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TÓPICOS ESPECIAIS EM

FUNÇÕES COGNITIVAS

UNIDADE III
PROCESSOS CEREBRAIS –
COGNIÇÃO
Elaboração
Renata da Silva Coelho

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE III
PROCESSOS CEREBRAIS – COGNIÇÃO.........................................................................................5

CAPÍTULO 1
MEMÓRIA............................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
MOTIVAÇÃO...................................................................................................................... 12
CAPÍTULO 3
ATENÇÃO........................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................17
PROCESSOS CEREBRAIS –
COGNIÇÃO
UNIDADE III

A palavra cognição tem origem no latim cognitio, que significa conhecimento. Em


termos neurológicos, diz respeito aos processos mentais por meio dos quais o
mundo de significados tem origem, à medida que o indivíduo atribui significados
à realidade. Esse é um processo dinâmico, os significados não são estáticos, mas
pontos de partida para a atribuição de outros significados, como uma estrutura
cognitiva constituindo-se pelas significações do mundo. Os significados são
formados com a incorporação, à estrutura cognitiva, de elementos (informações ou
ideias) relevantes para a aquisição de novos conhecimentos e com a organização
destes, de forma a generalizarem-se, progressivamente, formando conceitos.

As funções cognitivas são as habilidades mentais de percepção, memória, atenção,


linguagem, pensamento, raciocínio, função executiva, entre outras. Atualmente
os exames de neuroimagem possibilitam, de modo não invasivo, observar o
funcionamento cognitivo acontecendo, como, por exemplo, as áreas cerebrais ativadas
com linguagem, a observação de faces ou filmes.

O funcionamento cognitivo tem desenvolvimento de acordo com as fases do


amadurecimento neurológico. Ao nascimento, o córtex sensório-motor está ativado;
com a mielinização (desenvolvimento da bainha de mielina sobre os neurônios), a
sinaptogênese (formação de novas sinapses) e aumento da ramificação dos dendritos,
há o amadurecimento do córtex parietal e o córtex temporal e posteriormente o córtex
pré-frontal, ao longo de toda a infância e adolescência. A estimulação ambiental
adequada ao amadurecimento cortical possibilita as expressões neuropsicomotoras
específicas em cada período (Figura 18). As funções cognitivas são dinâmicas,
à medida que o indivíduo interage com o ambiente, modela suas redes neurais e
cognitivas. A interação com o ambiente familiar, escolar e social em geral oferece
a oportunidade para aprendizagem, pela aquisição de informações e modificação
de comportamentos em resposta à estimulação exercida pelo meio. Além do
funcionamento neurocognitivo, outros fatores como estados emocionais e motivação
interferem na aprendizagem. Privações ambientais ou lesões cerebrais específicas e
em períodos críticos do desenvolvimento podem comprometer o desempenho de
habilidades cognitivas associadas, impedindo ou alterando a sua expressão.

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As funções dos lobos frontais são consideradas metacognitivas, chamadas de


funções executivas de planejamento, de estratégias de ação, estabelecimento
de objetivos, seleção, organização e coordenação de habilidades cognitivas. O
funcionamento pré-frontal é interconectado com as áreas límbicas envolvidas no
controle emocional.

Figura 18. Período de maturação cerebral.

Córtex
Córtex Pré-Frontal
Associativo
Córtex Parietal e
Sensório-Motor Temporal

Proliferação
Neurulação

Celular Sinaptogênese
e (-3m-15/18 anos)
Migração Mielinização
(-2m-5/10 anos)
-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Concepção

Nascimento

1 Ano

Meses Meses Anos

Fonte: adaptada de Thompson; Nelson, 2001. Download Scientific Diagram (researchgate.net).

1.1. Sensação e percepção


Os órgãos dos sentidos e suas células especializadas nas terminações nervosas sensíveis
aos estímulos, conduzidos para o processamento central que permite o reconhecimento
consciente do estímulo, são a base neurológica para a aquisição de conhecimento, ou
seja, a cognição depende das habilidades sensório-perceptivas.

Os receptores periféricos dos órgãos dos sentidos captam informações sensoriais,


convertem esses estímulos em impulsos elétricos, que seguem pelas vias aferentes
até o córtex pela medula, pelo tronco cerebral e pelo tálamo, onde são processadas
em diferentes níveis. A sensação é a capacidade de captar o estímulo; a percepção
é o processo mental de análise e interpretação que dá significado para o estímulo
sensorial e produz uma resposta voluntária ou involuntária. Cada sistema sensorial
tem regiões cerebrais específicas de áreas de projeção corticais primárias, ou área
de recepção, situadas em um lobo do córtex. A área receptora para audição está
localizada no lobo temporal; para o tato, a área chamada córtex somatossensorial
está no lobo parietal; para a visão, o córtex chamado estriado localiza-se no lobo
occipital; para o olfato, está no bulbo olfatório, abaixo do lobo temporal (Figura 19).

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Figura 19. Hemisfério esquerdo do cérebro com quatro lobos e área de projeção cortical
para cada sistema sensorial.

Córtex somatossensorial
promário (tato)

Lobo parietal

Lobo frontal
Lobo occipital

Área cortical Córtex visual primário


do paladar (córtex estriado)

Bulbo olfatório (olfato) Cerebelo

Lobo temporal
Córtex auditivo primário
Tronco cerebral e
medula espinhal

Fonte: Schiffman, 2005, p. 13.

O processamento dos estímulos ocorre em nível neuroquímico a partir da excitação


dos órgãos sensoriais, da conversão do estímulo, fenômeno ambiental excitatório,
em impulsos nervosos e condução dos impulsos até o sistema nervoso central, e em
nível de processamento mental da informação sensorial, da percepção e da cognição,
as funções cognitivas conectam memórias, raciocínio, julgamentos e afetos para dar
significado aos estímulos sensoriais.

Os fenômenos perceptivos são multissensoriais, o que é chamado de intersensorial ou


percepção intermodal, e envolvem processamentos simultâneos para dar significado
às experiências. A percepção integrada de múltiplos estímulos ocorre gradativamente
ao longo do desenvolvimento. A partir da interação com o meio ambiente, a criança
organiza os movimentos e o controle voluntário da organização tátil-oral, óculo
manual, visual-auditiva. As experiências perceptivas são compostas por múltiplas
sensações, por exemplo, do olfato e paladar diante de uma refeição, ou audição e
visão ao conversar com alguém. As capacidades sensório-perceptivas se desenvolvem
desde a vida intrauterina, e seu processo de maturação é acelerado após o nascimento.

Ao nascimento, a visão do bebê não é nítida, pois as estruturas cerebrais estão


imaturas, os movimentos oculares são descoordenados, há dificuldade para focar e
formar uma imagem. Durante os três primeiros meses, o córtex visual se desenvolve, o
bebê demonstra interesse por objetos em movimento e com luz. Até os 12 meses, há
percepção de profundidade.

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Recém-nascidos reconhecem a voz materna, têm maior interesse por sons de vozes,
buscam com o olhar a direção dos sons. Durante os primeiros meses, a acuidade
auditiva evolui rapidamente, e depois mais lentamente até os dez anos. A localização
sonora é imprecisa no início, ocorre com a capacidade de diferenciar amplitude e
tempo.

O olfato bem como o paladar são estimulados desde o período pré-natal pelo líquido
amniótico composto por substâncias químicas que estimulam o desenvolvimento de
quimiorreceptores nas membranas nasais; ao nascer, o bebê reconhece o odor do
corpo da mãe; e sabores associados à alimentação materna, e têm preferência por
sabores doces e amargos. O tato é importante para o desenvolvimento cognitivo e
afetivo do bebê, mesmo com a incapacidade do recém-nascido para discriminação
tátil específica.

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Capítulo 1
MEMÓRIA

Memória é a capacidade de armazenar experiências e de conduzi-las ao campo da


consciência. Consiste de três processos cognitivos.

» Codificação – processo de receber dados sensoriais e transformá-los em um


código.

» Armazenamento – processo de colocar a informação codificada na memória.

» Recuperação – processo de acessar a informação codificada e armazenada.

A memória pode ser classificada nos seguintes tipos.

» Memória sensorial (MS) ou memória imediata. Duração de frações de segundos


até segundos. Pode ser processada em MCP, MLP ou ser descartada.

» Memória de curto prazo (MCP). Retém pequena quantidade de informação.


Duração de 15 a 30 segundos. A informação se perde da MCP ao ser deslocada
por novas informações que chegam.

» Memória de longo prazo (MLP). Capacidade ilimitada de armazenamento, por


dias ou por toda a vida. A informação pode não ser recuperada da MLP por
dificuldades no processo de busca ou por interferências de outras MLP.

As informações recebidas e processadas podem tornar-se memória de longo prazo


quando são repetidas, caso contrário podem ser facilmente esquecidas (Figura 20).

Figura 20. Processamento da memória de curto prazo (MCP) e de longo prazo (MLP).

Repetição

Informação Memória de curto Sucesso na codificação Memória de


recebida prazo (MCP) para armazenamento na MLP longo prazo

Não há codificação
enquanto na MCP

Esquecimento

MCP e MLP

Fonte: Anhtikad, 2005.

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O esquecimento pode ser definido como perda permanente ou temporária da


capacidade de recordar ou reconhecer algo como aprendido. É importante saber que
a informação que nunca foi codificada e armazenada não pode ser esquecida. Devido
à falta de atenção, algumas informações vindas de registros sensoriais não chegam à
MCP ou, devido à decodificação e à repetição inadequada, a informação pode não ter
sido transferida da MCP para a MLP.

1.1. Linguagem
A linguagem humana se estabelece em sistemas de sons, símbolos e gestos usados
na comunicação, tem caráter biológico e social, com mecanismos genéticos que
possibilitam a comunicação que se manifesta no contexto de interação social,
utilizada para representar e expressar pensamentos por um sistema de símbolos,
adquiridos com o desenvolvimento social e cognitivo.

A neuroanatomia da linguagem é bastante complexa e envolve o hemisfério esquerdo


para articulação e compreensão da linguagem e reconhecimento da palavra e
o hemisfério direito quanto aos aspectos afetivos-emocionais da linguagem. O
processamento da linguagem envolve uma rede neural complexa com ativação de
várias áreas cerebrais (Figura 21), composta por:

» cerebelo responsável pelo sequenciamento dos movimentos da fala e pela


monitoração da fonação;

» córtex motor (lobo frontal) associado aos atos motores de fonação;

» nervos motores – controle da motricidade dos músculos faciais e órgãos


fonoarticulatórios;

» núcleos da base – controle do automatismo motor;

» área de broca (giro frontal esquerdo) – planejamento motor da linguagem;

» aspecto motivacional da linguagem – giro do cíngulo, áreas límbicas do lobo


frontal;

» funções receptivas – áreas auditivas (lobo temporal) e áreas visuais (lobo occipital),
nervos sensitivos e áreas motoras relacionadas aos movimentos oculares e da
cabeça necessários para leitura;

» área de Wernicke (lobo temporal esquerdo) – compreensão da linguagem;

» giro angular (lobo parietal) – processo de decodificação da linguagem escrita,


leitura e integração de informações sensoriais.

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Figura 21. Linguagem e ativação de áreas cerebrais.

Fonte: meucerebro.com.

A linguagem pode ser classificada, de acordo com Pereira (2004), em:

» fonológica – relacionada ao aspecto sonoro da linguagem, como os sons são


produzidos e percebidos;

» semântica – diz respeito à capacidade de adquirir novas palavras e conhecer seus


significados e formar um vocabulário gradativo;

» morfossintaxe – compreensão da estrutura da linguagem quanto à forma das


palavras e às formações gramaticais;

» pragmática – compreensão quanto à utilização social contextualizada da


linguagem, ao reconhecimento e uso das funções da comunicação, com coesão
do discurso e gestos da fala.

A linguagem tem evolução acelerada nos primeiros dos anos de vida da criança. Além
da maturação e integridade do aparato biológico, ela necessita de interações sociais
adequadas para que todo o seu potencial de desenvolvimento seja alcançado.

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Capítulo 2
MOTIVAÇÃO

A motivação ou os motivos para o agir tem dois aspectos, um interno, ligado à


necessidade, e outro externo, quanto à oferta ambiental de recursos que supram a
necessidade. A motivação compreende quatro componentes:

necessidade → impulso → resposta → objetivo

Tem origem em uma necessidade interna, que impulsiona a ação-resposta com o


objetivo de suprir a necessidade.

Os impulsos podem ser primários ou secundários. Os primários são fisiológicos


e básicos, como fome, sede, sono, impulso respiratório; e os secundários são
aprendidos, como realização e autorrealização de estudar e trabalhar.

Maslow foi um psicólogo americano que elaborou uma hierarquia das necessidades
que motivam o ser humano. Na base estão as necessidades fisiológicas, ligadas à
sobrevivência, e no topo a autorrealização, considerando que há uma hierarquia no
sentido de que é preciso suprir as necessidades básicas para que as superiores sejam
motivadoras da ação. É interessante notar na pirâmide que antes de ter estima, no
sentido de respeito a si próprio e aos outros, é preciso ter suprida a necessidade
de associação de amor e afeição nos relacionamentos, ou seja, é preciso ter sido
estimado para estimar, conforme o esquema a seguir (Figura 22).

Figura 22. Pirâmide da hierarquia das necessidades de Maslow.

Fonte: elaborada a partir de Motivation And Personality - A H Maslow - Google Livros.

Concluindo, as funções cognitivas são construídas da relação do corpo vivo com o


mundo físico e relacional, nas palavras de Bennell et al., 2021, p. 33:

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Processos Cerebrais – Cognição | UNIDADE iii

A mente forma uma continuidade com a vida, não sendo possível


pensar num abismo ontológico entre organismo e seu ambiente
ou entre um organismo e outro. Uma das consequências desse
pressuposto é que o aluno [a pessoa] não pode ser visto como um
indivíduo isolado dos outros e do mundo físico e orgânico que habita.
Sua mente não deveria ser compreendida como algo somente interno
ao seu corpo e, menos ainda, reduzível ao seu cérebro, corpo e
ambiente – que é físico e cultura – e analisar como a mente emerge do
acoplamento do organismo com seu ambiente.

Além do aspecto de que o indivíduo não constitui suas funções cognitivas de


modo interno e isolado, esses autores indicam outros consequentes aspectos
da consideração de que a mente é o corpo e o ambiente ao redor na vida. A
intersubjetividade é anterior à subjetividade, há um “nós” antes de um “eu”,
relacionado à empatia, “a qual permite o acoplamento de corpos vividos, do Self e
do Outro; o que, por sua vez, permite a transposição do Eu para o lugar do Outro, o
entendimento do Outro e a percepção moral do outro como pessoa” (idem). A mente
se estende além do corpo, inclui aspectos do ambiente que constituem a cognição
humana, como os suportes externos de memória que auxiliam as lembranças. A
mente, a cognição, emerge do acoplamento e da interação do organismo, corpo vivo
e em movimento, ao ambiente. Os padrões sensórios-motores constituem a mente,
o que possibilita significar as experiências. A cognição incorpora as emoções e os
sentimentos, pensamentos são regulados pelas emoções e constituem significados
sensíveis da experiência humana. A cognição é a marca de organismos vivos que
fazem sentido, todos os seres vivos, não somente humanos.

2.1. Funções executivas


As funções executivas envolvem um conjunto de habilidades cognitivas
inter-relacionadas que evoluíram de modo a possibilitar maior adaptabilidade do
indivíduo ao ambiente, ao permitir mudanças comportamentais rápidas e flexíveis
diante das exigências do ambiente. As funções executivas integram as habilidades
de atenção seletiva, vigilância, controle dos impulsos, autorregulação, memória de
trabalho, resolução de problemas, fluência verbal e criatividade.

» Controle inibitório: habilidade de inibir respostas a estímulos distratores,


que interrompem o curso de uma ação, implica em controle da interferência
emocional e motora.

» Organização e planejamento: habilidade de formular ações antecipadamente e


realizar a organização de uma tarefa.

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» Flexibilidade cognitiva: habilidade de mudar o curso de uma ação motora


ou de um pensamento, de acordo com a exigência do ambiente. A partir de
erros, gerar novas estratégias. Atenção dirigida. Processamento de múltiplas
informações. Capacidade de armazenamento de memória.

» Fluência verbal: capacidade de gerar uma quantidade de palavras em determinada


categoria, em resposta a um estímulo, em certo período de tempo.

O desenvolvimento das funções executivas lentas e gradativas ao longo da infância,


adolescência e idade adulta, está relacionado à maturação do córtex pré-frontal.

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Capítulo 3
ATENÇÃO

A atenção é o primeiro estágio da percepção. Ela é a concentração da consciência


em uma ideia ou em um objeto específico, em determinado momento, excluindo
outros objetos ou ideias.

A quantidade máxima de material a que podemos nos dedicar em determinado período


é chamada de amplitude de atenção.

Tipos de atenção:

» atenção involuntária – é inata, não exige nenhum tipo de esforço consciente, por
exemplo, prestar atenção e reagir a sons altos, luzes intensas;

» atenção voluntária – é aprendida, exige esforço deliberado, por exemplo, prestar


atenção em tarefas pouco interessantes e difíceis;

» habitual – ocorre por repetição devido a atitudes e hábitos de interesse.

O desenvolvimento neuropsicomotor da atenção ocorre com a capacidade de


fixação do olhar do bebê. A capacidade de fixação do olhar é a base de toda a
aprendizagem progressiva do bebê, incluindo atos prensores e coordenação manual.
A dispersão da atenção depende também da coordenação motora geral e das
variações do comportamento infantil. A atenção, dispositivo psicomotor, se baseia
no controle da posição dos olhos, da cabeça e da correta coordenação do sistema
motor ocular para o controle óculo-manual.

A atenção se desenvolve de difusa e interna para seletiva e externa.

3.1. Habilidades viso-construtivas


As habilidades viso-construtivas se referem à capacidade de montar e formar
objetos ou imagens de modo organizado, como juntar peças, fazer desenhos livres,
copiar letras ou figuras geométricas, organizar objetos ou figuras no espaço. Essa
capacidade exige percepção visual, controle da motricidade, raciocínio espacial,
planejamento e organização.

O desenho livre é um recurso de projeção para expressão de pensamentos e


sentimentos, tem uma evolução gradativa de acordo com a idade cronológica da
criança. A partir de 18 meses, aproximadamente, o desenho ocorre com pouco
controle psicomotor; aos 2 ou 3 anos, surgem linhas retas e curvas no desenho;
aos 4 anos, o desenho representa formas de objetos e pessoas em um círculo único

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e riscos para braços e pernas, os desenhos são intencionais; aos 5 ou 6 anos, os


desenhos são reconhecíveis e compõem cenas organizadas espacialmente; aos 7
anos, o desenho da pessoa tem detalhes de dedos, pés e outros elementos realistas;
aos 10 anos, o desenho ganha movimentos e traços de perfil de rosto e evolui com
sombras e perspectiva.

A reprodução de letras e palavras escritas se inicia com a destreza de realização


dos desenhos livres; aos dois anos, traços verticais e circulares; aos quatro anos,
cópias de figuras geométricas simples são realizadas e também do sinal de +,
com o cruzamento de uma linha vertical e uma horizontal; aos sete anos, figuras
mais complexa são reproduzidas, com certo tremor psicomotor, assim como
letras, ainda sem ligação entre elas e sem regularidade de forma; o movimento de
reprodução das letras e escrita se aprimora na adolescência, quando a letra se torna
personalizada.

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REFERÊNCIAS

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Auteur%3AJean_Piaget)

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O que é o condicionamento clássico em psicologia? – A mente é maravilhosa (amenteemaravilhosa.


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