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Estatuto Do Desarmamento - 2023 - EDITADO
Estatuto Do Desarmamento - 2023 - EDITADO
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e demais
produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
I - apresenta:
a) poder destrutivo;
b) propriedade que possa causar danos às pessoas ou ao patrimônio; ou
c) indicação de necessidade de restrição de uso por motivo de incolumidade pública; ou
Compete ao Comando do Exército a elaboração da lista dos PCE e suas alterações posteriores. As
alterações referem-se à inclusão, à exclusão ou à mudança de nomenclatura dos PCE. Ainda, o Ministério
da Defesa poderá solicitar a inclusão ou a exclusão, na lista de que trata o caput, dos Produtos de Defesa
- Prode previstos na Lei nº 12.598, de 21 de março de 2012.
1. Armas de pressão;
2. Airsoft;
3. Gás de pimenta;
4. Taser;
5. Simulacro;
6. Arma de brinquedo;
7. Armas brancas;
Arma: artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas;
Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela
combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que
tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil;
Arma de uso permitido: arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas
jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército;
Arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algumas instituições de
segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com
legislação específica;
Acessório de arma é um artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do
atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma (Art. 3º, II)
Munição: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser:
destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos
especiais;
Arma de fogo obsoleta : arma de fogo que não se presta ao uso regular , devido à sua munição e aos elementos
de munição não serem mais fabricados , por ser ela própria de fabricação muito antiga ou de modelo muito antigo
e fora de uso, e que, pela sua obsolescência, presta-se a ser considerada relíquia ou a constituir peça de coleção.
Arma histórica - as armas de fogo de valor histórico são aquelas
A classificação de produto como PCE de valor histórico ficará condicionada ao atendimento de parâmetros de
raridade, originalidade singularidade e de critérios de pertinência.
Arma branca: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou oblonga;
Arma de pressão: arma cujo princípio de funcionamento implica o emprego de gases comprimidos para
impulsão do projétil, os quais podem estar previamente armazenados em um reservatório ou ser produzidos por
ação de um mecanismo, tal como um êmbolo solidário a uma mola, no momento do disparo;
Menos-letais: produtos que causam fortes incômodos em pessoas, com a finalidade de interromper
comportamentos agressivos e, em condições normais de utilização, não causam risco de morte, incluidos os
instrumentos de menor potencial ofensivo ou não-letais, nos termos da Lei nº 13.060 de 22 de dezembro de 2014.
Réplica ou simulacro de arma de fogo: para fins do disposto no art. 26 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro
de 2003, é um objeto que, visualmente, pode ser confundido com uma arma de fogo, mas que não possui aptidão
para a realização de tiro de qualquer natureza.
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Réplica ou simulacro de arma de fogo: para fins do disposto no art. 26 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, é um objeto que, visualmente, pode ser confundido com uma arma de fogo, mas que
não possui aptidão para a realização de tiro de qualquer natureza.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
✓ contribuir para a segurança da sociedade, por meio do controle das atividades com PCE;
✓ cooperar com o Ministério da Defesa nas ações da Estratégia Nacional de Defesa;
✓ colaborar com a mobilização industrial de recursos logísticos de defesa;
✓ acompanhar a evolução científico-tecnológica dos PCE; e
✓ colaborar com a preservação do patrimônio histórico nacional, no que se refere a PCE.
Nesse caso, compete, ainda, ao Comando do Exército regulamentar, autorizar e fiscalizar o exercício,
por pessoas físicas ou jurídicas, das atividades relacionadas com PCE de fabricação, comércio, importação,
exportação, utilização, prestação de serviços, colecionamento, tiro desportivo ou caça.
DIFERENÇA ENTRE ARMA DE USO PERMITIDO, RESTRITO E PROIBIDO;
a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a
República Federativa do Brasil seja signatária; ou
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos;
SINARM – SINARM (Sistema Nacional de Armas) é responsável pelo controle o controle, a aquisição
e o registro de armas e munições. Nesse sentido, o controle sobre o armamento envolve todas as
possíveis situações em que este possa se encontrar, desde a sua fabricação até sua destruição. Tudo
isso é armazenado em um banco de Dados, que tem por finalidade manter cadastro geral, integrado
e permanente das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, bem como o controle
dos registros dessas armas.
As competências do SINARM estão tanto no Estatuto do Desarmamento (art. 2º) como nos Decretos
Presidenciais.
SIGMA – O Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA) é o banco de dados responsável por
manter atualizado o cadastro das armas registradas no Exército Brasileiro.
cadastro de arma de fogo - inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de
dados, com a descrição de suas características;
registro - matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em
banco de dados;
registros precários - dados referentes ao estoque de armas de fogo, acessórios e munições das empresas
autorizadas a comercializá-los; e
registros próprios - aqueles realizados por órgãos, instituições e corporações em documentos oficiais de
caráter permanente.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma
do regulamento desta Lei.
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o
seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal
pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de
autorização do Sinarm
Considera-se:
II - interior do local de trabalho - toda a extensão da área particular do imóvel, edificada ou não, em
que esteja instalada a pessoa jurídica, registrada como sua sede ou filial;
Trata-se do direito de transitar livremente com a arma de fogo registrada em seu nome. O Estatuto do
Desarmamento prevê alguns tipos de porte de arma de fogo. Assim, de acordo com o Estatuto, temos os seguintes
tipos de porte:
3. Porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
Brasil (art. 9º)
CAPÍTULO I –
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
COMPETÊNCIAS DO SINARM –
Art. 3º, § 3º - A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a
venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características da
arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia
Federal;
2. Estatuto do Desarmamento – Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de
segurança privada e de transporte de valores (...)
3. Estatuto do Desarmamento – Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores dos tribunais do
Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos
Estados;
4. Estatuto do Desarmamento – Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido,
em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após
autorização do Sinarm.
5. Decreto –Art. 29-A. A Polícia Federal, diretamente ou por meio de convênio com os órgãos de
segurança pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do disposto no § 3º do
art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, e observada a supervisão do Ministério da Justiça e Segurança
Pública: (Incluído pelo Decreto nº 10.030, de 2019)
II - concederá porte de arma de fogo funcional aos integrantes das guardas municipais, com validade pelo
prazo de dez anos, contado da data de emissão do porte, nos limites territoriais do Estado em que exerce
a função; e (Incluído pelo Decreto nº 10.030, de 2019)
6. Decreto – Art. 29 – Parágrafo único. Caberá à Polícia Federal expedir o porte de arma de fogo para os
guardas portuários
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências
suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
segurança privada e de transporte de valores;
Responsabilidade da comunicação –
Art. 7º-A - § 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência policial
e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja
de sua propriedade:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa
de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de
fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois
de ocorrido o fato.
DECRETO (Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o
cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema
Nacional de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas.)
§ 1º A polícia judiciária remeterá, no prazo de quarenta e oito horas, contado da data de recebimento da
comunicação, as informações coletadas à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, para fins de
cadastro no Sinarm.
§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput, o proprietário deverá, ainda, comunicar o ocorrido à Polícia
Federal ou ao Comando do Exército, conforme o caso, e encaminhar cópia do boletim de ocorrência.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando
do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de
segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
13.886, de 2019)
(....)
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de responsabilidade da instituição beneficiada, que
procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma.
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a
atividade;
Estatuto do Desarmamento –
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e
Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.
Art. 4º (...)
§ 2º Serão cadastradas no Sigma as armas de fogo:
II - dos integrantes:
a) das Forças Armadas;
b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal;
c) da Agência Brasileira de Inteligência; e
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e
demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor
histórico serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta
do Comando do Exército.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço
alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o
registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos
autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz
competente ao Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do
regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.
CAPÍTULO II
DO REGISTRO
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na
forma do regulamento desta Lei.
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender aos seguintes requisitos:
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e
na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
2008)
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por essas
mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será
efetivada mediante autorização do Sinarm.
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos I,
II e III deste artigo.
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma do
regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar
autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser adquirida. (Incluído
pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional,
autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884,
de 2004)
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de
autorização do Sinarm.
O Certificado de Registro de Arma de Fogo, expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro no
Sinarm, tem validade no território nacional e autoriza o proprietário a manter a arma de fogo
exclusivamente no interior de sua residência ou nas dependências desta, ou, ainda, de seu local de
trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou pela empresa.
O proprietário de arma de fogo de que trata este artigo, na hipótese de mudança de domicílio ou
outra situação que implique o transporte da arma de fogo, deverá solicitar guia de
trânsito à Polícia Federal para as armas de fogo cadastradas no Sinarm, na forma estabelecida em ato do
Diretor-Geral da Polícia Federal.
A guia de trânsito autoriza tão somente o transporte da arma de fogo, devidamente desmuniciada e
acondicionada, para o percurso nela autorizado.
OBSERVAÇÕES – As regras acimas citadas são referentes à arma de fogo de uso PERMITIDO, uma vez
que se tratando de armas de uso RESTRITO, a competência será do COMANDO DO EXÉRCITO, no
SIGMA (Sistema de Gerenciamento de Armas). Vejamos abaixo algumas regras previstas no Estatuto do
Desarmamento.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO –
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de
armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 9º Compete (...) ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a
concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de
representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de
uso restrito.
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão
estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega
espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até
o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e
comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das
demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial de 90 (noventa)
dias; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência
ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019)
CAPÍTULO III
DO PORTE
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos
previstos em legislação própria e para:
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição
Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); (Redação dada pela Lei nº
13.500, de 2017)
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
(Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948)
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei
nº 10.867, de 2004) (Vide ADIN 5538) (Vide ADIN 5948)
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
Federal;
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
de presos e as guardas portuárias;
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta
Lei;
Para poder portar a arma de fogo, são necessários dois requisitos formais: que a arma seja registrada
(art. 3º) e a pessoa quem porta seja autorizada a portá-la. Assim, o Certificado de Registro de Arma de
Fogo concede ao proprietário apenas direito à posse da arma de fogo, nos termos do art. 5º.
2. Porte na modalidade caçador para subsistência alimentar familiar (Art. 6º, §5º)
3. Porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
Brasil (art. 9º)
5. Outras exceções previstas em legislação própria - Outras leis poderão prever a autorização para o
porte de arma de fogo, como, por exemplo, as Leis Orgânicas da Magistratura e dos MPs.
Para comentar esse tema, teremos como base o art. 6º, §1 do Estatuto do Desarmamento. Vamos simplificar o
tema dividindo o dispositivo legal em grupos. Vejamos:
Estão inseridos nessa regra os integrantes constantes dos incisos I, II, V e VI do art. 6º
Art. 6º (...)
I – os integrantes das Forças Armadas;
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição
Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
Federal;
TERÃO DIREITO DE PORTAR ARMA DE FOGO DE PROPRIEDADE PARTICULAR OU FORNECIDA
PELA RESPECTIVA CORPORAÇÃO OU INSTITUIÇÃO, MESMO FORA DE SERVIÇO, EM ÂMBITO
ESTADUAL –
Art. 6º (...) III. os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com
mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
Art. 6º (...) IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta
mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
Terão direito de portar arma de fogo quando em serviço, nos limites territoriais do respectivo
Estado –
Art. 6º (...) § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões
metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo.
O plenário do STF autorizou o porte de arma para todas as guardas municipais, sem distinção da
quantidade de habitantes.
Por maioria, os ministros invalidaram dispositivos do Estatuto do Desarmamento que proíbem o porte de
arma para integrantes das guardas municipais de munícipios com menos de 50 mil habitantes e
permitem o porte nos municípios que têm entre 50 mil e 500 mil habitantes apenas quando em serviço.
Relator
O relator enfatizou que os guardas civis municipais compõem o quadro da segurança pública, sendo
assim, o "tratamento exigível, adequado e não excessivo" corresponde a conceder idêntica possibilidade de
porte de arma a todos os integrantes dos guardas civis, "em face da efetiva participação na segurança
pública e na existência de similitude nos índices de mortes violentas nos diversos municípios,
independentemente de sua população".
O ministro trouxe dados em seu voto que apontam que nos municípios com até 500 mil habitantes a
violência vem crescendo nos últimos anos. "Dados estatísticos oficiais confirmam que a população de um
município não é um critério decisivo para aferir a necessidade de maior proteção da segurança pública",
pontuou.
Por fim, o ministro considerou inconstitucionais os seguintes trechos da lei, que negritamos abaixo:
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em
legislação própria e para:
III - os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
O entendimento de Alexandre de Moraes foi seguindo pelos ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio
Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Nunes Marques e Ricardo Lewandowski.
Divergência
O ministro Luís Roberto Barroso abriu divergência, no sentido de validar as restrições. Conforme
explicou o ministro, a diferença entre os guardas municipais funda-se na violência que é
presumivelmente maior em cidades grandes e em capitais. Por isso, segundo Barroso, o Estatuto não
proíbe o porte de arma de fogo para agentes municipais, mas tão somente impõe maior controle sobre o
uso dessas armas, visando à proteção da população em geral.
Além desse ponto, Barroso enfatizou que as normas não ferem a autonomia federativa do município, pois
a proibição do porte de arma de fogo não alcança a independência dos órgãos governamentais locais; e a
regulamentação de porte de arma de fogo é matéria de segurança pública e de competência legislativa
privativa da União.
O ministro também entendeu que os dispositivos não violam o princípio constitucional da isonomia. "Pelo
contrário, trata-se de medidas necessárias para preservar a igualdade". Isso porque, salientou Barroso, o
critério de desigualação decorre das presumíveis peculiaridades dos municípios maiores e do rigoroso
controle, por parte do departamento de Polícia Federal, da posse e do porte de arma de fogo.
"A restrição do porte ao momento em que o guarda está em serviço mostra-se razoável, portanto.
Encontra-se dentro da margem de apreciação do legislador a norma que limita o porte de arma, conforme
a dimensão da cidade em que o guarda municipal atua."
É evidente a necessidade de união de esforços para o combate à criminalidade organizada e violenta, não
se justificando, nos dias atuais da realidade brasileira, a atuação separada e estanque de cada uma das
Polícias Federal, Civis e Militares e das Guardas Municipais; pois todas fazem parte do Sistema Único de
Segurança Pública.
2. Dentro dessa nova perspectiva de atuação na área de segurança pública, o Plenário desta SUPREMA
CORTE, no julgamento do RE 846.854/SP, reconheceu que as Guardas Municipais executam atividade de
segurança pública (art. 144, § 8º, da CF), essencial ao atendimento de necessidades inadiáveis da
comunidade (art. 9º, § 1º, da CF).
3. O reconhecimento dessa posição institucional das Guardas Municipais possibilitou ao Parlamento, com
base no § 7º do artigo 144 da Constituição Federal, editar a Lei nº 13.675, de 11/6/2018, na qual as
Guardas Municipais são colocadas como integrantes operacionais do Sistema Único de Segurança Pública
(art. 9º, § 1º, inciso VII).
4. Se cabe restringir o porte de arma de fogo a integrantes de instituição que faz parte do sistema geral
de segurança pública – e esse ponto, em si mesmo, já é bastante questionável –, a restrição teria de
guardar relação com o efetivo exercício das atividades de segurança pública, e não com a população do
município.
7. Ausência de razoabilidade e isonomia em normas impugnadas que restringem o porte de arma de fogo
somente aos integrantes de guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes e de guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000
(cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço.
8. Ação Direta julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do inciso III do art.
6º da Lei 10.826/2003, a fim de invalidar as expressões “das capitais dos Estados” e “com mais de 500.000
(quinhentos mil) habitantes”, e declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 6º da Lei
10.826/2003, por desrespeito aos princípios constitucionais da igualdade e da eficiência.
(ADI 5538, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 01/03/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-094 DIVULG 17-05-2021 PUBLIC 18-05-2021)
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que todos os integrantes
de guardas municipais do país tenham direito ao porte de armas de fogo, independentemente do tamanho
da população do município. Na sessão virtual concluída em 26/2, a Corte declarou inconstitucionais
dispositivos do Estatuto de Desarmamento (Lei 10.826/2003) que proibiam ou restringiam o uso de armas
de fogo de acordo com o número de habitantes das cidades.
Em seu voto, o ministro Alexandre de Moraes verificou que os dispositivos questionados estabelecem uma
distinção de tratamento que não se mostra razoável, desrespeitando os princípios da igualdade e da
eficiência. Segundo o relator, atualmente, não há dúvida judicial ou legislativa da presença efetiva das
guardas municipais no sistema de segurança pública do país. Nesse sentido, ele lembrou a decisão do
STF no Recurso Extraordinário (RE) 846854, com repercussão geral, em que o Plenário reconheceu que
as guardas municipais, existentes em 1.081 dos 5.570 municípios brasileiros, executam atividade de
segurança pública essencial ao atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade. E, no plano
legislativo, citou a edição da Lei 13.675/2018, que coloca as guardas municipais como integrantes
operacionais do Sistema Único de Segurança Pública.
Incidência de infrações
Ainda conforme o ministro Alexandre, caso se admita restringir o porte de arma a integrantes do sistema
geral de segurança pública, a medida deveria guardar relação com o número de ocorrências policiais ou
algum outro índice relevante para aferição da criminalidade. Esse entendimento, a seu ver, é afirmado
pela própria Lei 13.675/2018, ao estabelecer que as atividades de polícia ostensiva e de preservação da
ordem pública serão aferidas, entre outros fatores, pela maior ou menor incidência de infrações penais e
administrativas em determinada área.
Ele apontou, ainda, que o aumento do número de mortes violentas, nos últimos anos, tem sido
consistentemente maior nos municípios em que a lei restringiu ou proibiu o porte de arma por
integrantes da guarda municipal. Portanto, "o tratamento exigível, adequado e não excessivo" consiste
em conceder idêntica possibilidade a todos os integrantes das guardas civis, em razão da sua efetiva
participação na segurança pública e da similitude nos índices de mortes violentas nos diversos
municípios, independentemente de sua população
Ficaram vencidos os vencidos os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin e a ministra Cármen
Lúcia, que se pronunciaram pela constitucionalidade das regras. Segundo Barroso, primeiro a abrir a
divergência, não há, no caso, violação a direito fundamental nem a qualquer interesse contramajoritário
ou excepcional que justifique a atuação do STF.
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar
arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para
aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
serviço, desde que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos
incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se
refere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à
formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no
regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada
pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem
como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4 o, ficam
dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
regulamento desta Lei.
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso
permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual
deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de
outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas
será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de
2008)
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de
transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda
das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas
observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada
semestralmente junto ao Sinarm.
LEI Nº 7.102, DE 20 DE JUNHO DE 1983 – Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros,
estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços
de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências.
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas no inciso XI do art.
6o serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo
ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte
expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela Lei nº 12.694, de
2012)
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe do pagamento de
taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser atualizada
semestralmente no Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar ocorrência policial e a
comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de
fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição
internacional oficial de tiro realizada no território nacional.
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos
termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição
internacional oficial de tiro realizada no território nacional.
O Comando do Exército fiscalizará o cumprimento das normas e das condições de segurança dos depósitos
de armas de fogo, munições e equipamentos de recarga.
Fica garantido o direito de transporte desmuniciado das armas dos clubes e das escolas de tiro
e de seus integrantes e dos colecionadores, dos atiradores e dos caçadores, por meio da
apresentação do Certificado de Registro de Colecionador, Atirador e Caçador ou do Certificado de
Registro de Arma de Fogo válidos.
Os colecionadores, os atiradores e os caçadores poderão portar uma arma de fogo curta municiada,
alimentada e carregada, pertencente a seu acervo cadastrado no Sinarm ou no Sigma,
conforme o caso, sempre que estiverem em deslocamento para treinamento ou participação em
competições, por meio da apresentação do Certificado de Registro de Colecionador, Atirador e Caçador, do
Certificado de Registro de Arma de Fogo e da Guia de Tráfego válidos.
A Guia de Tráfego é o documento que confere a autorização para o tráfego de armas, acessórios e
munições no território nacional e corresponde ao porte de trânsito previsto no art. 24 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003.
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é
de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial
limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no
órgão competente.
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
substâncias químicas ou alucinógenas.
Serão cassadas as autorizações de porte de arma de fogo do titular previsto § 1º do art. 10 da Lei nº
10.826, de 2003, que esteja respondendo a inquérito ou a processo criminal por crime doloso.
A autorização de posse e de porte de arma de fogo não será cancelada na hipótese de o proprietário
de arma de fogo estar respondendo a inquérito ou ação penal em razão da utilização da arma em estado
de necessidade, legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito,
exceto nas hipóteses em que o juiz, convencido da necessidade da medida, justificadamente determinar.
Nessa hipótese, a arma será apreendida quando for necessário periciá-la e será restituída ao proprietário
após a realização da perícia mediante assinatura de termo de compromisso e responsabilidade, por meio
do qual se comprometerá a apresentar a arma de fogo perante a autoridade competente sempre que
assim for determinado.
O porte de arma de fogo é documento obrigatório para a condução da arma e deverá conter os seguintes
dados:
O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal concedido nos termos do disposto no art. 10 da Lei
nº 10.826, de 2003, não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer
em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros
locais onde haja aglomeração de pessoas em decorrência de eventos de qualquer natureza.
Aplica-se a cassação do porte de arma de fogo na hipótese de o titular do porte de arma de fogo portar o
armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou medicamentos que provoquem
alteração do desempenho intelectual ou motor.
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela
prestação de serviços relativos:
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao
valor médio dos honorários profissionais para realização de avaliação psicológica constante do item
1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não
poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da munição. (Incluído pela
Lei nº 11.706, de 2008)
STF - De acordo com o STF, “o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança
pública e a paz social (...).” (HC 104.206/RS, 1.ª Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 26/08/2010).
STJ - Informativo 570 - “bem jurídico denominado incolumidade pública que, segundo a doutrina,
compreende o complexo de bens e interesses relativos à vida, à integridade corpórea e à saúde de todos e
de cada um dos indivíduos que compõem a sociedade.”
SUJEITO PASSIVO ––
No crime de perigo abstrato, o perigo de lesão ao bem jurídico é presumido, ou seja, dispensa a
necessidade de prova. Desta forma, com a simples conduta do agente, o crime estará configurado, gerando
uma situação de perigo ao bem jurídico.
Supremo Tribunal Federal – “O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera
conduta e de perigo abstrato, ou seja, consuma-se independentemente da ocorrência de efetivo
prejuízo para a sociedade, e a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal.
Além disso, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social,
sendo irrelevante o fato de estar a arma de fogo municiada ou não.” (HC 104.206/RS, 1.ª Turma, Rel. Min.
Cármen Lúcia, DJe de 26/08/2010)
Inicialmente, convém destacar que a Terceira Seção do STJ pacificou entendimento no sentido de que o
tipo penal de posse ou porte ilegal de arma de fogo é delito de mera conduta ou de perigo abstrato, sendo
irrelevante a demonstração de seu efetivo caráter ofensivo e, assim, desnecessária a
realização de laudo pericial para atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo ou da
munição apreendida (EREsp 1.005.300-RS, DJe 19/12/2013).
Tipo penal preventivo – STJ – Informativo 493 – “Segundo se observou, a lei antecipa a punição
para o ato de portar arma de fogo; é, portanto, um tipo penal preventivo, que busca minimizar o risco
de comportamentos que vêm produzindo efeitos danosos à sociedade, na tentativa de garantir aos
cidadãos o exercício do direito à segurança e à própria vida. Conclui-se, assim, ser irrelevante aferir a
eficácia da arma para a configuração do tipo penal, que é misto-alternativo, em que se consubstanciam,
justamente, as condutas que o legislador entendeu por bem prevenir, seja ela o simples porte de munição
ou mesmo o porte de arma desmuniciada.” (HC 211.823- SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 22/3/2012.)
ELEMENTO SUBJETIVO –
Como os crimes previstos na Lei 10.826/03 não se encaixam em nenhuma hipótese do art. 109, IX da
CF/88, são de competência a Justiça Comum. Somente quando ocorrer o crime de tráfico
internacional (Art. 18), será de competência será da Justiça Federal, uma vez que fere interesse
da União Federal, por se tratar de fiscalização sobre a zona alfandegária.
OBJETO MATERIAL –
STJ: O porte de arma branca é conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais –
Como cediço, em relação às armas de fogo, o art. 19 da Lei de Contravenção Penal foi tacitamente revogado
pelo art. 10 da Lei n. 9.437/1997, que, por sua vez, também foi revogado pela Lei n. 10.826/2003. Assim, o
porte ilegal de arma de fogo caracteriza, atualmente, infração aos arts. 14 ou 16 do Estatuto do
Desarmamento, conforme seja a arma permitida ou proibida. Entrementes, permaneceu vigente o referido
dispositivo do Decreto-lei n. 3.688/1941 quanto ao porte de outros artefatos letais, como as armas brancas.
Desse modo, a jurisprudência do STJ é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de porte de
arma branca como contravenção prevista no art. 19 do Decreto-lei n. 3.688/1941, não havendo que se falar em
violação ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade. (HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 03/03/2020, DJe 23/03/2020)
O porte ostensivo de arma branca, em local público, configura contravenção penal, conforme o
artigo 19 do Decreto-Lei nº 3.688/41. Assim, aquele que porta arma branca em local público, de forma
ostensiva, para ataque ou defesa pessoal, deve sim responder pela contravenção. Nesse sentido, STJ.
Vejamos:
Dispositivo da Lei das Contravenções Penais sobre porte de arma branca será analisado
pelo STF – As implicações legais do porte de arma branca sem autorização serão discutidas pelo
Supremo Tribunal Federal (STF). Por maioria, o Plenário Virtual acompanhou a manifestação do
relator, ministro Edson Fachin, reconhecendo a repercussão geral do Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE) 901623, no qual se questiona a tipicidade da conduta dada a ausência de
regulamentação exigida no artigo 19 da Lei das Contravenções Penais (LCP, Decreto-Lei
3.688/1941).
O artigo 19 da LCP estabelece como contravenção trazer consigo arma fora de casa, sem licença da
autoridade, sob pena de prisão simples ou multa, ou ambas cumulativamente. Para o ministro Fachin,
a discussão no ARE baseia-se na incompletude do tipo penal sobre o qual se fundou a
condenação do recorrente, em possível afronta o princípio da legalidade penal (artigo 5º,
inciso XXXIX, da Constituição Federal), segundo o qual não há crime sem lei anterior que o
defina nem pena sem prévia cominação legal.
No caso concreto, um homem foi condenado ao pagamento de 15 dias-multa pelo porte de uma faca de
cozinha, com recurso negado pela Turma Criminal do Colégio Recursal de Marília (SP). O colegiado
entendeu que o artigo 19 da LCP está em plena vigência e não foi revogado pelo Estatuto do
Desarmamento (Lei 10.826/2003), que trata apenas de armas de fogo.
Ao submeter a questão aos demais ministros, o ministro Fachin argumentou que o tema merece status
de repercussão geral por tratar de garantia constitucional de relevância social e jurídica que
transcende os limites da causa, “explicitando a necessidade de se exigir clareza dos tipos penais, um
dos corolários do princípio da legalidade penal”. O entendimento do relator foi seguido, por maioria, em
deliberação no Plenário Virtual da Corte.( Segunda-feira, 02 de novembro de 2015)
ARMA QUEBRADA –
Arma de Fogo quebrada – Informativo 570 do STJ – A utilização de arma de fogo sem
potencialidade para realização de disparo serve unicamente como meio de intimidação e caracterização
da elementar grave ameaça, porém não se admite a sua utilização para o reconhecimento da causa de
aumento de pena. Comprovado por meio de perícia que a arma era inapta para efetuar disparos, deve ser
afastada a causa do aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal (STJ, HC 234893/MT,
Relª Minª Marilza Maynard, Des.ªconvocada do TJ/SE, 5ª T., DJe 17/6/2013)
“Demonstrada por laudo pericial a total ineficácia da arma de fogo e das munições
apreendidas, deve ser reconhecida a atipicidade da conduta do agente que detinha a posse do
referido artefato e das aludidas munições de uso proibido, sem autorização e em desacordo
com a determinação legal/regulamentar. (EREsp 1.005.300-RS, DJe 19/12/2013).
Nessa ordem de ideias, a Quinta Turma do STJ (AgRg no AREsp 397.473-DF, DJe 25/08/2014), ao
enfrentar situação fática similar - porte de arma de fogo periciada e totalmente ineficiente -
asseverou que o objeto apreendido não se enquadrava no conceito técnico de arma de fogo,
razão pela qual considerou descaracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo. (...) Desse
modo, conclui-se que arma de fogo pressupõe artefato destinado e capaz de ferir ou matar, de maneira
que deve ser reconhecida a atipicidade da conduta de possuir munições deflagradas e percutidas, bem
como arma de fogo inapta a disparar, ante a ausência de potencialidade lesiva, tratando-se de crime
impossível pela ineficácia absoluta do meio. REsp 1.451.397-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 15/9/2015, DJe 1º/10/2015.
POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (ART. 12)
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência
desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
Táxi ou caminhão –
1. (...)
3. No mais, melhor sorte não assiste ao agravante, visto que não é possível desclassificar o crime de
porte ilegal para o delito definido no artigo 12 do Estatuto do Desarmamento, conforme pretende a
Defesa.
4. Dispõe o art. 12 da Lei n. 10.826/03 que somente caracteriza o delito de posse quando o artefato se
encontrar "no interior da residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde
que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa".
5. Ora, conquanto o recorrente seja motorista de táxi e o utilize para sua atividade
laboral, este não pode ser considerado como a extensão do local de trabalho.
6. A adoção de tal entendimento ocasionaria a indevida ampliação do art. 12 do Estatuto do
Desarmamento, permitindo a qualquer profissional o livre transporte de arma de fogo em diversos
locais, sob o argumento de que o veículo conduzido consistiria em extensão do local de trabalho. (STJ,
SEXTA TURMA; Julgado em 20.05.2013; Relator Ministro OG FERNANDES)
STJ – O veículo utilizado profissionalmente não pode ser considerado local de trabalho
para tipificar a conduta como posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei n.
10.826/2003). (....)
O Min. Relator registrou que a expressão local de trabalho contida no art. 12 indica um
lugar determinado, não móvel, conhecido, sem alteração de endereço. Dessa forma, a
referida expressão não pode abranger todo e qualquer espaço por onde o caminhão
transitar, pois tal circunstância está sim no âmbito da conduta prevista como porte de
arma de fogo. Precedente citado: HC 116.052-MG, DJe 9/12/2008. REsp 1.219.901-MG, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2012.
✓ Sujeito ativo –
▪ Comum –
▪ Próprio –
✓ Pena –
JURISPRUDÊNCIA –
STF – Assim, o STF decidiu que a tipicidade material pode ser afastada na posse de munição se, no caso
concreto, a conduta não se revela perigosa, como no caso da posse, na própria residência do agente, de um
projétil desacompanhado de arma de fogo. (...)
“Não é possível vislumbrar, nas circunstâncias, situação que exponha o corpo social a perigo, uma vez
que a única munição apreendida, guardada na residência do acusado e desacompanhada de arma de fogo,
por si só, é incapaz de provocar qualquer lesão à incolumidade pública” (RHC 143.449/MS, j. 26/09/2017).
STF – “Não há, portanto, óbice à aplicação do princípio da insignificância na espécie, sendo, de rigor, seu
reconhecimento”, concluiu o relator ao votar pela concessão do habeas corpus para reconhecer a
atipicidade da conduta imputada ao réu.(HC 154390; Terça-feira, 17 de abril de 2018)
STJ - Posse e porte ilegal de armas de fogo e munições de uso permitido. Ausência de
certificado federal. Delegado de Polícia Civil. Irrelevância. Conduta Típica.
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir
arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que
impõem registro das armas no órgão competente.
Afasta-se, ainda, a alegação de que a condição de Delegado de Polícia autorizaria a posse e o porte das
armas, pois essa autorização deve ser complementada com a necessidade do cumprimento das
formalidades legais previstas na Lei n. 10.826/2003. Por fim, não é possível a aplicação, à hipótese
concreta, do princípio da adequação social, formulado por Hans Welzel, vetor geral de hermenêutica,
segundo o qual, dada a natureza subsidiária e fragmentária do direito penal, não se pode reputar como
criminosa uma ação ou omissão aceita ou tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a
um tipo legal incriminador. (RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, julgado
em 7/2/2017, DJe 16/2/2017.)
STJ – Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da lei nº 10.826/2003) a
conduta do agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de
uso permitido com registro vencido. (...) Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do
prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A
conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal.
(STJ. 5ªTurma. HC 294.078/SP, Rei. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/08/2014.)
STF – “Habeas corpus. Penal. Crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art.
12 da Lei nº 10.826/03). Atipicidade da conduta. Pretendido reconhecimento da existência de mera
infração administrativa. (...) Arma de fogo. Registro vencido. Apreensão no domicílio do paciente. Agente
que, em tese, possuía arma de fogo em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Caso que se
reveste de peculiaridades que tornam atípica a conduta do paciente (...) Dolo ausente. Não conhecimento
da impetração. Concessão da ordem, de ofício, para determinar o trancamento da ação penal. 05/2016 -
(HC 133468 / MG - 24)
Caracteriza ilícito penal a porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) ou de arma de
fogo de uso restrito (art. 16 da Lei n. 10. 826/2003) com registro de cautela vencido. (Informativo N.
671 do STJ)
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu, no julgamento da Ação Penal n. 686/AP, que,
uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não caracteriza ilícito penal, mas
mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa (APn n.
686/AP, relator Ministro João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015). Tal
entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido
(art. 12 da Lei n. 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art.
14 da Lei n. 10.826/2003), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
(art. 16 da Lei n. 10.826/2003), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais
intensa. (AgRg no AREsp 885.281-ES, 05 de Junho de 2020)
2. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça aponta que os crimes previstos nos arts. 12, art.
14 e art. 16 da Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, não se exigindo comprovação da
potencialidade lesiva do armamento, prescindindo, portanto, de exame pericial, porquanto o
objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a paz social,
colocadas em risco com o porte ou posse de munição, ainda que desacompanhada de arma de fogo. (STJ.
AgRg no HC n. 733.282/SC, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 21/6/2022, DJe
de 29/6/2022.)
O crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 12 da Lei n.
10.826/2003) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva situação de perigo, porquanto
o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a paz social. (STJ. AgRg
no HC n. 733.282/SC, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de
29/6/2022.)
STJ – PRINCÍPIO DA INSGNIFICÂNCIA –
Os crimes previstos nos arts. 12, art. 14 e art. 16 da Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, não se
exigindo comprovação da potencialidade lesiva do armamento, prescindindo, portanto, de exame pericial.
Além disso, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a paz social,
colocadas em risco com o porte ou posse de munição, ainda que desacompanhada de arma de fogo. Por
esses motivos, via de regra, é inaplicável o princípio da insignificância aos crimes de posse e
de porte de arma de fogo ou munição.
2. Por se tratar de crime de perigo abstrato ou de mera conduta, o porte ilegal de munições, ainda que
desacompanhadas de arma de fogo, é conduta materialmente típica, conforme a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça.
(STJ. AgRg no HC n. 717.770/RS, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quinta Turma, julgado em
7/6/2022, DJe de 10/6/2022.)
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
seja de sua propriedade:
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Núcleos do tipo – Deixar de observar – Conduta omissiva – Trata-se de um crime omissivo próprio ou
puro.
✓ Sujeito ativo – Crime próprio, uma vez que só poderá ser praticado por quem tem a posse ou
propriedade da arma de fogo.
✓ Sujeito passivo –
▪ Coletividade – Sociedade –
▪ Menor de 18 (dezoito) anos – Criança ou adolescente.
▪ Pessoa portadora de deficiência mental – Pessoa de qualquer idade.
▪ Desnecessidade de qualquer vínculo – Não há necessidade de qualquer vínculo entre a
vítima e possuidor ou proprietário da arma de fogo.
✓ Pessoa inexperiente (maior de idade e imputável) –
Art. 19. (...) § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de
duzentos mil réis a um conto de réis, quem, possuindo arma ou munição:
Art. 19. (...) § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de
duzentos mil réis a um conto de réis, quem, possuindo arma ou munição:
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha
consigo;
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado, menor de
18 anos ou pessoa inexperiente em manejá-la.
✓ Objeto Jurídico Protegido – Segurança e a paz públicas, bem como vida e a integridade física do
menor de 18 anos, do deficiente físico, bem como de terceiros. Trata-se de um crime pluriofensivo.
✓ Consumação – Crime material, que se consuma no momento do se apoderamento de arma de fogo pelo
sujeito passivo.
Art. 16 (...)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo
a criança ou adolescente; e
✓ Resultado mais grave – Se, porventura, o menor causar dano mais grave, como um homicídio contra
terceiros ou atirar contra si próprio, o possuidor ou proprietário da arma de fogo responderá por
homicídio culposo, afastando a figura do art. 13, caput, sob pena de admitir que uma mesma conduta seja
valorada duas vezes para punir o agente.
Art. 13, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de
empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de
ocorrido o fato.
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Núcleos do tipo –
✓ Objeto material –
✓ Objeto Jurídico Protegido – O bem jurídico protegido é a incolumidade pública, bem como a
veracidade do cadastro de arma de fogo perante ao Sinarm.
✓ Consumação –
✓ Crime a prazo –
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Núcleos do tipo – Crime multinuclear, plurinuclear, tipo penal misto alternativo, tipo penal de
condutas variadas.
ANTIGO ENTENDIMENTO – “Comprovado nos autos, pelos laudos de apreensão, que as armas do
paciente (uma delas utilizada no crime) estavam enterradas no jardim de sua casa, não há como se
pretender a desclassificação para o delito de posse de arma (art. 12 da Lei 10.826/03), porquanto a
conduta do paciente subsume-se ao tipo descrito no art. 14 da referida lei (porte ilegal de arma de uso
permitido, na modalidade de ocultação) (HABEAS CORPUS Nº 72.035 - MS; 09 de outubro de 2007)
Porte de arma de fogo sem munição – Informativo 699 do STF e 493 do STJ –
É pacífico na jurisprudência do STF e do STJ que o porte de arma de fogo mesmo sem munição é crime
tipificado no art. 14 da Lei 10.826/74.
Porte (art. 14) de munição sem arma de fogo – fato típico (STJ)
“Esta Corte Superior de Justiça possui entendimento consolidado no sentido de que, ‘Não há se falar
em atipicidade em virtude da apreensão da munição desacompanhada de arma de fogo,
porquanto a conduta narrada preenche não apenas a tipicidade formal mas também a material, uma vez
que o tipo penal visa à proteção da incolumidade pública, não sendo suficiente a mera proteção à
incolumidade pessoal’” (STJ – AgRg no AREsp 1.318.324/MS, j. 21/08/2018)
Dispensa de Perícia -
(...) A jurisprudência recente desta Corte é pacífica no sentido de que, para a caracterização dos delitos
previstos nos arts. 14 da Lei n. 10.826/2003, por ser de perigo abstrato e de mera conduta, e por colocar
em risco a incolumidade pública, basta a prática dos núcleos "ter em posse" ou "portar" sem a devida
autorização legal, sendo prescindível a realização de perícia (precedentes). (RECURSO ESPECIAL
Nº 664.932 - SC; 15 de dezembro de 2016)
STJ: “É inaplicável o princípio da consunção entre os delitos de receptação e porte ilegal de arma de
fogo, por ser diversa a natureza jurídica desses tipos penais.” (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº
1.621.499 - RS; Brasília, 17 de abril de 2018(Data do Julgamento)
STJ: “Incabível a absorção do crime do art. 180, caput, do Código Penal, pelo de porte ilegal de arma de
fogo (art. 14 da Lei n.10.826/2003), mediante aplicação do princípio da consunção, notadamente pela
ocorrência de condutas distintas. (HC Nº 434.521 - RS; Julgamento. 05 de abril de 2018)
STJ - “Há precedentes desta Corte no sentido de que a apreensão de mais de uma arma, munição,
acessório ou explosivo com o mesmo agente não caracteriza concurso de crimes, mas delito único, pois há
apenas uma lesão ao bem jurídico tutelado”. (...)
“O STJ firmou entendimento de que é possível a unicidade de crimes, quando, no porte ilegal, há
pluralidade de armas, equacionando-se a reprimenda na fixação da pena-base. Na espécie, contudo, a
pretensão não se justifica, dado se buscar o reconhecimento de crime único diante de imputações
distintas: arts. 14 e 16, pár. único, da Lei 10.8.26/03 (AgRg no AgRg no REsp 1.547.489/MG, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, Julgado em 28/06/2016, DJe 03/08/2016)
Posse ou porte simultâneo de armas e munições de fogo de uso permitido e restrito no mesmo
contexto fático –
Consoante a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a conduta de possuir arma de fogo e
munições de uso permitido e de uso restrito, ainda que aprendidas num mesmo contexto fático, não
configura crime único, na medida em que, por se tratar de crimes distintos, atingem bens
jurídicos diversos.
STJ – (...) a conduta praticada pelo agravante se amolda a tipos penais diversos, atingindo distintos bens
jurídicos, o que inviabiliza o reconhecimento de crime único e o afastamento do concurso.
Tem-se reconhecido a existência de crime único quando são apreendidos, no mesmo contexto fático, mais
de uma arma ou munição, tendo em vista a ocorrência de uma única lesão ao bem jurídico protegido.
Sucede que referido entendimento não pode ser aplicado no caso dos autos, porquanto a conduta
praticada pelo réu se amolda a tipos penais diversos, sendo que um deles, o do artigo 16, além da paz e
segurança públicas também protege a seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas, razão pela
qual é inviável o reconhecimento de crime único e o afastamento do concurso material (HC n. 211.834/SP,
Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 18/9/2013).
STJ – Os tipos penais dos arts. 12, 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento tutelam bens jurídicos
distintos, o que torna inviável o reconhecimento do crime único quando o agente é denunciado e
condenado por infração a mais de um dispositivo legal. Precedentes. (AgRg no REsp 1497670/GO, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 30/03/2017, DJe 07/04/2017). 2.
Agravo regimental improvido." (AgRg no REsp 1664095/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 02/05/2018)
Princípio da Insignificância –
A 2ª Turma denegou habeas corpus no qual se requeria a absolvição do paciente — condenado pelo porte
de munição destinada a revólver de uso permitido, sem autorização legal ou regulamentar (Lei
10.826/2003, art. 14) — sob o argumento de ausência de lesividade da conduta. Inicialmente, não se
conheceu do writ quanto à alegada atipicidade em razão de abolitio criminis temporária, pois não
veiculada no STJ. No que concerne ao pedido alternativo de absolvição do paciente, enfatizou-
se que a objetividade jurídica da norma penal em comento transcenderia a mera proteção da
incolumidade pessoal para alcançar, também, a tutela da liberdade individual e do corpo
social como um todo, asseguradas ambas pelo incremento dos níveis de segurança coletiva
que a lei propiciaria. Por fim, firmou-se ser irrelevante cogitar-se da lesividade da conduta de
portar apenas munição, porque a hipótese seria de crime de perigo abstrato, para cuja
caracterização não importaria o resultado concreto da ação.
Superior Tribunal de Justiça – “A teor dos precedentes desta Corte, o porte ilegal de munição, ainda
que não associado a arma de fogo de calibre compatível, é lesivo à segurança pública e compromete a paz
social. (...) 2. A sentença descreve a apreensão em poder do acusado de seis munições de uso
permitido, em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, o que é suficiente para caracterizar
a tipicidade material da conduta, pois a natureza dos projéteis não estava descaracterizada mediante
utilização em obra de arte, para confecção de chaveiro etc.” (AgRg no REsp 1.621.389/RS, DJe 01/08/2017)
O crime de porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 14 da Lei n.
10.826/2003) é de perigo abstrato e de mera conduta, bastando para sua caracterização a prática de
um dos núcleos do tipo penal, sendo desnecessária a realização de perícia.
3. A conclusão das instâncias ordinárias se coaduna com a jurisprudência deste Superior Tribunal de
Justiça, no sentido de que o crime previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é de perigo abstrato,
sendo desnecessário perquirir sobre a lesividade concreta da conduta, porquanto o objeto
jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública e a paz social,
revelando-se despicienda a comprovação do potencial ofensivo do artefato através de laudo
pericial. (STJ. HC n. 738.632/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 7/6/2022,
DJe de 14/6/2022.)
No caso, a perícia constatou que a arma era eficiente para realizar disparos, sendo descabido,
portanto, falar em reconhecimento da ausência de potencialidade ofensiva do artefato e, por
consectário, em absolvição do réu quanto à prática do delito previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003. Não
cabe na estreita via do mandamus alterar o entendimento da Corte de origem sobre a potencialidade
lesiva do armamento e nem perquirir sobre sua aptidão para atingir e matar pessoas. (STJ. HC n.
738.632/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 7/6/2022, DJe de 14/6/2022.)
O art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é norma penal em branco, que exige complementação por meio
de ato regulador, com vistas a fornecer parâmetros e critérios legais para a penalização das
condutas ali descritas.
O postulante busca a absolvição, uma vez que a Lei n. 13.870/2019, para fins de certificado de registro de
arma de fogo e em relação aos residentes em área rural, passou a considerar como residência ou domicílio
toda a extensão do respectivo imóvel.
Entretanto, consoante a moldura fática do aresto estadual, o réu foi abordado com arma de fogo na área
da fazenda de seu sogro. O Tribunal não delineou que o acusado residia no local, nem que o possuía em
comodato. Assim, não pode a defesa, por vias transversas, em inovação recursal, pretender novo
acertamento de fatos. Súmula n. 7 do STJ.
O agravante foi condenado pela posse e guarda irregular de inúmeras armas e munições de uso restrito.
Com as alterações posteriores à lei penal, trazidas pelo Decreto n° 9.847/2019 (que Regulamenta a Lei nº
10.826/2003, com redação alterada pelo Decreto n° 9.981/2019), juntamente com a Portaria do Comando
do Exército n° 1.222/2019, os artefatos passaram a ser classificados como de uso permitido, o que impõe a
recapitulação da conduta para o crime do art. 14 da Lei n. 10.826/2003.
A norma penal em branco retroagirá se for mais benéfica ao réu e se sua complementação não
contiver essência de norma excepcional ou temporária, pois, nessa situação, existe alteração
do próprio tipo penal abstrato e transmuda-se a reprovabilidade produzida anteriormente
pela sua infringência.
Agravo regimental parcialmente provido, para desclassificar a conduta do réu para o crime do art. 14 da
Lei n. 10.826/2003 e redimensionar a sua pena, nos termos do voto.
(STJ. AgRg nos EDcl nos EDcl no AREsp n. 1.570.783/SP, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, julgado em 24/8/2021, DJe de 30/8/2021.)
A posse (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) ou o porte (art. 14) de arma de fogo configura crime mesmo que ela
esteja desmuniciada.
Da mesma forma, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura
crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não importa
o resultado concreto da ação.
STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844).
STJ. 5ª Turma. HC 467.148/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/10/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 441.752/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/06/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg-AREsp 1.367.442/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/11/2018.
É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição desacompanhada de arma.
(...) 1. A análise dos documentos pelos quais se instrui pedido e dos demais argumentos articulados na
inicial demonstra a presença dos requisitos essenciais à incidência do princípio da insignificância e a
excepcionalidade do caso a justificar a flexibilização da jurisprudência deste Supremo Tribunal segundo a
qual o delito de porte de munição de uso restrito, tipificado no art. 16 da Lei n. 10.826/2003, é crime de
mera conduta.
2. A conduta do Paciente não resultou em dano ou perigo concreto relevante para a sociedade, de modo a
lesionar ou colocar em perigo bem jurídico na intensidade reclamada pelo princípio da ofensividade. (...)
Supremo Tribunal Federal – “O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera
conduta e de perigo abstrato, ou seja, consuma-se independentemente da ocorrência de efetivo
prejuízo para a sociedade, e a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal.
Além disso, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social,
sendo irrelevante o fato de estar a arma de fogo municiada ou não.” (HC 104.206/RS, 1.ª Turma, Rel. Min.
Cármen Lúcia)
Inicialmente, convém destacar que a Terceira Seção do STJ pacificou entendimento no sentido de que o
tipo penal de posse ou porte ilegal de arma de fogo é delito de mera conduta ou de perigo abstrato, sendo
irrelevante a demonstração de seu efetivo caráter ofensivo e, assim, desnecessária a
realização de laudo pericial para atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo ou da
munição apreendida.
O parágrafo único do art. 14 vedou a concessão de liberdade provisória com fiança. No entanto, o STF, por
meio da ADIn 3.112, declarou inconstitucional esse dispositivo. O argumento usado pelo STF foi que a
vedação fere o princípio da razoabilidade, não podendo ser equiparados aos crimes de tráfico, terrorismo,
tortura e aos Hediondos.
"A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de 'porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido' e de 'disparo de arma de fogo', mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta,
que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade". (ADI
3112, DJe-131 25-10-2007)
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Núcleo do tipo –
✓ Local do crime –
✓ Elemento Subjetivo –
✓ Crime subsidiário –
✓ Crime de perigo abstrato – Dispensa a comprovação de que a coletividade foi exposta ao perigo em
razão dos disparos. Vale destacar que quando o legislador exige a comprovação da exposição ao perigo, ele
o faz de forma expressa, citando, por exemplo, a expressão “expondo a perigo”, “causando perigo de
dano...”. Nesse sentido, STJ.
“(...). É assente na jurisprudência desta Corte Superior que o crime de disparo de arma de fogo é de
perigo abstrato, ou seja, não exige a demonstração de lesão ao bem jurídico protegido.” STJ - AgRg no
AREsp 1077607 MA 2017/0078433-4 (STJ); Data de publicação: 30/06/2017.
Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de
portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade
pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.
1. A Terceira Seção deste Tribunal Superior possui entendimento pacífico de que o tipo penal de posse ou
porte ilegal de arma de fogo cuida de delito de perigo abstrato, sendo irrelevante a demonstração de seu
efetivo caráter ofensivo.
2. In casu, contudo, como ficou demonstrada, por laudo pericial, a total ineficácia da arma de fogo
(inapta a disparar), deve ser reconhecida a atipicidade da conduta perpetrada, diante da caracterização
de crime impossível dada a absoluta ineficácia do meio.
(STJ. AgRg no REsp n. 1.394.230/SE, relator Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado
em 23/10/2018, DJe de 9/11/2018.)
O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que
presume a ocorrência de dano à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de
comprovação da lesividade ao bem jurídico tutelado.
3. O delito previsto no art. 15 da Lei n. 10.826/2003 é crime de perigo abstrato que presume dano à
segurança pública, sendo desnecessária a comprovação da lesividade ao bem jurídico tutelado, ou seja, a
existência, ou não, de pessoas nos locais habitados ou em suas adjacências ou em via pública
é irrelevante para a configuração do crime. Assim, os disparos efetuados em direção a
estabelecimento comercial onde estavam cerca de 20 (vinte) pessoas não é circunstância ínsita ao tipo
penal, não havendo qualquer ilegalidade na incidência da agravante do artigo 61, inciso II, alínea "d", do
CP, uma vez que gerou perigo comum de forma concreta. (STJ. AgRg no REsp n. 1.991.582/MG, relator
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 19/4/2022, DJe de 25/4/2022.)
O parágrafo único do art. 14 vedou a concessão de liberdade provisória com fiança. No entanto, o STF, por
meio da ADIn 3.112, declarou inconstitucional esse dispositivo. O argumento usado pelo STF foi que a
vedação fere o princípio da razoabilidade, não podendo ser equiparados aos crimes de tráfico, terrorismo,
tortura e aos Hediondos.
"A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de 'porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido' e de 'disparo de arma de fogo', mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta,
que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade". (ADI
3112, DJe-131 25-10-2007)
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Núcleo do tipo –
✓ Objeto Material –
✓ Elemento Subjetivo –
✓ Crime de perigo abstrato – O porte de munição de arma de fogo de uso restrito constitui crime de
perigo abstrato, portanto, irrelevante a presença da arma de fogo para sua tipificação. (STF - RHC:
118304 ES, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 17/12/2013)
✓ Pacote anticrime e natureza hedionda – Artigo 1º, parágrafo único, inciso II da Lei dos
Crimes Hediondos e Art. 16 do Estatuto do Desarmamento –
Artigo 1º, parágrafo único, inciso II da Artigo 16
Lei dos Crimes Hediondos Estatuto do Desarmamento
Consideram-se também hediondos, tentados ou Art. 16. Possuir, deter, portar, (...) ocultar arma de
consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem
2019) autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
(...) 2019)
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Pena –
✓ Objeto Material –
✓ Elemento Subjetivo –
✓ Pacote anticrime e natureza hedionda – Artigo 1º, parágrafo único, inciso II da Lei dos Crimes
Hediondos e Art. 16 do Estatuto do Desarmamento –
A conduta de possuir, portar, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo, seja de uso permitido,
restrito ou proibido, com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado, implica a condenação pelo crime estabelecido no art. 16, parágrafo único,
IV, do Estatuto do Desarmamento.
1. A jurisprudência desta Corte Superior havia se firmado no sentido de que a Lei de Crimes Hediondos
não traz qualquer limitação quanto a sua aplicação tão somente ao caput do art. 16, da Lei nº
10.826/2003, ou seja, quando a arma, acessório ou munição for de uso proibido ou restrito, concluindo-se
assim que as condutas previstas no parágrafo único, vigente à época dos fatos, devem ser igualmente
taxadas de hediondas.
3. Firmou-se, assim, o entendimento de que deve ser considerado equiparado a hediondo apenas o crime
de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n. 10.826/2003,
afastando-se o caráter hediondo do delito de porte ou posse de arma de fogo de uso permitido com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.
4. Agravo regimental provido para determinar que seja afastado o caráter hediondo do delito previsto art.
16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003, determinando-se a realização de novo cálculo das penas do
agravante.
(STJ. AgRg no HC n. 625.762/SP, relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 9/2/2021, DJe
de 18/2/2021.)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
A conduta de portar uma granada de gás lacrimogêneo e outra de gás de pimenta não se subsome ao
delito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei n. 10.826/03. (REsp 1.627.028-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 21/2/2017, DJe 3/3/2017.) (...)
Pode-se entender que um explosivo é, em sentido amplo, um material extremamente instável, que
pode se decompor rapidamente, formando produtos estáveis. Esse processo é
denominado de explosão e é acompanhado por uma intensa liberação de energia, que pode ser feita sob
diversas formas e gera uma considerável destruição decorrente da liberação dessa energia. No entanto,
não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete e
nem disperse fragmentos perigosos como metal, vidro ou plástico quebradiço, não possuindo,
portanto, considerável potencial de destruição. No caso, embora a perícia indique eficácia e
potencial lesivo, constata-se que no artefato, mesmo que ativado por explosivo, a explosão decorrente da
sua decomposição não é capaz de gerar destruição resultante da liberação de energia, apenas o incômodo
gerado pelo gás toxico. A norma em comento, por sua vez, busca tutelar a incolumidade pública não de
forma absoluta, mas apenas no que se refere ao uso de artefatos explosivos ou incendiários. Assim, para
a adequação típica do delito em questão, exige-se que o objeto material do delito, qual seja, o
artefato explosivo, seja capaz de gerar alguma destruição, não podendo ser tipificado neste
crime a posse de granada de gás lacrimogêneo/pimenta, embora não fique impedido o
enquadramento desta conduta em outra figura típica. (Informativo n. 599)
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca
ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
Jurisprudência sobre o tema -
(...) Havendo indícios de que o número de série da arma de fogo apreendida se encontrava
parcialmente ilegível em razão do adiantado estado de oxidação do artefato, impõe-se a
desclassificação para o delito previsto no art. 12 da Lei 10.826/03. (...) (TJ-MG - APR:
10701120135689001 MG, Relator: Agostinho Gomes de Azevedo, Data de Julgamento: 28/05/2015,
Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 03/06/2015)
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
ECA – Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou
adolescente arma, munição ou explosivo:
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
✓ Pena –
✓ Objeto Material –
✓ Elemento Subjetivo –
✓ Pacote anticrime e natureza hedionda – Artigo 1º, parágrafo único, inciso II da Lei dos Crimes
Hediondos e Art. 16 do Estatuto do Desarmamento –
COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME –
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de
armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores.
✓ Núcleo do tipo –
✓ Objeto Material –
✓ Elemento Subjetivo –
✓ Pacote anticrime e natureza hedionda – Artigo 1º, parágrafo único, inciso II da Lei dos
Crimes Hediondos e Art. 16 do Estatuto do Desarmamento –
✓ Pena –
O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17 da Lei n. 10.826/2003) é
delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, bastando para sua caracterização a prática de
um dos núcleos do tipo penal, sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao
bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública.
1. A prisão preventiva é compatível com a presunção de não culpabilidade do acusado desde que não assuma
natureza de antecipação da pena e não decorra, automaticamente, da natureza abstrata do crime ou do ato
processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além disso, a decisão judicial deve apoiar-se em motivos e
fundamentos concretos, relativos a fatos novos ou contemporâneos, dos quais se possa extrair o perigo que a
liberdade plena do investigado ou réu representa para os meios ou os fins do processo penal (arts. 312 e 315
do CPP).
2. O decreto prisional que se apoia em elementos obtidos a partir da apreensão do telefone celular do autuado
pela autoridade policial, sem autorização judicial prévia - os quais são reconhecidamente contaminados pela
forma ilícita de sua colheita -, é ilegítimo. Os únicos elementos informativos que remetem à peculiaridade do
caso em testilha são os dados alcançados pela perícia realizada no aparelho celular, eivados de nulidade.
4. A motivação genérica e abstrata - amparada por "um forte sentimento de impunidade e de insegurança" ou
por elementos inerentes aos tipos penais, apartados da concretude do caso - não é bastante para embasar
idoneamente a cautela pessoal mais extremada.
(AgRg no HC n. 556.943/PR, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 30/6/2020, DJe
de 4/8/2020.)
O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art. 17, caput e
parágrafo único, da Lei de Armas, nunca foi abrangido pela abolitio criminis temporária prevista
nos arts. 5º, § 3º, e 30 da Lei de Armas ou nos diplomas legais que prorrogaram os prazos previstos
nos referidos dispositivos.
1. Este Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência uniforme no sentido de que é possível que o
magistrado, na busca da verdade real, ordene a produção de provas necessárias para a formação do seu
livre convencimento, sem que tal procedimento implique em ilegalidade.
2. É legítima a abertura de vista ao Ministério Público quando a defesa argúi questão preliminar nas
alegações finais em homenagem ao princípio do contraditório, inexistindo nulidade sobretudo se o
parquet não aventa questão nova. 3. Se o Tribunal a quo, soberano no exame das provas, decidiu que as
interceptações telefônicas foram devidamente autorizadas, que não havia outra forma de apurar a
autoria do delito em face das circunstâncias do caso e da prática do ilícito às ocultas e que as mídias
foram disponibilizadas às partes em cartório, não cabe a esta Corte, que não constitui instância revisora,
alterar os pressupostos fáticos tomados no julgamento da causa para acolher alegações em sentido
contrário. (Súmula 7/STJ) 4.
5. Se a sentença não restou embasada exclusivamente nas interceptações telefônicas, nem foram
consideradas as conversas oriundas do celular estranho, eventual afastamento de prova reputada como
ilegal seria inócuo porque não teria o condão, por si só, de ilidir a condenação.
6. Esta Corte tem jurisprudência uniforme no sentido de que o crime de comércio ilegal de arma de fogo e
munição é delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, sendo prescindível a realização de laudo
pericial para atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo, acessório ou munição porque a prática de
quaisquer das condutas previstas na norma já importam em violação do bem juridicamente tutelado, que
é a incolumidade pública.
7. O delito de comércio ilegal de armas, tipificado no art. 17, caput e parágrafo único, da Lei n.
10.826/2003, nunca foi abrangido pela abolitio criminis temporária.
8. Decidido pelas instâncias ordinárias que "Do contexto-fático probatório apresentado, verifica-se que o
apelante possuía arma de fogo de uso permitido, munições de uso permitido e restrito não deflagradas,
outras percutidas, diversos apetrechos para o recarregamento dos projéteis, inclusive prensa específica
para tal desiderato, tudo em virtude e com vistas ao comércio ilícito de artefatos bélicos" e que "No caso,
como visto alhures, a apreensão de maquinário para recarga de cartuchos, a negociação de armas de fogo
e de munições por intermédio do aparelho celular e os depoimentos dos agentes públicos e testemunhas
demonstram que, em paralelo com o comércio de equipamentos hospitalares, o apelante realizava a
negociação de artefatos bélicos", maiores considerações acerca efetiva demonstração do exercício de
atividade comercial, habitualidade, reiteração e finalidade de lucro implicariam reexame de prova,
inviável em sede de recurso especial.
9. Considerando que o réu praticou mais de uma das condutas típicas previstas no artigo 17 da Lei de
Armas e detinha elevado número de munições, resta suficientemente motivada a fixação da pena-base
um pouco acima do mínimo legal.
10. Estando incontroverso nos autos que o réu mantinha em depósito, no exercício da atividade comercial
ilícita, munição de uso restrito, resta configurado o delito de comércio ilegal de munição tipificado no
artigo 17 da Lei nº 10.826/03 com a agravante do artigo 19 da mesma lei até porque, se tais munições de
uso restrito apreendidas não se destinavam ao comércio ilegal, como alega a defesa, a hipótese legal
aplicável seria a de concurso material do delito do artigo 17 com o do artigo 16 do Estatuto do
Desarmamento, mais prejudicial ao recorrente.
(STJ. AgRg no REsp n. 1.692.637/SC, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma,
julgado em 8/5/2018, DJe de 16/5/2018.)
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Conceito –
“De todo o exposto, à luz das normas contidas na Lei 13.964/2019, pode-se esboçar a definição de agente
disfarçado como aquele que, ocultando sua real identidade, posiciona-se com aparência de um cidadão
comum (não chega a infiltrar-se no grupo criminoso) e, partir disso, coleta elementos que indiquem a
conduta criminosa preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em estudo não se insere no seio
do ambiente criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva do autor dos fatos.”
(Renee do Ó Souza, Rogério Sanches Cunha e Caroline de Assis e Silva Holmes Lins; disponível em:
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-
lei-13-9642019/)
“Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas em grau
suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância objeto da
investigação proporcionada pelo disfarce. Há, portanto, uma relação utilitarista-consequencial entres
esses elementos típicos. A investigação realizada pelo agente disfarçado, em razão da qualificada
apreensão de informações proporcionada pelo disfarce, colhe elementos probatórios razoáveis acerca da
conduta criminosa preexistente. .” (Renee do Ó Souza, Rogério Sanches Cunha e Caroline de Assis e Silva
Holmes Lins; disponível em: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-
agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/)
Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação
praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e
obtenção de informações.
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar
a operação a ser efetuada.
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de
polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando
solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa
autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não
puder ser produzida por outros meios disponíveis.
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos
do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos,
praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance
das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de
armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores.
✓ Núcleo do tipo –
✓ Objeto Material –
✓ Elemento Subjetivo –
✓ Pacote anticrime e natureza hedionda – Artigo 1º, parágrafo único, inciso II da Lei dos Crimes
Hediondos e Art. 16 do Estatuto do Desarmamento –
✓ Pena –
A 1ª Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se pretendia a aplicação do princípio da
insignificância para trancar ação penal instaurada contra o paciente, pela suposta prática do crime de
tráfico internacional de munição (Lei 10.826/2003, art. 18). HC 97.777/MS, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 26.10.2010. (HC-97777)
O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art. 18 da Lei
n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta e visa a proteger a segurança pública e a paz
social.
1. O conteúdo dos arts. 2º e 315, § 2º, II, do CPP não foram objeto de debate prévio nas instâncias de origem.
Ausente, portanto, o devido prequestionamento nos termos das Súmulas ns. 282 e 356 do STF.
2. Mesmo as matérias de ordem pública devem ser previamente submetidas às instâncias ordinárias para serem
enfrentadas na via especial.
3. Tendo a Corte de origem, à luz dos elementos fático-probatórios dos autos, concluído pela tipicidade da conduta
e pela ausência do erro de proibição, desconstituir tais premissas demandaria o reexame de provas, o que é
vedado na via do recurso especial. Incidência da Súmula n. 7 desta Corte.
4. O crime de tráfico internacional de munição, tipificado no art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou
de mera conduta e visa proteger a segurança pública e paz social. Sendo assim, é irrelevante o fato de a munição
apreendida estar desacompanhada da respectiva arma de fogo (ut, REsp 1392567/PR, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, Quinta Turma, DJe 28/04/2017).
(STJ. AgRg no AREsp n. 1.999.211/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
15/2/2022, DJe de 21/2/2022.)
Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não basta
apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a
internacionalidade da ação.
(STJ. CC 105.933/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 20/05/2010)” (CC 133.823/PR, j. 08/10/2014).
Trata-se, ainda, de tese do STJ (Tese nº 09, edição 108).
É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da autoridade
competente, nos termos do art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal da
arma, em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta.
1. O recurso especial foi assinado por membro do Ministério Público Federal, a quem é assegurada capacidade
postulatória, de modo que não há falar em inexistência do recurso em razão de ter sido protocolado por servidor
da Instituição. O simples protocolo do recurso, seja por meio eletrônico ou não, pode ser realizado por qualquer
pessoa, uma vez que não exige capacidade postulatória.
2. Não há violação ao princípio da colegialidade, porquanto conforme expressa previsão regimental (art. 255, § 4º,
do RISTJ) e reiterada jurisprudência desta Corte Superior, é possível ao relator, mesmo em matéria penal, não
conhecer do recurso, provê-lo ou desprovê-lo, sem que haja ofensa ao princípio da colegialidade. Precedentes.
3. A questão veiculada em recurso especial não envolve a análise do conteúdo fático-probatório, mas sim, a
verificação da ofensa ao art. 18 da Lei n. 10.826/2003, notadamente porque o crime de importação irregular de
munição é crime de perigo abstrato, não dependendo de valoração subjetiva a respeito da quantidade das
munições, não sendo, portanto, o caso de aplicação da Súmula 7/STJ.
4. A alegação de ausência de prequestionamento não merece guarida, pois a matéria foi objeto de exaustivo
debate na instância ordinária.
5. A postulação apresentada é regular, pois a fundamentação recursal, na hipótese dos autos, levando em
consideração o dispositivo legal tido por violado (art. 18 da Lei n. 10.826/2003), guardou pertinência com a
matéria deduzida nas razões recursais, não sendo a hipótese de aplicação do óbice constante na Súmula n. 284 do
STF.
(STJ. AgRg no REsp n. 1.590.338/RS, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 1/9/2016,
DJe de 13/9/2016.)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade
se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin
3.112-1)
Inconstitucional –
"Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18.
Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ex lege, em
face dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos
mandados de prisão pela autoridade judiciária competente". (ADI 3112, DJe-131 25-10-2007)
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal para
o cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e demais
produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão expedidas autorizações de compra de munição
com identificação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento desta
Lei.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data de publicação desta Lei conterão
dispositivo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido pelo
regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6 o.
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao
Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos
órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.886, de 2019)
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas
e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo
de uso restrito.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após
a publicação desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004)
Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade superior a 90 (noventa) dias
poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de
90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o requerente.
Art. 30. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas deverão, sob pena de
responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, solicitar o
seu registro apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da posse, pelos
meios de prova em direito admitidos. (Vide Lei nº 10.884, de 2004) (Vide Lei nº 11.118,
de 2005) (Vide Lei nº 11.191, de 2005)
Art. 30. Os possuidores e proprietários de armas de fogo de fabricação nacional, de uso permitido e
não registradas, deverão solicitar o seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, apresentando nota
fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova em direito
admitidos, ou declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de
proprietário. (Redação dada pela Medida Provisória nº 417, de 2008)
Parágrafo único. Os possuidores e proprietários de armas de fogo de procedência estrangeira, de
uso permitido, fabricadas anteriormente ao ano de 1997, poderão solicitar o seu registro no prazo e
condições estabelecidos no caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 417, de 2008)
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada
deverão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de
documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal
de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou
declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário,
ficando este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes
dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
2008) (Prorrogação de prazo)
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no caput deste artigo, o proprietário de
arma de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório,
expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
A Súmula 513 consolidou na corte superior o entendimento de que, mesmo após a alteração promovida
no Estatuto do Desarmamento por meio da Lei 11.706/2008, permanece válida até 23 de outubro de 2005
a suspensão da vigência da norma incriminadora da conduta de possuir arma de fogo de uso permitido
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado –
edição 102 de Jurisprudência em Teses.
Um dos precedentes que deu origem à súmula foi o recurso especial (REsp 1.311.408) de um homem
condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) por deter irregularmente, até 2006,
uma pistola com o número raspado.
A controvérsia foi julgada sob o rito dos repetitivos (Tema 596). Por unanimidade, a Terceira Seção
negou o pedido de absolvição do réu. O relator, ministro Sebastião Reis Júnior, concluiu que o novo
prazo implementado pela Lei 11.706/2008 – e posteriormente prorrogado pela Lei 11.922/2009 –
para a abolição temporária do crime de posse ilegal de arma de fogo é aplicável somente ao
armamento de uso permitido cuja numeração se encontre preservada.
"O artigo 30 da Lei 10.826/2003, na nova redação, continuou a prever uma abolitio criminis para que se
procedesse à regularização da arma, por meio do seu registro. Contudo, diferentemente da redação
original, mencionou expressamente que a benesse dizia respeito ao proprietário ou possuidor
de arma de fogo de uso permitido", afirmou o relator do repetitivo.
Segundo Sebastião Reis Júnior, o lapso temporal da abolitio criminis para quem detém armamento de
uso restrito, proibido ou com identificação numérica prejudicada encerrou-se em 23 de outubro de 2005,
termo final da prorrogação dos prazos elencados na redação original dos artigos 30 e 32 do Estatuto do
Desarmamento.
Sobre os efeitos da entrega espontânea de arma de fogo, o ministro entendeu que o artigo 32 da Lei
10.826/2003, a partir da redação atual, estabeleceu uma causa permanente de exclusão da punibilidade
no tocante à posse irregular do armamento.
Súmula 513 do STJ - A 'abolitio criminis' temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime
de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.(Súmula 513,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/06/2014, DJe 16/06/2014)
São atípicas as condutas descritas nos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003, praticadas entre 23/12/2003 e
23/10/2005, mas, a partir desta data, até 31/12/2009, somente é atípica a conduta do art. 12, desde que a
arma de fogo seja apta a ser registrada (numeração íntegra).
Vimos nos comentários à tese anterior que o STJ reconhece a abolitio criminis da posse de
arma de fogo de uso permitido ou restrito até 23/10/05. Superada esta data, a abolitio
criminis permaneceu até 31/12/2009 – por força da Lei 11.922/09 – somente para condutas
subsumidas ao art. 12 do Estatuto do Desarmamento, isto é, em benefício dos possuidores de
armas de fogo de uso permitido com numeração intacta, passíveis portanto de registro.
Ressalte-se ainda que não tem nenhuma relevância para a tipificação o fato de o Decreto 5.123/04
estabelecer, no art. 69 (com redação dada pelo Decreto 7.473/11), que se presume a boa-fé dos possuidores
e proprietários de armas de fogo que espontaneamente entregá-las na Polícia Federal ou nos postos de
recolhimento credenciados, nos termos do art. 32 da Lei 10.826/03. Isto porque, além de não se alterarem
os prazos estabelecidos por lei, o dispositivo trata da entrega espontânea, não das situações em que o
agente é surpreendido com o artefato em sua residência:
“3. É atípica a conduta relacionada ao crime de posse de arma de fogo, acessórios e munição,
seja de uso permitido, restrito, proibido ou com numeração raspada, incidindo a chamada
abolitio criminis temporária, se praticada no período compreendido entre 23/12/2003 e
23/10/2005. O respectivo termo final foi prorrogado até 31/12/2008 pela Medida Provisória 417, de
31/1/2008, convertida na Lei 11.706/2008, que deu nova redação aos artigos 30 a 32 da Lei 10.826/2003,
somente para os possuidores de armamentos de uso permitido, não mais albergando o delito
previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento. Na mesma esteira, a Lei 11.922, de 13/4/2009,
prorrogou o prazo previsto no artigo 30 da Lei 10.826/2003 até 31/12/2009 apenas no que toca ao crime de
posse de arma de uso permitido.
4. “[…] o Decreto nº 7.473/2011 não ensejou extensão do prazo de descriminalização quanto ao delito de
posse irregular de arma de fogo de uso permitido, ressaltando a necessidade de entrega espontânea à
autoridade competente para que se presuma a boa-fé do possuidor” (HC n. 262.895/RS, Rel. Min. FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, Dje 3/11/2014).
5. Os termos do Decreto n. 7.473/2011 e a Portaria n. 797/2001, por serem normas de hierarquia inferior
à lei, não podem estender o prazo para a regularização de arma de fogo. Logo, típica a conduta do agente
flagrado com a guarda e posse de arma de fogo com numeração raspada em sua residência, em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, em 27/3/2009” (HC 405.337/SP, j. 03/10/2017)
8) A regra dos arts. 30 e 32 da Lei n. 10.826/2003 alcança, também, os crimes de posse ilegal de
arma de fogo praticados sob a vigência da Lei n. 9.437/1997, em respeito ao princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica.
A Lei 10.826/03 não inaugurou a punição da posse ilegal de arma de fogo no ordenamento jurídico
brasileiro, mas apenas recrudesceu o tratamento penal conferido à conduta. Antes, a Lei 9.437/97 já
trazia a respectiva tipificação em seu artigo 10.
Com a entrada em vigor da Lei 10.826/03, houve, como já destacamos, diversos diplomas normativos que
impediram a punição da posse ilegal de arma. Há quem sustente que não se trata de efetiva abolitio
criminis, mas de regras de caráter transitório que, no intuito de fomentar a entrega das armas por quem
as possuía sem registro, impediram momentaneamente a punição. Por esta razão, tais normas não
poderiam retroagir, aplicando-se apenas para fatos cometidos já sob sua vigência. Há inclusive decisão do
STF neste sentido:
“I. A vacatio legis de 180 dias prevista nos artigos 30 a 32 da Lei 10.826/2003 não tornou atípica a
conduta de posse ilegal de arma de fogo. II – Não há abolitio criminis do delito de posse ilegal de arma de
fogo ocorrido anteriormente à vigência da Lei 10.826/2003, a qual somente instituiu prazo para aqueles
que possuíam armas fogo de maneira irregular procedessem à sua regularização. III – Ordem
denegada.” (HC 98.180/SC, j. 29/06/2010)
“1. Conforme precedentes desta Corte, a abolitio criminis temporalis prevista na Lei n. 10.826/03
(SINARM) retroage para alcançar fatos cometidos na vigência da Lei n. 9.437/97.” (AgRg no REsp
1.451.170/DF, j. 21/06/2018)
*****
“1. No caso, foi declarada extinta a punibilidade do réu – condenado à pena de 1 ano de detenção pela
prática, em 3/6/2003, do delito previsto no art. 10, caput, da Lei 9.437/1997 – pelo Juízo da execução
penal, em 27/2/2014, pois, com a superveniência da Lei n. 10.826/2003, que consentiu aos possuidores de
arma de fogo de uso permitido regularizar sua situação, considera-se atípica a conduta do ora agravado,
em face da aplicação retroativa da norma penal mais benéfica.
2. A regra do art. 30 da Lei n. 10.826/2003 alcança, também, os crimes praticados sob a vigência da Lei n.
9.437/1997, em respeito ao princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica.” (AgRg no AREsp
684.801/DF, j. 16/06/2015)
Entre 23/12/2003 e É atípica a conduta de possuir arma de fogo de uso permitido (art. 12) e
23/10/2005 (não é crime) restrito (art. 16) com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado.
De 23/10/2005 até É atípica a conduta de possuir arma de fogo de uso permitido (art. 12), desde
31/12/2009 (não é crime) que a arma de fogo seja apta a ser registrada
(numeração íntegra – hígida)
A partir do dia 24 Podem se beneficiar de As pessoas que possuam munições e/ou armas de uso
de outubro de 2005. extinção da punibilidade, restrito, proibido ou com numeração rapada.
desde que, Ultrapassado o prazo do dia 24/outubro/2005, e
voluntariamente, façam a sendo encontrada na residência arma de fogo de uso
entrega do artefato permitido, o agente não poderá mais como ser
beneficiado com a abolitio criminis, nem com a extinção
da punibilidade, pois não realizou o ato de entrega
espontânea, consoante o ditame legal.
OBSERVAÇÃO 01 – Retroatividade da Lei Penal A regra dos arts. 30 e 32 da Lei n. 10.826/2003 alcança,
mais benéfica. também, os crimes de posse ilegal de arma de fogo
praticados sob a vigência da Lei n. 9.437/1997, em
respeito ao princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica.
OBSERVAÇÃO 02 – Não abrangência de outros A abolitio criminis temporária nunca abarcou o porte,
tipos penais (art. 14, 17, 18) comércio ou tráfico de arma de fogo.
São atípicas as condutas descritas nos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003, praticadas entre 23/12/2003 e
23/10/2005, mas, a partir desta data, até 31/12/2009, somente é atípica a conduta do art. 12, desde que a arma de
fogo seja apta a ser registrada (numeração íntegra).
A Súmula 513 consolidou na corte superior o entendimento de que, mesmo após a alteração promovida no
Estatuto do Desarmamento por meio da Lei 11.706/2008, permanece válida até 23 de outubro de 2005 a
suspensão da vigência da norma incriminadora da conduta de possuir arma de fogo de uso permitido com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado – edição 102 de
Jurisprudência em Teses.
"[...] A Sexta Turma, [...] passou a entender que a abolitio criminis, para a posse de armas e munições de uso
permitido, restrito, proibido e com numeração raspada, tem como data final o dia 23 de outubro de 2005. 2.
Dessa data até 31 de dezembro de 2009, somente as armas/munições de uso permitido (com numeração hígida)
e, pois registráveis, é que estiveram abarcadas pela abolitio criminis. 3. Desde de 24 de outubro de 2005, as
pessoas que possuam munições e/ou armas de uso restrito, proibido ou com numeração rapada,
podem se beneficiar de extinção da punibilidade, desde que, voluntariamente, façam a entrega do
artefato. 4. No caso concreto, tendo sido encontrada na residência do recorrente, em 22/06/2011 [...] arma de
fogo de uso permitido, não tinha mais como ser beneficiado com a abolitio criminis. De outra parte, também
não se beneficia com a extinção da punibilidade, pois não realizou o ato de entrega espontânea, consoante o
ditame legal. [...]" (AgRg no AREsp 311866 MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 06/06/2013, DJe 14/06/2013)
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),
conforme especificar o regulamento desta Lei:
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um mil)
pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o ingresso
de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Constituição
Federal.
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos serviços de transporte internacional
e interestadual de passageiros adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de
passageiros armados.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco
Nacional de Perfis Balísticos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por
arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de munição
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações
criminais federais, estaduais e distritais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia
criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que
permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
judicial responderá civil, penal e administrativamente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo
para as entidades previstas no art. 6odesta Lei.
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a
ser realizado em outubro de 2005.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará em vigor na data de
publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.