Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mandioca Minimamente Processada
Mandioca Minimamente Processada
PARAUAPEBAS
2019
NAIANE CAETANO DA SILVA LEAL
PARAUAPEBAS
2019
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).
Biblioteca Universitária Campus de Parauapebas
50 f.:il.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Priscilla Andrade Silva
Orientadora
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
____________________________________________
Prof. Dr. Fábio Israel Martins Carvalho
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
____________________________________________________
Prof. Dr. Vicente Filho Alves Silva
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
AGRADECIMENTOS
À Deus, por ter me presenteado com essa experiência maravilhosa, e por tudo que
tenho. Ao meu amado esposo Leoni, que ao longo dessa jornada sempre me apoiou e ajudou a
superar desafios. À minha amada filha Maria Luiza, pois ela sempre foi o principal motivo da
minha perseverança e força. Ao meu amado afilhado Luiz Gustavo, que também foi motivo
de engajamento nesse projeto. Os meus filhos de sangue e de coração são os bens mais
valiosos que possuo e por eles sou capaz de tudo. Aos meus maravilhosos avós Maria de
Lourdes e Jaime, que me deram uma excelente educação e exemplo de caráter, e por eles sou
o que sou hoje, o sr. Jaime teve pressa em partir para um plano melhor, mas deve se alegrar
em espirito de onde estiver com esse sonho realizado, você foi, o meu maior mestre. À minha
sogra e madrinha Luzinete, que ao longo dos anos de graduação foi como uma mãe para mim
e para minha filha, sem ela talvez não teria conseguido chegar até onde cheguei. À minha
querida mãe Luciene, que sempre lutou para que seus filhos pudessem alcançar conquistas
que para ela não foram possíveis. À minha querida e saudosa irmã Daiane, que não já não se
encontra no plano físico, mas que sonhou comigo essa estimada conquista, ela nunca duvidou
da minha capacidade de vencer desafios, talvez a maior admiradora das minhas façanhas. A
todos da minha família que torceram e acreditaram.
À Universidade Federal Rural da Amazônia, pela oportunidade de cursar esse curso
maravilhoso e ter me “apresentado” tantas pessoas extraordinárias. Aos professores da UFRA:
Priscilla Andrade (prof.ª Docinho) que foi uma magnificente orientadora, sem ela esse
trabalho não seria palpável, aos demais professores José Nilton, Vicente Silva, Josiane
Pereira, Aurea Aguiar, Dilma Lopes, Fabio Israel, dentre outros que foram muito importantes
para minha formação. Sou imensamente grata por todas as lições e ensinamentos passados. Os
levarei sempre comigo, no meu coração.
Aos amigos que tive o imenso prazer de conhecer, que passaram a ser minha segunda
família, e que colaboraram de alguma forma para a concretização desse sonho: Rodrigo Cruz
(Rô), Luana Pinheiro (Lulu), Talles Oliveira (Tale), Layla Milhomem (Layla Mil), Joysse
Lima (Joysse flowers), Cassiellem Alves (Cassi), Tirza Kretli (Tilza), Erik Melo (Esm),
Ruanis Araújo (Ruanito), Diogo Leandro (Diógenes), Mariana Araújo (Bari), Carlos José
(Carlinhos mesmo), e demais da família Agronomia 2015.1. Amo todos vocês!
RESUMO
A mandioca pode ser encontrada em diversas partes do globo, trata-se de uma planta rustica,
facilmente produzida em solos pouco férteis, possui tolerância à seca, e a raiz pode ser colhida
durante o ano todo. As raízes de mandioca se destacam como o sexto alimento mais
importante no mundo, sendo consumido por mais de 800 milhões de famílias, também são
consideradas muito importante para a segurança alimentar em países tropicais, sendo
amplamente cultivada no âmbito da agricultura familiar. O presente estudo objetivou analisar
as características físicas das plantas, as características físico-químicas e sensoriais das raízes e
desenvolver produto minimamente processado a partir de raízes produzidas pelo produtor
familiar da Palmares Sul, zona rural de Parauapebas-PA. As plantas e raízes das variedades
Cacau e Jaibara foram coletadas na zona rural do município, e foi realizada a caracterização
física das plantas através da medida da altura das plantas, número de folhas, número de
ramificações, número de hastes, número de raízes, diâmetro do caule, peso das raízes, peso do
caule e peso das folhas, e a caracterização das raízes através da medida do comprimento e
diâmetro das raízes e rendimento através do peso das massas das raízes com e sem casca.
Foram realizadas a caracterização físico-química das raízes in natura e da mandioca
minimamente processada, com análise de pH, acidez titulável total, umidade, cinzas, proteína,
lipídeo, carboidrato e valor energético total. Foram definidos 4 tratamentos: T1- cocção por 2
minutos (var. Cacau); T2 - cocção por 2 minutos (var. Jaibara); T3 - cocção por 5 minutos
(var. Cacau) e T4 - cocção por 5 minutos (var. Jaibara) para a avaliação sensorial com base na
aparência, aroma, textura, sabor e impressão global, e intenção de compra dos produtos, e
com base no atributo impressão global foi determinado o índice de aceitação. Todos os
resultados foram submetidos à análise de variância através do teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Na caracterização física das plantas, a variedade Cacau apresentou bom vigor
vegetativo e folhas com até 3 lóbulos, raízes com formato cônico, córtex de cor rosa, polpa
branca e rendimento de polpa de 77,71%. A variedade Jaibara, apresentou menor vigor
vegetativo e folhas com até 7 lóbulos, as raízes com formato cilíndrico, córtex branco, polpa
amarela e rendimento de polpa de 73,90%. Os resultados da análise físico-química das raízes
in natura de ambas as variedades estão próximos aos determinados na Tabela Brasileira de
Composição de Alimentos (TACO). O produto minimamente processado apresentou valor
energético total (VET) mais alto que o determinado pela TACO que é de 125 kcal/100g, logo
a variedade Cacau apresentou 161,61 kcal/100g e a Jaibara 170,28 kcal/100g. O índice de
aceitabilidade foi superior 70%, em ambas as variedades, quadro que caracteriza boa
aceitação pelos provadores. No teste de intenção de compra, verificou-se que a maior parte
dos provadores comprariam a mandioca minimamente processada da variedade Cacau.
Cassava can be found in various parts of the globe, it is a rustic plant, easily produced in
poorly fertile soils, has drought tolerance, and the root can be harvested throughout the year.
Cassava roots stand out as the sixth most important food in the world, being consumed by
over 800 million families, are also considered very important for food security in tropical
countries. The present study aimed to analyze the physical characteristics of the plants, the
physicochemical and sensory characteristics of the roots and to develop a minimally
processed product from roots produced by the family producer of Palmares Sul, Parauapebas-
PA countryside. The plants and roots of the Cacau and Jaibara varieties were collected in the
countryside of the municipality. Plant description was performed by measuring plant height,
number of leaves, number of branches, number of stems, number of roots, diameter of the
plant. stem, root weight, stem weight and leaf weight, and root description by measuring root
length and diameter and yield by weight of root masses with and without bark. The
physicochemical characterization of the in natura roots and the minimally processed cassava
were performed, with pH analysis, total titratable acidity, moisture, ashes, protein, lipid,
carbohydrate and total energy value. Four treatments were defined: T1 - cooking for 2
minutes (var. Cacau); T2 - cooking for 2 minutes (var. Jaibara); T3 - 5 minutes cooking (var.
Cacau) and T4 - 5 minutes cooking (var. Jaibara) for sensory evaluation based on appearance,
aroma, texture, taste, and overall impression, and purchase intent of the products, and based
on the overall impression attribute, the acceptance rate was determined. All results were
submitted to analysis of variance by Tukey test at 5% probability. In the physical
characterization of the plants, the Cacau variety presented good vegetative vigor and leaves
with up to 3 lobes, conical shaped roots, pink cortex, white pulp and 77.71% pulp yield. The
Jaibara variety presented lower vegetative vigor and leaves with up to 7 lobes, roots with
cylindrical shape, white cortex, yellow pulp and pulp yield of 73.90%. The results of
physicochemical analysis of the in natura roots of both varieties are close to those determined
in the Brazilian Table of Food Composition (TACO). The minimally processed product had a
higher total energy value (VET) than that determined by TACO, which is 125 kcal / 100g, so
the Cacau variety presented 161.61 kcal/100g and Jaibara 170.28 kcal/100g. The acceptability
rate was higher than 70% in both varieties, a table that characterizes good acceptance by the
tasters. In the purchase intent test, it was found that most tasters would buy minimally
processed cassava from the Cacau variety.
Figura 1 - Maniva com brotação e desenvolvimento de raízes adventícias. Vista lateral (a),
Vista frontal (b). ....................................................................................................................... 14
Figura 2 - Folhas de mandioca Jaibara (a) e Cacau (b). .......................................................... 14
Figura 3 - Estrutura de uma planta de mandioca. .................................................................... 15
Figura 4 - Estruturas que compõem a raiz de mandioca. ........................................................ 16
Figura 5 - Formato das raízes de mandioca Jaibara (a) e Cacau (b)........................................ 17
Figura 6 - Produção de mandioca a nível mundial no ano de 2014. ....................................... 18
Figura 7 - Fluxograma do processamento mínimo das raízes de mandioca. ........................... 22
Figura 8 - Intenção de compra para as variedades Cacau e Jaibara, com tempo de cocção de 2
minutos (A) e 5 minutos (B). .................................................................................................... 36
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
Realizar a caracterização física das plantas e das raízes, físico-quimica das raízes e
desenvolver mandioca minimamente processada a partir de raízes produzidas pelo produtor
familiar da Palmares Sul, zona rural de Parauapebas-PA.
Realizar a caracterização física das plantas e das raízes das variedades de mandioca Cacau
e Jaibara;
Realizar a caracterização físico-química da matéria-prima e do produto minimamente
processado a partir das duas variedades de mandioca;
Caracterizar sensorialmente o produto minimamente processado de ambas as variedades.
13
2 REVISÃO DA LITERATURA
Figura 1 - Maniva com brotação e desenvolvimento de raízes adventícias. Vista lateral (a),
Vista frontal (b).
As folhas da mandioca são decíduas e podem durar até dois meses na planta, possui
flores monóicas, e a inflorescência é constituída por uma panícula, que se forma formada nas
extremidades das ramificações simpodiais da planta (CONCEIÇÃO, 1981).
A altura da planta de mandioca varia conforme o genótipo ou sua forma de
propagação, e pode possuir porte ereto ou ramificado, quando ramificado, é chamado de caule
simpodial (Figura 3), e pode se dividir nas formas: dicotômico, tricotômico ou tetracotômico
(CARVALHO; FUKUDA, 2006).
logo é indicada para formulações de rações, ou mesmo fornecida in natura, desde que
desidratadas e picadas na forma de ensilagem.
Para Valle (2007), a parte aérea possui quantidade de glicosídeos cianogênicos
superiores as das raízes e, portanto, é ideal que esta seja picada e seca de forma lenta, antes de
ser fornecida como silagem e feno. Fernandes (2013), também recomenta o fornecimento da
parte aérea desidratada e picada, logo trata-se de uma fonte de alimento altamente proteica,
contendo entre 22% e 28% de proteína bruta.
De acordo com Gomes e Leal (2003) as cultivares de mandioca são classificadas em:
doces também chamadas de “mansas”, ou em amargas, comumente chamadas de “bravas”. As
mandiocas doces também são conhecidas como aipim e macaxeira ou mandioca mansa, sendo
utilizadas para consumo humano e animal. Já as mandiocas amargas são empregadas
normalmente nas indústrias, para produção de farinha e fécula de mandioca.
A mandioca é considerada “mansa” quando apresenta teores de cianeto abaixo de
100 mg/kg de polpa nas raízes frescas, portanto, pode ser consumida in natura, entretanto a
mandioca “brava” apresenta teores de cianeto acima de 100mg/kg de peso fresco, logo são
impróprias para consumo fresco, sendo melhor aproveitada na indústria, que reduz a
toxicidade durante o processamento (BOLHUIS, 1954).
A raiz de mandioca é dividida em três partes distintas, a película, o córtex e a polpa,
como podemos visualizar na Figura 4. Entre as variedades existem características especificas
na estrutura e no formato das raízes, essas ainda podem sofrer alterações conforme as
influencias ambientais durante o desenvolvimento da planta e das raízes.
O processamento mínimo das raízes de mandioca é uma técnica que permite otimizar
o tempo de conservação, promove a redução da perecibilidade e contribui para um maior
tempo de prateleira (FREIRE et al., 2014).
O processo de deterioração das raízes tem início em 48 horas após a colheita, esse
processo é caracterizado pela formação de estrias azuladas inicialmente, descoloração dos
vasos condutores e escurecimento dos tecidos parenquimáticos (RAMOS et al., 2013),
portanto, o processamento mínimo é de grande importância para garantir qualidade e maior
tempo de conservação das raízes.
De acordo com Santos et al. (2010), o processamento mínimo das raízes de mandioca
se baseia na seleção daquelas que estejam livres de patógenos, lavagem em água corrente,
remoção da película externa e interna, corte de padronização e redução do tamanho,
sanitização com cloro ativo diluído em água, secagem, embalagem e armazenamento.
O processamento mínimo altera as características físicas do produto, entretanto, ainda
assim o mesmo apresenta o sabor semelhante ao do produto in natura (SANTOS et al., 2010).
No processamento mínimo das raízes de mandioca, as etapas de lavagem em água
corrente, descascamento e corte, diminuem a carga microbiana que estão aderidas às raízes,
logo estas encontraram-se a priore em contato com o solo (HENRIQUE; PRATI, 2011).
Ainda de acordo com Henrique e Prati (2011) essas etapas requerem determinada cautela na
execução para que não haja desgaste e perda do produto.
Durante o descascamento e corte ocorre o rompimento celular, o que provoca a
interação entre enzimas e seus substratos, e consequentemente a aceleração de reações
bioquímicas que alteram as qualidades nutricionais e sensoriais do produto (DURIGAN,
2007).
A qualidade da água destinada a lavagem das raízes é um fator determinante da
sanitização, uma vez que, a água contaminada traz consigo microrganismos indesejáveis, e
compromete a qualidade sanitária e pode inviabilizar o consumo do produto, portanto, se faz
necessário o uso de produtos antimicrobianos na água durante a lavagem do produto, isso
contribui para maior eficiência na limpeza e desinfecção (BERBARI; PASCHOALINO;
SILVEIRA, 2001).
A desinfecção é fundamental para garantir a redução da carga microbiológica do
produto, logo a presença desses podem provocar intoxicações alimentares aos consumidores
Produtos à base de cloro são os mais utilizados na indústria de alimentos no processo de
desinfecção, por serem agentes antibacterianos, entretanto devem ser utilizados nas
20
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
3.2 Métodos
Após a coleta das raízes, foi realizada uma amostra aleatória contendo as raízes de 100
plantas de cada variedade para a caracterização física. O procedimento consistiu na
determinação das medidas de peso da polpa com a casca, peso da polpa sem a casca, peso da
casca. E o rendimento das raízes de mandioca foi realizado pela separação da polpa e casca
manualmente e determinados através de suas respectivas massas, com auxílio de balança
semi-analítica (Modelo ARD110 e Marca OHAUS Adventure).
O comprimento das raízes foi determinado com o auxílio de uma fita métrica de 1 m e
os diâmetros da parte superior, intermediária e inferior das raízes com o auxílio de um
paquímetro analógico 300 mm com precisão de 1 mm, sendo os resultados expressos em
centímetros.
As raízes selecionadas foram lavadas com água corrente e utilizou-se uma escova para
remoção das sujidades (partículas de solo), e posteriormente sanitizadas por imersão em
solução com hipoclorito de sódio (NaClO) de 200 ppm diluído em água durante 20 minutos.
Em seguida, as amostras das raízes foram manualmente separadas da casca, e retirada as
pontas. Após o corte das pontas as raízes foram cortadas em pedaços de 10 cm. Após cortadas
foram lavadas em água fria a 5ºC por 10 minutos, e posteriormente imersas em solução de
hipoclorito com 150 ppm de cloro ativo por 10 minutos, e para finalizar, as raízes foram
enxaguadas em solução de hipoclorito de 50 ppm de cloro ativo por mais 10 minutos. Ao final
do processo de sanitização as raízes foram drenadas com auxílio de peneiras e levemente
secadas com uso de papel toalha, conforme o fluxograma da Figura 7. Algumas etapas podem
ser visualizadas no Apêndice A.
Foram utilizadas as raízes de mandioca da variedade Cacau e Jaibara para formulação
dos tratamentos: T1 - var. Cacau com cocção por 2 minutos; T2 - var. Jaibar com cocção por
2 minutos; T3 - var. Cacau com cocção por 5 minutos e T4 - var. Jaibara com cocção por 5
minutos. Foram estabelecidos em 2 e 5 minutos de tempo de cocção para não descaracterizar
o alimento, fato que ocorre em tempos de cocção prolongados. Em todos os tratamentos
foram adicionados 2% de sal (NaCl) à agua a priori da cocção, com base na massa das raízes
frescas para “salgar” a massa cozida. O tempo de cocção para todos os tratamentos foi
contabilizado a partir do momento de início do processo de ebulição e ao termino do tempo
22
estabelecido, as partes (pedaços de 10 cm) foram imersas em água fria a 3ºC por 5 minutos,
para parar o processo de cocção.
Colheita e Transporte
Seleção
Lavagem das raízes com casca (200 ppm de cloro ativo por 20 minutos)
Descascamento manual
Enxague com água clorada (50 ppm de cloro ativo por 10 minutos)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 - Variáveis de crescimento das plantas de mandioca das variedades Cacau e Jaibara.
Variáveis Var. Cacau Var. Jaibara DMS F calc. CV(%)
Altura (m) 1,24 ± 0,14a 1,03 ± 0,10b 6,220 48,02* 10,61
Número de folhas (un) 181,09 ± 17,62a 170,73 ± 15,63b 8,609 5,80 *
9,47
Número de hastes (un) 2,43 ± 0,29a 2,47 ± 0,31a 0,161 148,14 ns
10,23
Número de ramificações (un) 2,23 ± 0,35b 3,28 ± 0,25a 0,158 143,20 * 11,11
Diâmetro do caule (cm) 2,38 ± 0,23 a
2,36 ± 0,15 a 0,102 0,24 ns 8,29
Número de raízes (um) 5,12 ± 0,47a 4,04 ± 0,44b 0,233 86,40 *
9,85
Peso das raízes (g) 2533,33 ± 271,21a 2308,50 ± 249,01b 0,134 13,34* 10,66
Peso do caule (g) 1506,63 ± 124,88a 1263,67 ± 101,53b 0,058 69,63* 8,16
Peso das folhas (g) 100,07 ± 9,10b 209,50 ± 19,67a 0,008 776,49* 9,80
DMS – Diferença mínima significativa; CV – coeficiente de variação experimental. Médias seguidas pela mesma letra na mesma linha não
diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; ns – não significativo; * – significativo ao nível de
5% de probabilidade. Os valores representam a média ± desvio padrão.
Fonte: A autora (2019).
pesadas. Isso se deve em função do tamanho das folhas das variedades estudadas, logo as
folhas da Jaibara (Figura 2a) apresentaram-se maiores com 7 lóbulos, enquanto que as folhas
da Cacau apresentaram somente de 2 a 3 lóbulos (Figura 2b). Para Tan e Cock (1979) o
tamanho da folha é influenciado por alterações no padrão de ramificação, logo quanto menor
o número de ramificações maior é o tamanho das folhas.
No geral existe uma relação de dreno entre a parte aérea da planta e as raízes, quando a
planta “investe” no desenvolvimento de raízes, a parte aérea por consequência não terá tanto
vigor, e o inverso é verdadeiro. Alves (2006) concorda ao afirmar que as raízes tuberosas e a
parte aérea são dois drenos que competem durante o ciclo e vida da planta. Aguiar et al.
(2011) aponta que em condições de densidade menor de plantio, o dreno das raízes supera o
da parte aérea.
Tabela 2 - Caracterização física unitária e rendimento médio das raízes de mandioca das
variedades Cacau e Jaibara.
Determinações físicas Var. Cacau Var. Jaibara DMS F calc. CV (%)
a b *
Comprimento (cm) 23,18 ± 4,00 19,97 ± 4,19 1,522 17,43 18,99
Diâmetro da parte superior (cm) 3,38 ± 0,98b 4,16 ± 0,76a 0,326 22,19* 23,27
b a *
Diâmetro da parte intermediária (cm) 4,27 ± 0,62 5,38 ± 0,74 0,255 74,47 14,21
Diâmetro da parte inferior (cm) 4,27 ± 0,60b 4,69 ± 0,59a 0,223 14,00* 13,38
Peso da polpa com a casca (g) 319,75 ± 59,06 b 416,90 ± 47,01a 19,816 94,38* 14,49
Peso da polpa sem a casca (g) 248,51 ± 34,09b 308,10 ± 30,42a 11,990 97,00* 11,60
Peso da casca (g) 58,98 ± 9,74b 112,60 ± 19,60a 5,742 341,95* 18,03
Rendimento médio Var. Cacau Peso das raízes (kg) Peso das raízes (%)
Raiz com casca (kg.raíz-1) 31,98 100
Raiz sem casca (kg.raiz-1) 24,85 77,71
Cascas (kg.raiz-1) 7,13 22,29
Rendimento médio Var. Jaibara Peso das raízes (kg) Peso das raízes (%)
Raiz com casca (kg.raíz-1) 41,69 100
Raiz sem casca (kg.raiz-1) 30,81 73,90
Cascas (kg.raiz-1) 10,88 26,10
DMS – Diferença mínima significativa; CV – Coeficiente de variação experimental; Médias seguidas pela mesma letra na mesma linha
não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; ns – não significativo; * – significativo ao nível
de 5% de probabilidade. Os valores representam a média ± desvio padrão.
Fonte: A autora (2019).
em torno de 36,20 g/100g de carboidratos (TACO, 2011), logo os dados para essa variável
pouco diferem da tabela padronizada.
O valor energético total (VET) conferido a variedade Cacau foi de 170,16 kcal e para a
variedade Jaibara foi de 166,92 kcal. A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
(TACO), estabelece a quantidade de 151 kcal em cada 100 g de mandioca crua (TACO,
2011), portanto, os valores do presente trabalho encontram-se próximos aos estabelecido.
Não houve diferença significativa (p > 0,05) para as variáveis de pH, acidez total
titulável (ATT), umidade, cinzas, lipídeos e carboidratos entre as raízes de mandioca cozidas
por 2 minutos, que correspondem aos tratamentos T1 (variedade Cacau) e T2 (variedade
32
Jaibara), bem como entre as raízes de mandioca cozidas por 5 minutos (T3 – variedade Cacau
e T4 – variedade Jaibara) conforme verificado na Tabela 4.
Não houve grandes variações entre os resultados encontrados para as variáveis
estudadas entre as raízes in natura (Tabela 3) e as raízes cozidas (Tabela 4), exceto quanto a
quantidade de proteínas. Isso pode ser explicado devido o tempo de cozimento aos quais as
raízes foram submetidas serem muito breves e, portanto, não foram suficientes para engendrar
alterações significativas.
Foi verificado um decréscimo na quantidade de proteína presente nas raízes
minimamente processado quando comparado à in natura, em função do cozimento, logo nas
raízes de mandioca da variedade Cacau e Jaibara in natura os valores foram de 0,61 e 0,90
g/100g, entretanto nas raízes de mandioca da variedade Cacau cozidas por 2 e 5 minutos os
valores foram de 0,42 e 0,41 g/100g, e a variedade Jaibara também cozidas por 2 e 5 minutos
os valores foram de 0,43 g/100g e 0,42 g/100g. Essa alteração pode ser explicada pelo
processo de desnaturação das proteínas mediante o aquecimento do alimento.
A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) estabelece que em 100g de
mandioca cozida deve ter 68,7% de umidade, 0,4 g de cinzas, 0,6 g de proteínas, 0,3 g de
lipídeos, 30,1 g de carboidratos e valor energético total de 125kcal (TACO, 2011). Há uma
discrepância entre valores encontrados no presente trabalho e o proposto pela TACO, logo as
médias verificadas para mandioca Cacau e Jaibara, respectivamente foram de: umidade entre
57,10 e 58,43 g/100g, cinzas entre 0,67 e 0,69 g/100g, proteínas entre 0,41 e 0,42 g/100g,
lipídeos entre 0,25 e 0,28 g/100g, carboidratos entre 40,21 e 41,52 g/100g e valor energético
total entre 161,61 e 170,28 kcal/100g.
Essas divergências podem ser explicadas pelas características intrínsecas às próprias
variedades estudadas, bem como as condições e ambiente de cultivo. Conforme Lorenzi
(1994) os processos fisiológicos responsáveis pelo crescimento, acumulo e metabolização de
substâncias determinam as características e composição das raízes. Para Garcia-Arias et al.
(2003) o processo de cozimento, além de outros fatores, é responsável pelas alterações
químicas e físicas que podem modificar o valor nutricional dos alimentos.
e 27 anos (87%), seguido por aqueles entre 28 e 35 anos (8%) e por último aquele entre 36 e
50 anos (5%).
Na Tabela 5 podem ser visualizados os valores médios obtidos na avaliação sensorial
das raízes de mandioca minimamente processadas.
Ainda que todos os tratamentos tenham apresentado bom IA, verificamos um destaque
para os tratamentos T1 e T3, estes se referem à mandioca da variedade Cacau, uma variedade
considerada de “mesa”, que naturalmente é consumida cozida. Quanto aos tratamentos T2 e
T4, por se tratarem da mandioca da variedade Jaibara, ou seja, uma variedade empregada na
indústria, ao paladar não foi tão agradável quanto à Cacau, principalmente pela falta de
“maciez” da polpa cozida, característica percebida pelos provadores.
Almeida et al. (2017) afirmam que os consumidores preferem raízes de mandioca com
textura pegajosa, cremosa e macia, já aquelas com características como dura, fibrosa e
farinhenta levam a uma menor aceitação. Tal fato foi verificado no presente trabalho.
No teste de intenção de compra das raízes cozidas por 2 minutos (Figura 8), observou-
se na que no tratamento T1, 30 e 33% dos provadores assinalaram que “certamente
compraria” e “possivelmente compraria”, ambas variáveis contabilizaram 63% de intenção à
compra da raiz minimamente processadas do tratamento T1 e um pequeno percentual de 8%
assinalaram que “certamente não compraria” (Figura 8A). No tratamento T2 verificou-se que
2% e 11% dos provadores assinalaram que “certamente compraria” e “possivelmente
compraria”, contabilizando apenas 13% comprariam a raiz minimamente processada no
36
tratamento T2, e uma maioria notável de 49% assinalaram que “certamente não compraria”
(Figura 8A).
Figura 8 - Intenção de compra para as variedades Cacau e Jaibara, com tempo de cocção de 2
minutos (A) e 5 minutos (B).
Matéria minimamente processada sob 2 tempos de cocção para as variedades Cacau e Jaibara (T1 - Mandioca var. Cacau com tempo de
cocção de 2 minutos / T2 - Mandioca var. Jaibara com tempo de cocção de 2 minutos / T3 - Mandioca var. Cacau com tempo de cocção de 5
minutos / T4 - Mandioca var. Jaibara com tempo de cocção de 5 minutos. CC (Certamente Compraria), PC (Possivelmente Compraria), TC
(Talvez Compraria), PNC (Possivelmente Não Compraria) e CNC (Certamente Não Compraria).
Fonte: A autora (2019).
Para o teste de intenção de compra das raízes cozidas por 5 minutos (Figura 8),
verificou-se que o tratamento T3 se sobressaiu com 39% e 24% dos provadores afirmando
que “certamente compraria” e “possivelmente compraria”, somando 63% de intenção à
compra da raiz minimamente processadas do tratamento T3 e apenas 5% afirmaram que
“certamente não compraria” (Figura 8B). O tratamento T4 foi inferior com 4% e 14% dos
37
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BLIGH, E. C.; DYER, W.J.A rapid method of total lipid na purification. Canadian Journal
Biochemistry Physiology, Ottawa, v. 37, p. 911-917, 1959.
CENI, G. C.; COLET, R.; PERUZZOLO, M.; WITSCHINSKI, F.; TOMICKI, L.;
BARRIQUELLO, A. L.; VALDUGA, E. Avaliação de componentes nutricionais de
41
FAGUNDES, L. K.; STRECK, N. A.; LOPES, S. J.; ROSA, H T.; WALTER, L. C.; ZANON,
A. J. Desenvolvimento vegetativo em diferentes hastes da planta de mandioca em função da
época de plantio. Cienc. Rural, v.39, p.657-663, 2009.
FAGUNDES, L.K.; STRECK, N.A.; ROSA, H.T.; WALER, L.C.; ZANON, A.J.; LOPES,
S.J. Desenvolvimento, crescimento e produtividade de mandioca em diferentes datas de
plantio em região subtropical. Ciência Rural, v.40, p.2460-2466, 2010.
FAO - Food and Agriculture Organization. Production, crops. 2012. Disponível em:
<http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acessado em: 17 Jul 2019.
FAVARO, S. P.; BELEIA, A.; FONSECA, N. S.; WALDRON, K. W. The roles of cell wall
polymers and intracellular components in the thermal softening of cassava roots. Food
Chemistry, v.108, p.220-227, 2008.
FERREIRA, A. L.; SILVA, A. F.; PEREIRA, L. G. R.; BRAGA, L. G. T.; MORAES, S. A.;
ARAÚJO, G. G. L. Produção e valor nutritivo da parte aérea da mandioca, maniçoba e
pornunça. Revista brasileira de saúde e produção animal, v. 10, n. 1, 2009.
GOMES, J. C.; LEAL, E. C. Cultivo da mandioca para a região dos tabuleiros costeiros. Cruz
das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2003. Disponível em:
<https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioca/mandioca_tabcosteir
os/index.htm>. Acessado em: 04 Set 2019.
JACQUES, C. A.; ZAMBIAZI, C. R.; GANDRA, À E.; KRUMREICH, F.; LUZ, R. S.;
MACHADO, G. R. M. Sanitização com Produto à Base de Cloro e com Ozônio: Efeito Sobre
Compostos Bioativos de Amora-preta (rubus fruticosus) cv. Tupy. Revista ceres, viçosa, v.
62, n. 6, p. 507-509, 2015.
LI, K.; ZHU, W.; ZENG, K.; ZHANG, Z.; YE, J.; OU, W.; REHMAN, S.; HEUER, B.;
CHEN, S. Caracterização proteômica de embriões somáticos de mandioca ( Manihot
esculenta Crantz ), plântulas e raízes tuberosas. Proteome Science. Jan, 2010. Disponível em:
https://proteomesci.biomedcentral.com/articles/10.1186/1477-5956-8-10. Acessado em 14 Set
2019.
NASCIMENTO, O. K.; AUGUSTA, M. I.; RODRIGUES, R. N.; PIRES, T.; BATISTA, E.;
JÚNIOR, B. L. J.; BARBOSA, J. M. I. M. Alimentos Minimamente Processados: Uma
Tendência de Mercado. Acta Tecnológica, v. 9, n. 1, p. 48-61, 2014.
PEREIRA, A.S.; LORENZI, J.O.; VALLE, T.L. Avaliação do tempo para cozimento e padrão
de massa cozida em mandioca de mesa. Revista Brasileira da Mandioca, Cruz das Almas,
v.47, n.1, p.27-32, 1985.
SARAVANAN, R.; RAVI, V.; STEFHEN R.; THAJUDHIN, S. Deterioração fisiológica pós-
colheita de mandioca (Manihot esculenta Crantz): Uma revisão. Indian Journal of
Agricultural Sciences, v. 86, n. 11, p. 1383-1390, 2016.
SAS INSTITUTE. SAS for windows, versão 9.4 SAS: SAS User guide. Carry, 2013.
45
SILVA, J.; PESSOA, M. O.; SILVA, P. S. L.; ARRAIS, I. G.; SILVA, J. R.; TORRES, J. F.
Rendimentos de cultivares de macaxeira fertirrigada no Tabuleiro de Russas, PE. In: 16°
Congresso Brasileiro de Mandioca. 1° Congresso Latino-americano e Caribenho de
Mandioca, 2015. Foz do Iguaçu: SBM, 2015. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-
de-publicacoes/-/publicacao/1037893/rendimentos-de-cultivares-de-macaxeira-fertirrigada-
no-tabuleiro-de-russas-ceara>. Acessado em: 01 Out 2019.
STONE, H. S.; SIDEL, J. L. Sensory Evaluation Practies. 2ed. San Diego: Academic
Press, 1993. 338p.
STRECK, N. A.; PINHEIRO, D. G.; ZANON, J. A.; GABRIEL, F. L.; ROCHA, T. S. M.;
SOUZA, A. T.; SILVA, M. R. Efeito do espaçamento de plantio no crescimento,
desenvolvimento e produtividade da mandioca em ambiente subtropical. Bragantia,
Campinas, v. 73, n. 4, p. 407-415, 2014.
TAN, T. S.; COCK, J. H. Branching habit as a yield determinant in cassava. Field Crops
Research, v. 2, p. 281-289, 1979.
TOMICH, RGP.; SALIS, S. M.; FEIDEN, A.; CURADO, F. F.; dos SANTOS, G. G.;
TOMICH, T. R. Etnovariedades de mandioca (Manihot esculenta Crantz) cultivadas em
assentamentos rurais de Corumbá, MS. Embrapa Pantanal-Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento (INFOTECA-E), 2008.
VALDUGA, E.; TOMICKI, L.; WITSCHINSKI, F.; COLET, R.; PERUZZOLO, M.; CENI,
G. C. Avaliação da aceitabilidade e dos componentes minerais de diferentes cultivares de
mandioca (Manihot esculenta Crantz) após a cocção. Alim. Nutr., Araraquara, v. 22, n. 2, p.
205-210, abr./jun. 2011.
Data:_______/_______/___________
Assinatura: ___________________________________________________
Nome: _______________________________________________________
Endereço: ____________________________________________________
Assinatura do(s) pesquisador(es): _________________________________
Assinatura da(s) testemunha(s): ___________________________________
48
Você está recebendo uma amostra codificada de MANDIOCA MINIMAMENTE PROCESSADA. Por favor, avalie a APARÊNCIA da
amostra, e na escala abaixo, indique o quanto você gostou ou desgostou da mesma.
( ) 9. Gostei muitíssimo
( ) 8. Gostei muito
( ) 7. Gostei moderadamente
( ) 6. Gostei ligeiramente
( ) 5. Nem gostei, nem desgostei
( ) 4. Desgostei ligeiramente
( ) 3. Desgostei moderadamente
( ) 2. Desgostei muito
( ) 1. Desgostei muitíssimo
Agora avalie a amostra em relação ao atributo: IMPRESSÃO GLOBAL, e indique na escala abaixo:
( ) 9. Gostei muitíssimo
( ) 8. Gostei muito
( ) 7. Gostei moderadamente
( ) 6. Gostei ligeiramente
( ) 5. Nem gostei, nem desgostei
( ) 4. Desgostei ligeiramente
( ) 3. Desgostei moderadamente
( ) 2. Desgostei muito
( ) 1. Desgostei muitíssimo
SE ESTE PRODUTO ESTIVESSE À VENDA NOS MERCADOS, QUAL SERIA SUA ATITUDE?
( ) Certamente compraria
( ) Possivelmente compraria
( ) Talvez comprasse / talvez não comprasse
( ) Possivelmente não compraria
( ) Certamente não compraria
Comentários: ___________________________________________________________________________________________
OBRIGADA!
49