Você está na página 1de 18

Brazilian Journal of Health Review 13125

ISSN: 2595-6825

Suplementação vitamínica durante a gestação: revisão sistemática

Vitamin supplementation during pregnancy: systematic review


DOI:10.34119/bjhrv6n3-369

Recebimento dos originais: 09/05/2023


Aceitação para publicação: 14/06/2023

Bruna Ferreira Alkmim


Graduanda em Medicina
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)
Endereço: Rua do Rosário, 1081, Angola, Betim – MG, CEP: 32604-115
E-mail: alkmimbruna@gmail.com

Luiza Ciotto Viana


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Barbacena FUNJOB (FAME)
Endereço: Praça Pres. Antônio Carlos, 8, São Sebastiao, Barbacena - MG, CEP: 36202-336
E-mail: luizaciotto@hotmail.com

Beatriz Ciotto Viana


Graduanda em Nutrição
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)
Endereço: Avenida Afonso Vaz de Melo,1200- Barreiro - MG, CEP: 30640-070
E-mail: beatrizciottoviana11@gmail.com

Bárbara Larissa Silva


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Barbacena FUNJOB (FAME)
Endereço: Praça Pres. Antônio Carlos, 8, São Sebastiao, Barbacena - MG, CEP: 36202-336
E-mail: barbaralarissasilva@hotmail.com

Bruna Maria de Freitas Faria


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Barbacena FUNJOB (FAME)
Endereço: Praça Pres. Antônio Carlos, 8, São Sebastiao, Barbacena - MG, CEP: 36202-336
E-mail: bruna-mfaria@hotmail.com

Camila Paes Alves Teixeira


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Barbacena FUNJOB (FAME)
Endereço: Praça Pres. Antônio Carlos, 8, São Sebastiao, Barbacena - MG, CEP: 36202-336
E-mail: camila-paes@uol.com.br

Izabelle Dias Cardoso Xavier Fonseca


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Barbacena FUNJOB (FAME)
Endereço: Praça Pres. Antônio Carlos, 8, São Sebastiao, Barbacena - MG, CEP: 36202-336
E-mail: bellediascardoso@hotmail.com

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13126
ISSN: 2595-6825

Luisa Lisboa Abdo


Graduanda em Medicina
Instituição: Faculdade de Medicina de Barbacena FUNJOB (FAME)
Endereço: Praça Pres. Antônio Carlos, 8, São Sebastiao, Barbacena - MG, CEP: 36202-336
E-mail: luisaabdo365@gmail.com

RESUMO
Introdução: O organismo da gestante sofre inúmeras mudanças fisiológicas e anatômicas para
benefícios da saúde materna e fetal. Por essa razão, além de uma dieta adequada, é necessário
considerar suplementação vitamínica evitando deficiência nutricional. Objetivo: Avaliar por
meio de uma revisão a importância da adequada suplementação de vitaminas durante a gestação
para o bem estar do binômio materno fetal. Métodos: A realização da busca se deu nas seguintes
bases de dados: Medical Literature and Retrivial System onLine (MEDLINE/PubMed),
Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific
Electronic Library Online (SciELO), utilizando-se os descritores “Gestação” e “Suplementação
Nutricional”, selecionados previamente no Descritores em Ciências da Saúde (DeCs).
Resultados: Foram selecionados 20 artigos de estudos variados, dentre eles: ensaios clínicos
randomizados, meta análise, estudo transversal analítico. Avaliou-se os seguintes suplementos:
ácido fólico, cálcio, ômega 3, sulfato ferroso, vitamina A e vitamina D. Discussão: O trabalho
em questão se dedicou à pesquisa de suplementos vitamínicos para o uso durante a gestação,
expondo os principais indicadores no que tange o desenvolvimento saudável da gestante e do
feto. As suplementações de ácido fólico, cálcio, ômega 3, sulfato ferroso e vitamina A,
evidenciaram benefícios para esses grupos e estão relacionados à formação fetal adequada e
prevenção de eventos como parto prematuro, aborto espontâneo e pré-eclâmpsia. Contudo, no
caso da vitamina D, não existem estudos suficientes que comprovem a sua necessidade.
Considerações Finais: A suplementação de vitaminas e minerais são importantes durante a
gestação, apresentando diversos benefícios como redução da incidência de pré-eclâmpsia, parto
prematuro e diabetes gestacional. Dessa forma, é necessário individualizar o pré-natal.

Palavras-chave: nutrição da gestante, saúde materna, transtornos nutricionais do feto,


suplementação nutricional.

ABSTRACT
Introduction: The organism of the pregnant woman undergoes numerous physiological and
anatomical changes for maternal and fetal health benefits. For this reason, in addition to an
adequate diet, it is necessary to consider vitamin supplementation to avoid nutritional
deficiency. Objective: To evaluate through a review the importance of adequate vitamin
supplementation during pregnancy for the well-being of the fetal maternal binomial. Methods:
The search was performed in the following databases: Medical Literature and Retrivial System
online (MEDLINE/PubMed), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences
(LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SciELO), using the descriptors "Gestation"
and "Nutritional Supplementation'', previously selected in the Descriptors in Health Sciences
(Decs). Results: Twenty articles were selected from various studies, among them: randomized
clinical trials, meta-analysis, analytical cross-sectional study. The following supplements were
evaluated: folic acid, calcium, omega 3, ferrous sulfate, vitamin A and vitamin D. Discussion:
The work in question was dedicated to the research of vitamin supplements for use during
pregnancy, indicators regarding the healthy development of pregnant women and fetus.
Supplementation of folic acid, calcium, omega 3, ferrous sulfate and vitamin A, showed
benefits for these groups and are related to proper fetal formation and prevention of events such
as premature birth, miscarriage and preeclampsia. However, in the case of vitamin D, there are

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13127
ISSN: 2595-6825

not enough studies that prove its need. Final considerations: The supplementation of vitamins
and minerals are important during pregnancy, presenting several benefits such as reduced
incidence of preeclampsia, premature birth and gestational diabetes. Thus, it is necessary to
individualize prenatal care.

Keywords: prenatal nutrition, maternal health, fetal nutrition disordes, nutritional


supplementation.

1 INTRODUÇÃO
Durante a gestação, ocorrem no corpo humano, transformações fisiológicas e
anatômicas em busca de benefícios da saúde materna e fetal. Deste modo, a mulher se encontra
em um momento de vulnerabilidades e deve buscar maneiras de fornecer o melhor
desenvolvimento e crescimento fetal, visando a redução de enfermidades crônicas e congênitas
(BEITUNE EP, et al, 2020). Para isso, além de adequar a dieta para uma alimentação saudável
e balanceada em macro e micronutrientes, deve-se considerar o uso de suplementos vitamínicos
evitando assim a deficiência nutricional (MARTINS APP e MASQUIO DCL, 2019).
O déficit de vitamina A acontece principalmente no terceiro trimestre da gestação,
devido ao crescimento fetal acelerado, e pode ocorrer também em razão do diabetes mellitus
gestacional (LIRA e DIMENSTEIN, 2019). A sua deficiência ocasiona xeroftalmia, má
formação congênita e aumento da mortalidade materna. Pode ser evitada por meio de dieta,
suplementação e fortificação convencional de alimentos (MARTINS APP e MASQUIO DCL,
2019).
Por outro lado, a vitamina D, possui ação no metabolismo ósseo, sistema imunológico,
respiratório, endócrino e cardiovascular. Esse nutriente pode ser obtido por meio da dieta, além
da síntese endógena, por exposição solar, considerada como fonte principal. Sua deficiência
afeta milhares de pessoas de idade, sexos e regiões diferentes, sendo prevalente em grupos de
risco como gestantes, crianças e lactentes. (DUTRA; SOUZA; KONSTANTYNER, 2021). Isso
porque, durante a gestação ocorrem mudanças no seu metabolismo para a mineralização óssea
fetal. Os níveis de 1,25(OH)2D são elevados no começo da gravidez, atingindo seu pico no
terceiro trimestre e retornando a valores normais na lactação. (URRUTIA-PEREIRA; SOLÉ,
2015). Assim, sua deficiência durante essa fase pode acarretar consequências importantes tanto
para a gestante quanto para a criança.
O ácido fólico (AF) ou ácido peteroilglutâmico, por sua vez, é uma vitamina
hidrossolúvel do complexo B (vitamina B9) (OLIVEIRA LS, GERMANO BCDC e KRAMER
DG, 2021) e representa a forma sintetizada do folato, encontrado nos alimentos fortificados e

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13128
ISSN: 2595-6825

suplementos. É um nutriente disponível em vegetais verdes-escuros (couve, espinafre),


legumes, frutas cítricas, feijão, grãos, brócolis, milho, entre outras. O folato é essencial na
síntese de ácidos nucleicos (DNA e RNA), multiplicação celular, metabolismo de aminoácidos
e formação de proteínas estruturais e hemoglobina (MARIANI CN, 2020). Sendo assim, no
período gestacional, o AF está correlacionado ao aumento do volume dos eritrócitos, ao
alargamento do útero e ao crescimento da placenta e do feto. Uma dieta pobre em folato pode
provocar implicações maternas e perinatais, sendo os defeitos do tubo neural (DTN), uma das
mais conhecidas (LINHARES AO e CESAR JA, 2017).
Outro relevante nutriente é o ferro. Sua ingestão diária é de suma importância na
gravidez, pois a deficiência do mesmo pode suscitar a anemia, patologia comum neste período
da vida da mulher. A anemia normalmente ocorre no final do primeiro até o começo do terceiro
trimestre e apresenta sintomas como fraqueza, fadiga, vertigens, sensação de falta de ar e
irritabilidade. Por este motivo, é necessário que o ferro faça parte da dieta da gestante, de
maneira adequada, já que a necessidade dele, também, dobra durante a gestação (OLIVEIRA
AA, et al 2022).
No caso do cálcio, mineral importante para o desenvolvimento e a maturação óssea do
corpo humano, ele também é adquirido através da alimentação e/ou suplementação. O consumo
deste mineral tornou-se essencial durante a gravidez e a lactação, uma vez que os benefícios de
maturação óssea fetal, saúde óssea materna e prevenção de pré-eclâmpsia foram evidenciados.
Sabe-se que a suplementação de cálcio reduz em mais 50% a chance de a gestante ter pré-
eclâmpsia (FEBRASGO, 2022), e deve ser feita a partir da 20ª semana. A OMS (Organização
Mundial de Saúde), recomendou suplementos diários de cálcio em populações com baixa
ingestão do mesmo, a fim de reduzir o risco de doenças hipertensivas (OMS, 2006).
Bem como, o Omega-3, é um ácido graxo essencial que tem como principal fonte
alimentar o peixe. No período gestacional os níveis dessa vitamina aumentam no primeiro e no
segundo trimestre, porém, apresentam queda significativa no terceiro trimestre. A adequada
suplementação desse ácido graxo mostrou-se capaz de reduzir a taxa de partos prematuros,
causar o aumento do peso ao nascimento, além de ajudar no desenvolvimento do SNC.
(ADAMS JB, 2022).

2 MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão sistemática pautado na seguinte pergunta norteadora:
“Existem evidências científicas de que a suplementação vitamínica durante a gestação é eficaz
para manter a gestante e o feto saudáveis?".

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13129
ISSN: 2595-6825

A realização da busca se deu nas seguintes bases de dados: Medical Literature and
Retrivial System onLine (MEDLINE/PubMed), Literatura Latino-americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando-se os
descritores “Gestação” e “Suplementação Nutricional”, selecionados previamente no
Descritores em Ciências da Saúde (DeCs). Durante o processo de busca, foi usado o operador
lógico de pesquisa "AND".
Como critérios de inclusão foram aplicados: ensaios clínicos randomizados, metanálise,
estudo transversal analítico e revisões sistemática, realizados com humanos, nos idiomas inglês,
português e espanhol com recorte temporal entre os anos de 2011 a 2023, que se adequam à
pergunta norteadora da pesquisa. Foram excluídos os artigos não acessíveis e os que não
estavam atrelados ao objetivo da pesquisa, por meio da leitura do título e do resumo. A busca
bibliográfica foi realizada durante o mês de maio de 2023.
Diante do processo de seleção dos artigos foram aplicadas as etapas de identificação,
triagem e elegibilidade, ilustradas no fluxograma a seguir (Figura 1). Por fim, foi realizada a
avaliação crítica dos estudos encontrados para posterior aplicação dos resultados e síntese das
evidências.

Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção: identificação, triagem e elegibilidade.

Fonte: SILVA BL, et al. 2023

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13130
ISSN: 2595-6825

3 RESULTADOS
Nesta revisão analisou-se 20 artigos de estudos variados, dentre eles: ensaios clínicos
randomizados, metanálise, estudo transversal analítico. Foram avaliados os seguintes
suplementos: ácido fólico, cálcio, ômega 3, sulfato ferroso, vitamina A e vitamina D.
Em relação às temáticas discutidas, encontrou-se: cinco artigos de ácido fólico no
período de 2008 a 2021; três artigos de cálcio no período 2006 a 2020; dois artigos de ômega 3
no período de 2002 a 2020; quatro artigos de sulfato ferroso no período 2011 a 2022; dois
artigos de vitamina A, publicados no período de 2019; quatro artigos de vitamina D no período
de 2015 a 2022.
Para avaliar a adequada suplementação durante a gestação, foram analisados diversos
estudos que buscam evidências sobre os reais benefícios dessa conduta.
Os principais dados obtidos dos referenciais teóricos podem ser analisados no Quadro
1.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13131
ISSN: 2595-6825

Quadro 1 - Principais dados dos referenciais teóricos utilizados nesta pesquisa.


Autor/Ano Título Terapia Objetivos Resultados
Complementar

Lira e Dimenstein, Vitamina A e Diabetes Vitamina A. Esclarecer o impacto da instalação do DM Deficiência de vitamina A predispõe as gestantes ao aborto
2019. Gestacional. sobre os níveis de retinol das gestantes e as espontâneo e a maior gravidade das intercorrências
consequências que a deficiência em vitamina A gestacionais, além de estar associada a infecções, à anemia
poderá causar para as mulheres e lactantes. e ao desenvolvimento de síndromes hipertensivas da
gravidez.

Martins e Masquio, O papel da vitamina A na Vitamina A. Elucidar as funções da vitamina A na gestação A deficiência da vitamina A prejudica a saúde da mãe e do
2019. saúde materno-fetal. e as consequências de sua deficiência. feto no período gestacional. Assim são fundamentais
estratégias nutricionais para garantir o aporte ideal desta
vitamina.

Tamy Colonetti, et al, Suplementação de Vitamina D. Avaliar os efeitos da suplementação da A suplementação de vitamina D durante a gravidez melhora
2022. vitamina D durante a vitamina D durante a gravidez na prevenção da a concentração sérica de 25(OH)D e sugere apresentar
gravidez para a prevenção deficiência em recém-nascidos e a efeitos positivos no estado geral de saúde, comprimento ao
da deficiência de vitamina concentração materna de vitamina D após o nascer e peso ao nascer.
D em recém-nascidos: parto.
uma revisão sistemática e
meta-análise.

Letícia Veríssimo Efeitos da suplementação Vitamina D. Identificar os efeitos da suplementação de A suplementação da vitamina por no mínimo três meses pré-
Dutra, Fabíola Isabel de vitamina D durante a vitamina D durante a gestação no recém- parto, tem influência positiva, mas não há conhecimento
Suano de Souza, Tulio gestação no recém- nascido e lactente. suficiente para definir uma dose ideal nem garantir a
Konstantyner, 2021. nascido e lactente: uma inexistência de possíveis efeitos adversos em longo prazo.
revisão integrativa.

Marilyn Urrutia- Deficiência de vitamina D Vitamina D. Avaliar as consequências e a deficiência de Medidas de prevenção contra a deficiência de vitamina D
Pereira, Dirceu Solé, na gravidez e o seu vitamina D durante a gestação, lactação e devem ser instituídas, mesmo em pequena suspeita da
2015. impacto sobre o feto, o infância; os fatores de risco associados, deficiência na gestante. Porém, ainda são necessários
recém-nascido e na métodos de prevenção e os mecanismos estudos de larga escala para estabelecimento do verdadeiro
infância. epigenéticos na vida intra-uterina que explicam papel da vitamina D na saúde da gestante e do recém-
os benefícios da vitamina D. nascido.

Sonia Santander Is Supplementation with Vitamina D. Resumir as evidências sobre a relação das É necessário a realização de mais estudos para ajustar os

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13132
ISSN: 2595-6825

Ballestín, et al. 2021. Micronutrients Still deficiências nutricionais com a morbidade valores diários recomendados para suplementação de
Necessary during materna e neonatal. vitamina D e, para melhores orientações de nutrição
Pregnancy: A Review. periconcepcional recomendada para a mãe.

Letícia Sousa Importância do ácido Ácido fólico. Abordar de forma simplificada os principais A suplementação contínua com ácido fólico durante a
Oliveira, Bianca fólico na gestação: benefícios do ácido fólico, além da sua atuação gravidez resulta em mudanças significativas na metilação do
Caroline da Cunha revisão bibliográfica molecular no desenvolvimento do feto. DNA. Também contribui de forma significativa para
Germano, Dany descritiva. patologias congênitas, como o DTN. Os efeitos adversos do
Geraldo Kramer, excesso de ácido fólico são improváveis nos níveis
2021. geralmente baixos de sua suplementação obrigatória de
alimentos.

Conrintio Mariani Prevenção dos defeitos Ácido fólico. Revisar as evidências sobre o uso do ácido O uso do ácido fólico, iniciado antes da concepção e
Neto, 2020. abertos do tubo neural – fólico periconcepcional para prevenção dos continuado durante o primeiro trimestre da gravidez é o
dtn. defeitos abertos do tubo neural (DTNs). método mais eficaz de prevenção dos DTNs. Mesmo com a
suplementação adequada de ácido fólico, uma parcela da
população poderá apresentar algum tipo de DTN decorrente
de outros fatores, como deficiências enzimáticas de origem
genética.

Angélica Ozório Suplementação com Ácido fólico. Identificar, entre todas as mulheres que tiveram A suplementação com acido fólico no período gestacional
Linhares, Juraci ácido fólico entre filhos em 2013 no município de Rio Grande, foi maior para as mães de cor da pele branca, com
Almeida Cesar, 2017. gestantes RS, aquelas que utilizaram o ácido fólico no companheiros, com 12 anos ou mais de estudo completo,
no extremo Sul do Brasil: período gestacional e os fatores associados. que pertencem ao quartil mais rico de renda familiar; que
prevalência e fatores são primípara, ter a gravidez planejada, ter seis ou mais
associados. consultas pré-natal e ter inicado o pré natal no primeiro
trimeste, em comparação ao cenário oposto.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13133
ISSN: 2595-6825

Marcelo Marques de Ácido fólico na Ácido fólico. Estabelecer o impacto da fortificação dos grãos Aumento do conhecimento de pacientes e profissionais de
Souza Lima, et al. prevenção de gravidez e farináceos; entender o papel do ácido fólico saúde envolvidos na assistência pré-natal sobre o papel do
2009. acometida por morbidade na prevenção de intercorrências fetais; e avaliar ácido fólico e, em particular, no seu uso periconcepcional
fetal: aspectos atuais. o grau de conhecimento da suplementação especialmente em países desenvolvidos.
periconcepcional dos folatos pelos
profissionais de saúde e pelas gestantes,
baseada nas evidências científicas de acordo
com o grau de recomendação.

Elisabete Leinioski Importância do ácido Ácido fólico. Avaliar a prevalência da carência de ácido A biodisponibilidade do folato é em grande parte controlada
Brandão Pontes, fólico na gestação: fólico, assim como, a ingestão de pela absorção intestinal e pode ser influenciada por fatores
Cynthia Matos Silva requerimento e biodisponibilidade deste micronutriente como drogas e suplementos. As gestantes são propensas a
Passoni, biodisponibilidade. essencial para o desenvolvimento fetal. desenvolver deficiência de folato por provável aumento da
Mariana Paganotto, demanda de nutrientes e por dieta inadequada, hemodiluição
2008. fisiológica e influência hormonal.

Augusto Henrique A suplementação de ferro Sulfato ferroso. Avaliar o papel da suplementação de ferro na Existe uma tendência em indicar a suplementação de ferro
Fulgêncio Brandão, na gravidez: gestação, seus benefícios e possíveis riscos para na gravidez devido à alta prevalência de carência de ferro
Marcelo Araújo orientações atuais. a mãe e o feto, analisando se é prudente durante a gestação.
Cabral, Ântonio recomendar de maneira rotineira seu uso
Carlos Vieira Cabral, durante a gestação.
2011.

Vitoria Vilas Boas da Repercussões da Sulfato ferroso. Analisar as repercussões da deficiência de ferro A carência de ferro durante a gestação e puerpério para
Silva Bomfim, et al. deficiência de ferro durante a gestação e no puerpério para o o binômio
2020 durante a gestação e binômio materno-fetal causa severas sequelas no desenvolvimento e
puerpério para o binômio materno-fetal, bem como destacar a crescimento fetal, além de prejudicar a saúde da mãe,
materno-fetal. intervenção do enfermeiro frente à podendo levar a consequências irreversíveis para ambos.
problemática.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13134
ISSN: 2595-6825

Angelica Andrade de Protocolo de Sulfato Ferroso. Descrever o protocolo de suplementação de A falta de ferro no organismo das grávidas pode acarretar
Oliveira, et al. 2022 suplementação de ferro na ferro utilizado durante a gravidez. problemas graves à sua saúde e à de seu bebê. É importante
gestação: uma revisão que a gestante receba a suplementação de ferro durante o
sistemática. período gestacional para que o feto em desenvolvimento
nasça com saúde.

Carolina Figueiredo Suplementação de sulfato Sulfato ferroso Analisar a influência da suplementação de A prevenção e o tratamento da anemia ferropriva por meio
da Silva, et al. 2018 ferroso na gestação e ferro na prevenção da anemia ferropriva na da suplementação com sulfato ferroso é recomendada para
anemia gestacional: uma gestação e seus efeitos associados na saúde do todas as gestantes, já que reduz a prevalência de anemia
revisão de literatura. binômio mãe e feto. e também reduz desfechos negativos como a
prematuridade e baixo peso ao nascer.

Michael Thomas, Suplementação de cálcio Cálcio. Analisar os efeitos da suplementação do cálcio O aumento na ingestão de cálcio durante a gravidez e
MD,a Steven M. durante a gravidez e na maturação óssea fetal e saúde óssea materna lactação pode substituir a massa óssea materna perdida,
Weisman, PhDb lactação: efeitos na mãe e durante gravidez e lactação. reduzir a reabsorção óssea e reverter a perda óssea para que
2006. no feto. a massa óssea seja obtida, além de ser ligada diretamente ao
aumento da densidade óssea e do comprimento ósseo dos
recém-nascidos.

Nádya Santos Moura, Procedimentos clínicos Cálcio. Identificar quais são as condutas recomendadas De acordo com os estudos avaliados, a administração de
et al. 2020. para a prevenção de pré- para a prevenção de pré-eclâmpsia em aspirina ainda é a melhor conduta a ser utilizada na prática
eclâmpsia em gestantes: gestantes. clínica para prevenir a pré-eclâmpsia.
Uma revisão sistemática.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13135
ISSN: 2595-6825

Dayana Lazo- Fatores associados à Cálcio. Determinar os fatores associados à aderência na A maior ingestão de cálcio foi associada a maior idade
Escobar, et al. 2018. ingestão de suplementos tomada de suplemento de cálcio em gestantes gestacional, percebendo que o seu consumo traz benefícios,
de cálcio em mulheres da cidade de Huancayo. mesmo com o alto custo.
grávidas na cidade de
Huancayo, 2018.

James B. Adams, Recomendações baseadas Ômega-3. Revisão sistemática que objetivou reunir as A ingestão de peixe das mulheres estudadas corresponde a
2022. em evidências para principais evidências relacionadas a apenas 20% do que é recomendado. A suplementação
suplementação pré-natal suplementação das 13 principais vitaminas, adequada de ômega 3 se mostrou útil para melhorar a taxa
de mulheres nos EUA: entre elas, o ômega-3. de parto prematuro precoce e de baixo peso ao nascer, além
vitaminas e nutrientes de poder reduzir o risco de DMG, PE e alergias alimentares
relacionados. em bebês.

Philippa Middleton, Suplementação de Ômega-3. Comparar os resultados em gestantes que A suplementação adequada de ômega-3 durante a gestação
2018. Ômega-3 durante a fizeram uso de ômega-3 durante a gestação com é uma estratégia eficaz para redução de parto prematuro,
gestação. mulheres que fizeram uso de placebo ou que além de
não fizeram suplementação. redução risco de morte perinatal e de internação em
cuidados neonatais.

Fonte: SILVA BL, et al. 2023

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13136
ISSN: 2595-6825

4 DISCUSSÃO
Como já exposto, o trabalho em questão se dedicou à pesquisa de suplementos
vitamínicos para o uso durante a gestação. Com isso, os achados da presente pesquisa serão
discutidos a seguir, expondo as principais evidências encontradas e quais as importâncias de
cada uma para o desenvolvimento saudável da gestante e do feto.
Durante a gestação, é evidente a importância da ingestão de folato pela gestante, devido
a uma maior taxa metabólica e de crescimento, considerando o desenvolvimento fetal e
multiplicação celular materna (OLIVEIRA LS, GERMANO BCDC e KRAMER DG, 2021;
MARIANI CN, 2020). Além disso, a hemodiluição fisiológica gestacional, fatores hormonais
e dieta inadequada são outros possíveis fatores que contribuem para carência de ácido fólico
(AF) durante a gestação (ELISABETE LEINIOSKI BRANDÃO PONTES ELB, PASSONI
CMS e PAGANOTTO M, 2008). Por essa razão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o
Ministério da Saúde do Brasil (MS) recomendam a dose de AF de 400µg (0,4mg), diariamente,
por ao menos 30 dias antes da concepção até o primeiro trimestre de gestação para prevenir os
defeitos do tubo neural, e para prevenção de anemia, durando até o fim da gestação
(LINHARES AO e CESAR JA, 2017; MARIANI CN, 2020). Não o suficiente, o Brasil possui
uma resolução que estabelece a fortificação de alimentos com AF, é o caso das farinhas de trigo
e de milho (MARIANI CN, 2020). Essa estratégia visa otimizar a ingestão
do nutriente entre as gestantes e as mulheres em idade fértil, principalmente pensando
em um país com discrepâncias socioeconômicas, como o Brasil.
Estudos relevantes que envolvem as recomendações para a suplementação de AF antes
e durante a gravidez, demonstraram uma redução em cerca de 70% o risco de o bebê nascer
com DTN (LIMA MMDS et al, 2009). A deficiência nutricional do AF está bem estabelecida
como fator de risco para DTN, contudo não se sabe ao certo o mecanismo que permite o folato
prevenir esse tipo de malformação (MARIANI CN, 2020). O tubo neural se fecha por volta do
28º dia de gestação, período no qual, muitas vezes, a gestação sequer foi diagnosticada. Assim,
a suplementação de AF após o primeiro mês não impede a ocorrência desse tipo de
malformação, mas eventualmente, contribui para outros aspectos no que tange a saúde materna
e fetal (ELISABETE LEINIOSKI BRANDÃO PONTES ELB, PASSONI CMS e
PAGANOTTO M, 2008). Entre os efeitos da baixa ingesta de AF para o organismo materno
destacam-se pré-eclâmpsia, anemia megaloblástica, hemorragia pós-parto e descolamento
prematuro de placenta. As consequências perinatais, incluem, além do atraso na maturação do

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13137
ISSN: 2595-6825

sistema nervoso, como é o caso dos DNT, prematuridade, restrição do crescimento fetal, baixo
peso (MARIANI CN, 2020).
Durante a gestação, o cálcio se torna um elemento importante, pois contribui para a
saúde óssea materna e para a densidade e comprimento ósseo fetal (ESCOBAR et al. 2018)
(THOMAS et al.2006). Todavia, foi observado que a suplementação de cálcio durante a
gravidez, reduz de 45% a 75% a incidência de pré-eclâmpsia (PE), uma das principais causas
de morte materna e perinatal. (MOURA et al.2020)
A pré-eclâmpsia é uma doença sistêmica, idiopática, que afeta cerca de 3 a 5% das
gestantes na América Latina. No Brasil, as síndromes hipertensivas são a primeira causa de
morte em gestantes com idade entre 19 e 59 anos, as quais consomem menos de 500 mg/dia de
cálcio (IBGE,2011). Quando a doença tem início antes da 34ª semana de gestação, ela se torna
mais grave devido às complicações, como crescimento intrauterino restrito (CIUR), fetos
pequenos para idade gestacional e morbidades maternas (MOURA et al. 2020).
Devido à alta morbimortalidade materna causada pela hipertensão gestacional, a
Organização Mundial de Saúde sugere suplementação de cálcio em todas as gestantes que não
consomem adequadamente este mineral, ou seja, aquelas que ingerem menos de 900 mg/dia, a
fim de prevenir a incidência da PE (OMS, 2006). Portanto, o consumo diário do cálcio deve ser
entre 1,5g -2g na gravidez, durante o segundo e terceiro trimestre, onde há maior absorção deste
mineral. O Sistema Único de saúde (SUS) oferece comprimidos de Carbonato de cálcio com
1250mg, que apresenta poucos efeitos colaterais, e é de fácil adesão. (ESCOBAR et al. 2018)
Os ácidos graxos são componentes essenciais das membranas celulares e precursores de
prostaglandinas, tromboxanos, substâncias essenciais na regulação da coagulação sanguínea,
resposta imune e processos inflamatórios, que são o de grande importância para o
desenvolvimento da placenta e do feto. O consumo de alimentos ricos em ácidos graxos pela
população, corresponde a apenas 20% do que é recomendado, além disso, a concentração desses
ácidos graxos reduz progressivamente no organismo materno. Dessa forma, muitas
organizações científicas têm estudado os benefícios da adequada suplementação de Ômega-3
durante a gestação. (ADAMS JB, 2022)
Em uma revisão sistemática de mais de 70 ensaios clínicos randomizados, compararam
os resultados em gestante que fizeram o uso de Ômega-3 durante a gestação em comparação
com as mulheres que não fizeram a suplementação. Os resultados encontrados mostraram que
o parto prematuro < 37 semanas e parto prematuro precoce < 34 semanas foram reduzidos em
mulheres que fizeram a adequada suplementação. Além disso, foi demonstrado risco reduzido

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13138
ISSN: 2595-6825

de morte perinatal e de internação em cuidados neonatais. Dessa forma, existem recomendação


de suplementação de 300-600 mg de Ômega 3 objetivando a melhora das taxas de parto
prematuro precoce e baixo peso ao nascer, devendo a dose ser individualizada para cada
paciente. (MIDDLETON P, 2018)
A anemia por deficiência de ferro é a deficiência nutricional mais prevalente em
gestantes e qualquer outro tipo de paciente no mundo. Na gestação, a mulher tem um risco
aumentado de carência de ferro por diversos fatores, dentre eles, o aumento significativo, que
ocorre durante esse período, na demanda metabólica pelo ferro, decorrente de uma hematopoese
aumentada. Somado a isso, existe um aumento de demanda pelo crescimento do feto e uma
necessidade de compensar eventuais perdas durante o processo do parto (BRANDÃO AHF,
CABRAL MA, CABRAL ACV, 2011).
Atualmente, sabe-se que a deficiência de ferro prejudica a saúde materna, acarretando
prejuízos no desenvolvimento e crescimento fetal (BOMFIM VVBS, et al 2020). Somado a
isso, esta carência correlaciona com aumento da mortalidade e morbidade materna, parto
prematuro, baixo peso ao nascer e outros, por isso, apesar desse processo ser fisiológico, estudos
nutricionais demonstraram que a maioria das gestantes tem aporte inadequado de ferro na dieta,
o que justificaria a suplementação de ferro nesse grupo, para suprir a demanda deste mineral.
(BRANDÃO AHF, CABRAL MA, CABRAL ACV, 2011).
A suplementação diária oral de ferro é recomendada, então, como parte da assistência
pré-natal para reduzir o risco de baixo peso no nascimento, anemia materna e deficiência de
ferro. A recomendação é iniciar a reposição oral a partir do conhecimento da gravidez, até o
terceiro mês após o parto. (OLIVEIRA AA, et al 2022). Isso porque sempre há perda sanguínea,
independente da via de parto e, essa suplementação contribuirá para o retorno mais rápido da
mulher aos níveis de hemoglobina antes de engravidar.
A partir disso, o medicamento com maior destaque é o sulfato ferroso, devido a sua alta
eficácia e baixo custo. Nesse contexto, a OMS preconiza uma dose de 30 a 60 mg diário de
sulfato ferroso para profilaxia em todas as gestantes, medida também adotada pelo Ministério
da Saúde, que recomenda uma dose profilática de 40mg por dia para as gestantes e puérperas
(SILVA FC, et al 2018).
De acordo com Lira e Dimenstein (2019), a deficiência da vitamina A pode ser causada
por meio da hiperglicemia materna. Esta hipovitaminose pode predispor ao autismo infantil e
má formação congênita, além de aborto espontâneo. Dessa maneira sua suplementação visando
a ingestão de 750 a 770 mcg por dia é indicada em países nos quais a sua deficiência é um

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13139
ISSN: 2595-6825

problema de saúde pública, como no Brasil (MARTINS APP e MASQUIO DCL, 2019). Sua
ingestão pode ser realizada por meio de alimentos carotenóides como cenoura, abóbora e
vegetais verde escuro, além de laticínios. Durante a gestação, torna -se importante para o
crescimento e manutenção do tecido fetal, como o trato respiratório, digestório e urogenital
(MARTINS APP e MASQUIO DCL, 2019). Além disso, após o nascimento pode se apresentar
por meio de sintomas oculares, como cegueira noturna, xeroftalmia, queratomalácia, mancha
de Bitot e fotofobia.
Pesquisas recentes sobre a vitamina D na gestação relatam que sua deficiência pode
estar relacionada ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional (DMG),
resistência à insulina, vaginose bacteriana e aumento do número de cesáreas. Um estudo
randomizado e controlado reforçou que a suplementação com 4.000UI/d durante a gravidez está
relacionada com menores riscos de morbidades, e efeitos positivos para o recém-nascido (RN)
na melhora dos parâmetros de comprimento ao nascer, estado geral de saúde e concentração de
vitamina D neonatal. Contudo, trabalhos relacionados com peso ao nascer e perímetro cefálico
não apresentaram efeito significativo em relação ao placebo (COLONETTI et.al, 2022).
Além disso, foram estudados efeitos positivos relacionados à prevenção de infecção
respiratória aguda e sensibilidade a alérgenos, regulação epigenética, efeito sobre a microbiota
intestinal (alteração de bactérias) e associados ao metabolismo de cálcio e crescimento físico
do recém-nascido, apenas quando a suplementação é feita em gestantes com deficiência a
vitamina D (DUTRA; SOUZA; KONSTANTYNER, 2021). Segundo estudo (Hollis), os
autores sugeriram que uma dose diária de 4000 UI permite que as gestantes atinjam
concentrações ideias com redução de algumas complicações importantes da gravidez
(SANTANDER et.al, 2021).
Trabalhos também mostraram associação entre deficiência de vitamina D e maior risco
de pré-eclâmpsia. Foi percebido a baixa excreção urinária de cálcio, níveis reduzidos de cálcio
ionizado, níveis aumentados de PTH e baixos níveis de vitamina D em gestantes diagnosticadas,
mas alguns estudos não mostraram tal relação bem estabelecida. (BARBARA). Além disso, foi
percebido que a deficiência de vitamina D e a insuficiência de micronutrientes mais
consistentemente associada ao DMG (SANTANDER et.al, 2021).
Apesar desses benefícios na gestação, a OMS limita a recomendação rotineira da
suplementação devido aos estudos sobre o assunto não serem unânimes e não terem
comparativos, e no Brasil não há dados populacionais representativos que justifiquem a sua
suplementação profilática para todas as gestantes. Porém, mesmo apresentando efeitos

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13140
ISSN: 2595-6825

benéficos que validem a suplementação, não se pode afirmar a dose nem os efeitos adversos a
longo prazo (DUTRA; SOUZA; KONSTANTYNER, 2021). Dessa forma, novos estudos são
necessários para estabelecer uma dose padrão que seja mais eficaz e específica, determinando
o tratamento de acordo com a idade gestacional e o tempo de uso da suplementação
(COLONETTI et.al, 2022).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A suplementação individualizada durante a gestação é uma importante aliada na
assistência pré-natal, apresentando diversos benefícios como redução da incidência de pré-
eclâmpsia, de parto prematuro e de diabetes gestacional. Entretanto, são necessários mais
estudos que comprovem a real eficácia de alguns suplementos, pois ainda faltam evidências que
correlacionam a dose adequada com desfechos positivos.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13141
ISSN: 2595-6825

REFERÊNCIAS

1. ADAMS, J.B., KIRBY, J.K., SORENSEN, J.C. et al. Evidence based recommendations
for an optimal prenatal supplement for women in the US: vitamins and related nutrients. matern
health, neonatol and perinatol 8, 4 (2022).

2. EL BEITUNE, Patrícia et al. Nutrição durante a gravidez. Femina, v. 48, n. 4, p. 245-


56, 2020

3. BOMFIM VVBS, et al. Repercussões da deficiência de ferro durante a gestação e


puerpério para o binômio materno-fetal. Revista Eletrônica Acervo Saúde / Electronic Journal
Collection Health, dezembro 2012; vol 12.

4. BRANDÃO AHF, CABRAL MA, CABRAL ACV. A suplementação de ferro na


gravidez: orientações atuais. Feminina, Maio 2011; vol 39.

5. COLONETTI, T et al.Vitamin D supplementation during pregnancy to prevent vitamin


D deficiency in newborns: a systematic review and meta-analysis. Revista Brasileira de Saúde
Materno Infantil. 2022, v. 22, n. 2

6. DUTRA, LV; SOUZA, FIS; et al Effects of vitamin D supplementation during


pregnancy on newborns and infants: an integrative review. Revista Paulista de Pediatria
[online]. 2021, v. 39

7. LAZO-ESCOBAR, D. et al. Factores asociados a la toma de suplementos de calcio en


gestantes en la ciudad de Huancayo, 2018. Rev. chil. obstet. ginecol Santiago, v. 83, n. 6, p.
595-605, 2018 .

8. LIRA, LQ; DIMENSTEIN, R. Vitamina A e diabetes gestacional. Revista da


Associação Médica Brasileira, v. 56, p. 355-359, 2010.

9. LIMA MMDS, et al. Ácido fólico na prevenção de gravidez acometida por morbidade
fetal: aspectos atuais. Femina 2009; 37(10):569-575.

10. LINHARES, AO; CESAR, JA, Suplementação com ácido fólico entre gestantes no
extremo Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Ciência & Saúde Coletiva [online].
2017, v. 22, n. 2, pp. 535-542.

11. MARIANI, NC. Prevenção dos defeitos abertos do tubo neural – DTN. 2a ed. São Paulo:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2020. [Orientações e
Recomendações FEBRASGO, no.1/Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal;
Comissão Nacional Especializada em Perinatologia; Comissão Nacional Especializada em
Assistência Pré-natal).

12. MARTINS APP, MASQUIO DCL. O papel da vitamina A na saúde materno-fetal: uma
revisão bibliográfica, 2019.

13. MIDDLETON P, et al. Omega‐3 fatty acid addition during pregnancy. Cochrane
Database of Systematic Reviews 2018, Issue 11.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023


Brazilian Journal of Health Review 13142
ISSN: 2595-6825

14. MOURA, NS et al. Clinical procedures for the prevention of preeclampsia in pregnant
women: a systematic review. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia/RBGO
Gynecology and Obstetrics, v. 42, n. 10, p. 659-668, 2020.

15. OLIVEIRA, AA, et al. Protocolo de suplementação de ferro na gestação: uma revisão
sistemática. Brazilian Journal of Development, maio 2022; Curitiba, v.8, n.5, p. 39816-
39827.

16. OLIVEIRA, L. S., et al (2021). IMPORTÂNCIA DO ÁCIDO FÓLICO NA


GESTAÇÃO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DESCRITIVA. Revista Interfaces: Saúde,
Humanas E Tecnologia, 9(2), 1141–1146. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE.
Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez.
2016.

17. PONTES, E. L. B.; PASSONI, C. M. S.; PAGANOTTO, M. (2017). Importância do


ácido fólico na gestação: requerimento e biodisponibilidade. Cadernos Da Escola De Saúde,
1(1).

18. SANTANDER B, et al., 2021. "Is Supplementation with Micronutrients Still Necessary
during Pregnancy? A Review" Nutrients 13, no. 9: 3134.

19. SILVA FC, et al. Suplementação de sulfato ferroso na gestação e anemia gestacional:
Uma revisão de literatura. Arquivos Catarinenses de Medicina, 2018.

20. THOMAS, M et al. Calcium supplementation during pregnancy and lactation: effects
on the mother and the fetus. American journal of obstetrics and gynecology, v. 194, n. 4, p.
937-945, 2006.

21. URRUTIA-PEREIRA, M; SOLÉ, D. Vitamin D deficiency in pregnancy and its impact


on the fetus, the newborn and in childhood. Revista Paulista De Pediatria (2015)

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 3, p.13125-13142, may./jun., 2023

Você também pode gostar