADES (CAPACIDADE ELEITORAL NEGATIVA)


Inalistável: quem não pode ser eleitor não pode eleger-se. Assim, os estrangeiros e
INELEGIBILIDADES os conscritos não podem alistar-se como eleitores, logo são inelegíveis.
ABSOLUTAS Analfabeto: o analfabeto tem direito à alistabilidade e, portanto, direito de votar, mas
não pode ser eleito, pois não possui capacidade eleitoral passiva
Por motivos funcionais: é vedado o 3º mandato consecutivo para o mesmo cargo do
Poder Executivo. Sobre o vice, o TSE entende que, tendo ele sido reeleito ou não, se
sucedeu o titular, poderá candidatar-se à reeleição por um período subsequente, pois
somente quando sucedeu o titular é que passou a exercer o seu primeiro mandato
como titular do cargo.

#ATENÇÃO: Em relação ao prefeito, a vedação é para concorrer ao cargo de prefeito


em qualquer outro município do país, como forma de evitar a figura do prefeito
INELEGIBILIDADES itinerante.
RELATIVAS Reflexa/Em razão do parentesco: são inelegíveis, no território da circunscrição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, dos chefes do executivo ou daqueles que os tenham substituídos dentro dos
6 meses anteriores ao pleito. A desincompatibilização afasta sua incidência. Se o
parente já era titular de cargo eletivo poderá se candidatar à reeleição. Parentes
podem concorrer nas eleições, desde que o titular do cargo tenha o direito à reeleição
e não concorra na disputa.
Militar: extensível aos policiais militares e bombeiros. Enquanto na ativa não podem
se candidatar. Caso queira, sua situação vai depender do tempo de serviço:

146
• Se menos de 10 anos: deverá afastar-se da atividade. O STF entende que embora
o texto diga apenas que o militar deverá se afastar, esse afastamento é definitivo, ou
seja, será excluído do serviço ativo mediante demissão ou licenciamento ex-officio.
• Se mais de 10 anos: ficará afastado durante a campanha e, em caso de vitória, será
colocado na inatividade, no ato da diplomação.

DIREITO PENAL – ANEXO DIREITO PENAL MILITAR20

Pessoal, atendendo a pedidos dos alunos, vamos deixar aqui essa pequena revisão de Direito Penal
Militar. Lembramos que essa matéria não é nossa aposta para a prova! Em todo o histórico de provas para a
magistratura do TJDFT, apenas uma única questão versou estritamente sobre Direito Penal Militar, no XLII
Concurso (o último foi o XLIII, também no ano de 2015):

CESPE / CEBRASPE – 2015 – TJ-DFT – Juiz de Direito


Acerca do concurso de agentes, assinale a opção correta à luz do CPM21.
A) No cálculo da pena de crimes militares em que haja concurso de pessoas, as condições ou as circunstâncias
de caráter pessoal dos coautores serão consideradas apenas nos casos em que os agentes tenham consciência
dessas condições ou circunstâncias.
B) O CPM tipifica como causa de aumento da pena o fato de um agente dirigir as atividades dos demais agentes
envolvidos no evento delituoso.
C) Se o crime for praticado com o concurso de dois ou mais oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada
em dobro.
D) Agente cuja participação no crime seja de menor importância deve ser apenado na mesma proporção que os
demais agentes envolvidos no delito.
E) Se o crime for cometido por inferiores juntamente com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais
inferiores que estiverem exercendo função de oficial, serão considerados cabeças da ação delituosa.

Contudo, melhor prevenir do que remediar, e pedido de aluno é uma ordem! Então, bora!

➢ Superação da dicotomia crimes militares próprios e crimes militares impróprios:

#AJUDAMARCINHO22

Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares, assim definidos em lei (art. 124 da CF/88).
A lei que prevê os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/1969).
• No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares em tempo de paz.
• No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra.

Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo, portanto, de competência da Justiça
Militar, é preciso que ele se amolde em uma das hipóteses previstas nos arts. 9º e 10 do CPM.

A alteração promovida pela Lei nº 13.491/2017 foi no art. 9º.

ALTERAÇÃO 1: CRIMES MILITARES PODERÃO SER PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM

Alteração no inciso II do art. 9º

20
Por Carolina Byrro.

21
Gabarito: Letra E.

22
https://www.dizerodireito.com.br/2017/10/comentarios-lei-134912017-competencia.html

147
A primeira mudança ocorrida foi no inciso II do art. 9º. Veja:
Código Penal Militar
Redação original Redação dada pela Lei nº 13.491/2017
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo
paz:
de paz:
II - os crimes previstos neste Código, embora também o
II - os crimes previstos neste Código e os previstos
sejam com igual definição na lei penal comum, quando
na legislação penal, quando praticados:
praticados:

O que significa essa mudança?


• Antes da Lei: para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo
agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.
• Agora: a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar
prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.

Vejamos com um exemplo concreto a relevância dessa alteração.


João, sargento do Exército, contratou, sem licitação, empresa ligada à sua mulher para prestar manutenção na
ambulância utilizada no Hospital militar.

Qual foi o crime praticado, em tese, por João?


O delito do art. 89 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações):
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

De quem é a competência para julgar esta conduta?


• Antes da Lei nº 13.491/2017: Justiça Federal comum.
• Agora (depois da Lei nº 13.491/2017): Justiça Militar.

Por quê?
João, militar da ativa, praticou uma conduta que não é prevista como crime no Código Penal Militar.
A conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, tipificada no art. 89 da Lei nº
8.666/93, não encontra figura correlata no Código Penal Militar.
Assim, antes da Lei nº 13.491/2017, apesar de o crime ter sido praticado por militar (sargento do Exército), o
caso não se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas no art. 9º do CPM. Isso porque o art. 9º, II, exigia
que o crime estivesse expressamente previsto no Código Penal Militar.

E agora?
Atualmente, com a mudança da Lei nº 13.491/2017, a conduta de João passou a ser crime militar e se enquadra
no art. 9º, II, “e”, do CPM:
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a
ordem administrativa militar;

Obs.: a doutrina afirmava que o art. 9º, II, do CPM era um crime militar ratione legis (em razão da lei – porque
previsto no CPM) e ratione personae (em razão da pessoa – porque praticado por sujeito ativo militar em
atividade). Isso agora mudou. O crime militar do art. 9º, II, do CPM deixou de ser ratione legis.

#MAISUMEXEMPLO: Em agosto/2017, ou seja, antes da Lei nº 13.491/2017, João, militar, no exercício de suas
funções, praticou crimes de abuso de autoridade:

148
De quem é a competência para julgar o crime de abuso de autoridade praticado por militar no exercício de
suas funções?
ABUSO DE AUTORIDADE PRATICADO POR MILITAR EM SERVIÇO
Antes da Lei 13.491/2017: Depois da Lei 13.491/2017:
JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA MILITAR
Antes da Lei nº 13.491/2017 a competência para A Lei nº 13.491/2017 deu nova redação ao CPM e
julgar este delito era da Justiça comum. Isso porque passou a prever que a conduta praticada pelo agente,
o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º,
ser considerado como crime militar as condutas que pode estar prevista no Código Penal Militar ou na
estivessem tipificadas no CPM. legislação penal “comum”.
Assim, como o abuso de autoridade não está previsto Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não
no CPM), mas sim na Lei nº 4.898/65, este delito não estando previsto no CPM pode agora ser considerado
podia ser considerado crime militar. crime militar.
Como o abuso de autoridade não podia ser Como o abuso de autoridade pode agora ser
considerado crime militar, a competência para julgá- considerado crime militar, ele pode ser julgado pela
lo era da Justiça comum. Justiça Militar com base no art. 9º, II, do CPM.
Súmula 172-STJ: Compete à justiça comum processar
A Súmula 172 do STJ está SUPERADA e deve ser
e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
cancelada futuramente.
ainda que praticado em serviço.

#DEOLHONAJURIS: É possível a aplicação imediata da Lei nº 13.491/2017, que amplia a competência da Justiça
Militar e possui conteúdo híbrido (lei processual material), aos fatos perpetrados antes do seu advento,
mediante observância da legislação penal (seja ela militar ou comum) mais benéfica ao tempo do crime. STJ. 3ª
Seção. CC 161.898-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/02/2019 (Info 642).

#RESUMINHOESPERTO:
Teoria diferenciadora Teoria Unitária
Adotada pelo CPM Adotada pelo CP
JUSTIFICANTE EXCULPANTE JUSTIFICANTE
Nesse caso, o bem
protegido vale menos ou
Nesse caso, o bem Nesse caso, o bem A teoria unitária não
a mesma coisa que o bem
protegido vale mais que protegido vale mais ou a adota o estado de
jurídico sacrificado.
o bem jurídico mesma coisa que o bem necessidade exculpante.
→ Exclui a culpabilidade.
sacrificado. jurídico sacrificado. → Reduz a pena de 1/3 a
→ Exclui a ilicitude. → Exclui a ilicitude. 2/3.
#OLHAADICA: exCulpante
Culpabilidade.
+ - ou = + ou = -

#TABELINHAPARAMEMORIZAR:
Estado de Necessidade Exculpante (art. 39, CPM).
Quais são as situações de
Coação Irresistível (art. 38, CPM).
inexigibilidade de conduta diversa
Estrita Obediência Hierárquica (art. 38, CPM).
para o CPM?
Excesso Exculpante (art. 45, parágrafo único, CPM).
#ATENÇÃO #SELIGANESSADIFERENÇA #VAICAIR:
O CP comum só reconhece expressamente a coação irresistível e a estrita obediência hierárquica (art. 22, CP).
As demais são consideradas supralegais.

#IMPORTANTE: Nos crimes em que há violação do dever militar (artigos 187 a 204, do CPM), o agente não pode
invocar coação moral irresistível.

149
#PARAENTENDER: O motivo da vedação diz respeito à própria natureza da atividade castrense, que exige que
os militares suportem as mais diversas pressões para assegurar o cumprimento do dever militar. Por exemplo,
não se pode alegar coação moral irresistível para afastar a culpabilidade em crime de abandono de posto,
previsto no artigo 195 do Código Penal Militar.

#SELIGANAJURIS: Vamos conferir os julgados e súmulas mais importantes sobre o tema?

Em atenção ao princípio da especialidade, não se aplica o art. 70 do Código Penal nos casos de concurso de
crimes militares, devendo ser aplicada a regra prevista no art. 79 do Código Penal Militar. STJ. 6ª Turma. AgRg-
HC 595.556, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/11/2020.
Para a definição da competência da justiça militar, faz-se necessária a observância do:
• critério subjetivo (delito praticado por militar em atividade, em serviço ou não),
• aliado ao critério objetivo (vulneração de bem jurídico caro ao serviço e ao meio militar, a ser analisada no
caso concreto).
Ex: policial militar estava em sua casa, de folga. Ele e a esposa começaram a discutir por ciúmes. Embriagado,
ele ameaçou matar a esposa. Com medo, a mulher se trancou no banheiro e ligou para a polícia. Foi deslocada
uma viatura com dois policiais militares para atender a ocorrência. Quando os policiais chegaram, o agressor
fugiu, mas antes atirou contra eles e contra a viatura.
A fuga e a resistência do policial militar, contextualizada com disparos de arma de fogo contra colegas e contra
viatura da corporação, são suficientes para configurar a vulneração da regularidade da Polícia Militar, cujo
primado se pauta pela hierarquia e disciplina. STJ. 5ª Turma. HC 550998-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 23/06/2020 (Info 675).
Não se exige a manutenção do status de militar como requisito de procedibilidade e de prosseguimento da ação
penal que apura a prática de crime de violência contra inferior (art. 175 do Código Penal Militar). STF. 1ª Turma.
HC 137741 AgR e AgR-segundo/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/6/2019 (Info 945).
É possível a aplicação imediata da Lei nº 13.491/2017, que amplia a competência da Justiça Militar e possui
conteúdo híbrido (lei processual material), aos fatos perpetrados antes do seu advento, mediante observância
da legislação penal (seja ela militar ou comum) mais benéfica ao tempo do crime. STJ. 3ª Seção. CC 161898-MG,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/02/2019 (Info 642).
Na configuração de crime militar observa-se a data do evento delituoso, considerado neutro o fato de o autor
estar licenciado. STF. Plenário. HC 132847/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/6/2018 (Info 908).
Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a militar licenciado. STJ. 3ª Seção. CC
149442-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
Compete à Justiça Militar processar e julgar o crime de furto, praticado por civil, de patrimônio que, sob
administração militar, encontra-se nas dependências desta.
Caso concreto: civil furtou, dentro de estabelecimento militar, pistola que estava na posse de soldado da
Aeronáutica. Fundamento: art. 9º, III, “a”, do Código Penal Militar. STJ. 3ª Seção.CC 145721-SP, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, julgado em 22/02/2018 (Info 621).
A prescrição em perspectiva (ou prescrição virtual) não é admitida nos crimes militares, assim como ocorre
também nos crimes comuns. STF. 2ª Turma. HC 125777/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/6/2016
(Info 831).
Se uma praça (exs: soldados, cabos) for condenada por crime militar com pena superior a 2 anos, receberá,
como pena acessória, a sua exclusão das Forças Armadas mesmo sem que tenha sido instaurado processo
específico para decidir essa perda?
SIM. A pena acessória de perda do cargo pode ser aplicada a PRAÇAS mesmo sem processo específico para que
seja imposta. Trata-se de uma pena acessória da condenação criminal.
E se um OFICIAL for condenado?
Neste caso, será necessário um processo específico para que lhe seja imposta a perda do posto e da patente
(art. 142, § 3º, VI e VII, da CF/88). Para que haja a perda do posto e da patente do Oficial condenado a pena
superior a 2 anos, é necessário que, além do processo criminal, ele seja submetido a novo julgamento perante
Tribunal Militar de caráter permanente para decidir apenas essa perda. STF. Plenário. RE 447859/MS, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 21/5/2015 (Info 786).
Como ocorre a prescrição no caso do crime de deserção:
150
a) Se o agente praticou a deserção, mas depois foi reincorporado ao serviço militar: no dia em que ele
reapareceu, inicia-se o prazo prescricional, nos termos do art. 125 do CPM;
b) Se o desertor ainda não foi capturado nem se apresentou à corporação: aplica-se a regra especial prevista no
art. 132 do CPM. Esse artigo determina que, mesmo o agente não reaparecendo, haverá prescrição quando ele
completar 45 anos (se não tiver patente de oficial); se for oficial, a prescrição ocorre quando atingir 60 anos.
O STF entende que o art. 132 do CPM é compatível com a CF/88. STF. 1ª Turma. HC 112005/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 10/2/2015 (Info 774).
Não há nulidade na sentença que julga um crime militar se o juiz aumenta a pena-base com fundamento na
culpabilidade do réu e nas consequências do delito. Isso porque o art. 69 do CPM fala em “intensidade do dolo”,
locução que, em outras palavras, quer significar a mesma coisa que “culpabilidade”. De igual forma, a menção
às “consequências do crime” não implica qualquer nulidade, já que essa expressão está presente implicitamente
no art. 69 do CPM quando este dispositivo fala em “maior ou menor extensão do dano”. STF. 2ª Turma. HC
109545/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/12/2014 (Info 772).
São compatíveis com a CF/88 o art. 88, II, “a” do CPM e o art. 617, II, “a”, do CPPM, que vedam a concessão de
SURSIS nos casos ali especificados. STF. Plenário. HC 119567/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2014 (Info 747).
Em regra, não existe perdão judicial no caso de homicídio culposo no CPM.
Não se pode aplicar por analogia o perdão judicial previsto no art. 121, § 5º do CP (homicídio culposo) aos crimes
militares. STF. 1ª Turma. HC 116254/SP, rel. Min. Rosa Weber, 25/6/2013 (Info 712).
Compete à JUSTIÇA COMUM processar e julgar crime praticado por militar contra militar quando ambos
estiverem em momento de folga. STF. 1ª Turma. HC 110286/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, 14/2/2012.

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