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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE CARAÚBAS
CURSO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

WESKLLEY RONDINELLE LOPES DA SILVA

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES


HISTÓRICAS: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE JANDUÍS-RN

CARAÚBAS/RN
2022
WESKLLEY RONDINELLE LOPES DA SILVA

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES


HISTÓRICAS: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE JANDUÍS-RN

Trabalho de conclusão de curso apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. Me. Jennef Carlos Tavares.

CARAÚBAS/RN
2022
© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira
responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis
que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n°
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sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

L586a Lopes da Silva, Wesklley Rondinelle.


ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM
EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO
DE JANDUÍS-RN / Wesklley Rondinelle Lopes da
Silva. - 2022.
60 f. : il.

Orientador: Jennef Carlos Tavares.


Monografia (graduação) - Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Curso de Ciência e
Tecnologia, 2022.

1. Engenharia Diagnóstica. 2. Problemas


Patológicos. 3. Vida Útil. 4. Inspeção Predial. 5.
Edifícios Históricos. I. Tavares, Jennef Carlos,
orient. II. Título.

Ficha catalográfica elaborada por sistema gerador automáto em conformidade


com AACR2 e os dados fornecidos pelo) autor(a).
Biblioteca Campus Caraúbas
Bibliotecária: Dalvanira Brito Rodrigues
CRB: 15/700

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
WESKLLEY RONDINELLE LOPES DA SILVA

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES


HISTÓRICAS: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE JANDUÍS-RN

Trabalho de conclusão de curso apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Aprovado em: 24/05/2022.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Prof. Me. Jennef Carlos Tavares (UFERSA)
Presidente

_________________________________________
Prof. Dr. Wellington Lorran Gaia Ferreira (UFERSA)
Membro Examinador - Interno

_________________________________________
Glauco Fonsêca Henriques (UFPB)
Membro Examinador - Externo
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me conceder o dom da vida, como


também ter me dado forças nessa caminhada e não ter me deixado fraquejar diante de todos os
obstáculos encontrados (que não foram poucos).
Agradeço a minha mãe, a Prof.ª Esp. Maria José da Silva Lopes (in memoriam), que
sempre me apoiou, deu forças, guiou, protegeu, enfrentou todos os problemas juntos comigo e
nunca soltou a minha mão durante sua passagem pelo o plano terrestre. Sem dúvida alguma,
um exemplo de mulher, uma pessoa incrível. Obrigado por tudo, mãe!
Agradeço a minha família, meu irmão mais velho o Prof. Mestre Wallace Rodrigo Lopes
da Silva, meu irmão caçula Weslley Antônio Lopes da Silva, ao meu pai Francisco Fábio Lopes
da Silva, minha esposa Luiza Karolaine Batista de Oliveira e aos meus dois maiores presentes
que Deus pôde me dar, meus filhos Lavinnía Williane Lopes Batista e Willian Leví Lopes
Batista.
Agradeço também aos demais familiares que foram importantes e tiveram bastante
influencia nessa caminhada e contribuíram para que esta conquista fosse possível, a minha avó
Teresinha Gomes e meu avô José da Silva, minhas tias Maria Inês e Maria das Graças e meus
primos o Prof. Hermeson Wagner e o Eng. Anderson Gomes Bezerra.
Também ao meu orientador, o Prof. Mestre Jennef Tavares, pela disponibilidade e
atenção dada, pela confiança e por ter acreditado na minha capacidade para desenvolver esta
pesquisa. Aos professores Daniel Freitas, André Moreira, Hudson Pinheiro, Mackson
Nepomuceno e César Filho.
Por fim e não menos importante, aos meus amigos que me apoiaram durante essa
caminhada, alguns deles companheiros de batalha e colegas de faculdade, como Moacir Júnior
e Francisco Gekson, Gustavo Krause, o Prof. Fábio Oliveira, Gíneton Heber, Kátia Juliana,
Gustavo Alipson e Lisrael Nóbrega.
Agradeço a todos vocês pela lucidez e sabedoria adquirida ao longo das nossas
conversas e convivência!
passo para a vitória é o desejo de vencer

Mahatma Gandhi
RESUMO

Atualmente no Brasil e no mundo, surgem constantemente novas construções, dessa forma são
implementados novas tecnologias, técnicas, métodos de aplicação, materiais de construção,
assim podendo contribuir para o aparecimento de manifestações patológicas, tais como:
fissuras, rachaduras, corrosões, entre outras. A ocorrência desse problema tem relação com
alguns fatores como erro nas fases de projeto, execução e uso/manutenção das edificações, além
de suas condições de exposição ao meio ambiente. Assim sendo, o objetivo do trabalho é
analisar e classificar as manifestações patológicas encontradas nos prédios históricos da cidade
de Janduís, localizada no interior do estado do Rio Grande do Norte. Para o desenvolvimento
desse estudo de caso foram estudadas duas edificações, a Casa de Cultura Popular Vapor das
Artes e a Igreja Matriz de Santa Terezinha, com o processamento das tarefas sendo dividido em
etapas: visitas nos locais estudados; inspeção visual e registros fotográficos; elaboração de
diagnóstico e prognóstico; e aplicação da ferramenta de inspeção predial a Matriz GUT
(Gravidade, Urgência e Tendência), na qual permitiu identificar e classificar os problemas
quanto a sua gravidade, urgência e tendência. Ao fim da pesquisa, os resultados obtidos
demonstraram várias fissuras e problemas provocados pelo excesso de umidade, como
manchas, bolores e eflorescências; outros problemas também foram encontrados, como
rachaduras e desplacamentos do revestimento. As anomalias mais críticas, segundo a
metodologia aplicada, foram a corrosão na estrutura de concreto armado, que está prejudicando
parte da estrutura da Casa de Cultura Popular Vapor das Artes e uma eflorescência na Igreja
Matriz de Santa Terezinha, pois precisam de uma manutenção com custo um pouco mais
elevada com relação às demais manifestações. Desta forma, a vida útil dessas edificações pode
ser prejudicada pelo agravamento desses problemas patológicos ao longo do tempo, se não
receberem as devidas manutenções, pois encontram-se com um alto nível de criticidade. Por
fim, percebe-se a necessidade e a importância de ser realizada a elaboração de um plano de
inspeção e manutenção periódico para que haja a preservação desses imóveis, assim
aumentando a durabilidade dessas edificações históricas estudadas.

Palavras-chave: Engenharia Diagnóstica. Problemas Patológicos. Vida Útil. Inspeção Predial.


Edifícios Históricos.
ABSTRACT

Currently in Brazil and in the world, new constructions are constantly emerging, in this way
new technologies, techniques, application methods, construction materials are implemented,
thus being able to contribute to the appearance of pathological manifestations, such as: fissures,
cracks, corrosion, among others. The occurrence of this problem is related to some factors such
as errors in the phases of design, execution and use/maintenance of buildings, in addition to
their conditions of exposure to the environment. Therefore, the objective of this work is to
analyze and classify the pathological manifestations found in the historic buildings of the city
of Janduís, located in the interior of the state of Rio Grande do Norte. For the development of
this case study, two buildings were studied, the House of Popular Culture Vapor das Artes and
the Mother Church of Santa Terezinha, with the processing of tasks being divided into stages:
visits in the studied places; visual inspection and photographic records; elaboration of diagnosis
and prognosis; and application of the building inspection tool, the GUT Matrix (Severity,
Urgency and Trend), which allowed the identification and classification of problems in terms
of their severity, urgency and tendency. At the end of the research, the results obtained showed
several cracks and problems caused by excess moisture, such as stains, mold and efflorescence;
other problems were also found, such as cracking and peeling of the coating. The most critical
anomalies, according to the methodology applied, were corrosion in the reinforced concrete
structure, which is harming part of the structure of the House of Popular Culture Vapor das
Artes and an efflorescence in the Mother Church of Santa Terezinha, as it needs maintenance
at a cost slightly higher in relation to the other manifestations. In this way, the useful life of
these buildings can be harmed by the aggravation of these pathological problems over time, if
they do not receive the proper maintenance, as they are with a high level of criticality. Finally,
it is perceived the need and importance of carrying out the elaboration of a periodic inspection
and maintenance plan so that there is the preservation of these properties, thus increasing the
durability of these historic buildings studied.

Keywords: Diagnostic Engineering. Pathological Problems. Lifespan. Building Inspection.


Historic Buildings.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Origem das manifestações patológicas no Brasil................................................... 18


Figura 02: Percentagem de erros técnico................................................................................. 19
Figura 03: Fissura.................................................................................................................... 22
Figura 04: Trinca......................................................................................................................22
Figura 05: Rachadura............................................................................................................... 24
Figura 06: Fenda sobre porta................................................................................................... 24
Figura 07: Brecha em parede de edifício................................................................................. 25
Figura 08: Eflorescência.......................................................................................................... 26
Figura 09: Infiltração na parede............................................................................................... 28
Figura 10: Manchas..................................................................................................................28
Figura 11: Aparência superficial de mofo............................................................................... 28
Figura 12: Ação da umidade sobre as edificações................................................................... 29
Figura 13: Corrosão generalizada desencadeada pela carbonatação do concreto....................30
Figura 14: Corrosão puntiforme desencadeada pela ação dos íons cloreto............................. 30
Figura 15: Localização do município de Janduís.....................................................................34
Figura 16: Casa de Cultura Popular Vapor das Artes em Janduís-RN.................................... 35
Figura 17: Igreja Matriz de Santa Terezinha em Janduís-RN..................................................35
Figura 18: Procedimentos das etapas de pesquisa................................................................... 38
LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Origem e responsabilidade das falhas.................................................................... 16


Tabela 02: Estruturas e sua vida útil........................................................................................ 17
Tabela 03: Classificação de espessura das aberturas............................................................... 23
Tabela 04: Infiltrações, manchas, bolores ou mofo................................................................. 27
Tabela 05: Pontuação GUT...................................................................................................... 32
Tabela 06: Planilha de aplicação do método GUT...................................................................33
Tabela 07: Tipos de pesquisa conforme sua classificação....................................................... 36
Tabela 08: Modelo da Matriz GUT..........................................................................................41
Tabela 09: Aplicação da Matriz GUT na Casa de Cultura Popular Vapor das Artes.............. 42
Tabela 10: Aplicação da Matriz GUT na Igreja Matriz de Santa Terezinha ...........................46
Tabela 11: Classificação do grau de criticidade das manifestações patológicas encontradas na
Casa de Cultura Popular Vapor das Artes.................................................................................49
Tabela 12: Classificação do grau de criticidade das manifestações patológicas encontradas na
Igreja Matriz de Santa Terezinha.............................................................................................. 51
Tabela 13: Possíveis soluções das manifestações patológicas da Casa de Cultura..................52
Tabela 14: Possíveis soluções das manifestações patológicas da Igreja Matriz...................... 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


Ca(OH)2 Hidróxido de Cálcio
CaCO3 Carbonato de Cálcio
CO2 Dióxido de Carbono
CONFEA/CREA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
GUT Gravidade, Urgência e Tendência
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
NBR Norma Brasileira
pH Potencial Hidrogeniônico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14

2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 14

2.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15

3.1 PATOLOGIA NAS EDIFICAÇÕES ................................................................................. 15

3.1.1 Normas e decretos sobre inspeção, manutenção e conservação predial no Brasil .. 16

3.1.1.1 Manifestações patológicas nas etapas de uma construção ...................................... 17

3.1.1.2 Origem das manifestações patológicas ..................................................................... 20

3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ..................................... 20

3.2.1 Fissuras ........................................................................................................................... 21

3.2.2 Trincas ............................................................................................................................ 22

3.2.3 Rachaduras .................................................................................................................... 23

3.2.4 Fendas ............................................................................................................................. 24

3.2.5 Brechas ........................................................................................................................... 25

3.2.6 Eflorescências ................................................................................................................. 25

3.2.7 Infiltrações, manchas, bolor ou mofo .......................................................................... 26

3.2.8 Corrosão nas armaduras das estruturas de concreto armado .................................. 29

3.2.9 Carbonatação do concreto ............................................................................................ 31

3.2.10 Descolamentos de revestimentos e danos nas esquadrias ........................................ 31

3.3 MÉTODO GUT .................................................................................................................. 31

3.4 Caracterização do município de Janduís-RN ................................................................ 33

3.4.1 Local do objeto de estudo.............................................................................................. 34

3.4.1.1 Casa de Cultura Popular Vapor das Artes .................................................................... 34

3.4.1.2 Igreja Matriz de Santa Terezinha.................................................................................. 35

4 METODOLOGIA................................................................................................................ 36
4.1 CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DO ESTUDO DE CASO .......................................... 36

4.1.1 Descrição quanto às etapas da pesquisa ...................................................................... 37

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 38

4.2.1 Levantamento de Subsídios .......................................................................................... 39

4.2.1.1 Pesquisa Bibliográfica .................................................................................................. 39

4.2.2 Diagnóstico e Prognóstico ............................................................................................. 39

4.2.3 Matriz GUT .................................................................................................................... 40

4.2.3.1 Tabela de Verificação Para Inspeção Predial ............................................................... 40

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 42

5.1 DISCUSSÃO QUANTO À CRITICIDADE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


.................................................................................................................................................. 48

5.1.1 Criticidade das manifestações patológicas da Casa de Cultura Popular Vapor das
Artes ......................................................................................................................................... 49

5.1.2 Criticidade das manifestações patológicas da Igreja Matriz de Santa Terezinha ... 50

5.1.3 Possíveis soluções para as manifestações patológicas estudadas ............................... 52

6 CONCLUSÃO................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 56
13

1 INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, a indústria de construção civil passa por avanços tecnológicos e está
em constante evolução. Segundo Meira (2017), são realizadas inúmeras pesquisas, sejam sobre
técnicas/métodos de construção e aplicação, propriedades de um material, entre outros. Como
por exemplo os materiais de construção aplicados nas estruturas de concreto armado, na qual
pesquisadores executam testes e diversos estudos para melhorarem suas qualidades.
As construções, na engenharia e na arquitetura, são execuções de projetos elaborados
de acordo com as necessidades e exigências de cliente, respeitando normas e técnicas vigentes,
sendo as obras de maior porte destinadas à infraestrutura urbana, como metrôs, pontes, viadutos,
entre outros (BRAGA, 2006). Atualmente, a ocorrência de problemas como fissuras, manchas,
corrosões, entre outros, encontram-se em sua maioria nos edifícios, com boa parte dos casos
sendo registrados em edificações históricas. As anomalias nestes prédios apresentam um
número de casos cada vez maior e acontecem devido seu envelhecimento prematuro, que
consequentemente afeta a sua durabilidade. Essas manifestações são de certa forma, comuns e
ocorrem por diferentes motivos, entre eles: má qualidade de materiais utilizados, erros na
execução, projetos mal elaborados, mão de obra sem preparo adequado, entre outros
(FERREIRA; LOBÃO, 2018).
Como as edificações históricas recebem uma quantidade significativa quanto ao fluxo
de pessoas, havendo visitas constantes a esses locais, também por apresentarem uma cultura
construtiva antiga, bem diferentes dos projetos e execuções atuais, elas devem receber uma
atenção especial se tratando da manutenção, pois as manifestações patológicas agredirem
gradativamente esses prédios ao longo do tempo. Dessa maneira, pode-se ver que a necessidade
de inspeções e manutenções periódicas se torna cada vez maior, havendo várias formas de
estudar e classificar essas anomalias, como por exemplo o método da matriz GUT (Gravidade,
Urgência e Tendência). Desse modo, podem ser evitados possíveis problemas como também
prolongar avida útil dessas construções (VERZOLA; MARCHIORI; ARAGON, 2014).
No sentido da utilização da Matriz GUT como ferramenta de inspeção predial, há
diversos outros estudos: (KNAPP; OLIVAN, 2021; MARTINS LEITE et al, 2021; VERZOLA;
MARCHIORI; ARAGON; 2014). Desta forma, a pesquisa visa identificar, analisar e classificar
as manifestações patológicas por meio da aplicação da Matriz GUT. Por conseguinte, mostrar
possíveis causas e as devidas manutenções a serem tomadas para corrigir ou minimizar os
problemas encontrados nessas edificações históricas e assim realizar um levantamento da atual
situação desses prédios, e também demonstrar a importância da inspeção e manutenção predial.
14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo geral da pesquisa é analisar as manifestações patológicas nas edificações


históricas do município de Janduís-RN.

2.2 Objetivos específicos

zar e identificar os problemas encontrados na Igreja Matriz de Santa Terezinha e na


Casa de Cultura Popular Vapor das Artes;

matriz GUT;

visando melhorar a vida útil.


15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 PATOLOGIA NAS EDIFICAÇÕES

Na construção civil, designa-se por patologia das estruturas esse campo da engenharia,
na qual se ocupa do estudo das origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos
de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas (SOUZA; RIPPER, 1998).
Algumas vezes o termo patologia é utilizado para definir o que na verdade é chamado
de manifestação patológica. Para Silva e Jonov (2011), em termos apropriados, uma
manifestação patológica é a expressão resultante de um mecanismo de degradação, a anomalia
de fato, enquanto que a patologia é uma ciência formada por um conjunto de teorias que serve
para estudar e explicar o mecanismo e a causa da ocorrência de determinado problema
patológico.
Segundo Scheidegger e Calenzani (2019), as manifestações patológicas são alterações
causadas na estrutura da construção, como se fosse uma doença no organismo (edificação),
ocasionando a deformação e degradação dos materiais físicos ou estruturais de uma edificação.
Existem tipos diferentes de problemas relacionados aos problemas patológicos, são elas:
rachaduras, trincas, fissuras, manchas e bolores, descolamentos ou desplacamentos, rupturas,
deformações, corrosões, oxidações, entre outras mais.
O estado de uma estrutura é alterado ao longo de sua vida útil, tanto por condições de
exposição ao meio ambiente quanto pelas próprias características de projeto, de execução, de
uso e manutenção (KNAPP; OLIVAN, 2021).
Além de reduzir o desempenho das edificações quanto à durabilidade, estanqueidade,
isolamento acústico e térmico, essas manifestações patológicas desvalorizam o imóvel, alteram
a salubridade, afetam a estética da edificação, provocam constrangimento psicológico, e em
alguns casos podem apresentar riscos à sua segurança (SOUZA; RIPPER, 1998).
Para Silva e Jonov (2011), na maioria dos casos os problemas patológicos apresentam
manifestações externas características que possibilitam se ter uma noção de onde e como iniciar
o estudo do problema. Ainda segundo os autores, a identificação da origem do problema permite
definir, até para fins judiciais se necessário for, o responsável ou responsáveis por determinada
falha.
Segundo Vieira (2016), as manifestações patológicas aos quais as edificações estão
expostas podem ocorrer em qualquer etapa, considerando que a cada fase haverá um
responsável (Tabela 01).
16

Tabela 01: Origem e responsabilidade das falhas


Origem da falha Responsável pela falha
Inadequação do projeto Projetista
Execução e escolha dos materiais Construtor ou engenheiro de execução
Uso e manutenção da estrutura Usuário
Fonte: VIEIRA (2016).

As manifestações patológicas das edificações requerem atenção, pois, quando


ignoradas, tendem a se agravar e gerar outros problemas secundários. Além disso, o quanto
antes uma anomalia for detectada, haverá menos gastos e a intervenção/manutenção será mais
eficiente (TUTIKIAN; PACHECO, 2013).

3.1.1 Normas e decretos sobre inspeção, manutenção e conservação predial no Brasil

Segundo a NBR 15575-1 (ABNT, 2013), as edificações ou seus sistemas, assim como
qualquer outro produto, têm um prazo de durabilidade, o qual é chamado de vida útil. É a
capacidade que a construção tem de desempenhar adequadamente suas funções ao longo do
tempo, sob condições de uso e manutenção específica, obedecendo à sua longevidade e
resistência.
Atualmente, no Brasil ainda não existe uma norma regulamentadora sobre inspeção
predial que tenha sido aprovada na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Ainda
que se tenha a norma de desempenho das edificações NBR 15575 (ABNT, 2013), há a ausência
de uma normatização específica para tal caso. O que contribui para impactos significativos
acerca da detecção de manifestações patológicas inerentes à má execução da obra e manutenção
desses prédios.
Segundo o art. 3º do Decreto do IPHAN nº 420/2010 (IPHAN, 2010), conservação é um
conjunto de medidas preventivas destinadas a prolongar a vida útil de determinados elementos,
em especial aqueles artísticos ou históricos. Com isso, nota-se a importância em identificar e
classificar as manifestações patológicas que podem vir a surgir nas edificações, priorizando o
uso de ferramentas de gerenciamento de risco.
Diante desse cenário, é importante ter uma preocupação especial com a conservação de
edificações dotadas de valores históricos para a comunidade. Pois, tais obras possuem uma forte
carga simbólica e podem representar uma identidade da cidade, sua cultura, sendo repassada
entre gerações toda uma história local (LACAZE, 1999).
17

Quanto ao processo de investigação e resolução de uma manifestação patológica


encontrada em uma edificação, como por exemplo em um prédio histórico e importante para a
comunidade, Lichtenstein (1986) destaca que para chegar à solução de um determinado
problema patológico ou mesmo evitá-lo é necessário um diagnóstico preciso feito por um
profissional capacitado que possa identificar as anomalias e suas origens. Após essa etapa ser
esclarecida, é possível selecionar a melhor alternativa de intervenção possível para cada
problema analisado (TUTIKIAN; PACHECO, 2013).

3.1.1.1 Manifestações patológicas nas etapas de uma construção

As manifestações patológicas são, de certa forma, comuns e ocorrem devido a inúmeras


falhas ou manutenção inadequada como também pela falta dela, acontecendo por diferentes
motivos, como: má qualidade de materiais, erros na execução, projetos mal elaborados, mão de
obra sem preparo adequado, entre outros. Podendo originar uma série de erros sucessivos,
desencadeando novos problemas (FERREIRA; LOBÃO, 2018). Para solucionar tais danos às
edificações, a engenharia está em constante evolução e mostra métodos de como resolver, de
forma viável, tais prejuízos.
O surgimento de manifestações patológicas reduz expressivamente a vida útil das
edificações. A durabilidade de uma obra está diretamente relacionada com a execução de cada
uma das etapas de seu processo construtivo. Portanto, cada fase deve ser planejada e executada
corretamente para que não se dê origem às falhas construtivas que comprometem o desempenho
do empreendimento (RODRIGUES, 2013).
Segundo a NBR 15575-1 (2013), as obras têm que ter uma vida útil de no mínimo 50
anos (Tabela 02), mas em muitas vezes as edificações apresentam problemas muito antes deste
prazo devido a muitos fatores.

Tabela 02: Estruturas e sua vida útil


Vida útil de
Sistema
Projeto (anos)
Estruturas
Pisos internos
Vedação vertical externa
Vedação vertical interna
Cobertura
Hidrossanitário
Fonte: ABNT: NBR 15575-1 (2013).
18

Oliveira (2013) mostra que várias pesquisas vêm sendo realizadas sobre a origem dos
problemas patológicos nas obras de construção civil e demonstram que o número de incidências
dessas manifestações (Figura 01) na etapa de execução superou os problemas relacionados com
a fase de projetos, tornando-se a etapa que mais origina falhas futuras. Erros nos quais podem
acontecer por diversos motivos.

Figura 01: Origem das manifestações patológicas no Brasil

Fonte: SILVA; JOVOV (2011), adaptado.

Os problemas em uma edificação, provenientes das manifestações patológicas, são


progressivos e tem tendência de se agravar com o passar do tempo, isso se não passarem por
devidos reparos e manutenção adequada (KNAPP; OLIVAN, 2021).
Em algumas situações, tentar recuperar uma estrutura com manifestações patológicas é
mais difícil do que construir uma nova. Isto ocorre devido ao fato de que, dependendo do estado
em que a obra se encontra, os custos seriam muito altos e assim seria inviável realizar um
trabalho de manutenção. Também pode acontecer a situação em que a edificação já possa estar
em uso, o que vai dificultar os serviços de recuperação, pois dependendo do caso, é necessário
haver uma desocupação do ambiente para que assim ele possa passar por devidos reparos
(SACHS, 2015).
É importante descobrir de onde surgiu o problema para assim saber quais medidas de
recuperação seguir, pois o grau de uma manifestação patológica pode evoluir e
consequentemente acaba conseguindo causar outras anomalias. Um exemplo é a corrosão em
estruturas de concreto armado, que podem ser completamente comprometidas e
consequentemente pôr em risco a parte estrutural da edificação (MEIRA, 2017).
19

Quanto à algumas questões legislativas, segundo Decisão Normativa CONFEA


069/2001 (Norma Federal - Publicado no DO em 05 abril de 2001), que dispõe sobre a aplicação
de penalidades aos profissionais no caso de comprovação da existência de erro técnico por
imperícia, imprudência e negligência no exercício profissional:

Art. 1º
O profissional que se incumbir de atividades para as quais não possua
conhecimento técnico suficiente, mesmo tendo legalmente essas atribuições, quando
tal fato for constatado por meio de perícia feita por pessoa física habilitada ou pessoa
jurídica, devidamente registrada no CREA, caracterizando imperícia, deverá ser
imediatamente autuado pelo CREA respectivo, por infração ao Código de Ética
Profissional.

Art. 2º
O profissional que, mesmo podendo prever consequências negativas, é
imprevidente e pratica ato ou atos que caracterizem a imprudência, ou seja, não leva
em consideração o que acredita ser fonte de erro, deverá ser autuado pelo CREA
respectivo por infração ao Código de Ética Profissional, após constatada a falta
mediante perícia feita por pessoa física habilitada ou pessoa jurídica devidamente
registrada no CREA.

Art. 3º
Os atos negligentes do profissional perante o contratante ou terceiros,
principalmente aqueles relativos à não participação efetiva na autoria do projeto e na
execução do empreendimento, caracterizando acobertamento, deverão ser objeto de
autuação com base no disposto na alínea c do art. 6º da Lei nº 5.194, de 24 de
dezembro de 1966, com possibilidade de aplicação da penalidade de suspensão
temporária do exercício profissional, prevista no art. 74 da referida Lei, se constatada
e tipificada a ocorrência de qualquer dos casos ali descritos.

Sobre a imperícia, imprudência e negligência na etapa de execução de projetos, Geyer


e Brandão (2007), mostram dados sobre o assunto (Figura 02). A falta de manutenção, em
algumas das vezes, não é o principal fator causador de problemas patológicos nas edificações.

Figura 02: Percentagem de erros técnico

Fonte: GEYER; BRANDÃO (2007).


20

3.1.1.2 Origem das manifestações patológicas

Segundo Maia Neto, Silva e Carvalho Jr. (1999) as patologias tem sua origem conforme
descrito a seguir:

- Congênitas

São aquelas que nascem da fase de projeto, em função da não observância das Normas
Técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, resultam em falhas no detalhamento e
concepção inadequada dos revestimentos;

- Construtivas

Sua origem está relacionada à fase de execução da obra, resultante do emprego de mão-
de-obra despreparada, produtos não certificados e ausência de metodologia para assentamento
das peças;

- Adquiridas

Ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, resultam da exposição ao meio em que
estão inseridas, podem ser naturais, decorrentes da agressividade do meio, ou decorrentes da
ação antrópica, em função de manutenção inadequada ou realização de interferência incorreta
nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um processo patológico.

- Acidentais

Caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação


incomum, como a ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal, recalques e,
até mesmo incêndios.

3.2 PRINCIPAIS TIPOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Existem diferentes causas e fatores que promovem o aparecimento das manifestações


patológicas nas edificações. Segundo Gonçalves (2015), por causa dos antigos métodos ainda
21

utilizados na construção civil e pela resistência a inovações tecnológicas, podem ser percebidos
o rápido surgimento dos problemas patológicos nas edificações logo após serem construídas.
Andrade e Silva (2005) afirmam que o procedimento para a construção de uma
edificação é compreendido em quatro fases: pré-projeto, projeto, execução e o habite-se, e caso
haja erros em uma dessas etapas isso pode gerar sérios danos e insegurança devido ao
surgimento de anomalias.
Terra (2001), afirma que dentre os problemas que ocorrem com maior frequência nos
revestimentos dos ambientes externos com argamassas inorgânicas, destacam-se:

- Fissuras;
- Deslocamentos;
- Degradação do aspecto, devida a eflorescências e manchas de sujeira e vegetação
parasitária.

3.2.1 Fissuras

Uma fissura (Figura 03), na maioria dos casos, começa a surgir sem chamar muita
atenção, de forma pacífica. Aparece durante a execução do projeto arquitetônico como também
após a sua finalização, sendo um dos tipos de anomalias mais comuns que podem ocorrer,
podendo interferir na parte estética, na longevidade e nas características estruturais da
edificação. Pode ainda indicar o início de algum problema estrutural mais grave, no qual deve
ser realizada a devida intervenção. Isso se deve pelo fato de que toda fissura, ao longo do tempo,
pode originar um outro possível tipo de manifestação patológica (trinca, rachadura e fenda)
(CORSINI, 2010).
As fissuras que surgem em estruturas de concreto armado ocorrem devido a vários
processos em que se apresentam erros e podem aparecer antes ou depois do endurecimento do
concreto (SILVA, 1996). As anomalias no concreto, ainda fresco, podem ser resultado
proveniente de assentamento plástico, de retração da superfície decorrida de rápida evaporação
da água, também pela movimentação das fôrmas ou dessecação superficial, já as fissuras que
surgem no estado endurecido podem se acontecer por vários fatores, como físicos, químicos,
térmicos ou por influencias externas (MOLIN, 1988).
Para Gonçalves (2015), as fissuras podem ser classificadas como ativas ou passivas. As
ativas são aquelas que mudam suas características físicas quando há variação de temperatura
com movimentos de dilatação e contração aumentando, reduzindo assim sua espessura. Já as
22

fissuras do tipo passivas, se apresentam de forma estática, não apresentando alterações quanto
ao tamanho e espessura.

Figura 03: Fissura

Fonte: CORSINI (2010).

3.2.2 Trincas

Trincas (Figura 04), são manifestações patológicas encontradas em alvenarias, lajes,


pisos, vigas, pilares, entre outros elementos. Geralmente ocorrem devido serem submetidas a
esforços de tensões dos materiais. Caso o material sofra uma carga maior do que sua resistência,
pode ocorrer a falha que consequentemente resultará em uma abertura, e conforme a sua
espessura ser poderá assim ser classificada como fissura, trinca, rachadura, fenda ou brecha,
conforme mostrado na Tabela 3 (OLIVEIRA, 2012).

Figura 04: Trinca

Fonte: ANDRADE (s.d.).


23

Quanto a classificação por espessura das aberturas, Oliveira (2012) mostra como
diferenciar as anomalias de fissura, trinca, rachadura, fenda e brecha (Tabela 03).

Tabela 03: Classificação de espessura das aberturas


Anomalia Abertura (mm)
Fissura Até 0,5
Trinca De 0,5 a 1,5
Rachadura De 1,5 a 5,0
Fenda De 5 a 10,0
Brecha Acima de 10,0
Fonte: OLIVEIRA (2012).

Grande parte dos problemas com trincas estão diretamente relacionados com a má
execução das juntas ou até mesmo inexistência delas, se trata das juntas de dilatação térmica,
elas atuam como divisoras das peças de todos os elementos construtivos (pilares, vigas, lajes e
alvenarias) e tem a função de não permitir que a variação de temperatura cause movimentação,
evitando patologias (OLIVEIRA, 2012).

3.2.3 Rachaduras

Rachadura pode ser definido com uma falha contínua, geralmente acontece devido à
falta de resistência de um determinado material, quando submetido a esforços de tensões como
também a outras influências internas e externas. É um estado no qual uma determinada
edificação, ou parte dela, apresenta uma espessura com um tamanho considerável, que resulta
em interferências indesejáveis. Dependendo do local onde ocorre impossibilita o uso da
edificação. Conforme o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura, uma abertura
de tamanho significativo, acima de 1,5 mm, por onde podem passar luz, vento e água, é
considerada espessa, profunda e acentuada (Figura 05) (ANDRADE, s.d.).
24

Figura 05: Rachadura

Fonte: (ANDRADE, s.d.).

3.2.4 Fendas

As fendas (Figura 06), podem ser definidas como o estado em que uma edificação, ou
parte dela, apresenta uma abertura de grande espessura, podendo ocasionar acidentes. Por terem
causas, que na maioria das vezes, não são visíveis (como solapamento do subsolo), são
anomalias que podem ficar incubando por longo período e se manifestar de forma instantânea,
podendo causar problemas graves (SANTOS, 2012).

Figura 06: Fenda sobre porta

Fonte: OLIVEIRA; CALDEIRA; JÚNIOR; VIEIRA (2019).


25

3.2.5 Brechas

As brechas (Figura 07), assim como as fissuras, trincas, rachaduras e fendas, são
aberturas que se desenvolvem geralmente nas paredes. O que as diferencia das outras anomalias
com mesmas características é a espessura de seu vão. Com seu afastamento e separação das
partes sendo maior que 10 mm, (SANTOS, 2018).

Figura 07: Brecha em parede de edifício.

Fonte: Portal G1 (2022).

3.2.6 Eflorescências

A anomalia que recebe o nome de eflorescência (Figura 08), é um dano a estrutura que
prejudica a estética, o problema é ainda maior quando há o contraste de sais com outros
substratos (MENEZES; NEVES; FERREIRA, 2006). Esse tipo de manifestação patológica é
resultado da exposição do material a infiltração, água ou intempéries, e podendo, além de alterar
a aparência física, seus sais constituintes podem ser agressivos e resultar em degradação
profunda da estrutura, com possibilidade de atingir o aço e causar sérios problemas, gerando
assim outro problema que é a corrosão em estrutura de concreto armado (GRANATO, 2012).
Por meio da análise química da eflorescência, é visto que essa manifestação patológica
é formada por sais de metais alcalinos como potássio e sódio, também de alcalino-ferrosos com
magnésio e cálcio quando esses têm contato com uma solução aquosa (DIAS, 2012).
26

Figura 08: Eflorescência

Fonte: NETO (2010).

3.2.7 Infiltrações, manchas, bolor ou mofo

O problema de umidade nas edificações (Figuras 9, 10 e 11) representa um dos


problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil. Essa dificuldade se dá
devido à complexidade dos fenômenos envolvidos como também a falta de estudos e pesquisas,
fazendo com que os problemas de umidade venham a gerar desconforto e degradem as
construções muito rapidamente, tornando suas soluções onerosas (SOUZA, 2008). A Tabela 04
mostra as principais manifestações patológicas que ocorrem nas edificações por causa da
umidade.
27

Tabela 04: Infiltrações, manchas, bolores ou mofo


Infiltração (Figura 07) ocorre quando a
quantidade de água é maior e ela pode pingar,
ou até fluir resultando numa infiltração e que
Infiltrações pode surgir excesso de umidade como a água
da chuva ou por vazamentos hidráulicos,
entre outras causas.
A água, ao se infiltrar na parede, se acumula
Manhas e fica aderente no local, resultando daí uma
mancha, bolor ou mofo (Figura 08).
O termo bolor ou mofo (Figura 09), é
entendido como a colonização por diversas
populações de fungos filamentosos sobre
vários tipos de substrato, citando-se inclusive
as argamassas inorgânicas. O termo
emboloramento pode ser entendido como
uma alteração observável
Bolor ou mofo macroscopicamente na superfície de
diferentes materiais, sendo uma
consequência do desenvolvimento de
microrganismos pertencentes ao grupo dos
fungos. O desenvolvimento de fungos em
revestimentos internos ou de fachadas
causam alterações estéticas de tetos e
paredes, formando manchas escuras
indesejáveis em tonalidades preta, marrom e
verde.
Fonte: SHIRAKAWA et al. (1995).
28

Figura 09: Infiltração na parede

Fonte: (http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=36&Cod=1802).

Figura 10: Manchas

Fonte: ANDRADE (s.d.).

Figura 11: Aparência superficial de mofo

Fonte: (https://www.vivadecora.com.br/revista/como-tirar-mofo-da-parede/).
29

As anomalias causadas pela umidade devem estar vinculadas em torno de até 60% dos
problemas patológicos observados em edificações em fase de uso e operação e podem provocar
danos de caráter funcional, estrutural e estético podendo representar risco à segurança e à saúde
das pessoas (SOUZA, 2008). A umidade pode acarretar problemas relevantes e de difícil
solução, como: Prejuízos financeiros; danos em materiais e bens que existentes dentro do
imóvel; na funcionalidade da edificação; estresse e desconforto aos usuários, a umidade pode
prejudicar a saúde, como por exemplo, desenvolver doenças respiratórias (NETO, 2010).
As infiltrações são anomalias decorrentes da presença de umidade e de sua penetração
nas áreas da edificação. A água adentra pelas frestas, fissuras, falta de estanqueidade e de uma
impermeabilização adequada, danos em instalações hidráulicas, entre outros. Na Figura 12,
Pozzobon (2007) mostra a ação da umidade nas edificações.

Figura 12: Ação da umidade sobre as edificações

Fonte: POZZOBON (2007).

3.2.8 Corrosão nas armaduras das estruturas de concreto armado

A estrutura fortemente alcalina do hidróxido de cálcio (Ca (OH)2) - pH em torno de 13


- previne a corrosão da armadura no concreto por meia da formação de uma fina camada
protetora que surge em toda a extensão superficial do metal, denominada passivação. Assim, o
concreto de cobrimento confere essa proteção ao aço, agindo como um tipo de barreira,
impedindo a formação de células eletroquímicas, através da proteção química (reserva alcalina)
e da proteção física (estanqueidade), dificultando a penetração de agentes agressivos como o
30

dióxido de carbono (CO2) e reduzindo a presença de água e oxigênio, que são causadores da
ocorrência da corrosão eletroquímica (NEVILLE, 2016).
Complementando, a corrosão em estruturas de concreto armado (Figura 13 e Figura 14),
acontece quando ocorre o desplacamento do revestimento deixando a armadura exposta ao meio
externo (ambiente), ou por meio de alguma infiltração, permitindo assim que um determinado
líquido, geralmente a água, entre em contato com elas. Com isso ficam ligadas diretamente à
umidade e agentes agressivos dando início ao surgimento desse problema. Também surgem em
áreas com muitas falhas, como ninhos de concretagem que, pela alta porosidade em certos
locais, acabam por facilitar a penetração de agentes agressivos (SOUZA; RIPPER, 1998).
A corrosão das armaduras é um processo que age de sua externa para a interna,
ocorrendo troca de seção, partes isoladas, de aço rígido por ferrugem. Este é o primeiro
elemento da corrosão, ou seja, a perca de capacidade resistente da armadura por redução da área
de aço (LANER, 2001).

Figura 13: Corrosão generalizada desencadeada pela carbonatação do concreto

Fonte: MEIRA (2017), adaptado.

Figura 14: Corrosão puntiforme desencadeada pela ação dos íons cloreto

Fonte: MEIRA (2017), adaptado.


31

3.2.9 Carbonatação do concreto

Em situações em que o concreto de cobrimento é aplicado em pouca quantidade ou é de


má qualidade, o dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera age na superfície das
estruturas, podendo ocorrer uma reação denominada de carbonatação, em que há a formação de
carbonato de cálcio (CaCO3) e ocorre o desplacamento do revestimento de concreto, deixando
assim a parte interna exposta. Esse fenômeno provoca a redução do pH da solução do poro
contida na pasta de cimento, causando a despassivação, que é um tipo de camada protetora da
armadura, dando início a corrosão do aço na estrutura de concreto armado (AGUIAR, 2006).
Conforme Souza e Ripper (1998), se a carbonatação ficasse restrita somente a essa fina
faixa de passivação que fica abaixo da camada de revestimento que cobre as armaduras, poderia
ser benéfico para o concreto pois fortaleceria sua resistência química e mecânica. Porém, em
função da concentração de CO2 na carbonatação, pode atingir a armadura, quebrando o filme
óxido que a protege, dando início ao processo de corrosão.

3.2.10 Descolamentos de revestimentos e danos nas esquadrias

Segundo Medeiros (2004), os danos nas esquadrias são todas aquelas manifestações
patológicas encontradas em portas e janelas. Problemas como danos de empenamento, quebra,
mal funcionamento, deterioração, queima ou furos causados por impactos de objetos, não
somente nas janelas e portas, mas também nas partes de vidros e persianas, entre outros.

3.3 MÉTODO GUT

O método da Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) é uma ferramenta que


auxilia na manutenção e recuperação de edificações, foi desenvolvida em 1981 por Charles H.
Kepner e Benjamin B. Tregoe para definir uma ordem de priorização de resolução de problemas
de forma racional e avaliar o desempenho da construção (KNAPP; OLIVAN, 2021). Essa
adequação da área econômica para a área da engenharia civil passa pelas seguintes etapas:

Identificar as anomalias ou patologias passíveis de ocorrência nas estruturas,


associadas ao seu nexo causal;
32

Estabelecer faixas de classificação das anomalias e patologias quanto à gravidade,


urgência e tendência (GUT);

Estabelecer o indicador correspondente a um nível de desempenho do sistema;

Aplicar o conceito estabelecido em estudos de caso para verificar a compatibilidade


da proposição com a realidade;

Conferir agilidade ao processo numérico, de modo que a classificação seja automática,


por meio da programação da Matriz GUT.

A matriz GUT permite analisar a gravidade (G) ou o impacto das manifestações


patológicas nas edificações, a urgência (U) necessária para a resolver os problemas e a
tendência (T) ou apresentação de melhora ou piora do problema estudado. Esse método utiliza
três escalas (colunas de decisão) para definir uma prioridade, e através da combinação delas, é
possível fazer um diagnóstico eficaz, priorizando e orientando a tomada de decisão e a
resolução mais adequada para as anomalias, pois se nada for feito, a probabilidade é dos
problemas evoluírem negativamente com o passar do tempo (MARTINS et al., 2017).
Para aplicação dessa matriz, é necessário que cada manifestação patológica a ser
analisada receba uma nota de 1 a 5, sendo 1 o menos grave e o 5 o mais grave, em cada uma
das características estudadas: gravidade, urgência e tendência. Os pontos da escala GUT
atribuídos a cada problema são multiplicados, dando origem a um valor resultante para cada
problema. Desta forma, as decisões tomadas, quanto a manutenção e recuperação, podem ser
guiadas segundo os valores máximos do produto dos cálculos obtidos (BEZERRA et al, 2012).
A Tabela 05 a seguir apresenta as escalas apresentadas pelo método GUT.

Tabela 05: Pontuação GUT


PONTOS GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA
Consequência se nada for Prazo para a tomada Proporção do problema
feito de decisão no futuro
1 Sem gravidade Não há pressa Não vai piorar
2 Pouco graves Pode esperar um pouco Vai piorar a longo prazo
3 Graves O mais cedo possível Vai piorar a médio prazo
4 Muito Graves Com alguma urgência Vai piorar a curto prazo
5 Prejuízos extremamente Necessária ação Agravamento imediato, se
Graves imediata nada for feito
Fonte: OLIVEIRA (2008), adaptado.
33

Quanto a aplicação do método GUT, é necessário a elaboração preenchimento de


planilhas para que se possa organizar matriz com os dados obtidos, a qual indicará a lista de
prioridades para intervenções conforme mostrado na Tabela 06.

Tabela 06: Planilha de aplicação do método GUT


Manifestação Gravidade Urgência Tendência Pontuação Prioridade
Patológica (G) (U) (T) GxUxT
... ...
Fonte: VERZOLA, MARCHIORI e ARAGON (2014), adaptado.

3.4 Caracterização do município de Janduís-RN

O município está localizado na microrregião do Médio Oeste do estado do Rio Grande


do Norte. Possui uma área territorial de 305 km2 e com população de 5.304 mil habitantes.
Situa-se a distância de 286 km da capital estadual, Natal. Tem como limites ao norte Caraúbas,
ao leste Campo Grande, ao sul e parte do oeste Messias Targino e Patu, respectivamente. O Rio
Grande do Norte é um estado situado na região Nordeste do Brasil (IBGE, 2010).
Janduís, no fim do século XIX, era um vilarejo denominado São Bento Velho. Sua
principal atividade econômica era o cultivo do algodão. Próximo do cruzamento de vários
caminhos para localidades importantes do Rio Grande do Norte e Paraíba, a fazenda de Vicente
Gurgel do Amaral destacava-se dentre as outras da localidade. Com a morte do proprietário das
terras, a administração passou para um de seus onze filhos, Canuto Gurgel do Amaral,
considerado o fundador de Janduís.
Em 1938, em homenagem ao ditador Getúlio Vargas, São Bento Velho recebeu o nome
de "Distrito Getúlio Vargas". Apenas em 1943, passou a ser chamado de Janduís (Figura 15),
em homenagem aos antigos índios da região. Desmembrou-se do município de Caraúbas em
1962, sendo assim oficialmente emancipada através da lei 2 746, de 7 de maio de 1962, tendo
sido instalada em 12 de junho de 1962, data essa na qual é comemorado a sua emancipação
política (P.M.J., 2022).
34

Figura 15: Localização do município de Janduís

Fonte: IBGE (2010). Adaptado.

3.4.1 Local do objeto de estudo

Dentre as edificações no município de Janduís, duas foram escolhidas para serem


estudadas, a Casa de Cultura Popular Vapor das Artes e Igreja Matriz de Santa de Terezinha.
Essas obras são edifícios antigos como também possuem um grande valor histórico cultural
para a comunidade local, assim sendo importante haver manutenções periódicas para garantir a
preservação dessas construções.

3.4.1.1 Casa de Cultura Popular Vapor das Artes

A edificação onde atualmente funciona a Casa de Cultura Popular Vapor das Artes, está
localizada na Rua Miguel Véras Saldanha, no Bairro 12 de Junho. Foi construída na década de
1960 de acordo com moradores e historiadores da cidade. Nos primeiros anos após sua
construção, funcionou no prédio uma fábrica de sabão gerando empego e renda, ajudando assim
muitas famílias da época, pois o município passava por uma grande estiagem e era um momento
difícil para a população, já que boa parte dela obtinha sua renda através da produção de algodão.
Esse local já foi sede da Delegacia de Polícia Militar como também foi uma unidade escolar
infantil, o Jardim Escola Municipal Tia Alice.
35

Entre outras funcionalidades, atualmente no prédio funciona a Casa de Cultura do


município (Figura 16), essa na qual serve de sede para ensaios e palco para apresentações de
diferentes grupos e segmentos culturais, inclusive a banda de música municipal Filarmônica 12
de Junho - patrimônio cultural do município - que realiza suas atividades nesse espaço.

Figura 16: Casa de Cultura Popular Vapor das Artes em Janduís-RN

Fonte: Autoria própria (2022).

3.4.1.2 Igreja Matriz de Santa Terezinha

A Igreja (Figura 17) está localizada no centro da cidade de Janduís, em frente a praça
de Santa Terezinha, na Rua Walfredo Gurgel. Foi construída no início do Séc. XX, mais
precisamente em 1912, de acordo com moradores e historiadores da cidade. A sua fachada
principal sofreu algumas alterações com o passar dos anos, como a sua torre, que só veio a ser
construída por volta da década de 1940. O fazendeiro Canuto Gurgel, em pagamento a uma
promessa feita a São Bento, construiu a edificação. São Bento era bastante popular na região,
mas com um crescente número de devotos em todas as regiões de Janduís, Santa Teresinha
tornou-se a padroeira oficial do município e assim a Igreja recebeu o seu nome.

Figura 17: Igreja de Santa Terezinha em Janduís-RN

Fonte: Autoria própria (2022).


36

4 METODOLOGIA

4.1 CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DO ESTUDO DE CASO

Para Prodanov (2013), metodologia é uma espécie de regulamento que consiste em


estudar, compreender e avaliar diferentes métodos disponíveis para que seja feira uma pesquisa
acadêmica. Em um nível aplicado, examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa
que possibilitam a coleta e o processamento de informações, no objetivo de encaminhar à
resolução de problemas e/ou questões de investigação.
É solicitada a pesquisa quando não se tem informação suficiente para responder ao
problema, ou ainda quando a informação acessível se encontra, de certa forma, desorganizada
e assim não possa ser relacionada adequadamente a situação estudada (GIL, 2002).
Segundo Fontelles et al. (2009), quando se deseja realizar uma pesquisa, há uma
sequência correta de raciocínio a seguir, que é: primeiro se deve escolher, entre os vários tipos
de pesquisa (Tabela 07), aquele que se enquadra melhor na problemática a ser estudada e que
melhor atenda aos seus objetivos; o segundo passo é definir o melhor planejamento a ser
seguido, para que assim, as metas possam ser alcançadas.

Tabela 07: Tipos de pesquisa conforme sua classificação


Classificação Tipos de pesquisa
Quanto à finalidade

Quanto à natureza

Quanto à forma de abordagem

Quando aos objetivos

Quanto aos procedimentos técnicos

Quanto ao desenvolvimento no tempo

Fonte: FONTELLES et al. (2009).


37

Neste estudo de caso a pesquisa se caracteriza, quanto a sua finalidade, como sendo do
tipo aplicada, a forma de abordagem compete a uma pesquisa do tipo qualitativa. Quanto aos
objetivos, possui caráter descritivo e explorativo. Quanto aos procedimentos técnicos, se
enquadra como uma pesquisa bibliográfica.
Quanto a natureza da pesquisa se enquadra como aplicada, porque por meio dos
conhecimentos obtidos ao se estudar as manifestações patológicas, foi possível haver uma
aplicação prática na qual era direcionada para a solução de problemas patológicos encontrados
nas edificações. De acordo com Fontelles et al (2009), pesquisa aplicada é aquela cujo objetivo
é produzir conhecimentos científicos e permitir uma aplicação prática onde o foco seja
solucionar problemas concretos.
Com relação a sua abordagem, a pesquisa se classifica como sendo do tipo qualitativa,
visto que são aplicados métodos que qualificam as anomalias encontradas nas edificações
estudadas.
Com respeito aos objetivos, se trata de uma pesquisa de caráter exploratório devido
serem empregados métodos de inspeção visual dos problemas patológicas estudados. O
trabalho também tem cunho descritivo, visto que há uma descrição das características das
manifestações patológicas presentes nas obras. Para Fontelles et al (2009), uma pesquisa
descritiva é aquela que se propõe somente a observar, registrar e descrever as particularidades
de um determinado fenômeno verificado em uma amostra ou numa população inteira.
Quanto aos procedimentos técnicos, foi usada a pesquisa bibliográfica, para que se
tivesse bom embasamento de conteúdo. Para isso, foi indispensável que houvesse o estudo de
diferentes materiais como livros, dissertações, teses e outros trabalhos já existentes sobre o tema
desta pesquisa.

4.1.1 Descrição quanto às etapas da pesquisa

Para o desenvolvimento da presente pesquisa, foi realizado um estudo de caso em duas


edificações históricas na cidade de Janduís-RN. Foram feitas quatro visitas, duas em cada uma
das edificações estudadas, para que se pudesse ser feito o levantamento e relação das
informações fundamentais e suficientes para compreensão dos fenômenos patológicos
identificados. Por meio de alguns métodos, como a inspeção visual e utilização de câmera
fotográfica, foi feita a identificação e classificação das manifestações patológicas encontradas
nas edificações. Com isso foi possível constatar, visivelmente, falhas e danos existentes nas
38

construções, como fissuras, rachaduras, eflorescências, manchas e mofo, infiltrações,


descolamento de revestimento, entre outros problemas.
Por último, foi feita uma análise de todas as informações obtidas de cada uma das
anomalias identificadas nos prédios históricos, para atribuir possíveis diagnósticos e propor
medidas para corrigir esses problemas encontrados nas construções.
Para que se fosse possível obter uma ordem de priorização de resolução de cada
problema patológico e propor possíveis diagnósticos, dependentemente do estado em que se
encontrava cada anomalia identificada, foi utilizado o método da Matriz GUT.

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho apresentou um estudo realizado para identificar e analisar as


manifestações patológicas encontradas em edificações históricas na cidade de Janduís, interior
do estado do Rio Grande do Norte. Foram investigadas as possíveis causas e a criticidade das
manifestações patológicas por meio do uso da ferramenta matriz GUT. Assim sendo, todo o
processo dividiu-se em três etapas para que se pudesse chegar ao objetivo final da pesquisa
(Figura 18): Inspeção predial, Diagnóstico e Prognóstico, Matriz GUT.

Figura 18: Procedimentos das etapas da pesquisa

Fonte: Autoria própria (2022).


39

4.2.1 Levantamento de Subsídios

Nesta parte da pesquisa, para que se pudesse ser realizado um levantamento de


subsídios, foram feitas 4 visitas nas edificações estudadas, sendo duas em cada uma delas,
anotações de cada manifestação patológica encontrada na Casa de Cultura e na Igreja. Foi feita
a identificação de cada uma como também registros fotográficos de todas elas, para que assim
fosse elaborado um diagnóstico bem detalhado das anomalias.

4.2.1.1 Pesquisa Bibliográfica

É muito importante que seja realizada uma pesquisa bibliográfica, com ela é possível se
obter um maior conhecimento sobre os tipos de manifestações patológicas e suas causas e
soluções. Pode-se realizar uma investigação sobre a origem, sintomas e possíveis causas das
anomalias. Também nos permite ver a importância das inspeções e manutenções nas obras, para
elas tenham uma maior durabilidade e longevidade.
Como fontes de pesquisa, para que se obtivesse um melhor embasamento da pesquisa,
foram utilizados: livros, registros locais sobre a histórica das edificações estudadas, revistas e
artigos científicos, projetos de pesquisa na área, dissertações, teses e normas técnicas da ABNT

4.2.2 Diagnóstico e Prognóstico

É compreendido nessa etapa a elaboração do diagnóstico, decorrido de um prognóstico.


Por meio da pesquisa e análise de dados coletados na fase anterior, de levantamento de
subsídios, foi feito o diagnóstico. Nesse estudo de caso, foi analisado as causas que originaram
as manifestações patológicas encontradas nas edificações, como o efeito de cada uma e os
possíveis danos.
Portanto, seguinte à avaliação dos dados coletados no levantamento de subsídios, por
meio de interpretações baseadas no diagnóstico foi feito o prognóstico. Assim sendo, tornou-se
possível mostrar hipóteses sobre as possíveis causas como também avaliar se seria viável
realizar as devidas manutenções.
40

4.2.3 Matriz GUT

Foi utilizado o método da Matriz GUT, que leva em consideração a gravidade, a


urgência e a tendência dos problemas estudados, para que se fosse possível obter uma ordem
de priorização das manifestações patológicas encontradas nas edificações. Assim, foi possível
indicar quais anomalias deveriam primeiramente, com relação as demais, receber uma
intervenção.
A utilização dessa ferramenta foi muito importante para que se houvesse um melhor
entendimento, qualificação e quantificação dos resultados. Por meio dessa pesquisa, técnicas e
procedimentos, foi possível analisar a presença das manifestações patológicas nas edificações
históricas e seus diferentes níveis de criticidade.

4.2.3.1 Tabela de Verificação Para Inspeção Predial

Para que fosse utilizada a Matriz GUT, foi feita uma tabela de verificação para inspeção
predial. A organização se deu com base como mostrado na Tabela 8, com a primeira coluna
sendo dividida em três colunas menores, a primeira para enumerar, a segunda para o registro e
a terceira para a descrição das anomalias.
As demais colunas são utilizadas para a introdução do método GUT, sendo classificado
a gravidade (G), urgência (G) e a tendência (T), e a pontuação final de cada problema (P). Para
cada grau da GUT, deve ser determinado uma nota relacionada, como também para pontuação
final P, que é o produto da multiplicação dos pontos atribuídos a cada manifestação patológica.
O processo de aplicação das notas foi feito conforme descrito na Tabela 6 do tópico
Referencial Teórico.
A última coluna mostra a definição do grau de prioridade P das manifestações
patológicas. Portanto, os problemas que devem ser priorizados inicialmente são aqueles que
apresentam um resultado final com maior valor, pois estes que são mais graves, urgentes e tem
uma maior tendência a piorar.
Em outras palavras, a última coluna define os níveis das manifestações patológicas,
quanto ao grau de criticidade, tomando como base a priorização dos problemas por meio da
aplicação da matriz GUT.
Desse modo, a matriz GUT foi produzida conforme demonstrado na Tabela 08.
41

Tabela 08: Modelo da Matriz GUT

Manifestação Gravidade Urgência Tendência Pontuação


Patológica (G) (U) (T) P=GxUxT
ITEM REGISTRO DESCRIÇÃO

Fonte: Autoria própria (2022).


42

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir são apresentados os resultados, obtidos nas vistorias realizadas na Casa de


Cultura Popular Vapor das Artes e na Igreja Matriz de Santa de Terezinha. Foram listadas e
caracterizadas as manifestações patológicas identificadas e registradas na Casa de Cultura
(Tabela 09). Igualmente foi elaborado para a Igreja de Santa Terezinha (Tabela 10).
As tabelas, na qual são aplicadas o método da Matriz GUT, esclarecem de forma
simplificada quanto ao nível de prioridade das manifestações patológicas de acordo com a
criticidade de cada uma. A partir disso, apresenta a necessidade em se tomar devidos cuidados
e realizar manutenções a fim de prolongar a qualidade e vida útil das edificações históricas
estudadas.

Tabela 09: Aplicação da Matriz GUT na Casa de Cultura Popular Vapor das Artes

Manifestações Patológicas G U T P

ITEM REGISTRO DESCRIÇÃO

1 Fissura 4 3 3 36
43

2 Manchas/Bolor 3 3 3 27

3 Fissura 4 3 3 36

4
Eflorescência 3 3 3 27
44

5 Rachadura 5 4 3 60

Desplacamento
do 3 2 3 18
6 Revestimento
45

Mancha/Bolor 2 3 3 18
7

Corrosão na
armadura 5 4 4 80
8 exposta

Fonte: Autoria própria (2022).


46

Tabela 10: Aplicação da Matriz GUT na Igreja Matriz de Santa Terezinha

Manifestação Patológica G U T P

ITEM REGISTRO DESCRIÇÃO

1 Eflorescência 3 4 4 48

2 Fissura 4 3 3 36
47

Desplacamento
do 3 3 2 18
3
Revestimento

4 Eflorescência 3 3 3 27

Fissura 4 3 3 36
5
48

Desplacamento
do 3 2 3 18
6 Revestimento

Desplacamento
do 3 2 3 18
7 Revestimento

Fonte: Autoria própria (2022).

5.1 DISCUSSÃO QUANTO À CRITICIDADE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

O grau de criticidade das anomalias aponta de forma direta sob quais riscos e danos
uma edificação pode estar. Quanto mais avançada a manifestação patológica, mais grave ela
será. Ou seja, quanto mais acentuado e intenso for o problema, mais crítico ele passará a ser.
Os fatores que devem ser observados para que se possa determinar uma ordem de prioridade
entre esses problemas nos prédios são a gravidade, a urgência na qual se deva ser realizada uma
49

intervenção e a tendência em piorar ainda mais, como também a pontuação final P da tabela da
Matriz GUT.

5.1.1 Criticidade das manifestações patológicas da Casa de Cultura Popular Vapor das
Artes

A Tabela 11 mostra as pontuações e as classificações das manifestações patológicas


encontradas na Casa de Cultura Popular Vapor das Artes. A ordem de criticidade e necessidade
de reparo está definida em uma ordem decrescente, sendo o 1° o problema mais crítico e o 8° o
menos crítico. A classificação está indicada na última coluna, essa na qual foi gerada de acordo
com os dados obtidos sobre a gravidade, urgência e tendência.

Tabela 11: Classificação do grau de criticidade das manifestações patológicas encontradas na Casa de Cultura
Popular Vapor das Artes

Manifestação Nível de
ITEM G U T P
Patológica Criticidade
Corrosão na armadura
8 5 4 4 80 1º
exposta
5 Rachadura 5 4 3 60 2º
1 Fissura 4 3 3 36 3º
3 Fissura 4 3 3 36 4º
2 Mancha/Bolor 3 3 3 27 5º
4 Eflorescência 3 3 3 27 6º
6 Desplacamento do 3 2 3 18 7º
Revestimento
7 Mancha/Bolor 2 3 3 18 8º
Fonte: Autoria própria (2022).

Na Casa de Cultura Popular Vapor das Artes, a corrosão na amadura exposta (item 8)
foi o problema patológico que apresentou o maior grau de criticidade, conforme a Matriz GUT.
Esse tipo de manifestação acontece quando há uma redução ou perca do revestimento que cobre
a armadura, propiciando assim a corrosão e expansão do metal, movimentando a camada que a
protege, portanto, ficando exposta ao ambiente externo e dando início a uma reação
eletroquímica de óxido-redução na qual vai se desenvolvendo por toda a superfície da armadura
e diminuindo sua resistência aos esforços (MEIRA, 2017).
50

Dando continuidade, aparece a rachadura e as fissuras (itens 5, 1 e 3). Essas


manifestações patológicas podem ter surgidas devido a retração da alvenaria causada por
deformação térmica, espessura exagerada das camadas de revestimento, não cumprimento ao
intervalo de tempo de secagem entre camadas, entre outros fatores. Em construções de
alvenaria, pode haver uma diferença de expansão entre fiadas de tijolos, podendo assim ocorrer
o aparecimento de fissuras nas paredes e ao longo do tempo podem evoluir, atingindo o grau
de rachaduras e fendas (GONÇALVES, 2015).
Logo após, aparecem manchas e eflorescência (itens 2 e 4). As manchas se deram por
causa do excesso de umidade e infiltração da água das chuvas. Enquanto que a eflorescência
deve ter surgido devido a uma infiltração causada por vazamento na instalação hidráulica que
passa por aquela parede A umidade presente nas edificações, quando descontrolada ou em
limites inadequados, pode figurar como um dos mais comuns agentes de deterioração, bem
como da saúde de seus ocupantes e usuários (NETO, 2010).
Posteriormente, aparece o desplacamento do revestimento (item 6), esse no qual pode
ter se manifestado devido a uma infiltração causada pela chuva ou por variações de
temperaturas, havendo assim perca de aderência na camada do revestimento (PINTO, 2013).
Por último, aparece mais uma mancha ou bolor (item 7). Essa mancha no forro de gesso
se deu por excesso de umidade devido a infiltrações na cobertura, acarretando assim o
surgimento desse problema.

5.1.2 Criticidade das manifestações patológicas da Igreja Matriz de Santa Terezinha

A Tabela 12 mostra as pontuações e as classificações das manifestações patológicas


encontras na Igreja Matriz de Santa Terezinha. Assim como na Tabela 11, a ordem de
criticidade e necessidade de reparo está em ordem decrescente, sendo o 1º o problema mais
crítico e o 7º o menos crítico. A classificação também está indicada na última coluna, essa na
qual foi gerada de acordo com os dados obtidos sobre a gravidade, urgência e tendência.
51

Tabela 12: Classificação do grau de criticidade das manifestações patológicas encontradas na Igreja Matriz de
Santa Terezinha

Manifestação Nível de
ITEM G U T P
Patológica Criticidade
1 Eflorescência 3 4 4 48 1º
2 Fissura 4 3 3 36 2º
5 Fissura 4 3 3 36 3º
4 Eflorescência 3 3 3 27 4º
Desplacamento do
3 3 3 2 18 5º
Revestimento
6 Desplacamento do 3 2 3 18 6º
Revestimento
7 Desplacamento do 3 2 3 18 7º
Revestimento
Fonte: Autoria própria (2022).

Na Igreja Matriz de Santa Terezinha, a eflorescência (item 1) foi a manifestação


patológica que apresentou o maior grau de criticidade. Ele ocorreu, principalmente, devido a
um vazamento na instalação hidráulica que passa pela parede, como também por excesso de
umidade pela água das chuvas (GRANATO, 2012).
Posteriormente, aparecem as fissuras (itens 2 e 5). Assim como na Casa de Cultura,
essas manifestações patológicas podem ter surgidas devido alguns fatores como espessura
exagerada das camadas de revestimento, retração da alvenaria causada por deformação térmica,
entre outros fatores. Esse problema deve receber uma atenção especial, com relação às outras
anomalias, pois pode ser o indicio de uma manifestação mais grave como trincas, rachaduras e
fendas (CORSINI, 2010).
Logo após, aparece mais uma eflorescência (item 4). Esse problema deve ter ocorrido
pelo excesso de umidade por infiltração na cobertura (GRANATO, 2012). Complementando,
segundo Souza (2008), tais problemas provenientes do excesso de umidade, quando ocorrem
nas edificações, trazem com si um grande incômodo e conseguem rapidamente degradar o
prédio, e ainda por cima é necessário se tomar medidas de correção com um custo
consideravelmente elevados, como também afetam a parte estética da obra.
Por fim, aparecem os desplacamentos de revestimentos (itens 3, 6 e 7). Essa foi a
manifestação patológica com maior incidência. A ocorrência desse problema se deu,
provavelmente, pelo excesso de umidade proveniente da água das chuvas nos pilares da fachada
principal e por infiltrações nas paredes, um por vazamento na cobertura e outro na instalação
hidráulica que passa pela parede (PEREIRA, 2007).
52

5.1.3 Possíveis soluções para as manifestações patológicas estudadas

Um prédio, ou outro objeto, tem uma vida útil, uma durabilidade natural de acordo com
as características dos materiais utilizados em sua construção, estando sujeito a desgastes
causados por diferentes motivos, como pela exposição ao ambiente ou simplesmente pelo o seu
uso. Tendo conhecimento das causas das manifestações patológicas é possível sugerir ações
corretivas adequadas, como exemplo as fissuras, rachaduras, fendas e brechas que surgem
devido ao deslocamento/movimentação de elementos da edificação, ou as manchas,
eflorescências, corrosões e desplacamentos que surgem devido ao excesso de umidade, muitas
vezes causadas por infiltrações. Com isso, percebe-se a importância de se realizar uma
manutenção predial adequada, afim de prolongar a longevidade dessas estruturas (DEL MAR,
2007).
Após ser realizada a identificação e a classificação das manifestações patológicas
encontradas nas edificações estudadas, com base em informações obtidas de alguns
profissionais da área da construção civil, foram sugeridas as devidas intervenções a serem
tomadas para corrigir tais problemas (Tabela 13 e Tabela 14).
A Tabela 13 mostra possíveis intervenções a serem tomadas para resolver os problemas,
adequadas aos diferentes tipos de manifestações patológicas encontradas na Casa de Cultura
Popular Vapor das Artes.

Tabela 13: Possíveis soluções das manifestações patológicas da Casa de Cultura

Manifestação Nível de
ITEM Possíveis Soluções
Patológica Criticidade
Corrosão na 1) Lixar a armadura com escova de aço;
8 armadura 1º 2) Aplicar uma camada de inibidor de corrosão;
exposta 3) Revestir a armadura com concreto.
1) Aplicar selante acrílico em toda a rachadura,
5 Rachadura 2º posteriormente realizar aplicação de
impermeabilizante e telas de poliéster.
1) Verificar a passividade da fissura;
2) Se estiver passiva, escarificar meia espessura da
parede e reparar o revestimento;
1 Fissura 3º
3) Se estiver ativa, deve-se usar um material que
deforme, para assim acompanhar a dilatação e
movimentação da estrutura.
53

1) Verificar a passividade da fissura


2) Se estiver passiva, escarificar meia espessura da
parede reparar o revestimento;
3 Fissura 4º 3) Se estiver ativa, deve-se usar um material que
deforme, para assim acompanhar a dilatação e
movimentação da estrutura.
1) Lixar a parede e remover a tinta antiga;
2 Mancha/Bolor 5º 2) Aplicar fundo preparador de parede;
3) Repintar a superfície.
1) Corrigir possível local de vazamento na parede;
4 Eflorescência 6º lixar e repintar a parede danificada.

Desplacamento 1) Fazer limpeza superficial e excluir todas as


do partículas sólidas soltas;
6 7º
Revestimento 2) Aplicar fundo preparador de parede;
3) Repintar a superfície.
1) Corrigir possível local de vazamento na
cobertura;
7 Mancha/Bolor 8º
2) Trocar parte danificada do forro de gesso ou
lixar e dar uma demão de gesso diluído.
Fonte: Autoria própria (2022).

A Tabela 14 mostra possíveis intervenções a serem tomadas, adequadas aos diferentes


tipos de manifestações patológicas encontradas na Igreja Matriz de Santa Terezinha.

Tabela 14: Possíveis soluções das manifestações patológicas da Igreja Matriz

Manifestação Nível de
ITEM Possíveis Soluções
Patológica Criticidade
1) Corrigir possível local de infiltração na parede;
2) Lixar a parede danificada e aplicar preparador;
1 Eflorescência 1º 3) Repintar a parede.
1) Verificar a passividade da fissura
2) Se estiver passiva, escarificar meia espessura da
parede e reparar o revestimento;
2 Fissura 2º
3) Se estiver ativa, deve-se usar um material que
deforme, para assim acompanhar a dilatação e
movimentação da estrutura.
1) Verificar a passividade da fissura
2) Se estiver passiva, escarificar meia espessura da
parede e reparar o revestimento;
5 Fissura 3º
3) Se estiver ativa, deve-se usar um material que
deforme, para assim acompanhar a dilatação e
movimentação da estrutura.
54

1) Corrigir possível local de vazamento na


cobertura;
4 Eflorescência 4º 2) Lixar a parte danificada e aplicar preparador;
3) Repintar a parede.
1) Fazer limpeza superficial e excluir todas as
Desplacamento
do partículas sólidas soltas;
3 5º
Revestimento 2) Aplicar fundo preparador de parede;
3) Repintar a superfície.
1) Fazer limpeza superficial e excluir todas as
Desplacamento
do partículas sólidas soltas;
6 6º
Revestimento 2) Aplicar fundo preparador de parede;
3) Repintar a superfície.
1) Fazer limpeza superficial e excluir todas as
Desplacamento
do partículas sólidas soltas;
7 7º
Revestimento 2) Aplicar fundo preparador de parede;
3) Repintar a superfície.
Fonte: Autoria própria (2022).

O conceito de manutenção civil (reparo nas obras) implica numa clara identificação das
condicionantes do meio ambiente local, das características de projeto, de execução, dos
materiais e da operação, de forma a sugerir, ainda na fase de implantação, providências de
projeto que venham a minimizar e facilitar as ações da manutenção ao longo da vida útil da
obra e que se possa evitar certos acidentes. Nos casos em que essas ações não puderem ser
feitas, cabe à manutenção a ação corretiva no sentido de eliminar, reduzir ou minimizar os
processos de deterioração das edificações (KNAPP; OLIVAN, 2021).
Desse modo, foi sugerido os devidos reparos que devem ser aplicados de acordo com os
tipos de manifestações patológicas encontradas nas edificações estudadas.
55

6 CONCLUSÃO

Esse estudo de caso mostrou, de forma prática e simples, como é possível realizar uma
inspeção predial identificando, analisando e classificando as manifestações patológicas
encontradas na Casa de Cultura Popular Vapor das Artes e na Igreja Matriz de Santa Terezinha,
que são edificações históricas do município de Janduís-RN. Sendo utilizada como ferramenta a
aplicação da metodologia da matriz GUT, tornando possível diagnosticar a situação dos objetos
em estudo e ao final elaborar uma lista de devidas sugestões para as anomalias estudadas, afim
de garantir a segurança, durabilidade e vida útil desses prédios.
Na Casa de Cultura Popular Vapor das Artes, o problema classificado como mais crítico
foi a corrosão na estrutura de concreto armado, enfraquecendo assim uma parte estrutural do
prédio, deixando-a vulnerável a degradação. Fissuras, desplacamentos e problemas devido ao
excesso de umidade (manchas e eflorescências), estão presentes em várias partes da obra, tanto
na parte interna como na externa, afetando não somente suas propriedades, mas também a sua
estética. As manifestações patológicas estudadas foram ocasionadas, em parte, por causa da
falta de realização de manutenções periódicas. Por exemplo, o caso da mancha no forro de gesso
que se deu devido a uma infiltração na cobertura e que poderia facilmente ser evitada.
Na Igreja Matriz de Santa Terezinha, o problema mais crítico é uma eflorescência que
está bem acentuada e necessita de uma manutenção com custo mais elevado com relação as
demais anomalias, localiza-se em uma das laterais da edificação e abaixo de uma janela. Há um
excesso de umidade no interior da parede por causa de um vazamento na instalação hidráulica,
sendo assim, seria necessário primeiramente quebrar parte dessa parede para ter acesso a
tubulação e corrigir a causa dessa manifestação patológica. No prédio ainda estão presentes
muitas fissuras que podem ter surgido devido retração da alvenaria por variações de temperatura
ou outros fatores, muitos desplacamentos que também ocorreram pelo excesso de umidade, em
alguns casos pela água da chuva, como é caso dos pilares da fachada principal.
Esse trabalho mostra como as manifestações patológicas, levando em conta alguns
fatores, podem ser analisadas e classificadas de forma minuciosa por meio da utilização de
algumas ferramentas, nesse caso foi utilizada como instrumento principal a matriz GUT, mas
alguma outra metodologia também poderia ser aplicada. A partir dessa pesquisa, futuramente,
pode ser realizado um estudo para elaborar um plano de manutenção e reparo periódico para os
problemas encontrados, assim preservando e prolongando a vida útil dessas edificações
históricas.
56

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