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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIEL XEREZ DE OLIVEIRA

MODELAGEM NUMÉRICA DE PROVAS DE CARGA EM


PLACA EM SOLO COLAPSÍVEL

NATAL-RN
2018
Gabriel Xerez de Oliveira

Modelagem numérica de provas de carga em placa em solo colapsível

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto

Natal-RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Oliveira, Gabriel Xerez de.


Modelagem numérica de provas de carga em placa em solo colapsível /
Gabriel Xerez de Oliveira. - 2018.
74 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Civil. Natal, RN,
2018.
Orientador: Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto.

1. Módulo de Deformabilidade - Monografia. 2. Recalque -


Monografia. 3. Solos colapsíveis - Monografia. I. Freitas Neto,
Osvaldo de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.012.8

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262


Gabriel Xerez de Oliveira

Modelagem numérica de provas de carga em placa em solo colapsível

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em 21 de Junho de 2018

___________________________________________________
Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto – Orientador

___________________________________________________
Enga. M Sc. Ana Paula Sobral Freitas – Examinadora interna

___________________________________________________
Engo M Sc. Eduardo de Castro Bittencourt – Examinador externo

Natal-RN
2018
AGRADECIMENTOS

Faz-se necessário agradecer nominalmente àqueles que diretamente ou


indiretamente, participaram, de alguma forma, na elaboração desta tese. Desta forma,
expresso aqui os meus mais sinceros agradecimentos:
Primeiramente a Deus pelo dom da vida, todas as graças que me foram concedidas
até o presente momento, e pelos momentos em que me iluminaste, dando o discernimento
para seguir meus caminhos.
Aos meus pais, pelo amor incondicional e afinco com que me criaram,
proporcionando ensinamentos valiosos para a vida. A eles destino minha eterna gratidão.
Ao meu orientador, Professor Osvaldo de Freitas Neto, por todo o conhecimento
compartilhado, paciência, conselhos, e disponibilidade de ajudar, mesmo frente à tantos
compromissos e afazeres neste semestre.
A todos os especialistas, mestres e doutores que compõem o corpo docente do curso
de graduação em Engenharia Civil pela seriedade e dedicação ao belo trabalho de ensinar e
preparar profissionais.
Aos amigos do “Bonde”: Pedro Arthur Ribeiro Gomes Linard, Rodrigo Teixeira
Campos, Thiago Alexandre e Andrew Nóbrega, por todas as madrugadas de estudo
compartilhadas durante as etapas mais difíceis do curso, risadas, e conversas fiadas. Sem
dúvidas os dias de “Bonde” jamais serão esquecidos.

O sucesso não é final, o fracasso não é fatal: é a coragem para continuar que conta.

Winston Churchill
RESUMO

MODELAGEM NUMÉRICA DE PROVAS DE CARGA EM SOLO COLAPSÍVEL

A presença de solos colapsíveis é um fator que pode causar prejuízos ao desempenho


estrutural de fundações, gerando deslocamentos verticais de considerável magnitude, o que
potencializa o surgimento de patologias nas edificações. Neste viés, a literatura aborda
métodos de tratamento ou melhoria desses solos, como a execução de colunas de
compactação para a estabilização dos recalques. O presente trabalho buscou simular em
ambiente computacional, provas de carga realizadas por Freitas (2016), conduzidas no solo
colapsível de São Carlos, com o objetivo de avaliar o efeito de melhoria desses solos gerado
com a execução de colunas de solo compactado e colunas de solo e brita. Foram feitos ensaios
para as condições de solo natural e umedecido, colunas compactado inundado e não inundado,
e coluna compactada de solo e brita inundada. O intuito das análises foi comparar os
resultados das curvas tensão x deformação obtidos no modelo numérico com as curvas dos
ensaios, bem como, retroanalisar os parâmetros de resistência e deformabilidade para os casos
citados. O programa utilizado foi o software OPTUM G2® da empresa Optum Computational
Engineering (OptumCE), baseado no Método dos Elementos Finitos. Nas análises foram
considerados os conceitos de célula unitária e módulo de deformabilidade equivalente para o
sistema coluna+solo, assim como no trabalho de Freitas (2016). Os resultados mostraram um
bom ajuste das análises com a curvas dos ensaios, e módulos de deformabilidade mais altos
para os solos com reforço, indicando assim boa resposta do software frente à modelagem do
problema, além de confirmar a efetividade do emprego da técnica de reforço de solos
colapsíveis. Os valores dos módulos equivalentes obtidos numericamente, para todos os
casos, também foram bem próximos àqueles retroanalisados com a Teoria da Elasticidade
para as provas de carga, o que mostra convergência de resultados do modelo numérico com os
métodos analíticos.

Palavras-chave: Módulo de Deformabilidade, recalque, prova de carga em placa, colunas de


compactação, análise numérica.
ABSTRACT

NUMERICAL MODELING OF PLATE LOAD TESTS IN COLLAPSIBLE SOIL

The occurrence of collapsible soils as a foundation ground may bring harm to the
structural development of foundations, creating vertical displacements of considerable
magnitude, which in turn, can lead to the appearance of pathologies over a building. To deal
with this problem, the literature approaches some methods of treatment or improvement of
these soils, as the execution of compaction columns, in order to estabilize the settlement of
collapsible soils. The present work seeks to simulate, in computational environment, the plate
load tests carried out by Freitas (2016), in the collapsible soil of the city of São Carlos in the
southeast of Brazil, aiming to evaluate the improvement effect on this soil, due to
reinforcement with compaction columns. Tests were conducted for natural and inundated
conditions of the soil, just as for natural and inundated columns of compacted soil, and
inundated gravel with soil column. The main target of this analysis was to compare the
tension x deformation curves obtained from the numerical model with the ones provided by
the tests of Freitas (2016), as well as to review the parameters of strength and deformability
for the cases approached. For that, the Finite Element Method based software OPTUM G2,
from the Optum Computational Engineering (Optum CE) was employed. The concepts of
unitary cell and equivalent Deformability Modulus where also taken in consideration on the
modeling of the system column + soil, as well as it was in Freitas (2016) research. The results
of the numerical analysis showed similarity with the curves of the plate load tests, and higher
stiffness for the reinforced soil, indicating, thus, good response from the program towards the
modeling of the problem. In addition to this, it has also proved the effectiveness of the soil
reinforcement technique with compaction columns over collapsible soils. The values of the
Modulus of Deformability obtained numerically were also close to the ones determined by the
Elasticity Theory for the load tests, which shows accordance between the analytical and
numerical results.

Keywords: Modulus of Deformability, settlement, plate load tests, compaction columns,


numerical analysis.
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 -- Ocorrência de solos colapsíveis no Brasil (Adaptado de RODRIGUES E VILAR,


2013). ........................................................................................................................................ 15
Figura 2 - Gráfico (Tensão x Deformação Específica) para um solo colapsível submetido ao
ensaio edométrico com inundação por estágios (Pérez, 2017). ................................................ 18
Figura 3 - Ensaio edométrico simples de Jennings & Knight (Rodrigues, 2007). ................... 19
Figura 4 - Resultados dos ensaios edométricos simples conduzidos para areia argilosa de
Natal (Freitas Neto e Santos Júnior, 2018). .............................................................................. 20
Figura 5 - Ensaio edométrico duplo (Pérez, 2017). .................................................................. 21
Figura 6 - Capacidade de carga em função da sucção matricial (Fredlund e Rahardjo, 1993).22
Figura 7 - Provas de carga realizadas no acompanhamento da obra do reservatório da
consolação (Ribeiro Junior e Futai, 2010). ............................................................................... 23
Figura 8 - execução de cavas de solo compactado em fundações diretas em solo colapsível
(Cintra et al.,2013). .................................................................................................................. 24
Figura 9 - Curva de resistência dos solos compactados (Vargas, 1977). ................................. 25
Figura 10 - Processo de execução de colunas de compactação por vibro-deslocamento (Bell
1993, apud Soares 2005). ......................................................................................................... 26
Figura 11 - Exemplos de ponteiras cônicas de variadas dimensões (Robertson, 2006). .......... 28
Figura 12 - Exemplo de curva tensão x recalque obtida em prova de carga em placa
(Adaptado de Vargas 1951, apud CINTRA et al., 2011). ........................................................ 29
Figura 13 - Ábacos para determinação do fator de influência na deformação vertical
(Schmertmann, 1978). .............................................................................................................. 32
Figura 14 - Diferentes modelos de distribuição em planta para as colunas de compactação
(Domingues, 2006). .................................................................................................................. 34
Figura 15 - Resultados dos ensaios de SPT e CPTu (Menegotto, 2004). ................................. 36
Figura 16 - Equipamento utilizado na execução das colunas (Freitas, 2016). ......................... 38
Figura 17 - Esquema para determinação do diâmetro equivalente (Freitas, 2016). ................. 40
Figura 18 - Esquematização do ensaio com colunas (Freitas, 2016)........................................ 41
Figura 19 - Inundação dos ensaios de Freitas (2016). .............................................................. 42
Figura 20 - Resultados da prova de carga do ensaio com coluna de solo compactado em
condição inundada (COMP 01), (Freitas, 2016). ..................................................................... 44
Figura 21 - Extrapolação da curva tensão x recalque para a coluna de solo compactado
inundada (COMP 01) pelo método de Van Der Veen (1953). (Freitas, 2016). ....................... 44
Figura 22 - Curva tensão x recalque para o ensaio de coluna compactada na condição natural
com sucção de 13 kPa (COMP 02)........................................................................................... 45
Figura 23 - Curva tensão x recalque para a coluna de solo e brita na condição inundada
(SOLO BRITA), (Freitas,2016)................................................................................................ 45
Figura 24 - Curva tensão x recalque para ensaio do solo sem reforço em condição natural
(SOLO NAT), (Freitas, 2016). ................................................................................................. 46
Figura 25 - Simplificação para um módulo de deformabilidade equivalente (Freitas, 2016). . 47
Figura 26 - Esboço dos parâmetros de domínio vertical e horizontal para o problema (medidas
em cm). ..................................................................................................................................... 51
Figura 27 - Modelo constitutivo rígido do material da placa. .................................................. 53
Figura 28 - Esquema geométrico final para o ensaio COMP 01: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b). .................................................................................. 54
Figura 29 - Esquema geométrico final para o ensaio COMP 02: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b). .................................................................................. 54
Figura 30 - Esquema geométrico para o ensaio SOLO BRITA: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b). .................................................................................. 55
Figura 31 - Esquema geométrico final para o ensaio SOLO NAT: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b). .................................................................................. 55
Figura 32 - Resultados das análises conduzidas no OPTUM G2. ............................................ 60
Figura 33 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga SOLO NAT.
.................................................................................................................................................. 61
Figura 34 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga COMP 01. 62
Figura 35 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga COMP 02. 62
Figura 36 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga SOLO
BRITA. ..................................................................................................................................... 64
Figura 37 - Resultados comparativos: análise com parâmetros retroanalisados x parâmetros
de Domingues (2006). .............................................................................................................. 66
Figura 38 - Resultados dos ensaios de Freitas (2016) junto dos seus respectivos ajustes
numéricos. ................................................................................................................................ 67
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Critérios de identificação de solos colapsíveis (Vilar e Ferreira, 2015). ................ 17


Tabela 2 - Potenciais de colapso obtidos para a areia argilosa de Natal (Freitas Neto e Santos
Júnior, 2018). ............................................................................................................................ 20
Tabela 3 - Fator α de correlação de Es com qc. (Teixeira e Godoy, 1996). .............................. 28
Tabela 4 - Fator K de correlação entre qc e NSPT (Teixeira e Godoy, 1996). ........................... 29
Tabela 5 – Coeficientes de segurança adotados pela NBR 6122:2010. ................................... 33
Tabela 6 - Valores dos índices físicos obtidos ao longo do perfil de coleta de blocos
indeformados (Machado, 1998). ............................................................................................... 36
Tabela 7 - Resultados dos ensaios de caracterização e compactação (Machado, 1998). ......... 37
Tabela 8 - Frações granulométricas constituíntes do solo do campo experimental da
EESC/USP (Machado, 1998). .................................................................................................. 37
Tabela 9 - Massa específica do solo do campo experimental a 1,5 m de profundidade do nível
do terreno. (Freitas, 2016). ....................................................................................................... 37
Tabela 10 - Teores de umidade do solo ao longo da execução das colunas (Adaptado de
Freitas 2016). ............................................................................................................................ 39
Tabela 11 - Tensões de ruptura e tensões admissíveis a partir das provas de carga (Adaptado
de Freitas, 2016). ...................................................................................................................... 43
Tabela 12 - Valores de módulo de deformabilidade para tensões admissíveis, (Adaptado de
Freitas, 2016). ........................................................................................................................... 48
Tabela 13 - Variação do índice de vazios no entorno da coluna de solo compactado 01
(COMP 01), (Freitas, 2016)...................................................................................................... 52
Tabela 14 - Variação do índice de vazios no entorno da coluna de solo compactado 02
(COMP 02), (Freitas, 2016)...................................................................................................... 52
Tabela 15 - Variação do índice de vazios no entorno da coluna de solo e brita (SOLO
BRITA), (Freitas, 2016). .......................................................................................................... 52
Tabela 16 - Parâmetros de resistência ao cisalhamento para solo natural (Adaptado de
COSTA, 1999). ......................................................................................................................... 56
Tabela 17 - Pesos específicos secos adotados para as colunas (Adaptado de Freitas 2016). ... 58
Tabela 18 - Resultados da retroanálise dos módulos de deformabilidade para a teoria da
elasticidade das provas de carga. .............................................................................................. 59
Tabela 19 - Valores dos Módulos de Deformabilidade obtidos das retroanálises pelo Método
de Schmertmann (1978) e pela Teoria da Elasticidade. ........................................................... 59
Tabela 20 - Parâmetros de ajuste da análise SOLO NAT. ....................................................... 61
Tabela 21 - Parâmetros de ajuste da análise COMP 01. ........................................................... 62
Tabela 22 - Parâmetros de ajuste da análise COMP 02............................................................ 63
Tabela 23 - Parâmetros de ajuste da análise SOLO BRITA..................................................... 64
Tabela 24 - Parâmetros da literatura para nova análise SOLO BRITA.................................... 65
Tabela 25 - Valores de módulo de elasticidade obtidos (MPa). ............................................... 67
ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................................................... 13
1.2. OBJETIVOS.......................................................................................................................... 14
2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 15
2.1. OCORRÊNCIA E CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS COLAPSÍVEIS............................. 15
2.2. EFEITO DA SUCÇÃO EM SOLOS COLAPSÍVEIS........................................................................21
2.3. TÉCNICAS DE TRATAMENTO E MELHORIA DOS SOLOS COLAPSÍVEIS.....................................22
2.3.1. Uso da compactação para tratamento de solos colapsíveis ........................................... 22
2.3.2. Tratamento do solo com colunas de compactação ........................................................ 25
2.4. AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO SOLO REFORÇADO.............................................................. 27
2.4.1. Ensaios SPT e CPT ....................................................................................................... 27
2.4.2. Prova de carga em placa ................................................................................................ 29
2.4.3. Conceitos de célula unitária e módulo de deformação equivalente............................... 33
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 35
3.1. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA......................................................................................... 35
3.1.1. Ensaios in situ................................................................................................................ 35
3.1.2. Ensaios de laboratório ................................................................................................... 36
3.2. ENSAIOS DE FREITAS (2016)............................................................................................... 38
3.2.1. Resultados das provas de carga realizadas .................................................................... 42
3.2.2. Retroanálises de Freitas (2016) ..................................................................................... 47
3.2.3. Retroanálises do Módulo de Deformabilidade pela Teoria da Elasticidade .................. 48
3.3. MODELAGEM NUMÉRICA.................................................................................................... 48
3.3.1. Ferramenta OPTUM G2 ................................................................................................ 48
3.3.2. Modelo de análise e parâmetros utilizados.................................................................... 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 59
4.1. RETROANÁLISES PELA TEORIA DA ELASTICIDADE.............................................................. 59
4.2. ANÁLISES NUMÉRICAS....................................................................................................... 59
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 68
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 70
13

1. INTRODUÇÃO

1.1. Considerações iniciais

Alguns solos não saturados, no contexto geotécnico, apresentam características


diferentes quanto ao seu comportamento quando se trata de variações em seus teores de
umidade. Dentro desses conceitos destacam-se os solos colapsíveis, os quais podem sofrer
uma redução de volume em situações de acréscimos em seus teores de umidade, mesmo a um
carregamento constante.
Segundo Cintra (1998) tais solos geralmente possuem elevada porosidade, baixo
peso específico e um elevado índice de vazios, costumando apresentar boas características de
resistência sob condições de baixo teor de umidade. No entanto, ao aumentar-se o teor de
umidade o que ocorre é um rearranjo de suas partículas, fenômeno este que os autores
denominam por “colapso”. Ainda segundo o autor, o aumento do teor de umidade pode ser
dado por razões diversas e bastante corriqueiras, tais como o rompimento de condutos
subterrâneos da rede de esgoto ou chuvas torrenciais que levem à subida do lençol freático. O
que torna o problema ainda mais importante de ser estudado.
Levantamentos exploratórios do EMBRAPA (1971) mostram que o solo do Estado
do Rio Grande do Norte possui uma grande variabilidade no seu mapeamento característico, e
até então a ocorrência de solos colapsíveis era insipiente, principalmente na cidade de Natal,
cujo solo é predominantemente do tipo Areia Quartzosa. No entanto, estudos conduzidos por
Freitas Neto e Santos Junior (2018) em uma areia argilosa detectada na Zona Norte da cidade
de Natal mostraram características colapsíveis, o que enfatiza ainda mais a necessidade do
estudo desses solos no contexto local.
A problematização em torno dos solos colapsíveis, reside no fato de que o fenômeno
de colapso muitas vezes gera recalques abruptos de considerável magnitude, e assim, a
fundação assente sobre o solo que antes se comportava satisfatoriamente, passa a deslocar
originando inconvenientes para o desempenho estrutural da edificação.
Dentre as soluções mais praticadas na literatura para fundações superficiais assentes
sobre solos colapsíveis destaca-se o uso das técnicas de reforço do solo com colunas de
compactação. O emprego desta técnica foi objeto de estudo do trabalho de Freitas (2016),
onde a autora realizou provas de carga em placa, com a finalidade de avaliar a melhoria
14

implementada pela execução de colunas de reforço no solo colapsível do campo experimental


de fundações da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP).

1.2. Objetivos

Neste viés, o presente trabalho tem o objetivo de analisar o comportamento tensão x


deformação do solo de São Carlos em ambiente computacional, utilizando o software
OPTUM G2 para simular as provas de carga em placa realizadas por Freitas (2016).
Com isso, deseja-se aferir o grau de representatividade do software para as situações
analisadas, bem como comparar os valores dos parâmetros de elasticidade e resistência do
solo obtidos computacionalmente, com aqueles praticados no trabalho de Freitas (2016) e na
pesquisa de Domingues (2006).
15

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Ocorrência e critérios de identificação dos solos colapsíveis

De acordo com Rodrigues (2007), a ocorrência de solos colapsíveis é bastante comum


em regiões de clima tropical, árido e semi-árido, nas quais se verificam baixa umidade e
ciclos de umedecimento e secagem, o que explica, portanto, a recorrência desse solo nas
regiões brasileiras. No Brasil, esses solos geralmente se manifestam na forma de colúvios,
alúvios e solos residuais, que passaram por intenso processo de lixiviação (Ferreira et al.,
1989 apud Cintra, 1998). A Figura 1 abaixo ilustra as principais regiões onde já se verificou
ocorrência e estudos desses solos no Brasil, incluindo a descoberta recente do solo colapsível
da Zona Norte da cidade de Natal.

Figura 1 -- Ocorrência de solos colapsíveis no Brasil (Adaptado de RODRIGUES E VILAR,


2013).
16

O efeito da colapsibilidade está associado às características da microestrutura dos


solos, sendo seu arranjo estrutural determinante para o comportamento do material.
Segundo Teixeira (2006), a conformação colapsível do solo pode se desenvolver em
variados materiais, no entanto, a maioria dos casos se verifica em solos arenosos sob a ação
de partículas de argila ou silte nos vínculos entre os grãos de areia, as quais podem se
organizar de maneira diferente a depender da formação histórica do solo.
Cintra (1998) também destaca que são basicamente dois os requisitos básicos para o
desenvolvimento da colapsibilidade: uma estrutura porosa, com elevado índice de vazios e um
baixo teor de umidade. Este comportamento também pode estar associado à presença de um
agente cimentante, o qual juntamente com uma sucção elevada, produz certa estabilidade na
condição parcialmente saturada, conferindo-lhe certa resistência aparente.
Os critérios de identificação desses solos podem se basear em critérios locais
desenvolvidos para ocorrências em determinadas regiões, em conceitos empíricos, com
critérios baseados no limite de consistência, ou nas condições de compacidade do solo natural.
Outra forma de classificar esses solos seria através da utilização de ensaios de laboratório,
como os ensaios edométricos simples ou duplo, bem como ensaios de campo, elaborados com
a utilização do expansocolapsômetro, equipamento desenvolvido exclusivamente para essa
finalidade, conforme Vilar e Ferreira (2015).
Ainda segundo Vilar e Ferreira (2015), vários desses critérios buscam indicar
indiretamente a colapsibilidade do solo através do índice de vazios ou umidade de saturação,
como os critérios de Denisov (1951) e Gibbs e Bara (1962).
O critério de Denisov (1951) relaciona o índice de vazios correspondente ao limite de
liquidez ao índice de vazios natural:

e1 Eq (2.1)
e0

K – Parâmetro de identificação de colapsividade do solo, sendo considerado colapsível


para 0,5 < K < 0,75;
e0 - ndice de va ios natural;
e1 - ndice de va ios correspondente ao limite de liquide

O critério de Gibbs e Bara (1962) relaciona a umidade que provoca a saturação a


umidade referente ao limite de liquidez do solo.
17

wsat Eq (2.2)
R
wl

R – Parâmetro de identificação de colapsividade do solo, onde o solo é colapsível


para R > 1;
wsat - Umidade que provoca a saturação;
wl - Limite de liquide do solo

Além desses critérios existem diversos outros, os quais se encontram enumerados na


Tabela 1 a seguir:

Tabela 1 - Critérios de identificação de solos colapsíveis (Vilar e Ferreira, 2015).


18

Dentre os ensaios de laboratório, o mais utilizado é o ensaio edométrico com


inundação por estágios (ensaio simples). Neste ensaio, inunda-se o corpo de prova após a
consolidação de recalques decorrentes do carregamento inicial, medindo as deformações
ocorridas após a inundação. Os resultados desse tipo de ensaio têm o comportamento
apresentado na forma do gráfico Tensão vs. Deformação Volumétrica Específica, ilustrado na
Figura 2 a seguir:

Figura 2 - Gráfico (Tensão x Deformação Específica) para um solo colapsível submetido ao


ensaio edométrico com inundação por estágios (Pérez, 2017).

Onde:
eo ou o – Índice de vazios ou deformação volumétrica específica iniciais;
ei ou i Índice de vazios ou deformação volumétrica específica até a tensão
considerada previamente à inundação;
ec ou c Índice de vazios ou deformação volumétrica específica após a inundação;
inun Tensão de inundação.

Segundo Rodrigues (2007), foi através do ensaio edométrico simples que Jennings &
Knight (1975) propuseram o cálculo de um parâmetro para quantificar a magnitude do
colapso de um solo, estabelecendo então o Potencial de Colapso (PC), representado na Figura
19

03. Esta variável corresponde à descontinuidade vertical devido ao colapso do solo, observada
nos ensaios edométricos.

Figura 3 - Ensaio edométrico simples de Jennings & Knight (Rodrigues, 2007).

Sendo:

– Deformação volumétrica específica (%);


– Tensão aplicada (kPa).

O Potencial de Colapso é definido pela seguinte expressão:

ec Eq (2.3)
PC 100
1+e0

Em que:
Δec – Variação do índice de vazios devido à inundação;
e0 – Índice de vazios inicial.

Ao avaliar o comportamento colapsível do solo da Zona Norte de Natal, Freitas Neto e


Santos Júnior (2018) realizaram ensaios edométricos do tipo simples, com inundação a 100
kPa, que resultaram nas curvas da Figura 4. Os respectivos potenciais de colapso exibidos na
Tabela 2, obtidos para quatro das seis amostras analisadas, e que caracterizam o
comportamento colapsível.
20

Figura 4 - Resultados dos ensaios edométricos simples conduzidos para areia argilosa de
Natal (Freitas Neto e Santos Júnior, 2018).

Tabela 2 - Potenciais de colapso obtidos para a areia argilosa de Natal (Freitas Neto e Santos
Júnior, 2018).

Potencial de
Amostra
Colapso
A01 16,49
A02 14,42
A03 12,00
A04 12,59

Alternativamente ao ensaio edométrico simples, Jennings e Knight (1957) também


propuseram utilizar o ensaio edométrico duplo para a avaliação do recalque por colapso.
Neste caso são conduzidos dois ensaios edométricos: um na condição de umidade natural, e
outro na condição inundada. Em seguida, sobrepõe-se as duas curvas de compressão dos
testes, sendo a deformação por colapso definida como sendo a diferença de ordenada entre as
duas curvas, conforme ilustra a Figura 5. Parte-se do pressuposto de que não ocorrem
variações volumétricas devido a variações de umidade, sob condições de equilíbrio com o
peso do solo sobrejacente no campo, conforme Pérez (2017).
21

Figura 5 - Ensaio edométrico duplo (Pérez, 2017).

Onde:
vo - Tensão vertical devido ao peso próprio do solo em campo;
cn - Tensão de pré-consolidação virtual do solo na umidade natural;
cs - Tensão de pré-consolidação virtual do solo inundado.

2.2. Efeito da sucção em solos colapsíveis

Segundo Cintra (1998), as fundações assentes em solos colapsíveis geralmente


apresentam condições satisfatórias de resistência a um primeiro momento, podendo porém
sofrer recalques abruptos de considerável magnitude devido a algum agente que promova
inundação do solo, como chuvas intensas ou vazamentos de tubulações enterradas
Essa resistência aparente, verifica-se graças às pressões de sucção e da cimentação que
se desenvolvem nos seus vazios. Dessa forma, quanto mais seco estiver o solo, maior será o
valor da sua sucção e consequentemente maior será a capacidade de carga da fundação.
Para evidenciar a influência da sucção na capacidade de carga dos solos Cintra et al,
(2011) relatam os estudos de Fredlund e Rahardjo (1993), que analisaram o caso teórico de
sapatas corridas de lado igual a 0,5 e 1,0 metro, assentes a uma profundidade de 0,5 metros
em um solo com peso específico de 18 kN/m³. Ao atribuir os valores de resistência de solos
22

não saturados (c’, ϕ’e ϕb’) e utilizando a equação de Terzaghi, os autores obtiveram uma
variação linear da capacidade de carga com a sucção matricial, conforme pode-se verificar na
Figura 6.

Figura 6 - Capacidade de carga em função da sucção matricial (Fredlund e Rahardjo, 1993).

De maneira análoga, segundo Cintra et al,. (2011) os valores de Nspt obtidos para um
solo colapsível irão variar de acordo com a sucção desses solos. Espera-se valores menores de
Nspt para épocas de chuvas em comparação com os valores em períodos secos.

2.3. Técnicas de tratamento e melhoria dos solos colapsíveis

Existem variados métodos de tratamento ou melhoria para solos do tipo colapsíveis,


dentre elas um enfoque maior pode ser dado para a aplicação das técnicas de compactação do
solo natural, e para o reforço com colunas de compactação, as quais são objeto de estudo
desse trabalho.

2.3.1. Uso da compactação para tratamento de solos colapsíveis

Segundo Ribeiro Junior e Futai (2010), a compactação do solo é o método mais


utilizado no mundo todo para se construir edificações com uso de fundações superficiais sobre
terrenos colapsíveis. Nos seus estudos estes autores fizeram uma reanálise de um caso
histórico ocorrido na década de 50, que trata da obra do reservatório da Consolação na cidade
23

de São Paulo, com capacidade de 50.000 m³. Na ocasião, Vargas (1951) optou pela escavação
da argila porosa existente ao longo das sapatas corridas dos muros laterais do reservatório,
seguida da sua recomposição por meio de compactação.
Na ocasião da construção foram realizadas provas de carga em placa para acompanhar
o ganho da capacidade de carga devido ao efeito da compactação. Estes resultados estão
expostos na Figura 7, onde observa-se o aumento da tensão de ruptura do solo de 160 kPa em
estado natural para aproximadamente 550 kPa após compactação:

Figura 7 - Provas de carga realizadas no acompanhamento da obra do reservatório da


consolação (Ribeiro Junior e Futai, 2010).

Os autores Cintra et al. (2003) apresentam uma técnica básica para viabilizar
fundações diretas assentes em solos de comportamento colapsível, que consiste basicamente
na remoção de uma camada com profundidade correspondente à largura da sapata (B),
procedendo-se à sua reposição em subcamadas menores compactadas, conforme ilustra Figura
8:
24

Figura 8 - execução de cavas de solo compactado em fundações diretas em solo colapsível


(Cintra et al.,2013).

Os autores justificam que a profundidade do solo compactado é limitada à dimensão


de metade do bulbo de tensões por fatores econômicos e também por se verificar que para
uma propagação de tensões de 2:1, utilizando o método do espraiamento, tem-se nesta
profundidade uma tensão propagada de apenas 25% da tensão aplicada por uma sapata
quadrada.
Dessa forma, segundo Cintra et al. (2003), ao aplicar no nível do solo uma carga
equivalente à tensão admissível calculada para o solo sem o benefício da compactação, tem-se
uma tensão de apenas (1/4) adm sendo aplicada no topo da camada de solo não compactada
subjacente.
Freitas (2016) faz algumas considerações a respeito da influência da compactação e
umidade ótima dos solos na sua resistência ao cisalhamento e colapsibilidade. A autora
mostra que, de acordo com Vargas (1977), a umidade ótima de compactação é a condição
mais estável do solo em que há a menor perda de resistência (ΔR’) frente à variação de sua
umidade em diferentes épocas do ano conforme observa-se na Figura 9. Entendendo que um
solo compactado na umidade ótima não é o que apresenta a maior resistência, mas sim aquele
cuja resistência é estável mesmo com as variações climáticas ao longo do ano.
25

Figura 9 - Curva de resistência dos solos compactados (Vargas, 1977).

Conforme colocado por Freitas (2016), outro fator de relevância que influencia no
comportamento dos solos compactados é abordado por Gens et al., (1995). Segundo os
autores, solos compactados abaixo da umidade ótima tendem a apresentar uma conformação
bimodal em relação à distribuição do tamanho dos poros, enquanto que solos compactados na
umidade ótima apresentam maior homogeneidade. Desta forma, solos compactados fora do
teor de umidade ótimaapresentam uma maior tendência ao colapso.

2.3.2. Tratamento do solo com colunas de compactação

No que se diz respeito ao emprego da técnica de estacas granulares Passos (2005)


relata o trabalho de Minette et al., (1994) os quais citam que a demanda pelo uso da técnica
tem crescido nas últimas décadas, e a sua utilização tornou-se conhecida a partir do ano de
1830.
Ainda segundo Passos (2005), o princípio fundamental do reforço do solo com
colunas granulares é o deslocamento do solo natural, provocado pela introdução de material
26

compactado, geralmente em colunas cilíndricas, reduzindo os recalques e aumentando a


capacidade de carga do maciço.
Passos (2005) também relata que, para o caso de terrenos arenosos, o aumento da
compacidade do material devido à compactação com estacas de areia e brita, promove uma
melhoria nas propriedades de resistência e uma diminuição da deformabilidade do solo,
melhorando a estabilidade e rigidez da camada melhorada.
O aumento do NSPT adquirido com a instalação dessas estacas, juntamente com a
consideração dos efeitos de interação solo-estrutura, tem possibilitado a adoção de fundações
superficiais em solos que, a princípio, requeriam fundações profundas. O fato desta técnica
possibilitar o projeto de sapatas com maior capacidade de carga também reduz o volume de
escavação e de concreto, conforme colocado por Alves et al., (2000).
Segundo Soares (2005), no Brasil, a técnica de execução das colunas para
melhoramento do solo é conhecida como vibro-deslocamento. Neste procedimento, o
deslocamento lateral do solo é provocado pela cravação de um tubo de ponta fechada. A
Figura 10 ilustra tal processo executivo.

Figura 10 - Processo de execução de colunas de compactação por vibro-deslocamento (Bell


1993, apud Soares 2005).

Quanto ao equipamento a ser utilizado, Passos (2005) também cita aqueles usados no
trabalho de Soares (2002): um bate estaca do tipo “Strauss” formado por tripé motor, guincho
acoplado a um mecanismo de movimentação, além do pilão e tubo de revestimento. A
produtividade fica dependente dos fatores de altura da torre, potência do motor, resistência
27

dos guinchos e agilidade do mecanismo de movimentação. Vale salientar, no entanto, que o


tipo e as características de resistência e porosidade do solo também influenciam na
produtividade. Além disso, o efeito da compactação para este método pode não ser tão
eficiente como aquele quando da execução com o equipamento do tipo Franki.

2.4. Avaliação da eficiência do solo reforçado

A eficiência do reforço de solos com colunas pode ser avaliada através de diversos
ensaios de campo ou de laboratório. Dentre os ensaios de campo mais utilizados para este fim,
tem-se as sondagens SPT ou CPT, e Prova de Carga estática em placa. Através desses ensaios,
pode-se inferir parâmetros de resistência e deformabilidade para as condições de solo no
estado natural e após o melhoramento, possibilitando-se assim avaliar a eficiência do
processo.

2.4.1. Ensaios SPT e CPT

O ensaio SPT (Standard Penetration Test), pode ser considerado a mais rotineira,
popular e econômica ferramenta de investigação geotécnica em todo o mundo, de forma que
seus resultados são amplamente utilizados pelos métodos de projeto de fundações diretas e
profundas, principalmente no Brasil. Este ensaio constitui-se em uma medida da resistência
dinâmica conjugada a uma sondagem de simples reconhecimento onde a perfuração é obtida
por tradagem e circulação de água, utilizando-se o trépano de lavagem como ferramenta de
escavação, conforme Schnaid e Odebrecht (2012).
Quanto aos ensaios de cone e piezocone (CPT e CPTu), Schnaid e Odebrecht (2012),
caracterizam-no como uma das mais importantes ferramentas de prospecção geotécnica. Seus
resultados podem ser utilizados para a definição das propriedades dos materiais prospectados,
incluindo previsões de capacidade de carga de fundações.
Ainda segundo os autores, o princípio de execução do ensaio consiste na cravação, no
terreno, de uma ponteira cônica a uma velocidade constante de 20 mm/s, com tolerância de
mais ou menos 5 mm/s. A seção transversal do cone é de aproximadamente de 10 cm²,
podendo atingir 15 cm² ou mais, para equipamentos de maior capacidade de carga. A Figura
11 ilustra exemplos de ponteiras cônicas utilizadas nesse ensaio.
Para avaliar a eficiência da compactação do solo utilizando os ensaios SPT ou CPT,
executam-se dois ensaios, sendo um previamente e outro posteriormente ao melhoramento, de
28

maneira que ao aplicar métodos semi-empíricos de cálculo, pode-se determinar a capacidade


de carga do solo antes e após a execução do melhoramento.

Figura 11 - Exemplos de ponteiras cônicas de variadas dimensões (Robertson, 2006).

Além da capacidade de carga, também pode-se estimar valores de módulo de


deformabilidade (Es) para o solo através de correlações empíricas com os resultados dos
ensaios de SPT (Nspt) e CPT (qc), como a de Teixeira e Godoy (1996) ilustrada nas equações
2.4 e 2.5:

Eq (2.4)

Ou:

Eq (2.5)

Sendo os fatores de correlação α e dados pelas Tabelas 3 e 4 a seguir:

Tabela 3 - Fator α de correlação de Es com qc. (Teixeira e Godoy, 1996).

Solo α
areia 3
silte 5
argila 7
29

Tabela 4 - Fator K de correlação entre qc e NSPT (Teixeira e Godoy, 1996).

Solo K (Mpa)
areia com pedregulhos 1,1
areia 0,9
areia siltosa 0,7
areia argilosa 0,55
silte arenoso 0,45
silte 0,35
argila arenosa 0,3
silte argiloso 0,25
argila siltosa 0,2

2.4.2. Prova de carga em placa

Segundo Cintra et al. (2011), o ensaio de prova de carga em placa consiste na


instalação de uma placa sobre o solo, a uma cota determinada a partir da cota de projeto da
eventual base da sapata. A aplicação da carga é realizada em estágios de carregamento, sendo
efetuada medida simultânea dos recalques. De acordo com a NBR 6489:1984 que
regulamenta o procedimento, deve-se utilizar uma placa circular, rígida de área da base não
inferior a 0,5 m² (Diâmetro de 0,8 m).
Com as medidas dos recalques em cada estágio de carregamento, traça-se a curva
tensão x recalque, conforme ilustrado na Figura 12:

Figura 12 - Exemplo de curva tensão x recalque obtida em prova de carga em placa


(Adaptado de Vargas 1951, apud CINTRA et al., 2011).
30

Através do resultado deste ensaio, pode-se estimar a tensão de ruptura do solo, a


depender do comportamento da curva, que pode gerar rupturas do tipo nítida, física ou
convencional, bem como o Módulo de Deformabilidade. Segundo Freitas (2016), para a sua
determinação, adota-se a simplificação para um comportamento do solo elástico e linear,
levando em consideração apenas o trecho retilíneo da curva. Essas considerações possibilitam
uma estimativa da deformabilidade do solo, mesmo sabendo-se que tal parâmetro não possui
valor constante para um material como o solo.
Dessa maneira, Menegotto (2004) mostra que entre as teorias mais utilizadas para
estimar o Módulo de Deformabilidade tem-se a Solução de Boussinesq, baseada na Teoria da
Elasticidade, válida para placa circular rígida em meio homogêneo onde o Módulo de
Elasticidade pode ser retroanalisado com os resultados de tensão e recalque, através da
equação abaixo:

Eq (2.6)

Onde:
E – Módulo de Deformabilidade ou Módulo de Elasticidade;
– Tensão aplicada na placa;
D – Diâmetro da placa;
ν – Coeficiente de Poisson.

Outra metodologia que também pode ser aplicada na determinação do Módulo de


Deformabilidade a partir dos resultados de ensaio de placa é a retroanálise pelo Método de
Schmertmann (1978). Nesta teoria considera-se o solo como sendo um meio homogêneo,
isotrópico e elástico, de forma que sua aplicação se justifica por ser razoável considerar o
comportamento tensão x deformação do solo linear para níveis de tensões admissíveis.
O método de Schmertmann (1978) considera que as deformações máximas ocorrem a
uma profundidade B/2 para sapata quadrada, sendo B sua largura. A partir desta
profundidade, as deformações diminuem gradualmente, podendo ser desprezadas a uma
profundidade 2B. Neste viés, o autor propõe um fator de influência (IZ) para o cálculo do
recalque cuja determinação é feita por dois ábacos diferentes, para os casos de sapata corrida
e sapata quadrada conforme pode-se observar na Figura 13.
31

O valor máximo do fator de influência pode ser definido pela expressão:


Eq (2.7)

Onde:
v – Tensão vertical efetiva na profundidade correspondente a IZ,MÁX;
* – Tensão líquida aplicada pela sapata, dada pela tensão total aplicada menos a
tensão efetica na cota de apoio da fundação (sobrecarga);

Assim, pode-se quantificar o recalque de uma sapata quadrada equivalente à placa do


ensaio, aplicando-se a divisão do solo em n subcamadas consideradas homogêneas na
profundidade de 0 a 2B. De forma que o recalque final é dado pelo somatório dos recalques
de todas as subcamadas, incluindo a consideração dos efeitos de embutimento e do tempo
através dos coeficientes C1 e C2, respectivamente.

n
*
d
C1 C2 ∑( )
Es Eq (2.8)
i 1

Onde:
Iz – Fator de influência na deformação à meia-altura da i-ésima camada;
Es = Módulo de Deformabilidade da i-ésima camada;
Δ – Espessura da i-ésima camada.
32

Figura 13 - Ábacos para determinação do fator de influência na deformação vertical


(Schmertmann, 1978).

De acordo com Freitas (2016), para retroanalisar os valores de Módulo de Elasticidade


a partir dos resultados da prova de carga, aplicando o método de Schmertmann (1978),
considera-se que os recalques finais obtidos no ensaio para cada nível de tensão são
equivalentes ao somatório dos recalques de todas as subcamadas para este mesmo nível de
tensão aplicado. Considera-se um módulo constante nas subcamadas.
Além disso, durante os cálculos considera-se um comportamento elástico linear até os
níveis de tensões admissíveis, os quais podem ser tomados como metade da carga de ruptura,
para o caso da realização de duas ou mais provas de carga, utilizando métodos analíticos ou
semi-emprícos para determinação da carga de ruptura, de acordo com o item 6.2.1.1.1 da
NBR 6122:2010, estando todos os fatores de segurança mostrados na Tabela 5.
33

Tabela 5 – Coeficientes de segurança adotados pela NBR 6122:2010.

Métodos para determinação Coeficiente de minoração


Fator de segurança global
da resistência última da resistência última

Valores propostos no próprio Valores propostos no próprio


processo e no mínimo 2,15 processo e no mínimo 3,00
Semi-empíricosa
Analíticosb 2,15 3,00
Semi-empíricosa ou analíticosb
acrescidos de duas ou mais
provas de carga,
1,4 2,00
necessariamente executadas
na fase de projeto, conforme
7.3.1
a
atendendo ao domínio de validade para o terreno local.
b
Sem aplicação de coeficientes de minoração aos parâmetros de resistência do terreno.

2.4.3. Conceitos de célula unitária e módulo de deformação equivalente

Segundo Freitas (2016) a compreensão do mecanismo de transferência de carga entre


o elemento de fundação e as colunas de compactação de um solo não é tarefa simples, uma
vez que este processo depende de parâmetros como a rigidez das colunas, características do
solo local, espaçamento e diâmetro das colunas. Dessa forma, se introduz o conceito de
“célula unitária”, com o intuito de simplificar a análise do comportamento das colunas sob o
efeito do carregamento.
De acordo com Domingues (2006), o carregamento de uma coluna isolada apresenta
comportamento bidimensional axissimétrico (nas direções vertical e radial), em que toda a
massa envolvente à coluna deve ser considerada. Já o carregamento simultâneo de um grupo
elevado de colunas leva a um comportamento unidimensional vertical no seu todo,
possibilitando o estudo de maneira isolada de uma coluna genérica no interior da malha
formada pelo grupo de colunas, considerando a área de influência no entorno da coluna.
Geralmente, o tratamento de uma grande área com colunas de compactação requer
uma distribuição uniforme em planta das colunas. Para isso deve ser definido o espaçamento e
o tipo de distribuição. Normalmente as distribuições mais utilizadas são a triangular,
retangular ou hexagonal (esta última mais difícil de ser implementada em obra), conforme
exemplificado na Figura 14. Assim, para cada uma das distribuições pode-se representar a
coluna através de uma célula cilíndrica com raio (ou diâmetro) de influência determinado a
34

partir dos valores de espaçamento. A relação entre o diâmetro de influência (De) e o


espaçamento pode assumir valores iguais a 1,05, 1,13 e 1,29 para as malhas triangular,
retangular e hexagonal, respectivamente (BALAAM E POULOS, 1983 apud Domingues,
2006).

Figura 14 - Diferentes modelos de distribuição em planta para as colunas de compactação


(Domingues, 2006).
35

3. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido com base nos resultados obtidos na pesquisa desenvolvida
por Freitas (2016), realizada no Campo Experimental de Fundações da Escola de Engenharia
de São carlos (EESC/USP). O objetivo principal da pesquisa realizada por Freitas (2016) foi
avaliar experimentalmente, através de provas de carga estática em placa, as técnicas de
reforço de solo colapsível por meio de solo laterítico compactado. Esta técnica se propõe para
viabilizar o uso de fundações diretas assentes em solos colapsíveis típicos da região estudada.
Freitas (2016), utilizou o método de Schmertmann (1978) para retroanalisar os parâmetros de
deformabilidade de cada ensaio, e avaliar o ganho de rigidez do solo melhorado.
De posse dos resultados dos ensaios de prova de carga, foram conduzidas simulações
no software OPTUM G2, com o intuito de representar o comportamento tensão x deformação
observado nas provas de carga e retroanalisar os parâmetros de deformabilidade, comparando-
os com aqueles obtidos por Freitas (2016).

3.1. Caracterização geotécnica

3.1.1. Ensaios in situ

De acordo com o Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos,


o perfil geotécnico do campo experimental é representativo de uma vasta região do Estado de
São Paulo. O perfil apresenta inicialmente uma camada de sedimento Cenozóico de 6 m de
espessura formada por uma areia argilosa marrom, laterizada, porosa e colapsível, com SPT
médio de 4 golpes. Em seguida é separada por uma linha de seixos, onde inicia-se o solo
residual do Grupo Bauru, apresentando uma camada de areia argilosa vermelha, com SPT
médio de 8 golpes até 12 m de profundidade. O Nível d’água varia entre 7 e 10 metros a
depender da época do ano.
Segundo Freitas (2016) desde a sua implementação, em 1988, foram realizados
diversos ensaios de campo, dentre os quais pode-se listar cinco sondagens de simples
reconhecimento (SPT) e cinco ensaios de penetração estática (CPTu) até a profundidade de 20
m. A Figura 15 apresenta os valores mínimos médios e máximos dos resultados dos ensaios
penetrométricos de SPT e CPTu ao longo do perfil do solo.
36

Figura 15 - Resultados dos ensaios de SPT e CPTu (Menegotto, 2004).

3.1.2. Ensaios de laboratório

Machado (1998) realizou ensaios de laboratório com amostras indeformadas retiradas


do campo experimental de fundações da Escola de Engenharia de São Carlos, de um poço de
1,2 metros de diâmetro e aproximadamente 10 m de profundidade. Os índices físicos de
umidade (w), peso específico seco (γd), peso específico (γ) e índice de va ios (e) foram
determinados a cada metro e estão expostos na Tabela 5 abaixo:

Tabela 6 - Valores dos índices físicos obtidos ao longo do perfil de coleta de blocos
indeformados (Machado, 1998).

Prof. (m) 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0
w (%) 13,7 14,6 15,8 16,8 16,4 17,2 19,1 16,7 18,3
γd (kN/m³) 12,5 13,6 13,8 14,3 14,4 14,7 15,2 16,1 16,6
γ (kN/m³) 14,2 15.6 16,0 16,7 14,8 17,1 18,1 18,8 19,6
e 1,17 0,99 0,96 0,90 0,88 0,84 0,78 0,68 0,63
37

A Tabela 6 mostra os valores obtidos dos ensaios de caracterização para as


profundidades de 3, 5 e 8 metros. Os valores de γd,máx e wot foram obtidos utilizando a energia
de Proctor normal.

Tabela 7 - Resultados dos ensaios de caracterização e compactação (Machado, 1998).

Prof. (m) γd,máx (kN/m³) wot (%) WL (%) WP (%) γs (kN/m³)


3,0 18,7 14,0 27,9 16,0 27,1
5,0 18,4 14,8 30,9 19,8 27,5
8,0 18,9 11,2 28,4 17,2 27,1

A Tabela 7 apresenta os resultados das frações granulométricas obtidas para as


profundidades de 3, 5 e 8 metros. Vale observar que os valores das frações são bem próximos
entre as profundidades 3 e 5 metros, porém o solo da profundidade de 8,0 metros apresenta
um percentual de argila menor do que os anteriores.

Tabela 8 - Frações granulométricas constituíntes do solo do campo experimental da


EESC/USP (Machado, 1998).

Prof. (m) Areia (%) Silte (%) Argila (%)


3,0 60,8 11,9 27,3
5,0 66,7 5,90 27,4
8,0 68,9 13,7 17,4

Para determinação da massa específica no campo, Freitas (2016) extraiu três amostras
indeformadas a uma profundidade de 1,5 m do nível do terreno, cujos valores de massa
específica estão exibidos na Tabela 8:

Tabela 9 - Massa específica do solo do campo experimental a 1,5 m de profundidade do nível


do terreno. (Freitas, 2016).

Anel 1 Anel 2 Anel 3 Valor médio


Massa específica (ρ g/cm³) 1,55 1,42 1,51 1,49
Massa específica aparente (ρd g/cm³) 1,39 1,27 1,35 1,34
38

Conhecendo-se os parâmetros do solo, e aplicando-se as equações 3.1 e 3.2, foi


possível determinar um Grau de Compactação de 68% e índice de vazios de 1,05 para o
maciço a uma profundidade de 1,5 m.

Eq. (3.1)
Eq (3.2)

3.2. Ensaios de Freitas (2016)

Na pesquisa realizada por Freitas (2016), foram executadas na areia argilosa do campo
experimental de fundações da Escola de Engenharia de São Carlos, duas colunas de solo
compactado e uma coluna de solo e brita compactada. Para a compactação foi utilizado o
equipamento de estaca Strauss, constituído por tripé metálico, roldana e pilão ilustrado na
Figura 16.

Figura 16 - Equipamento utilizado na execução das colunas (Freitas, 2016).

Foi executado um furo até a profundidade de 3,5 metros abaixo do nível do terreno,
para então preenchimento com o próprio solo do campo experimental, o qual foi extraído com
auxílio de retroescavadeira. O solo era depositado em camadas com uso de balde e funil, e
então apiloado. A altura final desejada para cada camada era de aproximadamente 12 cm.
Esse método executivo difere do procedimento descrito anteriormente no item 2.3.2,
tendo em vista que o solo não é deslocado, mas sim retirado e depositado novamente. O efeito
39

dessa compactação no entorno da coluna é menor do que aquele obtido quando aplicado o
processo de vibro-deslocamento.
Ambas as colunas de solo compactado foram executadas em 2% acima da umidade
ótima (ramo úmido da curva de compactação), apresentando uma umidade de campo igual a
15%.
A coluna de solo e brita foi executada contendo 30% de solo (também extraído do
campo experimental) e 70% de brita do tipo 1, sendo utilizado o mesmo procedimento
executivo das colunas de solo.
Durante a execução das colunas foram extraídas três amostras, cada uma a 3
profundidades distintas para determinação do teor de umidade do solo durante a execução das
colunas e, os resultados estão na Tabela 9:

Tabela 10 - Teores de umidade do solo ao longo da execução das colunas (Adaptado de


Freitas 2016).

Coluna de Solo Coluna de Solo


Coluna de Solo e brita
Compactado 01 Compactado 02
Prof. (m) w (%) Prof. (m) w (%) Prof. (m) w (%)
1,30 13,4 1,25 14,4 1,16 5,4
2,50 14,5 1,74 15,3 2,40 4,9
3,35 13,8 3,03 14,2 3,52 7,4

Para comparar a eficiência das colunas executadas Freitas (2016) realizou 5 provas de
carga do tipo lenta, onde duas delas foram realizadas nas condições natural e inundada para as
colunas de solo compactado, uma na condição inundada para a coluna de solo e brita, e uma
prova de carga no solo sem reforço, com posterior reensaio em situação umedecida.
O intuito de executar ensaios na condição natural e depois na condição inundada era
analisar se haveria variações no comportamento tensão x deformação do solo, por tratar-se de
um solo colapsível. Dessa forma também seria possível inferir se as técnicas de reforço
utilizadas reduziram ou não o efeito do colapso o que pode ser constatado através do ganho de
capacidade de carga. Além disso, de acordo com Freitas (2016), o efeito da sucção se torna
menos influente em solos compactados, por isso também foi implantado um tensiômetro
próximo ao local para medir os valores de sucção durante os ensaios.
Tendo em vista que apenas uma coluna de solo e brita havia sido executada, esta foi
ensaiada na condição inundada, considerando a situação mais desfavorável.
40

Para simplificar a avaliação do reforço, Freitas (2016) considerou o sistema


placa+solo se comportando como uma “célula unitária”, tendo em vista que nos projetos de
reforço de solo para fundações diretas geralmente é necessária a adoção de uma malha de
colunas.
Dessa forma, nas retroanálises dos Módulos de Deformabilidade de Freitas (2016) foi
considerado que cada prova de carga se comportava como uma célula unitária de uma malha
de colunas de formato quadrado. Isso foi entendido dessa maneira pois o diâmetro da placa
utilizada corresponde ao diâmetro equivalente de Balaam e Poulos (1983), abordado por
Domingues (2006), calculado levando em conta a relação entre o diâmetro de influência e o
espaçamento entre eixos das colunas.
O diâmetro das colunas considerado foi de 25 cm e o diâmetro da placa do ensaio é de
80 cm. Segundo Freitas (2016), de acordo com a bibliografia, o raio de influência do efeito de
compactação no entorno da coluna é de 1,5 vezes o diâmetro da coluna. Então, adotando-se a
distribuição quadrada de malha chega-se a um valor em torno de 37,5 cm para o raio de
influência. Para determinar então o diâmetro equivalente da célula unitária, tem-se o seguinte
esquema da Figura 17, considerando uma sapata reforçada com quatro colunas:

Figura 17 - Esquema para determinação do diâmetro equivalente (Freitas, 2016).

Então, calculando-se o Diâmetro equivalente considerando a relação de Balaam e


Poulos (1983) proposta por Domingues (2006), pode-se concluir que o mesmo possui valor
similar ao diâmetro da placa:
41

S 3 D 3 25 5 cm Eq. (3.3)
De 1.13 S 1.13 5 4. 5 0 cm Eq (3.4)

Onde:
S = Espaçamento entre eixos das colunas;
De = Diâmetro equivalente da célula unitária;
D = Diâmetro da coluna de compactação.

Pode-se questionar à adoção de tais recomendações para definição do raio de


influência e do diâmetro equivalente para este caso. Haja vista que as colunas de Freitas
(2016) foram executadas por processo diferente daquele por vibro-deslocamento visto
anteriormente. No entanto, não foi encontrada na literatura, nenhuma limitação quanto à
aplicação dos conceitos de célula unitária, diâmetro equivalente e raio de influência para o
processo executivo adotado, mesmo sabendo-se que este pode gerar efeito de compactação
inferior.
Dessa maneira, optou-se pela aplicação desses conceitos nas modelagens numéricas
desta pesquisa, assim como Freitas (2016) considerou em suas retroanálises.
Antes da execução dos ensaios, Freitas (2016) abriu um poço com profundidade de 1,5
metros, com a finalidade de remover uma camada de aterro presente no terreno. O que
resultou no esquema ilustrado na Figura 18, com uma profundidade de 2 metros de coluna
compactada e um bulbo de tensões de 1,6 metros (duas vezes o diâmetro da placa utilizada).

Figura 18 - Esquematização do ensaio com colunas (Freitas, 2016).


42

O processo de inundação dos ensaios foi realizado de duas maneiras diferentes. Nas
provas de carga de coluna de solo compactado e coluna de solo e brita a inundação da cava se
deu previamente ao ensaio, sendo mantida uma lâmina de água constante durante um período
não inferior a 24 horas, conforme ilustra Figura 19.

Figura 19 - Inundação dos ensaios de Freitas (2016).

As leituras de sucção realizadas pelo tensiômetro durante a inundação chegaram a


marcar valores de quase zero em um tempo de 4 horas, o que leva a concluir que o tempo de
inundação mantido no ensaio foi suficiente para zerar a sucção.
Nos ensaios de solo sem reforço, a prova de carga inicial foi conduzida em estado
natural com sucção de 6 kPa, onde a partir da curva carga-recalque determinou-se a tensão
admissível de 50 kPa. Assim, ao conduzir o reensaio da cava, foi mantido o mesmo valor de
sucção até o nível de tensão admissível, iniciando a inundação a partir deste estágio, onde
mediram-se os recalques até sua estabilização, e então continuou-se o ensaio com os
carregamentos na condição inundada.
Por fim, no ensaio para a coluna compactada em condição natural os tensiômetros
mediram uma sucção de 13 kPa.

3.2.1. Resultados das provas de carga realizadas

As curvas tensão x recalque obtidas por Freitas (2016) estão indicadas nas Figuras 20,
22, 23 e 24. Houve uma finalização prematura para a prova de carga da coluna de solo na
43

condição inundada (Coluna compactada 01) devido ao extenso tempo gasto no ensaio e às
condições climáticas desfavoráveis, chegando a um recalque máximo de 21.31 mm.
Tendo em vista que o critério de ruptura utilizado foi análogo ao proposto pela ABNT
NBR 6122:2010 para prova de carga em estaca, que adota como tensão de ruptura aquela que
provoca um recalque de Dplaca/30, tem-se para a placa circular de 80 cm de diâmetro um
recalque máximo de 25 mm. Logo, como o ensaio da coluna inundada não atingiu tal critério
de ruptura, foi necessário adotar o método de extrapolação de Van Der Veen (1953), cujos
resultados estão ilustrados na Figura 21.
A Tabela 10 apresenta as tensões de ruptura e as respectivas tensões admissíveis das
provas de carga, considerando fator de segurança igual a 2,0. Essa redução do fator de
segurança é possível, pois de acordo com o item 6.2.1.1.1 da NBR 6122:2010 pode-se reduzi-
lo quando da execução de duas ou mais provas de carga no solo.

Tabela 11 - Tensões de ruptura e tensões admissíveis a partir das provas de carga (Adaptado
de Freitas, 2016).

Ensaio σrupt. (kPa) σadm (kPa) Critério de ruptura


Coluna de solo compactado
268 134 Van Der Veen (1953)
inundado (COMP 01)

Coluna de solo compactado em


265 132,5 Dplaca/30
condição natural (COMP 02)

Coluna de solo e brita (SOLO


180 90 Dplaca/30
BRITA)
Solo sem reforço em condição
100 50 Dplaca/30
natural (SOLO NAT)
44

Figura 20 - Resultados da prova de carga do ensaio com coluna de solo compactado em


condição inundada (COMP 01), (Freitas, 2016).

Figura 21 - Extrapolação da curva tensão x recalque para a coluna de solo compactado


inundada (COMP 01) pelo método de Van Der Veen (1953). (Freitas, 2016).
45

Figura 22 - Curva tensão x recalque para o ensaio de coluna compactada na condição natural
com sucção de 13 kPa (COMP 02).

Figura 23 - Curva tensão x recalque para a coluna de solo e brita na condição inundada
(SOLO BRITA), (Freitas,2016).
46

Figura 24 - Curva tensão x recalque para ensaio do solo sem reforço em condição natural
(SOLO NAT), (Freitas, 2016).

Ao comparar os resultados dos ensaios para as colunas compactadas inundada e


natural, observa-se que o ensaio na condição inundada apresenta uma maior capacidade de
carga, bem como maior rigidez. Segundo Freitas (2016) esse desvio pode estar associado a
dois fatores:
 Não houve inferência do efeito da sucção no ensaio da coluna compactada na
condição natural, tendo em vista que este parâmetro para solos compactados é
menos significativo. Além disso, os efeitos de compactação tiveram um alcance de
80 cm de raio em relação ao centro das colunas, portanto a placa cujo diâmetro é
de 80 cm estava apoiada em solo compactado devido ao melhoramento do solo
advindo da execução das colunas;
 O segundo fator está relacionado à variabilidade da execução das colunas, bem
como à variabilidade do solo no local, os quais podem ter comprometido os
resultados.
47

3.2.2. Retroanálises de Freitas (2016)

Para a estimativa do módulo de deformabilidade do solo com e sem reforço Freitas


(2016) utilizou o método de Schmertmann (1978). Como o ensaio de prova de carga foi
representativo de uma célula unitária, o módulo de deformabilidade encontrado foi
considerado como sendo um módulo equivalente para o solo reforçado, como se o solo fosse
um meio homogêneo, de acordo com o ilustrado na Figura 25.

Figura 25 - Simplificação para um módulo de deformabilidade equivalente (Freitas, 2016).

Foi considerado para o trecho inicial das curvas tensão x recalque um comportamento
elástico linear até os níveis de tensão admissível, ou seja, o nível de tensão praticado nas
obras. Desta forma, foi adotada a tensão admissível para a determinação do Módulo de
Deformabilidade (Eadm), estando seus valores apresentados na Tabela 11 para cada ensaio.
Para a prova de carga do solo sem reforço inundada, não foi possível fazer a retroanálise, por
se tratar de um reensaio inundado da prova de carga do solo natural.
48

Tabela 12 - Valores de módulo de deformabilidade para tensões admissíveis, (Adaptado de


Freitas, 2016).

Ensaio Eadm (MPa)


Coluna de solo compactado
27,33
inundado (COMP 01)
Coluna de solo compactado
em condição natural (COMP 21,93
02)
Coluna de solo e brita
31,74
inundada (SOLO BRITA)
Solo sem reforço em
condição natural (SOLO 8,54
NAT)

3.2.3. Retroanálises do Módulo de Deformabilidade pela Teoria da Elasticidade

Com a finalidade de se obter mais de um referencial para os valores de módulo de


deformabilidade, foram conduzidas retroanálises para as provas de carga utilizando a Teoria
da Elasticidade, considerando o trecho inicial linear elástico até o nível das tensões
admissíveis determinadas por Freitas (2016).
Para este procedimento foi adotado o coeficiente de Poisson de 0,3, equivalente ao
utilizado nas análises numéricas. De posse dos valores de recalques para diferentes níveis de
tensões, foi feita interpolação linear para determinação do recalque nas tensões admissíveis e
então aplicada a Equação 2.6 para determinação do módulo de elasticidade.

3.3. Modelagem Numérica

As análises numéricas foram realizadas com o intuito de retroanalisar os Módulos de


Deformabilidade encontrados para cada ensaio e compara-los àqueles obtidos pelas
retroanálises de Freitas (2016). O objetivo desse processo é verificar a capacidade de
simulação deste solo através do Software OPTUM G2.

3.3.1. Ferramenta OPTUM G2

O Software OPTUM G2 é uma ferramenta computacional de análise de resistência e


deformação do solo voltada para a resolução de problemas geotécnicos. Baseado no Método
49

dos Elementos Finitos, o programa possui uma interface de fácil manuseio e trabalha com
variados tipos de análise, os quais podem ser listados abaixo:

 Análise Limite (Limit Analysis): Utilizada para determinação rápida da capacidade


de carga do solo, considerando comportamento elastoplástico do solo, dispensando
a necessidade da condução de análises elastoplásticas por estágio de carregamento;
 Análise de tensões iniciais (Initial Stresses): Determina as condições de tensões
iniciais do solo, para um modelo de geometria e carregamento permanentes
representativos da condição natural do solo, ou seja, sem aplicação de cargas
externas.
 Análise Elástica (Elastic): Considera o problema com comportamento elástico,
onde as condições de plastificação do material são desconsideradas.
 Análise de redução de resistência (Strength Reduction): Determina um fator de
redução de resistência, necessário para deixar o sistema em situação de colapso
incipiente.
 Análise Elastoplástica (Elastoplastic): Análise de natureza similar a análise
elástica, considerando no entanto os critérios de ruptura definidos para os
materiais, os quais levam em conta a capacidade de plastificação. É o tipo de
análise mais apropriado para análises de deformações devido ao acréscimo de
carregamento externo e para casos de vários estágios de carregamento.
 Análise Elastoplástica com Multiplicador (Multiplier Elastoplastic): É uma
combinação da análise Limite com a análise elastoplástica, onde os carregamentos
são sequenciados de maneira automática e as deformações são calculadas de
maneira elastoplástica a cada estágio de carregamento, tudo isso em uma só
análise.
 Análise de Consolidação (Consolidation): Aplicável onde a geração e dissipação
das poropressões com o tempo são relevantes, sendo portanto utilizado para o caso
de análises de recalques de adensamento.
 Análise de Fluxo (Seepage): Análise de percolação que leva em conta as
características e parâmetros de fluxo definidas para o material, bem como as
condições de contorno de fluxo para o problema.
50

Quanto às características dos materiais, o programa oferece a escolha entre vários dos
critérios de ruptura abordados pela literatura, possibilitando análises considerando critérios
como o de Mohr-Coulomb, Drucker-Prager, Hoek-Brown, Mohr-Coulomb modificado,
Bolton, dentre outros.

3.3.2. Modelo de análise e parâmetros utilizados

No modelo de análise utilizado para modelagem das provas de carga, foi considerada a
geometria similar à praticada nos ensaios. Tomaram-se também as considerações do trabalho
de Freitas Neto (2013) para determinação dos domínios vertical (H/L) e horizontal (B) do
problema, o que levou à obtenção da configuração mostrada na Figura 26. Tais
recomendações se assemelham com aquelas encontradas no trabalho de Sosa (2010) para
modelagem de radiers estaqueados, que também indicam uma dimensão vertical de três vezes
o comprimento da estaca.

Sendo:
L = Profundidade das colunas em relação à cota do ensaio de placa.
51

Figura 26 - Esboço dos parâmetros de domínio vertical e horizontal para o problema (medidas
em cm).

Outro fator importante a ser considerado, foi o efeito radial de compactação do solo no
entorno das colunas devido à execução das mesmas, onde se considerou um raio de influência
baseado nos ensaios realizados por Freitas (2016). Nestes ensaios foram coletadas amostras
em anéis localizados a diferentes distâncias do centro das colunas, onde foram determinados
os parâmetros de massa específica seca ( d), índice de vazios (e) e teor de umidade (w) para
cada um, conforme ilustram as Tabelas 12 a 14.
52

Tabela 13 - Variação do índice de vazios no entorno da coluna de solo compactado 01


(COMP 01), (Freitas, 2016).

Distância (cm) e ρd (g/cm³) w (%) GC (%)


0 0,53 1,8 14,7 95,2
25 0,48 1,86 13,7 98,4
35 0,58 1,74 15,8 87,9
45 0,73 1,59 19,6 80,3
65 0,95 1,41 20,3 71,2
90 1,14 1,28 19,5 64,6

Tabela 14 - Variação do índice de vazios no entorno da coluna de solo compactado 02


(COMP 02), (Freitas, 2016).

Distância (cm) e ρd (g/cm³) w (%) GC (%)


0 0,49 1,85 14,6 93,4
25 0,38 1,99 14,9 100
35 0,93 1,42 16,3 71,7
45 0,65 1,67 17,4 84,3
65 0,98 1,39 16,8 70,2
90 0,98 1,39 16,4 70,2

Tabela 15 - Variação do índice de vazios no entorno da coluna de solo e brita (SOLO


BRITA), (Freitas, 2016).

Distância (cm) e ρd (g/cm³) w (%) GC (%)


25 0,78 1,55 18,6 78,3
35 0,91 1,44 17,7 72,7
45 1,08 1,32 17,2 66,7

Para as colunas de solo compactado COMP 01 e COMP 02, observam-se um índices


de vazios de 0,73 e 0,65, respectivamente, a uma distância de 45 cm do centro da coluna.
Comparando esses valores com o índice de vazios de 1,05 para o solo natural, pode-se dizer
que o efeito de compactação no entorno da coluna atingiu na verdade um raio de 45 cm, valor
superior aos 37,5 cm recomendado pela literatura. Sendo assim, para a modelagem será
adotado um raio de influência de 45 cm do centro da coluna.
53

Para a coluna de solo e brita, procedeu-se de maneira análoga às colunas de solo


compactado, tomando-se o raio de influência de 35 cm, cujo índice de vazios corresponde a
0,91.
Esses valores também foram aplicados na definição da área compactada abaixo da
coluna. Esta dimensão foi considerada aceitável, conforme o critério de Teixeira (1996) onde,
para a determinação da resistência de ponta de estacas considera-se o valor médio dos índices
de resistência à penetração medidos no intervalo entre quatro diâmetros acima da ponta da
estaca e um diâmetro abaixo desta.
Para a modelagem de todos os ensaios, foi adotado o modelo constitutivo de Mohr
Coulomb para o solo. Para a representação das propriedades da placa foi considerada
característica rígida, opção fornecida pelo próprio software, com peso específico nulo, para
serem computadas apenas as influências dos carregamentos efetivos praticados nos ensaios,
conforme ilustra a Figura 27.
Por se tratar de uma placa circular, e um problema simétrico, foi considerada uma
análise axissimétrica, o que também permitiu a redução do tempo das análises. Os esboços
das Figuras 28 a 31 ilustram as configurações finais das análises para as quatro situações
analisadas. Para a modelagem dos ensaios de coluna compactada 01 e coluna de solo e brita,
considerou-se o sistema saturado até a cota de apoio da placa.

Figura 27 - Modelo constitutivo rígido do material da placa.


54

Figura 28 - Esquema geométrico final para o ensaio COMP 01: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).

Figura 29 - Esquema geométrico final para o ensaio COMP 02: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).
55

Figura 30 - Esquema geométrico para o ensaio SOLO BRITA: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).

Figura 31 - Esquema geométrico final para o ensaio SOLO NAT: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).
56

Com o objetivo de simular a maneira como é conduzida a prova de carga, as análises


eram subdivididas em estágios de carregamento com evolução similar aos ensaios. Na fase
inicial de carregamento nulo (estágio 01) foi conduzida uma análise do tipo Initial Stress, para
definir as condições iniciais de tensões devido às cargas permanentes oriundas do peso
próprio dos materiais, e então, para os estágios subsequentes, foram feitas análises do tipo
Elastoplástica que é o tipo de análise mais apropriado para representar o comportamento de
um solo. A divisão em estágios de carregamento possibilitou o acompanhamento das
deformações com a evolução dos níveis de tensões, onde cada estágio herdava as
características e resultados calculados na fase anterior.
Nas análises numéricas, os parâmetros de resistência ao cisalhamento e Módulo de
Deformabilidade foram retroanalisados. Seus valores eram alterados conforme os testes de
sensibilidade, verificando seus efeitos no ajuste das curvas com os resultados dos ensaios de
placa. No entanto, com o objetivo de obter valores de referência iniciais, foram feitas
pesquisas na literatura, de tal sorte que foram encontrados alguns dados nos trabalhos de
Costa (199) e Domingues (2006).
Em seu trabalho, Costa (1999) analisou numericamente o solo do campo experimental
de fundações da EESC, dividindo-o em 3 camadas distintas, onde as duas primeiras
representam a camada de sedimento cenozóico (0 a 6m) e a última, a camada do solo residual
do Grupo Bauru (6 a 10m), tendo utilizado, os parâmetros de coesão e ângulo de atrito
exibidos na Tabela 15.

Tabela 16 - Parâmetros de resistência ao cisalhamento para solo natural (Adaptado de


COSTA, 1999).

Camada Profundidade (m) c (kPa) ϕ (°)


1 0-2 6 29
2 2-6 10,5 31,1
3 6-10 28,4 26,4

Por se tratar, predominantemente, de uma areia argilosa, sabidamente colapsível,


optou-se por adotar os parâmetros da Camada 01, como ponto de partida para as análises do
OPTUM G2.
Em relação às propriedades de resistência da coluna de brita, buscou-se consultar na
literatura os valores mais praticados para o ângulo de atrito, sendo verificado no trabalho de
Domingues (2006) que esse parâmetro varia bastante. Segundo Domingues (2006), nos
57

estudos de Besançon et al., (1984) encontram-se os seguintes valores médios de ângulos de


atrito em função da granulometria e tipo de solo:

 38º para colunas de brita com granulometria relativamente fina (diâmetro inferior a 5
cm) e um solo natural argiloso;

 42º para colunas de brita com granulometria mais grossa (diâmetros até 10 cm) e um
solo natural argiloso-siltoso;

Ainda segundo Besançon et al., (1984), a norma francesa recomenda a adoção de 38º e
na Alemanha é comum a adoção de 42º em vários projetos. De acordo com Domingues
(2006), a Federal Highway Administration (1983) também recomenda uma margem de
valores entre 38º e 42º para o material brita. Dessa forma, foi adotado um ângulo de atrito
inicial de 42º para modelagem do material no software.
Quanto ao Módulo de Deformabilidade, Domingues (2006) aponta as obras de Balaam
et al.,(1985), Soyez (1985), Madhav (1982) e FWHA (1983) que indicam a relação entre o
Módulo de Deformabilidade da coluna e do solo natural variando entre 10 e 40, como
estimativa razoável. Esse valor, no entanto, será utilizado para fins de comparação com os
resultados das simulações da prova de carga, uma vez que neste trabalho se utilizou o
conceito de célula unitária, adotando os módulos de deformabilidade obtidos por Freitas
(2016) como ponto de partida para os ajustes das curvas. Tais valores se encontram na Tabela
11.
O conceito de célula unitária possibilitou assim a simplificação de adotar um módulo
de elasticidade equivalente para todo o sistema solo+coluna, apesar de se saber que na
realidade tem-se módulos de elasticidade diferentes para a coluna e para o solo.
Para as colunas de solo compactadas e seus entornos, não foram obtidos valores de
referência na literatura que pudessem nortear as primeiras análises, assim tais parâmetros
foram retroanalisados desde o início por tentativa e erro, onde foram escolhidos aqueles
valores que melhor se ajustavam ao formato das curvas dos ensaios de Freitas (2016).
Os pesos específicos secos para o solo natural foram obtidos a partir dos resultados
das amostras indeformadas extraídas a 1,5 metros de profundidade, onde foi tomado o valor
médio de 13,5 kN/m³.
58

Para o interior da coluna e para a região no entorno, os pesos específicos foram


definidos através dos anéis coletados no centro das colunas e a diferentes distâncias, de forma
que os valores adotados se encontram na Tabela 16.

Tabela 17 - Pesos específicos secos adotados para as colunas (Adaptado de Freitas 2016).

Valores de γd (kN/m³)
Centro da Entorno
Ensaio
Coluna da coluna
COMP 01 18,0 17,5
COMP 02 18,5 18,3
SOLO BRITA 15,5 14,4
59

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Retroanálises pela Teoria da Elasticidade

Os resultados dos Módulos de Deformabilidade obtidos pela Teoria da Elasticidade


aplicando a equação 2.6, estão exibidos na Tabela 17:

Tabela 18 - Resultados da retroanálise dos módulos de deformabilidade para a teoria da


elasticidade das provas de carga.

Ensaio σadm (kPa) Eadm (MPa)


PCE SOLO BRITA 90 15,64
PCE COMP 01 134 13,98
PCE COMP 02 132,5 8,16
PCE SOLO NAT 50 4,72

Como se pode observar na Tabela 18, tais valores foram bem inferiores comparados
àqueles obtidos pela retroanálise de Schmertmann (1978) no trabalho de Freitas (2016).

Tabela 19 - Valores dos Módulos de Deformabilidade obtidos das retroanálises pelo Método
de Schmertmann (1978) e pela Teoria da Elasticidade.

Teoria da Schmertmann
Ensaio
Elasticidade (1978)
PCE SOLO BRITA 15,64 31,74
PCE COMP 01 13,98 27,33
PCE COMP 02 8,16 21,93
PCE SOLO NAT 4,72 8,54

4.2. Análises Numéricas

As curvas tensão x recalque obtidas nas análises numéricas estão apresentadas na


Figura 32, sendo apresentadas individualmente, e junto com as curvas obtidas para cada
ensaio de Freitas (2016) nas Figuras 33 a 36. Os parâmetros de ajuste utilizados em cada
análise se encontram expostos nas Tabelas 19 a 22.
60

Tensão (kPa)
0 100 200 300
0 ANÁLIS
5
COMP 01
Recalque (mm) 10
COMP 02
15
SOLO NAT
20
SOLO BRITA
25
30
35
40

Figura 32 - Resultados das análises conduzidas no OPTUM G2.

Nos resultados estão ilustrados apenas os trechos de carregamento do solo, uma vez
que não foi possível simular o reensaio inundado para solo sem reforço, pois o software não
oferece a possibilidade de imprimir deslocamentos sob condições de carregamentos nulos. Ao
fazer os testes de descarregamento, os recalques apresentaram redução elástica bem maior do
que se espera para o solo. Somado a isso, o trabalho de Costa (1999), que também executou
provas de carga no solo do campo experimental de São Carlos, mostrou características
altamente plásticas nos trechos de descarregamento, havendo quase nenhuma parcela de
recuperação elástica do recalque. Assim, entende-se que o software não está apto a simular
situações de descarregamento satisfatoriamente para este solo.
A primeira prova de carga a ser analisada foi o ensaio com o solo no estado natural,
onde uma vez determinados seus parâmetros de ajuste finais, estes foram utilizados para as
análises com o reforço.
Para representar o solo do entorno das colunas de compactação tomou-se o cuidado de
aplicar valores de coesão e ângulo de atrito um pouco mais altos em relação ao solo natural,
para refletir o efeito de melhoria do solo nessas regiões.
61

Tensão (kPa)
0 100 200 300
0

5
Recalque (mm)

10 ANÁLISE SOLO NAT


PCE SOLO NAT
15

20

25

30

Figura 33 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga SOLO NAT.

Tabela 20 - Parâmetros de ajuste da análise SOLO NAT.

Coesão Ângulo de Módulo de


Material
(kPa) Atrito (°) deformação (Mpa)
Solo Natural 2 24 4,4

Observa-se que os parâmetros de resistência obtidos para o ajuste da curva da análise


SOLO NAT foram menores do que aqueles tomados inicialmente do trabalho de Costa (1999)
para o solo natural de São Carlos. Da mesma forma se comportaram os valores do módulo de
deformabilidade, que foram de quase metade daqueles obtidos nas retroanálises de Freitas
(2016) para todos os ensaios.
A convergência dos resultados foi obtida após a execução de vários testes de
sensibilidade. Nesses testes verificou-se que a redução ou o aumento do Módulo de
Deformabilidade interferia na inclinação geral da curva, gerando recalques maiores ou
menores, respectivamente, desde o trecho inicial. Já a redução dos parâmetros de ângulo de
atrito e coesão forneciam geometrias mais fechadas às curvas, influenciando mais fortemente
o trecho final.
Determinando-se a tensão de ruptura pelo critério análogo ao da NBR 6122:2010,
usado por Freitas (2016), que indica como tensão de ruptura aquela equivalente ao recalque de
Dplaca/30, chegou-se a uma tensão de 114 kPa, bem próxima ao valor obtido do ensaio. Para
todas as análises, será adotado tal critério de ruptura.
62

Tensão (kPa)
0 100 200 300
0

5
Recalque (mm)

10 ANÁLISE COMP 01
PCE COMP 01
15

20

25

30

Figura 34 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga COMP 01.

Tabela 21 - Parâmetros de ajuste da análise COMP 01.

Coesão Ângulo de Módulo de


Material
(kPa) Atrito (°) deformação (Mpa)
Solo Natural 2 24 14
Centro Coluna 8 36 14
Entorno da
Coluna 6 30 14

Tensão (kPa)
0 100 200 300
0

10
Recalque (mm)

ANÁLISE COMP 02
15 PCE COMP 02
20

25

30

35

Figura 35 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga COMP 02.


63

Tabela 22 - Parâmetros de ajuste da análise COMP 02.

Coesão Ângulo de Módulo de


Material
(kPa) Atrito (°) deformação (Mpa)
Solo Natural 2 24 10
Centro Coluna 8 36 10
Entorno da
Coluna 6 30 10

Assim como nas provas de carga, verificou-se uma maior rigidez para a análise da
coluna compactada inundada (COMP 01) quando comparada com a coluna compactada em
estado natural (COMP 02). O que reforça as justificativas de Freitas (2016) apresentadas
anteriormente para este acontecimento, onde o efeito da sucção não interferiu no
comportamento da coluna compactada, e a variabilidade da execução das colunas, bem como
do solo do local, podem ter comprometido os resultados.
Com relação aos parâmetros de resistência ao cisalhamento, foi possível obter bons
ajustes para ambas as análises com os mesmos valores de coesão e ângulo de atrito.
Com o objetivo de uniformizar o critério de ruptura aplicado nas análises, para a
análise COMP 01, tomou-se a decisão de levar os carregamentos até o recalque de 25 mm
aproximadamente, para então aplicar o critério análogo ao da NBR 6122:2010 que utiliza a
tensão correspondente ao recalque (Dplaca/30). Assim, verificando a tensão de ruptura para as
análises, tem-se um valor de 340 kPa para a análise COMP 01, e de aproximadamente 280
kPa para a COMP 02.
64

Tensão (kPa)
0 100 200 300
0
5
10
Recalque (mm)

15 ANÁLISE SOLO BRITA


20 PCE SOLO BRITA
25
30
35
40
45

Figura 36 - Resultados comparativos: Análise no OPTUM G2 x Prova de Carga SOLO


BRITA.

Tabela 23 - Parâmetros de ajuste da análise SOLO BRITA.

Material Coesão Ângulo de Módulo de


(kPa) Atrito (°) deformação (Mpa)
Solo Natural 2 24 15
Centro Coluna 7 30 15
Entorno da
Coluna 5 28 15

Na análise da coluna de solo e brita, os resultados da modelagem numérica


apresentaram bom ajuste no trecho inicial, apresentando certa diferença após tensões de 140
kPa. Ao analisar a capacidade de carga obtida para a análise pelo critério análogo ao da NBR
6122:2010 (recalque de 25 mm), obtém-se aproximadamente 240 kPa de tensão de ruptura, o
que diverge em 33% dos 180 kPa encontrados por Freitas (2016).
O valor inferior verificado na prova de carga, pode ter sido resultado do processo
executivo da coluna, adotado por Freitas (2016). A substituição do solo seguida da sua
reposição por apiloamento não obtém o mesmo efeito de compactação, quando comparado
com a cravação de tubo da estaca tipo Franki provocando o deslocamento do solo.
O fato que chamou atenção, no entanto, foi a discrepância dos parâmetros obtidos da
modelagem com aqueles obtidos na literatura para colunas de brita, sem esquecer também o
65

fato de que os parâmetros da modelagem conduziram a uma tensão de ruptura e rigidez


ligeiramente maiores.
Assim, frente a essa divergência de resultados, foi conduzida uma nova análise,
utilizando os parâmetros extraídos de Domingues (2006) para a coluna de solo e brita,
entrando com um ângulo de atrito de 42º e módulo de elasticidade igual a 25 vezes daquele
obtido para o solo no estado natural (média do intervalo entre 10 e 40 vezes). Nesta análise,
para os materiais do solo natural e do entorno da coluna, foram atribuídos os valores de
resistência e deformabilidade da análise numérica inicial, mostrados na Tabela 22.
Dessa maneira, é importante lembrar que, para esse caso, não são mais considerados
os conceitos de célula unitária e módulo de deformabilidade equivalente do sistema
coluna+solo.
A decisão de fazer esta nova análise com os parâmetros extraídos da literatura, foi
tomada com o intuito de comparar os novos resultados, com os resultados da análise numérica
inicial. Afim de verificar a alteração nos resultados para um aumento do Módulo de
Deformabilidade e ângulo de atrito para valores bem mais altos.
A Tabela 23 mostra os parâmetros para a nova análise, e a Figura 37 seus resultados
junto das curvas da prova de carga real e da análise ajustada inicial.

Tabela 24 - Parâmetros da literatura para nova análise SOLO BRITA.

Coesão Ângulo de Módulo de


Material
(kPa) Atrito (°) deformação (Mpa)
Solo Natural 2 24 4,4
Centro Coluna 7 42 110
Entorno da
Coluna 5 28 15
66

Tensão (kPa)
0 100 200 300 400
0

5
ANÁLISE SOLO BRITA
10 INICIAL

15
Recalque (mm)

PCE SOLO BRITA


20

25

30
NOVA ANÁLISE SOLO
35 BRITA - Parâmetros da
literatura: ϕcol=42°,
40 Ecol =110 Mpa

45

Figura 37 - Resultados comparativos: análise com parâmetros retroanalisados x parâmetros


de Domingues (2006).

Conforme pode-se observar nas curvas, a nova análise com parâmetros praticados pela
literatura, para o centro da coluna de solo e brita, forneceram um ajuste bem mais coerente
para o ensaio. Analisando as tensões de ruptura, tem-se um valor de aproximadamente 190
kPa pelo critério análogo ao da NBR 6122:2010 (recalque igual a Dplaca/30), apresentando
assim um ajuste bem mais coerente.
Esse resultado também mostra que apesar da grande rigidez da coluna de solo e brita,
o comportamento do sistema ainda é muito influenciado pelo solo natural e pelo solo no
entorno da coluna, provavelmente devido ao processo executivo das colunas, o qual não se
baseia no deslocamento do solo, mas sim na sua substituição, com o material retirado sendo
misturado à brita e compactado no volume escavado.
Tendo em vista que a rigidez da análise nova se mostrou inferior àquela com os
parâmetros retroanalisados, verifica-se a importância de se considerar o efeito de
melhoramento da área no entorno da coluna, para o caso da análise com os parâmetros de
Domingues (2006), uma vez que nesta análise, não se adotam os conceitos de módulo de
deformabilidade equivalente.
67

A Figura 38 mostra os resultados das análises e dos ensaios em um só gráfico para


efeito de comparação. Para o ensaio da coluna de solo e brita a análise com os parâmetros
novos foi adotada como ajuste final.

Tensão (kPa) AJUSTE COMP


0 50 100 150 200 250 300 350 01
0 AJUSTE COMP
02
5 AJUSTE SOLO
NAT
10
AJUSTE SOLO
Recalque (mm)

15 BRITA
PCE COMP 01
20

25 PCE COMP 02

30 PCE SOLO NAT

35 PCE SOLO
BRITA
40

Figura 38 - Resultados dos ensaios de Freitas (2016) junto dos seus respectivos ajustes
numéricos.

Retomando a discussão a respeito do Módulo de Deformabilidade, apesar dos


resultados terem sido bem menores em relação às retroanálises pelo método de Schmertmann
(1978), os valores estão bem próximos daqueles obtidos pela Teoria da Elasticidade, o que
indica que para esta condição, este método obteve melhor precisão. A Tabela 24 mostra os
resultados de módulo de deformação finais adotados nas análises, os obtidos pela Teoria da
Elasticidade e pelo Método de Schmertmann (1978) para efeito de comparação.

Tabela 25 - Valores de módulo de elasticidade obtidos (MPa).

Teoria da Retroanalisados Schmertmann


Ensaio
Elasticidade no OPTUM G2 (1978)
PCE SOLO BRITA 15,64 15,0 31,74
PCE COMP 01 13,98 14,00 27,33
PCE COMP 02 8,16 10,00 21,93
PCE SOLO NAT 4,72 4,40 8,54
68

5. CONCLUSÃO

Neste trabalho buscou-se aferir a aplicação do software OPTUM G2 para a


modelagem computacional de problemas de engenharia geotécnica, neste caso especifico para
características colapsíveis do solo de São Carlos. A peculiaridade do comportamento tensão x
deformação desse tipo de solo exige avaliação criteriosa da ferramenta numérica, e do modelo
computacional adotado. Além disso, a alimentação do programa com os parâmetros
geotécnicos corretos constitui um desafio, uma vez que tais valores podem ser de difícil
obtenção.
De posse dos resultados apresentados e o grau de ajuste dos resultados numéricos com
as curvas dos ensaios, pode-se concluir que o software OPTUM G2 respondeu bem frente à
modelagem do problema. De um modo geral, os valores dos parâmetros de resistência e
deformabilidade retroanalisados também apresentaram concordância com o que se esperava
com base nos ensaios, principalmente em seus módulos de deformabilidade, os quais
confirmam a eficácia das técnicas de reforço em solos colapsíveis.
A interface de fácil manuseio e a possibilidade de conduzir análises axissimétricas do
problema tornaram o processo de modelagem ainda mais intuitivo e rápido. Ademais, a vasta
gama de análises que o programa oferece, as quais tornaram o modelo ainda mais
representativo do problema real, com a segmentação em estágios de carga e cálculo das
tensões iniciais.
Conclui-se também que as simplificações adotadas, como o conceito de célula
unitária, e módulo de deformabilidade equivalente para o sistema solo+coluna funcionaram
satisfatoriamente, uma vez que os valores de módulo de deformabilidade retroanálisados
numericamente foram bem próximos aos resultados obtidos pela Teoria da Elasticidade, para
todos os ensaios.
Tendo em vista a descoberta de solos colapsíveis na cidade de Natal, recomenda-se em
trabalhos futuros a realização de ensaios triaxiais para obtenção de seus parâmetros de
resistência ao cisalhamento, bem como provas de carga em placa nesse solo, em estado
natural e inundado. A obtenção dessas informações, permitiria analisar seu comportamento
tensão x deformação, além de valores de capacidade de carga e módulo de deformabilidade
para as diferentes condições.
69

De posse desses valores, poderiam ser conduzidas mais análises numéricas no


software OPTUM G2, afim de simular o comportamento desse tipo de solo em ambiente
computacional.
70

6. REFERÊNCIAS

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