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1 - Modelagem Numérica de Provas de Carga em Placa em Solo Colapsível
1 - Modelagem Numérica de Provas de Carga em Placa em Solo Colapsível
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2018
Gabriel Xerez de Oliveira
Natal-RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
___________________________________________________
Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto – Orientador
___________________________________________________
Enga. M Sc. Ana Paula Sobral Freitas – Examinadora interna
___________________________________________________
Engo M Sc. Eduardo de Castro Bittencourt – Examinador externo
Natal-RN
2018
AGRADECIMENTOS
O sucesso não é final, o fracasso não é fatal: é a coragem para continuar que conta.
Winston Churchill
RESUMO
The occurrence of collapsible soils as a foundation ground may bring harm to the
structural development of foundations, creating vertical displacements of considerable
magnitude, which in turn, can lead to the appearance of pathologies over a building. To deal
with this problem, the literature approaches some methods of treatment or improvement of
these soils, as the execution of compaction columns, in order to estabilize the settlement of
collapsible soils. The present work seeks to simulate, in computational environment, the plate
load tests carried out by Freitas (2016), in the collapsible soil of the city of São Carlos in the
southeast of Brazil, aiming to evaluate the improvement effect on this soil, due to
reinforcement with compaction columns. Tests were conducted for natural and inundated
conditions of the soil, just as for natural and inundated columns of compacted soil, and
inundated gravel with soil column. The main target of this analysis was to compare the
tension x deformation curves obtained from the numerical model with the ones provided by
the tests of Freitas (2016), as well as to review the parameters of strength and deformability
for the cases approached. For that, the Finite Element Method based software OPTUM G2,
from the Optum Computational Engineering (Optum CE) was employed. The concepts of
unitary cell and equivalent Deformability Modulus where also taken in consideration on the
modeling of the system column + soil, as well as it was in Freitas (2016) research. The results
of the numerical analysis showed similarity with the curves of the plate load tests, and higher
stiffness for the reinforced soil, indicating, thus, good response from the program towards the
modeling of the problem. In addition to this, it has also proved the effectiveness of the soil
reinforcement technique with compaction columns over collapsible soils. The values of the
Modulus of Deformability obtained numerically were also close to the ones determined by the
Elasticity Theory for the load tests, which shows accordance between the analytical and
numerical results.
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................................................... 13
1.2. OBJETIVOS.......................................................................................................................... 14
2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 15
2.1. OCORRÊNCIA E CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS COLAPSÍVEIS............................. 15
2.2. EFEITO DA SUCÇÃO EM SOLOS COLAPSÍVEIS........................................................................21
2.3. TÉCNICAS DE TRATAMENTO E MELHORIA DOS SOLOS COLAPSÍVEIS.....................................22
2.3.1. Uso da compactação para tratamento de solos colapsíveis ........................................... 22
2.3.2. Tratamento do solo com colunas de compactação ........................................................ 25
2.4. AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO SOLO REFORÇADO.............................................................. 27
2.4.1. Ensaios SPT e CPT ....................................................................................................... 27
2.4.2. Prova de carga em placa ................................................................................................ 29
2.4.3. Conceitos de célula unitária e módulo de deformação equivalente............................... 33
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 35
3.1. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA......................................................................................... 35
3.1.1. Ensaios in situ................................................................................................................ 35
3.1.2. Ensaios de laboratório ................................................................................................... 36
3.2. ENSAIOS DE FREITAS (2016)............................................................................................... 38
3.2.1. Resultados das provas de carga realizadas .................................................................... 42
3.2.2. Retroanálises de Freitas (2016) ..................................................................................... 47
3.2.3. Retroanálises do Módulo de Deformabilidade pela Teoria da Elasticidade .................. 48
3.3. MODELAGEM NUMÉRICA.................................................................................................... 48
3.3.1. Ferramenta OPTUM G2 ................................................................................................ 48
3.3.2. Modelo de análise e parâmetros utilizados.................................................................... 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 59
4.1. RETROANÁLISES PELA TEORIA DA ELASTICIDADE.............................................................. 59
4.2. ANÁLISES NUMÉRICAS....................................................................................................... 59
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 68
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 70
13
1. INTRODUÇÃO
1.2. Objetivos
2. REVISÃO DA LITERATURA
e1 Eq (2.1)
e0
wsat Eq (2.2)
R
wl
Onde:
eo ou o – Índice de vazios ou deformação volumétrica específica iniciais;
ei ou i Índice de vazios ou deformação volumétrica específica até a tensão
considerada previamente à inundação;
ec ou c Índice de vazios ou deformação volumétrica específica após a inundação;
inun Tensão de inundação.
Segundo Rodrigues (2007), foi através do ensaio edométrico simples que Jennings &
Knight (1975) propuseram o cálculo de um parâmetro para quantificar a magnitude do
colapso de um solo, estabelecendo então o Potencial de Colapso (PC), representado na Figura
19
03. Esta variável corresponde à descontinuidade vertical devido ao colapso do solo, observada
nos ensaios edométricos.
Sendo:
ec Eq (2.3)
PC 100
1+e0
Em que:
Δec – Variação do índice de vazios devido à inundação;
e0 – Índice de vazios inicial.
Figura 4 - Resultados dos ensaios edométricos simples conduzidos para areia argilosa de
Natal (Freitas Neto e Santos Júnior, 2018).
Tabela 2 - Potenciais de colapso obtidos para a areia argilosa de Natal (Freitas Neto e Santos
Júnior, 2018).
Potencial de
Amostra
Colapso
A01 16,49
A02 14,42
A03 12,00
A04 12,59
Onde:
vo - Tensão vertical devido ao peso próprio do solo em campo;
cn - Tensão de pré-consolidação virtual do solo na umidade natural;
cs - Tensão de pré-consolidação virtual do solo inundado.
não saturados (c’, ϕ’e ϕb’) e utilizando a equação de Terzaghi, os autores obtiveram uma
variação linear da capacidade de carga com a sucção matricial, conforme pode-se verificar na
Figura 6.
De maneira análoga, segundo Cintra et al,. (2011) os valores de Nspt obtidos para um
solo colapsível irão variar de acordo com a sucção desses solos. Espera-se valores menores de
Nspt para épocas de chuvas em comparação com os valores em períodos secos.
de São Paulo, com capacidade de 50.000 m³. Na ocasião, Vargas (1951) optou pela escavação
da argila porosa existente ao longo das sapatas corridas dos muros laterais do reservatório,
seguida da sua recomposição por meio de compactação.
Na ocasião da construção foram realizadas provas de carga em placa para acompanhar
o ganho da capacidade de carga devido ao efeito da compactação. Estes resultados estão
expostos na Figura 7, onde observa-se o aumento da tensão de ruptura do solo de 160 kPa em
estado natural para aproximadamente 550 kPa após compactação:
Os autores Cintra et al. (2003) apresentam uma técnica básica para viabilizar
fundações diretas assentes em solos de comportamento colapsível, que consiste basicamente
na remoção de uma camada com profundidade correspondente à largura da sapata (B),
procedendo-se à sua reposição em subcamadas menores compactadas, conforme ilustra Figura
8:
24
Conforme colocado por Freitas (2016), outro fator de relevância que influencia no
comportamento dos solos compactados é abordado por Gens et al., (1995). Segundo os
autores, solos compactados abaixo da umidade ótima tendem a apresentar uma conformação
bimodal em relação à distribuição do tamanho dos poros, enquanto que solos compactados na
umidade ótima apresentam maior homogeneidade. Desta forma, solos compactados fora do
teor de umidade ótimaapresentam uma maior tendência ao colapso.
Quanto ao equipamento a ser utilizado, Passos (2005) também cita aqueles usados no
trabalho de Soares (2002): um bate estaca do tipo “Strauss” formado por tripé motor, guincho
acoplado a um mecanismo de movimentação, além do pilão e tubo de revestimento. A
produtividade fica dependente dos fatores de altura da torre, potência do motor, resistência
27
A eficiência do reforço de solos com colunas pode ser avaliada através de diversos
ensaios de campo ou de laboratório. Dentre os ensaios de campo mais utilizados para este fim,
tem-se as sondagens SPT ou CPT, e Prova de Carga estática em placa. Através desses ensaios,
pode-se inferir parâmetros de resistência e deformabilidade para as condições de solo no
estado natural e após o melhoramento, possibilitando-se assim avaliar a eficiência do
processo.
O ensaio SPT (Standard Penetration Test), pode ser considerado a mais rotineira,
popular e econômica ferramenta de investigação geotécnica em todo o mundo, de forma que
seus resultados são amplamente utilizados pelos métodos de projeto de fundações diretas e
profundas, principalmente no Brasil. Este ensaio constitui-se em uma medida da resistência
dinâmica conjugada a uma sondagem de simples reconhecimento onde a perfuração é obtida
por tradagem e circulação de água, utilizando-se o trépano de lavagem como ferramenta de
escavação, conforme Schnaid e Odebrecht (2012).
Quanto aos ensaios de cone e piezocone (CPT e CPTu), Schnaid e Odebrecht (2012),
caracterizam-no como uma das mais importantes ferramentas de prospecção geotécnica. Seus
resultados podem ser utilizados para a definição das propriedades dos materiais prospectados,
incluindo previsões de capacidade de carga de fundações.
Ainda segundo os autores, o princípio de execução do ensaio consiste na cravação, no
terreno, de uma ponteira cônica a uma velocidade constante de 20 mm/s, com tolerância de
mais ou menos 5 mm/s. A seção transversal do cone é de aproximadamente de 10 cm²,
podendo atingir 15 cm² ou mais, para equipamentos de maior capacidade de carga. A Figura
11 ilustra exemplos de ponteiras cônicas utilizadas nesse ensaio.
Para avaliar a eficiência da compactação do solo utilizando os ensaios SPT ou CPT,
executam-se dois ensaios, sendo um previamente e outro posteriormente ao melhoramento, de
28
Eq (2.4)
Ou:
Eq (2.5)
Solo α
areia 3
silte 5
argila 7
29
Solo K (Mpa)
areia com pedregulhos 1,1
areia 0,9
areia siltosa 0,7
areia argilosa 0,55
silte arenoso 0,45
silte 0,35
argila arenosa 0,3
silte argiloso 0,25
argila siltosa 0,2
Eq (2.6)
Onde:
E – Módulo de Deformabilidade ou Módulo de Elasticidade;
– Tensão aplicada na placa;
D – Diâmetro da placa;
ν – Coeficiente de Poisson.
√
Eq (2.7)
Onde:
v – Tensão vertical efetiva na profundidade correspondente a IZ,MÁX;
* – Tensão líquida aplicada pela sapata, dada pela tensão total aplicada menos a
tensão efetica na cota de apoio da fundação (sobrecarga);
n
*
d
C1 C2 ∑( )
Es Eq (2.8)
i 1
Onde:
Iz – Fator de influência na deformação à meia-altura da i-ésima camada;
Es = Módulo de Deformabilidade da i-ésima camada;
Δ – Espessura da i-ésima camada.
32
3. METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido com base nos resultados obtidos na pesquisa desenvolvida
por Freitas (2016), realizada no Campo Experimental de Fundações da Escola de Engenharia
de São carlos (EESC/USP). O objetivo principal da pesquisa realizada por Freitas (2016) foi
avaliar experimentalmente, através de provas de carga estática em placa, as técnicas de
reforço de solo colapsível por meio de solo laterítico compactado. Esta técnica se propõe para
viabilizar o uso de fundações diretas assentes em solos colapsíveis típicos da região estudada.
Freitas (2016), utilizou o método de Schmertmann (1978) para retroanalisar os parâmetros de
deformabilidade de cada ensaio, e avaliar o ganho de rigidez do solo melhorado.
De posse dos resultados dos ensaios de prova de carga, foram conduzidas simulações
no software OPTUM G2, com o intuito de representar o comportamento tensão x deformação
observado nas provas de carga e retroanalisar os parâmetros de deformabilidade, comparando-
os com aqueles obtidos por Freitas (2016).
Tabela 6 - Valores dos índices físicos obtidos ao longo do perfil de coleta de blocos
indeformados (Machado, 1998).
Prof. (m) 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0
w (%) 13,7 14,6 15,8 16,8 16,4 17,2 19,1 16,7 18,3
γd (kN/m³) 12,5 13,6 13,8 14,3 14,4 14,7 15,2 16,1 16,6
γ (kN/m³) 14,2 15.6 16,0 16,7 14,8 17,1 18,1 18,8 19,6
e 1,17 0,99 0,96 0,90 0,88 0,84 0,78 0,68 0,63
37
Para determinação da massa específica no campo, Freitas (2016) extraiu três amostras
indeformadas a uma profundidade de 1,5 m do nível do terreno, cujos valores de massa
específica estão exibidos na Tabela 8:
Eq. (3.1)
Eq (3.2)
Na pesquisa realizada por Freitas (2016), foram executadas na areia argilosa do campo
experimental de fundações da Escola de Engenharia de São Carlos, duas colunas de solo
compactado e uma coluna de solo e brita compactada. Para a compactação foi utilizado o
equipamento de estaca Strauss, constituído por tripé metálico, roldana e pilão ilustrado na
Figura 16.
Foi executado um furo até a profundidade de 3,5 metros abaixo do nível do terreno,
para então preenchimento com o próprio solo do campo experimental, o qual foi extraído com
auxílio de retroescavadeira. O solo era depositado em camadas com uso de balde e funil, e
então apiloado. A altura final desejada para cada camada era de aproximadamente 12 cm.
Esse método executivo difere do procedimento descrito anteriormente no item 2.3.2,
tendo em vista que o solo não é deslocado, mas sim retirado e depositado novamente. O efeito
39
dessa compactação no entorno da coluna é menor do que aquele obtido quando aplicado o
processo de vibro-deslocamento.
Ambas as colunas de solo compactado foram executadas em 2% acima da umidade
ótima (ramo úmido da curva de compactação), apresentando uma umidade de campo igual a
15%.
A coluna de solo e brita foi executada contendo 30% de solo (também extraído do
campo experimental) e 70% de brita do tipo 1, sendo utilizado o mesmo procedimento
executivo das colunas de solo.
Durante a execução das colunas foram extraídas três amostras, cada uma a 3
profundidades distintas para determinação do teor de umidade do solo durante a execução das
colunas e, os resultados estão na Tabela 9:
Para comparar a eficiência das colunas executadas Freitas (2016) realizou 5 provas de
carga do tipo lenta, onde duas delas foram realizadas nas condições natural e inundada para as
colunas de solo compactado, uma na condição inundada para a coluna de solo e brita, e uma
prova de carga no solo sem reforço, com posterior reensaio em situação umedecida.
O intuito de executar ensaios na condição natural e depois na condição inundada era
analisar se haveria variações no comportamento tensão x deformação do solo, por tratar-se de
um solo colapsível. Dessa forma também seria possível inferir se as técnicas de reforço
utilizadas reduziram ou não o efeito do colapso o que pode ser constatado através do ganho de
capacidade de carga. Além disso, de acordo com Freitas (2016), o efeito da sucção se torna
menos influente em solos compactados, por isso também foi implantado um tensiômetro
próximo ao local para medir os valores de sucção durante os ensaios.
Tendo em vista que apenas uma coluna de solo e brita havia sido executada, esta foi
ensaiada na condição inundada, considerando a situação mais desfavorável.
40
S 3 D 3 25 5 cm Eq. (3.3)
De 1.13 S 1.13 5 4. 5 0 cm Eq (3.4)
Onde:
S = Espaçamento entre eixos das colunas;
De = Diâmetro equivalente da célula unitária;
D = Diâmetro da coluna de compactação.
O processo de inundação dos ensaios foi realizado de duas maneiras diferentes. Nas
provas de carga de coluna de solo compactado e coluna de solo e brita a inundação da cava se
deu previamente ao ensaio, sendo mantida uma lâmina de água constante durante um período
não inferior a 24 horas, conforme ilustra Figura 19.
As curvas tensão x recalque obtidas por Freitas (2016) estão indicadas nas Figuras 20,
22, 23 e 24. Houve uma finalização prematura para a prova de carga da coluna de solo na
43
condição inundada (Coluna compactada 01) devido ao extenso tempo gasto no ensaio e às
condições climáticas desfavoráveis, chegando a um recalque máximo de 21.31 mm.
Tendo em vista que o critério de ruptura utilizado foi análogo ao proposto pela ABNT
NBR 6122:2010 para prova de carga em estaca, que adota como tensão de ruptura aquela que
provoca um recalque de Dplaca/30, tem-se para a placa circular de 80 cm de diâmetro um
recalque máximo de 25 mm. Logo, como o ensaio da coluna inundada não atingiu tal critério
de ruptura, foi necessário adotar o método de extrapolação de Van Der Veen (1953), cujos
resultados estão ilustrados na Figura 21.
A Tabela 10 apresenta as tensões de ruptura e as respectivas tensões admissíveis das
provas de carga, considerando fator de segurança igual a 2,0. Essa redução do fator de
segurança é possível, pois de acordo com o item 6.2.1.1.1 da NBR 6122:2010 pode-se reduzi-
lo quando da execução de duas ou mais provas de carga no solo.
Tabela 11 - Tensões de ruptura e tensões admissíveis a partir das provas de carga (Adaptado
de Freitas, 2016).
Figura 22 - Curva tensão x recalque para o ensaio de coluna compactada na condição natural
com sucção de 13 kPa (COMP 02).
Figura 23 - Curva tensão x recalque para a coluna de solo e brita na condição inundada
(SOLO BRITA), (Freitas,2016).
46
Figura 24 - Curva tensão x recalque para ensaio do solo sem reforço em condição natural
(SOLO NAT), (Freitas, 2016).
Foi considerado para o trecho inicial das curvas tensão x recalque um comportamento
elástico linear até os níveis de tensão admissível, ou seja, o nível de tensão praticado nas
obras. Desta forma, foi adotada a tensão admissível para a determinação do Módulo de
Deformabilidade (Eadm), estando seus valores apresentados na Tabela 11 para cada ensaio.
Para a prova de carga do solo sem reforço inundada, não foi possível fazer a retroanálise, por
se tratar de um reensaio inundado da prova de carga do solo natural.
48
dos Elementos Finitos, o programa possui uma interface de fácil manuseio e trabalha com
variados tipos de análise, os quais podem ser listados abaixo:
Quanto às características dos materiais, o programa oferece a escolha entre vários dos
critérios de ruptura abordados pela literatura, possibilitando análises considerando critérios
como o de Mohr-Coulomb, Drucker-Prager, Hoek-Brown, Mohr-Coulomb modificado,
Bolton, dentre outros.
No modelo de análise utilizado para modelagem das provas de carga, foi considerada a
geometria similar à praticada nos ensaios. Tomaram-se também as considerações do trabalho
de Freitas Neto (2013) para determinação dos domínios vertical (H/L) e horizontal (B) do
problema, o que levou à obtenção da configuração mostrada na Figura 26. Tais
recomendações se assemelham com aquelas encontradas no trabalho de Sosa (2010) para
modelagem de radiers estaqueados, que também indicam uma dimensão vertical de três vezes
o comprimento da estaca.
Sendo:
L = Profundidade das colunas em relação à cota do ensaio de placa.
51
Figura 26 - Esboço dos parâmetros de domínio vertical e horizontal para o problema (medidas
em cm).
Outro fator importante a ser considerado, foi o efeito radial de compactação do solo no
entorno das colunas devido à execução das mesmas, onde se considerou um raio de influência
baseado nos ensaios realizados por Freitas (2016). Nestes ensaios foram coletadas amostras
em anéis localizados a diferentes distâncias do centro das colunas, onde foram determinados
os parâmetros de massa específica seca ( d), índice de vazios (e) e teor de umidade (w) para
cada um, conforme ilustram as Tabelas 12 a 14.
52
Figura 28 - Esquema geométrico final para o ensaio COMP 01: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).
Figura 29 - Esquema geométrico final para o ensaio COMP 02: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).
55
Figura 30 - Esquema geométrico para o ensaio SOLO BRITA: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).
Figura 31 - Esquema geométrico final para o ensaio SOLO NAT: Esquema representativo (a),
modelo na interface do OPTUM G2 (b).
56
38º para colunas de brita com granulometria relativamente fina (diâmetro inferior a 5
cm) e um solo natural argiloso;
42º para colunas de brita com granulometria mais grossa (diâmetros até 10 cm) e um
solo natural argiloso-siltoso;
Ainda segundo Besançon et al., (1984), a norma francesa recomenda a adoção de 38º e
na Alemanha é comum a adoção de 42º em vários projetos. De acordo com Domingues
(2006), a Federal Highway Administration (1983) também recomenda uma margem de
valores entre 38º e 42º para o material brita. Dessa forma, foi adotado um ângulo de atrito
inicial de 42º para modelagem do material no software.
Quanto ao Módulo de Deformabilidade, Domingues (2006) aponta as obras de Balaam
et al.,(1985), Soyez (1985), Madhav (1982) e FWHA (1983) que indicam a relação entre o
Módulo de Deformabilidade da coluna e do solo natural variando entre 10 e 40, como
estimativa razoável. Esse valor, no entanto, será utilizado para fins de comparação com os
resultados das simulações da prova de carga, uma vez que neste trabalho se utilizou o
conceito de célula unitária, adotando os módulos de deformabilidade obtidos por Freitas
(2016) como ponto de partida para os ajustes das curvas. Tais valores se encontram na Tabela
11.
O conceito de célula unitária possibilitou assim a simplificação de adotar um módulo
de elasticidade equivalente para todo o sistema solo+coluna, apesar de se saber que na
realidade tem-se módulos de elasticidade diferentes para a coluna e para o solo.
Para as colunas de solo compactadas e seus entornos, não foram obtidos valores de
referência na literatura que pudessem nortear as primeiras análises, assim tais parâmetros
foram retroanalisados desde o início por tentativa e erro, onde foram escolhidos aqueles
valores que melhor se ajustavam ao formato das curvas dos ensaios de Freitas (2016).
Os pesos específicos secos para o solo natural foram obtidos a partir dos resultados
das amostras indeformadas extraídas a 1,5 metros de profundidade, onde foi tomado o valor
médio de 13,5 kN/m³.
58
Tabela 17 - Pesos específicos secos adotados para as colunas (Adaptado de Freitas 2016).
Valores de γd (kN/m³)
Centro da Entorno
Ensaio
Coluna da coluna
COMP 01 18,0 17,5
COMP 02 18,5 18,3
SOLO BRITA 15,5 14,4
59
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como se pode observar na Tabela 18, tais valores foram bem inferiores comparados
àqueles obtidos pela retroanálise de Schmertmann (1978) no trabalho de Freitas (2016).
Tabela 19 - Valores dos Módulos de Deformabilidade obtidos das retroanálises pelo Método
de Schmertmann (1978) e pela Teoria da Elasticidade.
Teoria da Schmertmann
Ensaio
Elasticidade (1978)
PCE SOLO BRITA 15,64 31,74
PCE COMP 01 13,98 27,33
PCE COMP 02 8,16 21,93
PCE SOLO NAT 4,72 8,54
Tensão (kPa)
0 100 200 300
0 ANÁLIS
5
COMP 01
Recalque (mm) 10
COMP 02
15
SOLO NAT
20
SOLO BRITA
25
30
35
40
Nos resultados estão ilustrados apenas os trechos de carregamento do solo, uma vez
que não foi possível simular o reensaio inundado para solo sem reforço, pois o software não
oferece a possibilidade de imprimir deslocamentos sob condições de carregamentos nulos. Ao
fazer os testes de descarregamento, os recalques apresentaram redução elástica bem maior do
que se espera para o solo. Somado a isso, o trabalho de Costa (1999), que também executou
provas de carga no solo do campo experimental de São Carlos, mostrou características
altamente plásticas nos trechos de descarregamento, havendo quase nenhuma parcela de
recuperação elástica do recalque. Assim, entende-se que o software não está apto a simular
situações de descarregamento satisfatoriamente para este solo.
A primeira prova de carga a ser analisada foi o ensaio com o solo no estado natural,
onde uma vez determinados seus parâmetros de ajuste finais, estes foram utilizados para as
análises com o reforço.
Para representar o solo do entorno das colunas de compactação tomou-se o cuidado de
aplicar valores de coesão e ângulo de atrito um pouco mais altos em relação ao solo natural,
para refletir o efeito de melhoria do solo nessas regiões.
61
Tensão (kPa)
0 100 200 300
0
5
Recalque (mm)
20
25
30
Tensão (kPa)
0 100 200 300
0
5
Recalque (mm)
10 ANÁLISE COMP 01
PCE COMP 01
15
20
25
30
Tensão (kPa)
0 100 200 300
0
10
Recalque (mm)
ANÁLISE COMP 02
15 PCE COMP 02
20
25
30
35
Assim como nas provas de carga, verificou-se uma maior rigidez para a análise da
coluna compactada inundada (COMP 01) quando comparada com a coluna compactada em
estado natural (COMP 02). O que reforça as justificativas de Freitas (2016) apresentadas
anteriormente para este acontecimento, onde o efeito da sucção não interferiu no
comportamento da coluna compactada, e a variabilidade da execução das colunas, bem como
do solo do local, podem ter comprometido os resultados.
Com relação aos parâmetros de resistência ao cisalhamento, foi possível obter bons
ajustes para ambas as análises com os mesmos valores de coesão e ângulo de atrito.
Com o objetivo de uniformizar o critério de ruptura aplicado nas análises, para a
análise COMP 01, tomou-se a decisão de levar os carregamentos até o recalque de 25 mm
aproximadamente, para então aplicar o critério análogo ao da NBR 6122:2010 que utiliza a
tensão correspondente ao recalque (Dplaca/30). Assim, verificando a tensão de ruptura para as
análises, tem-se um valor de 340 kPa para a análise COMP 01, e de aproximadamente 280
kPa para a COMP 02.
64
Tensão (kPa)
0 100 200 300
0
5
10
Recalque (mm)
Tensão (kPa)
0 100 200 300 400
0
5
ANÁLISE SOLO BRITA
10 INICIAL
15
Recalque (mm)
25
30
NOVA ANÁLISE SOLO
35 BRITA - Parâmetros da
literatura: ϕcol=42°,
40 Ecol =110 Mpa
45
Conforme pode-se observar nas curvas, a nova análise com parâmetros praticados pela
literatura, para o centro da coluna de solo e brita, forneceram um ajuste bem mais coerente
para o ensaio. Analisando as tensões de ruptura, tem-se um valor de aproximadamente 190
kPa pelo critério análogo ao da NBR 6122:2010 (recalque igual a Dplaca/30), apresentando
assim um ajuste bem mais coerente.
Esse resultado também mostra que apesar da grande rigidez da coluna de solo e brita,
o comportamento do sistema ainda é muito influenciado pelo solo natural e pelo solo no
entorno da coluna, provavelmente devido ao processo executivo das colunas, o qual não se
baseia no deslocamento do solo, mas sim na sua substituição, com o material retirado sendo
misturado à brita e compactado no volume escavado.
Tendo em vista que a rigidez da análise nova se mostrou inferior àquela com os
parâmetros retroanalisados, verifica-se a importância de se considerar o efeito de
melhoramento da área no entorno da coluna, para o caso da análise com os parâmetros de
Domingues (2006), uma vez que nesta análise, não se adotam os conceitos de módulo de
deformabilidade equivalente.
67
15 BRITA
PCE COMP 01
20
25 PCE COMP 02
35 PCE SOLO
BRITA
40
Figura 38 - Resultados dos ensaios de Freitas (2016) junto dos seus respectivos ajustes
numéricos.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
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de Fundações Superficiais em Solos Melhorados por Estacas de Compactação. 4º
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Moscow, 1951. 136 p.
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