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Trabalho de Gei
Trabalho de Gei
SÃO PAULO
2022
DIEGO MORELL GOUVEIA
SÃO PAULO
2022
RESUMO
Figura 04 – Designação das camadas de base e sub-base de solo laterítico de granulação fina.......... 12
1 Introdução
Desde que se introduziu, no fim da década de 30, no Brasil, o uso da Mecânica dos Solos na
solução de problemas ligados à construção de pavimentos, foram encontradas diversas
discrepâncias entre as previsões efetuadas e o real comportamento dos solos nas obras. Tais
discrepâncias têm sido atribuídas, em grande parte, às peculiaridades dos solos e do ambiente
tropicais.
Neste trabalho serão apresentados uma breve revisão bibliográfica a respeitos dos temas
pertinentes, enfocando na tecnologia do uso de solos lateríticos de agregado fino e grosso
como material na construção de bases e sub-bases de pavimentos rodoviários.
1.1 Objetivo
Este trabalho possui como objetivo desenvolver uma análise quanto à tecnologia do uso de
solos lateríticos na composição da base e da sub-base de pavimentos.
Serão elencadas definições, as principais características, processos e etapas que podem ser
proporcionadas e são inerentes aos materiais analisados no presente trabalho.
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2 Revisão bibliográfica
Neste capítulo serão apresentadas uma breve revisão bibliográfica dos temas que serão
abordados.
2.1 Solos
O termo "solo" vem do latim "solum", e é a porção da superfície terrestre onde se anda e
se constrói, etc. Na engenharia rodoviária, considera-se solo todo tipo de material orgânico ou
inorgânico, inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na superfície da terra. Em
outras palavras, considera-se como solo qualquer material que possa ser escavado com pá,
picareta, escavadeiras, sem necessidade de explosivos. (DNER, 1996).
De acordo com Vargas (1978), o termo solo pode ser definido como todo material da crosta
terrestre que não ofereça resistência intransponível à escavação mecânica e que perdesse
totalmente a sua resistência quando em contato prolongado com a água.
Para Nogami et al (2000), os solos são materiais naturais não consolidados, constituídos de
grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos, de fácil dispersão em água e que
podem ser escavados com equipamentos comuns de terraplenagem.
Para o DNER (1996), solos residuais são aqueles solos provenientes da decomposição e
alteração das rochas “in situ”. Sua composição depende do tipo e da composição mineralógica
da rocha original que lhe deu origem. Todos os tipos de rocha formam solo residual. Esse tipo
de solo é bastante comum no Brasil, principalmente na região Centro-Sul, devido ao clima.
A imagem 01 mostra alguns exemplos de formação de solos provenientes da decomposição de
rochas.
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Os solos lateríticos são solos superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões
tropicais úmidas, resultante da transformação da parte superior do subsolo pela atuação do
intemperismo.
Segundo Nogami et al (1985) apud Marangon (2004), solo laterítico é definido pelo Comitê
de Solos Tropicais da Associação Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações (ISSMEF), como aquele que pertence aos horizontes A e B, de perfis bem
drenados, desenvolvidos sob atuação de clima tropical úmido.
Estes solos tem a tendencia a possuírem uma grande parcela de sua granulometria menos que
2mm de diâmetro e possuem a sua fração argilosa constituída essencialmente de
argilominerais do grupo das caulinitas e de óxidos e hidróxidos de ferro e/ou alumínio o que
confere a estrutura poros e agregações altamente estáveis.
A figura 03 é mostrado um perfil de solo, em corte, onde pode-se identificar a distinção clara
entre os horizontes A, B (lateríticos) e C (saprolítico).
Figura 04 – Designação das camadas de base e sub-base de solo laterítico de granulação fina
Em um trecho em que há diversas ocorrências de solos lateríticos finos promissoras para o uso
em base ou sub-base, deve-se primeiramente estudar quais as ocorrências qualificadas para
esse fim, e então hierarquiza-las em função de suas propriedades geotécnicas.
As características avaliadas para a qualificação das ocorrências para as jazidas de SAFL são:
• Pertencer à classe laterítica da classificação MCT: grupos LA, LA’ e LG’;
• Granulometria com quantidade superior a 50% de fração retina na peneira de
0,075mm e que passe integralmente na peneira 2,0mm;
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O critério de escolha geral é utilizado para as regiões do país que atendam às condições
climáticas adequadas. Nesse critério, a ocorrência é qualificada como jazida para uso em
camada de base quando são atendidos os valores admissíveis apresentados na Tabela 01
Para as bases, é recomendada a obtenção da relação de índice de suporte (RIS) para avaliar a
suscetibilidade da queda de suporte da camada, caso ocorra um aumento de seu teor de
umidade.
Caso a ocorrência de SAFL não atenda ao critério de escolha geral, pode ser utilizado o
critério de qualificação alternativo apresentado na Tabela 02, cujas propriedades são obtidas
com energia de 30 golpes. Desta maneira, os solos que apresentam valores de Mini-CBR entre
30% e 40% na energia intermediária podem ser utilizados para a base com maior energia,
desde que atendidos os requisitos abaixo.
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Antes da execução da base, deve-se verificar a condição física da camada a qual será
executada, que deve ter sido executada e recebida de acordo com as especificações técnicas
próprias e não ter sido exposta a chuvas ou danificada pelo tráfego de serviço.
Deve-se atentar, também, a outras recomendações que serão listadas abaixo.
Este procedimento leva a um teor de umidade mais uniforme ao longo de toda a camada,
minimizando os problemas da superposição das faixas de irrigação e a perda excessiva de
umidade da parte superior do colchão.
3.3.3 Compactação
O objetivo dela é promover a reorientação dos grãos do solo a um estado mais denso, com a
diminuição do volume de vazios.
De maneira geral, a compactação das bases e sub-bases de SAFL deve ser iniciada com rolo
pé de carneiro de patas longas vibratório autopropulsor (Figura 8). Para em seguida ser
utilizado o rolo de pneus ou o rolo pé de carneiro vibratório pesado (Figura 9).
A complementação do grau de compactação e o acabamento, devem ser feitos de preferencia
com o rolo de pneus de pressão variável, ou com o rolo liso vibratório (Figura 10).
O uso do rolo de pé de carneiro autopropulsor de patas curtas não é permitido no inicio da
compactação, pois a camada inferior da base ficaria com uma massa especifica aparente
relativamente baixa. Juntamente com essa deficiência, a supercompactação que seria causada
na parte superficial pode provocar a formação de lamelas muito prejudiciais que se
desprenderão no futuro.
Figura 08: Compactação com rolo pé de carneiro de pata longa vibratório. Fonte: Villibor e Nogami
(2009)
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Figura 09: Compactação com rolo pé de carneiro vibratório pesado. Fonte: Villibor e Nogami (2009).
Figura 10: Complementação de campo com rolo liso vibratório. Fonte: Villibor e Nogami (2009).
Deve ser tomado cuidado especial com a compactação nas bordas do pavimento, que muitas
vezes acaba sendo negligenciada. Causando assim uma densidade aquém da exigida, o que
ocasiona o aparecimento dos defeitos com a consolidação excessiva e/ou ruptura.
Na Tabela 04 são apresentados, como orientação, três conjuntos típicos de equipamentos (A,
B e C) com o número de passadas necessárias para uma boa compactação.
Porém, ressalta-se que a Tabela é apenas uma orientação inicial dos equipamentos e do
número de passadas.
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3.3.4 Acabamento
Figura 11: Conformação final da base com motoniveladora de corte. Fonte: Villibor e Nogami (2009).
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3.3.5 Impermeabilização
Após o período de cura por secagem da base, deve-se eliminar toda poeira e material solto,
irrigar levemente a superfície a fim de proporcionar uma melhor penetração da imprimação.
A imprimação deve ser feita com material e taxa definidos em projeto, de tal modo que na
base haja uma penetração de 6 a 10mm do material aplicado, formando assim uma camada de
solo betume. Tal camada permite uma excelente aderência entre a base e o revestimento.
Não deve ser permitido o tráfego sobre a base imprimada antes de sua secagem completa, o
que, em geral, ocorre 72 horas após a aplicação da imprimadura.
Em regiões em que o LA e o LG’ não possam ser utilizados in natura por não atender ao
critério de qualificação ou ocorram em distancias que tornam seu uso proibitivo
financeiramente, pode mistura-los para serem utilizados como SAFL artificial, designado de
ALA (argila laterítica e areia).
O critério proposto de dosagem e qualificação das misturas de ALA segue basicamente as
recomendações feitas por Serra (1987) e Nogami e Villibor (1995), que indicam as
porcentagens dos materiais envolvidos, para que após dosados atendam aos critérios de
escolha de SAFL.
Sendo a mistura ALA um SAFL artificial, com exceção do processo de mistura, todos os
procedimentos de qualificação do material, técnica construtiva e de controle são os mesmos
das bases de SAFL in natura.
A operação de mistura de seus componentes, é realizada da seguinte forma:
• A composição pode ser feita na pista, sendo lançado inicialmente o material mais
argiloso, espalhando-o para uniformização da espessura da camada ao longo de toda a
pista e pulverizando-o para seu destorroamento. Em seguida é lançado o material mais
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Em 1998, o DER-SP oficializou o uso de bases descontinua com o uso de propriedades MCT
por meio da especificação técnica ET-DE-P00/003.
Neste capítulo do trabalho, será apresentada a tecnologia do uso de camadas para base e sub-
base com solo laterítico agregado de granulação grossa, tendo granulometria contínua (SLAC)
ou descontinua (SLAD), cuja fração fina é constituída de solo de comportamento laterítico
segundo a MCS (ver Figura 12).
Esses materiais abrangem a classe GL (granular com finos de comportamento laterítico) da
classificação G-MCT
Figura 12: Designação das camadas de base e sub-base de granulação grossa Fonte: Villibor (2019).
Os materiais utilizados nas camadas de SLAC e SLAD podem ser obtidos in natura ou por
mistura de solo laterítico com agregado grosso. A fração grossa é designada como
pedregulho, caracterizada pela porcentagem retida na peneira de 2,0mm e diâmetro máximo
de 2”, enquanto a fração fina é a que passa na peneira de 2,00mm.
A exploração de jazidas de solos finos com pedregulho laterítico e de quartzo, para uso in
natura, apresenta uma série de dificuldades, que restringe significativamente seu uso para
bases e sub-bases, em razão, principalmente, da:
• Falta de uniformidade do material quanto às suas propriedades ao longo da área
explorada;
• Dificuldade de exploração resultante da espessura desuniforme da camada
aproveitável e da necessidade do material de sua parte superficial que geralmente é de
matéria orgânica;
• Necessidade de exploração de grandes áreas, devido à pequena espessura explorável e
ao grande volume utilizado para a construção de bases e sub-bases de pavimentos.
Assim, sua exploração, muitas vezes, pode causar um grande impacto ao meio
ambiente, inviabilizando a licença ambiental para a exploração da área.
Apesar destas dificuldades, a possibilidade do uso de bases e sub-bases com esse material é
bastante ampla em decorrência da facilidade de obtenção de seus componentes para a mistura.
Os agregados britados são de fácil obtenção em pedreiras comerciais ou por dragagem de rios,
sendo misturados com solos de ocorrência de solo laterítico fino, que é abundante ao longo
dos trechos em diversas regiões do Brasil.
O material para esse tipo de base deve apresentar granulometria contínua que proporcione o
entrosamento necessário entre seus grãos maiores, que devem ser resistentes e resultando na
densidade máxima após a compactação.
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Tanto para o caso de SLAD como para o de SLAC, a dosagem deve seguir o procedimento:
• Determinar a granulometria dos componentes da mistura, segundo ensaio tradicional
de granulometria.
• Compor as curvas granulométricas teóricas para no mínimo três misturas, variando as
proporções em peso para cada uma. É sugerido a porcentagem mínima de agregado de
20% por motivos práticos de mistura na pista.
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Tabela 05 - Critério de escolha de SLAC para as bases de pavimentos. Fonte: Villibor (2019)
Tabela 06 - Critério de escolha de SLAD para as bases de pavimentos. Fonte: Villibor (2019)
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Como já visto no item 4.2, a estabilização desse tipo de camada deve-se principalmente ao
contato entre os agregados grossos que permitem a transmissão da carga do tráfego. Esses
agregados são “presos” por frações de granulometria menor, que são responsáveis pela
manutenção das propriedades da camada. Dessa forma, o critério de escolha para o SLAC
busca obter uma mistura com curva granulométrica mais contínua possível.
O material a ser utilizado deve estar qualificado para o uso em base, ou seja, deve atender aos
requisitos do critério de escolha de escolha de acordo com as especificações técnicas próprias
e não apresentar excesso de umidade e não ter sido submetida à ação do tráfego.
Para os materiais obtidos por misturas, a composição desta pode ser feita diretamente na pista
ou previamente no campo, baseadas nas proporções dos componentes da dosagem definida.
• Mistura na pista: inicialmente deve ser distribuído na pista o material da mistura de
maior quantidade e então lançado o segundo material, em quantidade que atenda a
dosagem e gere uma camada com a espessura definida em após compactada.
• Mistura prévia no capo com pá carregadeira: em local próximo a uma das jazidas, a
mistura é realizada depositando alternadamente os componentes na proporção definida
pela dosagem de projeto e ajustando o intervalo de umidade para compactação
• Mistura prévia em usina: é realizada em usina fixa com uso de pugmill, nas proporções
definidas em projeto. Nesse processo é obtida uma mistura com bastante controle das
proporções dos materiais e do teor de umidade.
Na manhã do dia seguinte, deve-se verificar o teor de umidade do colchão de solo e ajusta-lo
caso seja necessário. Caso não seja necessário ajustar a umidade pela manhã, pode-se
prosseguir com o aeramento do colchão de solo com grade de disco e motoniveladora.
4.5.4 Impermeabilização
REFERÊNCIAS
NOGAMI, J. S., VILLIBOR, D. F., Beligni, M. e Cincerre, J. R., 2000. “Pavimentos com
Solos Lateríticos e gestão de manutenção de Vias Urbanas”. São Paulo.
Zorzi, C. 2008 “Caracterização dos Solos Tropicais Lateríticos para Reforço de Pavimentos”
Itatiba/SP