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Construção Interrompida
Construção Interrompida
Construção Interrompida
Assim, dadas as taxas elevadas, empresas 'formam preços' a partir desta referência, o que
também tende a pressionar a inflação (quase que independente da dinâmica real da economia)
Pois, de maneira crescente, um conjunto de agentes importantes da economia atrela sua dinâmica
de acumulação à lógica da especulação financeira
Não retificar tal dinâmica poderia gerar a desestabilização de preços de ativos, falências e a
desorganização da lógica de acumulação da economia
Dinâmica do endividamento público (até das empresas) é então determinada fundamentalmente pela
logica financeira => a dinâmica produtiva progressivamente se torna sujeita à dinâmica financeira
Inflação deixa de ser funcional como elemento para centralização de poupança nas empresas, de forma a
financiar o investimento, e nas classes altas de forma a financiar o consumo
Discussão inicial era que o ajustamento recessivo teria sido responsável pelo superavit
Com a persistência do mesmo em 1984 em diante, passa-se a se sustentar a tese do ajustamento estrutural
Tese: apesar de ter havido sim projetos em bens intermediários que contribuem para o saldo comercial,
contudo, o componente cíclico teve papel importante tanto na redução das importações quanto no aumento
das exportações
Segundo o autor, a maior absorção doméstica (em períodos de crescimento) provocou variações de
cerca de 50% no saldo comercial, inclusive nos setores responsáveis pelo superavit como
intermediários => o componente cíclico importa na dimensão do superavit
Ciclo também provocou variações nos setores responsáveis por parcela relevante dos setores
deficitários
Há comportamento cíclico:
Quando I cai (Ms também), o saldo aumenta, pois há desaceleração das importações e aumento das Xs
A mesma relação vale para o consumo, só que em patamares menos acentuados que a relação de correlação
com o investimento
Maior parte da relação entre ciclo e saldo é explicada pela oscilação nas Xs, principalmente no que diz
respeito ao quantum exportado
Já com relação às Ms, estas também estão relacionadas com o ciclo, porém muito menos porque houve uma
evolução favorável no comportamento de seus preços (redução dos preços do petróleo é central)
Carneiro conclui que os setores responsáveis pelo superavit (bens intermediários) poderiam chegar ao limite da
capacidade produtiva antes dos demais setores, ao contrário do que afirma Castro
Ou seja, haveria um trade-off entre absorção doméstica e saldo comercial nos setores de bens intermediários
=> o componente cíclico explica mais do que o componente estrutural
Obs: Castro diz que a queda do superávit no período de recuperação (1984-86) ocorreu devido a velocidade
e intensidade do crescimento doméstico, o que fez com que fosse necessário desviar recursos imediatamente
das exportações para atender o mercado doméstico, inclusive nos setores intermediários, e não porque
tivesse ocorrido um esgotamento da capacidade produtiva/ ociosa nos setores intermediários, conforme
afirma Carneiro
BAER, M. (1993). O Rumo Perdido: A crise fiscal e financeira do Estado Brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994, cap. 2 (pp.
43-48, 60-66) e cap. 3.
BELLUZZO, L.G. e ALMEIDA, J.S. (1992) “A crise da dívida e suas repercussões sobre a economia brasileira”. In: Belluzzo e
Batista Jr. (orgs.) A luta pela sobrevivência da moeda nacional. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Impactos
Deterioração substancial das condições de financiamento
Deterioração substancial dos termos de troca
Antecedentes
contração de empréstimos a taxas de juros flutuantes (pós 1973)
centralidade do crédito externo nas diversas orientações do modelo de crescimento do regime militar
(milagre e II PND)
avanço do endividamento por parte das estatais pós-primeiro choque do
petróleoaumento da participação de bancos privados como credores
entre 1970-78 a tal participação salta de 55% para 80%
Entre 1975 e 1982 América Latina recebeu 43% dos fluxos de capitais
a participação cai para 17% entre 1983 e 1989
o movimento na Ásia é inverso de 24% para 40%
os EUA absorvem 50% do IDE originário dos países industrializados e parcela importante
dos investimentos em carteira
A deterioração das condições de financiamento é fatal para a economia brasileira
Baixo coeficiente de participação das exportações no PIB (8% apesar dos esforços dos governos militares)
produtos básicos e semimanufaturados ainda representavam cerca de metade da pauta
pauta de importações rígida
90% em somos indispensáveis à produção: matérias-primas, combustíveis e bens de capital
87% em petróleo consumido era importado
Resultado: conjugando a deterioração do financiamento externo a DTT, entre 1978 e 1983 a dívida externa
líquida é multiplica-se por 3 (financiamento do período do milagre e II PND)
Fase II da negociação: pressões por um ajustamento mais amplo, nos moldes tradicionais do Fundo,
para além do ajustamento com maior ênfase na geração de superávits comerciais (início de 1984)
Bom resultado do balanço comercial em 1984 leva à cumprimento de metas na área (superavit
comercial de 13 bi USD)
Não há cumprimento de demais metas (tradicionais aos ajustamentos do FMI)
Superavit tem impactos positivos na retomada do crescimento
A desvalorização do estoque seria para divisas com credores privados e não com credores oficiais
Estados deveriam oferecer vantagens fiscais para bancos credores em contrapartida à redução do
estoque da divida
Propõe que desembolsos deixem de ser realizados como contrapartida ao cumprimento das
condicionalidades do FMI. Mas, na prática, isso parece não ter acontecido
A internalização da dívida externa do setor privado pelo Estado deteriora sua capacidade de financiamento,
portanto, sua capacidade de manter a promoção do modelo de acumulação que pauta o desenvolvimentismo,
sucateando o setor privado estatal, além de se desdobrar em hiperinflação
Completo desajuste das finanças públicas, principalmente devido aos encargos financeiros (crescentemente
da dívida interna)
Utilização de preços e tarifas públicas como instrumentos para controle da inflação barateamento dos
insumos ao setor privado: redução da capacidade de autofinanciamento
As empresas estatais operam durante a primeira metade da década de 1980 com superávit operacional, mas este
não foi suficiente para cobrir os custos financeiros do endividamento
Impossibilidade de se manter regras de mark-up devido à grande incerteza: alto potencial de desvalorização
patrimonial (instabilidade de juros, câmbio, inflação, choques etc.)
ajustamentos sem internalização dos custos por parte do setor público provocaria enorme liquidação dos ativos
reais
Teria conseguinte queda dos preços dos mesmos em fragilização do setor privado
Intervenção no setor público (moeda indexada) e financeirização dos preços impedem que tal queda dos preços /
liquidação dos ativos
Financeirização dos preços: "generalização da referência à taxa nominal esperada de juros de curtíssimo prazo
como critério para o ajuste de preços" (Belluzzo & Almeida, 2002)