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LEI DE EXECUÇÃO PENAL

LEI N. 7.210 de 1984

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Conceito –

O Livramento condicional é destinado ao preso foi condenado a uma pena privativa de liberdade superior a
dois anos. Assim, aquele que está cumprindo essa pena tem direito à liberdade antecipada (ou seja, antes do
término do cumprimento da pena), desde que cumpridos os requisitos objetivos e subjetivos. Em outras palavras,
o livramento condicional é um benefício que permite o cumprimento de parte da pena em liberdade.

O livramento condicional é a fase mais benéfica da execução da pena, tendo em vista que, nesse regime, o
apenado está de certo modo protegido dos efeitos nefastos provocados pelo confinamento. Consiste na liberdade
antecipada do apenado e depende do cumprimento de determinadas exigências previamente estabelecidas.
Segundo CUNHA (2014, p. 444), trata-se de “medida penal consistente na liberdade antecipada do reeducando,
etapa de preparação para a soltura plena, importante instrumento de ressocialização”.

O benefício faz parte do sistema progressivo adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, entretanto, não
pressupõe a passagem por todos os regimes prisionais. É que a data base para o livramento condicional não deve
ser alterada pela regressão de regime, o que permite que muitos apenados cujo regime foi regredido,
implementem o lapso para o livramento condicional antes mesmo de cumprir o lapso para nova progressão.

Previsão Legal –

O Livramento condicional tem previsão nos seguintes artigos:

 LEP – Art. 131 ao Art. 146 –


 CP – Art. 83 ao Art. 90 –

LEI DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, presentes os
requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e
Conselho Penitenciário.

Requisitos do livramento condicional no Código Penal –

Código Penal – Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons
antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

III - comprovado: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

a) bom comportamento durante a execução da pena; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela


infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não
for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a
concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam
presumir que o liberado não voltará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Soma de penas no Código Penal –

Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento.

Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.

Especificações das condições no Código Penal

Código Penal – Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.

LEP – Condições Obrigatórias –

§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:

a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;

b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;

c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
LEP – Condições Facultativas –

§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:

a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação


cautelar e de proteção;

b) recolher-se à habitação em hora fixada;

c) não freqüentar determinados lugares.

d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á
cópia da sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à
autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção.

Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente às autoridades


referidas no artigo anterior.

Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão ao Juízo da execução,
para as providências cabíveis.

Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da
sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e
outra ao Conselho Penitenciário

LEP - Da cerimônia do livramento condicional

Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado pelo
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena,
observando-se o seguinte:

I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do
Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;

II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas na


sentença de livramento;

III - o liberando declarará se aceita as condições.

§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo
liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.

§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.

Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigida.

§ 1º A caderneta conterá:

a) a identificação do liberado;
b) o texto impresso do presente Capítulo;
c) as condições impostas.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem as condições
do livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição dos
sinais que possam identificá-lo.

§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para consignar-se o cumprimento das


condições referidas no artigo 132 desta Lei.

Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por serviço social penitenciário, Patronato
ou Conselho da Comunidade terão a finalidade de:

I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas na sentença concessiva do benefício;

II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção


de atividade laborativa.

Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cautelar e da proteção do liberado


apresentará relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos
143 e 144 desta Lei.

Da revogação do livramento condicional

Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87
do Código Penal.

Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz


deverá advertir o liberado ou agravar as condições

Revogação do livramento Condicional no Código Penal –

Revogação obrigatória –

Código Penal – Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de
liberdade, em sentença irrecorrível: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - por crime cometido durante a vigência do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Revogação facultativa

Código Penal – Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Efeitos da revogação

Código Penal – Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando
a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o
tempo em que esteve solto o condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
LEP – Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento,
computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a
concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.

Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que esteve
solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.

Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação
do Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.

Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou


mediante representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as
condições especificadas na sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por
uma das autoridades ou funcionários indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado
o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de
2010).

Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o
Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja
revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final

Súmula 617 do STJ: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do
período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena”.

Extinção da Pena –

LEP – Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante
representação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o
prazo do livramento sem revogação.

Extinção da Pena no Código Penal –

Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.(Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

LIVRAMENTO CONDICIONAL –

FINALIDADE –

STF: Para maior respeito à finalidade reeducativa da pena, o livramento condicional constitui a
última etapa da execução penal, timbrada esta pela ideia central da liberdade responsável do
condenado, de modo a permitir-lhe melhores condições de reinserção social.
A LEP é de ser interpretada com os olhos postos em seu art. 1º. Artigo que institui a lógica da prevalência de
mecanismos de reinclusão social (e não de exclusão do sujeito apenado) no exame dos direitos e deveres dos
sentenciados. Isso para favorecer, sempre que possível, a redução de distância entre a população intramuros
penitenciários e a comunidade extramuros. Essa particular forma de parametrar a interpretação da lei (no caso,
a LEP) é a que mais se aproxima da CF, que faz da
cidadania e da dignidade da pessoa humana dois de seus fundamentos (incisos II e III do art. 1º). A reintegração
social dos apenados é, justamente, pontual densificação de ambos os fundamentos constitucionais. No caso, o
livramento condicional do paciente foi suspenso, sob o fundamento da acusação de prática de crime doloso no
curso do período de prova. Increpação da qual o paciente foi absolvido por sentença transitada em julgado. [HC
99.652, rel. min. Ayres Britto, j. 3-11-2009, 1ª T, DJE de 4-12-2009.]

Requisitos (art. 83 do CP) –


Os requisitos são objetivos e subjetivos e estão presentes no art. 83 do CP. O subjetivo sempre dizem respeito à
conduta do agente, ao comportamento. Está no inciso III. Já o objetivo está relacionado à pena (quantidade,
espécie, parcela já cumprida), ou outra condição que não diga respeito ao comportamento do agente. Estão nos
incisos I, II, IV e V.
Requisito objetivo – Nesse aspecto, depende do crime praticado. Vejamos:

 Condenado por crime comum – primário – É o chamado livramento condicional simples. Nesse caso,
o condenado terá que cumprir mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime
doloso (art. 83, I, CP)

 Condenado por crime comum – reincidente – É o chamado livramento condicional qualificado.


Nesse caso, o condenado terá que cumprir mais da metade se o condenado for reincidente em crime
doloso (art. 83, II, CP);

 Condenado por crime hediondo ou equiparado – É o chamado livramento condicional Específico.


Nesse caso, o condenado terá que cumprir mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (art. 83, V, CP);

 Condenado por crimes do art. 33, caput, §1º, 34 ao 37 da Lei de Drogas –

Lei de Drogas – Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão
de suas penas em restritivas de direitos.

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

Lei de Drogas –

• Art. 33, caput – Tráfico de Drogas;


• Art. 33, §1º - Condutas equiparadas ao Tráfico de Drogas;
• Art. 34 – Maquinário para o Tráfico de Drogas;
• Art. 35 – Associação para o Tráfico de Drogas;
• Art. 36 – Financiamento para o Tráfico de Drogas;
• Art. 37 – Colaboração como informante com o Tráfico de Drogas;

Súmula 715 - STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional
ou regime mais favorável de execução.

STJ – O parágrafo único do art. 44 da Lei n. 11.343/2006 exige o cumprimento de 2/3 da pena para a obtenção do
livramento condicional nos casos de condenação por associação para o tráfico (art. 35), ainda que este não seja
hediondo, sendo vedado o benefício ao reincidente específico.
STJ – A despeito de não ser considerado hediondo, o crime de associação para o tráfico, no que se refere à
concessão do LIVRAMENTO CONDICIONAL, deve, em razão do princípio da especialidade, observar a regra
estabelecida pelo art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006: cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena e
vedação do benefício ao reincidente específico.

Livramento Condicional – cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena –

STJ – A despeito de não ser considerado hediondo, o crime de associação para o tráfico, no que se refere à
concessão do livramento condicional, deve, em razão do princípio da especialidade, observar a regra estabelecida
pelo art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006: cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena e vedação do
benefício ao reincidente específico. Julgados: AgRg no HC 499706/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA
PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2019)

DIREITO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL NO CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.

O condenado por associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/2006), caso não seja reincidente específico, deve
cumprir 2/3 da pena para fazer jus ao livramento condicional. Isso porque a própria Lei 11.343/2006, no
parágrafo único do art. 44, prevê requisito objetivo específico para a concessão do livramento condicional ao delito
de associação para o tráfico: "Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em
restritivas de direitos. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico".

Assim, em observância ao Princípio da Especialidade, aplica-se o disposto no art. 44, parágrafo único, da Lei
11.343/2006 em detrimento dos incisos I e II do art. 83 do CP. Ressalte-se que o lapso temporal de cumprimento
de pena para obtenção do livramento condicional quanto ao delito do art. 35 da Lei 11.343/2006 independe da
análise do caráter hediondo do crime. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.484.138- MS, Sexta Turma, DJe de
15/6/2015; e HC 292.882-RJ, Sexta Turma, DJe de 18/8/2014. HC 311.656-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
25/8/2015, DJe 2/9/2015.

Falta Grave – Requisito Objetivo –

Súmula 441 – STJ – A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – “consoante entendimento consolidado nesta Casa, ao contrário do


afirmado na origem, a anotação de falta disciplinar de natureza grave, embora enseje a adoção da data da
infração como marco inicial da contagem do prazo para progressão de regime prisional, não acarreta efeitos
interruptivos no prazo exigido para obtenção de livramento condicional, comutação de pena e indulto, salvo se o
decreto concessivo trouxer expressa previsão.” (HC 321644; 26/11/2015)

Requisitos do livramento condicional – Código Penal –

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (...)

III - comprovado:

b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses

Requisito subjetivo –

Análise do requisito subjetivo no CP –


Requisitos do livramento condicional – Código Penal –

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (...)

III - comprovado:

a) bom comportamento durante a execução da pena;

b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;

Análise do requisito subjetivo na Jurisprudência –

STJ: “A falta grave pode ser utilizada a fim de verificar o cumprimento do requisito subjetivo necessário
para a concessão de benefícios da execução penal.” Acórdãos: AgRg no HC 554100/SP, Rel. Ministro
LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA
TURMA, julgado em 10/03/2020, DJe 18/03/2020)

Vedações –

Aos crimes hediondos e equiparados;

Como regra, não é vedado o Livramento Condicional para os condenador por crimes hediondos ou equiparados.
No entanto, se houver morte, não será possível a concessão de tal benefício. Vejamos:

LEP –

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:

VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:

a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
o livramento condicional

VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.

Aos reincidentes específicos;

Se for reincidente específico, não terá direito. Para a doutrina majoritária, reincidente específico é aquele que já
foi condenado com sentença transitado em julgado por um crime hediondo ou equiparado, não importando se é do
mesmo bem jurídicotutelado. Nesse sentido

CP, Art. 83, inciso V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

Lei de Drogas – Art. 44 (...)

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

Condenado por integrar organização criminosa -


Lei de Organização Criminosa – Art. 2º, § 9º O condenado expressamente em sentença por integrar
organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime
de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos
probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Observações –

• Atinge a todos que INTEGRAM organização criminosa, seja o líder ou não;

• A regra não atinge os crimes de Associação Criminosa (art. 288 do CP) e Associação para o tráfico (art.
35 da Lei de Drogas)

Direito Subjetivo –

Uma vez preenchidos todos os requisitos legais, a concessão do benefício não poderá se negada, pois
trata-se de um direito subjetivo.

Período de prova –

Também chamado de período de experiência, é o tempo em que o condenado deverá observar as


condições legais e judiciais impostas na decisão, bem como respeitar as causas de revogação. O Período de
prova é representado pelo restante de tempo que ainda não foi cumprida na unidade prisional.

STJ – (...) Embora não se extraia da leitura dos dispositivos legais expressamente o prazo de duração
do livramento condicional, é pacífica a compreensão de que o tempo em livramento condicional
corresponderá ao mesmo tempo restante da pena privativa de liberdade a ser cumprida. Inclusive e
em reforço de tal compreensão, o CP e a LEP dispõem que o tempo em livramento condicional será computado
como tempo de cumprimento de pena caso o motivo de revogação do livramento condicional decorra de infração
penal anterior à vigência do referido instituto. Assim, o Juiz da Execução Penal, para conceder o livramento
condicional, observará a pena privativa de liberdade resultante de sentença(s) condenatória(s). Alcançado o
requisito objetivo para fins de concessão do livramento condicional, a duração dele (o período de prova) será
correspondente ao restante de pena privativa de liberdade a cumprir, limitada ao disposto no art. 75 do CP.
REsp 1.922.012-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
05/10/2021, DJe 08/10/2021.

Egresso –

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:

I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento;

II - o liberado condicional, durante o período de prova.

Direito à remição de Pena pelo Estudo –

Art. 126, § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade
condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do
tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1 o deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

Ausência de trânsito em julgado – possibilidade de concessão de livramento condicional –


Prisão processual: direito à progressão do regime de cumprimento de pena privativa de
liberdade ou a livramento condicional (LEP, art. 112, caput e § 2º).

A jurisprudência do STF já não reclama o trânsito em julgado da condenação nem para a concessão do
indulto, nem para a progressão de regime de execução, nem para o livramento condicional (HC 76.524,
DJ 29.08.83, Pertence). No caso, o paciente - submetido à prisão processual, que perdura por mais de 2/3
da pena fixada na condenação, dada a demora do julgamento de recursos de apelação - tem direito a
progressão de regime de execução ou a concessão de livramento condicional, exigindo-se, contudo, o
preenchimento de requisitos subjetivos para a deferimento dos benefícios. II. Habeas corpus: deferimento,
em parte, para que o Juízo das Execuções ou o Juízo de origem analise, como entender de direito, as
condições para eventual progressão de regime ou concessão de livramento condicional.

[HC 87.801, rel. min. Sepúlveda Pertence, 1ª T, j. 2-5-2006, DJ de 26-5-2006.]

Exame Criminológico –

A lei n. 10.792/2003, que deu nova redação ao artigo 112 da Lei de Execução Penal, afastou o caráter
de imprescindibilidade do exame criminológico para a progressão prisional, livramento condicional,
indulto e comutação de pena.

STJ: “Quanto ao exame criminológico, de fato, a nova redação dada pela Lei 10.792/03 ao art. 112 da LEP
eliminou a obrigatoriedade de sua realização no procedimento de livramento condicional ou de progressão de
regime, mas não impediu que o Juiz da VEC ou o Tribunal de Justiça dos Estados, diante do caso concreto,
determinasse a sua realização, para melhor embasar a convicção do Magistrado sobre o mérito subjetivo do
apenado, de maneira a proferir decisão fundamentada sobre a concessão dos referidos benefícios, não em
circunstâncias aleatórias, abstratas, mas calcada em dados concretos, colhidos de pareceres técnicos exarados por
psicólogos e assistentes sociais

Fuga do condenado –

STF –
“O requisito temporal do livramento condicional é aferido a partir da quantidade de pena já efetivamente cumprida.
Quantidade essa que não sofre nenhuma alteração com eventual prática de falta grave, pelo singelo mas robusto
fundamento de que a ninguém é dado desconsiderar tempo de pena já cumprido. Pois o fato é que pena cumprida é
pena extinta.

É claro que, no caso de fuga (como é a situação destes autos), o lapso temporal em que o paciente esteve
foragido não será computado como tempo de castigo cumprido. Óbvio! Todavia, a fuga não faz desaparecer a
pena até então cumprida. Ofende o princípio da legalidade a decisão que fixa a data da fuga do paciente como nova
data-base para o cálculo do requisito temporal do livramento condicional. [HC 94.163, rel. min. Ayres Britto, j. 2-12-
2008, 1ª T, DJE de 23-10-2009.] \u2260 HC 100.062, rel. min. Marco Aurélio, j. 20-4-

2010, 1ª T, DJE de 7-5-2010

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