Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fala, pessoal. Tudo bem? Esse material é um carinho da nossa equipe Ciclos, para fazer companhia a vocês nessas 24h que
antecedem a prova. Aqui mora um pequeno retrato dos nossos materiais da RETA FINAL TJDFT, com foco total na CESPE.
CURSO PARA DAR AQUELE EMPURRÃOZINHO NA QUEBRANDO A BARREIRA DA 1ª FASE 4.0 – Ciclos
PRIMEIRA FASE (ciclosmetodo.com.br)
https://ciclosmetodo.com.br/product/drops-
DROPS MAGIS
magistratura-20/
https://materiais.ciclosmetodo.com.br/lp-tjsp-tjms
http://ciclosmetodo.rds.land/lp-tjms
Bons estudos.
2
REVISÃO DE VÉSPERA – RETA FINAL TJ/DFT
DIREITO ADMINISTRATIVO1
PRINCÍPIO DA MORALIDADE
É a exigência de atuação ética dos agentes da administração pública, como condição de validade dos atos
administrativos. Assim, um ato que viola o princípio da moralidade está sujeito à exame de legalidade (mérito),
devendo ser declarado NULO.
A moralidade administrativa é mais rigorosa e exigente do que a moralidade comum, pois significa a correção
de atitudes, somada à boa administração (a melhor administração possível).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal.
1
Por Thais Sponchiado Cavallieri
3
O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem a dimensão estritamente
pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato ilícito. Ou seja, tal princípio
proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores.
Ainda, outra dimensão desse princípio é impedir que um ente federado sofra restrições em decorrência de
sanções aplicadas a uma de suas entidades da administração indireta, tampouco aos integrantes de outros
poderes, ainda que vinculados ao mesmo ente federativo.
#DEOLHONAJURIS
Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União por irregularidades praticadas
pelos outros Poderes ou órgãos autônomos. A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude
de pendências de órgãos dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais como o Ministério
Público estadual, constitui violação do princípio da intranscendência, na medida em que o Governo do Estado
não tem competência para intervir na esfera orgânica dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode
ser impedido de contratar operações de crédito em razão do descumprimento dos limites setoriais de despesa
com pessoal por outros poderes e órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal).
STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).
Município pode obter certidão positiva com efeitos de negativa quando os débitos são da Câmara Municipal
(e não do Poder Executivo). É possível ao Município obter certidão positiva de débitos com efeito de negativa
quando a Câmara Municipal do mesmo ente possui débitos com a Fazenda Nacional, tendo em conta o princípio
da intranscendência subjetiva das sanções financeiras. STF. Plenário. RE 770149, Rel. Min. Marco Aurélio,
Relator p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – tema 743) (Info 993).
2º setor ou Setor Privado = são as pessoas jurídicas que prestam serviços públicos por meio de delegação, que
visam lucro (concessionárias, permissionárias e autorizatárias).
3º Setor ou Setor Social = são as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que desempenham
atividade de interesse público e mantêm vínculo de parceria (convênio, termo de parceria, contrato de gestão,
benefícios) com o Estado.
• Organizações da Sociedade Civil (OSC).
• Serviços Sociais Autônomos (Sistema “S”).
• Organizações Sociais (OS).
• Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
• Entidades de Apoio.
Descentralização
ATENÇÃO: A ONG (organização não governamental) é pessoa jurídica de direito privado por outorga
sem fins lucrativos, mas
não necessariamente integram o terceiro setor. Algumas ONGs mantêm vínculo formal com o Estado e,
portanto, integram o Terceiro Setor.
PODER DE POLÍCIA
Atividade da administração que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público. Se funda no poder de império.
Previsto expressamente no art. 78 do CTN.
4
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº
31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Exercício preventivo: limitam ou condicionam a utilização de bens ou exercício de atividades privadas = licença
e autorização.
Exercício repressivo: aplicação de sanções administrativas como consequência à infração de normas de polícia.
ATENÇÃO: A cobrança de multas administrativas de polícia, quando RESISTIDA pelo particular, NÃO é
autoexecutável, deve ser realizada por via judicial.
CICLO DE POLÍCIA:
O STJ, encampando a teoria dos ciclos de polícia, decidiu-se que somente os atos relativos ao consentimento e
à fiscalização são delegáveis às pessoas jurídicas de direito privado, pois aqueles referentes à legislação e à
sanção derivam do poder de coerção do Poder Público.
O STF, por sua vez, decidiu que é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta, desde que possuam capital social
majoritariamente público e que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em
regime não concorrencial.
5
Apesar de ter chegado à mesma conclusão que o STJ, a Corte Suprema ressaltou que a única fase do ciclo de
polícia que, por sua natureza, é absolutamente indelegável é a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa.
#DEOLHONANAJURIS
É possível a DELEGAÇÃO do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação de multas – para pessoas
jurídicas de direito privado. É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas
de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF.
Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).
É prescindível (dispensável) a comprovação, pelo ente tributante, do efetivo exercício do poder de polícia, a
fim de legitimar a cobrança da Taxa de Fiscalização de Anúncios, da Taxa de Fiscalização de Localização e
Funcionamento e da Taxa de Fiscalização Sanitária. STJ. 1ª Turma. AgRg no Ag 1320125/MG, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 20/11/2012.
As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito,
lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às
guardas municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções
administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (repercussão geral) (Info 793).
O PROCON detém poder de polícia para impor multas (art. 57 do CDC) decorrentes de transgressão às regras
ditadas pela Lei n.º 8.078/90. Assim, a sanção administrativa aplicada pelo PROCON reveste-se de legitimidade,
em virtude de seu poder de polícia (atividade administrativa de ordenação) para cominar multas relacionadas à
transgressão do CDC. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1594667/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
04/08/2016.
A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse jurídico
suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em área cuja
competência para o licenciamento seja do Município ou do Estado. Nos termos da legislação federal de
regência, a competência concorrente (rectius: competência comum) não inibe a atuação do IBAMA, ainda mais
não tendo havido a interferência de órgão ambiental local. STJ. 2ª Turma. REsp 1560916/AL, Rel. Min. Francisco
Falcão, julgado em 06/10/2016.
Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o IBAMA
pode exercer o seu poder de polícia administrativa, porque não se pode confundir competência para licenciar
com competência para fiscalizar. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1484933/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 21/03/2017.
A Administração pode ingressar com ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine a execução de
ato de poder de polícia ao particular. Um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutoriedade. Isso significa
que a Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e decisões, sem precisar de
prévia autorização judicial. A Administração, contudo, pode, em vez de executar o próprio ato, ingressar com
ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência ao particular. Ex: diante de uma
irregularidade grave, a Administração Pública poderia, em tese, interditar o estabelecimento. Se ela, em vez de
executar esta ordem diretamente, ajuíza ação pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência, tal
ação não pode ser julgada extinta por falta de interesse de agir. A autoexecutoriedade não retira da
Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe assegure a providência fática que
almeja, pois nem sempre as medidas tomadas pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são
suficientes. STJ. 2ª Turma. REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017.
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário.
RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
6
CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:
CLÁUSULAS EXORBITANTES:
O fundamento das cláusulas exorbitantes é o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.
CLÁUSULAS EXORBITANTES
São prerrogativas legalmente constituídas em favor da Administração Pública, que sujeitam o contratado a
um desequilíbrio entre as partes do contrato administrativo, em nome do interesse público.
Modificação unilateral dos contratos, para melhor adequação às finalidades de
Alteração unilateral
interesse público, respeitados os direitos do contratado.
Rescisão unilateral Direito de extinguir os contratos, nos casos especificados na nova Lei.
Fiscalização Poder-dever de fiscalizar a correta execução dos contratos.
A Administração pode aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou
Aplicação de sanções
parcial do ajuste.
Direito de ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
Ocupação provisória a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, inclusive após extinção do contrato.
Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a prevista em edital, e deverão ser observadas, no
momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários, bem como
a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro.
Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços
e fornecimentos contínuos, observadas as seguintes diretrizes:
I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior vantagem econômica
vislumbrada em razão da contratação plurianual;
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos
orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção;
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos
orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem.
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de aniversário
do contrato e não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática.
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente,
respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade competente ateste
7
que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração, permitida a negociação com o
contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das partes.
Art. 108. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas
nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei.
Esses casos do art. 108 são hipóteses de dispensa de licitação que se referem, resumidamente, a:
• alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
• materiais de uso das Forças Armadas, para fins de padronização (com exceções);
• inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo;
• comprometimento da segurança nacional;
• transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS);
• insumos estratégicos para a saúde.
Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por PRAZO INDETERMINADO nos contratos em que
seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, DESDE QUE comprovada, a cada exercício
financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação.
Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere economia para a Administração,
os prazos serão de:
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento;
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados aqueles que impliquem a
elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão
revertidas ao patrimônio da Administração Pública ao término do contrato.
Exemplo de contrato que gera receita são os contratos de concessão de uso de bem público. Nesse tipo de
contrato, a administração receberá um valor pelo uso do bem. Logo, o contrato gera receita para a
administração.
Os contratos de eficiência, por sua vez, são definidos como: “Art. 6º, LIII – contrato de eficiência: contrato cujo
objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo
de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, remunerado o
contratado com base em percentual da economia gerada;”
Assim, se o contratado realizar investimentos (por exemplo: custear uma obra), o contrato poderá ter vigência
de até trinta e cinco anos. Fique atento, entretanto, que este prazo somente se aplica se a obra for custeada
pelo contratado. Se a administração realizar o pagamento da obra, o prazo será de até dez anos (sem
investimento).
MODALIDADES DE INTERVENÇÃO:
MODALIDADES DE DESAPROPRIAÇÃO:
Utilidade e necessidade
pública
União, Estados,
Ordinária (DL 3.365/61)
Municípios, Distrito Em dinheiro
(art. 5º, XXIV CF)
Federal e Territórios.
Interesse social (Lei
4.134/62)
Desapropriação
Em títulos da dívida
Urbanística Municípios e Distrito
Lei 10.257/2001 pública, resgatáveis em
Sancionatória (art. 182, Federal
10 anos
§4º, III CF)
Em títulos da dívida
Desapropriação por
Lei 8.629/1993 agrária, resgatáveis em
interesse social para
União 20 anos (benfeitorias
fins de reforma agrária
LC 76/1993 úteis e necessárias em
(art. 184, CF)
dinheiro)
Desapropriação
Não há direito à
confiscatória Lei 8.257/1991 União
indenização
(art. 243, CF)
9
Tenta equiparar o Estado ao particular, admitindo a
Teoria da responsabilidade com culpa
responsabilização nas mesmas hipóteses em que estes
(doutrina civilista da culpa)
teriam reconhecida a obrigação de reparar o dano.
Procura desvincular a responsabilidade do Estado da ideia
Teoria da culpa administrativa de culpa do funcionário; é a chamada culpa Anônima do
(exceção no Brasil – omissão) serviço público (porque não é necessária a individualização
do agente público responsável pela omissão).
Dispensa a demonstração de elemento subjetivo, mas
Teoria do RISCO ADMINISTRATIVO
admite hipóteses de exclusão de responsabilidade -
(regra no Brasil)
RESPONSABILIDADE OBJETIVA (art. 37, §6º, CF)
Teoria do RISCO INTEGRAL Também adota a teoria da responsabilidade objetiva e NÃO
(exceção no Brasil) admite excludentes de responsabilidade.
Art. 37, § 6º, CF - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Alcança todas as pessoas jurídicas de direito público, portanto a Administração Direta, Autarquias e Fundações
de direito público, independente das atividades que exerçam ou os serviços que prestem. Abarca, ainda, as
pessoas jurídicas privadas prestadoras de serviços públicos, como as empresas públicas, sociedades de
economia mista e as fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado que prestem tais serviços.
Caso tais entidades da Administração Indireta não sejam prestadoras de serviços públicos, explorando atividade
econômica de produção ou comercialização de bens, por exemplo, não lhes será aplicável o referido dispositivo
constitucional e elas deverão responder pelos danos que causarem com base na responsabilidade civil regulada
pelo direito privado, onde se exige a comprovação de culpa, ou seja, trata-se de responsabilidade civil subjetiva.
É o que determina o art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal.
Por fim, as demais pessoas jurídicas de direito privado englobadas pelo art. 37, § 6º, da CF são aquelas que não
são integrantes da Administração Pública, mas são delegatárias de serviços públicos, como as concessionárias,
permissionárias e detentoras de autorização para prestação de serviços públicos.
Responsabilidade civil por danos nucleares (art. 21, XXIII, “d”, da CF/88)
Responsabilidade civil por danos ambientais (art. 225, §3º)
Responsabilidade civil da União perante terceiros no caso de atentado terrorista, ato de guerra ou eventos
correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo,
excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei. n. 10.744/2003)
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE:
10
A vítima poderá ajuizar a ação de indenização somente contra o Estado; se este for condenado, poderá acionar
o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa; o ofendido não poderá propor a demanda
diretamente contra o agente público.
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da CF, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada
contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para
a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. STF.
RE 1027633/SP, 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).
A parte final do art. 37, § 6º, da CF exige especial atenção, pois prevê o direito de regresso da pessoa jurídica de
direito público ou de direito privado prestadora de serviço público contra o seu agente que tenha sido o
responsável pela ocorrência do dano, nos casos em que tenha agido com dolo ou culpa.
É importante ter em mente que há dois liames de responsabilidade civil distintos, um entre a pessoa jurídica
causadora do dano e o terceiro lesado, que é de natureza objetiva fundado no risco administrativo e não precisa
de comprovação de dolo ou culpa, e outro entre a pessoa jurídica causadora do dano e o seu próprio agente
responsável pela ocorrência do dano, fundado em uma responsabilidade subjetiva, ou seja, que exige a
comprovação de dolo ou culpa por parte do agente.
Ainda, é necessário que haja algum vínculo jurídico entre o agente e a pessoa jurídica obrigada a indenizar, ainda
que maculado por algum vício de ilegalidade, como é o caso dos funcionários de fato. A expressão “nessa
qualidade”, constante do texto constitucional, deve ser entendida no sentido de que somente haverá
responsabilidade civil objetiva fundada no risco administrativo se o agente estiver no exercício de suas funções
ou, ao menos, a sua conduta indique um pretexto de exercê-la.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
O ato de improbidade administrativa pode ser conceituado como o ato doloso praticado por agente público, ou
por agente público e particular, que gere enriquecimento ilícito (art. 9º), cause danos ao erário (art. 10) ou viole
os princípios da administração pública (art. 11).
ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA = condutas DOLOSAS tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 da LIA.
Art. 1º, § 1º, LIA: Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas DOLOSAS tipificadas nos arts.
9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
No tocante ao elemento subjetivo da conduta ímproba, a lei prevê que, além da conduta ser dolosa, este dolo
deve ser ESPECÍFICO, ou seja, ato praticado com fim ilícito (não há que se falar em dolo genérico).
Art. 1º, § 2º Considera-se DOLO a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts.
9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 1º, § 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato
doloso com FIM ILÍCITO, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
Com isso, pelas alterações promovidas pela Lei 14.230/2021, NÃO EXISTE MAIS ato de improbidade culposo.
11
Sujeito passivo do ato de improbidade – art. 1º, § 5º
Executivo
Poder Legislativo
Judiciário
Violam a probidade:
União
- Na organização do Estado
Adm. Pública Direta Estados / DF
-No exercício de suas funções
Municípios -Na integridade do
patrimônio público e social
Autarquias
Adm. Pública Indireta Fundações
Associações/Consórcios
Sujeito passivo do ato de improbidade – art. 1º, § 6º
Atos de improbidade
Entidade privada que receba subvenção, benefício ou
praticados contra o
incentivo, fiscal ou creditício
patrimônio
Atos de improbidade
praticados contra o
patrimônio, limitado o
Entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja
ressarcimento de prejuízos,
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual
nesse caso, à repercussão do
ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos.
12
Proibição de contratar
Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos
com o poder público
DIREITO AMBIENTAL2
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
Art. 225, CF: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
#VEMDETABELA
COMPETÊNCIAS
a) Exclusiva União
I – MATERIAL
b) Comum, cumulativa ou paralela (art. 23) União, Estados e DF
PRINCÍPIOS
2
Por Thais Sponchiado Cavallieri
13
prova, ou seja, o empreendedor que deve provar que a sua atividade não gera danos
ao meio ambiente. Princípio definido na RIO 92.
Relacionar os aspectos ambiental, econômico e social, buscando um ponto de
equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, o crescimento econômico e a
DESENVOLVIMENTO
equidade social. Dessa forma, busca-se o crescimento da economia observando a
SUSTENTÁVEL
preservação ambiental, olhando também para as gerações futuras que devem gozar
dos bens ambientais.
Aquele que utilizar o recurso ambiental deve suportar seus custos, sem que essa
cobrança resulte na imposição de taxas abusivas, de maneira que nem o Poder
Público nem terceiros sofram com tais custos. O objetivo do princípio do poluidor-
pagador é forçar a iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela
produção e pelo consumo na forma de degradação e de escasseamento dos recursos
POLUIDOR PAGADOR ambientais.
Poluidor direto: É aquele responsável diretamente pelo dano ambiental.
Poluidor indireto: É aquele que se beneficia da atividade poluente, consumindo um
determinado produto que é oriundo de uma atividade considerada poluente, ou
quem cria os elementos necessários para que a poluição ocorra, permitindo que o
bem a ser consumido seja lesivo ao meio ambiente.
USUÁRIO PAGADOR Todos aqueles que se utilizam dos bens da natureza, devem pagar por eles, havendo
degradação ou não, já que os bens naturais possuem economicidade.
Positivado no ordenamento jurídico brasileiro no âmbito da Política Nacional de
PROTETOR
Resíduos Sólidos, o princípio do protetor-recebedor premia quem protege o meio-
RECEBEDOR
ambiente.
SOLIDARIEDADE É o pacto entre as gerações, além disso, decorre do princípio do desenvolvimento
INTERGERACIONAL sustentável.
Assegura ao cidadão o direito à informação e à participação na elaboração das
GESTÃO
políticas públicas ambientais, de modo que devem ser assegurados os mecanismos
COMUNITÁRIA OU
judiciais, legislativos e administrativos que o efetivam. Dessa forma, a população
PARTICIPAÇÃO
deve ser inserida em questões ambientais.
Toda informação em matéria ambiental é de interesse coletivo, e no caso de
INFORMAÇÃO/
inexistência caberá ao Estado produzi-la, tamanha é sua importância para a
PUBLICIDADE
construção do Estado de Direito Ambiental.
Dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos
LIMITE / CONTROLE de poluição, a fim de mantê-la dentro de bons níveis para não afetar o equilíbrio
ambiental e a saúde pública.
Prescreve a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do meio
VEDAÇÃO AO ambiente, prevê que as normas ambientais não devem ser flexibilizadas, sob pena
RETROCESSO de comprometer as conquistas até então alcançadas pela legislação ambiental.
ECOLÓGICO Assim, tal princípio aponta que as leis ambientais deverão assumir caráter cada vez
mais protetivo.
#DEOLHONAJURIS
Direito à informação ambiental e obrigação do Estado com a transparência.
Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental brasileiro compreende:
i) o dever de publicação, na internet, dos documentos ambientais detidos pela Administração não sujeitos a
sigilo (transparência ativa);
ii) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer acesso a informações ambientais específicas não
publicadas (transparência passiva); e
iii) direito a requerer a produção de informação ambiental não disponível para a Administração (transparência
reativa);
14
Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da transparência ambiental, sendo ônus da Administração
justificar seu descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos:
i) na transparência ativa, demonstrando razões administrativas adequadas para a opção de não publicar;
ii) na transparência passiva, de enquadramento da informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e
iii) na transparência ambiental reativa, da irrazoabilidade da pretensão de produção da informação inexistente;
Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de informações facultativas sobre o imóvel, de interesse
público, inclusive as ambientais;
Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial de registro competente a averbação de
informações alusivas a suas funções institucionais.
STJ. 1ª Seção. REsp 1857098-MS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/05/2022 (Tema IAC 13) (Info 737).
Art. 225, § 3º, CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados.
Responsabilidade civil ambiental é OBJETIVA: Os danos ambientais são regidos pelo modelo da
responsabilidade objetiva, independentemente da verificação de culpa, previsto genericamente no parágrafo
único do art. 927 do Código Civil e, de forma específica, na Lei nº 6.938/81.
Teoria do Risco Integral: A responsabilidade por danos ambientais, além de ser objetiva, é regida pela teoria do
risco integral, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81, recepcionado pelo art. 225, §§ 2º, e 3º, da CF/88:
Art. 14, §1º, Lei 6.938/81: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a
terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor
ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Excludentes do direito tradicional não serão aplicadas: caso fortuito e força maior; fato de terceiro ou licitude
da conduta.
#SELIGA: A responsabilidade civil existe mesmo que o dano decorra de empreendimento licenciado, pois não
tem caráter sancionatório, sendo fruto do princípio do usuário-pagador. Haverá, nesse caso, apenas
responsabilidade administrativa.
O PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO IN INTEGRUM aplica-se ao dano ambiental. Com isso, a obrigação de recuperar
o meio ambiente degradado é compatível com a indenização pecuniária por eventuais prejuízos, até sua
restauração plena. Contudo, se quem degradou promoveu a restauração imediata e completa do bem lesado
ao status quo ante, em regra, não se fala em indenização. Nas demandas ambientais, por força dos princípios
do poluidor-pagador e da reparação in integrum, admite-se a condenação do réu, simultânea e agregadamente,
em obrigação de fazer, não fazer e indenizar. Aí se encontra típica obrigação cumulativa ou conjuntiva. Assim,
na interpretação dos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981), e
do art. 3º da Lei 7.347/1985, a conjunção "ou" opera com valor aditivo, não introduz alternativa excludente. A
cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez
de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco em parcela do dano
que, embora causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho
futuro, irreparável ou intangível. (STJ, RESP 1198727).
#SELIGANASÚMULA
Súmula 613, STJ: “Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.”
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não
fazer cumulada com a de indenizar.
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do
proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
“No plano jurídico, o dano ambiental é marcado pela responsabilidade civil objetiva e solidária, que dá ensejo,
no âmbito processual, a litisconsórcio facultativo entre os vários degradadores, diretos ou indiretos. Segundo
a jurisprudência do STJ, no envilecimento do meio ambiente, a "responsabilidade (objetiva) é solidária" (REsp
604.725/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 22.8.2005, p. 202), tratando-se de hipótese de
"litisconsórcio facultativo" (REsp 884.150/MT, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.8.2008), pois,
mesmo havendo "múltiplos agentes poluidores, NÃO EXISTE OBRIGATORIEDADE NA FORMAÇÃO DO
LITISCONSÓRCIO", abrindo-se ao autor a possibilidade de "demandar de qualquer um deles, isoladamente ou
em conjunto, pelo todo" (REsp 880.160/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
27.5.2010) [...]” (STJ, Resp 843978/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, julgado em 21/09/2010).
16
É a posição majoritária na doutrina tradicional. Esta segunda corrente baseia-se
na Teoria da ficção jurídica, de Savigny, segundo a qual as pessoas jurídicas são
puras abstrações, desprovidas de consciência e vontade (societas delinquere non
potest), logo, desprovidas de tais atributos, não podem praticar condutas
tipicamente humanas, como as condutas criminosas.
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zaffaroni, René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado,
Alberto Silva Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto Delmanto,
LFG, entre outros.
É plenamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de
crimes ambientais porque assim determinou o § 3º do art. 225 da CF/88. A
pessoa jurídica pode ser punida penalmente por crimes ambientais ainda que
não haja responsabilização de pessoas físicas.
3ª Corrente O principal argumento desta corrente é pragmático e normativo: pode haver
(acolhida atualmente responsabilidade penal porque a CF/88 assim determinou. Vale ressaltar que o §
pelo STF e STJ) 3º do art. 225 da CF/88 não exige, para que haja responsabilidade penal da
pessoa jurídica, que pessoas físicas sejam também, obrigatoriamente,
denunciadas. STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rei. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 6/8/2015 (lnfo 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rei. Min.
Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (lnfo 714).
4ª Corrente É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto
(posição antiga do STJ, com uma pessoa física.
atualmente superada) Era a antiga posição do STJ.
#DEOLHONAJURIS
O transporte em quantidade excessiva de madeira, não acobertada pela respectiva guia de autorização,
legitima a apreensão de toda a mercadoria. A gravidade da conduta de quem transporta madeira em
descompasso com a respectiva guia de autorização não se calcula com base apenas no quantitativo em excesso.
Essa infração compromete a eficácia de todo o sistema de proteção ambiental. Logo, a medida de apreensão
deve compreender a totalidade da mercadoria transportada. STJ. REsp 1.784.755-MT, Min. Og Fernandes,
17/09/2019 (Info 658).
As autoridades ambientais podem apreender veículo utilizado para a prática de infração ambiental mesmo
que este bem seja alugado e quem tenha cometido o ilícito tenha sido o locatário. O locador (proprietário) do
bem apreendido tem o direito de se defender administrativamente. Ainda que se trate de bem locado ao real
infrator, a apreensão do bem é possível. Não se pode dizer que houve uma injusta restrição ao proprietário (que
não deu causa à infração ambiental). Ao alugar o veículo, o locador assume o risco decorrente da exploração da
atividade econômica por ele exercida. Após a medida de apreensão, a autoridade administrativa deverá notificar
o proprietário do veículo locado para dar a ele a oportunidade de comprovar a sua boa-fé antes de decidir sobre
a destinação do bem apreendido pela prática de infração ambiental. Cabe ao proprietário do veículo comprovar
sua boa-fé, demonstrando que, pelas circunstâncias da prática envolvida e apesar de ter tomado as precauções
necessárias, não tinha condições de prever a utilização do bem no ilícito ambiental. STJ. 2ª Turma. AREsp
1.084.396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019 (Info 659).
Não é permitido o abate de animais apreendidos em situação de maus-tratos. É inconstitucional a
interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais apreendidos em situação de
maus-tratos. O art. 225, § 1º, VII, da CF/88 impõe a proteção à fauna e proíbe qualquer espécie de maus tratos
aos animais. O art. 25, § 1º da Lei nº 9.605/98 afirma que os animais apreendidos serão prioritariamente
libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues
a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de
técnicos habilitados. Até que os animais sejam entregues às instituições, o órgão autuante zelará para que eles
sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar
físico. Assim, não é constitucionalmente adequada a interpretação segundo a qual os animais devam ser
resgatados de situações de maus-tratos para, logo em seguida, serem abatidos. STF. Plenário. ADPF 640 MC-
Ref/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).
17
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Apesar de já existirem leis ambientais anteriores, entende-se que o Direito Ambiental foi criado com a Lei
6.938/81, pois foi a primeira lei de caráter nacional a regular o meio ambiente como um todo ao instituir a
Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente.
Direito ambiental é o ramo do direito público composto por princípios e regras que regulam as condutas
humanas que afetam, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio ambiente em todas as suas
modalidades, objetivando o controle da poluição, a fim de mantê-la dentro dos padrões toleráveis, para instituir
um desenvolvimento econômico sustentável, atendendo às necessidades das presentes gerações sem privar as
futuras da sua dignidade ambiental.
Segundo o art. 3.º, I, da Lei 6.938/81, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Pode ser das
seguintes espécies:
Formado pelos elementos da natureza com ou sem vida, que existem independentemente da
NATURAL
ação do homem.
CULTURAL Composto pelas criações tangíveis e intangíveis do homem sobre os elementos naturais.
ARTIFICIAL Formado por bens fruto de criação humana, mas que não integrem o patrimônio cultural.
Ocorre com o cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho pelas empresas,
LABORAL
proporcionando ao obreiro condições dignas e seguras.
#SELIGANOSCONCEITOS
DEGRADAÇÃO DA
Alteração adversa das características do meio ambiente;
QUALIDADE AMBIENTAL
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
POLUIÇÃO
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
POLUIDOR
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
RECURSOS AMBIENTAIS
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
PRINCÍPIOS DA PNMA:
• Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um
patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
• Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
• Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
• Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
• Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
• Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos
ambientais;
• Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
18
• Recuperação de áreas degradadas;
• Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
OBJETIVOS DA PNMA:
• Compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente
e do equilíbrio ecológico;
• Definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico,
atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
• Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de
recursos ambientais;
• Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos
ambientais;
• Difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à
formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico;
• Preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade
permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
• Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao
usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
INSTRUMENTOS da PNMA:
19
pública através de licitação para explorar os produtos e
serviços florestais.
b) SERVIDÃO AMBIENTAL: previsto no art. 9-A, 9-B e 9-C –
consiste na renúncia espontânea à utilização de recursos
ambientais de sua propriedade; esta renúncia pode ser parcial
ou total; vantagem: isenção de ITR, CRA (cota de reserva
ambiental) em bolsa de valores
c) SEGURO AMBIENTAL: não está regulamentado.
Esses instrumentos constam em um rol meramente exemplificativo, podendo haver outros como a instituição
de tributos que favoreçam a proteção ambiental, prazo prolongado para pagar créditos, concessão de créditos
com juros baixos etc.
O Sistema Nacional do Meio Ambiente é formado por órgãos e entidades dos entes federados:
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Regulamentada pela Lei 9.985/00, a qual prevê 12 modalidades de unidade de conservação, as quais são
divididas em dois grandes grupos:
20
Visa a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus
limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as
medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo
Reserva Biológica
necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os
processos ecológicos naturais. É de propriedade pública, proibida visitação pública,
exceto para fins educacionais.
Propriedade pública visa a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
Parque Nacional desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação
em contato com a natureza e de turismo ecológico. Será chamado de parque estadual,
distrital ou municipal, se instituídos por esses entes.
Monumento Visa preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Admitida a
Natural visitação pública, podendo ser propriedade pública ou privada, se compatível.
Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a
Refúgio da Vida existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente
Silvestre ou migratória. Pode ser pública ou particular, se compatível, admitidas a visitação
pública e as pesquisas científicas, se autorizadas
21
Área natural pública que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em
sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de
Reserva de
gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel
Desenvolvimento
fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
Sustentável
Permitidas a visitação e pesquisa. Essas populações tradicionais terão o direito ao uso
concedido pelo Poder Público através de contrato.
Reserva
Particular do Área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade
Patrimônio biológica, sendo apenas permitidas a pesquisa e a visitação.
Natural
A Lei nº 9.433/97 não se limitou a regular o regime jurídico das águas: instituiu verdadeira Política Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH), que tem como fundamentos (art. 1º):
Considera-se resíduo sólido o material cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da
melhor tecnologia disponível.
SISTEMAS PROCESSUAIS
3
Por Thais Sponchiado Cavallieri
23
acusação e defesa em igualdade de condições,
sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira
equidistante e imparcial.
Como se admite o princípio da verdade real, o
O princípio da verdade real é substituído pelo
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado
princípio da busca da verdade, devendo a prova ser
como mero objeto do processo, daí porque se admite
produzida em fiel observância ao contraditório e à
inclusive a tortura como meio de se obter a verdade
ampla defesa.
absoluta.
Gestão de prova: recai precipuamente sobre as
partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla
quando provocado, e desde que haja necessidade de
iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade
investigação judicial. Durante a instrução processual,
para determinar de ofício a colheita de elementos
prevalece o entendimento de que o juiz tem certa
informativos e de provas, seja no curso das
iniciativa probatória, podendo determinar a
investigações ou da instrução processual.
produção de provas de ofício, desde que o faça de
maneira subsidiária e devidamente fundamentada.
A separação das funções e a iniciativa probatória
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a
residual restrita à fase judicial preservam a
iniciativa acusatória dela decorrente são
equidistância que o magistrado deve tomar quanto
incompatíveis com a garantia da imparcialidade
ao interesse das partes, sendo compatíveis com a
(CADH, art. 8o, §1o) e com o princípio do devido
garantia da imparcialidade e com o princípio do
processo legal.
devido processo legal.
INQUÉRITO POLICIAL
Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, que consiste em
um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de prova
e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar
que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Ademais, eventuais vícios dele constantes não têm, em regra, o condão de contaminar o processo penal a que
der origem, sendo que eventual irregularidade em ato praticado no curso do inquérito não conduz, por si só, à
anulação do processo penal subsequente, salvo se se tratar de provas ilícitas.
Considerando a ausência das garantias constitucionais da ampla defesa e contraditório, considera-se que o
inquérito policial possui valor probante relativo, ficando sua utilização como instrumento de convicção do juiz
condicionada a que as provas nele produzidas sejam confirmadas pelas provas produzidas judicialmente.
a) Polícia judiciária: visa auxiliar a Justiça, cumprindo determinações do Poder Judiciário. São exercidas, com
exclusividade, pela polícia federal (art. 144, § 1.º, I e IV, da CF) e pela polícia civil, refere-se à polícia auxiliando
o poder judiciário (cumprimento de suas ordens, mandados, investigação de delitos).
b) Polícia investigativa: atribuição relacionada à colheita de provas da infração penal em todos os seus aspectos
(autoria, materialidade, ilicitude etc.). A investigação criminal pode ser policial (inquérito policial presidido pelo
delegado de policial civil ou federal) ou não policial, quando a investigação criminal é presidida pelo promotor
de justiça (PIC), por exemplo.
24
c) Polícia administrativa: trata-se de atividade de cunho preventivo, ligada à segurança, visando impedir a
prática de atos lesivos à sociedade. Tem caráter ostensivo. Ex: policiamento ostensivo.
d) Polícia Penal: trata-se de um órgão de segurança pública, federal, estadual ou distrital, vinculado ao órgão
que administra o sistema penal da União ou do Estado/DF, sendo responsável pela segurança dos
estabelecimentos penais. A polícia penal foi prevista na CF por meio da EC 104/2019.
#DEOLHONAJURIS
É CONSTITUCIONAL norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de TERMOS CIRCUNSTANCIADOS
pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. O art. 69 da Lei dos Juizados Especiais, ao dispor que “a
autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado” não se refere
exclusivamente à polícia judiciária, englobando também as demais autoridades legalmente reconhecidas. O
termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial
ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade investigativa e, por via de consequência, não se revela como
função privativa de polícia judiciária. STF. Plenário. ADI 5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022
(Info 1046).
Art. 9o, CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas
e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
b) Procedimento dispensável: o inquérito poderá ser dispensado se a justa causa necessária para o início do
processo penal for ministrada por outra peça de informação
c) Procedimento sigiloso: em regra, a fase investigatória é sigilosa (já na fase processual, a regra é a publicidade)
Art. 20, CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade
Súmula Vinculante 14 do STF: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”
Exceção:
Art. 14-A, CPP. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição
Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal
praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art.
23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 17, CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
25
g) Procedimento temporário: O prazo do inquérito depende do fato de o réu estar preso ou solto
Art. 10, CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
#DEOLHONAJURIS
Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do investigado se encontrar solto
e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva, a investigação perdura por longo período e não resta
demonstrada a complexidade apta a afastar o constrangimento ilegal. (...) O fato de o paciente não ter sido
indiciado ou não sofrer os efeitos de qualquer medida restritiva, por si só, não indica ausência de
constrangimento, considerando que a simples existência da investigação, que no caso está relacionada ao
exercício profissional do paciente, já é, como disse o Ministro Antonio Saldanha Palheiro, por ocasião do
julgamento do RHC 135.299/CE, uma estigmatização decorrente da condição de suspeito de prática delitiva. O
constrangimento é patente. (STJ, HC 653.299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta
Turma, por maioria, julgado em 16/08/2022, DJe 25/08/2022, Info. 747).
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na
fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito
policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da
opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e
da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não
se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das
prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e
tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933).
Não há violação da súmula vinculante 14 no caso em que, ao contrário do que alega a defesa, os áudios
interceptados foram juntados ao inquérito policial e sempre estiveram disponíveis para as partes, inclusive
na forma digitalizada depois de deflagrada a investigação. Caso concreto: defesa ingressou com reclamação no
STF alegando que o magistrado não permitiu que ela tivesse acesso ao procedimento de interceptação telefônica
que serviu de base ao oferecimento da denúncia. Ficou provado, no entanto, que o procedimento estava
disponível para a defesa, de forma que não houve violação à SV 14. STF. 1ª Turma. Rcl 27919 AgR/GO, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (Info 949)
#NÃOCONFUNDIR
Todas as formas de início do inquérito decorrem de uma notitia criminis, assim compreendida a notícia da
infração penal levada ao conhecimento da autoridade policial, que se classifica da seguinte forma:
#DEOLHONAJURIS
É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. STJ. 6ª Turma. RHC 98.056-
CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019 (Info 652).
27
INDICIAMENTO: O indiciamento é resultado das investigações policiais por meio do qual alguém é apontado
como provável autor de um fato delituoso. Assim, trata-se de ato privativo do Delegado de Polícia que, para
tanto, deverá fundamentar-se em elementos de informação que ministrem certeza quanto à materialidade e
indícios razoáveis de autoria. Portanto, não se afigura possível que o juiz, o Ministério Público ou uma Comissão
Parlamentar de Inquérito requisitem ao delegado de polícia o indiciamento de determinada pessoa.
AÇÃO PENAL
Titular é o MP e não
Incondicionada depende da vontade da
vítima
Pública
Depende de representação
Condicionada da vítima ou requisição de
autoridade
Princípios comuns
Ação Penal pública Ação Penal privada
Princípio da inércia da jurisdição
“Ne bis in idem” processual
Princípio da intranscendência
Princípios específicos
Ação Penal pública Ação Penal privada
Obrigatoriedade Oportunidade / Conveniência
Indisponibilidade Disponibilidade
Divisibilidade Indivisibilidade
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a
prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL, desde que necessário e suficiente
28
para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(...)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão
CONSIDERADAS as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
REQUISITOS:
• Não ser caso de arquivamento;
• Confissão formal e circunstanciada;
• Crime SEM violência/grave ameaça;
• Crime com pena MÍNIMA inferior a 4 anos – ATENÇÃO: Pena mínima igual a 4 anos NÃO cabe.
• Necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime;
• Atendimento das condições impostas.
CONDIÇÕES:
CUMPRIMENTO/DESCUMPRIMENTO DO ACORDO:
#DEOLHONAJURIS
O ANPP não constitui direito subjetivo do investigado: Cuidando-se de faculdade do Parquet, a partir da
ponderação da discricionariedade da propositura do acordo, mitigada pela devida observância do cumprimento
dos requisitos legais, não cabe ao Poder Judiciário determinar ao Ministério Público que oferte o
acordo de não persecução penal. (STJ, RHC n. 161.251/PR, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma,
julgado em 10/5/2022, DJe de 16/5/2022.)
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº 13.964/2019, desde que
não recebida a denúncia. A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no
ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019, no
ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre a
retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. O ANPP se esgota na etapa préprocessual, sobretudo
porque a consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de
oferecimento e de recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual,
devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a
retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando já
recebida a denúncia em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª Turma. HC 607.003-SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683). STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel.
Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.
O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não persecução
penal (ANPP). Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara
investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.” (STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 11/5/2021. Info 1017)
30
STF STJ TRF´S TJ’S
Infrações penais comuns: Infrações penais comuns: Infrações penais Infrações penais
- Presidente da República Governadores dos comuns e de comuns e de
- Vice-Presidente Estados e do Distrito responsabilidade: responsabilidade:
- membros do Congresso Federal (art. 105, I, a, da - Juízes Federais da área - Juízes Estaduais e do
Nacional CF). de sua jurisdição, Distrito Federal
- seus próprios Ministros incluídos os da Justiça - membros do
- Procurador-Geral da Infrações penais comuns Militar e da Justiça do Ministério Público,
República (art. 102, I, b, da e de responsabilidade: - Trabalho ressalvada a
CF). Desembargadores dos - membros do competência da
Tribunais de Ministério Justiça
Infrações penais comuns e Justiça dos Estados e do Público da União, Eleitoral (art. 96, III, da
de responsabilidade: Distrito Federal ressalvada a CF)
- Ministros de Estado - membros dos Tribunais competência da Justiça - Prefeitos Municipais
- Comandantes da de Contas dos Estados e Eleitoral (art. 108, I, a, que praticarem crimes
Marinha, do Exército e da do Distrito Federal, dos da CF). submetidos à Justiça
Aeronáutica, ressalvado o Tribunais Regionais - Prefeitos Municipais Estadual (art. 29, X, da
disposto no art. 52, I Federais, dos Tribunais que praticarem crimes CF).
(estabelecendo a Regionais Eleitorais e do submetidos à Justiça
competência do Senado Trabalho Federal (Súmula 702 do
Federal para julgar os - membros dos Conselhos STF).
comandantes das forças ou Tribunais de Contas
armadas em crimes de dos Municípios e do
responsabilidade conexos Ministério Público da
com os do Presidente da União que oficiem
República e Vice) perante Tribunais.
- membros dos Tribunais
Superiores, do Tribunal de
Contas da União
- chefes de missão
diplomática em caráter
permanente (art. 102, I, c,
da CF).
#DEOLHONAJURIS
O foro por prerrogativa de função exige contemporaneidade e pertinência temática entre os fatos em
apuração e o exercício da função pública. No caso concreto, além de o crime ser anterior à posse como chefe
do Poder Executivo Municipal, o ato praticado não guarda relação com o seu cargo eletivo, não havendo que se
falar em deslocamento do feito para julgamento pelo Pleno do Tribunal de Justiça. STJ. 6ª Turma. REsp 1982779-
AC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 14/09/2022 (Info 755).
É inconstitucional norma de constituição estadual que estende o foro por prerrogativa de função a
autoridades não contempladas pela Constituição Federal de forma expressa ou por simetria.
STF. Plenário. ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM e ADI 6516/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
20/8/2021 (Info 1026).
A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se aplicando em caso de
eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar função pública. STF. 1ª Turma. RE
1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940).
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal não se relacionam ao
exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF, mas sim do juízo de 1ª instância.
Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018). A apropriação indébita se consuma no ato da inversão da propriedade do bem. Se a inversão da
31
propriedade ocorreu com a transferência dos recursos da conta bancária da empresa vítima, com sede em
Brasília/DF, efetuada pelo Diretor da entidade, tem-se que a competência para apurar este delito é do juiz de
direito de 1ª instância do TJDFT. STF. 1ª Turma. Inq 4619 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
19/2/2019 (Info 931).
As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for
praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função. STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630).
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente
público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP
937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem
prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a apuração do investigado
com foro por prerrogativa de função e os demais são julgados em 1ª instância. No entanto, no caso envolvendo
o Senador Aécio Neves, sua irmã, seu primo e mais um investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não
deveria haver o desmembramento e a apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os
envolvidos. Isso porque entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às
investigações. STF. 1ª Turma.Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885).
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
NULIDADES
Trata-se de espécie de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, ocasionando a inaptidão para a produção
de seus efeitos regulares. Nesse sentido, em relação aos atos praticados contrários ao modelo previsto, a lei
estabelece sanções, que acabam variando de acordo com o grau de intensidade do desvio.
34
- Sentença extintiva de
punibilidade com base
em certidão de óbito
falsa.
CADEIA DE CUSTÓDIA
Trata-se de um ciclo de atos/eventos que devem manter a idoneidade e integridade dos elementos que serão
eventualmente utilizados como provas. Visa assegurar a idoneidade dos objetos e bens apreendidos, de modo
a evitar qualquer tipo de dúvida quanto à sua origem e caminho percorrido durante a investigação criminal e o
subsequente processo criminal.
Foi inserida previsão expressa no Código de Processo Penal pelo Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19):
35
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais
ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
PROVA EMPRESTADA
36
REQUISITOS:
a) Mesmas partes em ambos os processos: sobre esse requisito, há divergência. Isso porque o STJ entende que
a prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas (Info 543)
b) O contraditório deve ser respeitado quando da prospecção da prova (STF HC 95.186).
c) A disciplina normativa na produção da prova deve ter sido atendida: em regra, só é possível emprestar prova
lícita; a prova ilícita pode ser emprestada para favorecer o réu.
d) O fato provado pelo elemento que se pretende emprestar deve ser importante e útil aos dois processos
para caracterizar eventual responsabilidade criminal ou não.
#DEOLHONAJURIS
Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contra adolescente absolutamente incapaz, é
admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada a pedido da genitora da vítima, em
seu terminal telefônico, mesmo que solicitado auxílio técnico de detetive particular para a captação das
conversas. STJ. 6ª Turma. REsp 1.026.605-ES, Rel. Min. Rogério Schietti, julgado em 13/05/2014 (Info 543).
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização
em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas obtidas no acordo de
colaboração premiada, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em relação ao
colaborador. Assim, por exemplo, se um indivíduo celebra acordo de colaboração premiada com o MP aceitando
fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as sanções que foram ajustadas no
acordo. STF. 2ª Turma. PET 7065/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922).
É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem utilizadas,
como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações decorrentes do fato investigado. Esse
empréstimo é permitido mesmo que as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial
dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico. STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).
É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente produzida
em processo criminal? SIM. A jurisprudência do STJ e do STF são firmes no sentido de que é admitida a utilização
no processo administrativo de “prova emprestada” do inquérito policial ou do processo penal, desde que
autorizada pelo juízo criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa (STJ. 1ª Seção. MS 17.472/DF, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 13/6/2012).
É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente produzida
em processo criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Isso porque,
em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não repercute na instância administrativa,
tendo em vista a independência existente entre as instâncias (STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 2/4/2013. Info 521).
Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
TRIBUNAL DO JÚRI
#NÃOCONFUNDA: o Tribunal poderá modificar a decisão do juiz presidente, mas não o veredicto dos jurados.
Assim, é possível que o tribunal venha a modificar a pena do réu nos casos autorizados pela lei, isso porque é o
juiz presidente quem fixa a pena a ser imposta ao réu. Vejamos:
Assim, o princípio da soberania dos veredictos afirma que a decisão tomada pelo júri é soberana. No entanto,
afirmar que a decisão do júri é soberana não significa afirmar que ela é irrecorrível. Trazendo essa ideia para o
Tribunal do Júri chegamos a seguinte conclusão: a decisão do júri é recorrível, não com efeito de reforma (efeito
substitutivo), mas com efeito de anulação (cassação). É perfeitamente possível recorrer da decisão do júri, desde
que seja para anulá-la, mantendo assim a soberania dos vereditos.
A CRFB/88 estabeleceu uma competência mínima para o Tribunal do Júri. Isso não impede a criação de novas
hipóteses, a exemplo da competência para julgar os delitos conexos aos crimes dolosos contra a vida,
estabelecida pelo legislador ordinário.
Súmula vinculante 45: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa
de função exclusivamente pela Constituição Estadual.
38
PROCEDIMENTO BIFÁSICO DO TRIBUNAL DO JÚRI: O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de bifásico
(ou escalonado) porque se divide em duas etapas:
1) FASE DO SUMÁRIO DA CULPA (iudicium accusationis): é a fase de acusação e instrução preliminar (formação
da culpa). Inicia-se com o oferecimento da denúncia (ou queixa) e termina com a preclusão da sentença de
pronúncia.
Sentença que encerra o sumário da culpa: Ao final da 1ª fase do procedimento do júri (sumário da culpa), o juiz
irá proferir uma sentença, que poderá ser de quatro modos:
2) FASE DE JULGAMENTO (iudicium causae): Conforme dispõe o art. 421 do CPP, preclusa a decisão de
pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz-presidente do Tribunal do Júri para a preparação do processo
para o julgamento perante o Conselho de Sentença.
Desaforamento: Trata-se do deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de que
nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri (aplicável somente na 2ª fase – sessão de julgamento).
39
#DEOLHONAJURIS: O desaforamento é medida excepcional, cabível apenas quando comprovada por fatos
objetivos e concretos a parcialidade do Conselho de Sentença. A simples presunção de que os jurados poderiam
ter sido influenciados por ampla divulgação do caso pela mídia e a mera suspeita acerca da parcialidade dos
jurados não justificam a adoção dessa medida excepcional. STJ. 5ª Turma. HC 492.964-MS, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).
a) Desclassificação própria: ocorre quando o Conselho de Sentença desclassifica o crime para outro delito que
não é da sua competência, porém não especifica qual seria o delito. Nesse caso, o juiz presidente assume total
capacidade decisória para apreciar o fato delituoso, pois não está vinculado ao pronunciamento do Júri,
podendo inclusive absolver o acusado.
b) Desclassificação imprópria: ocorre quando o Conselho de Sentença reconhece sua incompetência para julgar
o crime, mas aponta o delito cometido pelo acusado.
c) Desclassificação do crime doloso contra a vida para modalidade delituosa que permita aplicação dos
benefícios da Lei 9.099/1995: se houver desclassificação da infração dolosa contra a vida para outra, de
competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença, aplicando, quando o
delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo,
o disposto no art. 69 e seguintes da Lei 9.099. Assim, tendo o caso, os institutos despenalizadores da Lei 9.099
deverão ser aplicados perante a vara do júri, não sendo necessário a remessa dos autos ao Juizado Especial.
d) Desclassificação do crime doloso contra a vida e consequência desta decisão perante os delitos conexos
sem essa natureza: em caso de desclassificação do crime doloso contra a vida, o crime conexo que não possua
essa natureza será julgado pelo juiz-presidente do Tribunal do Júri.
40
testemunhas, novo interrogatório do acusado e
realização de debates e julgamento.
É possível que o tribunal, no julgamento de um Não é possível, porque se o Tribunal, em grau de
recurso contra a sentença, faça emendatio libelli, recurso, apreciasse um fato não valorado pelo juiz,
desde que não ocorra reformatio in pejus (STJ HC haveria supressão de instância (Nesse sentido é a
87984 / SC). Súmula 453-STF).
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade
policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de
captação ambiental. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por meio de
operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do caput do art. 5º
da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou
do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade da
gravação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
41
Ex: polícia, com autorização EX: polícia grava a conversa Também é chamada de gravação
judicial, grampeia os telefones dos telefônica que o pai mantém com “clandestina” (obs: a palavra
membros de uma quadrilha e o seqüestrador de seu filho. “clandestina” está empregada não
grava os diálogos mantidos entre na acepção de “ilícito”, mas sim
eles. Para que seja realizada é no sentido de “feito às ocultas”).
indispensável a autorização
Para que a interceptação seja judicial (posição majoritária). Ex: mulher grave a conversa
válida é indispensável a telefônica no qual o ex-marido
autorização judicial ameaça matá-la.
(entendimento pacífico). A gravação telefônica é válida
mesmo que tenha sido realizada
SEM autorização judicial.
#DEOLHONAJURIS
A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica "não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova." (art. 5º). A interceptação
telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal
ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. STF. 2ª Turma. HC 133148/ES, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/2/2017 (Info 855).
Segundo o art. 8º da Lei 9.296/96, o procedimento de interceptação telefônica (requerimento, decisão,
transcrição dos diálogos etc.) deverá ser instrumentalizado em autos apartados. Haverá nulidade caso a
interceptação não seja formalizada em autos apartados? NÃO. Preenchidas as exigências previstas na Lei nº
9.296/96 (ex: autorização judicial, prazo etc.), não deve ser considerada ilícita a interceptação telefônica pela
simples ausência de autuação. A ausência de autos apartados configura mera irregularidade que não viola os
elementos essenciais à validade da interceptação. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 9/12/2015 (Info 811).
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização em
persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de
prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado. STJ. 5ª Turma. RMS
33677-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014 (Info 541).
Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contra adolescente absolutamente incapaz, é
admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada a pedido da genitora da vítima, em
seu terminal telefônico, mesmo que solicitado auxílio técnico de detetive particular para a captação das
conversas. STJ. 6ª Turma. REsp 1026605-ES, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/5/2014 (Info 543).
Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao investigado o
pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade do material que, direta e
indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em determinar a transcrição da
integralidade ou de partes do áudio. STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014
(Info 742).
42
Não é ilícita a interceptação telefônica autorizada por magistrado aparentemente competente ao tempo da
decisão e que, posteriormente, venha a ser declarado incompetente. Trata-se da aplicação da chamada “teoria
do juízo aparente”. STF. 2ª Turma. HC 110496/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/4/2013 (Info 701).
A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não houver outro
meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei nº 9.296/1996.
Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”.
STF. Segunda Turma. HC 108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012 (Info 692).
Vamos finalizar nosso NFPSS de Processo Penal com esse tema super atual e em alta!!! #APOSTACICLOS
Como trata-se de legislação recente, ainda não há doutrina e jurisprudência correlatas, então vamos focar na
letra da lei. Aqui destacamos os principais artigos que são relacionados com o Direito Processual Penal, mas se
você tiver um tempinho extra, vale a pena a leitura integral desta Lei.
Âmbitos de ocorrência:
Art. 2º Configura violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente qualquer ação ou omissão que
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano patrimonial:
I - no âmbito do domicílio ou da residência da criança e do adolescente, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que compõem a família
natural, ampliada ou substituta, por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a vítima,
independentemente de coabitação.
Art. 5º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente intervirá nas situações de violência contra
a criança e o adolescente com a finalidade de:
I - mapear as ocorrências das formas de violência e suas particularidades no território nacional;
II - prevenir os atos de violência contra a criança e o adolescente;
III - fazer cessar a violência quando esta ocorrer;
IV - prevenir a reiteração da violência já ocorrida;
V - promover o atendimento da criança e do adolescente para minimizar as sequelas da violência sofrida; e
VI - promover a reparação integral dos direitos da criança e do adolescente.
(...)
Art. 8º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente com os sistemas de justiça,
de saúde, de segurança pública e de assistência social, os Conselhos Tutelares e a comunidade escolar, poderão,
na esfera de sua competência, adotar ações articuladas e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à
agilidade no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à
responsabilização do agressor.
43
Art. 11. Na hipótese de ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, a autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência
deferida.
Art. 12. O depoimento da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar será
colhido nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, observadas as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
(...)
Art. 14. Verificada a ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência doméstica
e familiar, com a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da criança e do adolescente,
ou de seus familiares, O AGRESSOR SERÁ IMEDIATAMENTE AFASTADO DO LAR, do domicílio ou do local de
convivência com a vítima:
I - pela autoridade judicial;
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca;
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia.
§ 1º O Conselho Tutelar poderá representar às autoridades referidas nos incisos I, II e III do caput deste artigo
para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima.
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo
de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada,
bem como dará ciência ao Ministério Público concomitantemente.
§ 3º Nos casos de risco à integridade física da vítima ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso.
Art. 15. Recebido o expediente com o pedido em favor de criança e de adolescente em situação de violência
doméstica e familiar, caberá ao juiz, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento do responsável pela criança ou pelo adolescente ao órgão de assistência
judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis;
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.
Art. 16. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo JUIZ, a requerimento do Ministério
Público, da autoridade policial, do Conselho Tutelar ou a pedido da pessoa que atue em favor da criança e do
adolescente.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência
das partes e de manifestação do Ministério Público, o qual deverá ser prontamente comunicado.
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente e poderão ser substituídas
a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados
ou violados.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, ou a pedido da vítima ou de
quem esteja atuando em seu favor, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
44
concedidas, se entender necessário à proteção da vítima, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
Ministério Público.
(...)
Das Medidas Protetivas de Urgência à Vítima
Art. 21. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas, determinar:
I - a proibição do contato, por qualquer meio, entre a criança ou o adolescente vítima ou testemunha de violência
e o agressor;
II - o afastamento do agressor da residência ou do local de convivência ou de coabitação;
III - a prisão preventiva do agressor, quando houver suficientes indícios de ameaça à criança ou ao adolescente
vítima ou testemunha de violência;
IV - a inclusão da vítima e de sua família natural, ampliada ou substituta nos atendimentos a que têm direito nos
órgãos de assistência social;
V - a inclusão da criança ou do adolescente, de familiar ou de noticiante ou denunciante em programa de
proteção a vítimas ou a testemunhas;
VI - no caso da impossibilidade de afastamento do lar do agressor ou de prisão, a remessa do caso para o juízo
competente, a fim de avaliar a necessidade de acolhimento familiar, institucional ou colação em família
substituta;
VII - a realização da matrícula da criança ou do adolescente em instituição de educação mais próxima de seu
domicílio ou do local de trabalho de seu responsável legal, ou sua transferência para instituição congênere,
independentemente da existência de vaga.
DIREITO EMPRESARIAL4
EMPRESÁRIO
CONCEITO DE EMPRESÁRIO:
Artigo 966, CC: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
O empresário pode ser pessoa física (empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária).
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: é a pessoa natural (pessoa física), que individualmente, de forma profissional, exerce
uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
• Requisitos (artigo 972, CC): estar em pleno gozo da capacidade civil e não ter impedimento legal.
OBS: O incapaz não pode INICIAR empresa como empresário individual, somente poderá ser sócio de sociedade,
atendidos os requisitos do artigo 974.
4
Por Thais Sponchiado Cavallieri
45
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, CONTINUAR a empresa antes
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da
empresa, bem como da conveniência em continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os
pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por
terceiros.
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da
interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a
autorização.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus
representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011).
• Responsabilidade do empresário individual: ILIMITADA, pois o empresário responde com seus bens pessoais
por dívidas empresariais contraídas (Princípio da unidade patrimonial = a PF e a empresa possuem um único
patrimônio).
• Empresário individual casado: o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer
que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado
no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens,
alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
• Quando a sociedade NÃO tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, ela será considerada
sociedade SIMPLES (Artigo 982, CC)
#ATENÇÃO: A distinção entre uma sociedade simples e empresária está atrelada ao modo de exploração de seu
objeto social. Isto é, a atividade pode ter finalidade lucrativa, contudo não será empresária se não tiver a
organização dos fatores de produção. Não confundam: Ambas exercem atividades econômicas, mas
diferenciam-se pela natureza da atividade exercida.
46
EXTINÇÃO DAS EIRELI´S
A EIRELI era uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física. Tratava-se de uma espécie de
pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresentava, portanto, personalidade jurídica e patrimônio distintos
daquele titularizado pela pessoa física que explora a atividade em questão.
NOME EMPRESARIAL
O nome empresarial tem proteção constitucional, conforme pode ser verificado no art. 5º, XXIX:
CF, art. 5º, XXIX: “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;”
#SELIGA Com o objetivo de desburocratizar, a Lei nº 14.195/2021 acrescentou o art. 35-A na Lei nº 8.934/94
dizendo que o empresário ou pessoa jurídica poderá utilizar o CNPJ como nome empresarial:
Art. 35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de inscrição no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do
tipo societário ou jurídico, quando exigida por lei.
O art. 1.155 prevê duas espécies de nome empresarial: a) firma; b) denominação.
Com esse novo art. 35-A temos uma terceira espécie de nome empresarial: o CPNJ como nome
empresarial.
• Nome empresarial: identifica a pessoa natural ou jurídica que explora a atividade empresarial.
47
• Título de estabelecimento: também conhecido como Nome Fantasia ou Nome de Fachada, é o nome popular
de um estabelecimento, o apelido comercial dado que pode ser ou não ser igual ao seu nome empresarial.
Geralmente, é o nome que serve para a divulgação de determinada empresa, visando o maior aproveitamento
da sua marca e da estratégia de marketing e vendas.
Exemplo:
Nome empresarial: Arcos Dourados Comércio de Alimentos LTDA
Título de estabelecimento: McDonalds
SOCIEDADES
Sociedade em comum
Não
personificada
Sociedade em conta de
participação
Sociedade em nome
coletivo
Sociedades
Sociedade em comandita
simples
Sociedade
Personificada Sociedade anônima
simples
Efeitos da personalização:
• Titularidade negocial: aptidão para realizar negócios jurídicos. Ex. assinar contrato de franquia,
empréstimo, leasing.
• Titularidade processual: pode estar tanto no polo ativo quanto passivo. Ex. ajuizar execução, sofrer ação de
dissolução de sociedade.
• Autonomia patrimonial: ela tem patrimônio distinto do patrimônio dos sócios.
Início da personalização:
A sociedade adquire personalidade jurídica quando ela faz o registro do seu ato constitutivo no órgão próprio.
Art. 985, CC. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei,
dos seus atos constitutivos (artigos 45 e 1.150).
Término da personalização:
Com o procedimento dissolutório, que pode ter natureza judicial ou extrajudicial. Ele possui três fases:
dissolução, liquidação e partilha.
#DEOLHONAJURIS
48
A extinção da pessoa jurídica se equipara à morte da pessoa natural (art. 110 do CPC/2015), atraindo a sucessão
material e processual com os temperamentos próprios do tipo societário e da gradação da responsabilidade
pessoal dos sócios. Em sociedades de responsabilidade limitada, após integralizado o capital social, os sócios
não respondem com seu patrimônio pessoal pelas dívidas titularizadas pela sociedade, de modo que o
deferimento da sucessão dependerá intrinsecamente da demonstração de existência de patrimônio líquido
positivo e de sua efetiva distribuição entre seus sócios. A demonstração da existência de fundamento jurídico
para a sucessão da empresa extinta pelos seus sócios poderá ser objeto de controvérsia a ser apurada no
procedimento de habilitação, que é previsto no art. 687 do CPC/2015, aplicável por analogia à extinção de
empresas no curso de processo judicial. A desconsideração da personalidade jurídica não é, portanto, via cabível
para promover a inclusão dos sócios em demanda judicial, da qual a sociedade era parte legítima, sendo medida
excepcional para os casos em que verificada a utilização abusiva da pessoa jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp
1.784.032-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 02/04/2019 (Info 646).
SOCIEDADE ANÔNIMA
Características:
• É uma sociedade institucional: não se trata de sociedade contratual, como, por exemplo, a sociedade
limitada; a sociedade anônima não possui contrato social, mas sim Estatuto Social; o estatuto social não possui
a liberdade contratual que possui o contrato social, assim, devem ser observadas as regras da Lei 6.404/1976.
• A sociedade anônima sempre será sociedade empresária (nunca de natureza simples): isso consta no art.
982, § único do CC.
• A sociedade anônima sempre será registrada na junta comercial.
OBS: A CVM é a entidade autárquica federal de natureza especial com qualidade de agência reguladora; a CVM
é quem cuida do mercado de capitais; trata-se de entidade autárquica federal de natureza especial com
qualidade de agência reguladora.
Constituição da S/A:
• Para constituir a S/A (aberta ou fechada), necessariamente, é necessário cumprir os requisitos preliminares,
os quais estão dispostos no art. 80 da Lei 6.404/76.
Lei 6.404/76, art. 80: A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos
preliminares:
49
I - Subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no
estatuto;
II - Realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em
dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial
de parte maior do capital social.
OBS: Para constituir uma S/A é necessário que haja, pelo menos, 2 sócios (a S/A é pluripessoal, ou seja, possui
2 ou mais sócios) – essa é a regra. Mas há exceções, como as Empresa Públicas, que podem ser unipessoais,
tendo apenas um sócio (exemplos: BNDES e EBC), bem como suas subsidiárias.
Ações: são frações do capital social que conferem ao seu titular direito de sócio de uma sociedade anônima
(quem possui ações de uma companhia é acionista (sócio) da sociedade anônima).
Lei 6.404/76, art. 1º: “A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade
dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.”
Acionista controlador:
Lei 6.404/76, art. 116: Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações
da assembleia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da
companhia.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto
e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os
que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar
e atender.
Lei 6.404/76, art. 109: Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o acionista dos direitos de:
I - Participar dos lucros sociais;
II - Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV - Preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis
em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172;
V - Retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.
• Assembleia geral:
50
Lei 6.404/76, art. 125: Ressalvadas as exceções previstas em lei, a assembleia geral instalar-se-á, em primeira
convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do total de votos
conferidos pelas ações com direito a voto e, em segunda convocação, instalar-se-á com qualquer número.
(Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021)
Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembleia-geral e discutir a matéria
submetida à deliberação.
Lei 6.404/76, art. 129: As deliberações da assembleia-geral, ressalvadas as exceções previstas em lei, serão
tomadas por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em branco.
• Conselho de administração:
Lei 6.404/76, art. 138: A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de
administração e à diretoria, ou somente à diretoria.
§ 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia
privativa dos diretores.
• Diretoria: é o órgão executivo da companhia; se compõe em, no mínimo, dois membros (acionistas ou não)
• Conselho fiscal (órgão obrigatório, mas de funcionamento facultativo): fiscaliza as contas da companhia e os
atos de gestão; será composto de, no mínimo, 3 membros e, no máximo, 5 membros, e suplentes em igual
número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia-geral.
CONTRATOS BANCÁRIOS
Por atividade bancária entende-se, juridicamente, a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros em moeda nacional ou estrangeira. Conceito que deflui do artigo 17 da Lei n° 4.595/64
(Lei da Reforma Bancária).
Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas
públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de
recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as
pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual.
Para exercer a atividade bancária é necessária a autorização governamental, de competência do Banco Central,
autarquia da União, integrante do Sistema Financeiro Nacional, a quem a lei atribuiu, entre outras, as funções
de emitir a moeda, executar os serviços do meio circulante, controlar o capital estrangeiro e realizar as
operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras.
Contratos bancários são aquelas modalidades contratuais formalizadas pelos bancos no exercício de atividade
bancária, ou seja, com a finalidade de coletar, intermediar ou aplicar recursos junto aos agentes econômicos.
Contratos bancários são aqueles em que não apenas uma das partes é, necessariamente, um banco, mas
também que somente podem ser praticados com um banco, ou seja, são aqueles que configurariam infração à
lei caso fossem praticados com pessoa física ou jurídica não autorizada a funcionar como instituição financeira.
REQUISITOS:
Presença de uma instituição financeira em um dos polos da relação + Prestação seja uma atividade bancária.
#SELIGANASÚMULA
51
Súmula 297, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras
Súmula 381, STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
Súmula 379, STJ: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser
convencionados até o limite de 1% ao mês.
Súmula 285, STJ: Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa
moratória nele prevista.
Súmula 287, STJ: A Taxa Básica Financeira (TBF) não pode ser utilizada como indexador de correção monetária
nos contratos bancários.
Súmula 288, STJ: A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indexador de correção
monetária nos contratos bancários.
#SELIGA
A banca CESPE, na prova do TJDFT/2016, considerou correta a seguinte alternativa: “A cobrança de taxa de
cadastro só é permitida no primeiro contrato celebrado pelo consumidor com a instituição financeira, não
podendo ser cobrada nos posteriores.”
SIGILO BANCÁRIO
Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?
POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judicial.
NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).
Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de
MP contas de titularidade de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o
patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª
Turma. HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015).
NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012).
Exceção: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias
TCU
de recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em
26/5/2015).
SIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O repasse das informações dos bancos
Receita Federal
para o Fisco não pode ser definido como sendo "quebra de sigilo bancário".
Fisco estadual, SIM, desde que regulamentem, no âmbito de suas esferas de competência, o art. 6º
distrital, municipal da LC 105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001.
SIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001).
CPI
Prevalece que CPI municipal não pode.
CONTRATOS EM ESPÉCIE:
• Operações Passivas: A instituição financeira assume o polo passivo, isto é, ela se torna devedora. São os
contratos que têm a função econômica de captação dos recursos de que necessita o banco para o
desenvolvimento de sua atividade.
• Depósito Bancário: Vulgarmente chamado de conta, uma pessoa (depositante) entrega ao banco
(depositário) determinada quantia em dinheiro, cabendo ao banco restituí-la, na mesma espécie, em data pré-
determinada ou quando o depositante solicitar.
• Contrato De Depósito: É um contrato real, isto é, somente se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro a
instituição financeira depositária. É um contrato autônomo, porque independe da existência de outros. Trata-
se de contrato bancário próprio que se enquadra na categoria de operações passivas, ou seja, naquele em que
o banco assume o polo passivo da relação contratual, é o devedor.
52
FALÊNCIA
#DEOLHONAJURIS
É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de falência O art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005,
afirma que esta Lei não se aplica a cooperativa de crédito. Existe, porém, regra específica na Lei nº 6.024/74
prevendo que as instituições financeiras e equiparadas (como as cooperativas de crédito) podem ir à falência após
liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Essa possibilidade foi reafirmada pela Lei nº 13.506/2017, que alterou
a Lei nº 6.024/74. Desse modo, a doutrina, ao interpretar o art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005 afirma que as
instituições financeiras e cooperativas de crédito apenas não ingressam, de imediato, no processo judicial de
execução coletiva empresarial, passando antes por intervenção e liquidação extrajudicial. STJ. 3ª Turma. REsp
1.878.653-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
Objetivos da falência:
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a: (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à realocação eficiente de recursos na
economia; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização do retorno célere do empreendedor falido
à atividade econômica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual, sem prejuízo do
contraditório, da ampla defesa e dos demais princípios previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Por meio da falência dá-se o encerramento da atividade econômica desenvolvida pela empresa em crise
financeira, de forma a minimizar os prejuízos de seus empregados e credores.
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos
em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta
Lei.
O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios
do falido. Dessa forma, após a instauração da execução consensual do devedor, todas essas ações irão convergir
para o juízo falimentar. Em virtude dessa característica, diz-se que o juízo da falência é universal:
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e
negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido
figurar como autor ou litisconsorte ativo.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o
administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do
processo.
Pressupostos da falência:
• Pressuposto material subjetivo: qualidade de empresário
• Pressuposto material objetivo: insolvência do devedor
• Pressuposto formal: sentença
#DEOLHONAJURIS:
O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência
patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº
11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a
decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp
1532154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).
• Fase pré-falimentar: se dá com o pedido de falência, realizado pelos legitimados do art. 97.
• Fase falimentar: Esta etapa objetiva o conhecimento judicial do ativo e passivo do devedor, a realização do
ativo apurado e o pagamento do passivo admitido. Ela tem início com a sentença declaratória de falência e
termina com a sentença de encerramento.
• Fase de reabilitação: sentença de extinção das obrigações do falido
#DEOLHONAJURIS:
A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor.
Assim, o credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o
54
art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1544267-DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou
decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha
sede fora do Brasil.
#SELIGA: A justiça competente para julgar as ações de falência é a justiça comum estadual, uma vez que o art.
109 da Constituição Federal exclui da competência da Justiça Federal a apreciação das causas de falência.
#DEOLHONAJURIS:
Compete ao Juízo falimentar decidir sobre os bens do falido dados em garantia em favor de sociedade
empresária em recuperação judicial ainda que pendente decisão no juízo arbitral sobre eventual
descumprimento de obrigações entre as partes. STJ. 2ª Seção. CC 166591-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 23/10/2019 (Info 659).
Requisitos da autofalência:
• Crise econômico-financeira;
• Não atender aos requisitos da recuperação judicial: deve-se primar pela preservação da empresa
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua
recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos (...)
1. Impontualidade injustificada: aquele que, sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento,
obrigação líquida (certas quanto à existência e determinação de seus objetos), materializada em título ou títulos
executivos protestados, cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência
(ART. 94, I)
#IMPORTANTE: A impontualidade injustificada é provada pelo protesto do título executivo, que constitui o
devedor em mora
2. Execução frustrada: Ocorre quando o devedor executado por qualquer quantia líquida não paga, não
deposita e não nomeia bens suficientes para solver os débitos dentro do prazo legal. Nessa hipótese, presume-
se que o devedor é insolvente. Aqui, o legislador permite o pedido de falência por qualquer quantia líquida (ART.
94, II).
3. Atos de falência:
55
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização
ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.
SENTENÇA DE FALÊNCIA:
Apesar do nome de que fez uso o legislador, a sentença declaratória da falência, pressuposto inafastável da
instauração do processo de execução concursal do devedor empresário, tem caráter predominantemente
constitutivo. Após a sua edição, a pessoa, os bens, os atos jurídicos e os credores do empresário falido são
submetidos a um regime jurídico específico, diverso do regime geral do direito obrigacional. É a sentença de
falência que introduz o falido e seus credores no regime jurídico-falimentar, donde o seu caráter constitutivo.
#DEOLHONAJURIS:
O ato decisório que decreta a falência possui natureza de sentença constitutiva, pois sua prolação faz operar a
dissolução da sociedade empresária, conduzindo à inauguração de um regime jurídico específico. STJ. 3ª Turma.
REsp 1780442/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019.
Na sentença declaratória da falência, o juiz deve se pronunciar sobre a continuação provisória das atividades do
falido ou a lacração do seu estabelecimento (LF, arts. 99, VI e XI, e 109). Não são medidas de adoção obrigatória.
Inexistindo razões tanto para autorizar a continuação provisória das atividades do falido como para a lacração
do estabelecimento, o juiz pode simplesmente denegar as duas medidas.
O juiz, ao julgar o pedido de falência, também poderá julgá-lo improcedente, proferindo sentença denegatória
da falência.
Se, porém, a denegação da falência não tiver por fundamento a improcedência do pedido, mas a sua elisão
provocada pelo depósito do valor da obrigação em atraso, o juiz determinará o levantamento deste em favor
do requerente e condenará o requerido no reembolso das despesas e nos honorários de advogado em favor do
requerente.
Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido
cabe apelação.
Basta pensar que, declarando a falência o processo terá continuidade com a fase de falimentar, ou seja, trata-
se de decisão interlocutória, portanto, recorrível por agravo de instrumento. Já a denegatória de falência põe
fim ao processo, portanto é decisão terminativa, recorrível por apelação.
Declaratória Agravo de
de falência Instrumento
Sentença
Denegatória
Apelação
de falência
56
Efeitos da sentença declaratória de falência em relação ao falido:
1. Inabilitação para a atividade empresarial – se inicia com a sentença declaratória e termina com a sentença de
extinção das obrigações do falido.
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência
e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à
respectiva anotação em seu registro.
#IMPORTANTE! O empresário individual que vai à falência ou o sócio de responsabilidade ilimitada de uma
sociedade que tem sua falência decretada, por exemplo, ficam impedidos de exercer qualquer atividade
empresarial até que suas obrigações sejam consideradas extintas por sentença transitada em julgado. No caso
da sociedade empresária, a inabilitação é automática, iniciando-se com a decretação da falência e terminando
com a sentença de encerramento do processo falimentar (art. 156 da LRE). No entanto, deve-se ressalvar a
hipótese de o falido ser condenado por crime falimentar, caso em que referida condenação também lhe impõe
a pena acessória de inabilitação empresarial, e nesse caso essa inabilitação só cessará cinco anos após a extinção
da punibilidade, nos termos do art. 181 da LRE.
4. Falência dos sócios ilimitadamente responsáveis pelas obrigações da sociedade (art. 81)
Sociedade limitada: a sentença declaratória só atinge a sociedade, pois os sócios não respondem com seu
patrimônio pessoal. A falência é da pessoa jurídica e não do sócio, de modo que ele pode ser sócio de outra
empresa. Só há impedimento de ser administrador novamente, se ele era e houve a falência.
Sociedade ilimitada: o sócio responderá com seu patrimônio pessoal por dívidas da sociedade. Os bens dos
sócios também serão arrecadados no processo falimentar.
Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em parte, aos sócios de
responsabilidade limitada, aos controladores e aos administradores da sociedade falida, admitida, contudo, a
desconsideração da personalidade jurídica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, para fins de responsabilização
de terceiros, grupo, sócio ou administrador por obrigação desta, somente pode ser decretada pelo juízo
falimentar com a observância do art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) e dos arts. 133,
134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), não aplicada a
suspensão de que trata o § 3º do art. 134 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
1. Constituição da massa falida: A massa falida é a reunião de bens e credores do falido. Só há massa falida após
a decretação da falência. A reunião dos credores forma a denominada massa falida subjetiva (corpus
creditorum).
2. Vencimento antecipado de toda dívida do falido: Para que todos os credores possam participar do
procedimento, fazendo as suas respectivas habilitações de crédito, a lei determina o vencimento antecipado das
dívidas do falido:
57
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos
em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta
Lei.
Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer os seus direitos sobre
os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta Lei prescrever.
Art. 116. A decretação da falência suspende:
I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser entregues ao
administrador judicial;
II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios
da sociedade falida.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador
judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à
manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei
ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados.
Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas
por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.
REALIZAÇÃO DO ATIVO:
Depois que os bens da massa falida forem arrecadados, ou seja, listados e organizados formalmente, eles serão
vendidos a fim de arrecadar dinheiro para pagar os credores. Essa venda dos bens da massa falida é chamada
pela lei de “realização do ativo” e está disciplinada nos arts. 139 a 148 da Lei.
Possibilidade de os bens serem considerados sem valor de mercado e serem destinados à doação:
Art. 144-A. Frustrada a tentativa de venda dos bens da massa falida e não havendo proposta concreta dos
credores para assumi-los, os bens poderão ser considerados sem valor de mercado e destinados à
doação. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. Se não houver interessados na doação referida no caput deste artigo, os bens serão devolvidos
ao falido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
58
Art. 145. O juiz homologará qualquer outra Art. 145. Por deliberação tomada nos termos do art. 42
modalidade de realização do ativo, desde que desta Lei, os credores poderão adjudicar os bens
aprovada pela assembleia-geral de credores, alienados na falência ou adquiri-los por meio de
inclusive com a constituição de sociedade de constituição de sociedade, de fundo ou de outro
credores ou dos empregados do próprio devedor, veículo de investimento, com a participação, se
com a participação, se necessária, dos atuais sócios necessária, dos atuais sócios do devedor ou de
ou de terceiros. terceiros, ou mediante conversão de dívida em capital.
§ 1º Aplica-se irrestritamente o disposto no art. 141
§ 1º Aplica-se à sociedade mencionada neste artigo o desta Lei à transferência dos bens à sociedade, ao
disposto no art. 141 desta Lei. fundo ou ao veículo de investimento mencionados no
caput deste artigo.
§ 2º No caso de constituição de sociedade formada
por empregados do próprio devedor, estes poderão
§ 2º (Revogado).
utilizar créditos derivados da legislação do trabalho
para a aquisição ou arrendamento da empresa.
§ 3º Não sendo aprovada pela assembleia-geral a
proposta alternativa para a realização do ativo,
caberá ao juiz decidir a forma que será adotada, § 3º (Revogado).
levando em conta a manifestação do administrador
judicial e do Comitê.
§ 4º Será considerada não escrita qualquer restrição
convencional à venda ou à circulação das participações
Não havia § 4º do art. 145.
na sociedade, no fundo de investimento ou no veículo
de investimento a que se refere o caput deste artigo.
#ATENÇÃO: Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público e as Fazendas Públicas serão intimados
por meio eletrônico, nos termos da legislação vigente e respeitadas as respectivas prerrogativas funcionais, sob
pena de nulidade (Art. 142, §7º).
Os credores do falido não são tratados igualmente. A natureza do crédito importa para a definição de uma
ordem de pagamento, que deve ser rigorosamente observada na liquidação. Na dita ordem de pagamento,
encontram-se não apenas os credores do falido, como também os créditos extraconcursais.
Classificam-se, portanto, os créditos, segundo a ordem de pagamento na falência, nas seguintes categorias:
a) os créditos extraconcursais.
Não havia inciso I-C do art. 84. I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição,
conforme previsto no art. 86 desta Lei;
Não havia inciso I-D do art. 84. I-D - às remunerações devidas ao administrador
judicial e aos seus auxiliares, aos reembolsos devidos
a membros do Comitê de Credores, e aos créditos
derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de
acidentes de trabalho relativos a serviços prestados
após a decretação da falência;
Não havia inciso I-E do art. 84. I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos
praticados durante a recuperação judicial, nos termos
do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos
praticados durante a recuperação judicial, nos após a decretação da falência, respeitada a ordem
termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da estabelecida no art. 83 desta Lei.
falência, e tributos relativos a fatos geradores
ocorridos após a decretação da falência, respeitada
a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
Não havia § 1º do art. 84. § 1º As despesas referidas no inciso I-A do caput deste
artigo serão pagas pelo administrador judicial com os
recursos disponíveis em caixa.
Não havia § 2º do art. 84. § 2º O disposto neste artigo não afasta a hipótese
prevista no art. 122 desta Lei.
b) os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por
credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho (art. 83, I);
c) os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do bem gravado (art. 83, II);
#ATENÇÃO: Antes da Lei n° 14.112/2020, após os créditos tributários, viriam os créditos com privilégio especial
e privilégio geral. Essas categorias foram EXTINTAS! Esses créditos passam a integrar a classe dos créditos
quirografários.
f) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, incluídas as
multas tributárias (art. 83, VII); e
60
(...)
III – créditos tributários, independentemente da sua III - os créditos tributários, independentemente da sua
natureza e tempo de constituição, excetuadas as natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos
multas tributárias; extraconcursais e as multas tributárias;
DIREITO PENAL5
5
Por Carolina Byrro.
61
ASPECTO Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos
FORMAL/ESTÁTICO como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas.
O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou
ASPECTO
danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria
MATERIAL
conservação e progresso da sociedade.
O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a
necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.
Aprofundando o enfoque sociológico
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer
diretrizes.
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções
(civis ou penais).
ASPECTO
#ATENÇÃO: Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o
SOCIOLÓGICO/
Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do
DINÂMICO
controle social.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal.
#IMPORTANTE: O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de
consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL).
- O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando
os outros ramos do direito falham.
PRINCÍPIO DA O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes,
EXCLUSIVA indispensáveis ao convívio da sociedade. Decorrência do princípio da ofensividade.
PROTEÇÃO DOS
BENS JURÍDICOS
O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que
sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico tutelado (caráter fragmentário).
a) Princípio da fragmentariedade (ou caráter fragmentário do Direito Penal):
estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que
atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser
humano e da sociedade. Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a
última etapa de proteção do bem jurídico.
Deve ser utilizado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais
somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção
PRINCÍPIO DA
de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa.
INTERVENÇÃO
#O que é FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS?
MÍNIMA
Situações em que um comportamento inicialmente típico deixa de interessar ao
Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito.
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico da
fragmentariedade.
b) Princípio da subsidiariedade: a atuação do Direito Penal é cabível unicamente
quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social
tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Assim, o Direito
Penal funciona como um executor de reserva (ultima ratio), entrando em cena
somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos
invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem
jurídico tutelado.
62
Projeta-se no plano concreto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente
se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido empregados, sem
sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação, portanto, com a tarefa de
aplicação da lei penal.
Art. 5º, II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;”
Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;”
Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
PRINCÍPIO DA a) não há crime ou pena sem lei (MP não pode criar crime, nem cominar pena)
LEGALIDADE b) não há crime ou pena sem lei anterior (princípio da anterioridade)
c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador)
d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar
tipo incriminador - analogia in malam partem).
e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da
determinação; Proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados)
f) não há crime ou pena sem lei necessária (desdobramento lógico do princípio da
intervenção mínima)
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos.
ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo
baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
PRINCÍPIO DA
Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue Direito Penal do Fato.
EXTERIORIZAÇÃO OU
Resquícios de direito penal do autor no direito brasileiro: Até 2009, mendicância
MATERIALIZAÇÃO
era crime. Vadiagem é contravenção penal.
DO FATO
ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao
direito penal do fato: fixação da pena, regime de cumprimento da pena e espécies
de sanção.
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, relevante e
de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal.
-CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio.
Princípio da
-CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante;
OFENSIVIDADE/
porte de arma.
LESIVIDADE
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando
pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado dispensando
vítima determinada.
63
b) Obrigatoriedade da individualização da pena (é mandamento constitucional,
evitando responsabilidade coletiva).
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua
responsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa).
Está proibida a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo ou culpa.
Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA
(autorizadas por lei):
PRINCÍPIO DA
1- Embriaguez voluntária
RESPONSABILIDADE
Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita
SUBJETIVA:
da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente.
2- Rixa Qualificada
Crítica: só responde pelo resultado agravador quem atuou frente a ele com dolo
ou culpa, evitando-se responsabilidade penal objetiva.
3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais
Postulado limitador do direito de punir.
PRINCÍPIO DA Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente
CULPABILIDADE capaz, com potencial consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o
caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível conduta diversa.
PRINCÍPIO DA A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma
ISONOMIA igual o que é igual, e desigualmente o que é desigual.
Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada
de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for
PRINCÍPIO DA
legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito,
PRESUNÇÃO DE
em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:”
INOCÊNCIA
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;”
Este princípio preconiza a análise da ocorrência de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo
penal. Expoente: Claus Roxin, em 1964.
Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da tipicidade material. É um requisito negativo da tipicidade
(STF, HC 137217). É um juízo negativo da tipicidade conglobante, pois ultrapassa o juízo subsuntivo formal e
adentra na seara da análise do desvalor da conduta e do resultado em sentido amplo (STJ, RHC 59568).
64
DISTINÇÃO
BAGATELA PRÓPRIA BAGATELA IMPRÓPRIA
Ocorre a bagatela própria quando uma conduta é Ocorre nas situações em que uma conduta ofende
formalmente criminosa (subsuma-se ao tipo penal), significativamente o bem jurídico protegido pela
mas não atingiu expressivamente o bem jurídico norma, mas, a pena se torna desnecessária.
tutelado pela norma. Essa lesão insignificativa desde o Ex. perdão judicial.
início já afasta o crime, porque a conduta é atípica Atenção: jurisprudência não aplica a bagatela
materialmente. imprópria para os delitos de Maria da Penha.
Dessa forma, sem um dos elementos do fato típico não
há crime.
#DEOLHONASSÚMULAS:
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
Súmula 599 do STJ: dispõe que “o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração
pública”
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante, ainda que presentes
antecedentes penais do agente, se não denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade,
a cometer crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 30/06/2022. (Info 744 - STJ)
É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo que
a subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja reincidente.
Vale ressaltar que os produtos haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e que logo após o agente
foi preso, ainda na porta do estabelecimento.
Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e uma garrafa de
pinga marca 51, tudo avaliado em R$ 29,15.
STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da
atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade
do fato imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância.
STJ. 5ª Turma. HC 553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos
elementos do caso concreto.
No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal
ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem
furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas
utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no
princípio da proporcionalidade
65
STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).
Excepcionalmente, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (uso de atestado falso)
em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade
da lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da conduta e afastar a incidência do direito
penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel.
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 16/11/2021.
#ATENÇÃO: O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de munição,
desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela. STJ. 5ª Turma.
AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019.
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de
droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma.
HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021.
CRITÉRIO CLASSIFICAÇÕES
I) COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa, sem nenhuma circunstância
específica. Ex: Homicídio.
II) PRÓPRIO: exige uma condição especial para que a pessoa possa ser o sujeito ativo,
a exemplo dos crimes funcionais, que somente podem ser cometidos por funcionário
público.
#DEOLHONAJURIS: O diretor de organização social pode ser considerado funcionário
público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as
organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder Público devem ser
consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do CP. STF. 1ª
QUANTO AO
Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
SUJEITO ATIVO
III) DE MÃO PRÓPRIA: Exige que o agente atue pessoalmente na realização do tipo. Ex:
crime de falso testemunho
#DEOLHONAJURIS O STF entende que esse crime admite participação, no caso
concreto, do advogado (HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF
também admite coautoria RHC 81327 / SP).
OBS: Crime multitudinário é aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não diz
o que se entende por “multidão”, razão pela qual sua configuração deve ser
examinada no caso concreto. Exemplo: agressões praticadas em um estádio por
torcedores de um time de futebol.
I) INSTANTÂNEO: o crime se consuma em momento determinado, não
necessariamente no mesmo momento de realização da conduta.
II) PERMANENTE: o momento consumativo se prolonga no tempo, de acordo com a
vontade do agente para que assim seja. Destaque-se que enquanto durar a
permanência poderá ser realizado o flagrante.
QUANTO AO III) INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES: o delito é instantâneo, consumindo-se
MOMENTO DA em momento determinado, porém os efeitos do crime após a consumação é que são
CONSUMAÇÃO visíveis. Ex: Crime de bigamia, que se concretiza no ato do segundo casamento,
permanecendo seus efeitos.
#DEOLHONAJURIS De acordo com o entendimento do STF, o terceiro que perpetra a
fraude pratica crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma na ocasião
do pagamento da primeira prestação do benefício indevido. Por outro lado, o agente
beneficiário da fraude prática crime de natureza permanente, cuja execução se
6
Normalmente, o conhecimento dessas classificações é cobrado de forma incidental em algum caso concreto, para que
se verifique, por exemplo, se de fato ocorreu o crime ou não.
67
prolonga no tempo, renovando-se a cada parcela recebida. Nesse caso, a consumação
ocorre apenas quando cessa o recebimento indevido das prestações (HC 104880).
I) Crime de dano: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao bem
jurídico.
II) Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano.
III) Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado.
IV) Crime de perigo abstrato: delito cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não
precisa ser provado. Há doutrinadores que pregam a inconstitucionalidade desses
crimes, pois violariam o princípio da ofensividade. Ex: Crime do art. 310, CP:
#DEOLHONASÚMULA Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar
ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que
se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB,
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução
do veículo.
V) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, como no abandono de incapaz (CP,
art. 133);
VI) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
VII) Crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da conduta
se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
QUANTO Á
ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de tipos penais
RELAÇÃO DA
preventivos. #FOCANATABELA #DIRETODAFUC
CONSUMAÇÃO
CRIMES DE DANO CRIMES DE PERIGO CRIMES DE PERIGO
COM O DANO
CONCRETO ABSTRATO
- Homicídio culposo no - Trafegar em velocidade - Embriaguez no volante
trânsito (art. 302) e incompatível com a (306)
- Lesão corporal culposa segurança nas - Permitir ou entregar a
no trânsito (art. 303) proximidades de direção de veículo
determinados lugares automotor a pessoa não
(art. 311) habilitada (310)
- RACHA (art. 308)
- DIRIGIR SEM PERMISSÃO
(art. 309)
QUANTOS AO N° I) Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato. Não
DE ATOS admite tentativa nem fracionamento.
NECESSÁRIOS À II) Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos.
CONSUMAÇÃO Admite tentativa e fracionamento.
QUANTO A I) Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios ou não transeunte.
EXISTÊNCIA DE II) Delito de fato transeunte: é aquele que não deixa vestígios.
VESTÍGIOS
I) Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, dois ou mais tipos penais em
uma única descrição legal (SENTIDO ESTRITO) ou que abrange um tipo simples
acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO).
II) Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta
penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou ameaça
(conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica).
DIFERENCIAÇÃO DE
III) Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de duas ou mais
CRIMES
figuras típicas. Ex: Latrocínio (roubo + morte).
COMPLEXOS
O que se entende por crime ultracomplexo? Segundo Rogério Sanches, ocorre o crime
ultra complexo "quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo como
qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo (crime complexo)
praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na hipótese, uma unidade jurídica
ultra complexa formada pela reunião do crime de roubo (nascido da fusão do
constrangimento ilegal + furto) e do crime de porte ilegal de arma de fogo. Em outras
68
palavras, percebemos um crime complexo (roubo) acrescido de outro (porte ilegal de
arma de fogo), que serve como causa de aumento de pena do crime patrimonial".
(CUNHA Rogério Sanches, Manual de Direito Penal: Parte Geral, 4. Ed. Salvador:
juspodivm, 2016, pág. 167). Nesse caso, sendo todos os crimes praticados no mesmo
contexto fático, o autor deverá responder apenas pelo roubo majorado pelo emprego
de arma de fogo (em razão da aplicação do princípio da consunção), que, como vimos,
pode ser chamado de crime ultra complexo.
I) Crimes à distância: também conhecidos como “crimes de espaço máximo”, são
aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos (lembrar que o Código
Penal acolheu a teoria mista ou da ubiquidade quanto ao lugar do crime).
II) Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem em
comarcas diversas, sediadas no mesmo país. No tocante às regras de competência, o
QUANTO AO
art. 70 do Código de Processo Penal dispõe que, nesse caso, será competente para o
ESPAÇO
processo e julgamento do crime o juízo do local em que se operou a consumação. Há,
TERRITORIAL
contudo, exceções (ex: júri, juizado especial criminal – momento da ação/omissão).
III) Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em
um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele
vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com
ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
I) Crimes de mínimo potencial ofensivo: são os que não comportam a pena privativa
de liberdade. No Brasil, enquadra-se nesse grupo a posse de droga para consumo
pessoal, tipificada no art. 28 da Lei 11.343/2006, ao qual são cominadas as penas de
advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida
educativa de comparecimento à programa ou curso educativo.
II) Crimes de menor potencial ofensivo: são aqueles cuja pena privativa de liberdade
em abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa. São assim
definidos pelo art. 61 da Lei 9.099/1995, e ingressam na competência do Juizado
Especial Criminal. O art. 98, I, da Constituição Federal faz menção às “infrações penais
de menor potencial ofensivo”, expressão que também abrange todas as
contravenções penais.
QUANTO AO
III) Crimes de médio potencial ofensivo: são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa
POTENCIAL
um ano, independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada.
OFENSIVO
Tais delitos admitem a suspensão condicional do processo, na forma delineada pelo
art. 89 da Lei 9.099/1995.
IV) Crimes de elevado potencial ofensivo: possuem pena mínima superior a um ano,
e, consequentemente, pena máxima acima de dois anos. Tais delitos não se
compatibilizam com quaisquer dos benefícios elencados pela Lei 9.099/1995.
V) Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela
Constituição Federal. São os hediondos e equiparados – tráfico de drogas, tortura e o
terrorismo (CF, art. 5.º, XLIII), bem como os delitos cujas penas não se submetem à
prescrição, quais sejam, racismo (CF, art. 5.º, XLII) e ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art. 5.º, XLIV).
I) Crimes de rua ou crimes de colarinho azul: praticados pelas pessoas de classes
sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis, andarilhos e
mendigos. Esses delitos são cometidos aos olhos da sociedade, em locais
supervisionados pelo Estado (praças, parques, favelas etc.), e por essa razão são
frequentemente objeto das instâncias de proteção (Polícia, Ministério Público e Poder
QUANTO A CLASSE
Judiciário). Quando ficam alheios ao conhecimento do Poder Público, integram as
SOCIAL DO AGENTE
cifras negras do Direito Penal.
II) Crimes do colarinho branco (white collar crimes): são cometidos por aqueles que
gozam e abusam da elevada condição econômica e do poder daí decorrente, como é o
caso dos delitos contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986), de lavagem de
capitais (Lei 9.613/1998) e contra a ordem econômica (Lei 8.176/1991), entre tantos
69
outros. Nesses crimes socioeconômicos, surgem as “cifras douradas do Direito Penal”,
indicativas da diferença apresentada entre a criminalidade real e a criminalidade
conhecida enfrentada pelo Estado. Raramente existem registros envolvendo delitos
dessa natureza, inviabilizando a persecução penal e acarretando a impunidade das
pessoas privilegiadas no âmbito econômico.
Crime habitual: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo
agente. Tipo penal criado para punir um estilo de vida. Ex: curandeirismo, casa de
prostituição. Considerações: I) Não suporta tentativa; II) Cabe flagrante;
CRIME HABITUAL
Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém a
prática de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou fraudulenta
(Lei 7.492).
De tendência interna transcendente/intensificada: requerem um agir com ânimo,
finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior
atividade, distintos da realização do tipo penal. Possui as seguintes espécies:
I) De resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de
delito formal) depende, para sua configuração, de comportamento advindo de
CRIMES DE
terceiros estranhos à execução do crime. Ex: art. 159, CP - extorsão mediante
INTENÇÃO
sequestro - a obtenção da vantagem (o resgate) depende dos familiares da vítima.
II) Atrofiado ou Mutilado de dois atos: o resultado naturalístico (também dispensável)
depende de um novo comportamento do agente. Ex: art. 291 - na modalidade adquirir
petrecho - precisa-se de outro ato para a falsificação da moeda com prejuízo a alguém
(resultado naturalístico).
São aqueles em que a “tendência afetiva” do autor delimita a ação típica. Assim, a
tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. Ex:
toque do ginecologista na realização de uma consulta, que pode configurar mero agir
profissional ou algum crime de natureza sexual, a depender da tendência (libidinosa
ou não) do agente. No mesmo sentido é o crime de injúria, pois vai depender da real
intenção do agente de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar. Aqui, a
CRIMES DE tendência do agente não transcende a conduta típica, como nos delitos de intenção.
TENDÊNCIA Este último possui como elementares intenções especiais (finalidade transcendente)
expressas no próprio tipo. Ex.: no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159), o
tipo objetivo consiste em "sequestrar alguém". Por sua vez, o tipo subjetivo possui o
dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo, que é sequestrar alguém) e o
elemento subjetivo especial (com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate). Essa intenção especial transcende (vai
além) do tipo objetivo (sequestrar alguém).
I) Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave e
para tanto, por meio de atos sucessivos, práticas gradativas e crescentes violações o
bem jurídico. Há uma só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar o
crime “maior”. DIFERE DE PROGRESSÃO CRIMINOSA, na qual o agente deseja
inicialmente produzir um resultado menos grave, porém, após atingi-lo, decide
prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado mais grave. Haverá mais
de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a prática do crime
OUTRAS “menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de maior
CLASSIFICAÇÕES gravidade.
II) Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias
modalidades de condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal. Pode
ser alternativo (prática de mais de uma conduta constitui crime único) ou cumulativo
(prática de mais de uma conduta constitui mais de um crime). Ex: art. 22, parágrafo
único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – proteção de bens jurídicos diversos.
III) Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas
destituída de personalidade jurídica.
70
IV) Crime gratuito é o praticado sem motivo conhecido, porque todo crime tem uma
motivação. Não se confunde com o motivo fútil, definido como aquele de menor
importância, desproporcional ao resultado provocado pelo crime.
Com efeito, a ausência de motivo conhecido não deve ser equiparada ao motivo fútil.
Destarte, o desconhecimento acerca do móvel do agente não deve ser colocado no
mesmo nível do motivo de somenos importância. Há, todavia, adeptos de posição
contrária, os quais alegam que, se um motivo ínfimo justifica a elevação da pena, com
maior razão deve ser punida mais gravemente a infração penal imotivada.
V) Crime de ímpeto: cometido sem premeditação, como decorrência de reação
emocional repentina, tal como no homicídio privilegiado, cometido pelo agente sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (CP, art.
121, § 1.º). Esses crimes são, normalmente, passionais (movidos pela paixão).
VI) Crime exaurido: aquele em que o agente, depois de já alcançada a consumação,
insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em
desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. Em outras palavras, é o crime
que, depois de consumado, alcança suas consequências finais, as quais podem
configurar um indiferente penal, como no falso testemunho (CP, art. 342), que se torna
exaurido com o encerramento do julgamento relativo a este crime, ou então condição
de maior punibilidade, como ocorre na resistência (CP, art. 329), em que a não
execução do ato dá ensejo à forma qualificada do crime.
VII) Crime de circulação é o praticado com o emprego de veículo automotor, a título
de dolo ou de culpa, com a incidência do Código Penal ou do Código de Trânsito
Brasileiro (Lei 9.503/1997).
VIII) Crime atentado é aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime consumado
e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa. É o caso do
crime de evasão mediante violência contra a pessoa (CP, art. 352: “Evadir-se ou tentar
evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando
de violência contra a pessoa”).
IX) Crime de opinião ou de palavra: é o cometido pelo excesso abusivo na
manifestação do pensamento, seja pela forma escrita, seja pela forma verbal, tal como
ocorre no desacato (CP, art. 331).
#DEOLHONAJURIS: O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e
com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito
à liberdade de expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação,
desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os
excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
13/3/2018 (Info 894). #IMPORTANTE
x) Crime inominado: delineado pelo uruguaio Salvagno Campos, é o que ofende regra
ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido em lei como
infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o princípio da reserva legal veda a
analogia in malam partem em âmbito criminal.
XI) Crime profissional: é o crime habitual, quando cometido com finalidade lucrativa.
Exemplo: rufianismo (CP, art. 230).
XII) Quase-crime: é o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (CP, art. 17) e à
participação impunível (CP, art. 31). Na verdade, inexiste crime.
XIII) Crime subsidiário: é o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais
grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP,
art. 250). Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de
reserva”.
XIV) Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto é aquele em que o agente
acredita realmente ter praticado um crime, quando na verdade cometeu um
indiferente penal. Exemplo: “A” vende um pó branco, acreditando tratar-se de
cocaína. Na verdade, era talco. Trata-se de um “não crime”, que se divide em três
71
espécies: a) crime putativo por erro de tipo; b) crime putativo por erro de proibição,
também conhecido como “delito de alucinação”; e c) crime putativo.
XV) Crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime
autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e dos
petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291).
XVI) Crimes de plástico: são aquelas situações típicas das sociedades modernas, em
que o direito penal aparece como (falsa) solução para todos os males, contribuindo
fundamentalmente para a proliferação e ampliação do “cardápio” de tipos penais, com
nenhuma ou pouca efetividade. Em situações determinadas, sobretudo quando há
uma movimentação e pressão popular ou midiática, o Estado traz novas (?) soluções e
alterações legislativas, seja para recrudescer o tratamento a alguns delitos, seja para
criar efetivamente crimes no ordenamento jurídicos. Ex: Lei Carolina Dieckman (Lei
12.737/12).
TEORIAS DA CONDUTA
72
Conclusão: a conduta deve ser compreendida de acordo com a missão conferida
ao direito penal.
ROXIN (ESCOLA DE MUNIQUE) CRIME: fato típico (conduta), ilícito e
REPROVÁVEL (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade
FUNCIONALISMO de conduta diversa e necessidade da pena).
TELEOLÓGICO/ OBS: Roxin busca a reconstrução do Direito Penal com base em critérios político-
DUALISTA/MODERADO/ criminais.
DA POLÍTICA Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos. Proteger os valores
CRIMINAL/VALORATIVO essenciais à convivência social harmônica.
Conduta: Comportamento humano voluntário causador de relevante e
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
JAKOBS (ESCOLA DE BONN) CRIME: fato típico (conduta), ilícito e culpável
(imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta
diversa).
OBS: Para Jakobs, o Direito Penal deve visar primordialmente à reafirmação da
norma violada e ao fortalecimento das expectativas de seus destinatários.
FUNCIONALISMO Missão do Direito Penal: Assegurar a vigência do sistema. Está relativamente
SISTÊMICO/MONISTA/ vinculada à noção de sistemas sociais (Niklas Luhmann).
RADICAL Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado
violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.
OBS: Ação é produção de resultado evitável pelo indivíduo (teoria da
evitabilidade individual).
OBS: O agente é punido porque violou a norma e a pena visa reafirmar a norma
violada.
#DICA - B I P E: o agente deverá RESPONDER PELO RESULTADO MORTE, por se tratar de CAUSAS
SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES que se encontram na linha de desdobramento natural da
conduta do agente, razão pela qual o NEXO CAUSAL NÃO É QUEBRADO, não havendo por isso a aplicação do
art. 13, §1o, CP nos seguintes casos:
➢ BRONCOPNEUMONIA;
➢ INFECÇÃO HOSPITALAR;
➢ PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E;
➢ ERRO MÉDICO
Por sua vez, aplicar-se-á o art. 13, §1o CP (HAVERÁ O ROMPIMENTO DO NEXO CAUSAL e o agente responderá
pela TENTATIVA) se a questão trouxer como causa da morte da vítima:
• INCÊNDIO;
• DESABAMENTO do hospital; e
• ACIDENTE com a ambulância
No caso do art. 13, §2º, CP, em que temos a previsão dos crimes omissivos, o nexo causal presente não é o nexo
naturalístico, mas sim o nexo normativo (estabelecido pela lei). Assim, nos crimes omissivos, o nexo decorre da
lei que pune a inação (o agente será punido simplesmente por não ter atuado quando deveria).
No caso dos crimes omissivos impróprios estaremos diante de crimes comissivos por omissão. Mesmo assim, a
causalidade será normativa. Isso porque, apesar de haver nexo entre conduta e resultado, este nexo não é
73
naturalístico (pois a omissão não provocou o resultado). O agente não causa diretamente o resultado, mas
permite que ele ocorra quando deveria e poderia evitá-lo. A doutrina chama de NEXO DE EVITAÇÃO.
JDPP 29: A responsabilidade a título de omissão imprópria deve observar a assunção fática e real de
competências que fundamentam a posição de garantidor.
PUNIÇÃO DA TENTATIVA
Observa o aspecto objetivo do delito (sob a perspectiva dos atos praticados pelo
agente). A punição se fundamenta no perigo de dano acarretado ao bem jurídico,
verificado na realização de parte do processo executório.
Conclusão: por ser objetivamente incompleta, a tentativa merece pena reduzida.
TEORIA OBJETIVA/ A tentativa é chamada de tipo manco.
REALÍSTICA Quanto maior a proximidade da consumação menor será a diminuição, e vice-versa
(leva-se em conta o iter criminis percorrido pelo agente).
Adotado pelo CP.
Regra: Teoria objetiva (pune-se a tentativa com a pena da consumação reduzida de
1/3 a 2/3).
Observa o aspecto subjetivo do delito (sob a perspectiva do dolo).
Conclusão: sob a perspectiva subjetiva (dolo), a consumação e a tentativa são
TEORIA SUBJETIVA/
idênticas, logo, a tentativa deve ter a mesma pena da consumação, sem redução.
VOLUNTARÍSTICA/
Adotada como Exceção: Teoria subjetiva (pune-se a tentativa com a mesma pena
MONISTA
da consumação – sem redução). São os CRIMES DE ATENTADO ou
empreendimento.
INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA: (CCHUPAO): #DICA #APOSTACICLOS
Culposo (salvo culpa imprópria)
Contravenções penais (faticamente possível, mas não punível)
Habituais
Unissubsistentes
Preterdolosos
Atentado/Empreendimento
Omissivos PRÓPRIOS
CRIME DOLOSO
TEORIAS DO DOLO
Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
TEORIA DA
Dolo = previsão (consciência) + querer
VONTADE
OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo direto.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível
TEORIA DA e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta.
REPRESENTAÇÃO Dolo = previsão (consciência) + prosseguir com a conduta
ATENÇÃO: Esta teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente.
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível
e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o
evento.
TEORIA DO
Dolo = previsão (consciência) + prosseguir com a conduta assumindo o risco do
CONSENTIMENTO/
evento
ASSENTIMENTO
OBS: Esta teoria, diferente da anterior, não mais abrange no conceito de dolo a
culpa consciente.
OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo eventual.
74
Trabalha com dados estatísticos, ou seja, se de acordo com a conduta do agente,
TEORIA DA
estatisticamente, ele tiver grandes probabilidades de alcançar o resultado, estará
PROBABILIDADE
configurado o dolo. Não adotada pelo CP.
#SÓNATABELHINHA #APOSTACICLOS
Dolo direto: o agente dirige De 1º grau: dolo clássico, sem efeitos colaterais certos e necessários
sua vontade na produção de De 2º grau: o agente, para produzir um determinado resultado, tem que
um resultado determinado. produzir outros resultados como efeitos colaterais certos e necessários (ex:
A finalidade é certa, precisa. colocar uma bomba no avião)
Dolo Indireto: o resultado Dolo Alternativo: o agente dirige sua conduta no sentido de produzir um ou
que o agente deseja outro resultado, indistintamente (atira, desejando matar ou ferir)
produzir não é certo e Dolo eventual: o agente dirige sua conduta no sentido de produzir um
determinado. A finalidade resultado, não se importando, contudo, que aconteça um resultado mais
não é certa e precisa. gravoso.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
HOMICÍDIO Em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de grupo de
SIMPLES extermínio, ainda que por só um agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90).
O homicídio é privilegiado quando o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
a injusta provocação da vítima. Nesse caso, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço. As hipóteses legais do privilégio apresentam caráter subjetivo.
#NÃOESQUECER são de natureza objetiva, portanto admitem o homicídio privilegiado-
qualificado, as hipóteses do art. 121, §2º, III e IV, (referentes aos meios e modos de
HOMICÍDIO execução), com exceção da traição.
PRIVILEGIADO As demais qualificadoras, nos demais incisos, são de natureza subjetiva.
#MEMORIZAR as objetivas, por exclusão (já que são em menor quantidade).
#ATENÇÃO O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência de previsão legal.
Lembrem que o rol dos crimes hediondos é um rol taxativo.
#CONCURSO DE AGENTES: em caso de concurso de agentes as causas privilegiadas não se
comunicam, uma vez que são circunstâncias subjetivas do crime (e não elementares). Art.
30, CP.
✓ MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU OUTRO MOTIVO TORPE =
motivo vil, repugnante. Ex.: matar um parente para ficar com sua herança.
#ATENÇÃO #SAINDODOFORNO A qualificadora da paga (art. 121, 2º, I, do CP) não é
aplicável aos mandantes do homicídio, porque o pagamento é, para eles, a conduta que
os integra no concurso de pessoas, mas não o motivo do crime. REsp 1.973.397-MG, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 06/09/2022. (Info 748
- STJ)
#DIVERGÊNCIA: É possível a aplicação da qualificadora descrita no inciso I do § 2º do
artigo 121 do Código Penal ao mandante do crime de homicídio (HC n. 447.390/SC,
relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 23/4/2019, DJe de 30/4/2019)
✓ MOTIVO FÚTIL = insignificante, desproporcional à natureza do crime praticado.
Obs.: a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil.
HOMICÍDIO ✓ MEIO INSIDIOSO: agente usa de fraude para cometer crime sem que a vítima perceba.
QUALIFICADO ✓ MEIO CRUEL: é aquele que proporciona à vítima um intenso (e desnecessário)
sofrimento físico ou mental quando a morte poderia ser ocasionada de forma menos
dolorosa.
✓ TORTURA: o agente usa da tortura como meio para conseguir a morte da vítima, ou seja,
trata-se de morte dolosa. Vai responder por crime de homicídio qualificado.
OBS: tortura com resultado morte (art. 1º, §3º, Lei nº 9.455/97): crime essencialmente
preterdoloso. O agente tem o dolo de torturar a vítima e, por excesso, finda por causar-
lhe a morte, culposamente.
✓ TRAIÇÃO: é o ataque desleal, repentino e inesperado.
✓ EMBOSCADA: pressupõe o ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa.
✓ DISSIMULAÇÃO: fingimento, disfarçando o agente a sua intenção criminosa.
✓ OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO:
trata-se de caso clássico de interpretação analógica.
✓ Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do Tribunal do
FEMINICÍDIO
Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei nº 8.072/90).
✓A Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal com escopo de criar uma nova qualificadora
ao crime de homicídio.
HOMICÍDIO
✓Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade ou agente
FUNCIONAL
descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
76
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição.
#SELIGA houve também alteração na Lei nº 8.072/1990, tornando o homicídio funcional
espécie de crime hediondo.
✓ É possível a aplicação do perdão judicial nos casos de homicídio culposo. Trata-se de
causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP).
HOMICÍDIO #DEOLHONASÚMULA:
CULPOSO Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
✓ HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO: deveremos aplicar o art. 302, CTB.
REVISÃO PECULATO:
PECULATO
PECULATO-APROPRIAÇÃO: tem a posse do bem em virtude do cargo e passa a agir como
dono.
PRÓPRIO
PECULATO-DESVIO: tem a posse do bem em virtude do cargo e o desvia em proveito
próprio ou de terceiros.
PECULATO-FURTO: não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades do cargo para
IMPRÓPRIO
subtrair ou concorrer para subtração.
O agente não observa seu dever de cuidado, concorrendo para que outrem subtraia,
desvie ou se aproprie do bem. É infração de menor potencial ofensivo, admitindo
CULPOSO transação penal e suspensão condicional do processo.
Se o agente reparar o dano até a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se após
isso, reduz a pena pela metade.
Apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por
ESTELIONATO
erro de outrem.
O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui
ELETRÔNICO
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da
77
Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano.
7 #PEDRADETOQUE: para saber se o funcionário público será beneficiado pela extinção da punibilidade ou pela aplicação da
minorante, o marco crucial será visualizar a recorribilidade da sentença condenatória. Isso porque se irrecorrível somente poderemos
falar em causa de diminuição da pena.
78
FASE DO DELITO DE LAVAGEM
FASE DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Aplicação no mercado formal,
mediante depósito em banco, troca
Separação física do dinheiro dos por moeda estrangeira, remessa ao
autores do crime. exterior através de mulas,
1ª COLOCAÇÃO (PLACEMENT)
É antecedida pela captação e transferência eletrônica ou física
concentração do dinheiro. para paraísos fiscais, importação
subfaturada; aquisição de imóveis;
obras de arte; joias; etc.
Nessa fase, multiplicam-se as
transações anteriores, através de
muitas empresas e contas, de modo
2ª OCULTAÇÃO
que se perca a trilha do dinheiro Várias transferências por cabo (wire
OU
(paper trail), constituindo-se na transfer) ou sucessivos
DISSIMULAÇÃO
lavagem propriamente dita, que empréstimos.
(LAYERING)
tem por objetivo fazer com que não
se possa identificar a origem ilícita
dos valores ou bens.
O dinheiro é empregado em Compra de uma empresa já
negócios lícitos, ilícitos ou compra existente e em funcionamento,
de bens, dificultando ainda mais a aquisição de um empreendimento
3ª INTEGRAÇÃO (INTEGRATION
investigação, já que o criminoso imobiliário, simulação de obtenção
OU RECYCLING)
assume ares de respeitável em pagamento por serviços de
investidor, atuando conforme as difícil mensuração, como
regras do sistema. consultoria, por exemplo.
DIREITO CIVIL8
Direitos da personalidade são àqueles ligados aos nossos atributos fundamentais, a ex. a honra, a
imagem, a intimidade e a integridade física. Antes de tudo, os direitos da personalidade são direitos
fundamentais (todo direito da personalidade é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental é
um direito da personalidade).
À luz da constitucionalização do Direito Civil três são os princípios magnos afetos aos direitos da
personalidade, quais sejam:
a) os da dignidade humana;
b) da solidariedade social e;
c) da igualdade (art. 1º, III; 3º, I; 5º, caput, todos da CF/88).
8
Por Carolina Byrro.
79
Absolutos
Ilimitados
Extrapatrimoniais
Intransmissíveis/Vitalícios
Impenhoráveis
Imprescritíveis (Mas não o direito a reparação de dano)
Indisponíveis/Irrenunciáveis (Nem todos os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis)
#ATENÇÃO: O que são as diretivas antecipativa de vontade? Em atenção à autonomia privada, há importante
debate, no cenário nacional, derredor da legalidade da chamada diretriz antecipativa de vontade, também
denominada declaração antecipada de vontade. Diretriz antecipativa de vontade consiste em um gênero, tendo
como principais espécies o testamento vital e o mandado duradouro. Por testamento vital compreendem-se as
instruções prévias de uma pessoa, consciente, sobre os tratamentos que deseja, ou não, receber, quando da
terminalidade da vida. Ensina Joaquim Clotet que visa afastar prolongamentos vitais dolorosos e fúteis, os quais
não promoverão a cura, mas apenas trarão a perpetuação da dor.
Dialoga o testamento vital com a ortotanásia, sendo um negócio jurídico unilateral, extra patrimonial, informal,
inter vivos e atípico. Tem batismo digno de crítica, pois remete à figura do testamento, ato sucessório diverso e
mortis causa. Já o mandado duradouro - também chamado de poder duradouro do representante para cuidados
com a saúde - diz respeito à nomeação de alguém para que tome decisões pelo paciente, quando este esteja
em situação incapacitante, seja ela transitória ou definitiva. Veja-se que diversamente do testamento vital, o
objeto do mandado duradouro não condiz apenas com a terminalidade da vida, conforme vaticina Joaquim
Clotet. Outrossim, no mandado duradouro se elege um substituto para declaração de vontade, quem agirá no
melhor interesse do paciente; enquanto no testamento vital é o próprio paciente quem declarará a sua vontade.
#NOVIDADE:
Art. 113, do Código Civil. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)
80
natural ou
Ato jurídico em sentido estrito (não
humano apto a Atos Jurídicos lato sensu - negocial) - com consequências impostas
criar, modificar ou Ações humanas (se destaca Lícito pela lei e não escolhidas pelas partes.
extinguir relações precipuamente a ação da
jurídicas. pessoa, ou seja, sua Negócio Jurídico - regulamentação pela
manifestação de vontade em autonomia privada.
praticar o ato) Atuação humana com efeitos
Ilícito
repudiados pelo ordenamento.
#PEGAOGANCHO:
Boa-fé objetiva Boa-fé subjetiva
Significa manter uma conduta de acordo com padrões Não é um princípio, mas sim um estado psicológico.
sociais de lisura, honestidade e correção. Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar
Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança da se a pessoa pensava, sinceramente, que agia ou
outra parte. não de acordo com o direito (é examinado se a
Deve ser examinada externamente, ou seja, não pessoa tinha boas ou más intenções).
importa qual era o sentimento da pessoa, mas sim Deve ser examinada internamente, ou seja, de
a sua conduta. acordo com o sentimento da pessoa.
#SELIGA:
#IMPORTANTE:
Doação de imóvel aos filhos do casal não é fraude contra credores se a família continua morando nele.
A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo ao
credor (eventus damni) e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor
(scientia fraudis). O eventus damni trata-se de pressuposto objetivo e estará configurado quando o ato de
disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de insolvência do devedor ou tenha levado-o a este
estado. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem impenhorável, especialmente de bem de
família, exige uma ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de um lado, a proteção legal
conferida ao bem de família, fundada no direito à moradia e no mínimo existencial do devedor e/ou sua família
e, de outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para discernir se há ou não fraude contra
credores ou à execução é verificar a ocorrência de alteração na destinação primitiva do imóvel - qual seja, a
morada da família - ou de desvio do proveito econômico da alienação (se existente) em prejuízo do credor. Na
hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel desde o ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado,
no ano de 2011, pelo casal aos filhos menores, a situação fática em nada se alterou, já que o bem continuou
servindo como residência da entidade familiar. Ou seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e
teve sua destinação (moradia) inalterada. Essas peculiaridades demonstram a ausência de eventus damni e,
portanto, de disposição fraudulenta. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída pela Lei
8.009/1990, quando reconhecida sobre metade de imóvel relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do
81
bem. Assim, não sendo a esposa devedora, a doação de sua quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida
por fraudulenta. E, haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão, o imóvel está protegido
pela garantia da impenhorabilidade do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.926.646/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/02/2022.
CC, Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a
que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes
legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor
(...)
Decadência
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição.
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
#SELIGA
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva
extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título
executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. REsp 1.786.266-DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022.
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito
82
Relacionada aos direitos subjetivos (cunho Relacionada aos direitos potestativos (aqueles que
prestacional. Aqueles que se opõem a um dever se opõem a um estado de sujeição)
jurídico).
Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou
através de contrato (decadência convencional).
Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso ou Prazo de decadência não pode ser impedido,
interrompido. suspenso ou interrompido (em regra –art. 207 do
CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se
aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição”).
Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, §
2º, do CDC
#NOVIDADE LEGISLATIVA:
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as
causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas neste Código e observado o
disposto no art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)
#OLHAOCC:
CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO
PRESCRIÇÃO
Art. 197. Não corre a prescrição: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
conjugal; I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
II - entre ascendentes e descendentes, durante o ordenar a citação, se o interessado a promover no
poder familiar; prazo e na forma da lei processual;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou II - por protesto, nas condições do inciso
curadores, durante a tutela ou curatela. antecedente;
III - por protesto cambial;
Art. 198. Também não corre a prescrição: IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o ; de inventário ou em concurso de credores;
II - contra os ausentes do País em serviço público da V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
União, dos Estados ou dos Municípios; o devedor;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que
Armadas, em tempo de guerra. extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: Parágrafo único. A prescrição interrompida
I - pendendo condição suspensiva; recomeça a correr da data do ato que a
II - não estando vencido o prazo; interrompeu, ou do último ato do processo para a
III - pendendo ação de evicção. interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva qualquer interessado.
ser apurado no juízo criminal, não correrá a Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. não aproveita aos outros; semelhantemente, a
interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
credores solidários, só aproveitam os outros se a § 1 o A interrupção por um dos credores solidários
obrigação for indivisível. aproveita aos outros; assim como a interrupção
efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.
83
§ 2 o A interrupção operada contra um dos
herdeiros do devedor solidário não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, senão quando se
trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal
devedor prejudica o fiador.
#OLHAALEI:
CC, Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
ESPÉCIES DE DANO
MATERIAL OU REAL
Atinge o patrimônio de bens ou direitos reais ou pessoais.
Dano emergente: Prejuízo imediato; perda concreta e atual que acarreta efetiva diminuição do patrimônio.
Lucros cessantes :Frustração de um ganho certo.
MORAL OU IDEAL
Lesão a direitos da personalidade. Fixado pelo sistema da dupla avaliação: leva em consideração a extensão
do prejuízo moral causado à vítima e também o caráter pedagógico da quantia fixada, a fim de que, a
depender da capacidade financeira do ofensor, não seja tão penosa a ponto de conduzir-lhe à penúria, nem
tão ínfima que não o desestimule a futuras práticas semelhantes, evitando-se enriquecimento sem causa.
Dano moral coletivo: “é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito
transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma a
envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o dano é, na
verdade, apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial de uma pessoa.” (Min. Mauro Campbell
Marques).
#NÃOCONFUNDA
Quando se fala em dano moral coletivo a análise não envolve aqueles atributos tradicionais da pessoa
humana (dor, sofrimento ou abalo psíquico). O dano moral coletivo tutela, portanto, uma espécie autônoma
e específica de bem jurídico extrapatrimonial, não coincidente com aquela amparada pelos danos morais
individuais
ESTÉTICO
STJ reconheceu como categoria autônoma (ao lado dos danos material e moral), que se caracteriza como
dano indenizável em virtude da deformidade em si, independentemente dos demais gravames a outros
direitos da personalidade. S. 387 do STJ.
SOCIAL
São lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral –
principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida.
EXISTENCIAL
84
Lesão que atinge as perspectivas pessoais da vida humana, de forma a desconfigurar o modus vivendi, ou, em
última análise, o seu projeto de vida.
Faz com que a pessoa deixe de realizar atividades que faziam parte do seu cotidiano ou passe a ter que
conviver com uma perspectiva alterada e não querida ou, muitas vezes, insuportável.
#ATENÇÃO: 9 Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que deixou de
apresentar seus livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação inoficiosa por
um de seus sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio dos livros e as
chances de vitória na demanda judicial.
OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil por
perda de uma chance, no caso concreto, foram bem sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade e a
probabilidade de sucesso de futura ação declaratória de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a viabilidade e a
probabilidade de sucesso de futura ação de sonegados; (iii) a existência de nexo de causalidade entre o
extravio de dois livros e as chances de vitória nas demandas judiciais.".
REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022. (Info 754 - STJ)
POSSE #APOSTACICLOS
POSSE – CLASSIFICAÇÃO
QUANTO AO a) posse direta: contato corpóreo.
DESDOBRAMENTO b) posse indireta: contato incorpóreo.
OU RELAÇÃO
PESSOA-COISA
9
https://www.concursos360.com/br/juris/?q=GxfoDQHKeJ7Wvpn5iYOW
85
a) posse justa: “limpa”, sem vícios objetivos.
QUANTO AOS VÍCIOS b) posse injusta:
OBJETIVOS • Violenta (física/psíquica).
• Clandestina (ocultamento).
• Precária (abuso de confiança).
a) posse de boa fé: ignora obstáculo para aquisição da propriedade ou tem um
QUANTO AOS VÍCIOS justo título.
SUBJETIVOS b) posse de má fé: não ignora obstáculo para aquisição do domínio e não tem justo
título.
a) posse com título (ius possidendi) – há causa representativa. Posse causal ou
QUANTO AO TÍTULO posse civil.
b) posse sem título (ius possessionis, quod possideo) – não há causa
representativa. Posse natural ou posse ato-fato.
QUANTO AO TEMPO a) posse nova.
b) posse velha – tem pelo menos 1 ano e 1 dia.
#USUCAPIÃO:
87
encontrou de homenagear “o papel protagonizado pelos quilombolas na
resistência ao injusto regime escravista” (Min. Rosa Weber).
- Parentesco na linha reta: é aquele existente entre ascendentes e descendentes (art. 1.591).
- Parentesco na linha colateral ou transversal: existente entre pessoas provenientes do mesmo tronco que
não são ascendentes e descendentes (art. 1.592). Está limitado ao quarto grau.
- Parentesco por afinidade: entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou
companheiro. O CC/2002 admite parentesco por afinidade em união estável. Na linha reta o parentesco
por afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou união estável.
- Parentesco civil: é aquele que possui “outra origem”, conforme art. 1.593 do CC.
Art. 1.593, do CC. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.
PARENTESCO CIVIL:
ADOÇÃO
SOCIOAFETIVIDADE
REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA
#ATENÇÃO #2022
(...)
10
Por Carolina Byrro.
88
De acordo com o CPC:
Os centros judiciários de solução consensual de conflitos são responsáveis pela realização de sessões
e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e
estimular a autocomposição (art. 165).
#SELIGA:
Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à
autocomposição.
A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz
respeito à definição das regras procedimentais.
As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e
de mediação, que poderá ou não estar cadastrado no tribunal.
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.
§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros
julgadores que porventura componham o órgão colegiado.
§ 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do
julgamento.
§ 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido
em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento
ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.
A TÉCNICA DO ART. 942 DO CPC É APLICADA EM CASO DE ACÓRDÃOS NÃO UNÂNIMES (POR MAIORIA)
PROFERIDOS EM:
APELAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO RESCISÓRIA
89
Não importa se o Tribunal Somente se o Tribunal reformou Se o resultado do acórdão for a
manteve ou reformou a sentença. decisão que julgou parcialmente o rescisão da sentença.
Basta que o acórdão tenha sido mérito.
por maioria.
#DEOLHONAJURIS: A técnica de julgamento ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos ao
acórdão de apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente para alterar o resultado
inicial do julgamento, independentemente do desfecho não unânime dos declaratórios (se rejeitados ou se
acolhidos, com ou sem efeito modificativo). STJ. 3ª Turma. REsp 1786158-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 678). Deve ser aplicada a técnica de
julgamento ampliado nos embargos de declaração toda vez que o voto divergente possua aptidão para alterar
o resultado unânime do acórdão de apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1910317-PE, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira,
julgado em 02/03/2021 (Info 687).
RECURSOS #APOSTACICLOS
→ RECURSOS EM ESPÉCIE
Remédio voluntário idôneo apto a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, invalidação, esclarecimento
ou integração da decisão judicial.
PRINCÍPIOS:
a. TAXATIVIDADE
b. SINGULARIDADE ou unirrecorribilidade
c. FUNGIBILIDADE
d. VEDAÇÃO DA REFORMA PARA PIOR
EFEITOS DOS RECURSOS
O efeito obstativo está ligado à preclusão temporal e sua relação com a interposição do
EFEITO recurso. A doutrina majoritária entende que a interposição de qualquer recurso impede
OBSTATIVO a geração da preclusão temporal, bem como do trânsito em julgado, que somente vai
ocorrer após o julgamento do recurso.
Trata-se da transferência ao órgão “ad quem” do conhecimento de matérias que já
tenham sido objeto de decisão no juízo “a quo”.
A doutrina entende que todo recurso gera efeito devolutivo. Isso porque a incidência do
EFEITO efeito devolutivo independe de a competência para analisar o recurso ser de órgão
DEVOLUTIVO distinto do recorrido. O essencial aqui é que seja permitida uma nova análise da matéria
anteriormente decidida, pouco importando qual órgão jurisdicional fará tal exame. Na
realidade, o que vai variar em relação ao efeito devolutivo de cada recurso é somente
sua extensão e profundidade.
90
O efeito devolutivo possui duas dimensões:
Nem todo recurso tem efeito suspensivo previsto em lei, mas em todos é possível a sua
EFEITO obtenção no caso concreto, desde que preenchidos determinados requisitos.
SUSPENSIVO
O efeito suspensivo previsto em lei, que de nada depende para ser gerado, é chamado
de efeito suspensivo próprio, enquanto o efeito suspensivo obtido no caso concreto, a
depender do preenchimento de determinados requisitos, é chamado de efeito
suspensivo impróprio.
Por efeito translativo, deve-se entender a possibilidade de o tribunal conhecer
determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso. Normalmente é associado
às matérias de ordem pública, mas também se aplica às matérias que, apesar de não
serem propriamente de ordem pública, a própria lei determina que podem ser
conhecidas de ofício (Ex.: prescrição).
91
mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento, não ocorrendo
a substituição em caso de não conhecimento do recurso.
No caso de recurso julgado em seu mérito, é preciso analisar o conteúdo da decisão para
saber se há ou não o efeito substitutivo. Sendo a causa de pedir do recurso fundada em
“error in judicando” e o pedido de reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de
mérito do recurso haverá a substituição da decisão recorrida. Já nos casos de causa de
pedir composta por “error in procedendo” e sendo o pedido de anulação da decisão,
somente haverá efeito substitutivo no caso de “não provimento” do recurso, porque o
provimento do recurso, ao anular a decisão impugnada, não a substitui, uma vez que
uma nova decisão deverá ser proferida em seu lugar.
Parte da doutrina entende que não se trata de um efeito autônomo, sendo um simples
reflexo do princípio devolutivo.
Cuida-se de efeito que permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento
do juízo prolator da decisão.
EFEITO
REGRESSIVO
Trata-se de efeito previsto em todas as espécies de agravo previstas no CPC.
No caso de apelação, o CPC previu três hipóteses desse efeito: no art. 331, caput, na
sentença de indeferimento da petição inicial, no art. 332, §3º, na sentença de
improcedência liminar e no art. 485, §7º.
Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra
outra decisão ou a mesma decisão.
No primeiro caso, pode-se dar como exemplo a necessidade de a apelação ser conhecida
EFEITO para que a impugnação da decisão interlocutória não recorrível por agravo de
DIFERIDO instrumento seja julgada em seu mérito. No segundo caso, ocorre, por exemplo, no caso
do uso de recurso especial e do extraordinário contra o mesmo acórdão, sempre que a
análise do segundo dependa do conhecimento e julgamento do primeiro. Também o
recurso adesivo somente será julgado se o recurso principal for conhecido e julgado em
seu mérito.
NOMENCLATURAS IMPORTANTES:
É o enunciado normativo (texto) da ratio decidendi (norma geral) de uma
SÚMULA jurisprudência dominante, que é a reiteração de um precedente.
92
Os precedentes não são equivalentes às decisões judiciais. São as razões
generalizáveis, que podem ser identificados a partir das decisões judiciais.
Têm como matéria-prima a decisão. O precedente trabalha essencialmente
sobre fatos jurídicos relevantes que compõem o caso examinado pela
jurisdição. São sempre obrigatórios e vinculantes e emanam apenas das
PRECEDENTES Cortes Supremas. Os precedentes não são apenas formais e quantitativos, são
também materiais e qualitativos. Os artigos 926 e seguintes, do NCPC
fornecem apenas pistas – algumas delas falsas – a respeito de como os
precedentes devem ser tratados dentro da ordem jurídica. Por exemplo, acaso
um julgamento de recursos repetitivos não contenha razões determinantes e
suficientes claramente identificáveis, não formará precedente, nada obstante
oriundo da forma indicada pelo novo Código.
APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC: Prevalece que o CPC/15 possui aplicação subsidiária e supletiva nas ações
do microssistema de tutela coletiva. Ex.: prazo de apelação (que não é tratada pelas leis do microssistema).
A Ação Civil Pública tem por objeto a tutela preventiva (antes do dano) ou ressarcitória (após o dano) dos bens
e direitos metaindividuais (interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos) previstos nos arts. 1º, 3º e
11, da LACP.
#IMPORTANTE É perfeitamente admissível o manejo de ACP para o fim de responsabilizar alguém por danos
morais causados a quaisquer valores transindividuais de que cuida a lei.
LEGITIMIDADE (#ATENÇÃO) – O art. 5º, LACP: traz hipótese de legitimidade AUTÔNOMA (não depende de
autorização do titular do direito), CONCORRENTE (mais de um legitimado) e DISJUNTIVA (um legitimado não
depende de autorização do outro).
I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de
2007).
V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004, de 2014)
#DEOLHONASÚMULA #IMPORTANTE
Súmula 643 do STF- O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
Súmula 329 do STJ- O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
patrimônio público.
Súmula. 601 do STJ - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviços públicos.
#IMPORTANTE Da mesma forma que o MP e a DP, os entes federativos não estão condicionados ao requisito
da pertinência temática, de modo que eles não estão jungidos à defesa, na ação civil pública, de um determinado
tema, sendo legitimados à defesa dos mais diversos direitos passíveis de tutela via ação civil pública. A
desnecessidade de pertinência temática não equivale a uma atuação ampla e irrestrita, pois há necessidade de
se demonstrar, no caso concreto, se existe conexão entre as competências, os serviços, as atividades ou o
patrimônio do ente, e a causa de pedir e o pedido por ele formulados na ação.
-Quanto às associações, exige-se a pertinência temática e que esteja constituída há mais de 1 ano (em alguns
casos, o magistrado pode dispensar esse requisito da pré-constituição – art. 5º, §4º).
- A Administração Pública direta ou indireta pode propor ACP, mesmo as sociedades de economia mista e as
empresas públicas.
94
#FOCANATOGA NÃO HÁ prerrogativa de foro em ACP (competência da 1ª instância). EXCEÇÃO: art. 102, I, “f”
e “n”, CF.
A primeira onda renovatória guarda referência com a assistência jurídica aos pobres,
1ª ONDA
revelando a necessidade de órgãos encarregados de prestar assistência aos menos
RENOVATÓRIA
afortunados, patrocinando os direitos desta parcela humilde da população.
Relaciona-se com a superação dos problemas inerentes à representação e defesa dos
direitos “difusos” em juízo, especialmente nas áreas da proteção ambiental e do
2ª ONDA
consumidor. Há o estabelecimento de legitimados para a tutela dos direitos
RENOVATÓRIA
transindividuais, com o objetivo de garantir o direito de acesso e propiciar a
repressão de condutas lesivas aos mencionados direitos.
Expõe o problema dos procedimentos judiciais, seus custos e seu tempo de duração,
sendo formuladas propostas alternativas, como a prevalência da oralidade e a
concentração dos ritos processuais; a redução dos custos do processo, seja pela
3ª ONDA
supressão das custas processuais e da taxa judiciária ou pela instituição de órgãos
RENOVATÓRIA
jurisdicionais autônomos que possam solucionar questões de pequenas causas de
modo gratuito; a adoção de métodos alternativos de solução de conflitos como a
arbitragem, a conciliação e a mediação.
RESOLUÇÃO 6 DE 19 DE ABRIL DE 2022 – Institui o Código de Ética e Conduta do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios - TJDFT.
11
Por Thais Sponchiado Cavallieri
95
desnecessárias ou exorbitantes, da discriminação, da humilhação, do
constrangimento, do isolamento, da exclusão social, da difamação ou do abalo
psicológico;
é o processo contínuo e sistemático de condutas abusivas, decorrente das
relações de trabalho em sentido amplo, amparado por estratégias
ASSÉDIO MORAL organizacionais ou por métodos gerenciais que resultem no vexame, na
ORGANIZACIONAL humilhação ou no constrangimento, destinados ao engajamento intensivo de
todo um grupo às políticas e às metas da Administração, com desrespeito aos
seus direitos fundamentais
a conduta de conotação sexual praticada contra a vontade de alguém, de modo
verbal, não verbal ou físico, manifestada por palavras, gestos, contatos físicos
ASSÉDIO SEXUAL ou outros meios, para perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua
dignidade, ou criar para ela um ambiente intimidativo, hostil, degradante,
humilhante ou desestabilizador
a peça promocional, sem valor comercial e de baixo valor econômico, assim
compreendido aquele que não ultrapasse 1% (um por cento) do teto
remuneratório previsto no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição,
BRINDE
distribuída por entidades de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda
ou divulgação, por ocasião de eventos especiais, a qual pode ser recebida da
mesma entidade uma única vez por ano
bem, serviço ou vantagem de qualquer espécie e que não configure brinde,
PRESENTE recebido de quem tenha interesse em decisão do agente público ou de
colegiado do qual este participe
o comportamento em desconformidade com as instâncias legal (lei), ou
disciplinar (normas disciplinares), ou ética (regulamentação ética), ou com duas
ou três delas ao mesmo tempo, que deve ser apurado na instância judicial do
Tribunal quando constituir crime previsto em lei ou, conforme as características
e a gravidade, no âmbito interno administrativo do Tribunal, quando constituir
DESVIO DE CONDUTA
desvio de conduta ética ou infração disciplinar; são as fraudes, a corrupção, a
discriminação, os assédios moral, organizacional ou sexual, a retaliação, o
exercício de atividade que configure conflito de interesses, outros
comportamentos que contrariem a missão, os valores ou as condutas éticas
previstas neste documento, ou se enquadrem como condutas inadequadas
toda distinção, exclusão, restrição, inclusive a recusa de adaptação razoável ou
preferência fundada em raça, etnia, cor, sexo, gênero, religião, deficiência,
opinião política, ascendência nacional, origem social, idade, orientação sexual,
DISCRIMINAÇÃO identidade e expressão de gênero, ou outra que atente contra o
reconhecimento ou o exercício, em condições de igualdade, dos direitos e
liberdades fundamentais nos campos econômico, social, cultural, laboral ou em
qualquer área da vida pública
a observância, na convivência do indivíduo com os demais, de valores que
ÉTICA
devem reger a tomada de decisões e o comportamento
qualquer ação ou omissão, incluindo falsa representação, que induz ou tenta
FRAUDE induzir, consciente ou imprudentemente, outra parte a erro, para obter um
benefício financeiro ou evitar uma obrigação
o conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle praticados para
GOVERNANÇA avaliar, direcionar e monitorar a gestão, conduzir políticas públicas e prestar
serviços públicos
a capacidade da instituição de atuar com ética, honestidade, transparência,
INTEGRIDADE imparcialidade, competência, compromisso com a prestação jurisdicional de
excelência, conformidade; a primazia do interesse público sobre o privado, a
96
fim de garantir a entrega dos resultados esperados pela sociedade e a
concretização dos direitos fundamentais interna e externamente
o conjunto formado pelo Comitê de Governança e Gestão da Ética e da
SUBSISTEMA DE
Integridade - COGEI, pela Comissão de Enfrentamento dos Assédios Moral e
GOVERNANÇA E GESTÃO
Sexual - CEAMS e pela Comissão Multidisciplinar de Inclusão - CMI com o
DA ÉTICA E DA
objetivo principal de garantir a implementação da cultura de integridade no
INTEGRIDADE
TJDFT
Art. 12. Constituem instrumentos de ajuste de conduta o Termo de Acordo de Conduta Ética - TACE e as
Orientações Construtivas Formais - OCF.
Art. 13. O TACE constitui documento formal e escrito assinado pelo autor de desvio de conduta ética e pelo
Presidente do colegiado em que o respectivo processo administrativo tramite - COGEI ou CEAMS -, no qual o
primeiro se compromete a adequar o comportamento aos padrões éticos previstos nas normas adotadas pelo
Tribunal.
Art. 14. Constituem requisitos mínimos para que o TACE seja proposto:
I - lesividade mínima da conduta;
II - inexistência de dolo ou de má-fé;
III - reconhecimento da inadequação da conduta pelo autor do desvio de conduta ética; e
IV - concordância do autor do desvio de conduta ética em firmar o TACE.
1º O autor do desvio de conduta ética terá o prazo de até 5 (cinco) dias, a partir da ciência da proposta de TACE,
para se manifestar sobre o interesse em firmá-lo, por intermédio do mesmo canal de comunicação oficial do
Tribunal pelo qual foi contatado.
2º Caso o autor do desvio de conduta ética manifeste interesse em firmar o TACE, o Presidente do colegiado
determinará que a unidade de apoio o lavre e providencie o que for necessário para a assinatura do documento.
3º Se o autor do desvio de conduta ética não se pronunciar no prazo fixado ou manifestar desinteresse em firmar
o TACE, o colegiado converterá a apuração preliminar em procedimento de apuração ética ou, caso este já esteja
em curso, dar-lhe-á continuidade.
Notícias:
Art. 21. Os destinatários deste Código deverão comunicar os potenciais desvios de conduta ética para apuração
do COGEI ou da CEAMS como noticiantes que tenham sido prejudicados por esses comportamentos, que os
tenham presenciado ou que deles tenham tido conhecimento.
1º As notícias serão tratadas sigilosamente desde a apresentação até o desfecho da apuração sobre o potencial
desvio de conduta ética.
2º As notícias sobre potenciais crimes contra a Administração Pública deverão ter tratamento prioritário.
Art. 22. As notícias sobre potenciais desvios de conduta ética - praticados por ou contra qualquer dos
destinatários deste Código, ou contra a Administração Pública - podem se referir a:
I - fraude;
II - corrupção;
III - discriminação;
IV - assédios moral, organizacional ou sexual;
V - retaliação;
VI - exercício de atividade por outrem que configure conflito de interesses;
VII - outros comportamentos que contrariem os valores e as condutas adequadas, ou se enquadrem como
condutas inadequadas, previstos neste Código.
97
Proteção ao noticiante:
Art. 41. O noticiante de desvios de conduta ética deverá ter seus dados pessoais protegidos, e sua identidade
apenas será conhecida em caso de relevante interesse público ou de interesse concreto para a apuração dos
fatos, ou, se caracterizada a má-fé, para a adoção das medidas cabíveis.
1º A revelação da identidade do noticiante de boa-fé somente será efetivada mediante consulta prévia a este e
manifestação formal de que concorda com a retirada da proteção de seus dados pessoais.
2º O noticiante que, de má-fé, apresentar notícia falsa com o intuito de prejudicar, ofender ou causar danos a
outrem responderá por seus atos no âmbito administrativo, aqui compreendidas a esfera disciplinar e a ética,
além de poder vir a ser responsabilizado civil e penalmente.
3º O prejudicado pela notícia falsa será orientado a encaminhar notícia-crime sobre a eventual ocorrência de
denunciação caluniosa à autoridade policial ou ao Ministério Público.
Rede de Acolhimento:
Art. 38. A Rede de Acolhimento é responsável por prestar o suporte humanizado ao noticiante de assédios
moral, organizacional ou sexual, ou de discriminação, que faça parte do público interno do Tribunal por meio da
escuta, da orientação e do acompanhamento a ele oferecidos.
Parágrafo único. O suporte da Rede poderá ser realizado antes da remessa da notícia à CEAMS, durante a
apuração desta ou mesmo após o seu encerramento, quando for necessário.
Art. 39. A Rede de Acolhimento somente encaminhará a notícia de potencial assédio ou discriminação para ser
apurada pela CEAMS se autorizada pelo noticiante.
Recursos:
Art. 44. Os recursos contra as decisões da CEAMS serão dirigidos ao COGEI, e os interpostos contra as decisões
do Comitê, ao próprio Comitê.
1º O prazo para interpor o recurso é de 30 (trinta) dias corridos, contados da ciência da decisão.
2º O recurso contra decisão da CEAMS será distribuído no COGEI para relator diverso do membro que funcionou
com relator naquela.
3º O recurso contra decisão do COGEI será distribuído a relator diverso do original.
Disposições finais:
Art. 45. Os desvios de conduta ética que constituam violação aos deveres previstos na Constituição Federal, na
Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e na Lei 8.429, de 2 de junho de 1992, deverão ser encaminhados para
apuração pelas devidas instâncias.
98
O que se leva em conta é o saldo líquido (quantidade global) de bem-
estar de todos os indivíduos afetados pela ação, independentemente da
distribuição deste saldo (ou seja, qualquer que seja a repartição desta
quantidade). Sendo assim, é considerado válido atingir o bem-estar de
PRINCÍPIO DA AGREGAÇÃO
uma minoria, a fim de aumentar o bem-estar geral. Esta possibilidade de
sacrifício se baseia na ideia de compensação: a desgraça de uns é
compensada pelo bem-estar da maioria. Se o saldo de compensação for
positivo, a ação é julgada moralmente boa.
Esta escola teórica teve entre seus principais idealizadores Roscoe Pound, Benjamin Cardozo e Oliver Wendell
Holmes – sendo os dois últimos juízes da Suprema Corte em atividade naquele momento.
Essa corrente introduz um conceito de direito puramente instrumental, baseado em três as características
fundamentais:
Pode-se então afirmar que os juízes operam com um método comparativo-consequencialista. Vale dizer, eles
avaliam comparativamente diversas hipóteses de resolução de um caso concreto tendo em vista as suas
consequências. De todas as possibilidades de decisão, projetará de forma hipotética as consequências, e, do
confronto destas, escolherá a que lhe parecer melhor.
A melhor decisão, para o pragmatista, é aquela que melhor corresponder às necessidades humanas e sociais,
tendo em vista as possibilidades fáticas (realidade social). Contudo, essa realidade social não lhe limita de todo,
pois é ele compelido a nela intervir, criando, com suas decisões, verdadeiras políticas públicas.
Por isso, ele não se encontra fechado dentro do sistema jurídico. Além das tradicionais fontes do direito os
juízes devem se valer também, por exemplo, de considerações de ordem econômico e política.
Em razão disso, o pragmatismo jurídico muitas vezes apresenta-se como uma teoria do ativismo judicial, uma
vez que em seu âmbito o que confere validade para as normas passa a ser a aplicação que o juiz delas faz.
99
EFICIÊNCIA PROCESSUAL – VALOR ESPERADO E DEMANDAS FRÍVOLAS
Os arranjos possíveis na dinâmica do andamento processual são reflexos de muitas variáveis, especialmente
que afetam as preferências das partes litigantes: iniciar ou não uma disputa judicial; realizar ou não um acordo
antes do julgamento; revelar ou não determinada informação; recorrer ou não da decisão proferida, etc.12
No trilhar do posicionamento da Análise Econômica do Direito, a utilização do processo judicial deve primar
pela satisfação de metas de ordem econômica: diminuir os custos envolvidos na deflagração de um processo
e minimizar a quantidade de erros nas decisões judiciais.
Posner denomina os custos principais envolvidos no ajuizamento de uma ação como custos sociais do processo
judicial, os quais são subdivididos em custos diretos e custos de erros.
Os custos diretos, também denominados custos administrativos ou imediatos, referem-se ao montante
pecuniário a ser dispendido com o ajuizamento do processo judicial, o qual envolve, exemplificadamente, a
quantia referente à contratação do advogado, às custas judiciárias e despesas para a produção de provas. Em
suma, é dispêndio para a utilização do instrumental processual disponível.
Diante desse contexto, temos que as demandas frívolas são aquelas cuja motivação está vinculada a
fundamentos jurídicos de baixa probabilidade de aceitação como fator autorizador do resultado que se
pretende alcançar com o processo judicial.
Para evitar que se apresentem demandas de baixa probabilidade de êxito, o pagamento dos custos do processo
tende a ser um robusto óbice ao ajuizamento, assim como a interposição de recursos e outros instrumentos
intermediários protelatórios. Ainda, como desestímulo a práticas protelatórias, têm-se as sanções processuais,
como a multa por litigância de má-fé (art. 14, CPC).
As partes conflituosas, assim, devem analisar o seu contexto e, diante das variadas probabilidades de escolha
de solução da celeuma, devem decidir pela que atingirá o objetivo de minimizar os custos diretos e o custo das
decisões judiciais equivocadas. É o que se denomina de racionalidade individual, que indica que o indivíduo
somente escolherá determinada alternativa se verificar que será beneficiado do modo esperado ou, ainda, a
mais do que suas expectativas, se comparada à utilidade que perceberá se optar por outra escolha.
Aqui, então, surgem outros fatores vinculados aos custos sociais do processo e que são relevantes à Análise
Econômica do Processo: a perspectiva de benefício (que é a probabilidade de se alcançar o valor envolvido em
uma lide) e a chance de sucesso. Tais fatores oferecem o que se denomina valor esperado da demanda (VED),
calculado a partir do produto entre o valor envolvido (B) e a chance de êxito (V), reduzidos os custos sociais do
processo (CS).
12
Grazielly Alessandra Baggenstoss. BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ANÁLISE ECONÔMICA DO PROCESSO JUDICIAL.
Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=363b688b0469919e
100
Tribunal de Justiça
Conselho Especial
Conselho da Magistratura
Auditoria e o Conselho de
Justiça Militar
O Tribunal de Justiça, com sede na Capital Federal, compõe-se de 48 (QUARENTA E OITO) DESEMBARGADORES
e exerce sua jurisdição no Distrito Federal e nos Territórios.
TJDFT 48 Desembargadores
Art. 5º (...)
§ 1º Vagando os cargos de Presidente, Primeiro e Segundo Vice-Presidentes ou Corregedor, realizar-se-á nova
eleição para completar o mandato, salvo se faltarem menos de 6 (seis) meses para o seu término, caso em que
a substituição do Presidente será feita pelo Primeiro e Segundo Vice-Presidentes, sucessivamente, e a destes
ou do corregedor pelo desembargador mais antigo, observado o disposto no parágrafo único do art. 102 da Lei
Complementar no 35, de 14 de março de 1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
§ 2º A eleição do Segundo Vice-Presidente proceder-se-á somente quando da composição total do número de
desembargadores definido no art. 4o desta Lei.
Não poderão ter assento na mesma Turma ou Câmara do Tribunal de Justiça desembargadores cônjuges ou
parentes em linha reta ou colateral, inclusive por afinidade, até o 3º (terceiro) grau (art. 7º).
101
a) nos crimes comuns e de responsabilidade, os Governadores dos Territórios, o Vice-Governador do Distrito
Federal e os Secretários dos Governos do Distrito Federal e dos Territórios, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
b) nos crimes comuns, os Deputados Distritais, e nestes e nos de responsabilidade, os Juízes de Direito do
Distrito Federal e dos Territórios, os Juízes de Direito Substitutos do Distrito Federal e dos Territórios, ressalvada
a competência da Justiça Eleitoral;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra atos do Presidente do Tribunal e de qualquer de seus
órgãos e membros, do Procurador-Geral da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, dos Juízes do Distrito
Federal e dos Territórios, do Governador do Distrito Federal, dos Governadores dos Territórios, do Presidente
do Tribunal de Contas do Distrito Federal e de qualquer de seus membros, do Procurador-Geral do Distrito
Federal e dos Secretários de Governo do Distrito Federal e dos Territórios;
d) os habeas corpus, quando o constrangimento apontado provier de ato de qualquer das autoridades indicadas
na alínea c deste inciso, exceto o Governador do Distrito Federal;
(...)
n) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face de sua Lei Orgânica;
o) a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face de sua Lei
Orgânica;
(...)
II – julgar as argüições de suspeição e impedimento opostas aos magistrados e ao Procurador-Geral de Justiça;
III – julgar os recursos e remessas de ofício relativos a decisões proferidas pelos Juízes de Direito do Distrito
Federal e dos Territórios;
(...)
VII – aplicar as sanções disciplinares aos magistrados; decidir, para efeito de aposentadoria, sobre sua
incapacidade física ou mental, bem como quanto à disponibilidade e à remoção compulsória de Juiz de Direito;
(...)
X – elaborar lista tríplice para o preenchimento das vagas correspondentes ao quinto reservado aos advogados
e membros do Ministério Público, bem como para a escolha dos advogados que devem integrar o Tribunal
Regional Eleitoral do Distrito Federal, observado o disposto no inciso III do art. 120 da Constituição Federal;
XI – eleger os desembargadores e juízes de direito que devam integrar o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito
Federal;
(...)
XIV – promover o pedido de Intervenção Federal no Distrito Federal ou nos Territórios, de ofício ou mediante
provocação;
(...)
XXIV – designar, sem prejuízo de suas funções, até 2 (dois) Juízes de Direito para Assistentes da Presidência do
Tribunal e até 4 (quatro) Juízes de Direito para Assistentes do Corregedor de Justiça, a eles podendo ser
delegadas funções correicionais em cartórios judiciais e Serviços Notariais e de Registro.
102
Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
Procurador-Geral de Justiça.
Art. 8º
(...)
§ 4º Aplicam-se ao processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios as seguintes disposições:
I – o Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade;
II – declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma da Lei Orgânica do
Distrito Federal, a decisão será comunicada ao Poder competente para adoção das providências necessárias e,
tratando-se de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 (trinta) dias;
III – somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou de seu órgão especial, poderá o Tribunal de
Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Distrito Federal ou suspender a vigência
em decisão de medida cautelar.
§ 5º Aplicam-se, no que couber, ao processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Distrito Federal, em face da sua Lei Orgânica, as normas sobre o processo e o julgamento da ação
direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
Art. 16. A Magistratura de Primeiro Grau do Distrito Federal compõe-se de Juízes de Direito e Juízes de Direito
Substitutos.
Art. 17. A Justiça de Primeiro Grau do Distrito Federal compreende as Circunscrições Judiciárias com o respectivo
quantitativo de Varas definido no Anexo IV desta Lei.
Art. 25-A. Compete ao juiz da Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e de Conflitos Arbitrais: (Incluído pela
Lei nº 13.850, de 2019)
I - o processamento e o julgamento das execuções de títulos extrajudiciais, inclusive quando figurar como parte
qualquer das pessoas jurídicas referidas no art. 35 desta Lei, ressalvada a competência da Vara de Execução
Fiscal do Distrito Federal; (Incluído pela Lei nº 13.850, de 2019)
II - o processamento e o julgamento dos embargos do devedor, dos embargos de terceiro, das cautelares, dos
processos incidentes e dos incidentes processuais relacionados às execuções de títulos extrajudiciais; (Incluído
pela Lei nº 13.850, de 2019)
III - o processamento e o julgamento das ações decorrentes da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de
Arbitragem), ressalvadas as questões falimentares de competência da Vara de Falências, Recuperações Judiciais,
Insolvência Civil e Litígios Empresariais do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 13.850, de 2019)
103
§ 2o Os feitos de competência da Justiça Militar serão processados e julgados de acordo com o Decreto-Lei no
1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar e, no que couber, respeitada a competência
do Tribunal de Justiça, pela Lei de Organização Judiciária Militar (Decreto-Lei no 1.003, de 21 de outubro de
1969).
7. JUÍZES DE DIREITO
Art. 45. Aos Juízes de Direito cabe, além de processar e julgar os feitos de sua competência:
I – inspecionar os serviços cartorários, informando, semestralmente, ao Corregedor o resultado das inspeções;
II – aplicar aos servidores que lhes sejam subordinados penalidades disciplinares que não excedam a 30 (trinta)
dias de suspensão;
III – indicar servidores para substituição eventual de titulares;
IV – indicar à nomeação o cargo e as funções comissionadas da respectiva Secretaria.
Art. 50. Aplicam-se aos magistrados do Distrito Federal e dos Territórios as normas da Constituição Federal, da
Lei Orgânica da Magistratura Nacional, desta Lei e, subsidiariamente, as do Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União.
Art. 51. As nomeações e promoções de Juízes de Direito e Substitutos serão feitas pelo Presidente do Tribunal,
mediante prévia indicação do Tribunal de Justiça.
O ingresso na Carreira da Magistratura dar-se-á nos cargos de Juiz de Direito Substituto do Distrito Federal ou
de Juiz de Direito dos Territórios e dependerá de concurso de provas e títulos realizado pelo Tribunal de Justiça,
com a participação do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do lugar em que se realizarem as
provas
Requisitos:
O provimento de cargo de Desembargador far-se-á por promoção de Juiz de Direito do Distrito Federal, por
antigüidade e merecimento alternadamente, reservado 1/5 (um quinto) de lugares, que será preenchido por
membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e advogados em efetivo exercício da profissão.
104
Os lugares reservados a membros do Ministério Público ou da
Ordem dos Advogados do Brasil serão preenchidos dentre aqueles
de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10
(dez) anos de efetiva atividade profissional, indicados em LISTA
SÊXTUPLA pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Art. 76. Aos servidores do Quadro do Tribunal de Justiça aplica-se o Regime Jurídico dos Servidores Públicos
Civis da União, observado, também, o ordenamento jurídico que regulamenta o Plano de Cargos e Salários dos
Servidores Públicos do Poder Judiciário Federal.
1. COMPOSIÇÃO DO TJDFT:
Art. 1º O Tribunal de Justiça, com sede na Capital Federal, compõe-se de quarenta e oito desembargadores e
exerce sua jurisdição no Distrito Federal e nos Territórios Federais. (Redação dada pela Emenda Regimental nº
1, de 2016)
13
https://www.tjdft.jus.br/publicacoes/regimentos/regimento-interno-do-tjdft
105
II - em reuniões das comissões permanentes ou temporárias.
Parágrafo único. O Tribunal possui três Câmaras especializadas - duas cíveis e uma criminal - e onze Turmas -
oito cíveis e três criminais. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 1, de 2016)
Tribunal Pleno
Conselho
Especial
Conselho da
Magistratura
Sessões do
TJDFT
Câmara de
Uniformização
Câmaras
Especializadas
Turmas
Especializadas
106
Art. 24. Cada Turma compõe-se de QUATRO desembargadores e
TURMAS ESPECIALIZADAS
reunir-se-á na presença de, no mínimo, três julgadores.
Art. 64. Os juízes de direito substitutos de segundo grau integram classe especial da magistratura de primeiro
grau e exercerão atividade exclusivamente jurisdicional no auxílio aos órgãos de segundo grau e na substituição
de desembargadores.
2. JULGAMENTO ELETRÔNICO:
Art. 122. Poderão ser julgados por meio eletrônico os recursos e os processos de competência originária.
(Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
Art. 123. As partes serão intimadas do julgamento eletrônico e poderão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
apresentar memoriais ou objeção à forma de julgamento. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de
2016; Retificação em 12/09/2016)
Parágrafo único. Será excluído do julgamento eletrônico o processo em relação ao qual for manifestada
discordância por qualquer das partes.
Art. 124. O julgamento eletrônico será feito mediante aplicativo próprio e observará o seguinte procedimento:
I - o relator enviará seu voto aos demais membros do colegiado integrantes do quorum de julgamento;
II - no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis a partir do recebimento do voto do relator, os demais
desembargadores compartilharão seu voto de adesão ou de divergência; (Redação dada pela Emenda
Regimental nº 3, de 2016; Retificação em 12/09/2016)
III - caso não seja observado o prazo de que trata o inciso anterior, o relator poderá incluir o processo em pauta
para julgamento presencial;
IV - persistindo a divergência, poderá o processo ser apreciado em sessão presencial mediante inclusão em
pauta. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
§ 1º. Concluído o julgamento e lavrado o acórdão, a ementa será publicada no diário de justiça eletrônico no
prazo máximo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
§ 2º. Ato da Presidência regulamentará os procedimentos a serem adotados para implementação do julgamento
virtual. (Incluído pela Emenda Regimental nº 3, de 2016)
107
Acusado presta Instauração do
Representação ou Submete ao
informações em 5 PAD por maioria
Sindicância Conselho Especial
dias absoluta
Citação do Intimação do MP
Defesa Prévia em
Instrução acusado e defesa (manifestação em
15 dias
em 5 dias 5 dias)
Art. 411. Qualquer pessoa poderá noticiar falta disciplinar cometida por magistrado, exigindo-se representação
por escrito, com confirmação de autenticidade, a identificação e o endereço do denunciante.
§ 1º O procedimento será arquivado de plano pelo Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, ou
pelo Corregedor da Justiça, no caso de magistrados de primeiro grau, quando o fato narrado não configurar
infração disciplinar ou ilícito penal.
§ 2º Não sendo o caso de arquivamento de plano, o magistrado será intimado para prestar informações no prazo
de 5 (cinco) dias.
§ 3º Poderá ainda o Presidente do Tribunal ou o Corregedor da Justiça instaurar sindicância investigativa,
permitido ao sindicado o seu acompanhamento.
§ 4º Após as informações ou a conclusão da sindicância, se for o caso, a representação poderá ser arquivada
pelo Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, ou pelo Corregedor da Justiça, no caso de
magistrados de primeiro grau, quando não se verificar a existência de indícios de materialidade ou de autoria
de infração disciplinar.
§ 5º Das decisões unipessoais caberá RECURSO AO CONSELHO ESPECIAL, no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 412. Não sendo o caso de arquivamento, o Presidente do Tribunal, no caso de desembargadores, e o
Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, submeterá a acusação ao Conselho Especial.
§ 1º Antes da deliberação do Conselho Especial será concedido ao magistrado prazo de 15 (quinze) dias para a
DEFESA PRÉVIA, contado da data de entrega de cópia do teor da acusação e das provas existentes, que lhe será
remetida pelo Presidente do Tribunal, mediante ofício, nas 48 (quarenta e oito) horas imediatamente seguintes
à apresentação da acusação.
(...)
Art. 413. Determinada a instauração de processo disciplinar, pela MAIORIA ABSOLUTA dos membros do
Conselho Especial, o acórdão respectivo será acompanhado de portaria, assinada pelo Presidente, que conterá
a imputação dos fatos e a delimitação do teor da acusação.
108
Art. 414. Na oportunidade em que decidir pela abertura do processo disciplinar, o Conselho Especial, pela
maioria absoluta de seus membros, deliberará sobre o afastamento do magistrado, até decisão final ou por
prazo determinado, assegurado o subsídio integral.
Art. 415. O relator sorteado determinará a intimação do Ministério Público para manifestação no prazo de 5
(cinco) dias e, posteriormente, a citação do magistrado para apresentar defesa em 5 (cinco) dias,
encaminhando-lhe cópia do acórdão do Conselho Especial.
Art. 416. Observado o disposto no artigo anterior, o relator decidirá sobre a produção de provas requeridas pelo
acusado e determinará as que de ofício entender necessárias, podendo delegar poderes a juiz de direito para
produzi-las.
Art. 417. Finda a instrução, o Ministério Público e o magistrado acusado – ou o respectivo defensor – terão vista
dos autos por 10 (dez) dias, sucessivamente, para razões finais.
Art. 418. Na sessão de julgamento, depois do relatório e da sustentação oral, pelo prazo de quinze minutos para
cada parte, serão colhidos os votos e somente poderá ser IMPOSTA PUNIÇÃO ao magistrado pelo voto da
maioria absoluta dos membros do Conselho Especial.
Art. 422. O processo administrativo terá o PRAZO DE 140 (CENTO E QUARENTA) DIAS PARA SER CONCLUÍDO,
prorrogável, quando imprescindível para o término da instrução e houver motivo justificado, mediante
deliberação do Conselho Especial, por MAIORIA SIMPLES.
São penas disciplinares aplicáveis aos magistrados do Distrito Federal e dos Territórios (art. 423):
ADVERTÊNCIA;
CENSURA;
REMOÇÃO COMPULSÓRIA;
DISPONIBILIDADE;
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA;
DEMISSÃO.
As penas de advertência e de censura são aplicáveis aos magistrados de primeiro grau = não se aplicarão aos
desembargadores, não se incluindo, nesta exceção, os juízes de direito substitutos de segundo grau e os juízes
de direito convocados para o Tribunal.
O Conselho Especial poderá determinar, de forma justificada e por motivo de interesse público, a remoção
compulsória, a disponibilidade ou a aposentadoria compulsória do magistrado, nas seguintes hipóteses:
Ao juiz não vitalício será aplicada pena de demissão em caso de (art. 428):
109
I - falta que derive da violação às proibições contidas na Constituição da República e nas leis;
II - manifesta negligência no cumprimento dos deveres do cargo;
III - procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções;
IV - insuficiente capacidade de trabalho;
V - procedimento funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário.
Art. 428-A. O magistrado posto em disponibilidade em razão de processo disciplinar somente pode pleitear o
seu aproveitamento decorridos dois anos do afastamento. (NR) (Incluído pela Emenda Regimental nº 14, de
2019)
Art. 428-B. O aproveitamento de magistrado em disponibilidade pode ser proposto por qualquer
desembargador do TJDFT, independentemente da aquiescência do magistrado, desde que de modo
fundamentado. (Incluído pela Emenda Regimental nº 14, de 2019)
Art. 429. A notícia que contenha indícios de prática de infração penal por parte de magistrado de primeiro grau
será encaminhada ao Corregedor da Justiça, que decidirá acerca de instauração de inquérito. Art. 430.
Instaurado inquérito, competirá ao Corregedor da Justiça presidi-lo.
Art. 431. Distribuído o inquérito, o relator abrirá vista, por 15 (quinze) dias, ao Procurador-Geral de Justiça, que
poderá requerer diligências complementares, arquivamento, ou oferecer denúncia.
Art. 432. Verificada a existência de falta punível com pena disciplinar, o relator encaminhará cópia dos autos ao
Corregedor da Justiça para as providências cabíveis.
Art. 440. A partir da entrada em exercício, o juiz de direito substituto ficará sujeito ao estágio probatório pelo
período de DOIS ANOS, durante o qual a Comissão de Acompanhamento de Estágio Probatório avaliará,
semestralmente, as condições pessoais e a capacidade para o desempenho das funções inerentes ao cargo.
§ 1º O juiz de direito substituto que for promovido durante os dois primeiros anos de exercício do cargo
continuará submetido ao estágio probatório para vitaliciamento.
§ 2º Se o Corregedor da Justiça propuser ao Conselho Especial instauração de processo administrativo, o
procedimento previsto no caput será imediatamente iniciado. No caso de arquivamento, o acompanhamento
do estágio probatório retomará o curso normal.
14
Por Thais Sponchiado Cavallieri
110
Anterioridade Noventena
II Não Não
IE Não Não
IR Sim Não
#DEOLHONAJURIS:
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Hipótese
Fato Obrigação Crédito
de
gerador tributária tributário
incidência
A hipótese de incidência é, eventualmente, seguida pelo fato gerador. A obrigação tributária, que surge a partir
do fato gerador, materializada pelo lançamento, pode fazer surgir o crédito tributário.
Hipótese de incidência: é o momento abstrato, previsto em lei, como hábil a deflagrar a relação jurídico-
tributária.
Fato gerador: se a situação prevista na hipótese de incidência ocorre no mundo dos fatos, tem-se o fato gerador.
Assim, fato gerador é a realização material da hipótese de incidência.
Obrigação tributária: trata-se do vínculo que surge a partir da hipótese de incidência associada à ocorrência do
fato gerador.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
PRINCIPAL ACESSÓRIA
Surge com a ocorrência do fato gerador. É a imposição de deveres específicos ao contribuinte
para viabilizar o cumprimento da obrigação tributária
principal.
Tem por objeto o pagamento de tributo ou Tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,
penalidade pecuniária. É uma obrigação de dar nela previstas no interesse da arrecadação ou da
(pagar). fiscalização dos tributos. É uma obrigação de fazer ou
de não fazer.
Extingue-se juntamente com o crédito dela A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
decorrente. inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.
Tem que ser instituída por meio de lei em sentido Decorre da legislação tributária (pode ser instituída
formal. por meio de atos infralegais).
Ex: auferir renda, que gera o pagamento do imposto Ex: a entrega da declaração do imposto de renda.
de renda.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas atividades, rendas, bens ou pessoas não
poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma
limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na própria CF.
112
São espécies de imunidade tributária:
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
Recíproca (art. 150, IV, a, da CF). Dos livros, jornais, periódicos e do papel para sua
impressão (art. 150, IV, d, da CF)
Dos templos de qualquer culto (art. 150, IV, b, da CF) Dos fonogramas e videogramas musicais (art. 150,
IV, e, da CF)
Dos partidos, sindicatos, entidades educacionais e Das entidades beneficentes de assistência social às
assistenciais (art. 150, IV, c, da CF) contribuições de seguridade social (art. 195, § 7º, da
CF)
#DEOLHONAJURIS:
Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço público de abastecimento de água
potável e coleta e tratamento de esgotos sanitários faz jus à imunidade tributária recíproca sobre impostos
federais incidentes sobre patrimônio, renda e serviços. Para a extensão da imunidade tributária recíproca da
Fazenda Pública a sociedades de economia mista e empresas públicas, é necessário preencher 3 (três) requisitos:
a) a prestação de um serviço público; b) a ausência do intuito de lucro e c) a atuação em regime de exclusividade,
ou seja, sem concorrência. STF. Plenário. ACO 3410/SE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2022 (Info
1051).
A imunidade tributária estabelecida no art. 150, VI, “c”, da CF/88 abrange o IOF incidente inclusive sobre
operações financeiras praticadas pelas entidades mencionadas no dispositivo, desde que vinculadas às
finalidades essenciais dessas instituições. A imunidade assegurada pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição da
República aos partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e às
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos da lei, alcança
o IOF, inclusive o incidente sobre aplicações financeiras. STF. Plenário. RE 611510/SP, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 12/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 328) (Info 1012).
Estados-membros, mesmo gozando de imunidade tributária recíproca, devem cumprir as obrigações
tributárias acessórias. A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da Constituição) impede que os entes
públicos criem uns para os outros obrigações relacionadas à cobrança de impostos, MAS NÃO VEDA A
IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. As obrigações acessórias sejam instituídas por meio de atos
infralegais. STF. Plenário. ACO 1098, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Info 980).
Incide a imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal), no caso de contrato de
alienação fiduciária em que pessoa jurídica de direito público figure como devedora. Não incide IPVA sobre
veículo automotor adquirido, mediante alienação fiduciária, por pessoa jurídica de direito público. STF. Plenário.
RE 727851, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 685) (Info 985).
Sociedade de economia mista, cujas ações são negociadas na Bolsa, e que está voltada à remuneração do
capital de seus controladores ou acionistas, não tem direito à imunidade tributária recíproca, mesmo que
preste serviço público. Sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em Bolsas de
Valores, e que, inequivocamente, está voltada à remuneração do capital de seus controladores ou acionistas,
não está abrangida pela regra de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição, unicamente
em razão das atividades desempenhadas. STF. Plenário. RE 600867, Rel. Joaquim Barbosa, Relator p/ Acórdão
Luiz Fux, julgado em 29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 508) (Info 993 – clipping).
As empresas públicas e as sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não
distribuam lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da
imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal, independentemente de
cobrança de tarifa como contraprestação do serviço. STF. Plenário. RE 1320054 RG, Rel. Ministro Presidente,
julgado em 06/05/2021 (Repercussão Geral – Tema 1140)
A imunidade do art. 155, § 2º, X, “b”, da CF/88 restringe-se ao Estado de origem, não abrangendo o Estado de
destino da mercadoria. Segundo o artigo 155, § 2º, X, b, da CF/1988, cabe ao Estado de destino, em sua
totalidade, o ICMS sobre a operação interestadual de fornecimento de energia elétrica a consumidor final, para
emprego em processo de industrialização, não podendo o Estado de origem cobrar o referido imposto. STF.
113
Plenário. RE 748543, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 05/08/2020
(Repercussão Geral – Tema 689) (Info 990 – clipping).
#SELIGANASSÚMULAS:
Súmula Vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis
seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
Súmula Vinculante 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para
fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
Isenção Imunidade
DIREITO FINANCEIRO
Conceitos importantes:
Quando o Estado não tem recursos próprios suficientes para atender às despesas
ENDIVIDAMENTO realizadas, deve fazer um endividamento, que são chamadas de operações de
créditos: receitas de terceiros (dívida pública)
PLANEJAMENTO É o orçamento
A iniciativa sobre leis orçamentárias é privativa do Chefe do Executivo, ao contrário da iniciativa para leis sobre
direito tributário, que permitem iniciativa concorrente tanto do Legislativo quanto do Executivo.
Lei complementar disporá sobre finanças públicas (art. 163, inciso I, da CF)
São regulados por lei ordinária (art. 165 CF): PPA, LDO e LOA.
Medida provisória será o instrumento utilizado para a abertura de crédito extraordinário para atender a
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (§
3° do art. 167 da CF).
PRINCÍPIOS:
114
A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita
e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
EXCLUSIVIDADE
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei
O princípio da universalidade estabelece a necessidade de todas as receitas e
UNIVERSALIDADE
despesas estarem previstas na LOA
Necessidade de haver um único orçamento para cada ente da Federação,
UNIDADE
observada a periodicidade anual
Os orçamentos valerão para um único exercício financeiro, que, atualmente,
ANUIDADE
compreende o intervalo entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano
O orçamento não deve conter apenas as estimativas para as receitas e despesas
PROGRAMAÇÃO do próximo exercício financeiro, mas, também, a previsão de objetivos e metas
relacionados à realização das necessidades públicas
Exigência relativa às contas públicas, que deverão apresentar o mesmo
EQUILÍBRIO montante quando se trata de estimar as receitas e as despesas. Dessa forma,
ORÇAMENTÁRIO esse princípio busca a igualdade numérica entre as entradas e saídas da
administração, afastando-se a presença de déficit ou superávit
As receitas e as despesas deverão constar na lei orçamentária pelos seus totais,
ORÇAMENTO BRUTO
vedadas quaisquer deduções
A publicidade é apenas uma das formas de se promover a transparência e, com
isso, permitir a fiscalização das receitas e despesas públicas, visto que só um
TRANSPARÊNCIA
orçamento transparente possibilita o cidadão ficar a par das informações
necessárias ao exercício da fiscalização
É da natureza do imposto não ter a sua receita vinculada a algum Órgão, fundo
NÃO VINCULAÇÃO ou despesa, visto que devem ter os recursos livres para a aplicação, pelo
Executivo, do seu programa de governo, idealizado politicamente
O orçamento não pode ser genérico, estabelecer gastos sem precisão ou valer-
se de termos ambíguos. Deve ser o mais claro possível, com receitas e despesas
ESPECIFICAÇÃO
bem discriminadas, demonstrando o recurso desde a sua origem até a sua
aplicação final.
O gestor público não pode repriorizar as ações governamentais através da
PROIBIÇÃO DO ESTORNO transposição, remanejamento ou transferência de recursos sem prévia
autorização legislativa
É necessário que todo recurso carreado ao Erário, de caráter originário ou
derivado, ordinário ou extraordinário, de natureza orçamentária ou
UNIDADE DE TESOURARIA
extraorçamentária, geral ou vinculado, seja alocado em uma única conta, a fim
de facilitar a sua gerência.
Espécies de Orçamento:
115
As decisões orçamentárias são tomadas tendo em As decisões orçamentárias são tomadas com base em
vista as necessidades das unidades organizacionais. avaliações e análises técnicas das alternativas
Não se indagava o motivo da despesa. possíveis.
A estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos A estrutura do orçamento está voltada para os
CONTÁBEIS de gestão. aspectos ADMINISTRATIVOS e de PLANEJAMENTO.
O controle visa avaliar a honestidade dos agentes O controle visa avaliar a eficiência, a eficácia, a
governamentais e a legalidade no cumprimento do efetividade e a economicidade das ações
orçamento. governamentais.
LEIS ORÇAMENTÁRIAS:
Lei de Diretrizes
Lei / Conteúdo Plano Plurianual (PPA) Lei Orçamentária Anual (LOA)
Orçamentárias (LDO)
Apenas receitas e despesas
Desdobramento do orçamento- Metas e prioridades da (exclusividade) e todas as
Em linhas gerais programa Administração receitas e despesas
o
(artigo 165, § 1 , CR) (artigo 165, § 2 , CR) (universalidade). Artigo 165, § 5o,
o
CR
Realização mais direta 3 contas na LOA: orçamento
Mais Define o planejamento das do PPA, orientações fiscal, orçamento de
especificamente atividades governamentais para a elaboração da investimento e orçamento da
LOA Seguridade Social
Programação governamental Metas relativas
pelos próximos 4 anos às despesas, receitas,
Determinação das despesas de dívidas, patrimônio e Compatibilidade com a LDO e,
capital (+ as despesas delas resultado. assim, com o Anexo de Metas
decorrentes) e de durarão (Anexo de Metas Fiscais Fiscais
Providência
continuada – art. 4º, LRF) Reserva de contingência, para
Nenhum investimento que Outro anexo: Anexo de fazer frente ao Anexo de Riscos
ultrapasse 1 ano será realizado Riscos Fiscais (possíveis Fiscais
sem a previsão no PPA (artigo contingências e
167, § 1o, CR) soluções)
DIREITO CONSTITUCIONAL15
A classificação das normas quanto à sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a proposta pelo Prof. José
Afonso da Silva. A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, José Afonso da Silva classifica as normas
constitucionais em três grupos:
15
Por Carolina Byrro
117
Eficácia plena
Norma
Eficácia contida
constitucional
De princípio
institutivo
Eficácia limitada
De princípio
programático
Assim como o poder decorrente, o poder constituinte derivado reformador e revisor é limitado,
condicionado e jurídico.
ADCT, art. 3º: “A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.”
O art. 3º, ADCT, trouxe duas limitações para este poder: uma limitação temporal de 5 anos; e uma
limitação formal, relativa ao procedimento a ser adotado.
O único local em que a Constituição Federal de 1988 dispôs sobre sessão unicameral foi no art. 3º, ADCT,
em todos os demais momentos, versa-se sobre sessão bicameral, ou seja, o cômputo dos votos dos membros
do Congresso Nacional é feito separadamente (Câmara dos Deputados e Senado).
Segundo entendimento do STF, NÃO é possível a realização de nova revisão constitucional. Em 1993, foi
realizada a dita revisão constitucional, a qual resultou na elaboração de 6 Emendas Constitucionais de Revisão.
Por ocasião do julgamento da ADI 981, o STF consolidou entendimento no sentido de que, após a realização da
revisão constitucional, a norma do art. 3º do ADCT teve sua APLICABILIDADE ESGOTADA e EFICÁCIA EXAURIDA,
de forma a NÃO ser mais possível nova manifestação do poder constituinte derivado revisor. Ressalte-se ainda
que, neste mesmo julgado, o STF também assentou o entendimento de que a realização da revisão
constitucional, à época, NÃO estava vinculada ao resultado do plebiscito previsto no art. 2º do ADCT.
STF, ADI 981 MC: “Após 5 de outubro de 1993, cabia ao Congresso Nacional deliberar no sentido da
oportunidade ou necessidade de proceder à aludida revisão constitucional, a ser feita uma só vez.”
STF, ADI 1.722 MC: “Ao Poder Legislativo, Federal ou Estadual, não está aberta a via da introdução, no cenário
jurídico, do instituto da revisão constitucional”.
FEDERAÇÃO #APOSTACICLOS
Características:
Os membros possuem autonomia. No estado Federal quem tem soberania é a República Federativa (Estado
Federal), nenhum ente que compõe a Federação tem soberania, porém todos os entes possuem autonomia.
É vedado o direito de secessão (é o direito de abandonar, se separar dos demais Estados). Princípio da
indissolubilidade do pacto federativo art. 1º CF
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
As decisões dos órgãos centrais são obrigatórias para todos, numa federação quando o órgão central cria uma
lei estabelecendo normas gerais, estas normas se estiverem dentro da competência da união estas normas
gerais são obrigatórias para todos, todos os entes da federação devem respeitá-las.
Exerce atividades relacionadas a assuntos internos e externos, ou seja, numa federação temos a União
exercendo atividades no plano internacional e atividades no plano nacional.
Os cidadãos possuem a nacionalidade do Estado Federal, ou seja, numa federação só existe uma
nacionalidade. Ex: todos que vivem no Brasil só possuem uma nacionalidade, a brasileira.
A nacionalidade é do país e não dos Estados.
119
Federalismo por agregação: Surge quando estados soberanos cedem uma parcela da sua soberania para
formar um ente único. Existem vários Estados Soberanos esses estados se unem para formar um ente único que
é o estado federal, quando isso ocorre eles têm que ceder uma parcela da sua soberania para o ente principal∕
central. O poder que era soberano passa a ser autônomo. Aqui o poder é deslocado da periferia para o centro
(movimento centrípeto). Ex: Estados Unidos.
Federalismo por segregação: Surge com a descentralização política de um Estado Unitário, ou seja, neste
caso o movimento é inverso (movimento centrífugo), aqui existe um Estado unitário e nele o poder está
concentrado no centro, este poder será dividido entre os Estados Membros. Ex: Brasil.
Federalismo Dualista/Dual: Caracteriza-se por uma repartição horizontal de competências entre a União
e os Estados Membros, ou seja, nessa espécie de federalismo a CF divide de forma equilibrada as competências
entre a União e os Estados. A relação entre a União e Estados é de coordenação, eles se encontram no mesmo
plano∕ patamar. A divisão é feita de maneira rígida, não há interferência de ente com o outro. Este modelo de
Estado Dualista geralmente é dotado pelos Estados Liberais Clássicos, a principal característica destes é o
abstencionismo, ou seja, aquele estado que não intervém nas relações econômicas, sociais e laborais. Ex: EUA
até 1929.
Federalismo Cooperativo: Caracteriza-se por possuir tanto uma repartição horizontal quanto uma
repartição vertical de competências, sendo estas tuteladas pela União. Não há hierarquia entre as Leis federais
e estaduais. Ex: CF brasileira de 1988; EUA após 1929; CF Alemã.
OBS: No Brasil, há uma descentralização especial, denominada de TRÍPLICE ou de MODELO TRICOTÔMICO:
União, Estados, DF e Municípios. O Brasil reconhece a autonomia dos MUNICÍPIOS, construindo uma Federação
tripartite, um modelo diferente de federalismo – de 3º grau. O Município tem competência nas matérias de
interesse local. Alguns autores afirmam que os municípios não podem ser equiparados aos Estados, têm
autonomia, mas não é a mesma que os Estados.
120
Após a manifestação das Assembleias, o projeto seguirá para votação do CN,
demandando maioria absoluta para aprovação. O CN não está obrigado a
Aprovação pelo Congresso
aprovar o projeto de lei, nem o Presidente está obrigado a sancioná-lo. Ambos
Nacional
têm discricionariedade para avaliar a conveniência política mesmo com o
plebiscito favorável
Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Objetivos do DF:
Art. 3º São objetivos prioritários do Distrito Federal:
I - garantir e promover os direitos humanos assegurados na Constituição Federal e na Declaração Universal dos
Direitos Humanos;
II - assegurar ao cidadão o exercício dos direitos de iniciativa que lhe couberem, relativos ao controle da
legalidade e legitimidade dos atos do Poder Público e da eficácia dos serviços públicos;
III - preservar os interesses gerais e coletivos;
IV - promover o bem de todos;
V - proporcionar aos seus habitantes condições de vida compatíveis com a dignidade humana, a justiça social e
o bem comum;
VI - dar prioridade ao atendimento das demandas da sociedade nas áreas de educação, saúde, trabalho,
transporte, segurança pública, moradia, saneamento básico, lazer e assistência social;
VII - garantir a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
VIII - preservar sua identidade, adequando as exigências do desenvolvimento à preservação de sua memória,
tradição e peculiaridades;
IX - valorizar e desenvolver a cultura local, de modo a contribuir para a cultura brasileira.
X - assegurar, por parte do poder público, a proteção individualizada à vida e à integridade física e psicológica
das vítimas e testemunhas de infrações penais e de seus respectivos familiares.
XI - zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532 do Livro do Tombo Histórico,
respeitadas as definições e critérios constantes do Decreto nº 10.829, de 2 de outubro de 1987, e da Portaria nº
314, de 8 de outubro de 1992, do então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, hoje Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
122
XII – promover, proteger e defender os direitos da criança, do adolescente e do jovem.
XIII - valorizar a vida e adotar políticas públicas de saúde, de assistência e de educação preventivas do suicídio.
XIV - promover a inclusão digital, o direito de acesso à Internet, o exercício da cidadania em meios digitais e a
prestação de serviços públicos por múltiplos canais de acesso.
Art. 14. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios,
cabendo-lhe exercer, em seu território, todas as competências que não lhe sejam vedadas pela Constituição
Federal.
Seção I
Da Competência Privativa
Seção II
Da Competência Comum
Seção III
Da Competência Concorrente
Art. 17. Compete ao Distrito Federal, concorrentemente com a União, legislar sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - junta comercial;
IV - custas de serviços forenses;
124
V - produção e consumo;
VI - cerrado, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, paisagístico e turístico;
VIII - responsabilidade por danos ao meio ambiente, ao consumidor e a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, espeleológico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XI – defensoria pública e assistência jurídica nos termos da legislação em vigor;
XII – proteção e integração social das pessoas com deficiência;
XIII - proteção à infância e à juventude;
XIV - manutenção da ordem e segurança internas;
XV - procedimentos em matéria processual;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres da polícia civil.
§ 1º O Distrito Federal, no exercício de sua competência suplementar, observará as normas gerais estabelecidas
pela União.
§ 2º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, o Distrito Federal exercerá competência legislativa plena, para
atender suas peculiaridades.
§ 3º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei local, no que lhe for contrário.
DIREITO DO CONSUMIDOR16
#NOVIDADESLEGISLATIVAS #APOSTACICLOS:
16
Por Carolina Byrro.
125
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de
situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, por meio
da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na
concessão de crédito;
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por
metro ou por outra unidade, conforme o caso.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
deficiência, observado o disposto em regulamento.
#JURISSAINDODOFORNO #APOSTACICLOS
Caso adaptado: Priscila e sua mãe Regina fizeram uma viagem internacional. Priscila tentou utilizar o cartão de
crédito que foi indevidamente bloqueado por uma falha da operadora do cartão. Regina ajuizou ação contra a
operadora do cartão alegando que a sua filha é quem iria pagar todas as despesas durante a viagem. Logo, como
o cartão de crédito de Priscila não funcionou, ela (Regina) passou por constrangimentos e pela angústia de não
saber se conseguiria pagar as despesas.
O STJ afirmou que Regina – que não era a titular do cartão – não era destinatária dos serviços e, portanto, não
possuía legitimidade ativa para propor a respectiva ação indenizatória.
Vale ressaltar que, por se tratar de vício do produto, Regina não pode ser considerada consumidora por
equiparação (bystander), sendo essa figura restrita aos casos de fato do produto ou serviço.
STJ. 3ª Turma. REsp 1967728-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 730).
#NOVIDADESLEGISLATIVAS #APOSTACICLOS:
f. é nula a cláusula que limite ou condicione, de qualquer forma, o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;
g. são nulas as cláusulas que estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade nas prestações
mensais ou que impeçam o restabelecimento integral dos direitos pelo consumidor através da purgação da
mora ou de acordo com os credores;
Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito
responsável e sobre a educação financeira do consumidor. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante
fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o
pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor (teoria da
proteção simplificada do luxo). (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
126
#ATENÇÃO: a lei não protege o superendividado ativo consciente (mal intencionado, fraudulento), mas
apenas o superendividado ativo inconsciente (imprevidente e sem malícia) e o superendividado passivo (que
sofre com acidentes da vida, como o desemprego).
#VEMDETABELA #APOSTACICLOS
#DEOLHONASÚMULA #IMPORTANTE
Súmula 643 do STF- O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
Súmula 329 do STJ- O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
patrimônio público.
Súmula. 601 do STJ - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviços públicos.
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS:
Do trecho final acima delineado, extrai-se a legitimidade dos PROCONS para propor ações coletivas em favor
dos consumidores (REsp 788.006 de 2006).
Do mesmo modo, o PROCON - nos termos do artigo 5º do decreto 2.181/87 - tem competência para receber
reclamações de consumidores, instaurar processo administrativo com o fim de apurar irregularidades e aplicar
as punições previstas em lei (REsp 1.135.743 de 2010).
Embora os PROCONs tenham capacidade postulatória, não poderão figurar no polo passivo das lides, eis que
desprovidos de personalidade jurídica própria (REsp 788.006 de 2006).
#STJEMTESES
- É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
#NÃOCONFUNDIR
- É abusiva a cláusula contratual que exclua da cobertura do plano de saúde algum tipo de procedimento ou
medicamento necessário para assegurar o tratamento de doenças previstas pelo referido plano.
- É abusiva a cláusula contratual que exclua da cobertura do plano de saúde o tratamento de AIDS ou de doenças
127
infectocontagiosas.
- É abusiva a cláusula contratual que exclui da cobertura do plano de saúde o fornecimento de medicamento
para quimioterapia tão somente pelo fato de ser ministrado em ambiente domiciliar.
- É ilícita a recusa de cobertura de atendimento, sob a alegação de doença preexistente à contratação do plano,
se a operadora não submeteu o paciente a prévio exame de saúde e não comprovou a sua má-fé.
- A injusta recusa de plano de saúde à cobertura securitária enseja reparação por dano moral.
- A cirurgia para redução do estômago (gastroplastia), indicada como tratamento para obesidade mórbida, é um
procedimento essencial à sobrevida do segurado, revelando-se ilegítima a negativa do plano de saúde em cobrir
as despesas da intervenção médica.
- É ilegítima a recusa de cobertura pelo plano de saúde de cirurgias complementares de caráter reparador ou
funcional em paciente pós-cirurgia bariátrica, quando se revelarem necessárias ao pleno restabelecimento do
segurado acometido de obesidade mórbida.
- O plano de saúde pode estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado
para a cura de cada uma, sendo abusiva a cláusula contratual que exclui tratamento domiciliar (home care).
- As operadoras de plano de saúde não estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela ANVISA.
(Exceção: é de cobertura obrigatória pela operadora de plano de saúde, o medicamento que, apesar de não
registrado pela ANVISA, teve a sua importação excepcionalmente autorizada pela referida Agência Nacional).
- É abusiva a recusa da operadora de plano de saúde em arcar com a cobertura de medicamento prescrito pelo
médico para tratamento do beneficiário, ainda que se trate de fármaco off-label, ou utilizado em caráter
experimental, não previsto em rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.
- Há abusividade em cláusula contratual ou ato de operadora de plano de saúde que importe em interrupção de
tratamento de terapia ou de psicoterápico por esgotamento do número de sessões anuais asseguradas no rol
de procedimentos e eventos em saúde da ANS, visto que se revela incompatível com a equidade e com a boa-
fé, colocando o usuário em desvantagem exagerada.
- É válida a cláusula que autoriza o reajuste de plano de saúde com base no aumento da sinistralidade.
#CUIDADO
#DEOLHONAJURIS
2 - A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com tratamento não constante do rol da
ANS se existe, para a cura do paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado ao rol;
128
4 - Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos do rol da ANS, pode haver, a título
excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde que:
(i) não tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do procedimento ao rol da Saúde
Suplementar;
(iii) haja recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como CONITEC e NATJUS) e estrangeiros;
e
(iv) seja realizado, quando possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com entes ou pessoas com
expertise técnica na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do rol de Procedimentos e Eventos em
Saúde Suplementar, sem deslocamento da competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1886929-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/06/2022 (Info 740).
Art. 10 (…) § 12. O rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado pela ANS a cada nova
incorporação, constitui a referência básica para os planos privados de assistência à saúde contratados a partir
de 1º de janeiro de 1999 e para os contratos adaptados a esta Lei e fixa as diretrizes de atenção à saúde.
Vale ressaltar, contudo, que, para o plano de saúde ser compelido a custear, é necessário que esteja
comprovada a eficácia do tratamento ou procedimento, nos termos do § 13, também inserido:
§ 13. Em caso de tratamento ou procedimento prescrito por médico ou odontólogo assistente que não estejam
previstos no rol referido no § 12 deste artigo, a cobertura deverá ser autorizada pela operadora de planos de
assistência à saúde, desde que:
I - exista comprovação da eficácia, à luz das ciências da saúde, baseada em evidências científicas e plano
terapêutico; ou
II - existam recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde
(Conitec), ou exista recomendação de, no mínimo, 1 (um) órgão de avaliação de tecnologias em saúde que tenha
renome internacional, desde que sejam aprovadas também para seus nacionais.
c) outros fármacos incluídos pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no rol de fornecimento
obrigatório.
129
STJ. 3ª Turma. REsp 1692938/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021 (Info 694).
No caso em que o serviço de home care (tratamento domiciliar) não conste expressamente do rol de
coberturas previsto no contrato de plano de saúde, a operadora ainda assim será obrigada a custeá-lo em
substituição à internação hospitalar contratualmente prevista, desde que respeitados os seguintes requisitos:
3) não ocorra uma afetação do equilíbrio contratual em prejuízo do plano de (exemplo em que haveria um
desequilíbrio: nos casos em que o custo do atendimento domiciliar por dia supera a despesa diária em hospital).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.378.707-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/5/2015 (Info 564).
O plano de saúde somente é obrigado a reembolsar as despesas que o usuário teve com tratamento ou
atendimento fora da rede credenciada em hipóteses excepcionais, como por exemplo, em casos de:
STJ. 2ª Seção. EAREsp 1459849/ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/10/2020 (Info 684).
A demora para a autorização da cirurgia indicada como urgente pela equipe médica do hospital próprio ou
credenciado, sem justificativa plausível, caracteriza defeito na prestação do serviço da operadora do plano de
saúde, resultando na sua responsabilização. A operadora de plano de saúde tem responsabilidade solidária por
defeito na prestação de serviço médico, quando o presta por meio de hospital próprio e médicos contratados,
ou por meio de médicos e hospitais credenciados.
#SELIGA:
#ATENÇÃO:
#ATENÇÃO #APOSTACICLOS:
OBS1: já no acolhimento familiar a criança ou adolescente é encaminhado para uma família acolhedora (que
poderá ter a guarda da criança ou adolescente, mas sem perder o caráter de brevidade).
17
Por Carolina Byrro
130
OBS3: o conselho tutelar não pode aplicar essas medidas protetivas (de acolhimento familiar e acolhimento
institucional, por determinação expressa do artigo 136, I do ECA), vez que somente o magistrado pode aplicá-
las. Todavia, em situação de urgência a entidade de atendimento pode receber (mediante encaminhamento
do Conselho Tutelar) a criança e adolescente sem a guia de acolhimento e, após, encaminhará o caso ao
magistrado em 24 horas, sob pena de responsabilidade (artigo 93, do ECA). Imediatamente o magistrado
decidirá pela reintegração ao convívio familiar, colocação em programa familiar, institucional ou colocação em
família substituta, com respeito a instauração de processo contencioso com direito de defesa conferido aos pais
(principalmente no caso de colocação em família substituta), tudo com a participação do MP.
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo
comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
responsabilidade.
ADOÇÃO #APOSTACICLOSEMDOBRO
• CONCEITO:
É uma das formas de colocação em família substituta, por meio da qual há o rompimento/desconstituição dos
vínculos familiares anteriores e constituição de novos vínculos familiares.
ADOÇÃO UNILATERAL: não serão rompidos todos os vínculos familiares, preservando os vínculos para com um
dos genitores.
• CARACTERÍSTICAS:
a. ATO PERSONALÍSSIMO: por esse fato, não pode ser pleiteada por meio de procurador (mandato).
Art. 39. § 2º É vedada a adoção por procuração.
b. ATO EXCEPCIONAL: pois somente será deferida se não for possível a manutenção da criança ou
adolescente com a família natural ou extensa.
c.
d. ATO IRREVOGÁVEL: a adoção perpetua seus efeitos definitivamente, impossibilitando a retomada do
poder familiar pela família original.
#DEOLHONALEI:
Art. 39, § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados
os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo
único do art. 25 desta Lei.
#DEOLHONAJURIS:
No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando.
Nesse sentido:
No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente
pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando. (STJ, REsp 1.545.959-SC, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em 6/6/2017, DJe 1/8/2017)
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS:
131
É possível, mesmo ante a regra da irrevogabilidade da adoção, a rescisão de sentença concessiva de adoção
ao fundamento de que o adotado, à época da adoção, não a desejava verdadeiramente e de que, após atingir
a maioridade, manifestou-se nesse sentido.
O Estatuto da Criança e do Adolescente impõe, em seus arts. 83 a 85, algumas restrições para que as crianças e
adolescentes façam viagens desacompanhados dos pais.
Viagem NACIONAL
Situação Necessária autorização?
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar com
NÃO
o pai e a mãe.
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar só
NÃO
com o pai ou só com a mãe.
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar com NÃO
algum ascendente (avô, bisavô). (nem dos pais nem do juiz)
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar com
NÃO
algum colateral, maior de idade, até 3º grau (irmão,
(nem dos pais nem do juiz)
tio e sobrinho).
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar
acompanhada de uma pessoa maior de idade, mas SIM
que não seja nenhum dos parentes acima listados Será necessária uma autorização expressa do pai,
(ex: amigo da família, chefe de excursão, treinador de mãe ou responsável (ex: tutor) pela criança.
time).
SIM
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar sem
Será necessária uma autorização do juiz da infância
estar acompanhada por uma pessoa maior de idade.
e juventude.
Criança ou adolescente menor de 16 anos viajar
desacompanhada de parentes para comarca vizinha, NÃO
localizada dentro do mesmo Estado, ou para comarca (nem dos pais nem do juiz)
que pertença à mesma região metropolitana.
Adolescente de 16 anos completos ou mais viajar NÃO
desacompanhado de pais, responsável, parente ou Adolescentes com 16 anos ou mais podem viajar
qualquer outra pessoa. pelo Brasil sem autorização.
Viagem ao EXTERIOR
132
SIM
Nesse caso, será necessária:
1) autorização judicial; OU
Criança ou adolescente viajar só com o pai ou só 2) autorização expressa do pai ou mãe que não for
com a mãe. viajar, através de documento com firma reconhecida.
Obs.: não será necessária autorização com firma
reconhecida se os pais estiverem presentes no
embarque.
DIREITO À SAÚDE
#IMPORTANTE: Art. 14. § 1º. É OBRIGATÓRIA A VACINAÇÃO das crianças nos casos recomendados pelas
autoridades sanitárias.
#APOSTACICLOS: É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de
convicção filosófica
É CONSTITUCIONAL a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância
sanitária,
(iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-
científico.
Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003).
REMISSÃO
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do
Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de EXCLUSÃO do processo, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua
maior ou menor participação no ato infracional.
133
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
#APOSTACICLOS
REMISSÃO
É o ato de perdoar o ato infracional praticado pelo adolescente e que irá gerar:
• a exclusão;
• a extinção; ou
• a suspensão do processo, a depender da fase em que esteja.
Segundo o STJ: O descumprimento da condição imposta não tem o condão de justificar a aplicação da
internação-sanção, prevista no art. 122, inciso III, do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas, apenas, o
prosseguimento da apuração da prática do ato infracional (STJ, 506.424, 2019).
#SAIBADIFERENCIAR:
REMISSÃO
134
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
Ocorre quando é concedido perdão puro e simples Ocorre quando é concedido o perdão ao
ao adolescente, sem qualquer imposição. adolescente, mas com a imposição de que ele
cumpra alguma medida socioeducativa, desde que
esta não seja restritiva de liberdade.
A doutrina afirma que, neste caso, não é necessário É indispensável o consentimento do adolescente e
o consentimento do adolescente nem a presença de seu responsável, além da assistência jurídica de
de advogado. um advogado ou Defensor Público.
Ato infracional praticado com violência ou grave Ato infracional praticado sem violência ou grave
ameaça* ameaça*
**A liberação será imediata aos pais ou responsável que assumirão o compromisso de levar o adolescente o ao
MP no dia útil seguinte. Caso o ato infracional seja grave, com repercussão social, o infrator será encaminhado
imediatamente ao MP para oitiva informal e tomar alguma das medidas do artigo 180 do ECA.
#ATENÇÃO: Caso não seja possível o encaminhamento imediato ao MP, o adolescente irá para entidade de
atendimento que mantenha programa socioeducativo de internação. Caso esta inexista, o adolescente
permanecerá na repartição policial.
#VEMDEPERGUNTA:
Cabe HC ou MS contra ato irregular praticado pela autoridade policial? Depende. Caso mantenha o adolescente
em cárcere em situação contrária à lei será cabível a impetração de HC pelo MP, pelo próprio adolescente ou
por qualquer pessoa. Mas, caso não seja essa a situação, havendo direito líquido e certo, cabe MS, o qual está
sujeito ao princípio da subsidiariedade ou da residualidade (não cabe se couber HC ou HD, se houver recurso
com efeito suspensivo, ou se couber correição parcial - súm 267 do STF).
#DEOLHONALEI:
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts.
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei
135
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441,
de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o
total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da
autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável
pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das
investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e
nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
18
#JÁCAIU (MPE-SC – 2019 / Instituto Consulplan)
A Lei n. 8.069/1990, pontualmente quanto à infiltração de agentes de polícia para a investigação de crimes contra a dignidade sexual
de criança e de adolescente, dispõe que a infiltração na internet, dar-se-á pela autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público ou representação de delegado de polícia. (Errada)
136
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efetividade da
identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e tombado em livro
específico. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos
apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação
da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído
pela Lei nº 13.441, de 2017)
DIREITO ELEITORAL19
JUSTIÇA ELEITORAL
19
Por Carolina Byrro
137
A Justiça Eleitoral encontra-se disciplinada nos arts. 118 a 121 da CF, bem como nos arts. 12 a 41 do CE. Trata-
se de JUSTIÇA ESPECIALIZADA, ou seja, não integra a Justiça Comum.
Tribunal Superior
Eleitoral
Tribunais Regionais
Eleitorais
Justiça
Eleitoral
Juízes Eleitorais
Juntas Eleitorais
138
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE)
Formado por, no mínimo, 7 membros, escolhidos da seguinte forma:
• 3 dentre os Ministros do STF, pelo voto secreto dos próprios membros.
• 2 dentre os Ministros do STJ, pelo voto secreto dos próprios membros.
• 2 advogados: o STF elabora lista sêxtupla escolhendo nomes dentre advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, encaminhando-a ao Presidente da República.
Composição
Este escolherá 2, nomeando-os, sem sabatina pelo Senado.
Presidente e Vice do TSE: serão eleitos dentre os Ministros oriundos do STF e o Corregedor
Eleitoral dentre Ministros do STJ.
#ATENÇÃO, pois essa previsão sobre o Corregedor está na CFRB/88, pelo Código Eleitoral
poderia ser qualquer um dos membros.
Art. 22 do Código Eleitoral: Compete ao Tribunal Superior:
I – processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e
de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República.
Competência b) os conflitos de jurisdição entre tribunais regionais e juízes eleitorais de estados
Originária diferentes;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à
sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de
diploma na eleição de presidente e vice-presidente da República;
Em grau de recurso, o TSE aprecia dois recursos:
Especial:
• Em face de decisão de TRE contrária à lei ou à CF.
• Quando houver divergência entre TREs acerca da interpretação da Lei Eleitoral.
Competência Ordinário – em face de decisão do TRE que:
Recursal • Anular diplomas nas eleições estaduais e federais
• Decretar a perda do mandato federal ou estadual.
• Denegar HC, MS, Mandado de Injunção ou Habeas Data
• Verse sobre inelegibilidade nas eleições federais ou estaduais.
#ATENÇÃO!!! O TSE não tem competência penal originária.
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE)
Haverá um TRE na Capital de cada Estado e no Distrito Federal
Composto por 7 membros, escolhidos da seguinte forma:
• 2 juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (em voto secreto)
• 2 juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça (voto secreto)
• 1 juiz dentre os desembargadores do TRF com sede na Capital do Estado ou no
Composição
Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF
respectivo;
• 2 juízes, por nomeação, pelo Presidente, dentre 6 advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça;
O Presidente e Vice-Presidente do TRE serão eleitos dentre os desembargadores
Art. 29 do Código Eleitoral: Compete aos tribunais regionais:
I – processar e julgar originariamente:
Competência a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos
Originária políticos, bem como de candidatos a governador, vice-governadores, e membro do
Congresso Nacional e das assembleias legislativas;
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo estado; [...]
139
Art. 29 do Código Eleitoral: Compete aos tribunais regionais:
II – julgar os recursos interpostos:
Competência
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais;
Recursal
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou
mandado de segurança
JUÍZES ELEITORAIS
São os próprios juízes de direito em efetivo exercício, cabendo-lhes a jurisdição de cada
uma das zonas eleitorais em que é dividida a circunscrição eleitoral. Os juízes dos tribunais
Composição eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por 2 anos, no mínimo, e nunca por mais de
dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo
mesmo processo, em número igual para cada categoria.
Art. 35 do Código Eleitoral: Compete aos juízes:
II – processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada
a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais regionais;
V – tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito,
reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;
VIII – dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
Competência IX – expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
Originária X – dividir a zona em seções eleitorais;
XII – ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos
municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional;
XIV – nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com
pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;
XVIII – fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por
dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;
JUNTAS ELEITORAIS
São, ao lado dos Juízes Eleitorais, órgãos de primeiro grau da Justiça Eleitoral.
Serão formadas por 1 juiz de direito, que será o presidente, e de 2 ou 4 cidadãos de notória
Composição idoneidade nomeados 60 dias antes da eleição, e extintas após o término da apuração dos
votos. Nas eleições municipais, a extinção ocorre após a diplomação dos eleitos.
As Juntas, por decisão do presidente, poderão ser desdobradas em Turmas.
Art. 40. Compete à junta eleitoral:
I – apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição;
Competência II – resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da
contagem e da apuração;
III – expedir os boletins de apuração mencionados no art. 179;
IV – expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
No TSE, o Procurador-Geral Eleitoral será o Procurador-Geral da República.
O Procurador Regional Federal será escolhido entre os Procuradores da República que
atuam no TRF, quando for no Estado sede, e entre os Procuradores da República de
Composição
primeira instância, se não for sede de TRF.
Já perante os juízes e juntas eleitorais atuam membros do MP Estadual, escolhido pelo PGJ
e nomeado pelo Procurador Regional Eleitoral.
#FOCANALEI:
140
A Lei 14.211/21 acrescentou o art. 23-A ao Código Eleitoral, nos seguintes termos:
Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único do art. 1º e no inciso IX
do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias especificamente autorizadas em lei, sendo vedado ao
Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa à organização dos partidos políticos. (Incluído pela Lei
nº14.211, de 2021)
Este dispositivo trata justamente das instruções expedidas pelo TSE para a execução do Código Eleitoral. Assim,
são requisitos para as instruções:
- Restrição às matérias especificamente autorizadas em lei;
- Vedado tratar sobre matéria relativa à organização dos partidos políticos.
#SELIGANASSÚMULAS
Súmula 72-STF: No julgamento de questão constitucional, vinculada a decisão do Tribunal Superior Eleitoral,
não estão impedidos os Ministros do Supremo Tribunal Federal que ali tenham funcionado no mesmo processo,
ou no processo originário.
Súmula 374-STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito decorrente de multa
eleitoral.
Súmula 34-TSE: Não compete ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar mandado de segurança contra
ato de membro de Tribunal Regional Eleitoral.
Súmula 37-TSE: Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar recurso contra
expedição de diploma envolvendo eleições federais ou estaduais.
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito PRIVADO. Possuem autonomia para definir sua estrutura
interna, organização e funcionamento. Deve sempre observar a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.
Art. 1º, da Lei nº 9.096/95 - O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos
fundamentais definidos na Constituição Federal.
Constituição Federal:
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
141
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma
da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades
da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores que se
desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de anuência do
partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a
migração de partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros fundos públicos e
de acesso gratuito ao rádio e à televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo partidário
na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres,
de acordo com os interesses intrapartidários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do fundo partidário
destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a
ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento),
proporcional ao número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos
pelos respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse
partidário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) #NOVIDADELEGISLATIVA
PRECEITOS
Caráter nacional
Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
Prestação de contas à Justiça Eleitoral (TSE e não Tribunal de Contas)
Funcionamento parlamentar de acordo com a lei
VEDAÇÕES (art. 6º, Lei 9.096/95)
Utilização de organização paramilitar
Ministrar instrução militar ou paramilitar
Utilizar-se de organização da mesma natureza
Adotar uniforme para seus membros
REQUISITOS PARA CRIAÇÃO (art. 7º, Lei 9.096/95)
Constituição civil como pessoa jurídica, na forma da lei civil
Registrar o estatuto no TSE
O partido político tem caráter nacional e deve comprovar o seu caráter nacional. Para tanto, utiliza-se como
critério o apoiamento. O apoiamento é uma lista de pessoas que apoia a criação do novo partido. Deve ser
comprovado, no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente
a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos
142
Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados,
com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles.
Período de 2 anos
0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara de Deputados
APOIAMENTO MÍNIMO
Em pelo menos 1/3 dos Estados
Mínimo de 0,1% do eleitorado em cada Estado
A prova do apoiamento mínimo de eleitores é feita por meio de suas assinaturas, com menção ao número do
respectivo título eleitoral, em listas organizadas para cada Zona, sendo a veracidade das respectivas assinaturas
e o número dos títulos atestados pelo Escrivão Eleitoral. O Escrivão Eleitoral dará imediato recibo de cada lista
que lhe for apresentada e, no prazo de 15 dias, lavra o seu atestado, devolvendo-a ao interessado.
Art. 8º O requerimento do registro de partido político, dirigido ao cartório competente do Registro Civil das
Pessoas Jurídicas do local de sua sede, deve ser subscrito pelos seus fundadores, em número nunca inferior
a 101 (cento e um), com domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 (um terço) dos Estados, (...).
#CUIDADO: Não confundir a subscrição pelos fundadores do partido político com o apoiamento mínimo que já
vimos. A subscrição pelos fundadores será necessária para registro civil. Já o apoiamento mínimo é necessário
para o registro perante o TSE.
ANTES: O partido político, para requerer seu registro, precisava ter sede em Brasília (Capital Federal);
AGORA: Não é mais necessário, podendo ter sede em qualquer lugar do território nacional.
143
A Emenda Constitucional 117 de 5 de abril de 2022, alterou o art. 17 da CF/88 para impor aos partidos políticos
a aplicação de recursos do fundo partidário na promoção e difusão da participação política das mulheres, bem
como a aplicação de recursos desse fundo e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e a divisão do
tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão no percentual mínimo de 30% (trinta por cento) para
candidaturas femininas.
SISTEMA MAJORITÁRIO:
Por este sistema, é considerado eleito o candidato que obtenha a maior soma de votos sobre os seus
adversários, prevalecendo o pronunciamento da maioria.
Este sistema é dividido em sistema majoritário simples (maioria relativa de votos) e absoluto (maioria absoluta
de votos):
SISTEMA MAJORITÁRIO
Simples Válido nas eleições para Senador e Prefeito de Município com ATÉ 200 mil eleitores.
Válido nas eleições para Presidente, Governador e Prefeito de Município com MAIS de
Absoluto
200 mil eleitores.
PROPAGANDA ELEITORAL
A propaganda eleitoral é permitida apenas durante o período eleitoral. De acordo com a Lei das Eleições,
permite-se a propaganda após o dia 15 de agosto. Assim, a propaganda eleitoral poderá ser desenvolvida entre
os dias 16 de agosto e o dia das eleições, se for realizada antes desse período, será considerada propaganda
eleitoral antecipada.
Art. 36. A propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição. (Redação dada
pela Lei nº 13.165, de 2015)
O art. 36-A da Lei das Eleições elenca uma série de hipóteses que não são consideradas como propaganda
eleitoral antecipada. MAS, MUITA ATENÇÃO!!! Para que os atos arrolados nos incisos do art. 36-A da Lei
9.504/97 não sejam considerados como propaganda eleitoral antecipada eles não poderão conter PEDIDO
EXPLÍCITO DE VOTOS.
144
O artigo 37 é o MAIS IMPORTANTE neste tema de propaganda partidária!!! Ele sofreu diversas alterações
legislativas, em todas as minirreformas eleitorais o artigo 37 foi alterado, e sempre é cobrado em provas. Então
leia na íntegra o dispositivo no seu Vade Mecum.
#TABELINHA
INELEGIBILIDADES
145
São as circunstâncias que impedem o cidadão do exercício total ou parcial da capacidade eleitoral passiva, ou
seja, da capacidade de eleger-se. Essas circunstâncias estão previstas na CF e em lei complementar, que poderá
estabelecer outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação.
#ATENÇÃO: As condições de inelegibilidade só podem ser tratadas em Lei Complementar, mas as condições de
elegibilidade podem ser objeto de lei ordinária.
INELEGIBILIDADE NATUREZA
SANÇÃO CONSTITUTIVA
INELEGIBILIDADE NATUREZA
NATA DECLARATÓRIA
As inelegibilidades serão absolutas quando se aplicarem a todos os cargos, como por exemplo, os analfabetos.
Serão relativas quando somente se referem a alguns cargos, como por exemplo, a inelegibilidade para um
terceiro mandato consecutivo nos cargos do Executivo.
146
• Se menos de 10 anos: deverá afastar-se da atividade. O STF entende que embora
o texto diga apenas que o militar deverá se afastar, esse afastamento é definitivo, ou
seja, será excluído do serviço ativo mediante demissão ou licenciamento ex-officio.
• Se mais de 10 anos: ficará afastado durante a campanha e, em caso de vitória, será
colocado na inatividade, no ato da diplomação.
Pessoal, atendendo a pedidos dos alunos, vamos deixar aqui essa pequena revisão de Direito Penal
Militar. Lembramos que essa matéria não é nossa aposta para a prova! Em todo o histórico de provas para a
magistratura do TJDFT, apenas uma única questão versou estritamente sobre Direito Penal Militar, no XLII
Concurso (o último foi o XLIII, também no ano de 2015):
Contudo, melhor prevenir do que remediar, e pedido de aluno é uma ordem! Então, bora!
#AJUDAMARCINHO22
Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares, assim definidos em lei (art. 124 da CF/88).
A lei que prevê os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/1969).
• No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares em tempo de paz.
• No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra.
Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo, portanto, de competência da Justiça
Militar, é preciso que ele se amolde em uma das hipóteses previstas nos arts. 9º e 10 do CPM.
20
Por Carolina Byrro.
21
Gabarito: Letra E.
22
https://www.dizerodireito.com.br/2017/10/comentarios-lei-134912017-competencia.html
147
A primeira mudança ocorrida foi no inciso II do art. 9º. Veja:
Código Penal Militar
Redação original Redação dada pela Lei nº 13.491/2017
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo
paz:
de paz:
II - os crimes previstos neste Código, embora também o
II - os crimes previstos neste Código e os previstos
sejam com igual definição na lei penal comum, quando
na legislação penal, quando praticados:
praticados:
Por quê?
João, militar da ativa, praticou uma conduta que não é prevista como crime no Código Penal Militar.
A conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, tipificada no art. 89 da Lei nº
8.666/93, não encontra figura correlata no Código Penal Militar.
Assim, antes da Lei nº 13.491/2017, apesar de o crime ter sido praticado por militar (sargento do Exército), o
caso não se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas no art. 9º do CPM. Isso porque o art. 9º, II, exigia
que o crime estivesse expressamente previsto no Código Penal Militar.
E agora?
Atualmente, com a mudança da Lei nº 13.491/2017, a conduta de João passou a ser crime militar e se enquadra
no art. 9º, II, “e”, do CPM:
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a
ordem administrativa militar;
Obs.: a doutrina afirmava que o art. 9º, II, do CPM era um crime militar ratione legis (em razão da lei – porque
previsto no CPM) e ratione personae (em razão da pessoa – porque praticado por sujeito ativo militar em
atividade). Isso agora mudou. O crime militar do art. 9º, II, do CPM deixou de ser ratione legis.
#MAISUMEXEMPLO: Em agosto/2017, ou seja, antes da Lei nº 13.491/2017, João, militar, no exercício de suas
funções, praticou crimes de abuso de autoridade:
148
De quem é a competência para julgar o crime de abuso de autoridade praticado por militar no exercício de
suas funções?
ABUSO DE AUTORIDADE PRATICADO POR MILITAR EM SERVIÇO
Antes da Lei 13.491/2017: Depois da Lei 13.491/2017:
JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA MILITAR
Antes da Lei nº 13.491/2017 a competência para A Lei nº 13.491/2017 deu nova redação ao CPM e
julgar este delito era da Justiça comum. Isso porque passou a prever que a conduta praticada pelo agente,
o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º,
ser considerado como crime militar as condutas que pode estar prevista no Código Penal Militar ou na
estivessem tipificadas no CPM. legislação penal “comum”.
Assim, como o abuso de autoridade não está previsto Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não
no CPM), mas sim na Lei nº 4.898/65, este delito não estando previsto no CPM pode agora ser considerado
podia ser considerado crime militar. crime militar.
Como o abuso de autoridade não podia ser Como o abuso de autoridade pode agora ser
considerado crime militar, a competência para julgá- considerado crime militar, ele pode ser julgado pela
lo era da Justiça comum. Justiça Militar com base no art. 9º, II, do CPM.
Súmula 172-STJ: Compete à justiça comum processar
A Súmula 172 do STJ está SUPERADA e deve ser
e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
cancelada futuramente.
ainda que praticado em serviço.
#DEOLHONAJURIS: É possível a aplicação imediata da Lei nº 13.491/2017, que amplia a competência da Justiça
Militar e possui conteúdo híbrido (lei processual material), aos fatos perpetrados antes do seu advento,
mediante observância da legislação penal (seja ela militar ou comum) mais benéfica ao tempo do crime. STJ. 3ª
Seção. CC 161.898-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/02/2019 (Info 642).
#RESUMINHOESPERTO:
Teoria diferenciadora Teoria Unitária
Adotada pelo CPM Adotada pelo CP
JUSTIFICANTE EXCULPANTE JUSTIFICANTE
Nesse caso, o bem
protegido vale menos ou
Nesse caso, o bem Nesse caso, o bem A teoria unitária não
a mesma coisa que o bem
protegido vale mais que protegido vale mais ou a adota o estado de
jurídico sacrificado.
o bem jurídico mesma coisa que o bem necessidade exculpante.
→ Exclui a culpabilidade.
sacrificado. jurídico sacrificado. → Reduz a pena de 1/3 a
→ Exclui a ilicitude. → Exclui a ilicitude. 2/3.
#OLHAADICA: exCulpante
Culpabilidade.
+ - ou = + ou = -
#TABELINHAPARAMEMORIZAR:
Estado de Necessidade Exculpante (art. 39, CPM).
Quais são as situações de
Coação Irresistível (art. 38, CPM).
inexigibilidade de conduta diversa
Estrita Obediência Hierárquica (art. 38, CPM).
para o CPM?
Excesso Exculpante (art. 45, parágrafo único, CPM).
#ATENÇÃO #SELIGANESSADIFERENÇA #VAICAIR:
O CP comum só reconhece expressamente a coação irresistível e a estrita obediência hierárquica (art. 22, CP).
As demais são consideradas supralegais.
#IMPORTANTE: Nos crimes em que há violação do dever militar (artigos 187 a 204, do CPM), o agente não pode
invocar coação moral irresistível.
149
#PARAENTENDER: O motivo da vedação diz respeito à própria natureza da atividade castrense, que exige que
os militares suportem as mais diversas pressões para assegurar o cumprimento do dever militar. Por exemplo,
não se pode alegar coação moral irresistível para afastar a culpabilidade em crime de abandono de posto,
previsto no artigo 195 do Código Penal Militar.
Em atenção ao princípio da especialidade, não se aplica o art. 70 do Código Penal nos casos de concurso de
crimes militares, devendo ser aplicada a regra prevista no art. 79 do Código Penal Militar. STJ. 6ª Turma. AgRg-
HC 595.556, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/11/2020.
Para a definição da competência da justiça militar, faz-se necessária a observância do:
• critério subjetivo (delito praticado por militar em atividade, em serviço ou não),
• aliado ao critério objetivo (vulneração de bem jurídico caro ao serviço e ao meio militar, a ser analisada no
caso concreto).
Ex: policial militar estava em sua casa, de folga. Ele e a esposa começaram a discutir por ciúmes. Embriagado,
ele ameaçou matar a esposa. Com medo, a mulher se trancou no banheiro e ligou para a polícia. Foi deslocada
uma viatura com dois policiais militares para atender a ocorrência. Quando os policiais chegaram, o agressor
fugiu, mas antes atirou contra eles e contra a viatura.
A fuga e a resistência do policial militar, contextualizada com disparos de arma de fogo contra colegas e contra
viatura da corporação, são suficientes para configurar a vulneração da regularidade da Polícia Militar, cujo
primado se pauta pela hierarquia e disciplina. STJ. 5ª Turma. HC 550998-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 23/06/2020 (Info 675).
Não se exige a manutenção do status de militar como requisito de procedibilidade e de prosseguimento da ação
penal que apura a prática de crime de violência contra inferior (art. 175 do Código Penal Militar). STF. 1ª Turma.
HC 137741 AgR e AgR-segundo/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/6/2019 (Info 945).
É possível a aplicação imediata da Lei nº 13.491/2017, que amplia a competência da Justiça Militar e possui
conteúdo híbrido (lei processual material), aos fatos perpetrados antes do seu advento, mediante observância
da legislação penal (seja ela militar ou comum) mais benéfica ao tempo do crime. STJ. 3ª Seção. CC 161898-MG,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/02/2019 (Info 642).
Na configuração de crime militar observa-se a data do evento delituoso, considerado neutro o fato de o autor
estar licenciado. STF. Plenário. HC 132847/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/6/2018 (Info 908).
Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a militar licenciado. STJ. 3ª Seção. CC
149442-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
Compete à Justiça Militar processar e julgar o crime de furto, praticado por civil, de patrimônio que, sob
administração militar, encontra-se nas dependências desta.
Caso concreto: civil furtou, dentro de estabelecimento militar, pistola que estava na posse de soldado da
Aeronáutica. Fundamento: art. 9º, III, “a”, do Código Penal Militar. STJ. 3ª Seção.CC 145721-SP, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, julgado em 22/02/2018 (Info 621).
A prescrição em perspectiva (ou prescrição virtual) não é admitida nos crimes militares, assim como ocorre
também nos crimes comuns. STF. 2ª Turma. HC 125777/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/6/2016
(Info 831).
Se uma praça (exs: soldados, cabos) for condenada por crime militar com pena superior a 2 anos, receberá,
como pena acessória, a sua exclusão das Forças Armadas mesmo sem que tenha sido instaurado processo
específico para decidir essa perda?
SIM. A pena acessória de perda do cargo pode ser aplicada a PRAÇAS mesmo sem processo específico para que
seja imposta. Trata-se de uma pena acessória da condenação criminal.
E se um OFICIAL for condenado?
Neste caso, será necessário um processo específico para que lhe seja imposta a perda do posto e da patente
(art. 142, § 3º, VI e VII, da CF/88). Para que haja a perda do posto e da patente do Oficial condenado a pena
superior a 2 anos, é necessário que, além do processo criminal, ele seja submetido a novo julgamento perante
Tribunal Militar de caráter permanente para decidir apenas essa perda. STF. Plenário. RE 447859/MS, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 21/5/2015 (Info 786).
Como ocorre a prescrição no caso do crime de deserção:
150
a) Se o agente praticou a deserção, mas depois foi reincorporado ao serviço militar: no dia em que ele
reapareceu, inicia-se o prazo prescricional, nos termos do art. 125 do CPM;
b) Se o desertor ainda não foi capturado nem se apresentou à corporação: aplica-se a regra especial prevista no
art. 132 do CPM. Esse artigo determina que, mesmo o agente não reaparecendo, haverá prescrição quando ele
completar 45 anos (se não tiver patente de oficial); se for oficial, a prescrição ocorre quando atingir 60 anos.
O STF entende que o art. 132 do CPM é compatível com a CF/88. STF. 1ª Turma. HC 112005/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 10/2/2015 (Info 774).
Não há nulidade na sentença que julga um crime militar se o juiz aumenta a pena-base com fundamento na
culpabilidade do réu e nas consequências do delito. Isso porque o art. 69 do CPM fala em “intensidade do dolo”,
locução que, em outras palavras, quer significar a mesma coisa que “culpabilidade”. De igual forma, a menção
às “consequências do crime” não implica qualquer nulidade, já que essa expressão está presente implicitamente
no art. 69 do CPM quando este dispositivo fala em “maior ou menor extensão do dano”. STF. 2ª Turma. HC
109545/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/12/2014 (Info 772).
São compatíveis com a CF/88 o art. 88, II, “a” do CPM e o art. 617, II, “a”, do CPPM, que vedam a concessão de
SURSIS nos casos ali especificados. STF. Plenário. HC 119567/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2014 (Info 747).
Em regra, não existe perdão judicial no caso de homicídio culposo no CPM.
Não se pode aplicar por analogia o perdão judicial previsto no art. 121, § 5º do CP (homicídio culposo) aos crimes
militares. STF. 1ª Turma. HC 116254/SP, rel. Min. Rosa Weber, 25/6/2013 (Info 712).
Compete à JUSTIÇA COMUM processar e julgar crime praticado por militar contra militar quando ambos
estiverem em momento de folga. STF. 1ª Turma. HC 110286/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Marco Aurélio, 14/2/2012.
151