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memória, integração
sensório-motora
Prof.ª Érica de Lana Meirelles
Descrição
Propósito
Para um melhor aproveitamento deste tema, você pode utilizar um modelo físico ou 3D do
cérebro. Ainda, pode se valer de sites ou aplicativos para recorrer a modelos 3D virtuais.
Recomenda-se que você esteja familiarizado com noções básicas de Neurociências; em especial,
Neurociência Cognitiva.
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
meeting_room
Introdução
Neste tema, exploraremos três funções cognitivas (sensopercepção, atenção e memória) e
abordaremos a integração sensório-motora, função executada pelo sistema nervoso (SN).
Conheceremos essas diferentes funções e as relacionaremos com áreas específicas do SN.
Vamos, agora, identificar os conceitos fundamentais para a compreensão dessas funções. Mas,
para isso, cabe ressaltar dois importantes pontos:
O primeiro ponto refere-se às funções cognitivas somente são separadas com fins didáticos, uma
vez que, no mundo concreto, atuam de forma integrada. Sob coordenação das funções
executivas, o indivíduo, ativado por uma emoção, motiva-se na direção de focar a atenção em
determinado estímulo, que será processado pela sensopercepção, gerando o traço necessário
para a memória e o consequente aprendizado.
O segundo ponto é sobre o desenvolvimento das estruturas do SN subjacentes a cada uma das
funções cognitivas tem correlação direta com o desempenho do sujeito naquela função
específica, uma vez que cada avanço no substrato neurobiológico subjacente (aumento do
número de neurônios, ou de sinapses, ou mesmo o fortalecimento das redes) representa também
um ganho funcional. Assim, é esperado que indivíduos de diferentes idades e perfis de
estimulação tenham desempenhos funcionais também diferentes.
1 - Processo sensoperceptivo e atencional
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os substratos neurais
subjacentes ao processo sensoperceptivo e atencional.
Sensação
Definição
Preste atenção ao seu ambiente neste momento. Volte-se para o seu ambiente externo e interno.
Você consegue perceber diferentes cores, brilhos, movimentos, sons, o toque do seu corpo na
cadeira, nas roupas, no seu sapato, a temperatura das superfícies que toca, do ar, eventuais
cheiros, perfumes, sabores.
Só podemos ter a sensação de nosso ambiente porque uma linha de processamento neural está
funcionando de forma integrada e coordenada. Em especial porque o nosso cérebro – principal
órgão do sistema nervoso central (SNC) e responsável pela compreensão do que sentimos em
uma percepção – está íntegro!
Para definirmos o que é sensação, vamos recordar uma questão filosófica que está proposta na
atividade de reflexão a seguir:
Se uma mulher fala em uma sala e não há homem algum para ouvi-la, ainda assim ela está certa?
Resposta
Essa ironia nasceu de uma velha charada: Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém para
ouvir, ainda sim ela produz som? E é assim que Sternberg (2008) começa sua apresentação
acerca da sensação. E mostra que, diferentemente do que se tem no senso comum, na área das
neurociências cognitivas, o termo sensação se reduz à mera resposta relacionada aos nossos
sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Ou seja: é a capacidade que nosso corpo tem de
receber os estímulos do meio externo e permitir (através de células receptoras) que sejam
compreendidos pelos neurônios. Portanto, voltando à charada, antes que aconteça a sensação,
há o mundo externo (a árvore que cai e produz o som, por exemplo) que será captado pelos
sentidos.
Segundo Lent (2008), diferentemente de sua definição no senso comum, as percepções para as
neurociências cognitivas são aqueles produtos da sensação (ou seja, proveniente dos sentidos).
Por esse motivo, está cada vez mais frequente na literatura da área a grafia sensopercepção, já
que se trata de um processo intrinsecamente integrado.
Quando vemos um objeto (uma bola vermelha, por exemplo), neurônios sensoriais em nossa
retina realizam a transdução das ondas luminosas em impulsos nervosos, que seguem pelo nervo
óptico até núcleos específicos do tálamo, uma estrutura dupla (ou seja, presente nos dois
hemisférios cerebrais), conforme indica a imagem a seguir:
O tálamo, então, encaminha os impulsos visuais até as áreas sensoriais primárias (no exemplo,
área visual primária, no córtex occipital). Na área visual primária, haverá apenas o processamento
da cor e do formato; e separadamente. Em seguida, o estímulo será encaminhado para
processamento nas áreas secundárias (no exemplo, área visual secundária, ainda no córtex
occipital) e nas áreas de associação multimodais (junção têmporo-parieto-occipital), onde será
formada a percepção do objeto visto como um todo, a fim de ser reconhecido como uma “bola
vermelha”.
Órgão sensorial
Tálamo
Córtex
A exceção corresponde aos estímulos sensoriais olfativos, que não passam pelo tálamo e são
enviados do bulbo olfatório diretamente para o córtex cerebral.
Processamento contralateral
Um ponto curioso e relevante sobre a sensopercepção é que ela é processada no córtex
contralateral ao estímulo. Isso significa que os estímulos percebidos no lado esquerdo do corpo
são processados nas estruturas cerebrais do lado direito e vice-versa. Isso se dá porque as fibras
neurais se cruzam no nível da ponte (estrutura componente do tronco cerebral): os
prolongamentos do córtex cerebral direito cruzam na ponte e passam a enervar o lado esquerdo
do corpo e vice-versa. É importante citar que essas vias são:
Aferentes
Carregam informações sensoriais da periferia até o SNC. Isso é de especial relevância para a
sensopercepção.
Eferentes
Levam comandos do SNC até a periferia. Isso é relevante para o comportamento motor (como
veremos mais à frente neste tema).
Segundo Thompson (2005), é provável que essa característica tenha sido adaptativa em algum
momento da evolução das espécies. Assim, espera-se que lesões cerebrais em um dos
hemisférios produzam efeitos (sensoriais e motores) no lado contralateral do corpo.
lexander Luria
Alexander Romanovich Luria (1902-1977) foi um psicólogo soviético, considerado o pai da
Neuropsicologia moderna, sendo inclusive o criador desse termo. Embora a ideia original de sistema
funcional seja de outro conterrâneo seu, Pyotr Kuzmicj Anokhin (1898-1974), Luria conseguiu ampliá-
la, aplicando-a ao sistema nervoso central humano.
Áreas secundárias
Como as áreas associativas visuais, que nos permitem a compreensão perceptual, com mais
sentido, dos estímulos visuais.
Áreas terciárias
Na imagem a seguir, vemos algumas das mais relevantes áreas do córtex cerebral.
De acordo com Matlin (2004), no processo de percepção, o estímulo trafega das áreas funcionais
primárias (córtex sensorial unimodal) para as secundárias e finalmente para as de associação
(terciárias). Esse caminho é conhecido como processamento bottom-up (de baixo para cima).
Somatotopia
Os estímulos sensoriais táteis são processados no córtex sensorial primário, localizado no giro
pós-central, no lobo parietal, como mostra a imagem a seguir:
Perceba que essa região apresenta uma organização topográfica, em que cada parte do corpo é
processada por uma sub-região de neurônios nesse giro em torno do cérebro. Assim, com
estudos de neuroanatomia funcional, foi possível conhecer esse mapa, que relaciona áreas do
corpo a áreas cerebrais responsáveis por seu processamento.
Curiosidade
A extensão cortical da área não guarda correspondência com a extensão anatômica da parte do
corpo, e sim com sua importância. Por exemplo: as áreas sensoriais corticais dos lábios e dedos
das mãos são maiores do que as das costas ou pernas, mesmo que estas últimas sejam bem
maiores no corpo que as primeiras.
intomatologias
Na linguagem das Ciências Biológicas e na forma como utilizada aqui, significa conjuntos de
sintomas de doenças.
Lobo de
localização da Área funcional Efeitos Nome da disfunçã
lesão
Incapacidade de
Córtex visual receber informação
Cegueira cortical
primário visual e perda de
visão
Incapacidade de
reconhecer e de
Occipital identificar Agnosia visual
visualmente
Córtex visual objetos
secundário
Incapacidade de
compreender os Cegueira verbal o
sinais gráficos da alexia
escrita
Temporal Incapacidade de
Córtex auditivo receber informação
Surdez cortical
primário sonora e perda de
audição
identificar sons
vulgares
Incapacidade de
interpretar o
Surdez verbal
significado do
discurso oral
Incapacidade de
receber informação
Córtex
sensorial e perda
somatossensorial Anestesia cortica
da sensorial tátil,
primário
térmica e álgica
(ligada à dor)
Parietal
Incapacidade de
reconhecer um
Córtex Agnosia
objeto pelo tato e
somatossensorial somatossensoria
de localizar
secundário ou assomatognos
sensações táteis e
térmicas do corpo
(STERNBERG, 2008)
ercepto
De acordo com Sternberg (2008), é a representação mental de um estímulo percebido. Para uma
revisão aprofundada sobre a participação do indivíduo no processo perceptivo, consulte essa obra.
Lá também encontrará mais dados sobre a Psicologia da Gestalt.
O observador atribui certa parte sobre as sensações que esteja experimentando, contribuindo
ativamente para o processo de perceber e, assim, de compreender e aprender sobre o mundo ao
seu redor. Segundo Sohlberg e Mateer (2011), esse tópico é de especial interesse para
educadores e profissionais das áreas de Psicologia e outras modalidades de habilitação e
reabilitação neuropsicológica cognitiva.
A atenção
Definição
A atenção é um dos temas mais intrigantes e populares da Neuropsicologia na atualidade. Diante
da enorme quantidade de estímulos que recebemos em nossas mais diversas atividades, manter
a atenção por longos períodos e em mais de uma atividade tem sido cada vez mais requerido.
border_color
Atividade discursiva
Experimente focar a sua atenção nos estímulos visuais no seu entorno; ao mesmo tempo, preste
atenção às sensações táteis que vêm do contato do seu corpo com as roupas e a cadeira; agora,
ao mesmo tempo, procure perceber se há algum odor adocicado ao seu redor. E ainda junte a isso
tudo prestar sua atenção aos estímulos sonoros. Tudo ao mesmo tempo! Descreva como foi essa
experiência.
Exibir soluçãoexpand_more
Foi possível prestar atenção em todos? Ou você sentiu a sua atenção “pular” de um estímulo
a outro? Esse exercício nos dá muitas pistas de como opera essa função cognitiva.
De acordo com Matlin (2004), podemos considerar dois aspectos principais da atenção:
Alerta
É um estado geral de sensibilização do indivíduo, relacionado à vigília e consciência.
Focalização
Ocorre quando a atenção está sobre certos estímulos do ambiente interno (neurobiológicos) ou
externo do indivíduo.
Veremos mais adiante que os diferentes aspectos da atenção têm processamento em áreas
diferentes do SNC.
No centro do modelo (em vermelho) estão os conteúdos que, estando atento, o sujeito pode
processar conscientemente e até descrever.
Ao redor (em laranja), os conteúdos que estão sendo manipulados pela atenção, que incluem o
círculo interno, porém com parte do processamento não completamente consciente.
E, em cinza (círculo maior, que inclui os outros dois), está o universo de estímulos a que o
indivíduo está exposto.
Funções da atenção
A atenção possui diferentes níveis de funcionamento, também conhecidos como funções da
atenção. A tabela a seguir inclui os principais tipos e suas definições. Aqui, abordaremos a
atenção focada, mantida ou sustentada, seletiva, alternada e dividida.
Função Definição
istratibilidade
É a incapacidade de selecionar estímulos externos que não tenham importância para determinada
interação com o ambiente externo. Assim, na atenção seletiva, o indivíduo é capaz de tal seleção (daí
o nome dessa função).
De acordo com essa ideia, algumas ações requerem mais recursos atencionais do que outras:
ações novas, referentes a novos aprendizados, requerem muita atenção em seu aprendizado e em
seu desempenho, mas, com o passar do tempo, demandam cada vez menos recursos
atencionais, passando a ser desempenhadas automaticamente. Tal funcionamento faz parte da
função adaptativa cerebral que, ao automatizar tarefas, melhora a economia cognitiva, deixando
disponíveis recursos atencionais para que o indivíduo possa se engajar em tarefas
concomitantemente. Mas deve estar claro que, em nossa mente, a maioria dos processos
cognitivos se dá de forma automática.
Saiba mais
Para saber mais sobre os processos cognitivos de forma automática, vale conhecer a obra O novo
inconsciente, de Marco Callegaro (2011).
Controlado
O indivíduo está conscientemente engajado na ação, e isso requer um controle cognitivo maior,
usando as funções executivas.
Automático
Processo controlado
Esforço intencional;
Conhecimento consciente;
Realizados serialmente;
Consomem mais tempo;
Tarefas novas ou com variabilidade
Níveis elevados de processamento cognitivo
close
Processo automático
Pouco ou nenhum esforço intencional
Sem consciência
Realizados em paralelo
São rápidos
Tarefas conhecidas, com prática
Níveis baixos de processamento cognitivo
Conforme você observou até aqui, o processo automático é a evolução do processo controlado.
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Atenção e aprendizagem
Assista ao vídeo e aprofunde seus conhecimentos sobre a temática “Processo da mente:
atenção”.
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Atenção top-down (de cima para baixo)
Refere-se a orientações internas de atenção baseadas em conhecimento prévio, planos ou metas
atuais – como prestar atenção a uma aula.
O conceito de atenção top-down, de acordo com Cosenza e Guerra (2001), funde-se com o tipo de
processamento controlado da atenção e é de especial interesse para o aprendizado escolar, por
exemplo.
Neurociência da atenção
Como já vimos, dois aspectos principais (alerta e focalização) formam a atenção. Mecanismos
envolvidos na atenção, segundo Brandão (2004) e Fuentes et al. (2008), dependem de uma rede
nervosa que inclui porções anteriores e posteriores do sistema nervoso, e lesões nessa rede
alteram a capacidade da pessoa em direcionar a atenção para determinados setores do
ambiente.
Em relação ao estado de alerta, a área mais atuante é o sistema atencional reticular ascendente
(SARA), localizado no tronco encefálico. Já em relação ao que se pretende estudar em
Neurociência Cognitiva (com ênfase na função cognitiva que ora estudamos), merece destaque a
focalização.
Atenção!
É o sistema atencional posterior (SAP) que tem por função orientar a atenção; ou seja, é
responsável pela atenção focada e seletiva, como vimos na tabela 2. Já o Sistema Atencional
Anterior (SAA) é responsável também pela atenção seletiva; e pela atenção sustentada e dividida.
Assim, realiza o recrutamento atencional para detectar estímulos e controlar áreas cerebrais para
o desempenho de tarefas cognitivas complexas.
As áreas cerebrais envolvidas no SAA são o córtex frontal, o giro cingulado anterior e os gânglios
da base. A figura abaixo resume as áreas do SNC que participam dos diferentes sistemas
atencionais citados.
Questão 1
De acordo com as unidades funcionais definidas por Luria, podemos afirmar que das
seguintes áreas, relevantes para o processo sensoperceptivo, configuram áreas primárias,
exceto:
A Giro pós-central.
D Junção têmporo-parieto-occipital.
E Cortex pré-frontal.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Embora seja uma área importante para o processo sensopercetivo (dando significado ao
percepto formado pelas sensações), a junção têmporo-parieto-occipital é uma área de
associação. O giro pós-central, o córtex visual primário e o giro temporal superior são áreas
primárias, processando, respectivamente, estímulos de natureza tátil, auditiva e visual.
Questão 2
O córtex pré-frontal é uma área do lobo frontal importante para o engajamento do indivíduo
em funções cognitivas complexas. Em relação à atenção, ele está atrelado ao desempenho
das seguintes funções atencionais, exceto:
A Vigilância.
B Sondagem.
C Atenção seletiva.
D Alerta.
E Contemplação.
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Memória
Definição
Retomando a função principal do cérebro – que é a adaptação –, temos na memória uma de suas
principais aliadas. Ao aprender sobre o ambiente, o indivíduo pode fazer projeções e modular o
seu comportamento com base em experiências anteriores.
De acordo com Baddeley et al. (2011), a memória pode ser definida como a capacidade de
adquirir (registrar), armazenar e recordar informações. Tem como função situar e adaptar o
indivíduo ao meio, modificar comportamentos em função das novas aprendizagens e
experiências anteriores.
Fases da memória
Vimos que a memória é um processo composto por outros três: o de adquirir (aquisição),
armazenar (consolidação) e recuperar (evocação) informações disponíveis. Em termos das
Neurociências Cognitivas, o processo de memorização pode ser dividido em três fases principais:
Fase 1
Aquisição
Fase 2
Retenção ou armazenamento
O d t té i d t f t l t ô i
Ocorre quando as estratégias de armazenamento fortalecem o traço mnemônico,
organizando a informação adquirida.
Fase 3
Recuperação
Não pode haver recuperação de uma informação que não tenha sido armazenada (consolidada),
assim como não pode haver retenção de uma informação que não tenha sido adquirida.
Na imagem a seguir, usamos a referência da seta como a passagem do tempo. Dessa maneira, os
processos são sucessórios e relativamente independentes.
Fases da memória
As informações, para serem lembradas, precisam ter sido adquiridas (com especial participação
da atenção, tratada no módulo anterior) e, posteriormente, retidas (armazenamento), ou seja, elas
precisam ser consolidadas organizadamente na rede de informações pertinentes prévias.
Segundo Cosenza e Guerra (2001) e Sohlberg e Mateer (2011), alguns aspectos facilitam o
processo de retenção:
Repetição da informação;
De acordo com Sara (2000) e Nader e Einarsson (2010), dois processos podem ser descritos no
período de armazenagem da informação:
Consolidação
Envolve a transformação dos traços mnésicos transitórios em mais duráveis e estáveis.
Reconsolidação
Representa uma atualização do novo traço após novo aprendizado, a partir de sua integração com
traços antigos, fortalecendo-o.
Teoria da degeneração
Observa-se que a retenção da informação (o que fora efetivamente recordado do que foi
adquirido) decai muito rapidamente, apenas restando, ao longo de um mês, uma pequena parcela
do que foi aprendido. Aqui, mais uma vez se ressalta o papel do indivíduo no processo cognitivo,
pois tende a ser mantido o conjunto de informações que faça sentido para aquele indivíduo de
forma particular.
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Memória e aprendizagem
Assista ao vídeo e aprofunde seus conhecimentos sobre esta temática.
Memória sensorial
Com duração de poucos segundos, referindo-se aos conteúdos advindos do sistema
sensoperceptivo.
De duração limitada (20-30 segundos) e com capacidade também limitada (de 5 a 7 itens,
decaindo com o tempo). Um dos modelos que melhor explica a memória de curto prazo é a
memória operacional (ou memória de trabalho), como veremos neste módulo.
De duração ilimitada (de segundos a anos, podendo chegar a ser permanente) e capacidade
ilimitada (não se conhece o tamanho da MLP humana). E persiste indefinidamente.
O modelo mais bem aceito para explicar a memória de curto prazo é o proposto por Baddeley
(2011), que nos apresenta o conceito de memória operacional (ou memória de trabalho), baseado
em três componentes principais: alça fonológica, esboço visuoespacial e retentor episódico,
organizados por um quarto componente, o executivo central, que se ocupa da manipulação
online de informações atuais, integrando funções atencionais e conteúdo da memória de longo
prazo (MLP).
Veja, a seguir, detalhes sobre cada um desses componentes que formam a memória operacional.
anipulação online
“A MT [Memória de Trabalho], portanto, é basicamente realizada online, ou seja, exerce a função de
gerenciar o nosso contato com a realidade, decide o que ficará guardado ou não na memória
declarativa ou procedural ou o que deverá ser evocado dessas memórias.” (FARIA & MOURÃO Jr.,
2013)
Alça fonológica
Componente visuoespacial
Zanella e Valentini (2016) também afirmam que este componente possui funções
semelhantes às da alça fonológica; envolve informações visuais e espaciais,
armazenando-as temporariamente de forma restrita. Esse componente possui
papel fundamental na formação da imagem mental.
Retentor episódico
Executivo central
S d G i (1995) t t dá t à f õ iti
Segundo Gazzaniga (1995), este componente dá suporte às funções cognitivas
superiores de gerenciamento das múltiplas tarefas cognitivas e comportamentais
voltadas a um objetivo.
Comentário
Subsistemas:
Episódico: permite o resgate de eventos pessoais com rótulo temporal; bastante suscetível à
perda de informação;
Subsistemas:
Habilidades e hábitos adquiridos: são aqueles treinados progressivamente, tais como os
desenvolvidos em tarefas como andar de bicicleta, fazer pontos de costura, ou jogar bola com
maestria;
Condicionamento clássico: como observado nas respostas emocionais de medo, com ativação
da amígdala;
Aprendizagem não associativa: é a que não envolve a associação entre estímulos, ou entre
estímulo e resposta.
Atenção!
Lembre-se de que estamos nos referindo a certos neurônios, também denominados amígdalas
cerebelosas, a fim de diferenciá-los dos órgãos homônimos (também denominados tonsilas
palatinas), localizados entre a boca e a faringe.
Se, por exemplo, em algum momento deste tema, você se lembrou de ligar para sua avó e
combinar com ela a que horas poderá levá-la amanhã ao hospital, você usou sua memória
declarativa (consciente). E, se você for até lá de bicicleta, usará sua memória implícita (não
consciente) ao pedalar.
Neurociência da memória
Os múltiplos sistemas de memória são independentes porque se baseiam em estruturas (ou
redes) neurais um tanto independentes também. Assim, diferentes tipos de memória – e de
processos da memória – podem ser atribuídos ao funcionamento adequado de diferentes áreas
neurais, conforme aponta a imagem a seguir.
Áreas cerebrais envolvidas na memória. CPF = córtex pré-frontal; MCP = memória de curto prazo; MLP = memória de longo prazo.
Destaca-se o papel fundamental do córtex pré-frontal para a memória de curto prazo (em especial
quando assume-se o modelo de memória operacional). Em relação à neurobiologia da memória
de longo prazo (MLP), está bem estabelecido o papel do hipocampo para a consolidação das
memórias, embora essa estrutura só esteja responsável pelo armazenamento temporário da
informação: as memórias já consolidadas são armazenadas em diferentes regiões do córtex
cerebral, dependendo de o conteúdo da informação ser visual, emocional, verbal, entre outros.
Atenção!
Destacamos que a amígdala e o hipocampo (também na imagem anterior) não são locais de
armazenamento de informação, mas participam do processo de formação (consolidação e
reconsolidação) de memórias. Esse é um ponto de bastante confusão e erro.
Processos da mente
O conceito de integração se mostra essencial para o funcionamento da mente e, assim, do
indivíduo em interação com seu meio. No processo de integração sensório-motora, fica evidente
que o sistema nervoso (SN) trabalha de forma coordenada e dinâmica. Vamos abordar a relação
íntima e necessária entre os aspectos cognitivos e motores. Esse é um dos aspectos mais ricos
do funcionamento cognitivo, especialmente quando se pensa em aprendizados motores como a
fala, a escrita, o uso de ferramentas e instrumentos em geral.
Definição
A integração sensório-motora pode ser definida como o processo segundo o qual o cérebro
organiza as informações com a finalidade de dar uma resposta adaptativa adequada, que pode
configurar um comportamento motor. É responsável por estruturar as sensações do próprio corpo
e do ambiente a fim de possibilitar seu uso apropriado no ambiente. Portanto, podemos explicar a
integração sensório-motora como a habilidade inata de organizar, interpretar sensações e
responder apropriadamente ao ambiente, de forma funcional.
Processo sensório-motor
O desenvolvimento da integração sensorial se inicia ainda na vida intrauterina e ocorre devido à
interação do indivíduo com o ambiente por meio de respostas que se mostram adaptativas ou
não ao contexto, o que leva ao aprendizado. Nos períodos iniciais da vida, o indivíduo detém a
capacidade de organizar inputs sensoriais experimentando sensações, porém inicialmente
incapazes de dar significado a elas. Conforme o avanço do desenvolvimento, o indivíduo passa a
reunir condições (em termos de maturidade neurológica, inclusive) para controlar seus
comportamentos e aprender com os respectivos feedbacks do meio externo.
nputs sensoriais
Inputs sensoriais referem-se às funções receptivas; à capacidade para selecionar, adquirir, classificar
e integrar as informações, isto é, sensação, percepção, atenção e concentração.
Supondo seu conteúdo e seu peso (presunção também organizada por áreas corticais
superiores – top-down);
Entretanto, ao levantar a caixa, nota que o peso é bem menor do que o imaginado
(Percepção - processo bottom-up);
Informação que rapidamente chega ao córtex e refaz o planejamento motor para aliviar
a força imprimida pelos braços (processo top-down).
O exemplo nos demonstra a atuação dinâmica entre os dois processos, o mesmo que
ocorre quando ouvimos uma pergunta e a respondemos, porém, modulando a altura de
nossa voz devido a qualquer mudança ambiental. Ou quando supomos uma palavra
escrita num texto e a lemos. Ocorre ainda quando somos capazes de andar em nossa
casa no escuro, pois sabemos o mapa espacial do local, embora possamos usar
prontamente o tato caso sintamos qualquer mudança no ambiente físico, como um móvel
fora do lugar.
5. Execução da resposta: o último estágio da integração sensorial e o único que pode ser
diretamente observado. Isso traz fundamentos para se pensar nos comportamentos
(muitos deles motores, como a fala e as respostas emocionais, o deslocamento do
indivíduo pelo ambiente) resultantes dos processos de integração sensorial e nas bases
sensoriais da autorregulação.
Na imagem a seguir, pode-se observar o caminho percorrido pela informação em uma tarefa que
exemplifica a integração sensório-motora: repetir uma palavra ouvida.
4. Um feixe de axônios que comunica áreas têmporo-parietais com áreas motoras de associação
–, ele chega à área de Broca – no córtex motor secundário, específica para a produção de
palavras;
Como se trata de uma integração de áreas, é razoável supor que lesões ou mau funcionamentos
em regiões específicas podem levar a disfunções no desempenho do indivíduo em tarefas
sensório-motoras. A tabela 5 apresenta os mais importantes quadros conhecidos derivados de
lesões em áreas motoras.
Lobo de
localização da Área funcional Efeitos Nome da disfunçã
lesão
Incapacidade de
Córtex motor executar
Paralisia cortical
primário movimentos finos e
precisos
Incapacidade de
organizar e de
planear os
Apraxia
movimentos numa
Frontal
sequência
unificada
Córtex motor
secundário
Incapacidade de se
Agrafia ou apraxia
expressar
da escrita
escrevendo
Nas áreas de saúde e educação, é fundamental que se avalie a integridade de aspectos sensoriais
e motores quando se realiza a observação de tarefas que envolvam a integração sensório-motora.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Questão 1
De acordo com Baddeley, a memória tem como função situar e adaptar o indivíduo ao meio,
modificar comportamentos em função das novas aprendizagens e experiências anteriores.
Considere os processos a seguir:
I – Indução
II – Adaptação
III – Aquisição
IV – Recuperação
V – Retenção
VI – Consolidação
A I, II, IV
B III, VI, IV
C III, IV, VI
D II, VI, IV
E I, III e IV
Questão 2
Considere a tarefa de responder com um sinal de levantar as mãos sempre que, numa tela
projetando imagens, aparecer a figura de um triângulo. Sobre tal tarefa, é incorreto afirmar
que:
A tarefa depende das funções cognitivas atenção e integração sensório-
A
motora.
starstarstarstarstar
Considerações finais
Nesse tema, estudamos sobre quatro processos da mente. Identificamos que a sensação, a
atenção, a memória e a integração sensório-motora são consideradas processos da mente
porque se caracterizam como funções cognitivas, desempenhadas pelo indivíduo no processo de
adaptação ao meio em que vive.
Cada processo de adaptação, desde perceber a árvore que cai na floresta a aumentar o tom de
nossa voz ao responder a uma pergunta (porque o ambiente tornou-se mais barulhento), só é
acessível porque nosso sistema nervoso está organizado de forma a percebê-lo. É graças à
integração de áreas do sistema nervoso que podemos, efetivamente, também nos integramos ao
meio que nos cerca, valorizando uma de nossas maiores habilidades, totalmente integrada ao SN:
a capacidade de adaptação.
headset
Podcast
Agora, a especialista Stella Pereira da Silva encerra o tema falando sobre sensação, atenção,
memória e integração sensório-motora.
Referências
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2015, v. 85, n. 24, pp. 2170-2175.
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HELENE, A. A.; XAVIER, G. F. A construção da atenção a partir da memória. In: Rev. Bras. Psiquiatr.
São Paulo, v. 25, supl. 2, p. 12-20, dez. 2003.
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2013, v. 20, n. 5, PP. 509-521.
KRUSZIELSKI, L. Teoria do Sistema Funcional. Consultado em meio eletrônico em: 8 ago. 2020.
MORRIS, C. G.; MAISTO, A. A. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.
NADER, K.; EINARSSON, E. Ö. Memory reconsolidation: An update. In: Annals of the New York
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SARA, S. J. Retrieval and Reconsolidation: Toward a Neurobiology of Remembering. In: Learning &
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SOHLBERG, M. M.; MATEER, C. A. Reabilitação cognitiva. São Paulo: Santos, 2011.
ZANELLA, L.; VALENTINI, N. Como funciona a memória de trabalho. In: Revista da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, USP, 2016, v. 49 n. 2, pp. 160-174.
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Para aprofundar mais seus estudos sobre o tema:
Leia os livros:
Assista aos vídeos da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. Caso você tenha domínio do
inglês, assista aos da Society for Neuroscience (a maior associação de Neurociência do mundo).
Aplicativos:
Interaja com alguns aplicativos de estimulação de funções cognitivas, como o BrainHQ, Cognif
e Lumosity.