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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ISABELA BEATRIZ MACEDO DOS SANTOS

ANÁLISE NUMÉRICA DE PUNÇÃO EM LAJES LISAS


COM FUROS APOIADAS EM PILARES COM SEÇÃO
TRANSVERSAL

NATAL-RN
2017
Isabela Beatriz Macedo dos Santos

Análise numérica de punção em lajes lisas com furos apoiadas em pilares com seção
transver

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho

Natal-RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Santos, Isabela Beatriz Macedo Dos.


Análise numérica de punção em lajes lisas com furos apoiadas
em pilares com seção transversal em "L / Isabela Beatriz Macedo
Dos Santos. - 2017.
135 f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Civil,
Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Civil. Natal, RN,
2017.
Orientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho.

1. Concreto armado - Monografia. 2. Lajes lisas - Monografia.


3. Análise numérica - Monografia. 4. Punção - Monografia. 5.
Furos - Monografia. I. Silva Filho, José Neres da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.012.45


Isabela Beatriz Macedo dos Santos

Análise numérica de punção em lajes lisas com furos apoiadas em pilares com seção
transver

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Aprovada em 31 de maio de 2017:

___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres da Silva Filho Orientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto Examinador interno

___________________________________________________
Prof. Dr. Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega Examinador externo

Natal-RN
2017
DEDICATÓRIA

Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem
prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça
prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do
que errar por se omitir! (Augusto Cury).

Dedico, primeiramente, a Deus e


minha família.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS por ter me dado forças e iluminar meu caminho
ao longo dessa jornada.
Aos meus pais, Francisco Henrique e Sandra Maria, pelo apoio, incentivo e amor
que recebi ao longo da minha vida.
Ao meu querido irmão Artur Ricardo pelo apoio, sugestões e companheirismo nas
horas que eu precisei. Agradeço especialmente por ser a pessoa que mais me incentivou
e por ser o meu maior exemplo.
Ao meu namorado, Filipe, que com carinho, paciência, companheirismo e
compreensão me fez sentir vencedora nos momentos difíceis.
Ao professor Dr. José Neres da Silva pela idealização do tema para esta pesquisa,
pela orientação, sugestões, disponibilidade, atenção, pela confiança depositada em mim,
e por ter possibilitado o desenvolvimento desta monografia.
Ao professor Dr. Leandro Mouta Trautwein por colaborar com o aprimoramento
deste trabalho.
Ao professor Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto pelas relevantes contribuições
ao trabalho. Aos demais professores do curso de Engenharia Civil por demonstrarem
tanto amor pelo que fazem e nos ensinarem com tanta dedicação.
À Nathália Oliveira pelas sugestões e materiais bibliográficos disponibilizados.
A todos os meus amigos que acreditaram em mim e que contribuíram no meu
aprendizado durante esses anos de faculdade e que sempre estiveram de uma forma ou de
outra motivando o desenvolvimento desse trabalho.

Isabela Beatriz Macedo dos Santos


RESUMO

Análise numérica de punção em lajes lisas com furos apoiados em pilares com seção

O sistema estrutural de lajes lisas oferece inúmeras vantagens do ponto de vista


construtivo, dentre elas a flexibilidade na definição dos espaços internos e facilidade na
realização de reformas e modificações futuras. Entretanto, nas regiões de ligação das lajes
com os pilares há o surgimento de altas tensões que podem conduzir à ruptura brusca por
punção. Apesar do comportamento frágil de ruptura do sistema, é comum a realização de
aberturas para a passagem de tubulações que reduzem a capacidade resistente à punção
das lajes lisas. Este trabalho apresenta um estudo relativo à análise numérica realizada em
10 modelos de lajes lisas de concreto armado, sem armadura de cisalhamento, com furos
adjacent
método dos elementos finitos (MEF). Para obtenção de resultados, as lajes foram
modeladas utilizando o software SAP2000 v.19 (Structural Analysis and Design
Program) considerando a não linearidade física dos materiais. Estudou-se a influência
das aberturas no comportamento da ligação laje-pilar quanto ao puncionamento através
da análise da carga de ruptura, distribuição dos esforços solicitantes e deslocamentos
verticais. Apresenta-se ainda a comparação dos modelos numéricos com resultados
obtidos a partir das prescrições das normas: NBR 6118 (ABNT, 2014), Eurocode 2 (CEN,
2010), ACI 318 (ACI, 2014), Model Code (fib, 2011) e do modelo teórico utilizando a
Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento (MUTTONI, 2008).

Palavras-chave: Concreto Armado, lajes lisas, análise numérica, punção, furos.


ABSTRACT

Title: Numerical analysis of punching shear failure in flat slab structures with openings,
supported by column with "L" cross section.

The flat slab structural system offers great advantages from a constructive point of view,
like flexibility in the definition of internal spaces and more efficiency in refurbishment
and future modifications. However, in slab-column connection appears high stresses that
can lead to abrupt collapse of the structure due to punching shear. Despite brittle behavior
of the system, it is common to place openings for pipes systems, which reduces the
punching shear capacity of flat slabs. This research presents a numerical analysis study
of the punching behavior in 10 reinforced concrete slabs models, without shear
reinforcement, with adjacent openings supported by internal "L" cross section columns
using the finite element method (FEM). The slabs were modeled by the software
SAP2000 v.19 (Structural Analysis and Design Program), to gather results for the
analysis, it was assumed the physical nonlinear behavior of the materials. The influence
of the openings on the punching shear behavior of the slab-column connection was
studied through the analysis of the ultimate loads, stresses distribution, concrete strains
and vertical displacements. It is also presented a comparison of numerical models with
results provided by requirements from the standards: NBR 6118 (ABNT, 2014),
Eurocode 2 (CEN, 2010), ACI 318 (ACI, 2014) and the theoretical model using the
Critical Shear Crack Theory (MUTTONI, 2008).

Keywords: Reinforced concrete, flat-slab, numerical analysis, punching shear, opening.


ÍNDICE GERAL
CAPÍTULO PÁGINA
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.................................................................................... 15
1.1. Considerações Gerais ....................................................................................... 15
1.2. Justificativa ...................................................................................................... 18
1.3. Objetivo Geral .................................................................................................. 19
1.4. Objetivos Específicos ...................................................................................... 19
1.5. Apresentação do Trabalho ............................................................................... 19
CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................... 21
2.1. Introdução ........................................................................................................ 21
2.2. Punção .............................................................................................................. 21
2.3. Prescrições Normativas .................................................................................... 22
2.3.1. NBR 6118 (2014) - Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. . 23
2.3.2. Eurocode 2 (2010) - Design of Concrete Structures................................. 26
2.3.3. ACI 318(2014)-Building Code Requirements for Structural Concrete .... 29
2.3.4. Model Code (2010) ................................................................................... 32
2.3.5. Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento (MUTTONI, 2008) ............... 35
2.3.6. Resumo ..................................................................................................... 37
2.4. Trabalhos correlatos ......................................................................................... 38
2.4.1. Pinto (2015) .............................................................................................. 38
2.4.2. Oliveira (2016) ......................................................................................... 39
CAPÍTULO 3 - MODELAGEM NUMÉRICA .............................................................. 41
3.1. Introdução ........................................................................................................ 41
3.2. Características das lajes em estudo .................................................................. 42
3.3. Modelo constitutivo dos materiais ................................................................... 44
3.4. Definição da seção dos elementos finitos ........................................................ 47
3.5. Carregamento e condições de apoio ................................................................ 50
3.6. Procedimento de Resolução da análise ............................................................ 51
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................... 53
4.1. Deslocamentos verticais .................................................................................. 53
4.2. Carga de Ruptura ............................................................................................. 61
4.3. Esforços Internos ............................................................................................. 62
4.3.1. Momentos Fletores ................................................................................... 64
4.3.2. Esforços Cortantes .................................................................................... 68
4.4. Estimativa da Carga de Ruptura conforme os perímetros de controle das
Normas ........................................................................................................................ 72
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES .................................................................................... 85
5.1. Sugestões para trabalhos futuros ...................................................................... 86
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 87
APÊNDICE A - Aplicação das Expressões Normativas e Teóricas para Determinação
das Cargas Últimas de Punção das Lajes ....................................................................... 90
A.1 Laje LR .................................................................................................................... 90
A.2 Laje L01 ................................................................................................................... 93
A.3 Laje L02 ................................................................................................................... 97
A.4 Laje L03 ................................................................................................................. 101
A.5 Laje L04 ................................................................................................................. 105
A.6 Laje L05 ................................................................................................................. 109
A.7 Laje L06 ................................................................................................................. 113
A.8 Laje L07 ................................................................................................................. 117
A.9 Laje L08 ................................................................................................................. 121
A.10 Laje L09 ............................................................................................................... 125
A.11 Resumo ................................................................................................................ 129
APÊNDICE B Recomendações para consideração simplificada da não linearidade
física do concreto armado ............................................................................................. 130
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO PÁGINA
Figura 1 - Esquema da laje lisa .......................................................................................................... 15
Figura 2 - Esquema do sistema estrutural convencional ............................................................. 15
Figura 3 - Colapso do Skyline Plaza Apartments, VA, EUA. ..................................................... 17
Figura 4 - Colapso parcial do edifício Pipers Row Car Park, Wolverhampton. ................... 17
Figura 5 - Colapso parcial do edifício garagem Tropicana Casino, Atlantic City, EUA. ..... 17
Figura 6 - Furos existentes nas lajes, próximos às faces dos pilares........................................... 18
Figura 7 - Perspectivas do aparecimento de fissuras em lajes lisas............................................ 21
Figura 8 - Modo de ruptura de laje lisa sem armadura de cisalhamento. ............................... 22
Figura 9 Perímetro crítico em pilares internos. .......................................................................... 23
Figura 10 Perímetro crítico junto à abertura na laje................................................................. 24
Figura 11 - Modelo para a verificação da punção no estado limite último. ............................. 26
Figura 12 Primeiros perímetros de controle típicos em torno de áreas carregadas. .......... 27
Figura 13 Perímetro crítico junto de uma abertura. ................................................................. 27
Figura 14 - Perímetros de controle de acordo com o ACI. .......................................................... 29
Figura 15 - Perímetro crítico junto à abertura na laje. ................................................................ 29
Figura 16 Perímetro básico de controle em torno da área carregada ou pilar. ................... 32
Figura 17 Perímetro de controle reduzido. .................................................................................. 32
Figura 18 Redução do perímetro básico de controle na presença de aberturas.................. 33
Figura 19 - Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento. .............................................................. 36
Figura 20 - Características das lajes ensaiadas. (a) LR (b) L01 (c) L02 (d) L03 ..................... 38
Figura 21 - Características das lajes, LR e L01 à L09. ................................................................. 43
Figura 22 - Curva tensão-deformação para modelo de fissuração distribuída trilinear. ..... 46
Figura 23 - Curva tensão-deformação para armadura CA-50. ................................................. 47
Figura 24 - Curva tensão-deformação para armadura CA-60. ................................................. 47
Figura 25- Armadura Superior - 10mm c/9,32cm e cobrimento de 1cm. ................................ 48
Figura 26 - Armadura Inferior - 6,3 mm c/19,66cm e cobrimento de 1cm.............................. 48
Figura 27 - Seção transversal do elemento Shell (SAP2000). ...................................................... 48
Figura 28 - Malha discretizada com elementos de 5 cm Laje de Referência........................ 49
Figura 29- Vista em planta do sistema de ensaio. .......................................................................... 50
Figura 30 - Carregamento e apoio da laje. ..................................................................................... 51
Figura 31 - Interface dos parâmetros de não-linearidade, SAP2000(CSI). ............................. 52
Figura 32 - Curva carga x deslocamento para a laje LR. ............................................................ 53
Figura 33 - Curva carga x deslocamento para a laje L01. ........................................................... 54
Figura 34 - Curva carga x deslocamento para a laje L02. ........................................................... 54
Figura 35 - Curva carga x deslocamento para a laje L03. ........................................................... 54
Figura 36 - Curvas carga x deslocamento para as lajes L04 (esquerda) e L05 (direita). ..... 55
Figura 37 - Curvas carga x deslocamento para as lajes L06 (esquerda) e L07 (direita) obtidas
numericamente, para um mesmo ponto.......................................................................................... 55
Figura 38 - Curvas carga x deslocamento para as lajes L08 (esquerda) e L09 (direita) obtidas
numericamente, para um mesmo ponto.......................................................................................... 55
Figura 39 Deslocamentos verticais na laje LR para os pontos dos deflectômetros d7, d6, d1,
d8 e d9...................................................................................................................................................... 56
Figura 40 Obtenção da Curva Calibrada para laje LR............................................................ 57
Figura 41 Curva carga x deslocamento para laje LR. .............................................................. 57
Figura 42 Curva carga x deslocamento para laje L01. ............................................................. 58
Figura 43 Curva carga x deslocamento para laje L02. ............................................................. 58
Figura 44 Curva carga x deslocamento para laje L03. ............................................................. 58
Figura 45 Curva carga x deslocamento para laje L04. ............................................................. 58
Figura 46 Curva carga x deslocamento para laje L05. ............................................................. 59
Figura 47 Curva carga x deslocamento para laje L06. ............................................................. 59
Figura 48 Curva carga x deslocamento para laje L07. ............................................................. 59
Figura 49 Curva carga x deslocamento para laje L08. ............................................................. 59
Figura 50 Curva carga x deslocamento para laje L09. ............................................................. 60
Figura 51 Deslocamentos verticais obtidos da curva calibrada. ............................................. 60
Figura 52 Carga de Ruptura Análise numérica ...................................................................... 61
Figura 53 -Forças no elemento Shell Layered. ............................................................................... 63
Figura 54 - Mapa dos momentos fletores para LR, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ....... 64
Figura 55 - Mapa dos momentos fletores para L01, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ...... 64
Figura 56 - Mapa dos momentos fletores para L02, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ....... 65
Figura 57 - Mapa dos momentos fletores para L03, M22 (à esquerda) e M11 (à direita)........ 65
Figura 58 - Mapa dos momentos fletores para L04, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ...... 65
Figura 59 - Mapa dos momentos fletores para L05, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ...... 66
Figura 60 - Mapa dos momentos fletores para L06, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ...... 66
Figura 61 - Mapa dos momentos fletores para L07, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ...... 66
Figura 62 - Mapa dos momentos fletores para L08, M22 (à esquerda) e M11 (à direita). ...... 67
Figura 63 - Mapa dos momentos fletores para L09, M22 (à esquerda) e M11 (à direita)........ 67
Figura 64 - Mapa dos esforços cortantes para LR, V23 (à esquerda) e V13 (à direita)............ 68
Figura 65 - Mapa dos esforços cortantes para L01, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 69
Figura 66 - Mapa dos esforços cortantes para L02, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 69
Figura 67 - Mapa dos esforços cortantes para L03, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 69
Figura 68 - Mapa dos esforços cortantes para L04, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 70
Figura 69 - Mapa dos esforços cortantes para L05, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 70
Figura 70 - Mapa dos esforços cortantes para L06, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 70
Figura 71 - Mapa dos esforços cortantes para L07, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 71
Figura 72 - Mapa dos esforços cortantes para L08, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 71
Figura 73 - Mapa dos esforços cortantes para L09, V23 (à esquerda) e V13 (à direita). ......... 71
Figura 74 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje de Referência sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) Model Code e Teoria
da Fissura Crítica de Muttoni. ........................................................................................................... 73
Figura 75 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L01 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 74
Figura 76 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L02 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 75
Figura 77 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L03 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 76
Figura 78 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L04 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 77
Figura 79 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L05 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 78
Figura 80 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L06 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 79
Figura 81 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L07 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 80
Figura 82 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L08 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 81
Figura 83 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L09 sobre o Perímetro Crítico
segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e Teoria da
Fissura Crítica de Muttoni.................................................................................................................. 82
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO PÁGINA
Tabela 1 - Características das lajes ensaiadas. ..................................................................................... 38
Tabela 2- Características das lajes estudadas. ...................................................................................... 39
Tabela 3 - Valores estimados das cargas de ruptura............................................................................ 40
Tabela 4- Parâmetros de entrada no SAP2000. ................................................................................... 44
Tabela 5 - Modelo de fissuração distribuída multilinear..................................................................... 45
Tabela 6 - Parâmetros de entrada para as armaduras. ......................................................................... 46
Tabela 7 Cargas de ruptura estimadas para LR. ............................................................................... 61
Tabela 8 Cargas de ruptura estimadas para LR. ............................................................................... 73
Tabela 9 Cargas de ruptura estimadas para L01............................................................................... 74
Tabela 10 Cargas de ruptura estimadas para L02............................................................................. 75
Tabela 11 Cargas de ruptura estimadas para L03............................................................................. 76
Tabela 12 Cargas de ruptura estimadas para L04............................................................................. 77
Tabela 13 Cargas de ruptura estimadas para L05............................................................................. 78
Tabela 14 Cargas de ruptura estimadas para L06............................................................................. 79
Tabela 15 Cargas de ruptura estimadas para L07............................................................................. 80
Tabela 16 Cargas de ruptura estimadas para L08............................................................................. 81
Tabela 17 Cargas de ruptura estimadas para L09............................................................................. 82
Tabela 18 Comparação VMEF/Vnorma para o mesmo perímetro de controle................................... 83
Tabela 19 Comparação Vu/VMEF....................................................................................................... 84
Tabela 20 Critério de avaliação Vu/Vnorma. ........................................................................................ 84
15

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1.Considerações Gerais

As lajes são definidas como elementos estruturais bidimensionais, também


conhecidas como elementos de superfície, ou placas, uma vez que apresentam duas
dimensões (comprimento e a largura) da mesma ordem de grandeza e bem superiores à
terceira dimensão (espessura). As lajes comumente recebem solicitações perpendiculares
ao seu plano médio, devido ações permanentes e variáveis, sejam elas distribuídas na
superfície, distribuídas linearmente ou forças concentradas.
No início do século XX, devido à necessidade de aperfeiçoamento constante das
técnicas construtivas e visando atender aos projetos arquitetônicos surgiu o sistema das
lajes lisas, representado na Figura 1. Elas se distinguem do sistema convencional,
mostrado na Figura 2, por transmitirem as ações diretamente para os pilares, dispensando
a utilização de vigas, ábacos ou capitéis.
Figura 1 - Esquema da laje lisa

Fonte: Autora.
Figura 2 - Esquema do sistema estrutural convencional

Fonte: Autora.
16

A adoção do sistema estrutural composto por lajes lisas possibilita a otimização


do processo construtivo, tanto pela economia como pela simplificação na execução. De
acordo com Albuquerque (2015), devido à ausência de vigas, as divisórias não são
condicionadas à sua localização, permitindo uma maior flexibilidade na definição dos
espaços internos. Além disso, a utilização desse sistema facilita o lançamento,
adensamento e desforma do concreto, e promove uma diminuição significativa de recortes
nas fôrmas e redução de custo com cimbramento. Outra vantagem é a simplificação das
instalações prediais elétricas e hidráulicas, tanto no projeto como na execução, tendo em
vista que há uma redução da quantidade de curvas das tubulações e eletrodutos, não sendo
necessário contornar as vigas ou perfurá-las.
No entanto, existe uma grande preocupação quanto à sua utilização pelo
surgimento de elevadas tensões nas regiões de ligação das lajes com os pilares, que podem
ocasionar a ruptura por puncionamento para uma carga inferior à de flexão. A ruína por
punção ocorre repentinamente, com pequeno ou nenhum aviso, praticamente sem
apresentar ductilidade, podendo levar até a ocorrência de colapso progressivo de
estruturas no mesmo pavimento através da transferência de carregamentos, como também
no colapso progressivo das lajes dos pavimentos inferiores através da sobrecarga do
material das lajes superiores.
Diversos acidentes devido à ruptura por punção têm sido registrados. Dentre eles,
o colapso progressivo do edifício residencial Skyline Plaza, em 1973, na Virginia,
Estados Unidos, durante sua construção, conforme ilustrado na Figura 3. O sistema
estrutural utilizado foi de lajes lisas e a ruptura inicial foi ocasionada por punção da laje
no 23° pavimento, devida à remoção prematura do escoramento. A ruptura propagou-se
verticalmente por toda a altura do edifício e horizontalmente por todo o anexo de garagem
ainda em construção.
A Figura 4 ilustra a ruptura da laje do último pavimento do edifício garagem
Pipers Row Car Park, situado em Wolverhampton, Inglaterra. O edifício entrou em
colapso parcial em 1997 devido à ruptura por punção das lajes lisas. Já a Figura 5, ilustra
o colapso no edifício garagem do Tropicana Cassino em 2003, localizado em Atlantic
City, Estados Unidos. A ruptura progressiva foi resultado da ruptura por punção da laje
do último pavimento que ao romper ocasionou uma sobrecarga e impacto responsável
pelo colapso das lajes subjacentes.
17

Figura 3 - Colapso do Skyline Plaza Apartments, VA, EUA.

Fonte: Leyendecker (1977).


Figura 4 - Colapso parcial do edifício Pipers Row Car Park, Wolverhampton.

Fonte: WOOD (2003).


Figura 5 - Colapso parcial do edifício garagem Tropicana Casino, Atlantic City, EUA.

Fonte: http://www.ctlgroup.com/projects/tropicana-reinforced-concrete-parking-garage-collapse-
evaluation/
18

Dessa forma, a capacidade de perceber e prever este fenômeno é fundamental,


uma vez que torna mais segura a utilização de lajes lisas, elementos de simples e rápida
execução.
A utilização da análise numérica tem assumido relevância na engenharia civil, já
que possibilita a simulação do comportamento de estruturas de concreto armado. As
ferramentas mais complexas asseguram a capacidade de prever o comportamento dos
materiais de forma não linear, principalmente o concreto, tornando possível a simulação
e análise dos mais variados tipos de estruturas de concreto armado.

1.2.Justificativa

Apesar das inúmeras vantagens do sistema com lajes lisas, deve-se ter atenção a
ocorrência da punção, fenômeno caracterizado pela atuação de forças concentradas na
superfície da laje, que causam um deslocamento vertical ao longo de uma superfície
tronco-cônica ou tronco-piramidal (Park e Gamble, 2000).
Mesmo com o comportamento frágil de ruptura do sistema, é comum a realização
de furos e aberturas para a passagem de tubulações (shafts), próximas ou não aos pilares.
Essas aberturas reduzem consideravelmente a capacidade resistente à punção de lajes
lisas. Para exemplificar a fragilidade dessas aberturas, pode-se mencionar o incidente
ocorrido no Shopping Rio Poty, em Teresina-PI, no qual um dos fatores apontados como
possível causada dos desabamentos de sete dos dezoito setores da estrutura foi a presença
de furos adjacentes às quatro faces dos pilares, conforme a Figura 6, comprometendo a
resistência à punção das lajes.
Figura 6 - Furos existentes nas lajes, próximos às faces dos pilares.

Fonte: CREA-PI (2013)


19

O presente trabalho baseia-se em tais situações como justificativa para analisar


numericamente o comportamento de lajes lisas com furos apoiadas sobre pilares de seção
s obtidos pelos modelos analíticos já consagrados.
O desenvolvimento do método dos elementos finitos, aliado com a não linearidade
do problema, permite fazer uma análise mais complexa e mais próxima da realidade.

1.3. Objetivo Geral

Essa pesquisa tem como objetivo geral realizar um estudo analítico e numérico de lajes
lisas de concreto armado com a presença de furos adjacentes às faces dos pilares a fim de
averiguar a sua resistência à punção.

1.4.Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:


Fazer uma simulação numérica utilizando o Método dos Elementos Finitos via
programa de análise estrutural SAP2000 de lajes lisas apoiadas sobre pilares de
seção
Analisar os deslocamentos verticais, momentos fletores e esforços cortantes
obtidos pelo SAP2000 através da interpretação dos mapas dos esforços;
Comparar os resultados obtidos pelo SAP2000 com as estimativas analíticas de
dimensionamento das normas ACI 318 (American Concrete Institute, 2014),
Eurocode 2 (CEN Comitê Europeu de Normalização, 2010), NBR 6118 (ABNT,
2014), Model Code 2010 (FIB Federação Internacional de Concreto, 2010) e de
um modelo teórico utilizando a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento
(MUTTONI, 2008).

1.5.Apresentação do Trabalho

Este trabalho de pesquisa está divido em 5 capítulos.


Capitulo 1- Introdução: Apresentação do assunto, mostrando a importância do
estudo da punção em lajes lisas, que apresenta grandes vantagens técnicas e econômicas
frente ao sistema convencional de lajes, vigas e pilares, apresentação da justificativa, dos
objetivos e da estruturação da pesquisa.
20

Capitulo 2 Revisão bibliográfica: apresentação de conceitos relativos à punção,


modelos de cálculo propostos pelas normas: NBR 6118 (2014), Eurocode 2 (2010), ACI
318 (2014), Model Code (2010) e Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento (MUTTONI,
2008) para verificar a ligação laje-pilar com relação à punção.
Capitulo 3 Caracterização dos modelos e os parâmetros considerados na análise
númerica utilizando o software SAP2000 v.19, descrevendo os modelos constitutivos dos
materiais adotados para simular o comportamento real da estrutura, definindo os apoios
e carregamento, e o método de resolução de análise.
Capitulo 4 Resultados e Discussões: estudo comparativo dos resultados
experimentais realizados por Pinto (2015) com os resultados numéricos. Discussão da
influência dos furos nos momentos fletores, esforços cortantes e cargas de ruptura obtidas
pelo SAP2000.
Capitulo 5 Conclusões: são apresentadas as conclusões desta pesquisa e também
sugestões para a realização de trabalhos futuros.
São apresentados ainda as referências bibliográficas, apêndice A com o cálculo
das cargas de ruptura segundo as prescrições normativas e apêndice B com estimativa da
rigidez equivalente para consideração simplificada da não linearidade física.
21

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.Introdução

Neste capítulo serão apresentados conceitos fundamentais do fenômeno da


punção, o resumo das pesquisas experimental realizada por Pinto (2015) e teórica, por
Oliveira (2016), além de recomendações das normas nacionais e internacionais com o
intuito de analisar o comportamento, quanto ao puncionamento, das lajes lisas de concreto
armado com furos.

2.2.Punção

Segundo Trautwein (2006), a punção é caracterizada pela atuação de cargas


localizadas sobre uma área de um elemento estrutural plano, laje ou elemento de
fundação. Essas cargas provocam elevadas tensões cisalhantes no entorno da sua
aplicação que podem resultar na ruptura abrupta e sem aviso prévio.
Cordovil (1997) define que o processo de ruptura por punção, observado através
de ensaios em lajes de concreto armado, consiste inicialmente no aparecimento de
fissuras, antes da ruptura, predominantemente radiais. Em seguida, devido ao
aparecimento das fissuras iniciais a laje tem uma tendência a rotação, provocando o
surgimento de fissuras circunferenciais e tangenciais que levam a estrutura ao colapso,
conforme se observa na Figura 7.
Figura 7 - Perspectivas do aparecimento de fissuras em lajes lisas.

Fonte: UDESC (2014).


22

De acordo com o item 6.4.2.5 do CEB-FIB MC90 (1993), a superficie de ruptura


da laje lisa sem armadura de cisalhamento tem formatos tronco-cônica e se desenvolve a
partir da extremidade da área carregada até a face oposta da laje, seguindo uma inclinação
entre 25 e 30 graus, conforme representado na Figura 8.
Figura 8 - Modo de ruptura de laje lisa sem armadura de cisalhamento.

Fonte: Adaptado do CEB/MC90.


Segundo Rabello (2010), a resistência à punção está diretamente relacionada a
resistência à compressão do concreto, altura útil da laje, relação entre os lados dos pilares,
geometria dos pilares, excentricidades do carregamento, armadura de flexão, armadura
de cisalhamento, abertura na laje próximas aos pilares, perímetro de contato entre a laje
o pilar. Diversos autores têm desenvolvido pesquisas referentes ao efeito dessas variáveis
no puncionamento de lajes sem vigas. Moe (1961) e Wayne (1997) investigaram, através
de ensaios experimentais, o comportamento estrutural e a resistência última à punção de
lajes lisas com furos adjacentes ao pilar. Teng et al. (2000) estudaram, além da influência
da presença de furos, o efeito da retangularidade dos pilares e das diferentes relações de
carregamentos nos eixos x e y nas lajes lisas. Borges (2002) analisou também o
comportamento estrutural das lajes lisas com e sem armadura de cisalhamento, e Souza
(2008) realizou ensaios em lajes lisas considerando o efeito da transferência de momento
fletor da laje ao pilar.

2.3.Prescrições Normativas

As normas são fundamentadas em um modelo empírico simplificado de cálculo


para determinação da resistência à punção das lajes em que se admite uma relação entre
a tensão de cisalhamento e perímetros de controle, passando pelos pilares, onde existe
maior concentração de solicitações, e onde estas solicitações são menores.
Além disso, as normas preestabelecem a influência na resistência à punção devido
à presença de aberturas nas lajes em regiões próximas aos pilares. Tendo em vista que as
23

lajes lisas propostas são ligadas a pilares internos e não prevêm armadura de
cisalhamento, outras situações não foram abordadas.
A seguir são explicitados formulações e conceitos posteriormente utilizados na
deteminação da carga de ruptura previstos pelos normativos:
NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto. Associação Brasileira de Normas
Técnicas. (ABNT, 2014).
EUROCODE 2: Design of concrete structures. European Committee for
Standardization. (CEN, 2010)
ACI 318: American building code requirements for reinforced concrete. American
Concrete Institute. (ACI, 2014)
CEB-FIP MODEL CODE 2010: Final draft. Model Code Prepared by Special
Activity Group 5. (fib, 2011)
Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento (MUTTONI, 2008).

2.3.1. NBR 6118 (2014) - Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento.

Perímetro de controle

O modelo de cálculo do dimensionamento de lajes à punção, consoante a NBR


6118 (2014), item 19.5.1, consiste na verificação do cisalhamento em duas ou mais
superficies críticas definidas no entorno do pilar ou de forças concentradas.
Figura 9 Perímetro crítico em pilares internos.

Fonte: NBR 6118 (2014).


Segundo a NBR 6118 (2014), o contorno C, mostrado na Figura 9, é uma
superfície crítica do pilar ou da carga concentrada e deve ser verificada, neste perímetro,
a tensão de compressão diagonal do concreto através da tensão de cisalhamento. Além da
verificação da tensão de cisalhamento no contorno C, deve-se realizar no contorno C
24

também mostrado na Figura 9, afastado 2.d do pilar ou carga concentrada, a verificação


da capacidade da ligação à punção, associada à resistencia à tração diagonal. O parâmetro
d corresponde a altura útil da laje.
No entanto, caso a laje apresente alguma abertura situada a uma distância inferior
que

pelo centro de gravidade da área de aplicação da força e que tangenciam o contorno da


abertura, conforme a Figura 10.
Figura 10 Perímetro crítico junto à abertura na laje.

Fonte: NBR 6118 (2014).


Para determinação da tensão solicitante de cisalhamento, em que o carregamento
pode ser considerado simétrico, a Norma traz a seguinte equação:

Eq. (1)

Sendo
Eq. (2)

Onde

de aplicação da força, distante 2.d no plano da laje, em m;


dx e dy são as alturas úteis nas duas direções ortogonais;
u é o perímetro do contorno crítico, em m;
u.d é a área da superfície crítica, em m²;
FSd é a força ou a reação concentrada, de cálculo, em KN.

Punção
A tensão resistente na superfície crítica C é dada por:
Eq. (3)
25

Sendo
Eq. (4)

fck é a resistência característica do concreto à compressão, em MPa.


Sd é calculado conforme a equação citada anteriormente, com u0 (perímetro do contorno
C) no lugar de u.
Verificação da tensão resistente de compressão diagonal do concreto, em lajes
submetidas à punção, com ou sem armadura, é dada por:

Eq. (5)
Substituindo as equações 1 e 3 em 5, tem-se:

Eq. (6)

esconsiderando a tensão devido à


protensão, deve ser calculada como segue:

Eq. (7)

Sendo
Eq. (8)

Onde
flexão aderente (armadura não aderente deve ser
desprezada);
são as taxas de armadura nas duas direções ortogonais assim calculadas:
na largura igual à dimensão ou área carregada do pilar acrescida de 3d para cada
um dos lados;
no caso de proximidade da borda prevalece a distância até a borda quando menor
que 3d.
No caso da estabilidade global da estrutura depender da resistência da laje à
Sd Rd1. Essa
armadura deve equilibrar um mínimo de 50% de FSd.
Verificação da tensão resistente de tração diagonal é dada por:

Eq. (9)
Sd é calculado conforme a equação citada anteriormente.
26

Substituindo as equações 1 e 7 em 9, tem-se:

Eq. (10)

2.3.2. Eurocode 2 (2010) - Design of Concrete Structures

Perímetro de controle

O EC 2 (2010), item 6.4, define que a punção pode resultar de um carregamento


concentrado ou de uma reação atuante em uma área relativamente pequena de uma laje
ou fundação. Conforme a norma, o modelo para verificar a ruptura por punção no estado
limite último pode ser representado conforme a Figura 11.
Figura 11 - Modelo para a verificação da punção no estado limite último.

Fonte: Eurocode 2 (2010).


27

A resistência a punção deverá ser verificada na face do pilar e no primeiro


perímetro de controle u1, definidos analogamente a NBR 6118 (2014), conforme a Figura
12.
Figura 12 Primeiros perímetros de controle típicos em torno de áreas carregadas.

Fonte: Eurocode 2 (2010).


A norma prevê ainda que para áreas carregadas junto de aberturas, se a menor
distância entre o contorno da área carregada e a borda da abertura não for superior a 6.d,
não deverá ser considerada a parte do perímetro de controle compreendida entre as duas
tangentes à abertura traçadas desde o centro da área carregada, Figura 13.
Figura 13 Perímetro crítico junto de uma abertura.

Fonte: Eurocode 2 (2010).


Para o caso de pilares internos com punção simétrica, a tensão de cisalhamento é
dada por:

Eq. (11)

Em que:
é o coeficiente que leva em consideração os efeitos da excentricidade da carga. Para o
caso de punção simétrica, sem a existência de momentos desbalanceados, o valor de
será 1 ( = 1);
d é altura útil da laje ao longo do contorno crítico, em mm;
Ved é a força ou reação concentrada de cálculo (kN);
ui é o perímetro crítico de controle considerado.
28

Punção

A resistência máxima ao puncionamento, ao longo da seção de controle no


contorno do pilar é dada por:

Eq. (12)
Em que:

Eq. (13)

Onde:
fissurado por esforço cortante;
No perímetro do pilar, ou no perímetro da área carregada, não deverá ser excedido
o máximo da tensão de puncionamento:
Eq. (14)
Substituindo as equações 11 e 12 na 14, tem-se:

Eq. (15)

O valor de cálculo da resistência ao puncionamento de uma laje sem armadura de


punção, ao longo da seção de controle crítica situada a 2.d do contorno da área carregada,
é obtida por:
Eq. (16)

Em que:
é o valor de cálculo da resistência ao puncionamento, em MPa;
Fck em MPa;
, d em mm;
c = 1,0 conforme a prescrição desta norma;
, conforme a prescrição desta norma.
A verificação ao puncionamento em lajes de concreto armado sem armadura de
cisalhamento segundo EC2 (2010) é dada por:
Eq. (17)

Substituindo as equações 11 e 16 na equação 17, tem-se:


29

Eq. (18)

2.3.3. ACI 318(2014)-Building Code Requirements for Structural Concrete

Perímetro de controle

Quanto à definição de seção crítica, a norma americana estabelece o perímetro de


controle (b0) a uma distância de metade da altura útil da laje, a partir da face do pilar,
conforme a Figura 14.
Figura 14 - Perímetros de controle de acordo com o ACI.

Fonte: Adaptado da ACI 318 (2014).


Quando a laje apresenta aberturas, cuja distância para o centróide do pilar é
inferior a 10 vezes a espessura da laje e não apresenta armadura de combate à punção, a
parte do perímetro de controle que se encontra delimitada por linhas retas projetadas do
centróide do pilar tangente à abertura é considerado ineficiente, conforme mostra a Figura
15.
Figura 15 - Perímetro crítico junto à abertura na laje.

Fonte: Adaptado da ACI 318 (2014).


30

Punção

De acordo com norma americana, ACI 318 (2014), a resistência ao cisalhamento


é dada por:
Eq. (19)
Em que:
n é a tensão de cisalhamento resistente;
c é a parcela resistida pelo concreto;
s é a parcela resistida pelo aço.
Nas lajes de concreto armado que não possuem armadura de cisalhamento, o
esforço cortante que corresponde a fissuração diagonal da peça é a mesma que resistência
ao cisalhamento Vc:

Eq. (20)

Onde:
Vu e Mu correspondem ao cortante e momento majorados no estado limite último;
fc é a resistência do concreto à compressão em MPa;
d é a altura útil em mm;
bw é a largura mínima ao longo da altura útil d em mm;
é a taxa da armadura de flexão.
Visando uma maior simplicidade na aquisição de resultados da resistência ao
cisalhamento propõe uma maneira simplificada de estimar esta resistência:

Eq. (21)

A verificação da fissuração diagonal deve ser atendida por:


Eq. (22)
Onde
é um coeficiente de minoração que multiplica a resistência, onde, para estudos em
laboratórios este é considerado unitário e para o caso de torção e cisalhamento, utiliza-se
0,85.
Para o caso de pilares internos sem momentos desbalanceados, a tensão solicitante
é dada por:

Eq. (23)
31

A ACI 318 (2014) estabelece que no caso de lajes lisas sem armadura de
cisalhamento a tensão de ruptura por punção é dada apenas pela resistência devida ao
concreto e assume o valor mais desfavorável das equações abaixo:

Eq. (24)

Eq. (25)

Eq. (26)
or lado e o menor lado do pilar;
s é um coeficiente que depende da posição do pilar na laje, devendo ser tomado como
40 para pilares internos, 30 para pilares de borda e 20 para pilares de canto;

que no caso de concretos convencionais, deve ser usado o valor de 1.


A verificação da punção deve ser atendida por:
Eq. (27)
Substituindo as equações 23 e 24/25/26 na equação 27, obtem-se:

Eq. (28)

Eq. (29)

Eq. (30)

Em relação a NBR 6118 e o Eurocode 2 (2010), a norma americana, ACI 2014


(American Concrete Institute), utiliza distribuição estatística diferente, apesar dos corpos
de prova utilizados para o cálculo da resistência à compressão serem cilíndricos, como
nas demais normas citadas.
Enquanto que na NBR e no Eurocode 2 (2010), é considerado o parâmetro fck
como valor de resistência à compressão característica do concreto, em que só exista a
probabilidade de 5% de ocorrência de valores inferiores a esse, o ACI utiliza o parâmetro
c em que a probabilidade estipulada para que a resistência medida em 3 testes
c seja de 1%. Para compatibilização dos valores de
resistência, Souza e Bittencourt (2003) chegaram na correlação:

Eq. (31)
Em que:
f'c é a resistência específica cilíndrica do concreto, em Mpa;
32

fck é a resistência característica cilíndrica do concreto, em MPa.

2.3.4. Model Code (2010)

Perímetro de controle

O MC 2010 item 7.3.5, prescreve que a tensão de puncionamento deve ser


verificada para um perímetro básico de controle afastado metade da altura útil da laje
(dv), representada na Figura 16.
Figura 16 Perímetro básico de controle em torno da área carregada ou pilar.

Fonte: Model Code (2010).


Esse perímetro de controle pode ser reduzido quando for levado em consideração
o efeito das concentrações de forças cisalhantes nos vértices de grandes áreas. O
perímetro de controle básico reduzido (b1,red) deve ser limitado em função do
comprimento da aresta da área carregada e da altura útil, como mostrado na Figura 17.
Figura 17 Perímetro de controle reduzido.

Fonte: Model Code (2010).


Assim, como as normas anteriores o MC 2010 também define um perímetro de
controle reduzido no caso de laje com descontinuidades, cuja distância para o centróide
do pilar é inferior a 5 vezes a altura efetiva da laje, conforme a Figura 18.
33

Figura 18 Redução do perímetro básico de controle na presença de aberturas.

Fonte: Model Code (2010).


Quando as lajes apresentam concentrações de esforços de cisalhamento devido à
transferência de momento entre a laje e a área apoiada, este efeito deve ser de maneira
aproximada, levado em consideração através da multiplicação do perímetro básico de
controle (b1,red) pelo coeficiente de excentricidade (ke), conforme a equação abaixo:
Eq. (32)
Em que:

Eq. (33)

Eq. (34)

eu é excentricidade da resultante das forças de cisalhamento em relação ao centróide do


perímetro básico de controle (mm);
bu é diâmetro de um círculo de área igual a área interna da região delimitada pelo
perímetro de controle (Ac) (mm);
Ac: área interna da região delimitada pelo perímetro de controle (mm²);
: distância entre o centróide do perímetro básico de controle e o centróide do pilar
(mm).

Punção

A resistência à punção para lajes lisas segundo o MC 2010 é calculada como:

Eq. (35)
Onde:
é parcela da resistência à punção advinda do concreto em conjunto com a armadura
longitudinal;
é a parcela da resistência à punção advinda das armadura de cisalhamento.
34

No caso de lajes sem armadura de cisalhamento a parcela VRd,s será nula. A


resistência à punção atribuída ao concreto VRd,c , é dada por:

Eq. (36)

Onde:
fc é a resistência à compressão do concreto (MPa);
b0 é o perímetro de controle resistente ao cisalhamento (mm);
dv é a altura efetiva da laje (mm);

ão da laje ao redor da área apoiada e pode ser


calculado conforme a equação abaixo:

Eq. (37)

Em que:

kdg é um parâmetro em função do diâmetro máximo do agregado;

Eq. (38)

A equação 38 deve ser usada para diâmetros máximos do agregado graúdo inferiores ou
iguais a 16 mm, caso contrário deve-se adotar = 1.
Para definir a rotação da laje em relação ao plano, é necessário definir o nível de
aproximação que se deseja (nível I, II, III ou IV), que se diferenciam pelo nível de
complexidade da análise e pelo grau de precisão dos resultados.
O nível I é recomendado para uma laje plana regular, projetada de acordo com
uma análise elástica sem redistribuição significativa de forças internas.

Eq. (39)

O nível II é utilizado nos casos em que há redistribuição significativa do momento


de flexão.

Eq. (40)

O nível III é utilizado quando se utiliza uma análise elástica-linear para


dimensionar a armadura de flexão e obter os momentos de flexão.
35

Eq. (41)

O nível IV calcula a rotação com base numa análise não linear da estrutura.
Onde:
é a distância do centro do pilar até ao raio onde o momento fletor é nulo, pode ser
estimado como sendo igual a 0,22.Lx ou 0,22.Ly em lajes regulares em que a razão dos
vãos está entre 0,5 e 2,0;
Es é o módulo de elasticidade da armadura longitudinal tracionada (MPa);
é momento solicitante médio de cálculo por unidade de comprimento (kN.mm/mm);
é momento resistente de cálculo por unidade de comprimento (kN.mm/mm);
No nível de aproximação II o valor de recomendado para pilares internos é calculado
por:

Eq. (42)

Em que,
Eq. (43)

é a excentricidade da força de cisalhamento resultante com respectivo controle de


perímetro básico na direção estudada.

2.3.5. Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento (MUTTONI, 2008)

Perímetro de controle

O modelo proposto por Muttoni (2008) fundamenta-se na hipótese de que a fissura


que se propaga pela laje passará na biela comprimida do concreto reduzindo a sua
resistência à compressão diagonal podendo eventualmente conduzir ao colapso do
sistema, conforme a Figura 19.
O modelo de Muttoni (2008) propõe a verificação da tensão de puncionamento
para o mesmo perímetro básico de controle do Model Code 2010, afastado metade da
altura útil da laje.
36

Figura 19 - Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento.

Fonte: Adaptado de Mirzaei (2010).

Punção

De acordo com Muttoni e Schwartz, a largura da fenda crítica pode ser

levando a um critério de ruína semi-empírico para lajes sem armadura de cisalhamento


formulado como:

Eq. (44)

Conforme a formulação acima, a transmissão de cisalhamento através da fenda de


cisalhamento crítica depende da rugosidade da fissura, que por sua vez é uma função do
tamanho máximo do agregado. Os parâmetros da equação 43 são obtidos através das
mesmas formulações apresentadas no Model Codel 2010.
37

2.3.6. Resumo

O Quadro 1 apresenta as formulações e definição do perímetro de controle para


estimar a carga de ruptura de lajes lisas sem armadura de cisalhamento conforme as
prescrições das normas e do modelo téorico desenvolvido por Muttoni (1991).

Quadro 1 Resumo das cargas de ruptura para lajes sem armadura de cisalhamento.
Norma Carga de Ruptura Equação Superfície Crítica
NBR 6118
(2014) Equação 6

Equação 10

EUROCODE
(2010)
Equação 15

Equação 18

ACI 318 Equação 28


(2014)
Equação 29

Equação 30
MODEL
CODE (2010)
Equação 36

MUTTONI
(2008)
Equação 44

Fonte: Autora.
38

2.4. Trabalhos correlatos

2.4.1. Pinto (2015)

Foram ensaiadas quatro lajes quadradas em concreto armado de lado igual a 1800
mm e 120 mm de espessura, submetidas a um carregamento centrado, transmitido aos
através de uma placa metálica. A Tabela 1 e a Figura 20 apresentam
as características das lajes e posicionamento dos furos.

Tabela 1 - Características das lajes ensaiadas.


Lajes d (mm) fc(MPa) Abertura Área do furo (mm²) Distância
LR 0,94% 93 23,3 Não se aplica
L01 0,94% 93 23,3 Quadrada 10.000 0
L02 0,92% 93 23,7 Quadrada 10.000 0,5.d
L03 0,92% 93 23,7 Quadrada 10.000 2,0.d
taxa de armadura de flexão da laje (%); d- altura útil da laje (mm); fc resistência à
compressão do concreto (MPa).
Fonte: Adaptado de Pinto (2015).
Figura 20 - Características das lajes ensaiadas. (a) LR (b) L01 (c) L02 (d) L03

Fonte: Pinto (2015).


39

Pinto (2015) relatou que a presença de aberturas não alterou significativamente o


comportamento da laje em termos de carga de ruptura e deslocamentos verticais. As lajes
ensaiadas apresentaram as cargas de rupturas iguais a 285kN para a Laje de Referência,
273kN, 275kN e 277kN, respectivamente, para as lajes L1, L2 e L3. Dessa forma, a perda
de resistência observada, devido as aberturas, foi de em média de 3,5%, quando
comparadas à laje de referência. É importante ressaltar que em todos os ensaios realizados
as lajes ruíram por puncionamento e não por flexão.

2.4.2. Oliveira (2016)

No estudo realizado por Oliveira (2016), no qual se baseia o presente trabalho,


foram estimados para dez modelos de lajes lisas apoiadas o
valor da carga de ruptura de acordo com as prescrições das normas nacional e
internacionais. Quanto à geometria da laje e do pilar foram adotados as mesmas
dimensões das lajes ensaiadas por Pinto (2015). As principais variáveis dos modelos
foram relativas às dimensões dos furos, forma, bem como seus posicionamentos,
adjacentes ou não ao pilar. A Tabela 2 mostra um resumo das características das lajes.

Tabela 2- Características das lajes estudadas.


Lajes d (mm) fck Abertura Área do furo (mm²) Distância
(MPa)
LR 0,92% 100 23 Não se aplica Sem furo
L01 0,92% 100 23 Circular 10.000 0
L02 0,92% 100 23 Circular 10.000 0,5.d
L03 0,92% 100 23 Circular 10.000 2.d
L04 0,92% 100 23 Quadrada 20.000 0
L05 0,92% 100 23 Quadrada 20.000 0,5.d
L06 0,92% 100 23 Quadrada 20.000 2.d
L07 0,92% 100 23 Circular 20.000 0
L08 0,92% 100 23 Circular 20.000 0,5.d
L09 0,92% 100 23 Circular 20.000 2.d
taxa de armadura de flexão da laje (%); d- altura útil da laje (mm); fck resistência à
compressão do concreto (MPa).
Fonte: Oliveira (2016).

A Tabela 3 apresenta um resumo dos resultados obtidos no estudo. Ao se


comparar, analiticamente, as considerações e critérios das normas e da Teoria de
Fissuração Crítica com os resultados experimentais obtidos por Pinto (2015), pode-se
40

concluir que o Model Code apresentou valores mais conservativos. Com relação aos
furos, a redução dos valores estimados de carga última para as lajes com aberturas
adjacentes, L01, L04 e L07, em relação a laje de referência foram de em média 31%. Para
as demais lajes, a redução não foi significativa.
Tabela 3 - Valores estimados das cargas de ruptura.
Teoria de
NBR 6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE
Lajes Fissura Crítica
(2014) (2010) (2014) (2010)
de Cisalhamento
LR 232,72 266,94 275,78 201,48 264,52
L01 168,62 193,42 188,47 131,51 172,66
L02 216,93 248,83 245,18 201,48 264,52
L03 222,77 255,53 251,48 201,48 264,52
L04 168,62 193,42 188,47 131,51 172,66
L05 205,40 235,61 232,99 191,49 251,41
L06 215,36 247,03 243,55 201,48 264,52
L07 168,62 193,42 188,47 131,51 172,66
L08 209,83 240,69 237,63 196,81 258,39
L09 218,57 250,72 246,98 201,48 264,52
Fonte: Adaptado de Oliveira (2016).
41

CAPÍTULO 3 - MODELAGEM NUMÉRICA

3.1.Introdução

A verificação das tensões na ligação laje-pilar é fundamental tanto para indicar


necessidade de armadura de punção, como para conhecer a capacidade de resistência da
seção de concreto.
Os resultados significativos no estudo de punção em lajes lisas podem ser obtidos
através de dois processos de cálculo: simplificado e complexo. O primeiro, através das
prescrições normativas, verifica-se as tensões nos perímetros críticos ou perímetros de
controle através de um método analítico. O complexo consiste na discretização das lajes
em elementos de menores dimensões e obtendo suas solicitações a partir da modelagem

De acordo com o item 14.7.8 da NBR 6118 (2014), a análise estrutural de lajes
lisas deve ser realizada mediante emprego de procedimento numérico adequado, por
exemplo, diferenças finitas, elementos finitos e elementos de contorno. Com avanço
tecnológico e o desenvolvimento de computadores esses métodos já são amplamente
utilizados em programas comerciais de análise e de cálculo estrutural.
De acordo com Costa (2013), o Método dos Elementos Finitos consiste em um
procedimento numérico que aproxima a solução de problemas de valor de fronteira
descritos tanto por equações diferenciais ordinárias quanto por equações diferenciais
parciais baseado no conceito de discretização. A ideia central fundamenta-se na
subdivisão da geometria do problema em elementos menores, chamados elementos
finitos, nos quais a aproximação da solução exata pode ser obtida por interpolação de uma
solução aproximada.
Os elementos finitos são conectados entre si por pontos, os quais são denominados
de nós ou pontos nodais. Ao conjunto de todos esses itens, elementos e nós, dá-se o nome
de malha. Em função dessas subdivisões da geometria, as equações matemáticas que
regem o comportamento físico não são resolvidas de maneira exata, mas de forma
aproximada por este método numérico.
A precisão do Método dos Elementos Finitos depende da quantidade de nós e
elementos, do tamanho e dos tipos de elementos da malha. Ou seja, quanto menor for o
tamanho e maior for o número deles em uma determinada malha, maior a precisão nos
resultados da análise (Mirlisenna, 2016).
42

O software utilizado para simulação numérica foi o SAP2000 (Structural Analysis


Program) versão V.19, desenvolvido pelo professor Dr. Wilson e aprimorado por Ashraf
Habibullah presidente e fundador da CSI-America (Computers and Structures, Inc). A
análise não linear física dos materiais foi considerada.
Segundo Cervenka e Pukl (2002), a realização da análise não-linear em softwares
é baseada na definição de três pontos básicos: o modelo constitutivo dos materiais, o
método dos elementos finitos e de um método de solução não linear. A seguir serão
apresentadas as características do modelo numérico adotado.

3.2.Características das lajes em estudo

A fim de comparação de resultados, foram tomadas como base as características


das lajes ensaiadas por Pinto (2015) e utilizadas no estudo teórico realizado por Oliveira
(2016). Dessa forma, as lajes de concreto armado utilizadas apresentam dimensões
constantes e iguais a 1800mm x 1800mm x 120mm, diferenciadas pela existência, forma
e posicionamento dos furos, conforme Figura 21. Elas foram ligadas monoliticamente a

centróide do pilar coincidindo com da laje.


Todas as lajes foram consideradas armadas à flexão, na face superior, em cada
direção com 20 barras de 10 mm de diâmetro CA-50. Na face inferior da laje adotou-se
10 barras de 6,3 mm para cada direção. Optou-se por usar um concreto de resistência à
compressão característica aos 28 dias (fck) igual a 23,0 MPa. O cobrimento das armaduras
das lajes foi de 10mm nas faces superiores e inferiores e, 15 mm nas laterais, resultando
na altura útil de 10,0 cm e numa taxa de armadura de aproximadamente 0,0092.
43

Figura 21 - Características das lajes, LR e L01 à L09.

Fonte: Autora.
44

3.3.Modelo constitutivo dos materiais

O modelo constitutivo para concreto utilizado através do software SAP2000 v. 19


consiste na combinação dos modelos constitutivos para comportamento à tração e à
compressão. O comportamento não linear do concreto é simulado em função da definição
da relação tensão-deformação.
Dessa forma, o concreto foi considerado como material isotrópico onde seu
comportamento é independente da direção de carregamento ou da orientação do material.
Os efeitos da mudança de temperatura e amortecimento não são considerados no
comportamento do material. A Tabela 4 apresenta as propriedades do concreto adotadas
na modelagem.

Tabela 4- Parâmetros de entrada no SAP2000.


Propriedades do Concreto
Tipo de simetria Isotrópico
Módulo de Elasticidade (KN/m²) 28130000
Módulo de Elasticidade Secante (KN/m²) 23910500
Coeficiente de Poisson 0,2
Coef. de dilatação térmica 0,00001
Massa (Kg/m³) 2,5485
Peso (KN/m³) 24,9926
Resistência a compressão do concreto (KN/m²) 230000
Histerese Takeda
Drucker-Prager Ângulo de dilatação (°) 0,0
Ângulo de atrito (°) 0,0
Fonte: Autora.

Para o módulo de elasticidade (Ec) ) assumiu-se os


mesmos valores obtidos em ensaios experimentais realizados por Pinto (2015), ou seja,
28,13 GPa e 0,20, respectivamente.
O tipo de histerese adotado na análise numérica foi predefinido pelo software
como Takeda. No entanto, o comportamento histerético só afetará os casos de carga
estática não-linear e de análise não-linear da resposta da estrutura no tempo durante e
após a aplicação de um carregamento, que exibem inversões de carga e carga cíclica. O
45

carregamento monotônico, adotado no modelo, não é afetado. Para os parâmetros não


lineares de Drucker-Prager, foram utilizados os valores predefinidos pelo SAP2000.
A consideração dos efeitos da fissuração em estruturas de concreto armado é
fundamental para representar o comportamento real da estrutura até a ruptura, tendo em
vista que a fissuração provoca a diminuição da rigidez e consequentemente um aumento
dos deslocamentos. Portanto, o modelo adotado para tração consiste no modelo de
fissuração tri (2003), do tipo distribuído. Os valores das
coordenadas utilizadas para definição da curva tensão-deformação são apresentados nas
tabelas abaixo.

Tabela 5 - Modelo de fissuração distribuída multilinear.


Nome do material: CONCRETO MFD TRILINEAR
nº Deformação (m/m) Tensão (KN/m²)
1 -4,20E-03 -1,70E+04
2 -3,50E-03 -1,86E+04
3 -2,04E-03 -2,33E+04
4 -1,96E-03 -2,33E+04
5 -1,71E-03 -2,27E+04
6 -1,31E-03 -2,03E+04
7 -7,34E-04 -1,38E+04
8 -2,04E-04 -4,43E+03
9 0,00E+00 0,00E+00
10 8,68E-05 2,44E+03
11 6,79E-04 1,10E+03
12 2,45E-03 1,10E+03
13 1,00E-02 0,00E+00
Fonte: Autora.
46

Figura 22 - Curva tensão-deformação para modelo de fissuração distribuída trilinear.

x 10000
0,50

0,00
-5,00 -3,00 -1,00 1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00
-0,50 x 0,001
Tensão (KN/m²)

-1,00

-1,50

-2,00

-2,50
Deformação (m/m)

Curva tensão-deformação (TRILINEAR)

Fonte: Autora.

Os parâmetros de entrada no SAP2000 para as armaduras foram obtidos conforme


os ensaios experimentais realizados por Pinto (2015), conforme a Tabela 6. Adotou-se o
material do tipo Rebar uniaxial.

Tabela 6 - Parâmetros de entrada para as armaduras.

Propriedades do Aço CA-50 CA-60


Tipo Rebar Rebar
Tipo de simetria Uniaxial Uniaxial
Módulo de Elasticidade (KN/m²) 2,14E+08 2,07E+08
Coeficiente de Poisson (-) 0,3 0,3
Coef. de dilatação térmica 1,17E-05 1,17E-05
Massa (Kg/m³) 7,849 7,849
Peso (KN/m³) 76,9729 76,9729
Tensão mínima de escoamento (KN/m²) 467800 539000
Tensão mínima de ruptura (KN/m²) 575000 626000
Tensão efetiva de escoamento (KN/m²) 538000 620000
Tensão efetiva de ruptura (KN/m²) 662000 720000
Fonte: Autora.
47

Figura 23 - Curva tensão-deformação para armadura CA-50.

x 100000
8,00

4,00

Tensão (KN/m²) 0,00


-0,15 -0,1 -0,05 0 0,05 0,1 0,15
-4,00

-8,00
Deformação (m/m)
CA-50

Fonte: Autora.
Figura 24 - Curva tensão-deformação para armadura CA-60.

8,00
x 100000

4,00
Tensão (KN/m²)

0,00
-0,15 -0,1 -0,05 0 0,05 0,1 0,15
-4,00

-8,00
Deformação (m/m)
CA-60

Fonte: Autora.

3.4.Definição da seção dos elementos finitos

Para a modelagem das lajes será admitido o elemento Shell. O elemento casca é
um tipo de elemento finito de área usado para modelar estruturas com comportamento de
membrana e placa, no plano e no espaço cartesiano. O material pode ser homogêneo, ou
possuir camadas com espessuras diferentes. A não linearidade do material pode ser
considerada quando elementos em camadas são utilizados no elemento Shell.
Foi considerada para definição da seção transversal do elemento Shell a disposição
das armaduras adotadas no ensaio realizado por Pinto (2015), conforme as Figura 25 e 26
e espessura da camada de concreto de 12 cm, resultando no detalhamento da Figura 27.
48

Figura 25- Armadura Superior - 10mm c/9,32cm e cobrimento de 1cm.

Fonte: Autora.
Figura 26 - Armadura Inferior - 6,3 mm c/19,66cm e cobrimento de 1cm.

Fonte: Autora.
Figura 27 - Seção transversal do elemento Shell (SAP2000).

Fonte: Autor.

Após a definição inicial da disposição da armadura ao longo do elemento, as


características do Shell Layered foram refinadas conforme apresentado no Quadro 2.
As armaduras de aço que fazem parte da composição do concreto armado podem
ser modeladas de duas formas distintas: armadura distribuída ou discreta. Logo, adotou-
se para modelagem das armaduras do tipo distribuída, que é definida como uma camada
49

de espessura equivalente correspondente a área da seção transversal do aço. Admitiu-se


uma única camada para representar a espessura total do concreto e quatro camadas para
representar as armaduras, duas próximas do topo formando um ângulo de 90 ° entre si e
duas camadas semelhantes na face inferior. Na integração numérica, foram empregados
3x3 pontos de Gauss para a camada de concreto e 2x2 para as camadas de armadura.

Quadro 2 - Características Shell Layered - Laje com concreto de amolecimento trilinear.


Nome Distância Espessura Tipo Nº pontos Material Ângulo Tipo Comportamento do componente
da (m) (m) de do do material
camada integração material S11 S22 S12
TopBar2 0,045238 7,62E-06 Shell 2 Armadura CA-50 90 Directional Nonlinear Inactive Nonlinear
TopBar1 0,045238 7,62E-06 Shell 2 Armadura CA-50 0 Directional Nonlinear Inactive Nonlinear
ConcS 0 0,12 Shell 3 Concreto - MFD 0 Directional Nonlinear Nonlinear Nonlinear
Trilinear
BotBar1 -0,04683 3,46E-06 Shell 2 Armadura CA-60 0 Directional Nonlinear Inactive Nonlinear
BotBar2 -0,04683 3,46E-06 Shell 2 Armadura CA-60 90 Directional Nonlinear Inactive Nonlinear
Fonte: Autora.
Para obtenção de resultados mais satisfatórios a malha foi refinada para elementos
de área com dimensão de 5 cm de lado, conforme a Figura 28.

Figura 28 - Malha discretizada com elementos de 5 cm Laje de Referência.

Fonte: Autora.
50

3.5.Carregamento e condições de apoio

A modelagem elaborada simula o ensaio de ruptura à punção adotado por Pinto


(2015) em que a laje é apoiada por vigas com aparelhos de apoio na ligação e carregada,
de baixo para cima, através de um sistema de macaco hidráulico. O esquema do ensaio é
representado na Figura 29.
Para o modelo numérico foi previsto um carregamento prescrito com acréscimos
de carga de 10 KN, com 28 passos, totalizando uma carga 280 KN distribuída em 45
pontos sobre a área do pilar. As lajes foram simplesmente apoiadas nas bordas. O
esquema de carregamento e apoio está representado na Figura 30.

Figura 29- Vista em planta do sistema de ensaio.

Fonte: Pinto (2015).


51

Figura 30 - Carregamento e apoio da laje.

Fonte: Autora.

3.6.Procedimento de Resolução da análise

O problema não linear físico pode ser solucionado numericamente através de um


procedimento incremental-iterativo, onde, para cada incremento do carregamento
aplicado, o equilíbrio da estrutura é verificado, a partir de ciclos de aproximações
iterativas, até que as equações de equilíbrio atinjam uma precisão satisfatória. Este
procedimento considera que, em cada incremento de carga, existe linearidade entre
esforços e deslocamentos, sendo a rigidez da estrutura atualizada a cada etapa de carga.
O programa SAP2000 utiliza dois métodos de resolução do problema, o método
da rigidez inicial e o método iterativo Newton-Raphson, quando não houver convergência
com o primeiro. Se ambos falharem, o tamanho do passo será reduzido e o processo será
repetido.
Segundo Schwetz (2011), o método da rigidez inicial consiste na manutenção
constante do módulo de elasticidade longitudinal do concreto para todos os incrementos,
permanecendo sempre a mesma rigidez da estrutura para cada solução até a convergência
do sistema. O segundo método considera a atualização da rigidez da estrutura para cada
incremento de carga, o módulo de elasticidade é obtido pela reta tangente ao ponto
52

considerado no diagrama tensão-deformação até a convergência do sistema. Se ambos


falharem, o tamanho do passo será reduzido e o processo será repetido.
Dessa forma, a iteração é usada para garantir que o equilíbrio seja alcançado em
cada etapa da análise. O máximo número de iterações para os métodos da rigidez inicial
e de Newton-Raphson permitidos foram de 10 e 40, respectivamente. A não linearidade
da equação deve-se ao fato das forças internas e da matriz de rigidez não serem lineares.
O critério adotado de convergência das soluções numéricas utilizado para
comparar a magnitude do erro da força com a magnitude da força atuante na estrutura foi
de 0,001. A Figura 31 mostra a interface dos parâmetros não lineares considerados.

Figura 31 - Interface dos parâmetros de não-linearidade, SAP2000(CSI).

Fonte: Autor.
53

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1.Deslocamentos verticais

As Figuras 32 a 39 apresentam as curvas carga x deslocamento obtidas pela simulação


numérica utilizando o método dos elementos finitos. Para efeito de comparação dos
resultados, plotou-se as curvas mensuradas experimentalmente por Pinto (2015) para as
lajes LR, L01, L02 e L03 e as curvas obtidas a partir da análise linear elástica utilizando
o SAP2000 v.19. Buscou-se, ainda, considerar a não linearidade física de forma
simplificada na análise linear, pela redução da rigidez dos elementos estruturais.
Dessa forma, utilizou-se a expressão empírica desenvolvida por Branson (1966) e a
recomendação da NBR 6118 (2014) para determinação da rigidez equivalente, conforme
apresentado no Apêndice B.
Após realizados os cálculos percebeu-se uma redução de inércia média de 65,42%.
Ajustou-se a rigidez dos elementos para obtenção da curva da carga aplicada em função
do deslocamento através da substituição da curva linear para uma curva de
comportamento bilinear em que o ponto de mudança da tangente corresponde ao valor de
carga de 28% da carga de ruptura na Laje de Referência, aproximadamente 80kN, onde
Pinto (2015) identificou o início da abertura de fissuras.

Figura 32 - Curva carga x deslocamento para a laje LR.


7,877; 278,60
300,00

250,00

200,00
Carga (KN)

150,00 18,58; 280,00

100,00

50,00

0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
Deslocamento (mm)

Experimental Numérico MEF NBR 6118 (2014) Linear Branson

Fonte: Autora.
54

Figura 33 - Curva carga x deslocamento para a laje L01.


300,00
8,715; 266,56
250,00

200,00
Carga (KN)

150,00

100,00

50,00

0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
Deslocamento (mm)
Experimental Numérico MEF NBR 6118 (2014) Linear Branson

Fonte: Autora.

Figura 34 - Curva carga x deslocamento para a laje L02.


300,00
7,9780; 273,28
250,00

200,00
Carga (KN)

150,00

100,00

50,00

0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
Deslocamento (mm)
Experimental Numérico MEF NBR 6118 (2014) Linear Branson

Fonte: Autora.

Figura 35 - Curva carga x deslocamento para a laje L03.

300,00
8,0510; 277,20
250,00
200,00
Carga (KN)

150,00
100,00
50,00
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
Deslocamento (mm)
Experimental Numérico MEF NBR 6118 (2014) Linear Branson

Fonte: Autora.
55

Figura 36 - Curvas carga x deslocamento para as lajes L04 (esquerda) e L05


(direita).
300,00 300,00
250,00 250,00
200,00 200,00

Carga (KN)
Carga (KN)

150,00 150,00
7,929; 241,920 8,3550; 264,32
100,00 100,00
50,00 50,00
0,00 0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
L04 NBR 6118 (2014) Linear Branson L05 NBR 6118 (2014) Linear Branson
Fonte: Autora.
Figura 37 - Curvas carga x deslocamento para as lajes L06 (esquerda) e L07 (direita)
obtidas numericamente, para um mesmo ponto.
300,00 300,00

250,00 250,00

200,00
Carga (KN)

200,00
Carga (KN)

8,145; 269,92 7,012; 228,20


150,00 150,00

100,00 100,00

50,00 50,00

0,00 0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
L06 NBR 6118 (2014) Branson Linear L07 NBR 6118 (2014) Linear Branson
Fonte: Autora.
Figura 38 - Curvas carga x deslocamento para as lajes L08 (esquerda) e L09 (direita)
obtidas numericamente, para um mesmo ponto.
300,000 300,00

250,000 250,00
200,00
Carga (KN)

200,000
Carga (KN)

150,000 150,00 8,153;


8,365;
269,36
100,000 266,560 100,00

50,000 50,00

0,000 0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
L08 NBR 6118 (2014) Linear Branson L09 NBR 6118 (2014) Linear Branson
Fonte: Autora.

Foi observado pelos resultados da análise não linear, para todas as lajes, um padrão
de comportamento aproximadamente linear até uma carga média de 75 KN, em que os
56

deslocamentos verticais aumentam proporcionalmente com o acréscimo de carga. Em


seguida essa proporcionalidade deixa de existir e os deslocamentos tendem a aumentar,
simulando o comportamento do concreto armado após o surgimento a primeira fissura,
em que existe perda de rigidez progressiva. De acordo com resultados experimentais
realizados por Pinto (2015) a primeira fissura radial ocorreu para um nível de carga
correspondente a 80KN, 50 KN, 50KN e 60KN para as lajes LR, L01, L02 e L3,
respectivmente.
Os resultados da análise não linear são interessantes quando comparadas aos
resultados da análise linear com consideração simplificada da não linearidade física, pois
se observa uma boa aproximação. A Figura 39 mostra que os resultados numéricos
apresentam a mesma tendência dos deslocamentos nos pontos observados dos relógios
comparadores d7, d6, d1, d8 e d9 para a laje sem abertura.

Figura 39 Deslocamentos verticais na laje LR para os pontos dos deflectômetros d7,


d6, d1, d8 e d9.
20 814; 18,58
Deslocamentos (mm)

15 555; 14,68 1245; 15,12

10 814; 7,877
210; 7,97 1590; 8,48
1245; 6,6
5 555; 5,5
210; 2 1590; 2,1
0 0; 0 1800; 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Distância da origem (mm)
Numérico MEF Experimental

Fonte: Autora.

Embora os resultados numéricos apresentem um comportamento nitidamente não


linear da laje quando submetida a cargas excessivas, pode-se notar um comportamento
significativamente mais rígido e relativamente distante dos resultados obtidos
experimentalmente. Esse fato pode ser justificado pela fissuração acentuada das lajes
durante os ensaios, apresentando um comportamento mais flexível quando comparadas
com a previsão dos modelos numéricos.
Na tentativa de captar de forma mais aproximada a perda de rigidez da laje e o
alto nível de fissuração que ocorreu durante o experimento, calibraram-se as curvas de
carga-deslocamento a fim de compor novas curvas com rigidezes flexionais (E.I)
57

reduzidas, através da manutenção da inércia da seção e da redução do módulo de


elasticidade do concreto em cada passo de carga pré-definido na pesquisa.
Dessa forma, após a carga correspondente a 1ª fissura, reduziu-se a rigidez da
estrutura, a partir da redução do módulo de elasticidade, em 10% a cada passo, até atingir
70%, obtendo novos valores de deslocamento a cada mudança, conforme a Figura 40.

Figura 40 Obtenção da Curva Calibrada para laje LR.

Fonte: Autora.

A Figura 41 apresenta a comparação da curva calibrada com a curva obtida na


análise não linear com módulo de elasticidade inicial, curva bilinear com consideração
simplificada da não linearidade física obtida pela expressão de Branson (1966) e a curva
obtida experimentalmente por Pinto (2015) para laje de referência.

Figura 41 Curva carga x deslocamento para laje LR.


7,877; 278,6 7,910251702; 280 18,58; 280 21,588; 278,61
300,000

250,000
CARGA (KN)

200,000

150,000

100,000

50,000

0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Experimental Curva Não-Linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.
58

Figura 42 Curva carga x deslocamento para laje L01.


8,524; 280,000 8,715; 266,560
300,000 17,79; 270 24,012; 269,14
CARGA (KN) 250,000
200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Experimental Curva calibrada

Fonte: Autora.
Figura 43 Curva carga x deslocamento para laje L02.
8,074; 280,000 7,978; 273,280 15,65; 270,00 21,552; 273,34
300,000
250,000
CARGA (KN)

200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Experimental Curva calibrada

Fonte: Autora.
Figura 44 Curva carga x deslocamento para laje L03.
7,97907108; 280 8,051; 277,2 17,82; 250,00 21,785; 278,04
300,000
250,000
CARGA (KN)

200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Experimental Curva calibrada

Fonte: Autora.
Figura 45 Curva carga x deslocamento para laje L04.
8,910706522; 280 7,929; 241,92 21,578807; 239,302
300,000
250,000
CARGA (KN)

200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.
59

Figura 46 Curva carga x deslocamento para laje L05.

300,000 8,309680226; 280 8,355; 267,12 22,774437; 267,232

CARGA (KN) 250,000


200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.
Figura 47 Curva carga x deslocamento para laje L06.
8,056298922; 280 8,145; 269,92 22,110228; 269,682
300,000
250,000
CARGA (KN)

200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.
Figura 48 Curva carga x deslocamento para laje L07.
8,640749015; 280 7,012; 228,2 20,8286; 228,088
300,000
250,000
CARGA (KN)

200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.
Figura 49 Curva carga x deslocamento para laje L08.
8,241315514; 280 8,365; 266,56 22,61545; 266,56
300,000
250,000
CARGA (KN)

200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.
60

Figura 50 Curva carga x deslocamento para laje L09.


8,035261188; 280 8,153; 269,36 22,096815; 269,36
300,000
CARGA (KN) 250,000
200,000
150,000
100,000
50,000
0,000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0
DESLOCAMENTO (mm)
Branson Curva Não-linear (E) Curva calibrada

Fonte: Autora.

De acordo com os resultados obtidos referentes aos deslocamentos verticais,


resumidos na Figura 51, observa-se que a laje com furo adjacente de área 10.000 mm²,
L01, comportou-se ligeiramente mais flexível que a laje sem abertura, para valores
próximos de carga de ruptura. Esse comportamento pode ser justificado pela perda de
rigidez provocada pelo furo nesta região. As demais lajes com furos adjacentes, L04 e
L07, apresentaram deslocamentos semelhantes à da laje sem abertura, no entanto, o valor
de deslocamento foi obtido para níveis de carga bem inferiores ao da laje de referência.
Comparando-se os deslocamentos entre as lajes L04 e L07. L05 e L08 e, L06 e
L09, nota-se que a geometria de abertura, quadrada ou circular, não influenciou
substancialmente no comportamento das lajes.

Figura 51 Deslocamentos verticais obtidos da curva calibrada.


26 24,012
24 22,774 22,110 22,615 22,097
21,588 21,552 21,785 21,579 20,829
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Laje de Referência Laje L01 Laje L02 Laje L03
Laje L04 Laje L05 Laje L06 Laje L07
Laje L08 Laje L09

Fonte: Autora.
61

4.2.Carga de Ruptura

A Figura 52 apresenta os valores de carga de ruptura obtidos na simulação


numérica. A partir da análise comparativa dos resultados obtidos experimentalmente e
numericamente, representado na Tabela 7, nota-se uma aproximação bastante satisfatória
dos valores da carga de ruptura.
Figura 52 Carga de Ruptura Análise numérica
278,60

266,56

273,28

277,20

264,32

269,92

266,56

269,36
241,92

228,20
LR L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09
Fonte: Autora.
Tabela 7 Cargas de ruptura estimadas para LR.

Lajes Carga Ruptura Carga Ruptura Análise Vu/Vu,MEF (%)


(Pinto 2015) - Vu numérica - Vu,MEF (KN)
(KN)
LR 280,00 278,60 1,005
L01 273,00 266,56 1,024
L02 275,00 273,28 1,006
L03 277,00 277,20 0,999
Fonte: Autora.

Observando-se a variação da carga de ruína em função da posição da abertura, foi


possível constatar que as lajes com furos adjacentes (L01, L04 e L07) apresentaram uma
redução 12%, em média, em relação à laje sem abertura. As lajes com furos distantes em
0,5.d (L02, L05 e L08) e 2,0.d (L03, L06 e L09) do centro de gravidade do pilar
apresentaram uma redução média de 4% e 2%, respectivamente. Este comportamento era
esperado, pois ao realizar aberturas nas lajes, a falta de continuidade reduz a capacidade
resistente das peças, especificamente à resistência ao puncionamento, principalmente nas
regiões de maior concentração de tensões.
62

De acordo com Rabello (2010), uma vez formadas fissuras inclinadas na região
da laje próxima ao pilar, os esforços de punção não podem ser resistidos pela tração do
concreto, passando a ser resistido pelas bielas de compressão, estendendo da face inferior
da laje no pilar até a armadura de flexão negativa.
Dessa forma, a presença de abertura adjacente ao pilar provoca uma redução
significativa da carga de ruptura pelo fato do aparecimento antecipado de fissura crítica
de cisalhamento que se propaga na laje cortando a diagonal comprimida que transmite a
força cortante para o pilar, levando a uma ruptura por punção.
Quando analisamos o efeito da área da abertura sobre as cargas de ruptura, é
possível notar uma redução de 14%, ao dobrar a área da abertura, da carga para laje com
furo adjacente ao pilar. Para as demais lajes a redução foi 2%, em média, indicando que
o tamanho das aberturas não influenciou tanto na carga de ruptura quando os furos
estiverem em regiões afastadas da aplicação de carga.
No que diz respeito ao formato da abertura, os valores da carga de ruptura foram
bem próximos para todas as lajes, comparando-se aberturas circulares com as quadradas,
mantendo a mesma área.

4.3.Esforços Internos

Com a finalidade de entender o comportamento das lajes, em função da direção dos


esforços (x e y), foram analisados os valores máximos de cada solicitação em seções
consideradas de maior relevância no estudo.
A formulação das tensões para os elementos Shell Layered das lajes em estudo a
serem utilizados pelo SAP2000 são baseados na teoria de Cascas proposta por Reissner-
Mindlin (1951). Diante disso, a Figura 53 mostra os momentos fletores no plano do
elemento Shell e expressos, segundo CSI Analysis Reference Manual (2013), pelas
equações 45 a 47. Os esforços cortantes, perpendiculares ao plano, são obtidos conforme
as equações 48 e 49.
63

Figura 53 -Forças no elemento Shell Layered.

Fonte: CSI ANALYSIS REFERENCE MANUAL (2015).

Eq. (45)

Eq. (46)

Eq. (47)

Eq. (48)

Eq. (49)

Onde:
M11: Momento por unidade de comprimento atuando à meia altura do elemento na face 1
positiva e negativa sobre o eixo 2.
M22: Momento por unidade de comprimento atuando à meia altura do elemento na face 2
positiva e negativa sobre o eixo 1.
M12: Momento torsor por unidade de comprimento atuando à meia altura do elemento na
face 1 positiva e negativa sobre o eixo 1 e atuando na face 2 positiva e negativa sobre o
eixo 2;
V13: Força cortante fora do plano por unidade de comprimento atuando à meia altura do
elemento na face 1 positiva e negativa na direção do eixo 3 (eixo Z).
V23: Força cortante fora do plano por unidade de comprimento atuando à meia altura do
elemento na face 2 positiva e negativa na direção do eixo 3 (eixo Z).
64

4.3.1. Momentos Fletores

A partir dessas designações pode-se obter, os momentos fletores das lajes modeladas.
As Figuras 54 a 63 mostram os resultados obtidos no SAP2000 dos momentos fletores na
direção do eixo X (M11) e na direção do eixo Y (M22), com as unidades em kN.m/m,
definidas anteriormente. Para cada direção realizou-se 2 cortes em seções adjacentes aos
pilares.

Figura 54 - Mapa dos momentos fletores para LR, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 55 - Mapa dos momentos fletores para L01, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
65

Figura 56 - Mapa dos momentos fletores para L02, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 57 - Mapa dos momentos fletores para L03, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 58 - Mapa dos momentos fletores para L04, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
66

Figura 59 - Mapa dos momentos fletores para L05, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 60 - Mapa dos momentos fletores para L06, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 61 - Mapa dos momentos fletores para L07, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
67

Figura 62 - Mapa dos momentos fletores para L08, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 63 - Mapa dos momentos fletores para L09, M22 (à esquerda) e M11 (à direita).

Fonte: Autora.

Diante dos resultados obtidos, todas as lajes estão submetidas a momentos fletores
negativos concentrados na vizinhança dos pilares, o que era de se esperar, tendo em vista
que as lajes foram simplesmente apoiadas ao longo de suas bordas e a carga incremental
foi aplicada verticalmente de baixo para cima na região do pilar.
A partir do mapa de momentos fletores das lajes com furos adjacentes, Figuras
55, 58 e 61, observa-se que os momentos fletores máximos deixam de se concentrar no
contorno do pilar provocando a redistribuição desses esforços para seções um pouco mais
afastadas, já que a presença da abertura reduz significativamente a capacidade da seção
de absorver os esforços.
68

Quanto à posição das aberturas nas lajes, foi possível constatar que para as lajes
com aberturas mais distantes dos pilares (afastadas 2.d) os valores dos momentos fletores
foram bem próximos aos obtidos na laje de referência para uma mesma seção de análise.
Entretanto, para as lajes com furos adjacentes e afastados 0,5.d do centro de gravidade do
pilar, os valores máximos de momento fletores numa mesma seção sofreram uma redução
de 27% e 5%, respectivamente. Esse comportamento se deve a redistribuição dos esforços
provocada pela presença do furo nas lajes, sendo mais significativa para as aberturas
adjacentes aos pilares.
Quanto à influência da área do furo, comparou-se o momento fletor e esforço
cortante máximos numa mesma seção entre as lajes com área de abertura de 10.000mm²
e 20.000mm², mantendo o mesmo formato. A redução dos valores de momento foi
significativa apenas entre as lajes L1 e L7, com furo adjacente, chegando a 24%.
Em relação ao formato dos furos foi possível observar que os valores máximos de
momento entre lajes com abertura circular e quadrada de mesma área (20.000mm²) foram
muito próximos.

4.3.2. Esforços Cortantes

Da mesma forma, as Figuras 64 a 73 mostram os resultados obtidos no SAP 2000


dos esforços cortantes na direção do eixo X (V13) e na direção do eixo Y (V23), com as
unidades em kN/m. Adotou-se as mesmas seções de corte utilizadas na análise dos
momentos fletores.

Figura 64 - Mapa dos esforços cortantes para LR, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
69

Figura 65 - Mapa dos esforços cortantes para L01, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 66 - Mapa dos esforços cortantes para L02, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 67 - Mapa dos esforços cortantes para L03, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
70

Figura 68 - Mapa dos esforços cortantes para L04, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 69 - Mapa dos esforços cortantes para L05, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 70 - Mapa dos esforços cortantes para L06, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
71

Figura 71 - Mapa dos esforços cortantes para L07, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 72 - Mapa dos esforços cortantes para L08, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
Figura 73 - Mapa dos esforços cortantes para L09, V23 (à esquerda) e V13 (à direita).

Fonte: Autora.
72

Assim como na análise dos momentos, os valores de cortantes para furos


adjacentes e afastados a 0,5.d do centro de gravidade do pilar apresentaram uma redução
mais significativa em relação à laje de referência, enquanto que para as lajes com furos
mais afastados os valores foram bem próximos aos da laje sem abertura.
Quanto à influência da área do furo, ao dobrar a área de abertura, o valor do
esforço cortante reduziu cerca de 20% no caso das lajes com furos adjacentes.
Assim, como observado na análise dos momentos fletores, a mudança do formato
dos furos, de circular para quadrada, não provocou alterações nos resultados de cortante
de maneira significativa.
É importante observar que, nos cortes das seções A-
adjacentes, L01, L04 e L07, surgem esforço s aberturas.
Isso se deve, tanto pela descontinuidade do elemento devido à abertura, quanto pela falha
da transição dos esforços nos elementos pela descontinuidade dos nós.

4.4.Estimativa da Carga de Ruptura conforme os perímetros de controle das


Normas

A fim de verificar a resistência da laje à punção em função da redução do


perímetro de controle, foi feita uma análise numérica integrando os valores das forças
cortantes obtidas no SAP2000 ao longo do perímetro de controle que cada norma
estipulou. De acordo com Aguiar (2009), a expressão abaixo representa a função relativa
aos esforços cortantes utilizando a integração polinomial.

Eq. (50)

Em que:
a é a medida de comprimento dos perímetros de controle iniciais = 0;
b é a medida de comprimento dos perímetros de controle finais, conforme a prescrição de
cada norma;
V(x) é a função da curva formada pelos valores máximos das forças cortantes;
dx é o comprimento do perímetro de controle considerado.
As Figura 74 a 82 mostram valores para forças cortantes máximas observadas nas
lajes ao longo do perímetro de controle. Em seguida, são estimados os valores da carga
última de ruptura, conforme a equação 50, a partir dos perímetros de controle de cada
norma obtidos por Oliveira (2016).
73

Figura 74 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje de Referência sobre o


Perímetro Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c)
Model Code e Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 8 Cargas de ruptura estimadas para LR.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 106,600 106,600 169,000 172,600 172,600
Perímetro (m) 2,681 2,681 1,807 1,823 1,823
Vu (KN) 285,784 285,784 305,400 314,612 314,612
Fonte: Autora.
74

Figura 75 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L01 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 9 Cargas de ruptura estimadas para L01.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 104,900 104,900 176,100 164,400 164,400
Perímetro (m) 1,943 1,943 1,300 1,190 1,190
Vu (KN) 203,800 203,800 228,930 195,595 195,595
Fonte: Autora.
75

Figura 76 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L02 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 10 Cargas de ruptura estimadas para L02.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 109,400 109,400 173,600 176,300 176,300
Perímetro (m) 2,499 2,499 1,691 1,823 1,823
Vu (KN) 273,380 273,380 293,592 321,356 321,356
Fonte: Autora.
76

Figura 77 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L03 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 11 Cargas de ruptura estimadas para L03.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 112,200 112,200 167,500 174,300 174,300
Perímetro (m) 2,566 2,566 1,735 1,823 1,823
Vu (KN) 287,928 287,928 290,546 317,711 317,711
Fonte: Autora.
77

Figura 78 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L04 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 12 Cargas de ruptura estimadas para L04.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 98,300 98,300 158,100 163,900 163,900
Perímetro (m) 1,943 1,943 1,300 1,190 1,190
Vu (KN) 190,977 190,977 205,530 195,000 195,000
Fonte: Autora.
78

Figura 79 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L05 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 13 Cargas de ruptura estimadas para L05.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 106,800 106,800 166,700 171,900 171,900
Perímetro (m) 2,366 2,366 1,607 1,732 1,732
Vu (KN) 252,710 252,710 267,904 297,806 297,806
Fonte: Autora.
79

Figura 80 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L06 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 14 Cargas de ruptura estimadas para L06.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 108,300 108,300 172,600 165,060 165,060
Perímetro (m) 2,481 2,481 1,680 1,823 1,823
Vu (KN) 268,681 268,681 289,951 300,868 300,868
Fonte: Autora.
80

Figura 81 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L07 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 15 Cargas de ruptura estimadas para L07.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 91,800 91,800 147,400 147,400 147,400
Perímetro (m) 1,943 1,943 1,300 1,190 1,190
Vu (KN) 178,349 178,349 191,620 175,369 175,369
Fonte: Autora.
81

Figura 82 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L08 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 16 Cargas de ruptura estimadas para L08.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 111,900 111,900 177,200 170,450 170,450
Perímetro (m) 2,417 2,417 1,639 1,781 1,781
Vu (KN) 270,485 270,485 290,449 303,486 303,486
Fonte: Autora.
82

Figura 83 - Valores dos esforços cortantes máximos da Laje L09 sobre o Perímetro
Crítico segundo as normas: (a) NBR6118 e Eurocode 2; (b) ACI 318; (c) ModelCode e
Teoria da Fissura Crítica de Muttoni.

Fonte: Autora.
Tabela 17 Cargas de ruptura estimadas para L09.

NORMA NBR6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE MUTTONI


Vu,médio (KN/m) 114,30 114,30 167,80 175,80 175,80
Perímetro (m) 2,52 2,52 1,70 1,823 1,823
Vu (KN) 287,80 287,80 285,86 320,44 320,44
Fonte: Autora.
83

A Tabela 18 apresenta a análise das cargas de ruptura previstas por Oliveira (2016)
segundo prescrições normativas com os resultados obtidos na modelagem numérica
utilizando o SAP2000 (v.19) para o mesmo perímetro crítico.

Tabela 18 Comparação VMEF/Vnorma para o mesmo perímetro de controle.

Teoria de
NBR 6118 EUROCODE ACI 318 MODELCODE Fissura Crítica
Lajes
(2014) (2010) (2014) (2010) de
Cisalhamento
LR 1,22802 1,07059 1,10740 1,56150 1,18937
L01 1,20863 1,05366 1,21468 1,48730 1,13283
L02 1,26022 1,09866 1,19746 1,59498 1,21487
L03 1,29249 1,12679 1,15534 1,57688 1,20108
L04 1,13259 0,98737 1,09052 1,48278 1,12939
L05 1,23033 1,07258 1,14985 1,55521 1,18454
L06 1,24759 1,08765 1,19052 1,49329 1,13741
L07 1,05770 0,92208 1,01671 1,33350 1,01569
L08 1,28907 1,12379 1,22227 1,54203 1,17453
L09 1,31672 1,14788 1,15744 1,59045 1,21142
VMEF: carga obtida numericamente pelo método dos elementos finitos.
Vnorma: carga prevista pela prescrição normativa.
Fonte: Autora.

A partir dos resultados, pode-se constatar que o MODELCODE (2010) apresentou


a estimativa de carga que mais divergiu dos resultados numéricos. Para laje L09, essa
diferença atingiu o valor de aproximadamente 59%. Um fator que influenciou bastante
nos valores estimados por essa norma foi a admissão do nível de aproximação I, para
estimar a rotação da laje, realizado por Oliveira (2016).
Observa-se, ainda, que os valores obtidos na estimativa numérica para as normas
NBR 6118 (2014) e EUROCODE (2010) são idênticos. Isso se deve pelas duas normas
definirem um mesmo perímetro crítico. Entrentanto, mesmo com a grande similaridade
entre as duas normas, quando comparado a relação VMEF/Vnorma, os valores apresentaram
diferença de 16% aproximadamente.
Os resultados obtidos pela ACI 318 (2014) e pela Teoria de Fissura Crítica de
Cisalhamento exibiram diferença de 15%, aproximadamente, quando comparadas com os
resultados numéricos.
Quanto aos resultados das lajes com furos, exceto aquelas com furos adjacentes,
obteve-se uma maior diferença entre os resultados estimados pelas normas e os obtidos
84

numericamente. A Tabela 19 mostra a comparação dos valores obtidos


experimentalmente por Pinto (2015) com os valores numéricos, obtidos da integração os
valores das forças cortantes ao longo do perímetro de controle estipulado por que cada
norma.
Tabela 19 Comparação Vu/VMEF.
Vu/VMEF
Lajes CARGA ESTIMATIVA PELA MODELAGEM NUMÉRICA
(KN)
PINTO NBR EUROCODE ACI 318 MODELCODE Teoria de
(2015) 6118 (2010) (2014) (2010) Fissura Crítica
(2014) de Cisalhamento
LR 280,0 0,980 0,980 0,917 0,890 0,890
L01 273,0 1,340 1,340 1,193 1,396 1,396
L02 275,0 1,006 1,006 0,937 0,856 0,856
L03 277,0 0,962 0,962 0,953 0,872 0,872
Média = 1,072 1,072 1,000 1,003 1,003
Fonte: Autora.
Para melhor entender as análises e quantificar o desempenho dos resultados
utilizou-se a classificação adotada por Oliveira (2013) com base na relação Vu/VNORMA
(sendo Vu a carga última de ensaio e VNORMA a carga última estimada pela norma),
adaptando o VNORMA para a carga obtida na análise numérica VMEF, apenas para efeito
comparativo. Diante disso, os critérios de avaliação e classificação dos resultados
normativos podem ser considerados utilizando uma margem de até 5% contra a segurança
como mostra a Tabela 20.
Tabela 20 Critério de avaliação Vu/Vnorma.

CRITÉRIOS DE
CLASSIFICAÇÃO
AVALIAÇÃO
Vu/Vnorma < 0,95 INSEGURO
PRECISO
SATISFATÓRIO
Vu/Vnorma > 1,40 CONSERVADOR
Fonte: Oliveira (2013).
Os resultados numéricos obtidos pelos perímetros de controle das normas foram
bem próximos dos resultados experimentais. Nota-se ainda que os valores da NBR 6118
(2014) e do EUROCODE (2010) foram iguais tendo em vista que ambas normas adotam
o mesmo perímetro para estimativa da carga de ruptura. O mesmo fato é observado entre
o MODELCODE (2010) e o modelo teórico de Muttoni (2008).
85

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES

Um dos objetivos desta pesquisa foi efetuar uma análise estrutural mais realista
das lajes lisas considerando características marcantes do concreto como fissuração e
ruptura frágil, visando representar, através do método dos elementos finitos, seu
comportamento estrutural fisicamente não-linear. Apesar dos resultados apresentarem um
comportamento não linear, os valores de deslocamentos obtidos foram significativamente
inferiores ao mensurado nos ensaios experimentais.
Portanto, foi fundamental a calibração dos modelos adotados para validação dos
resultados no que diz respeito aos deslocamentos.
Já em relação à capacidade resistente da laje e às tensões que nela surgem,
observou-se que o programa apresentou uma boa concordância com os resultados
experimentais.
Na análise do efeito da posição do furo na carga de ruptura, momento fletor e
esforço cortante observou-se que a medida que o furo se afastava do pilar, a redução dos
esforços internos e da carga última diminuía.
Além disso, as lajes com furos adjacentes apresentam comportamento
consideravelmente mais flexível que a laje de referência.
Observou-se ainda que as lajes com furos mais afastados apresentaram resultados
próximos da laje sem abertura, o que era de se esperar, pois, os furos encontram-se mais
afastados das regiões onde convergem as maiores tensões. A redução dos valores da carga
de ruptura, momento fletor e força cortante, devido a área do furo, foi relevante apenas
nas lajes com furos adjacentes ao pilar. As demais lajes apresentaram valores próximos
ao da laje de referência.
Quanto ao formato dos furos, para todas as lajes, não houve alterações nos valores
da carga de ruptura, momento fletor e esforço cortante. As estimativas segundo as normas
e a teoria de fissuração crítica de cisalhamento para os modelos estudados apresentaram,
de modo geral, valores inferiores a cargas de ruptura estimadas numericamente para o
mesmo perímetro de controle, onde a relação VMEF/VNORMA variou entre 0,92 e 1,59, em
média.
É importante ressaltar que por se tratar de uma solução numérica, processada por
computadores, a definição dos elementos, configurações e condições a serem aplicadas
devem ser feitas com pleno conhecimento para evitar resultados equivocados, que possam
colocar a estrutura em risco.
86

bom engenheiro ainda melhor, ele pode tornar um mau engenheiro muito per
(Cook, Malkus & Plesha, 1989).

5.1.Sugestões para trabalhos futuros

Algumas sugestões para trabalhos futuros envolvendo lajes lisas de concreto armado são
apresentadas a seguir:
Análise numérica das lajes lisas estudadas, utilizando outros softwares que
utilizem o Método dos Elementos Finitos para análise não linear física;

e circulares de mesma área variando a sua posição em relação ao pilar.


Avaliação da influência da presença de armadura de cisalhamento nas lajes lisas
objetos de estudo desta pesquisa;
87

REFERÊNCIAS

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estruturas de concreto: Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

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Retangulares, Furos e Armadura de Cisalhamento. Tese de doutorado. Universidade
de Brasília. Brasília, 2002.

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Science. Springer India, 2002.

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California, USA, 2015.

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO PIAUÍ. Relatório


Técnico sobre o desabamento da obra do Shopping Rio Poty. Teresina, Piauí, 2013.

COOK, R. D.; MALKUS, D.S.; PLESHA, M. E. Concepts and applications of finite


elements analysis. Hamilton Printing Company. Third Edition. United States of America,
1989.

CORDOVIL, F. A.. Lajes de Concreto Armado - Punção. Florianópolis: Editora da


UFSC, 1997.
88

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Engenharia Civil. Itapeva, 2013.

Estudo sobre Modelos de Fissuração de Peças de Concreto


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Faculty of Graduate Studies and Research in partial fulfillment of the requirements for
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Causes of the Partial Collapse on 20th March 1997. Report presented to Structural
Studies & Design Ltd, England, 1997.

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<http://www.ctlgroup.com/projects/tropicana-reinforced-concrete-parking-garage-
collapse-evaluation/>. Acesso em 17 de setembro de 2016.
90

APÊNDICE A - Aplicação das Expressões Normativas e Teóricas para


Determinação das Cargas Últimas de Punção das Lajes

Dados gerais das lajes (LR a L09):


fck = 23 MPa
d = 100 cm no)
= 0,92 % d0g = 16 mm

A.1 Laje LR
Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,
2016):
Figura A.1 Perímetro de controle para laje LR.

EUROCODE MODEL CODE


NORMA NBR 6118 (2014) ACI 318 (2014)
(2010) (2010)

LR

A = 139782,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2698,11 u1 = 2698,11 bo = 1807,1 b1,red = 1330,5 mm
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


91

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):


92

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.2 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
93

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:

A.2 Laje L01

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.3 Perímetro de controle para laje L01.

NBR 6118 EUROCODE MODEL CODE


NORMA ACI 318 (2014)
(2014) (2010) (2010)

L01
A = 115788,00 mm²
uo = C =
uo = 1600,00
1600,00
u = C' = 1942,48 u = C' = 1942,48 bo = 1300,00 b1,red = 1035,5 mm
Fonte: Autora.
94

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


95

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):

Para o nível de aproximação I:


96

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.4 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


97

A.3 Laje L02

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.5 Perímetro de controle para laje L02.

MODEL CODE
NORMA NBR 6118 (2014) EUROCODE (2010) ACI 318 (2014)
(2010)

L02

A = 139782,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2405,6 u1 = 2405,6 bo = 1635,9 b1,red = 1330,5 mm
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:
98

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


99

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


btido através da análise numérica não-linear.

Figura A.6 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
100

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


101

A.4 Laje L03

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.7 Perímetro de controle para laje L03.

MODEL CODE
NORMA NBR 6118 (2014) EUROCODE (2010) ACI 318 (2014)
(2010)

L03

A = 139782,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2584,2 u1 = 2584,2 bo = 1740,4 b1,red = 1330,5
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


102

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


103

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.8 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
104

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):

Para o nível de aproximação I

Para o nível de aproximação VI:


105

A.5 Laje L04

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.9 - Perímetro de controle para laje L04.

NBR 6118 EUROCODE MODEL CODE


NORMA ACI 318 (2014)
(2014) (2010) (2010)

L04

A = 115788,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 1942,5 u1 = 1942,5 bo = 1300 b1,red = 1035,5
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:
106

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


107

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.10 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
108

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):

Para o nível de aproximação I

Para o nível de aproximação VI


109

A.6 Laje L05

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.11 - Perímetro de controle para laje L05.

MODEL CODE
NORMA NBR 6118 (2014) EUROCODE (2010) ACI 318 (2014)
(2010)

L05

A = 134284,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2274,4 u1 = 2274,4 bo = 1559,2 b1,red = 1294,7
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


110

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


111

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.12 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
112

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I

Para o nível de aproximação VI


113

A.7 Laje L06

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.13 - Perímetro de controle para laje L06.

MODEL CODE
NORMA NBR 6118 (2014) EUROCODE (2010) ACI 318 (2014)
(2010)

L06

A = 139782,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2509,2 u1 = 2509,2 bo = 1696,5 b1,red = 1330,5
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


114

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


115

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.14 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
116

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I

Para o nível de aproximação VI


117

A.8 Laje L07

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.15 - Perímetro de controle para laje L07.

NBR 6118 EUROCODE MODEL CODE


NORMA ACI 318 (2014)
(2014) (2010) (2010)

L07

A = 115788,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 1942,5 u1 = 1942,5 bo = 1300 b1,red = 1035,5
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


118

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


119

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


i obtido através da análise numérica não-linear.

Figura A.16 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
120

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I

Para o nível de aproximação VI


121

A.9 Laje L08

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.17 - Perímetro de controle para laje L08.

MODEL CODE
NORMA NBR 6118 (2014) EUROCODE (2010) ACI 318 (2014)
(2010)

L08

A = 139782,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2349,00 u1 = 2349,00 bo = 1602,8 b1,red = 1330,5
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


122

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


123

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.18 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
124

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I

Para o nível de aproximação VI


125

A.10 Laje L09

Perímetro de controle obtidos com auxílio das ferramentas do AUTOCAD (Autodesk,


2016):
Figura A.19 - Perímetro de controle para laje L09.

MODEL CODE
NORMA NBR 6118 (2014) EUROCODE (2010) ACI 318 (2014)
(2010)

L09

A = 139782,00 mm²
uo = C = 1600,00 uo = 1600,00
u = C' = 2549,2 u1 = 2549,2 bo = 1719,9 b1,red = 1330,5
Fonte: Autora.

Carga de ruptura segundo a NBR 6118 (2014):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:

Carga de ruptura segundo o Eurocode 2 (2010):


Verificação do esmagamento na diagonal comprimida de concreto:

Verificação da tração diagonal:


126

Carga de ruptura segundo o ACI 318 (2014):

Carga de ruptura segundo o Model Code (2010):


127

Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


-linear.

Figura A.20 Rotação na laje (SAP2000).

Fonte: Autora.
128

Carga de ruptura segundo a Teoria da Fissura Crítica de Cisalhamento


(MUTTONI, 2008):
Para o nível de aproximação I:

Para o nível de aproximação VI:


129

A.11 Resumo

Tabela A.1 Carga de ruptura estimada para as lajes LR a L09.


Teoria de Teoria de
NBR Fissura Fissura
EUROCODE ACI 318 MODELCODE MODELCODE
Lajes 6118 Crítica de Crítica de
(2010) (2014) (2010) Level I (2010) Level IV
(2014) Cisalhamento Cisalhamento
Level I Level IV
LR 234,22 268,66 273,02 219,78 273,39 237,63 292,35
L01 168,62 193,42 196,41 175,89 218,78 188,92 232,65
L02 208,82 239,53 247,15 219,78 273,39 238,15 292,90
L03 224,33 257,32 262,94 219,78 273,39 235,56 290,17
L04 168,62 193,42 196,41 175,89 218,78 197,00 241,10
L05 197,44 226,47 235,57 213,51 265,59 226,22 279,13
L06 217,82 249,85 256,31 219,78 273,39 233,95 288,48
L07 168,62 193,42 196,41 175,89 218,78 202,44 246,74
L08 203,91 233,90 242,15 219,78 273,39 231,21 285,57
L09 221,29 253,83 259,84 219,78 273,39 234,12 288,65
Fonte: Autora.
130

APÊNDICE B Recomendações para consideração simplificada da não


linearidade física do concreto armado

(a) Consideração Simplificada segundo a NBR 6118 (2014)

O item 15.7.3 da NBR 6118 (2014), referente a análise de estabilidade global da


estrutura, prescreve que a consideração da não-linearidade relativa ao comportamento dos
materiais para lajes é permitida a partir da adoção de uma rigidez equivalente 70% inferior
à rigidez inicial (0,3. Ecs.Ic), conforme a equação abaixo.

Eq. (B.1)
Sendo:
Ic: momento de inércia da seção bruta de concreto;
Eci: módulo de elasticidade inicial do concreto, dado por:
Eq. (B.2)
fck: resistência característica do concreto à compressão, em MPa;
e e= 1,0.

(b) Consideração simplificada através da rigidez equivalente segundo a formulação


de Branson (1966)

Branson (1966) desenvolveu uma expressão empírica para a determinação da


rigidez equivalente em qualquer seção transversal particular de uma viga. A rigidez
equivalente dada pela formulação de Branson (1966), é adotada pela NBR 6118 (2014),
para uma avaliação aproximada da flecha imediata em vigas, podendo ser adotada
também para lajes. Esta rigidez efetiva é função do momento fletor, das propriedades da
seção e da resistência do concreto, conforme observa-se na equação B.3.

Eq. (B.3)

Onde:
Ecs: módulo de elasticidade secante do concreto;
Ic: momento de inércia da seção bruta de concreto;
momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II;
momento fletor na seção considerada;
131

momento de fissuração do elemento estrutural.


O módulo de elasticidade secante do concreto é dado em função do módulo de
elasticidade inicial (equação B.2) conforme a expressão abaixo:

Eq. (B.4)

Eq. (B.5)

O momento de fissuração é obtido por:


Eq. (B.6)

Sendo igual a 1,5 para seções retangulares e 1,2 para seções T ou duplo T, yt a distância
do centro de gravidade à fibra mais tracionada, e fct a resistência à tração direta do
concreto, adotada igual a fctk,inf para o estado limite de formação de fissura e fctm para
verificação do estado limite de deformação excessiva, conforme o item 8.2.5 da NBR
6118(2014) dada por:
Eq. (B.7)

Eq. (B.8)
fctm e fck são expressos em MPa;
Para o momento fletor na laje, a ser comparado com o momento fletor de fissuração, deve
ser considerada a combinação rara.
Para a determinação do momento de inércia da seção fissurada III da equação B.3, admite-
se comportamento elástico e linear para o aço e o concreto à compressão, desprezando-se
a tração do concreto, Figura B.1.

Figura B.1 Seção Fissurada (Estádio II).

Fonte: OLIVEIRA & SILVA (2011).


132

Deve-se inicialmente homogeneizar a seção, usando a seguinte relação entre os módulos


de elasticidade do aço e concreto:

Eq. (B.9)

Em seguida obtém-se a profundidade da linha neutra no estádio II, XII, igualando-se o


momento estático da área acima da linha neutra com o da área abaixo. Dessa forma tem-
se:
Eq. (B.10)

Obtém-se a seguinte equação de segundo grau em XII e e -1:

Eq. (B.11)

Resultando:

Eq. (B.12)
Sendo:

Eq. (B.13)

Eq. (B.14)

Para o momento de inércia da seção fissurada III, resulta:

Eq. (B.15)

(c) Aplicação dos modelos simplificados em uma análise linear das lajes em estudo

A Tabela B.1 apresenta as características das lajes objeto de estudo neste trabalho
obtidas pelas formulações apresentadas neste apêndice.
Tabela B.1 Seção Fissurada (Estádio II).
Características Gerais das Lajes (LR à L09)
b (cm) = 180,00 Ecs (MPa) = 22828,16
h (cm) = 12,00 Es (MPa) = 214000,00
fck (MPa) = 23,00 9,37
fctm (MPa) = 2,426 As (cm²) = 16,00
fctk,inf (MPa) = 1,698 A (cm) = 0,83
fctm (KN/cm²) = 0,246 B (cm²) = 16,67
Ic (cm4) = 25920 XII (cm) = 3,33
Eci (MPa) = 26856,66 III (cm4) = 8888,45
Fonte: Autora.
133

A Figura B.2 apresenta os momentos atuantes nas lajes LR a L09 para uma
determinada seção obtidas através de uma análise linear elástica utilizando o software
SAP2000 v. 19.

Figura B.2 Momento fletor máximo (KN.m/m) na seção A- L09

Fonte: Autora.
A seguir é calculado a rigidez equivalente obtida pela formulação proposta por
Branson (1966) e a razão entre a rigidez equivalente e a rigidez inicial para todas as lajes.
134

Tabela B.2 Rigidez equivalente para as lajes LR a L09.


Laje Ma, seção Mr (Mr/Ma) (E.I)eq (KN.cm²) (Ecs.Ic) (E.I)eq/(Ecs.Ic)
(KN.m/m) (KN.cm/cm) (KN.cm²)
LR 54,00 8,735 0,162 20455241,44 59170585,67 34,57%
L01 67,34 8,735 0,130 20375548,01 59170585,67 34,44%
L02 52,40 8,735 0,167 20470778,69 59170585,67 34,60%
L03 52,78 8,735 0,165 20466917,13 59170585,67 34,59%
L04 70,88 8,735 0,123 20363459,78 59170585,67 34,41%
L05 53,24 8,735 0,164 20462388,91 59170585,67 34,58%
L06 52,38 8,735 0,167 20470985,04 59170585,67 34,60%
L07 65,87 8,735 0,133 20381356,18 59170585,67 34,45%
L08 52,05 8,735 0,168 20474435,85 59170585,67 34,60%
L09 52,56 8,735 0,166 20469139,15 59170585,67 34,59%
Fonte: Autora.
A partir dos resultados obtidos acima, pode-se realizar a análise dos
deslocamentos verticais levando em conta a não linearidade física dos materiais de modo
simplificado. A Tabela B.3 apresenta os deslocamentos obtidos a partir da análise linear
pelo programa SAP2000 v.19 e a Tabela B.4 mostra os deslocamentos finais obtidos pela
análise linear sem a redução da rigidez, análise linear com redução de 30% da rigidez
prescrita na NBR6118 (2014), análise linear com redução obtida a partir da expressão de
Branson (1966) e pela análise não linear.

Tabela B.3 Deslocamentos verticais em função do carregamento, em mm.


CARGA DESLOCAMENTO (MM)
LR L01 L02 L03 L04 L05 L06 L07 L08 L09
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
10 0,097663 0,104835 0,099759 0,098588 0,109522 0,102631 0,099543 0,106297 0,101846 0,099274
20 0,195326 0,20967 0,199517 0,197175 0,219043 0,205261 0,199086 0,212594 0,203692 0,198548
30 0,29299 0,314505 0,299276 0,295763 0,328565 0,307892 0,298629 0,318891 0,305538 0,297822
40 0,390653 0,41934 0,399035 0,394351 0,438086 0,410522 0,398172 0,425188 0,407385 0,397096
50 0,488316 0,524175 0,498793 0,492939 0,547608 0,513153 0,497715 0,531485 0,509231 0,49637
60 0,585979 0,62901 0,598552 0,591526 0,65713 0,615783 0,597258 0,637781 0,611077 0,595644
70 0,683643 0,733845 0,69831 0,690114 0,766651 0,718414 0,696801 0,744078 0,712923 0,694918
80 0,781306 0,83868 0,798069 0,788702 0,876173 0,821044 0,796344 0,850375 0,814769 0,794192
90 0,878969 0,943515 0,897828 0,887289 0,985695 0,923675 0,895886 0,956672 0,916615 0,893466
100 0,976632 1,04835 0,997586 0,985877 1,095216 1,026306 0,995429 1,062969 1,018461 0,99274
110 1,074295 1,153185 1,097345 1,084465 1,204738 1,128936 1,094972 1,169266 1,120308 1,092014
120 1,171959 1,25802 1,197104 1,183053 1,314259 1,231567 1,194515 1,275563 1,222154 1,191288
130 1,269622 1,362855 1,296862 1,28164 1,423781 1,334197 1,294058 1,38186 1,324 1,290562
140 1,367285 1,46769 1,396621 1,380228 1,533303 1,436828 1,393601 1,488157 1,425846 1,389836
150 1,464948 1,572525 1,496379 1,478816 1,642824 1,539458 1,493144 1,594454 1,527692 1,489111
160 1,562612 1,67736 1,596138 1,577403 1,752346 1,642089 1,592687 1,700751 1,629538 1,588385
170 1,660275 1,782195 1,695897 1,675991 1,861867 1,744719 1,69223 1,807047 1,731384 1,687659
180 1,757938 1,88703 1,795655 1,774579 1,971389 1,84735 1,791773 1,913344 1,83323 1,786933
135

190 1,855601 1,991865 1,895414 1,873167 2,080911 1,949981 1,891316 2,019641 1,935077 1,886207
200 1,953265 2,0967 1,995173 1,971754 2,190432 2,052611 1,990859 2,125938 2,036923 1,985481
210 2,050928 2,201535 2,094931 2,070342 2,299954 2,155242 2,090402 2,232235 2,138769 2,084755
220 2,148591 2,30637 2,19469 2,16893 2,409475 2,257872 2,189945 2,338532 2,240615 2,184029
230 2,246254 2,411205 2,294448 2,267518 2,518997 2,360503 2,289488 2,444829 2,342461 2,283303
240 2,343917 2,51604 2,394207 2,366105 2,628519 2,463133 2,389031 2,551126 2,444307 2,382577
250 2,441581 2,620875 2,493966 2,464693 2,73804 2,565764 2,488574 2,657423 2,546153 2,481851
260 2,539244 2,72571 2,593724 2,563281 2,847562 2,668394 2,588117 2,76372 2,648 2,581125
270 2,636907 2,830545 2,693483 2,661868 2,957084 2,771025 2,687659 2,870016 2,749846 2,680399
280 2,73457 2,93538 2,793242 2,760456 3,066605 2,873656 2,787202 2,976313 2,851692 2,779673
Fonte: Autora.

Tabela B.4 Deslocamento vertical final para a posição do relógio D1.


Deslocamento (mm)
Laje Análise Linear Análise Linear Análise Linear Análise Não
sem redução da com redução - com redução de Linear
rigidez Branson (1966) 30% da rigidez
LR 2,735 7,910 9,115 7,877
L01 2,935 8,491 9,785 8,715
L02 2,793 8,080 9,311 7,978
L03 2,760 7,985 9,202 8,051
L04 3,067 8,871 10,222 7,929
L05 2,874 8,313 9,579 8,355
L06 2,787 8,062 9,291 8,145
L07 2,976 8,610 9,921 7,012
L08 2,852 8,249 9,506 8,365
L09 2,780 8,041 9,266 8,153
Fonte: Autora.

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