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Disciplina: Legislação Penal Especial

Professor: Paulo Henrique Fuller


Aula: 14 | Data: 03/07/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

III. HEDIONDOS
1. Lei 8.072/90
1.1 Inconstitucionalidade do regime inicial fechado obrigatório

III. HEDIONDOS (...)

1. Lei 8.072/90 (continuação)

Em suma, os tribunais superiores entendem que os crimes hediondos e equiparados não admitem a comutação da
pena, por se tratar de espécie de indulto (indulto parcial – art. 192 da LEP1).

Os hediondos também são insuscetíveis de fiança, mas não vedam a liberdade provisória. A CF/88 no art. 5º, XLIII
dispõe sobre os crimes inafiançáveis. Por outro lado, o inciso LXVI do art. 5º da CF/88 prevê:

“Art. 5º (...)
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;”.

Portanto, a liberdade provisória pode ser concedida com ou sem fiança - a CF/88 define a liberdade provisória como
gênero que pode ser aplicada com ou sem fiança. Assim, o termo “inafiançável” deve ser entendido como a
impossibilidade de liberdade provisória com fiança, sendo cabível a liberdade sem fiança (é a imposição de outras
restrições que não o pagamento de quantia).

Obs.: a liberdade provisória com fiança não vale mais do que a sem fiança, mas são espécies de mesmo gênero.

Os arts. 319 e 320 do CPP preveem as cautelares diversas da prisão - ex.: retenção do passaporte + proibição de
sair do país, comparecimento periódico em juízo para justificar atividades, proibição de se ausentar da comarca
sem autorização judicial, fiança e monitoração eletrônica.

Por fim, apenas a liberdade provisória do art. 319, VIII do CPP não pode ser aplicada aos crimes hediondos – as
demais (art. 319, I a VII e IX + art. 320 do CPP) são possíveis.

Obs.: em suma, o STF entende que a CF/88 não proibiu a liberdade provisória como um todo, mas apenas a fiança
como meio para a sua obtenção. Assim, o STF entende que os crimes hediondos e equiparados admitem a
concessão de liberdade provisória sem fiança, com a imposição de outras medidas cautelares diversas da prisão
(art. 319, I a VII e IX + art. 320 do CPP).

 Liberdade provisória com fiança

É pagamento em dinheiro. Os artigos 327 e 328 do CPP dispõem que:

1
“Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
de comutação”.

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
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“Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado
para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento.
Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.

Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da


fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade
processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua
residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado”.

- Deve comparecer aos atos;


- Não mudar de residência;
- Não pode se ausentar da comarca por mais de 8 dias sem autorização judicial.

 Liberdade provisória sem fiança

Ex.: juiz aplicou a cautelar do art. 319, V do CPP – recolhimento domiciliar.

1.1 Inconstitucionalidade do regime inicial fechado obrigatório

O art. 2º, §1º da Lei 8.072/90 impôs o regime inicial fechado obrigatório:

“Art. 2º (...)
§1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente
em regime fechado”.

Apenas para recordar, como regra geral, a lei estabelece que o juiz deve levar em consideração para definir o regime
de cumprimento de pena a quantidade de pena concreta + a reincidência (art. 33, §§2º e 3º do CP):

- Regime aberto: pena aplicada até 4 anos + primário;


- Regime semiaberto: pena aplicada maior do que 4 anos até 8 anos + primário;
- Regime fechado: pena aplicada superior a 8 anos OU reincidente.

ATENÇÃO! o STF declarou a inconstitucionalidade do regime inicial fechado por imposição legal absoluta, contida
no art. 2º, §1º da Lei 8.072/90, por entender que a norma viola o princípio da individualização das penas, que
abrange não somente a sua quantificação ou dosimetria, mas também a determinação do regime inicial para o
cumprimento da pena (HC 111.840). Com isso, o STF reconduziu os crimes hediondos e equiparados à regra geral
do art. 33, §2º e 3º do Código Penal.

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