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Caso 4 - Maníaco Do Parque - Parte 1
Caso 4 - Maníaco Do Parque - Parte 1
Data de 29 de
Nascimento novembro de 1967 (49 anos)
Local de São Paulo, SP
Nascimento
Nacionalidade brasileiro
Infância e Adolescência
Francisco de Assis Pereira era o filho do meio de uma família de três irmãos, e nasceu em 29 de Novembro de 1967. Em
casa era chamado de Tim pelo irmão mais velho Luis Carlos, era considerado um menino quieto e meigo pelos vizinhos
da época. Adorava comer pães e andar de bicicleta e patins, aos 8 anos de idade ganhou o primeiro par de patins de
plástico; apesar de ter sofrido um acidente e ter sido submetido à uma cirurgia por causa do Patins onde um graveto
quase perfurou seu tímpano, Francisco ficou bem e continuou adorando patins. Aos 14 anos conseguiu comprar um
patins de botas apesar das dificuldades financeiras da família.
Seu pai Nelson Pereira, trabalhou como apanhador de laranjas, pescador, barqueiro, frentista e chegou a ter até 3
açougues. Por conta dos altos e baixos financeiros sua família mudavase de cidade com frequência, porém Francisco
era o que parecia se adaptar melhor às mudanças (segundo informações dos parentes).
Por conta da operação do ouvido, Francisco repetiu a 1 série, mas ia bem na escola. Fez até a 5º série e concluiu um
supletivo mas largou os estudos para entrar no Exército, chegou a ser cabo e gostava de usar a farda. Segundo
familiares Francisco também gostava de cozinhar e o fazia muito bem. Nunca largou os patins, chegando a participar de
competições e de exibições públicas com grupos de patinadores em parques como o Parque do Ibirapuera; chegando a
tingir os cabelos ou usar roupas específicas para essas apresentações.
Seu amor pelo patins eram tanto que quando sua família quis se mudar para o interior de São Paulo (Guaraci), Francisco
decidiu ficar pois acreditava que em São paulo teria mais oportunidades como patinador. O último encontro de Francisco
com a família foi no Natal do ano anterior à sua prisão; mostrouse tranquilo e divertido e era adorado pelas crianças da
região. As mulheres da cidade faziam questão de visitálo e ele sempre fazia questão de montar shows de apresentação
de patins.
Seus pais mantinham troféus e medalhas de suas apresentações bem como recortes ou gravações de Francisco falando
sobre seu trabalho com patins; Francisco mostrava ser um rapaz, comum, bem articulado e equilibrado.
Alguns Indícios
Francisco estava acima de qualquer suspeita, e quando os seus crimes vieram à tona amigos vizinhos e familiares
falaram coisas positivas a seu respeito. Francisco tinha o rosto sardento como o da mãe Maria Helena, vestia roupas
joviais e quando foi preso estava com uma camisa colorida de um time de hóquei.
Era o tipo de pessoa que passava despercebido na rua ou no elevador, e que atrai a a simpatia das pessoas. Era falante
e atencioso.
"O Francisco é bastante carinhoso e brincalhão. O único defeito é que o tempo livre dele é todo para os patins", diz a
estudante Juliana Prado Fanasca de 16 anos, ex namorada de Francisco e moradora de Guaraci, onde vivem os pais de
Francisco. Juliana e Francisco ficaram juntos um mês.
"Comigo ele era um cara superlegal", conta Ellen Renata Pereira, de 16 anos. Também vizinha dos pais de Francisco,
Regiane Alves de 20 anos, conheceu o motoboy quando a família dele se mudou para a Rua Joaquim Rossini, no bairro
Cohab 4.
"A gente batia papo, jogava conversa fora." Segundo a garota, Francisco sempre pareceu ser uma pessoa normal, um
cara legal. "Não acredito que ele possa ser o maníaco." Curiosamente, no entanto, ela diz que deixou de falar com o
vizinho depois que uma amiga lhe contou que o motoboy teria tentado estuprar uma outra garota, em São José do Rio
Preto. "Perguntei se ele tinha mesmo feito isso. Ele falou que não, mas não acreditei nele." Desde então (ela não tem
certeza, mas acha que o episódio se passou em 1995), Regiane nunca mais conversou com Francisco.
Thayná, uma travesti com quem Francisco viveu por mais de um ano, constantemente apanhava dele e recebia socos no
estômago e tapas no rosto, exatamente como algumas das mulheres que sobreviveram relataram. No tempo em que
Francisco estava desempregado Thayná o sustentava e por conta disso as brigas eram constantes.
Durante as investigações Thayná disse: "Uma vez ele chegou em casa com o short manchado de sangue na altura do
pênis. Ele disse que tinha se machucado mas agora percebo o que pode ter acontecido." Na última briga do casal ele
disse: "Um dia serei famoso mesmo que seja nas páginas policiais".
Thayná
Uma outra ex namorada relatou que apesar de Francisco ser maravilhoso e carinhoso, ele tinha momentos
explosivos: "Um dia ele puxou o meu cabelo com força só porque eu matei aula" e "Era comum ele chegar em casa
machucado ou arranhado mas ele dizia que havia se envolvido em brigas bobas".
Em um manuscrito escrito pelo próprio Francisco, consta uma experiência considerada marcante vivenciada por
ele. Quando tinha 8 anos, o menino matou um filhote de rolinha com um estilingue. Levou o passarinho para casa e
tentou colocálo numa frigideira. Foi impedido pela avó, mãe de seu pai. Aos berros, ela acusava o garoto: "Assassino,
você é um monstro". E deu a rolinha para um gato comer. Francisco conta que caiu num choro convulsivo, arrependido
por ter tirado uma vida. Outra lembrança de Francisco é a ojeriza por velórios. Detestava ver gente morta, ficava
angustiado, queria sair correndo. "Era um menino sensível, sensível demais", lembra a mãe.
Em um diário apreendido pela polícia Francisco dizia que gostaria de achar uma menina de 12 ou 13 anos para dominar,
da mesma maneira que dominou uma vizinha com quem ele costumava a brincar. Quando a vizinha completou 19 anos
os dois começaram a namorar, em 1995 ela engravidou e Francisco se recusou a casar dizendo que só casaria se
pudesse sustentála. Francisco foi proibido de conhecer o filho.
Ainda em 1995, uma moça de 19 anos prestou queixa na delegacia da cidade de São José do Rio Preto, no interior
paulista, contra um homem que a agarrou numa avenida do bairro Cidade Nova e a forçou a entrar num prédio em
construção. Ela conseguiu escapar. O homem foi detido por constrangimento ilegal, pagou 80 reais e foi solto por ser
primário. O acusado: Francisco de Assis Pereira.
Em Fevereiro, Isadora Fraekel suposta namorada de Franccisco desapareceu. Alguns dias depois do desaparecimento
da estudante Isadora Fraenkel, em 10 de fevereiro, dois cheques da garota, um de 200 reais e outro de 50, foram
compensados na agência Cidade Jardim do Banco Itaú. O pai de Isadora, o físico Cláudio Fraenkel, procura a polícia
com cópias dos cheques. O de 50 reais estava com a assinatura falsa. Durante as investigações, os policiais chegaram
ao suspeito de estelionato, que se apresenta como namorado de Isadora. Cláudio Fraenkel, numa nota oficial, negou que
a filha estivesse namorando o rapaz e o acusou de ser o principal envolvido no desaparecimento dela.
Um Assassino à Solta
No dia 4 de julho, um rapaz embrenhouse na mata do parque à procura de uma pipa e encontrou dois cadáveres em
decomposição. A polícia foi avisada e em 5 de julho de 1998,localizou outros dois corpos. Os investigadores concluíram
então que as quatro mortes deveriam ser obra da mesma pessoa, o que os levaram a suspeitar que um serial killer
estava à solta. Eram quatro cadáveres de mulheres estranguladas, todos despidos na verdade, um só de calcinha de
bruços e com as pernas afastadas, posição típica de vítimas de estupro.
As seis mulheres tinham cabelos longos e escuros. Todos encontrados, de uma só vez, no Parque do Estado, uma
reserva florestal de 550 hectares na Zona Sul de São Paulo, na divisa com o município de Diadema. Como peças de um
quebracabeça, esses corpos se somariam a outros dois achados, isoladamente, em janeiro e maio daquele ano, quando
ainda não se suspeitava de que um maníaco estivesse em ação. Mais dois corpos foram localizados no dia 28 de julho
de 1998.
Investigações
Vasculhando os arquivos da delegacia da região, a 97º DP, investigadores da Divisão de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) descobriram três casos de tentativas de estupro entre maio de 1996 e dezembro de 1997 no parque. As
três mulheres que conseguiram escapar do ataque ajudaram a polícia a fazer um retrato falado daquele que se tornaria o
principal e único suspeito dos crimes.
No dia 12 de julho, um domingo, os jornais publicam o primeiro retrato falado do maníaco que atacava no Parque do
Estado, elaborado por policiais do 97º DP.
Retrato falado
No dia seguinte, ao chegar a sua empresa, Jorge Alberto Sant'Ana de 25 anos, estranhou a ausência do único
funcionário que trabalhava e dormia na empresa. Ele tinha deixado um bilhete sobre a mesa, com um recorte do jornal
em que havia o retrato falado. Lamentava ter de ir embora, pedia desculpas pela forma repentina da partida.
Ao ver o desenho, um homem ligou para a polícia dizendo ter o número do telefone de alguém muito parecido: Francisco
de Assis Pereira de 31 anos, morava em Santo André no ABC Paulista.
A informação levou os policiais até uma empresa de transportes no Brás. Ao chegarem ao local no dia 15 de julho,
descobriram que Pereira trabalhava lá como motoboy. Porém, três dias antes da visita da polícia, ele havia sumido,
deixando um jornal com o retrato falado do maníaco do parque e um bilhete: “Infelizmente tem de ser assim, preciso ir
embora. Deus abençoe a todos.”
No local, mais evidências foram encontradas. No mesmo dia da fuga, o patrão de Francisco percebeu que havia algo de
errado com o vaso sanitário da empresa. No conserto, foi encontrado um bolo de papéis queimados, que entupira o
esgoto. Junto, estava a carteira de identidade de Selma Ferreira Queiroz, uma das vítimas. A manicure Selma Rodrigues
Goes de 35 anos, afirma ter visto uma fumaça saindo de dentro da empresa J.R. Express, na Rua Alcântara Machado,
100C, Brás.
Chegou a Itaqui, no Rio Grande do Sul, cansado e faminto. Pediu abrigo a pescadores e disse se chamar
"Pedro". Francisco chegou a frequentar missas e se tornou familiar aos pescadores do rio Uruguai; desconfiados, os
pescadores João Carlos Dornelles Villaverde e Nilton Fogaça da Silva, o "Pitoco", resolveram checar os documentos do
rapaz. Pedro, na verdade, era um nome falso. O nome verdadeiro: Francisco de Assis Pereira. Imediatamente o
associaram ao retrato falado que saiu na televisão.
4 de agosto de 1998: Após 23 dias foragido, o motoboy foi preso pela Brigada Militar quando tomava banho na pensão
do pescador João Carlos Dornelles Vila Verde. A mulher do pescador, que reconhecera o suspeito, foi quem chamou a
polícia. Apesar de não ter resistido à prisão, o Maníaco negou ser o autor dos crimes.
Segundo a mulher do pescador, ele estava na região, pescando no Rio Uruguai, já fazia uma semana. O suspeito, que
usava cavanhaque, pediu para tomar um banho afirmando que atravessaria o Rio Uruguai de balsa para se encontrar
com uma namorada na cidade argentina de Alvear, de dez mil habitantes. Disse que queria encontrar a namorada "limpo
e cheiroso".
A mulher do pescador atendeu ao pedido, mas, desconfiada, pediu ao filho mais novo que revistasse os pertences do
inesperado hóspede. Ela contou à polícia ter desconfiado dele por causa da semelhança entre o visitante e as fotos que
vira na TV. Nos pertences de Francisco, ela encontrou a identidade e fotos de mulheres. O cabo Jesus Laciri de Lima
Carneiro, que atendeu ao telefonema, seguiu para a casa do pescador com mais três policiais. Dentro da mochila do
suspeito foram achadas passagens de ônibus de duas empresas do Oeste do Paraná, o que confirma a suspeita da
polícia paulista de que ele tinha passado por aquele estado em direção ao Sul.
Após ser preso, o motoboy se manteve calmo. Ele contou à polícia que, do Paraná, pegou carona num caminhão até o
Rio Grande do Sul, seguindo depois para a Argentina. Francisco disse que teve de sair de Buenos Aires, onde estava
com uma mulher, "porque seu visto estava vencido" (na verdade, a Argentina não exige passaporte de brasileiros). Ele
não deu informações sobre essa mulher.
Prisão e Confissão
O motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, após ser preso em
Itaqui, no Rio Grande do Sul (05/08/1998)
Nos nove primeiros dias de prisão, ele ficou trancado numa cela no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP) em São Paulo.
Em depoimento de muitas horas à Polícia paulista, o Maníaco do Parque confessou os oito assassinatos e mais um.
Também admitiu outros cinco estupros. Foi nesse momentos que falou de seu "lado ruim", de sua "fixação em seios" e
contou uma dramática história de relacionamentos, de molestamento sexual na infância, de um expatrão, com quem
teria um relacionamento homossexual.
— Não.
— Selma?
— Matei
— Quais?
— Todas.
— Nove.
— Com o cadarço dos sapatos ou com uma cordinha que às vezes eu levava na pochete. Eu dava um jeito.
Outra pausa, alguns pigarros. É o próprio Francisco quem volta a falar. A voz sai serena, com um tom de constatação:
— Nunca contei isso pra ninguém, nem pra minha mãe. Eu tenho um lado ruim dentro de mim. É uma coisa feia,
perversa, que eu não consigo controlar. Tenho pesadelos, sonho com coisas terríveis. Acordo todo suado. Tinha
noite que não saía de casa porque sabia que na rua ia querer fazer de novo, não ia me segurar. Deito e rezo, pra
tentar me controlar.
Era um dos primeiros dias de Francisco de Assis Pereira, 30 anos, no prédio da DHPP no centro de São Paulo. Na
presença de três pessoas, confessou ser o maníaco do Parque do Estado, o suspeito mais procurado pela polícia
brasileira. O assassino não de oito mulheres, como acredita a polícia, mas de nove. O homem que estuprou e enforcou
suas vítimas e depois largou seus corpos em clareiras de uma das maiores áreas verdes de São Paulo.
Pouco tempo depois, no primeiro depoimento oficial que deu ao delegado Sérgio Alves, responsável pelo caso, Francisco
estava mais calmo. O interrogatório durou sete horas. Durante todo esse tempo, ele negou qualquer relação com os oito
assassinatos e cinco estupros dos quais é suspeito. A opção de Francisco tinha uma lógica. No caso de uma confissão,
ele poderia ser considerado um psicopata e ficaria trancafiado no Pavilhão Dois do Manicômio Judiciário — o inferno na
terra — por pelo menos trinta anos. Negando, pode ser condenado por apenas um homicídio e pegar uma pena menor.
6 de agosto de 1998: Francisco foi indiciado pelo assassinato da balconista Selma Ferreira Queiroz de 18 anos.
Tecnicamente, as provas contra ele não eram das melhores. Isso porque a perícia foi mal feita, e o único elo capaz de
associálo ao homicídio é a carteira de identidade da garota, encontrada no vaso sanitário da empresa onde ele morava.
Como álibi contra essa evidência, Francisco alega que a casa era frequentada por um semnúmero de pessoas.
Uma de suas vítimas, M.C., de 18 anos, que reconheceu Francisco como o estuprador que a dominou no Parque do
Estado depois de convidála a posar para fotos, disse diante de um batalhão de repórteres: "Ele sabe fazer ar de
desamparado". Francisco estava com esse ar no primeiro encontro com os pais depois de sua prisão. Quando as luzes
das câmeras de televisão se apagaram, logo em seguida à entrevista coletiva, chorou no ombro da mãe e do pai como
uma criança. Com as mãos algemadas, passava os braços em torno do pescoço deles enquanto dizia que havia
pensado muito na família nas últimas semanas. Maria Helena perguntou baixinho:
Modus Operandis
Os policiais se impressionaram com a capacidade de convencimento de Pereira, já que as jovens subiam em sua garupa
persuadidas por sua conversa, sem coação. Logo após sua prisão, a perita da Polícia Civil Jane Pacheco Belucci
conversou com ele por duas horas e afirmou: “Ele é inteligentíssimo, tem uma fala mansa que convence”.
O Maníaco do Parque, no interrogatório falou que convencêlas era muito simples. Bastava falar aquilo que elas queriam
ouvir. Francisco cobria todas de elogios, se identificava como um caçatalentos de uma importante revista, oferecia um
bom cachê e convidava as moças para uma sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma oportunidade
única, algo predestinado, que não poderia ser desperdiçado.
E elas iam....
Chegando no local ele atacava as vítimas, fazendo muitas delas verem outras mulheres mortas por ele. Ele as estuprava,
as estrangulava, as mordia (muitas vezes arrancando pedaços da carne), e depois que já estavam mortas, ele as
posicionava de maneira provocante cometendo necrofilia em alguns momentos. Depois, ia embora levando alguns
objetos das vítimas.