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Apostila de Redação
Apostila de Redação
Olá estudante,
Você está recebendo um material complementar que será utilizado em sala de aula e nas
atividades para casa. Aproveite e se empenhe na busca constante pela melhora da escrita, pois
com esforço e dedicação as dificuldades serão superadas.
Escrever uma redação para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) requer uma abordagem
estruturada e cuidadosa. Aqui está um guia passo a passo para ajudá-lo a escrever uma redação
sólida:
Leia atentamente a proposta de redação: Comece lendo cuidadosamente o tema proposto,
destacando as palavras-chave e compreendendo o que é esperado de você. Analise todas as
instruções e reflita sobre o assunto em questão.
Faça um planejamento: Dedique alguns minutos para planejar sua redação. Defina sua tese ou
ponto de vista principal e identifique os argumentos que irá apresentar para sustentá-lo. Organize
essas ideias em um esquema ou em tópicos para criar uma estrutura coerente para o texto.
Escreva a introdução: A introdução deve capturar a atenção do leitor e apresentar o tema.
Comece com uma frase impactante, um dado estatístico relevante ou uma pergunta provocativa.
Em seguida, apresente sua tese de forma clara e objetiva. Lembre-se de que a introdução deve
ser breve e direta ao ponto.
Desenvolva os argumentos: No corpo do texto, desenvolva os argumentos que você planejou
previamente. Cada parágrafo deve trazer um argumento principal, seguido de exemplos,
evidências ou dados que o sustentem. Mantenha cada parágrafo focado em um único ponto e
faça uma transição suave entre eles.
Cite fontes confiáveis: Para reforçar seus argumentos, utilize exemplos, estatísticas, citações ou
referências a especialistas confiáveis. Isso demonstra embasamento e fortalece sua
argumentação. Certifique-se de citar corretamente as fontes utilizadas, seguindo as normas de
referências bibliográficas.
Apresente diferentes perspectivas: Mostre que você é capaz de analisar um tema de maneira
abrangente e crítica. Apresente diferentes perspectivas relacionadas ao assunto e discuta seus
prós e contras. Isso demonstra uma visão equilibrada e reflexiva sobre o tema.
Conclusão: Na conclusão, reforce sua tese e recapitule os principais pontos abordados ao longo
do texto. Procure oferecer uma síntese final que resuma as ideias de forma clara e objetiva. Evite
trazer novos argumentos nesta parte do texto.
Revise e corrija: Após escrever a redação, revise cuidadosamente o texto em busca de erros de
gramática, ortografia ou pontuação. Verifique também a clareza e a fluidez do texto, fazendo
ajustes, se necessário. Se possível, peça a alguém para ler sua redação e fornecer feedback.
Lembre-se de que a redação do ENEM deve ter um mínimo de 7 linhas e um máximo de 30
linhas. Respeite o limite estabelecido para evitar descontos na pontuação.
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Pratique a escrita de redações regularmente para aprimorar suas habilidades. Leia redações de
anos anteriores do ENEM e estude os critérios de avaliação para entender melhor o que é
esperado. Boa sorte!
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2. Desenvolvimento
Na estrutura da redação Enem, os próximos dois ou três parágrafos do seu texto devem ser
dedicados ao desenvolvimento dos seus argumentos, com cerca de 7 linhas para cada.
Os parágrafos de desenvolvimento são aqueles onde você apresenta os argumentos que
defendem a sua tese, com o objetivo de convencer o leitor a respeito do seu posicionamento.
Mas lembre-se: vale mais a pena desenvolver bem um argumento por parágrafo do que expor
vários argumentos sem desenvolvê-los.
1) Tópico frasal
O tópico frasal é responsável por introduzir a ideia central de um parágrafo. Da mesma forma que
o seu texto deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão, os parágrafos devem
apresentar início, meio e fim. Nesse sentido, as ideias secundárias devem ser desenvolvidas a
partir do tópico frasal.
2) Desenvolvimento dos argumentos
Depois de estabelecida a ideia central do seu parágrafo, é hora de desenvolvê-la
com argumentos sólidos e verídicos que comprovem a sua tese.
Por se tratar de um texto dissertativo-argumentativo, você não deve apenas expor informações,
mas analisá-las de forma crítica para convencer o leitor sobre elas e mostrar que você tem
autoridade sobre aquilo que está abordando.
3) Conectar as ideias
Então, já que cada parágrafo deve ter a sua conclusão, você deve finalizá-lo conectando as ideias
e mostrando o sentido delas terem sido discutidas.
3. Conclusão
Por fim, a conclusão é o parágrafo que finaliza a estrutura da redação Enem e deve conter,
aproximadamente, 5-7 linhas. Aqui, você não deve mais abordar novos argumentos, e sim
relacionar o que já foi exposto com a sua tese, além de propor soluções para os problemas
abordados ao longo do texto.
Algumas coisas importantes nesse parágrafo são:
1) Sintetizar as ideias
Como a ideia do parágrafo de conclusão é finalizar tudo o que foi abordado ao longo da redação,
sintetizar a sua ideia principal é uma forma de começar a finalização do texto, conectando todas
as suas ideias e garantindo a coerência da redação.
2) Fazer propostas de intervenção detalhadas
A estrutura da redação Enem exige uma proposta de intervenção para o problema abordado no
tema. Por isso, depois de introduzir o leitor ao parágrafo, você deve mostrar as intervenções que
podem ser feitas para lidar com o problema.
Para receber uma pontuação boa na competência V dos critérios de avaliação desse Exame, é
muito importante que você detalhe o agente, o que fazer, como fazer e a finalidade da medida.
3) Finalizar com “chave de ouro”
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Da mesma forma que a introdução aguça a curiosidade do leitor, ou, nesse caso, do corretor, a
continuar a leitura do seu texto, a conclusão deixa a impressão final sobre a sua redação.
E, pensando que é depois da conclusão que o corretor vai dar uma nota para a sua produção, é
muito importante que essa impressão final deixe-o satisfeito com o seu texto. Ou seja, tente
deixar o corretor “de boca aberta”.
Aqui, é importante dar aquele toque final e mostrar que tudo o que você disse está conectado e
tem uma razão para estar ali. Além disso, é muito importante retomar a introdução, amarrando
todas as pontas do seu texto.
Bom, agora que você já sabe tudo sobre a estrutura da redação Enem, que tal colocar os nossos
ensinamentos em prática? Escolha um dos planos de correção da Imaginie, envie uma redação
para os nossos corretores e receba feedbacks completos para garantir a nota 1000!
Leia amplamente: A leitura é fundamental para desenvolver uma boa habilidade de redação.
Leia livros, artigos, ensaios e outros tipos de escrita para expandir seu vocabulário, melhorar seu
estilo de escrita e adquirir conhecimento sobre diversos assuntos.
Pratique regularmente: A prática constante é essencial para aprimorar suas habilidades de
redação. Dedique um tempo regularmente para escrever, mesmo que seja apenas alguns minutos
por dia. Quanto mais você escrever, mais suas habilidades irão se desenvolver.
Organize suas ideias: Antes de começar a escrever, faça um esboço ou um planejamento para
organizar suas ideias. Pense na estrutura geral do seu texto, nos pontos que deseja abordar e na
ordem em que irá apresentá-los. Isso ajudará a manter seu texto coeso e coerente.
Seja claro e objetivo: Evite utilizar palavras ou frases desnecessárias que possam confundir o
leitor. Seja claro e objetivo em suas expressões, evitando rodeios e ambiguidades. Lembre-se de
que a clareza é fundamental para transmitir suas ideias de forma eficaz.
Revise e edite: Não subestime a importância da revisão e edição. Após escrever seu texto, faça
uma revisão minuciosa em busca de erros gramaticais, problemas de pontuação e
inconsistências. Além disso, verifique se seu texto flui de maneira lógica e se suas ideias estão
bem articuladas.
Utilize exemplos e evidências: Ao apresentar argumentos ou pontos de vista, é sempre útil
apoiá-los com exemplos concretos e evidências relevantes. Isso torna seu texto mais convincente
e fundamentado. Procure por exemplos adequados e pesquise dados e informações confiáveis
para embasar suas afirmações.
Leia seu texto em voz alta: Ler seu texto em voz alta pode ajudar a identificar problemas de
fluência, frases mal construídas ou repetições desnecessárias. Além disso, isso permite que você
verifique se o tom e o estilo do texto são adequados ao público-alvo pretendido.
Peça feedback: Quando possível, peça a alguém para ler seu texto e fornecer feedback
construtivo. Outra pessoa pode identificar erros ou problemas que você possa ter deixado passar.
A opinião de um leitor externo pode ajudar a aprimorar sua redação.
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Comece com um gancho: Para capturar a atenção do leitor desde o início, comece sua redação
com uma frase impactante, uma pergunta intrigante ou uma breve história relevante. Isso ajudará
a despertar o interesse do leitor e incentivá-lo a continuar lendo.
Use uma linguagem clara e simples: Evite usar termos muito técnicos ou linguagem rebuscada
em excesso. Opte por uma linguagem clara e simples, que seja facilmente compreensível para o
leitor. Isso tornará sua redação mais acessível e agradável de ler.
Varie a estrutura das frases: Use diferentes estruturas de frases para evitar a monotonia no
texto. Alterne entre frases curtas e longas, use vírgulas, pontos e conectores para criar um ritmo e
fluidez adequados. Isso tornará sua escrita mais dinâmica e interessante.
Pratique a escrita sob pressão: É comum ter que escrever redações em um período de tempo
limitado, como em exames ou concursos. Para se preparar para essas situações, pratique
escrever sob pressão. Estabeleça um cronômetro e desafie-se a escrever um texto coerente e
bem estruturado dentro de um tempo determinado.
Leia redações exemplares: Leia redações bem escritas e bem avaliadas para entender o que as
torna eficazes. Observe como esses textos são estruturados, como os argumentos são
apresentados e como a linguagem é usada. Isso pode ajudá-lo a adquirir uma compreensão mais
clara de como escrever uma boa redação.
Lembre-se de que a prática constante é fundamental para melhorar suas habilidades de redação.
Com o tempo, você se tornará um escritor mais confiante e eficiente. Boa sorte!
O poeta modernista Oswald de Andrade relata, em "Erro de Português", que, sob um dia de
chuva, o índio foi vestido pelo português - uma denúncia à aculturação sofrida pelos povos
indígenas com a chegada dos europeus ao território brasileiro. Paralelamente, no Brasil atual,
há a manutenção de práticas prejudiciais não só aos silvícolas, mas também aos demais povos
e comunidades tradicionais, como os pescadores. Com efeito, atuam como desafios para a
valorização desses grupos a educação deficiente acerca do tema e a ausência do
desenvolvimento sustentável.
Diante desse cenário, existe a falta da promoção de um ensino eficiente sobre as populações
tradicionais. Sob esse viés, as escolas, ao abordarem tais povos por meio de um ponto de vista
histórico eurocêntrico, enraízam no imaginário estudantil a imagem de aborígenes cujas
vivências são marcadas pela defasagem tecnológica. A exemplo disso, há o senso comum de
que os indígenas são selvagens, alheios aos benefícios do mundo moderno, o que,
consequentemente, gera um preconceito, manifestado em indagações como “o índio tem
‘smartphone’ e está lutando pela demarcação de terras?” – ideia essa que deslegitima a luta
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dos silvícolas. Entretanto, de acordo com a Teoria do Indigenato, defendida pelo ministro
Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o direito dos povos tradicionais à terra é inato,
sendo anterior, até, à criação do Estado brasileiro. Dessa forma, por não ensinarem tal visão,
os colégios fometam a desvalorização das comunidades tradicionais, mediante o
desenvolvimento de um pensamento discriminatório nos alunos.
Além disso, outro desafio para o reconhecimento desses indivíduos é a carência do progresso
sustentável. Nesse contexto, as entidades mercadológicas que atuam nas áreas ocupadas
pelas populações tradicionais não necessariamente se preocupam com a sua preservação,
comportamento no qual se valoriza o lucro em detrimento da harmonia entre a natureza e as
comunidades em questão. À luz disso, há o exemplo do que ocorre aos pescadores, cujos rios
são contaminados devido ao garimpo ilegal, extremamente comum na Região Amazônica. Por
conseguinte, o povo que sobrevive a partir dessa atividade é prejudicado pelo que a Biologia
chama de magnificação trófica, quando metais pesados acumulam-se nos animais de uma
cadeia alimentar – provocando a morte de peixes e a infecção de humanos por mercúrio.
Assim, as indústrias que usam os recursos naturais de forma irresponsável não promovem o
desenvolvimento sustentável e agem de maneira nociva às sociedades tradicionais.
Portanto, é essencial que o governo mitigue os desafios supracitados. Para isso, o Ministério
da Educação – órgão responsável pelo estabelecimento da grade curricular das escolas – deve
educar os alunos a respeito dos empecilhos à preservação dos indígenas, por meio da inserção
da matéria “Estudos Indigenistas” no ensino básico, a fim de explicar o contexto dos
silvícolas e desconstruir o preconceito. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento – pasta
instituidora da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais – precisa fiscalizar as atividades econômicas danosas às sociedades vulneráveis,
visando à valorização de tais pessoas, mediante canais de denúncias.
Sob esse viés, é válido destacar a fundamentabilidade dos povos tradicionais como
detentores de pluralidade histórica e cultural, que proporciona a disseminação de uma vasta
sabedoria na sociedade. Nesse sentido, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) afirma as heranças tradicionais desses grupos como constituintes do
patrimônio imaterial brasileiro. Dessa forma, sabe-se que a contribuição desses indivíduos
para a formação intelectual do corpo social engloba práticas de sustentabilidade, agricultura
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familiar e, inclusive, confere a eles uma participação efetiva na economia do país. Assim,
evidencia-se a extrema relevância dessas comunidades para a manutenção de conhecimentos
diferenciados, bem como para a evolução da coletividade.
Na obra literária “Triste fim de Policarpo Quaresma”, do autor brasileiro Lima Barreto, a
figura do protagonista é construída a partir de um ideal ultranacionalista baseado na
valorização das questões do próprio país. Analogamente, fora da ficção, a sociedade
brasileira não se comporta com Policarpo, visto que esta não se preocupa em valorizar a
memória dos povos tradicionais brasileiros, embora sejam tão importantes para a identidade
nacional. Nesse interím, entende-se a negligência estatal e a não eficiência da legislação como
causas desse desafio.
A princípio, sobre esse assunto, vale ressaltar a importância de um Estado ativo na resolução
de questões sociais. Dessa forma, para o filósofo polonês Zygmmunt Bauman, uma instituição,
quando posicionada de forma a ignorar sua função original, é considerada em um estado de
“zumbi”. Sob esse viés, o Estado brasileiro é análogo a esse conceito, visto que, no que tange
à valorização e proteção dessas comunidades, ele é ausente. Isso posto, tal postura
negligente contribui para que os povos tradicionais não recebam o amparo estatal necessário,
colocando em risco anos de história, de resistência e de memória de uma parcela fundamental
da sociedade.
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Outrossim, a ausência de uma legislação que abrace a causa ameaça diretamente a
sobrevivência desses grupos. Nessa ótica, a obra literária “Cidadão de papel”, do jornalista
Gilberto Dimenstein, apresenta um contexto social em que as garantias constitucionais estão
restritas apenas à parte escrita, sem ser colocada em prática. Diante disso, essas
comunidades originais tupiniquins podem ser consideradas de papel, tendo em vista a não
eficiência das leis e projetos que garantem seus direitos. Assim, ao invés de promover a
valorização e o reconhecimento dessas populações, tais determinações falhas contribuem
para a manutenção do sentimento de invisibilidade social desses povos.
Dessarte, é inegável que, a respeito dos povos tradicionais, o Brasil possui entraves que
precisam ser resolvidos. Logo, o Governo Federal, órgão de maior poder político nacional,
deve, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, criar projetos de
reconhecimento e que garantam os direitos desses grupos. Essa ação será viabilizada por
meio de campanhas estabelecidas pela Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), de forma que a valorização dessas populações
torne-se cada vez mais uma pauta discutida na sociedade. Para isso, é fulcral a disseminação
de informações acerca da importância de proteger os territórios indígenas e quilombolas,
evidenciando a necessidade da não reivindicação desses locais para fins economicos e
privados. Dessa forma, será possível formar uma sociedade ciente das causas sociais do país
e, principalmente, manter viva a memória daqueles que essencialmente formaram a identidade
nacional.
No livro "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", Ailton Krenak critica o distanciamento entre a população
brasileira como um todo e a natureza, o que não se aplica às comunidades indígenas. Tal pensamento é
extremamente atual, já que não só indígenas como todas as populações tradicionais têm uma relação
de respeito mútuo com a natureza, aspectos que as diferenciam do resto dos brasileiros. Com isso, a
agressão ao meio ambiente e o apagamento dos saberes ancestrais configuram desafios para a
valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.
Ademais, é de grande relevância entender como o apagamento dos saberes ancestrais leva à
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desvalorização dos povos tradicionais. Devido à grande diversidade de povos tradicionais no Brasil,
houve, em cada um deles, a criação de um conjunto de conhecimentos, pensamentos, filosofias e
linguagens distintas, passados pelas gerações, dirando e mantendo vivo o modo de vida que caracteriza
identitariamente cada grupo. Entretanto, essa bagagem sistêmica é muito pouco externalizada, pelo
fato de que esses saberes são coletivizados apenas em esferas menores, de forma a manter a
ancestralidade dos povos locais apenas entre si. Logo, todo conhecimento produzido nessa perspectiva
é desconhecido do grande público, sendo pouco discutido e não fazendo parte da visão de mundo da
maioria dos brasileiros. Dessa forma, os saberes dos povos tradicionais são desconsiderados,
acarretando na desvalorização de todos esses grupos.
Em síntese, o impacto causado ao meio ambiente e a desconsideração de seus saberes são grandes
agentes na desvalorização das comunidades tradicionais. Por isso, cabe ao Ministério do Meio
Ambiente proteger os biomas do país através do endurecimento de punições contra crimes
ambientais, com a finalidade de salvaguardar o modo de vida de diferentes povos, tornando possível a
manutenção da diversidade cultural brasileira. Além disso, o Ministério da Educação deve promover a
discussão sobre os conhecimentos das comunidades tradicionais, por meio da incorporação de
conteúdos relacionados a esses povos na grade curricular das escolas, a fim de divulgar a visão de
mundo desses grupos, fomentando uma convivência pacífica entre toda a população.
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem
uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não
recebem nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado
pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar
o contexto histórico da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a
atualidade: a não garantia de cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir
desse contexto, não se pode hesitar – é imprescindível compreender os impactos gerados pela
falta de identificação oficial da população.
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente
falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado
pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é
necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se
que, quando o pilar civil não é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito
devido à falta do registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja
alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de
Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser invisibilizados: sem nome
oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cidadão.
Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também,
na manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de
acordo com a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do
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Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de,
meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente
se mantém, sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro
oficial, as quais, frequentemente, são obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte
do restante da sociedade: das mais diversas discriminações até o fato de não poderem ter
qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua identificação oficial.
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está
diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe
ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer
por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá
articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia
socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da
cidadania, além de instruções para realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades
geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda
a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade.
Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição
de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomicamente,
são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais, mesmo
décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros que
não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental
discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal
entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.
Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania
se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação
ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto
que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a
colônia tinha a oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que
nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo
historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis, resultando em uma
falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos,
como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de âncora para uma população com
escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma prova legal da sua
condição enquanto cidadãos brasileiros.
Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se
registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população
apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José
Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população
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mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e
é idealizada para ser explorada. Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema
educacional, essas pessoas não conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de
possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa educação falha, forme-se um
ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º lugar entre os países mais
desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Florestan
Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a
condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem
registro no país.
Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento
deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de
instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um
Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570
municípios brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a
preservação da cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de
sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem
mudar o atual cenário de precária cidadania e desigualdade.
Sarah Fernandes Paulista Rosa, 21 anos - São José dos Campos (SP)
É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical "Ser é ser percebido" reforça a
urgência em ser considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante do
Estado ocorre substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja, esse
é o meio de ser percebido como um agente social pela estrutura do país. Essa estrutura,
segundo o antropólogo belga Claudé Levi-Strauss, representa o conjunto de padrões sociais
nos quais a relações interpessoais estão ancoradas e, desse modo, determina o papel do
sujeito na comunidade. Como o registro civil, para obter direitos no Brasil, é estrutural à
lógica contemporânea, a individualidade só se faz presente por meio dos documentos oficiais,
o que promove, portanto, a invisibilidade daqueles que não os possuem.
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Além disso, tal apagamento identitário mantém o agravamento da problemática presente
entre as gerações de forma cíclica, pois pais invisíveis geram filhos invisíveis ao país. Como é
preciso ser registrado para ter acesso aos princípios básicos para a manutenção da vida, os
quais, de acordo com a consolidação dos direitos civis durante o iluminismo francês, são a
propriedade, a liberdade e todos os aspectos que envolvem a vida, como educação e saúde, a
garantia de acesso à cidadania representa um caminho para a valorização individual. Nesse
cenário, a supressão da invisibilidade e, consequentemente, a percepção pessoal pea
totalidade brasileira marcam o início do avanço social no país e afasta, por fim, da realidade
analisada em "Oliver Twist", na qual as pessoas não eram reconhecidas como seres humanos
por não serem percebidas.
Há, portanto, a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil. Cabe,
então, ao ministério da Família e dos Direitos Humanos, responsável pelo encabeçamento da
manutenção da seguridade social, promover, em parceria com prefeituras e subprefeituras,
um aumento da eficácia de registro civil nos municípios. Essa ação irá ocorrer por meio de
campanhas, as quais promoverão a conscientização sobre o acesso aos direitos civis, e
documento da contratação de funcionários dos fóruns para agilizar o registro,
principalmente, das certidões de nascimento. Dessa maneira, haverá a diminuição da
marginalização de uma parcela populacional, seja ativamente pela garantia de acesso à
cidadania, seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade.
Para Iniciar o D1: Diante desse cenário; Nessa lógica; Nesse sentido; A vista desse problema.
Para iniciar o D2: A respeito desse problema; Ademais; Além disso; Inclusive.
Tais orações aparecem sempre isoladas por vírgula, travessão, parênteses ou colchete e o
comentário que realizam costuma ser uma opinião, observação, desejo, desculpa, ressalva ou
advertência do emissor.
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Atividade
1)Propostas de redação: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo
em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O direito à moradia e a luta por
habitação, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.
TEXTO I
A partir da inclusão da moradia no rol dos direitos sociais expressamente enunciados no art. 6o
da Constituição Federal de 1988 – CF/88, consagrou-se no âmbito jurídico a afirmação do direito
à moradia como direito humano e fundamental. No entanto, se enfatizarmos os aspectos
históricos e políticos do tema moradia, constata-se que a mera afirmação jurídico-formal deste
direito essencial está longe de significar a sua efetividade na sociedade contemporânea. Não
precisamos reforçar os dados estatísticos para demonstrar este descompasso entre a legislação
pertinente ao direito à moradia e a injusta e excludente estrutura social urbana brasileira.
STEFANIAK, João Luiz; STEFANIAK, Jeaneth Nunes. Direito humano e fundamental à moradia. Pró-Reitoria de Extensão e
Assuntos Culturais, Universidade Estadual de Ponta Grossa. Disponível em: . Acesso em: 25 set. 2015. (adaptado)
TEXTO II
TEXTO III
Henrique Neto, morto em setembro de 2015, foi um lutador pelo direito à moradia. Ele nasceu na
cidade de Santana de Ipanema, no estado de Alagoas, mudou-se para São Paulo na década de
1960, e desde o início se envolveu com os problemas da comunidade do Jardim Edith, onde se
instalou com a família. As primeiras remoções de moradores da comunidade começaram nos
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anos 1970, para a construção de obras viárias. [...] Gerôncio e seus familiares resistiram. [...] A
área do Jardim Edith foi demarcada como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) no Plano
Diretor de 2002, depois de muita pressão dos moradores. [...] Depois de décadas de lutas, nas
quais o Sr. Gerôncio foi protagonista, o conjunto habitacional do Jardim Edith foi construído e, no
final de 2012, as famílias começaram a ocupá-lo. [...]
ROLNIK, Raquel. São Paulo perde Gerôncio, lutador pelo direito à moradia. Blog da Raquel Rolnik, São Paulo, 17
set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 7 out. 2015. (adaptado)
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Texto 1
Texto 2
Texto 3
Aluno processa professor por celular retirado em sala de aula e perde. Em sentença, juiz afirmou
que país virou as costas para a educação e culpa novelas e reality shows. A polêmica do uso de
celular em sala de aula chegou aos tribunais depois que um aluno processou o seu professor por
ter tomado o aparelho no meio de uma aula. O episódio aconteceu em Tobias Barreto, no
Sergipe, e teve a decisão do juiz Eliezer Siqueira de Souza Júnior a favor do docente. O
magistrado aproveitou a sentença para criticar as novelas, os reality shows e a ostentação,
considerados pelo magistrado como contra educação. “Julgar procedente esta demanda é
desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a
contra educação, as novelas, os reality shows, a ostentação, o bullying intelectivo, o ócio
improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem assolando os lares do
país, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação
brasileira”, afirmou o juiz. A ação foi movida pelo aluno Thiago Anderson Souza, representado por
sua mãe Silenilma Eunide Reis, que, segundo consta nos autos do processo, passou por
“sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional” após ter o
celular retirado pelo professor Odilon Oliveira Neto. O estudante disse que apenas utilizava o
aparelho para ver o horário. Porém, perante outras provas, o juiz não acreditou na versão de
Thiago.
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3) Propostas de redação: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo
em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: “a inteligência artificial e os
impactos sociais no Brasil e no mundo”, apresentando proposta de intervenção que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto 1
Texto 2
A maneira como descobrimos atividades criminosas e resolvemos crimes será aprimorada com
inteligência artificial. A tecnologia de reconhecimento facial está se tornando tão comum quanto
as impressões digitais. O uso da IA no sistema de justiça também apresenta muitas
oportunidades para descobrir como usar efetivamente a tecnologia sem prejudicar a privacidade
de um indivíduo.
Texto 3
Golpistas estão se passando por entes queridos usando vozes falsas geradas por IA
Países como os Estados Unidos e o Canadá já contabilizaram inúmeros casos de golpes usando
deepfake, com idosos sendo os principais alvos. Recentemente, uma canadense de 73 anos, de
nome Ruth Card, foi vítima de um golpe em que o criminoso usou uma voz gerada por inteligência
artificial para se passar por seu neto.
Ele ligou para a senhora e afirmou estar na cadeia, pedindo dinheiro para pagar a fiança. A idosa
rapidamente sacou 3 mil dólares canadenses, sem ter ideia de que estava sendo enganada.
Felizmente, o gerente do banco percebeu o golpe antes que ela perdesse ainda mais dinheiro.
Outro caso envolveu um americano chamado Benjamin Perkin, que viu seus pais perderem
milhares de dólares ao caírem em um esquema similar.
Na ocasião, um falso advogado utilizou a voz criada por inteligência artificial do filho para
convencê-los a depositar dinheiro em um terminal de bitcoin. O argumento usado foi que
Benjamin havia atropelado e matado um diplomata e, por isso, estava preso.
Para dar veracidade à sua história, o criminoso então colocou Benjamin Perkin ao telefone para
falar com sua mãe. A senhora, obviamente, acreditou estar falando com seu filho. Mas na
verdade ela tinha ouvido apenas um arquivo de áudio com a voz de Benjamin gerada por
computador. Infelizmente, quando descobriram a farsa, já era tarde demais para recuperar o
dinheiro perdido.
fonte: https://www.hardware.com.br/noticias/2023-03/golpistas-estao-se-passando-por-entes-queridos-usando-vozes-falsas-
geradas-por-ia.html
Texto 4
Artista alemão causa polêmica ao ganhar concurso com foto criada com inteligência
artificial
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O artista alemão Boris Eldagsen causou polêmica ao ganhar o prestigioso prêmio de fotografia
Sony World Photography Awards em março, com uma imagem gerada inteiramente com a ajuda
de Inteligência Artificial (IA).
Acusado pelo júri de ter “mentido deliberadamente”, Eldagsen disse ter sido transparente sobre a
natureza de sua obra, mas decidiu recusar o prêmio.
A obra “Pseudoamnésia: O Eletricista” é uma imagem em tom sépia, que mostra duas mulheres
de frente para a câmera, como se fosse uma fotografia do início do século XX.
A fotografia é um dos campos artísticos mais afetados pelo advento da IA, que permite a qualquer
pessoa criar imagens ultrarrealistas simplesmente conversando com um “chatbot”.
fonte: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2023/04/18/artista-alemao-causa-polemica-ao-ganhar-concurso-com-foto-criada-
com-inteligencia-artificial.ghtml
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