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Artigo Comunicação 2022
Artigo Comunicação 2022
ISSN: 2525-8761
RESUMO
Como a comunicação interna influencia na qualidade dos relacionamentos interpessoais
nas empresas locais? Este artigo analisa as práticas de comunicação empresarial a partir
de uma perspectiva integrada à inteligência emocional que concebe a comunicação como
principal ferramenta na construção de relacionamentos interpessoais eficientes no
ambiente de trabalho, além de produzir engajamento de colaboradores e comportamentos
estratégicos nas empresas. A pesquisa analisou as respostas de 314 trabalhadores do
comércio e da prestação de serviços em Tangará da Serra-MT, a coleta de dados se deu
por meio de questionários fechados com escalas de satisfação pessoal e interpessoal. Os
resultados apontam que as competências emocionais estão diretamente relacionadas à
qualidade da comunicação interna entre gestores e colaboradores; as empresas fornecem
poucas oportunidades de diálogo e participação aos seus funcionários, afetando o
engajamento a coesão e a identificação com a organização; os profissionais conseguem
ABSTRACT
How does internal communication influence the quality of interpersonal relationships in
local companies? This article analyzes business communication practices from a
perspective integrated with emotional intelligence that conceives communication as the
main tool in building efficient interpersonal relationships in the work environment, in
addition to producing employee engagement and strategic behaviors in companies. The
research analyzed the responses of 314 workers in the commerce and service provision in
Tangará da Serra-MT, the data collection took place through closed questionnaires with
scales of personal and interpersonal satisfaction. The results show that emotional
competences are directly related to the quality of internal communication between
managers and employees; companies provide few opportunities for dialogue and
participation to their employees, affecting engagement, cohesion and identification with
the organization; professionals are able to perceive flaws in the company's
communication process, but are unable to recognize their own communicative and
interpersonal weaknesses.
1 INTRODUÇÃO
As mudanças recentes na sociedade em termos tecnológicos e comportamentais
produziram nos últimos 30 anos transformações substantivas no mercado de trabalho e
nos processos sociais de interação e comunicação. Contudo, as empresas levam mais
tempo para processar e aceitar essas modificações, por isso, a valorização das práticas
humanizadoras e do próprio ser humano no ambiente ocupacional tem sido um enfoque
de enorme força para as perspectivas gerenciais mais modernas.
Neste sentido, a comunicação empresarial também se fortalece, na medida em
que todos os processos de interação, dentro das organizações, se sustentam na
comunicação. Assim, tanto em termos comportamentais quanto linguísticos, os processos
comunicativos envolvem outros elementos psicossociais, ou seja, a própria construção de
relacionamentos interpessoais, o intercâmbio de conhecimentos, o desempenho da gestão,
a produtividade dos colaboradores e os outcomes financeiros, todos esses atributos fazem
parte da esfera da comunicação, pois, será através dela que a organização se realiza.
Ao se pensar os desafios da gestão em organizações atualmente, percebe-se que
inúmeras questões técnicas e comportamentais são interdependentes, em termos de busca
coletiva por resultados satisfatórios, colaboração e motivação, devido à própria natureza
4 METODOLOGIA
Com o objetivo de investigar as práticas de comunicação empresarial no comércio
local e nas empresas de prestação de serviços, este trabalho baseia-se em abordagens
quantitativas de mensuração das perspectivas e percepções individuais dos participantes
(CRESWELL, 2010). Inicialmente, os procedimentos de pesquisa se organizam a partir
de uma revisão de literatura que associe concepções comunicativas contemporâneas às
características comportamentais da inteligência emocional. Diante disso, esta pesquisa
coletou dados sobre as práticas de comunicação interna, associadas às características
comportamentais e emocionais dos participantes, a fim de analisar os perfis
comunicativos e comportamentais dos trabalhadores, para compor o corpus de análise
obteve-se uma amostra aleatória de 314 indivíduos (n=314). Trata-se de uma proposta de
pesquisa de levantamento de dados primários em empresas da cidade, a partir de surveys
eletrônicos e impressos, com questões específicas sobre comunicação, comportamento e
emoções, para que se possam produzir inferências sobre algumas características, atitudes
e práticas de colaboradores das organizações da cidade (BABBIE, 1990).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa baseia-se numa amostra aleatória de 314 participantes, com perfis
etários amplos a partir de 16 anos. A fim de verificar inicialmente a clareza da
comunicação referente à execução de tarefas correspondentes aos cargos que exercem, os
participantes demonstraram ter experiências relativamente positivas quanto ao fluxo de
informações sobre as atribuições do cargo e suas atividades na empresa.
A dinâmica do sistema indica que empresas caminham cada vez mais conectadas,
fato que só é possível por meio da comunicação. Esta, por sua vez, exerce um papel
fundamental e abre caminhos para que os integrantes das organizações estabeleçam um
canal efetivo de trocas, transmissão de informações, diálogo e compreensão.
Além da informação, a comunicação apresenta quatro funções básicas na empresa:
o controle, a motivação, a expressão emocional e a informação. Neste sentido, o controle
pode ser observado pela formalização de normas que orientam o comportamento das
pessoas. É materializado nos regulamentos, manuais de organização, dentre outros,
exercendo também a função nos grupos informais, cujas normas internas têm poder de
moldar comportamentos quando transmitidas (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010).
Ao compreender que o fenômeno da comunicação transita todos os espaços do
trabalho, com seus elementos internos ligados às relações interpessoais, ou seja, na
construção de redes de colaboração, na produção de engajamento do pessoal e no
desempenho emocional dos indivíduos em ambientes profissionais. Nessa perspectiva, a
pesquisa coletou informações específicas sobre possíveis gatilhos para situações de
vez que essas pessoas podem evitar comportamentos agressivos, práticas inadequadas ao
oferecer feedbacks e discussões carregadas de julgamentos moralizantes.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa buscou produzir um conjunto de dados locais sobre o desempenho
comunicativo dos profissionais do comércio da cidade, a partir de referências dialógicas
sobre comunicação, comportamento e emoções dos trabalhadores. Os resultados da
pesquisa podem direcionar os planos de ação institucional, no que se refere à proposição
de cursos e treinamentos específicos na área de gestão, com enfoque na melhoria das
práticas comunicativas dos indivíduos, no ambiente de trabalho.
Por fim, algumas ponderações conclusivas são necessárias para se compreender a
complexidade do fenômeno comunicativo nas empresas. Assim, pode-se destacar
experiências satisfatórias dos participantes da pesquisa ao tomarem positivamente o fluxo
de informações sobre atribuições dos cargos e suas respectivas tarefas, principalmente em
momentos de integração à empresa. Embora a valorização de canais de comunicação
permita a consolidação de um clima organização positivo e propício à cooperação e ao
engajamento, poucas são as experiências de participação dos colaboradores na emissão
de opiniões ou sugestões para o próprio setor de trabalho, comprometendo a motivação e
o desejo de cooperar com os projetos e planos de ação da empresa.
Contudo, um dado sobre a autoavaliação dos entrevistados, a respeito da própria
capacidade comunicativa no trabalho, se mostrou significativo, pois quase 90% dos
trabalhadores afirmaram estar satisfeitos com o próprio desempenho comunicativo, ainda
que apontem as falhas da comunicação como o principal elemento causador de conflitos
nas empresas. Trata-se de uma incoerência muito prejudicial para os estudos
organizacionais, pois se os indivíduos ignoram suas próprias falhas pessoais, isso revela
falta de autoconhecimento por parte dos participantes. Essa situação influencia
diretamente no planejamento de propostas de treinamento aos funcionários, visto que eles
têm se mostrado incapazes de perceber os problemas de comunicação em suas próprias
ações, e portanto, dificilmente poderão apontar aos gestores propostas de intervenção e
treinamento em técnicas de comunicação empresarial e utilização eficiente da linguagem
e das emoções.
REFERÊNCIAS
GOLEN, Daniel. O que define um líder? In: GOLEN, Daniel et al. Inteligência
emocional. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.
MORIN, Estele M; AUBÉ, Caroline. Psicologia e Gestão. São Paulo: Atlas, 2009.