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MBA – Infraestrutura de Transportes

Geotecnia Aplicada à Infraestrutura

DIEGO MORELL GOUVEIA

BASE E SUB-BASE DE SOLO LATERÍTICO AGREGADO DE


GRANULAÇÃO FINA E GROSSA. TECNOLOGIA DO USO.

SÃO PAULO
2022
DIEGO MORELL GOUVEIA

BASE E SUB-BASE DE SOLO LATERÍTICO AGREGADO DE


GRANULAÇÃO FINA E GROSSA. TECNOLOGIA DO USO.

Trabalho Final apresentada à Disciplina de


Geotecnia Aplicada à Infraestrutura, como
parte do Método de Avaliação da Matéria.

Professor Heladio de Castro Winz

SÃO PAULO
2022
RESUMO

É um consenso que a execução da base e sub-base dos pavimentos possui


fundamental importância para uma boa vida útil deste. Esta etapa da obra demanda a
utilização de um grande volume de solo o que acarreta muitas vezes em custos altíssimos com
transporte do material. Visando a economia com estes custos, foram realizados estudos para a
caracterização e viabilização da utilização de solos lateríticos (que são solos com grande
distribuição no território brasileiro) das mais diversas granulometrias para essas etapas das
obras.
Este trabalho apresenta um breve revisão bibliográfica com a caracterização deste
e outros tipos de solos e posteriormente a apresentação da tecnologia do uso do solo laterítico
de granulometria fina e grossa na execução das bases e sub-bases de pavimentos,
apresentando as principais características, etapas de execução e controle da qualidade do
pavimento, buscando assim criar um padrão técnico a ser seguido na execução do pavimento
com a utilização desses tipos de solo.

Palavras-chave: Lateríticos. SAFL. SLAC.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Decomposição de rochas ......................................................................................10

Figura 02 – Perfil resultante da decomposição de rochas ........................................................10

Figura 03 – Perfil de solo mostrando os horizontes A. B e C...................................................11

Figura 04 – Designação das camadas de base e sub-base de solo laterítico de granulação fina.......... 12

Figura 05 – Umedecimento do colchão de solo........................................................................16

Figura 06 – Pulverização do colchão de solo por pulvimixer...................................................16

Figura 07 - Pulverização do colchão de solo com grade de disco............................................16


Figura 08: Compactação com rolo pé de carneiro de pata longa vibratório.............................17
Figura 09: Compactação com rolo pé de carneiro vibratório pesado.......................................18
Figura 10: Complementação de campo com rolo liso vibratório..............................................18
Figura 11: Conformação final da base com motoniveladora de corte......................................19
Figura 12: Designação das camadas de base e sub-base de granulação grossa........................22
LISTA DE TABELA

Tabela 01 - Critério de escolha geral de SAFL para as bases de pavimentos.........................13


Tabela 02 - Critério de escolha alternativo de SAFL para as bases de pavimentos................14
Tabela 03 - Critério de escolha alternativo de SAFL para as bases de pavimentos................15
Tabela 04 – Orientação para a compactação da base de SAFL em função de seus tipos........19
Tabela 05 - Critério de escolha de SLAC para as bases de pavimentos...................................25
Tabela 06 - Critério de escolha de SLAD para as bases de pavimentos...................................25
Tabela 07 – Orientação para compactação de camadas de solo laterítico-agregado grosso.....28
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DER-SP – Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo

DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

SAFL – Solo Arenoso Fino Laterítico

ALA - Argila Laterítica e Areia

SLAC – Solo Laterítico-Agregados de Granulometria Contínua

SLAD – Solo Laterítico-Agregados de Granulometria Descontínua


Sumário
1 Introdução .................................................................................................................. 8
1.1 Objetivo ....................................................................................................................... 8
2 Revisão bibliográfica ................................................................................................. 9
2.1 Solos............................................................................................................................. 9
2.1.1 Solos Residuais ....................................................................................................................... 9
2.1.2 Solos lateríticos ..................................................................................................................... 11
3 Base e Sub-base de solo laterítico-agregado de granulação fina – Tecnologia do
uso. ....................................................................................................................................12
3.1 Considerações iniciais ................................................................................................ 12
3.2 Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL) ....................................................................... 12
3.2.1 Qualificação do solo de ocorrências...................................................................................... 12
3.2.2 Critério de escolha para Base ................................................................................................ 13
3.2.3 Critério de escolha para Sub-Base ........................................................................................ 14
3.3 Técnica Construtiva da Base...................................................................................... 15
3.3.1 Exploração da jazida ............................................................................................................. 15
3.3.2 Distribuição e Homogeneização da Umidade do Colchão de Solo ....................................... 16
3.3.3 Compactação ......................................................................................................................... 17
3.3.4 Acabamento........................................................................................................................... 19
3.3.5 Impermeabilização ................................................................................................................ 20
3.3.6 Camada de proteção .............................................................................................................. 20
3.4 Controle tecnológico .................................................................................................. 21
3.5 Mistura de Argila Laterítica e Areia (ALA) .............................................................. 21
3.5.1 Técnica construtiva da base................................................................................................... 21
4 Base e Sub-base de solo laterítico-agregado de granulação grossa – Tecnologia
do uso. 22
4.1 Materiais para o Solo Laterítico-Agregado Grosso ................................................... 23
4.2 Camadas de Solo Laterítico-Agregados de Granulometria Contínua (SLAC) .......... 23
4.3 Camadas de Solo Laterítico-Agregados de Granulometria Contínua (SLAC) .......... 24
4.4 Procedimento de Dosagem de Misturas para Base e Sub-Base ................................. 24
4.4.1 Critério de escolha de SLAC para Base e Sub-Base ............................................................. 26
4.4.2 Critério de escolha de SLAD para Base e Sub-Base ............................................................. 26
4.5 Técnica Construtiva da Base ...................................................................................... 27
4.5.1 Produção da mistura .............................................................................................................. 27
4.5.2 Distribuição e Homogeneização do Colchão de Solo ........................................................... 27
4.5.3 Compactação e acabamento .................................................................................................. 28
4.5.4 Impermeabilização ................................................................................................................ 29
4.6 Controle tecnológico .................................................................................................. 29
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 30
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1 Introdução

Desde que se introduziu, no fim da década de 30, no Brasil, o uso da Mecânica dos Solos na
solução de problemas ligados à construção de pavimentos, foram encontradas diversas
discrepâncias entre as previsões efetuadas e o real comportamento dos solos nas obras. Tais
discrepâncias têm sido atribuídas, em grande parte, às peculiaridades dos solos e do ambiente
tropicais.

Neste trabalho serão apresentados uma breve revisão bibliográfica a respeitos dos temas
pertinentes, enfocando na tecnologia do uso de solos lateríticos de agregado fino e grosso
como material na construção de bases e sub-bases de pavimentos rodoviários.

1.1 Objetivo

Este trabalho possui como objetivo desenvolver uma análise quanto à tecnologia do uso de
solos lateríticos na composição da base e da sub-base de pavimentos.
Serão elencadas definições, as principais características, processos e etapas que podem ser
proporcionadas e são inerentes aos materiais analisados no presente trabalho.
9

2 Revisão bibliográfica

Neste capítulo serão apresentadas uma breve revisão bibliográfica dos temas que serão
abordados.

2.1 Solos

O termo "solo" vem do latim "solum", e é a porção da superfície terrestre onde se anda e
se constrói, etc. Na engenharia rodoviária, considera-se solo todo tipo de material orgânico ou
inorgânico, inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na superfície da terra. Em
outras palavras, considera-se como solo qualquer material que possa ser escavado com pá,
picareta, escavadeiras, sem necessidade de explosivos. (DNER, 1996).
De acordo com Vargas (1978), o termo solo pode ser definido como todo material da crosta
terrestre que não ofereça resistência intransponível à escavação mecânica e que perdesse
totalmente a sua resistência quando em contato prolongado com a água.
Para Nogami et al (2000), os solos são materiais naturais não consolidados, constituídos de
grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos, de fácil dispersão em água e que
podem ser escavados com equipamentos comuns de terraplenagem.

2.1.1 Solos Residuais

Para o DNER (1996), solos residuais são aqueles solos provenientes da decomposição e
alteração das rochas “in situ”. Sua composição depende do tipo e da composição mineralógica
da rocha original que lhe deu origem. Todos os tipos de rocha formam solo residual. Esse tipo
de solo é bastante comum no Brasil, principalmente na região Centro-Sul, devido ao clima.
A imagem 01 mostra alguns exemplos de formação de solos provenientes da decomposição de
rochas.
10

Figura 01 – Decomposição de rochas (DNER, 1996)

São subdivididos em horizontes e se organizam da superfície para o fundo. A transição entre


um horizonte e o outro é gradativa. Não existe um contato ou limite direto e bruscos entre o
solo e a rocha que o originou. Em geral, tem-se o seguinte esquema, ilustrado na figura 04:

Figura 02 – Perfil resultante da decomposição de rochas (DNER, 1996)


• Solo residual maduro: é o solo que perdeu toda a estrutura original da rocha mãe e se
tornou relativamente homogêneo. Não se observa restos da estrutura da rocha nem de
seus minerais.
• Solo de alteração de rocha (Saprolitos): mostra alguns elementos da rocha mãe,
mantendo a estrutura original, porém já tendo perdido totalmente a consistência.
• Rocha alterada: lembra a rocha mãe no aspecto. É o horizonte em que a alteração
progrediu, preservando parte da estrutura e de seus minerais. A sua resistência é
inferior à da rocha mãe.
• Rocha sã: é a rocha inalterada.
11

2.1.2 Solos lateríticos

Os solos lateríticos são solos superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões
tropicais úmidas, resultante da transformação da parte superior do subsolo pela atuação do
intemperismo.
Segundo Nogami et al (1985) apud Marangon (2004), solo laterítico é definido pelo Comitê
de Solos Tropicais da Associação Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações (ISSMEF), como aquele que pertence aos horizontes A e B, de perfis bem
drenados, desenvolvidos sob atuação de clima tropical úmido.
Estes solos tem a tendencia a possuírem uma grande parcela de sua granulometria menos que
2mm de diâmetro e possuem a sua fração argilosa constituída essencialmente de
argilominerais do grupo das caulinitas e de óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio o que
confere a estrutura poros e agregações altamente estáveis.
A figura 03 é mostrado um perfil de solo, em corte, onde pode-se identificar a distinção clara
entre os horizontes A, B (lateríticos) e C (saprolítico).

Figura 03 – Perfil de solo mostrando os horizontes A. B e C (Marangon, 2004)


12

3 Base e Sub-base de solo laterítico-agregado de granulação fina –


Tecnologia do uso.

3.1 Considerações iniciais

O melhor aproveitamento do uso de solo laterítico-agregado fino, no estado de São Paulo,


ocorreu nas décadas de 1950 e 1960, quando o Departamento de Estradas de Rodagem de São
Paulo (DER-SP) iniciou a utilização de solo arenoso fino laterítico (SAFL) como camada de
reforço do subleito e sub-base de pavimentos. Apesar de muitos dos solos não atenderem às
características das especificações tradicionais para sub-base, eles apresentavam valores de
CBR elevado e baixa expansão.
Villibor, em 1981, propôs um critério para a utilização do SAFL para a base de pavimentos,
com tráfego inferior a 5x106 solicitações de eixo padrão. Sendo que esse critério foi
fundamentado em valores admissíveis para as faixas granulométricas do solo e as
propriedades obtidas da metodologia MCT.
Em 1991, o DER-SP oficializou em seu Manual de Normas, o uso de base de SAFL.

Figura 04 – Designação das camadas de base e sub-base de solo laterítico de granulação fina

3.2 Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL)

3.2.1 Qualificação do solo de ocorrências

Em um trecho em que há diversas ocorrências de solos lateríticos finos promissoras para o uso
em base ou sub-base, deve-se primeiramente estudar quais as ocorrências qualificadas para
esse fim, e então hierarquiza-las em função de suas propriedades geotécnicas.
As características avaliadas para a qualificação das ocorrências para as jazidas de SAFL são:
• Pertencer à classe laterítica da classificação MCT: grupos LA, LA’ e LG’;
• Granulometria com quantidade superior a 50% de fração retina na peneira de
0,075mm e que passe integralmente na peneira 2,0mm;
13

• Propriedades mecânicas e hídricas adequadas para essa finalidade, utilizando os


ensaios da sistemática MCT.

3.2.2 Critério de escolha para Base

O critério de escolha geral é utilizado para as regiões do país que atendam às condições
climáticas adequadas. Nesse critério, a ocorrência é qualificada como jazida para uso em
camada de base quando são atendidos os valores admissíveis apresentados na Tabela 01
Para as bases, é recomendada a obtenção da relação de índice de suporte (RIS) para avaliar a
suscetibilidade da queda de suporte da camada, caso ocorra um aumento de seu teor de
umidade.

Tabela 01 - Critério de escolha geral de SAFL para as bases de pavimentos

Fonte: Villibor e Nogami (2009)

Caso a ocorrência de SAFL não atenda ao critério de escolha geral, pode ser utilizado o
critério de qualificação alternativo apresentado na Tabela 02, cujas propriedades são obtidas
com energia de 30 golpes. Desta maneira, os solos que apresentam valores de Mini-CBR entre
30% e 40% na energia intermediária podem ser utilizados para a base com maior energia,
desde que atendidos os requisitos abaixo.
14

Tabela 02 - Critério de escolha alternativo de SAFL para as bases de pavimentos

Fonte: Villibor e Nogami (2009)

Segundo Villibor (2019), durante o desenvolvimento dos estudos e das pesquisas


apresentados no livro Pavimentação de Baixo Custo para Regiões Tropicais – Projeto e
Construção – Novas Considerações, constatou-se que os valores admissíveis para a aceitação
do coeficiente de sorção e permeabilidade ficam implicitamente atendidos, quando as demais
propriedades são cumpridas. Dessa forma, a avaliação dessas propriedades é considerada
opcional.

3.2.3 Critério de escolha para Sub-Base

O critério de escolha para sub-base é similar ao utilizado para a qualificação de ocorrências


para o uso em bases, diferenciando-se quanto ao número de propriedades avaliadas pelos seus
valores admissíveis.
Na Tabela 03, é apresentado o critério de escolha que a jazida deve atender.
15

Tabela 03 - Critério de escolha alternativo de SAFL para as bases de pavimentos

Fonte: Villibor e Nogami (2009)

3.3 Técnica Construtiva da Base

Antes da execução da base, deve-se verificar a condição física da camada a qual será
executada, que deve ter sido executada e recebida de acordo com as especificações técnicas
próprias e não ter sido exposta a chuvas ou danificada pelo tráfego de serviço.
Deve-se atentar, também, a outras recomendações que serão listadas abaixo.

3.3.1 Exploração da jazida

Na exploração da jazida é necessário estar atento à uniformidade do solo, decorrente de sua


intensa coloração.
Deve-se evitar principalmente:
• Camadas superficiais ricas em matéria orgânica;
• Camadas subjacentes à linhas de seixos, com solos menos laterizados ou até mesmo
saprolíticos;
• Camadas superficiais, até 1,5m de profundidade, muito afetada pelo uso de adubos nas
áreas de cultivo de cana de açúcar.
Como o solo da jazida em seu estado natural se apresenta poroso, ele pode ser escavado
diretamente com pá carregadeira e seu transporte realizado por caminhões basculantes até o
local de sua aplicação.
16

3.3.2 Distribuição e Homogeneização da Umidade do Colchão de Solo

A distribuição e o acerto do colchão de solo são usualmente executados com motoniveladora,


ajustando uma espessura homogênea de espessura entre 22cm a 25cm, ao longo de toda a área
a ser pavimentada, a fim de obter uma camada final compactada de 15cm. Quando no
processo de distribuição do solo, a camada superior ficar compactada pelos pneus da
motoniveladora, é necessário escarificar essa camada para destorroá-la.
A homogeneização da umidade é atingida pela ação combinada de grade de discos,
pulvimisturadoras e irrigadeiras (ver Figuras 05, 06 e 07).

Figura 06 – Pulverização do colchão de solo


Figura 05 – Umedecimento do colchão de solo por pulvimixer

Figura 07 – Pulverização do colchão de solo com grade de disco

Todas as imagens acima são de autoria de Villibor e Nogami (2009)


Para todos os tipos de SAFL, é recomendado que nessa fase de preparo do colchão de solo
sejam adotados os seguintes procedimentos:
• Pulverização e umedecimento preliminar do solo na faixa de umidade recomendada;
• Nova pulverização para o ajuste prévio da umidade antes da compactação no dia
seguinte no período da manhã.
17

Este procedimento leva a um teor de umidade mais uniforme ao longo de toda a camada,
minimizando os problemas da superposição das faixas de irrigação e a perda excessiva de
umidade da parte superior do colchão.

3.3.3 Compactação

O objetivo dela é promover a reorientação dos grãos do solo a um estado mais denso, com a
diminuição do volume de vazios.
De maneira geral, a compactação das bases e sub-bases de SAFL deve ser iniciada com rolo
pé de carneiro de patas longas vibratório autopropulsor (Figura 8). Para em seguida ser
utilizado o rolo de pneus ou o rolo pé de carneiro vibratório pesado (Figura 9).
A complementação do grau de compactação e o acabamento, devem ser feitos de preferencia
com o rolo de pneus de pressão variável, ou com o rolo liso vibratório (Figura 10).
O uso do rolo de pé de carneiro autopropulsor de patas curtas não é permitido no inicio da
compactação, pois a camada inferior da base ficaria com uma massa especifica aparente
relativamente baixa. Juntamente com essa deficiência, a supercompactação que seria causada
na parte superficial pode provocar a formação de lamelas muito prejudiciais que se
desprenderão no futuro.

Figura 08: Compactação com rolo pé de carneiro de pata longa vibratório. Fonte: Villibor e Nogami
(2009)
18

Figura 09: Compactação com rolo pé de carneiro vibratório pesado. Fonte: Villibor e Nogami (2009).

Figura 10: Complementação de campo com rolo liso vibratório. Fonte: Villibor e Nogami (2009).

Deve ser tomado cuidado especial com a compactação nas bordas do pavimento, que muitas
vezes acaba sendo negligenciada. Causando assim uma densidade aquém da exigida, o que
ocasiona o aparecimento dos defeitos com a consolidação excessiva e/ou ruptura.

Na Tabela 04 são apresentados, como orientação, três conjuntos típicos de equipamentos (A,
B e C) com o número de passadas necessárias para uma boa compactação.
Porém, ressalta-se que a Tabela é apenas uma orientação inicial dos equipamentos e do
número de passadas.
19

Tabela 04 – Orientação para a compactação da base de SAFL em função de seus tipos.

3.3.4 Acabamento

A conformação da superfície da base conforme o projeto é, geralmente, realizada com


motoniveladora pesada com lâmina afiada (ver Figura 11). Não deve ser realizado o
preenchimento de depressões ou a complementação de espessura.
As bordas na base nos acostamentos com largura maior que 1,20m devem ser cortadas a 45° e
todo o solo deve ser levado para fora da pista.

Figura 11: Conformação final da base com motoniveladora de corte. Fonte: Villibor e Nogami (2009).
20

Outra peculiaridade da execução de camadas de SAFL, de importância fundamental, é o processo de


secagem após o termino da operação de compactação.
A secagem deve ocorrer até que seja observado o padrão de trincamento previsto em laboratório, por
um período mínimo de 60 horas. Tal operação é muito importante, pois permite:
• Aumentar a resistência da camada de forma irreversível;
• Evitar o desenvolvimento de novas trincas de contração na base;
• Acelerar a obtenção da umidade de equilíbrio da base;
• Proporcionar uma penetração adequada do impermeabilizante na base da superfície,
garantindo sua melhor aderência com o revestimento.

3.3.5 Impermeabilização

Após o período de cura por secagem da base, deve-se eliminar toda poeira e material solto,
irrigar levemente a superfície a fim de proporcionar uma melhor penetração da imprimação.
A imprimação deve ser feita com material e taxa definidos em projeto, de tal modo que na
base haja uma penetração de 6 a 10mm do material aplicado, formando assim uma camada de
solo betume. Tal camada permite uma excelente aderência entre a base e o revestimento.
Não deve ser permitido o tráfego sobre a base imprimada antes de sua secagem completa, o
que, em geral, ocorre 72 horas após a aplicação da imprimadura.

3.3.6 Camada de proteção

A camada de proteção consiste em um revestimento asfáltico de tratamento superficial


simples invertido sobre a camada de base devidamente imprimada e curada.
Nas bases dos tipos de SAFL menos coesivos (III e IV), a superfície da base imprimada é
fraca. Com isso, deve ser executada uma proteção anticravamento sobre a camada imprimada,
pois o despejo do agradado graúdo da primeira camada do revestimento rompe a superfície da
base.
Para trafego inferior a 106 solicitações, essa proteção é opcional no caso de bases coesivas
elaboradas com solos dos tipos I e II. Essas, quando devidamente imprimadas e curadas,
geram superfícies resistentes
21

3.4 Controle tecnológico

Para um correto controle tecnológico do trecho, é executado um segmento experimental de


aproximadamente 160m (oito estacas), para a orientação da construção dos segmentos
subsequentes a serem executados com a mesma jazida. Esse segmento experimental permite:
• Verificar se o solo que chega ao segmento é qualificado para a camada e apresenta
propriedades similares aos da jazida indicadas no projeto;
• Definir o processo de compactação (equipamentos e número de passadas a serem
utilizados) para obter uma camada íntegra e adquirir a densidade in situ estabelecida
no projeto para as peculiaridades em campo.
As diretrizes estabelecidas no segmento experimental serão as utilizadas para execução e
controle dos trechos subsequentes que utilizam o mesmo material.

3.5 Mistura de Argila Laterítica e Areia (ALA)

Em regiões em que o LA e o LG’ não possam ser utilizados in natura por não atender ao
critério de qualificação ou ocorram em distancias que tornam seu uso proibitivo
financeiramente, pode mistura-los para serem utilizados como SAFL artificial, designado de
ALA (argila laterítica e areia).
O critério proposto de dosagem e qualificação das misturas de ALA segue basicamente as
recomendações feitas por Serra (1987) e Nogami e Villibor (1995), que indicam as
porcentagens dos materiais envolvidos, para que após dosados atendam aos critérios de
escolha de SAFL.

3.5.1 Técnica construtiva da base

Sendo a mistura ALA um SAFL artificial, com exceção do processo de mistura, todos os
procedimentos de qualificação do material, técnica construtiva e de controle são os mesmos
das bases de SAFL in natura.
A operação de mistura de seus componentes, é realizada da seguinte forma:
• A composição pode ser feita na pista, sendo lançado inicialmente o material mais
argiloso, espalhando-o para uniformização da espessura da camada ao longo de toda a
pista e pulverizando-o para seu destorroamento. Em seguida é lançado o material mais
22

arenoso na quantidade especificada em projeto procedendo-se a mistura por meio de


pulvimisturadoras ou grade de discos.
• A composição pode ser feita ao lado da pista, utilizando-se uma pá carregadeira para a
dosagem e mistura. A mistura é transportada para a pista por caminhões e esparramada
por motoniveladora, em quantidade suficiente para atingir a espessura de projeto após
o acabamento.
Deve ser considerada a dificuldade de se obter no campo um grau de mistura suficientemente
homogêneo, quando a mistura tem um de seus componentes inferior a 20% em peso, sendo
assim, portanto, o valor mínimo recomendado para os componentes da mistura.

4 Base e Sub-base de solo laterítico-agregado de granulação grossa –


Tecnologia do uso.

Em 1998, o DER-SP oficializou o uso de bases descontinua com o uso de propriedades MCT
por meio da especificação técnica ET-DE-P00/003.
Neste capítulo do trabalho, será apresentada a tecnologia do uso de camadas para base e sub-
base com solo laterítico agregado de granulação grossa, tendo granulometria contínua (SLAC)
ou descontinua (SLAD), cuja fração fina é constituída de solo de comportamento laterítico
segundo a MCS (ver Figura 12).
Esses materiais abrangem a classe GL (granular com finos de comportamento laterítico) da
classificação G-MCT

Figura 12: Designação das camadas de base e sub-base de granulação grossa Fonte: Villibor (2019).

As propriedades geotécnicas das camadas de SLAC e SLAD, comparadas às de SAFL ou de ALA,


apresentam as seguintes vantagens:
• Aumento de sua capacidade de suporte e resistência a deformação;
• Menor sensibilidade à ação de variações externas, principalmente a umidade;
• Diminuição do trincamento resultante da contração por perda da umidade da camada;
• Atinge maiores níveis de compactação no campo sem que ocorra a formação de lamelas;
23

• Melhor aderência da camada de rolamento do pavimento com a superfície da base.

4.1 Materiais para o Solo Laterítico-Agregado Grosso

Os materiais utilizados nas camadas de SLAC e SLAD podem ser obtidos in natura ou por
mistura de solo laterítico com agregado grosso. A fração grossa é designada como
pedregulho, caracterizada pela porcentagem retida na peneira de 2,0mm e diâmetro máximo
de 2”, enquanto a fração fina é a que passa na peneira de 2,00mm.
A exploração de jazidas de solos finos com pedregulho laterítico e de quartzo, para uso in
natura, apresenta uma série de dificuldades, que restringe significativamente seu uso para
bases e sub-bases, em razão, principalmente, da:
• Falta de uniformidade do material quanto às suas propriedades ao longo da área
explorada;
• Dificuldade de exploração resultante da espessura desuniforme da camada
aproveitável e da necessidade do material de sua parte superficial que geralmente é de
matéria orgânica;
• Necessidade de exploração de grandes áreas, devido à pequena espessura explorável e
ao grande volume utilizado para a construção de bases e sub-bases de pavimentos.
Assim, sua exploração, muitas vezes, pode causar um grande impacto ao meio
ambiente, inviabilizando a licença ambiental para a exploração da área.
Apesar destas dificuldades, a possibilidade do uso de bases e sub-bases com esse material é
bastante ampla em decorrência da facilidade de obtenção de seus componentes para a mistura.
Os agregados britados são de fácil obtenção em pedreiras comerciais ou por dragagem de rios,
sendo misturados com solos de ocorrência de solo laterítico fino, que é abundante ao longo
dos trechos em diversas regiões do Brasil.

4.2 Camadas de Solo Laterítico-Agregados de Granulometria Contínua


(SLAC)

O material para esse tipo de base deve apresentar granulometria contínua que proporcione o
entrosamento necessário entre seus grãos maiores, que devem ser resistentes e resultando na
densidade máxima após a compactação.
24

O material das camadas de SLAC, além de serem constituídos de finos de comportamento


laterítico, apresenta curva granulométrica contínua, atendendo faixas preconizadas para as
camadas estabilizadas granulometricamente.
Muitas bases de solo-agregado contínuo foram executadas anos atras e continuam
apresentando um bom desempenho, mesmo quando os finos do solo utilizado são de
comportamento não laterítico.

4.3 Camadas de Solo Laterítico-Agregados de Granulometria Descontínua


(SLAD)

Para estabilização de SLAD, a deficiência de regularidade granulométrica é compensada pelo


bom comportamento de seus finos lateríticos na mistura, visto que os órgãos inertes se
encontram disseminados na pista prática.
Muitas vezes, nas bases granulares naturais, a fração grossa é constituída de grãos bastante
resistentes, fato esse que permite promover uma excelente aderência entre a base e o
revestimento. Esse tipo de base apresenta algumas localidades tropicais como: Os grãos do
agregado,
Esse tipo de base apresenta algumas peculiaridades como:
• Os grãos do agregado grosso não entram em contato entre si, devido à descontinuidade
na granulometria e à presença da massa do solo lateritíco;
• As misturas LA’ e LG’ apresentam baixa permeabilidade, fato que é muito positivo
para seu comportamento em condições ambientais tropicais;
• A execução desse tipo de mistura em bases se exige técnica construtiva adequada e
específica.

4.4 Procedimento de Dosagem de Misturas para Base e Sub-Base

Tanto para o caso de SLAD como para o de SLAC, a dosagem deve seguir o procedimento:
• Determinar a granulometria dos componentes da mistura, segundo ensaio tradicional
de granulometria.
• Compor as curvas granulométricas teóricas para no mínimo três misturas, variando as
proporções em peso para cada uma. É sugerido a porcentagem mínima de agregado de
20% por motivos práticos de mistura na pista.
25

• Verificar se as curvas granulométricas teóricas satisfazem às faixas granulométricas da


Tabela 05 para SLAC, ou da Tabela 06 para SLAD

Tabela 05 - Critério de escolha de SLAC para as bases de pavimentos. Fonte: Villibor (2019)

Tabela 06 - Critério de escolha de SLAD para as bases de pavimentos. Fonte: Villibor (2019)
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• Compor três amostras representativas da mistura de solo considerada mais adequada.


De cada uma delas, são obtidas três subamostras: uma com fração fina, uma com
fração grossa e outra da mistura integral. Nelas são realizados diversos ensaios.
• Verificar os resultados dos ensaios e ver se as propriedades obtidas atendem aos
critérios de escolha conforme Tabelas 05 e 06. Em caso positivo, complementar o
estudo com no mínimo oito amostras representativas da mistura escolhida.
• Obter os valores estatísticos das propriedades ensaiadas para confirmar a adequação da
mistura proposta.

4.4.1 Critério de escolha de SLAC para Base e Sub-Base

Como já visto no item 4.2, a estabilização desse tipo de camada deve-se principalmente ao
contato entre os agregados grossos que permitem a transmissão da carga do tráfego. Esses
agregados são “presos” por frações de granulometria menor, que são responsáveis pela
manutenção das propriedades da camada. Dessa forma, o critério de escolha para o SLAC
busca obter uma mistura com curva granulométrica mais contínua possível.

4.4.2 Critério de escolha de SLAD para Base e Sub-Base

O critério de escolha é baseado principalmente nos resultados de Nogami e Villibor (1984).


Nas camadas compactadas com esse tipo de material, não ocorre o contato entre os grãos
maiores, pois os mesmos estão dispersos na massa de solo, dessa maneira, o critério proposto
para SLAD avalia a qualidade do agregado grosso quanto a sua resistência e durabilidade; a
qualidade do solo, exigindo que apresente comportamento laterítico; e o elevado suporte da
mistura.
Ressalta-se a necessidade da escolha dos solos finos que apresentem fração fina coesiva,
permitindo que a mistura com agregado torne a camada compactada com permeabilidade
baixa e com alto suporte.
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4.5 Técnica Construtiva da Base

O material a ser utilizado deve estar qualificado para o uso em base, ou seja, deve atender aos
requisitos do critério de escolha de escolha de acordo com as especificações técnicas próprias
e não apresentar excesso de umidade e não ter sido submetida à ação do tráfego.

4.5.1 Produção da mistura

Para os materiais obtidos por misturas, a composição desta pode ser feita diretamente na pista
ou previamente no campo, baseadas nas proporções dos componentes da dosagem definida.
• Mistura na pista: inicialmente deve ser distribuído na pista o material da mistura de
maior quantidade e então lançado o segundo material, em quantidade que atenda a
dosagem e gere uma camada com a espessura definida em após compactada.
• Mistura prévia no capo com pá carregadeira: em local próximo a uma das jazidas, a
mistura é realizada depositando alternadamente os componentes na proporção definida
pela dosagem de projeto e ajustando o intervalo de umidade para compactação
• Mistura prévia em usina: é realizada em usina fixa com uso de pugmill, nas proporções
definidas em projeto. Nesse processo é obtida uma mistura com bastante controle das
proporções dos materiais e do teor de umidade.

4.5.2 Distribuição e Homogeneização do Colchão de Solo

As misturas produzidas previamente são transportadas por caminhões e depositadas na pista,


em quantidade e espaçamento adequados para a conformação do colchão da mistura a ser
compactada.
Na pista, a mistura deverá ser distribuída por motoniveladora em quantidade suficiente para
ser atingida a espessura de projeto após o acabamento.
A movimentação do material pode levar à perda do teor de umidade. Portanto na distribuição
do colchão de solo deve ser ajustada a umidade de compactação para o intervalo considerado
adequado. É recomendado que esse procedimento de ajuste da umidade ocorra no período da
tarde.
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Na manhã do dia seguinte, deve-se verificar o teor de umidade do colchão de solo e ajusta-lo
caso seja necessário. Caso não seja necessário ajustar a umidade pela manhã, pode-se
prosseguir com o aeramento do colchão de solo com grade de disco e motoniveladora.

4.5.3 Compactação e acabamento

Após a homogeneização do teor de umidade é feita a compactação da camada (é recomendado


que seja realizado pela manhã) com menor perda de umidade possível.
Caso necessário, durante a compactação, a umidade da superfície pode ser ajustada utilizando
um carro tanque.
Deve-se obter uma camada compactada com a espessura especificada, entre 12,5cm e 20cm.
Esta operação deve prosseguir até que se atinja o grau de compactação de projeto.
Na Tabela 07 são apresentados, como orientação, os conjuntos típicos e o número de passadas
para uma eficiente compactação e acabamento.

Tabela 07 – Orientação para compactação de camadas de solo laterítico-agregado grosso. Fonte:


Villibor (2019)
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Após a compactação, durante o acabamento da segunda camada, deve ser utilizada a


motoniveladora. Sendo o acabamento exclusivamente realizado por cortes, sendo vetado o
preenchimento da espessura para preenchimento de depressões.
Após ambos os processos, de compactação e acabamento, a camada deve permanecer em
processo de perda de umidade pelo período de 60 horas. Essa perda de umidade ira
proporcionar o aumento da coesão, o aumento de suporte e a melhoria das condições de
recebimento da imprimação betuminosa.

4.5.4 Impermeabilização

O processo de impermeabilização da base segue o mesmo procedimento apresentado para a


base de SAFL.

4.6 Controle tecnológico

Da mesma forma ao realizado no controle tecnológico de SAFL, no controle das camadas de


SLAC e SLAD, também deverá ser executado um segmento experimental para verificar a
qualidade da camada compactada. O grau de compactação atingido em campo, a orientação
dos equipamentos e o número de passadas para obter a espessura desejada. Por meio do
segmento experimental será possível ter subsídios para a execução dos trechos subsequentes.
No controle dos trechos subsequentes que utilizem os mesmos materiais e mesmas dosagem,
devem ser atendidos os parâmetros obtidos no segmento experimental citado acima
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REFERÊNCIAS

VARGAS, M. 1978, “Introdução à Mecânica dos Solos”. Editora McGRAW-HILL do Brasil


LTDA.

NOGAMI, J. S., VILLIBOR, D. F., Beligni, M. e Cincerre, J. R., 2000. “Pavimentos com
Solos Lateríticos e gestão de manutenção de Vias Urbanas”. São Paulo.

MARANGON, M., 2004, “Proposição de Estruturas Típicas de Pavimentos para Região de


Minas Gerais Utilizando Solos Lateríticos Locais a partir da Pedologia, Classificação MCT e
Resiliência”. Tese de Doutorado. Programa de Engenharia Civil. COPPE/UFRJ. Rio de
Janeiro/RJ

Villibor, D. F. e Lancarovici, D. M, 2019 “Pavimentação de baixo custo para regiões


tropicais: projeto e construção: novas considerações”. Florianópolis/SC

Zorzi, C. 2008 “Caracterização dos Solos Tropicais Lateríticos para Reforço de Pavimentos”
Itatiba/SP

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