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Práticas Integrativas V
Práticas Integrativas V
INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES
EM SAÚDE
Introdução
Dentre as práticas integrativas e complementares em saúde, a homeopatia é
muito utilizada nos serviços públicos no Brasil e em países como Alemanha,
França, Inglaterra, Bélgica e Argentina. Os profissionais de saúde têm apresentado
interesse crescente nessa área, buscando capacitação e conhecimento, uma vez
que os princípios de tratamento da homeopatia são opostos ao da alopatia, tão
difundida nos dias atuais.
A terapia floral também constitui uma prática integrativa e complementar
em saúde, sendo um método terapêutico que busca auxiliar o reestabelecimento
do equilíbrio mental e emocional dos pacientes. Dentre os vários florais de uso
clínico, destacam-se os florais de Bach, criador da técnica.
Neste capítulo, você vai conhecer o histórico e os princípios fundamentais para
entender a homeopatia e o conceito de similitude, assim como os medicamentos
homeopáticos e suas fontes de obtenção. Você ainda conhecerá a aplicabilidade das
essências florais no cuidado ao paciente, com maior enfoque nos florais de Bach.
2 Práticas homeopáticas e florais de uso humano
Doses mínimas
No início da carreira como homeopata, Hahnemann utilizava altas doses de
medicamentos em seus tratamentos, especialmente na forma farmacêutica
de tintura, o que levava a muitos efeitos colaterais, uma vez que os sinto-
mas eram agravados pela soma dos sintomas inerentes à doença com os
sintomas artificiais provocados pelo medicamento. Com o intuito de diminuir
esses efeitos negativos, Hahnemann começou a utilizar doses pequenas
dos medicamentos, a partir de sua diluição em água ou álcool. No entanto,
os medicamentos diluídos não eram potentes o suficiente para promover
a reação orgânica necessária para alcançar os benefícios da homeopatia
(FONTES et al., 2018).
Hahnemann passou então a imprimir agitações violentas, denominadas
sucussões, nos medicamentos previamente diluídos, e percebeu que houve
diminuição dos efeitos tóxicos relacionados às altas doses e também au-
mento da reação orgânica. Com isso, Hahnemann passou a utilizar diluições
infinitesimais do insumo ativo e potencializadas por sucussões, processo
também conhecido como dinamização (FONTES et al., 2018).
De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011,
documento on-line), a dinamização pode ser definida como “[...] processo
de diluições seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas do insumo
ativo em insumo inerte adequado”. A diluição do insumo ativo obedece a uma
progressão geométrica, com o intuito de diminuir sua concentração química
e aumentar sua ação dinâmica, a qual estimula a reação orgânica em direção
à cura. A potência de um medicamento homeopático é dada pelo número de
dinamizações que recebeu (FONTES et al., 2018; BRASIL, 2011).
Medicamento único
Em seus experimentos e descobertas, Hahnemann administrava os medica-
mentos sempre de forma isolada, a fim de impedir interações medicamen-
tosas e descobrir o medicamento responsável pela cura. Quando o quadro
sintomático do paciente mudava e/ou a resposta ao medicamento não era o
mesma, Hahnemann trocava a medicação, a fim de abranger todos os sinto-
mas percebidos. Baseando-se nos princípios de Hahnemann, o homeopata
unicista deve procurar, sempre que possível, encontrar um medicamento
único (simillimum) que atue na totalidade dos sintomas do doente.
Na prática, embora o simillimum seja um fundamento importante da
homeopatia, nem sempre é possível encontrá-lo. De acordo com o Conselho
Práticas homeopáticas e florais de uso humano 5
Força vital
Dentre os princípios da homeopatia, Hahnemann considerava a força vital
como a responsável por manter o equilíbrio do organismo. A partir desse
ponto de vista, ele acreditava que os microrganismos eram necessários, mas
não suficientes, para causar doenças. Os fungos, por exemplo, não seriam
considerados a única causa das micoses, pois outros fatores (como umidade,
temperatura) devem contribuir para o desenvolvimento fúngico junto com
o comprometimento da força vital, levando ao desenvolvimento desses
microrganismos sempre presentes (FONTES et al., 2018).
O organismo humano saudável encontra-se em equilíbrio nos seus dife-
rentes níveis dinâmicos, que incluem os aspectos físico, emocional e mental.
Quando a força vital é perturbada, são acionados os mecanismos de defesa
do organismo, para tentar restabelecer o equilíbrio. Acredita-se que fatores
endógenos (como sentimentos de tristeza, raiva, etc.) e exógenos (como má
alimentação ou uso de drogas) podem também influenciar de forma negativa
a força vital (FONTES et al., 2018).
De acordo com Fontes et al. (2018, p. 23):
[...] a homeopatia define saúde como um estado de equilíbrio dinâmico que abran-
ge as realidades física e psicomental dos indivíduos em suas interações com o
ambiente natural e social. A doença reflete, mediante os sintomas, o esforço da
força vital na tentativa de restabelecer o equilíbrio.
6 Práticas homeopáticas e florais de uso humano
Medicamentos homeopáticos
Um medicamento homeopático é definido pela Anvisa (BRASIL, 2011, docu-
mento on-line) como: “[...] toda forma farmacêutica de dispensação ministrada
segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa
e/ou preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso
interno ou externo.”
Os medicamentos homeopáticos podem ser de origem vegetal, mineral,
animal, fúngica, química, microbiológica ou farmacêutica. Estes últimos ainda
podem ser industrializados ou preparados em farmácia de manipulação. Tais
medicamentos podem ser encontrados em diferentes formas farmacêuticas,
destacando-se os tabletes, glóbulos, líquidos, pós, comprimidos, dentre
outros. Vale ressaltar que essências florais, medicamentos antroposóficos,
cromoterapia e aromaterapia não são medicamentos homeopáticos (SÃO
PAULO, 2019; BERMAR, 2014).
As plantas são as principais fontes de fármacos para a preparação de
medicamentos homeopáticos. Nesse tipo de preparação, prefere-se o uso da
planta in natura (fresca), mas quando não for possível, a planta seca também
pode ser utilizada. Pode-se aproveitar a planta inteira, partes da planta,
produtos extrativos ou de transformação e substâncias produzidas a partir
de estados patológicos (como Ustilago maidis, doença do milho provocada
por fungo) (BERMAR, 2014).
Fontes et al. (2018) relata alguns exemplos de medicamentos homeopáticos
obtidos a partir de plantas,:
Veículos e excipientes
Na preparação de medicamentos homeopáticos, são utilizados veículos e
excipientes, também conhecidos como insumos inertes. Essas substâncias
são empregadas para realizar diluições e dinamizações, e também para
extrair os princípios ativos das drogas vegetais para preparação de tinturas
homeopáticas. A seguir são listados os principais insumos inertes utilizados
na homeopatia (BERMAR, 2014).
8 Práticas homeopáticas e florais de uso humano
Medicamento Modelo
e diluição Objetivo experimental Efeitos
(Continua)
Práticas homeopáticas e florais de uso humano 11
(Continuação)
Medicamento Modelo
e diluição Objetivo experimental Efeitos
Terapia floral
A terapia floral, ou floralterapia, consiste em um método terapêutico que
busca auxiliar o reestabelecimento do equilíbrio mental e emocional dos
pacientes. Nessa terapia, são utilizadas essências florais, elixires de cristais
e campos ambientais (SÃO PAULO, 2019).
A terapia floral teve origem no começo do século XX na Inglaterra, por
meio das descobertas de Edward Bach, médico, homeopata e herbalista. O
Dr. Bach buscava um sistema de cura simples e, para isso, realizou pesquisas
utilizando desde fármacos convencionais até vacinas, bioterápicos obtidos
pela homeopatia e, por fim, flores silvestres. Ele também observou que o
estado mental e emocional dos pacientes determinava sua resposta aos tra-
tamentos. Com isso, seu objetivo terapêutico era devolver a homeostase aos
pacientes mediante a incorporação das qualidades que esses necessitavam
nas essências florais (SÃO PAULO, 2019).
O sistema de cura desenvolvido pelo Dr. Bach tem como base a respon-
sabilidade do indivíduo pela própria saúde, baseando-se no conceito de
“conhece-te e cura-te a ti mesmo”, sendo as essências florais utilizadas
como substâncias catalisadoras desse processo. Bach buscava encontrar
um método de tratamento aplicável a todos os tipos de pessoas e que pu-
desse ser utilizado sem conhecimento médico. Suas pesquisas resultaram
em 38 substâncias florais, conhecidas como florais de Bach (SÃO PAULO,
2019; BELLO, 2019).
Em meados do século XX, diversos pesquisadores em todo o mundo pas-
saram a usar as técnicas de Edward Bach para desenvolver novos sistemas,
levando à ampliação do número de essências, bem como de biomas utilizados.
Outros sistemas florais citados por Bello (2019) incluem: Essências Florais
da Califórnia (Richard Katz e Patricia Kaminskii), Essências Florais do Bush
Australiano (Ian White), Essências Florais de Minas (Dr. Breno Marques da
Silva e Ednamara Batista Vasconcelos e Marques), Essências da Mata Atlântica
(Sandra Epstein), dentre outros.
Práticas homeopáticas e florais de uso humano 13
(Continua)
14 Práticas homeopáticas e florais de uso humano
(Continuação)
Cada um dos remédios descobertos pelo Dr. Bach são utilizados para
equilibrar uma determinada característica ou estado emocional específico.
Os florais de Bach e suas aplicações são listados a seguir (BACH CENTRE, 2020):
Referências
BACH CENTRE. Guia de remédios. [S. l.: s. n.], 2020. Disponível em: https://www.bachcen-
tre.com/pt/os-florais/os-38-remedios/guia-de-remedios/. Acesso em: 25 out. 2020.
BELLO, S. R. Terapia floral. São Paulo: APANAT, 2019. Disponível em: http://apanat.org.
br/terapia-floral/. Acesso em: 25 out. 2020.
BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica: técnicas de manipulação de medicamentos. São
Paulo: Érica, 2014. (Série Eixos).
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia homeopática brasi-
leira. 3. ed. Brasília: ANVISA, 2011. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/
assuntos/farmacopeia/farmacopeia-homeopatica/arquivos/8048json-file-1. Acesso
em: 25 out. 2020.
FONTES, O. L. et al. Farmácia homeopática: teoria e prática. 5. ed. Barueri, SP: Manole,
2018.
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RIBEIRO, J. Diferenças e semelhanças entre homeopatia e florais. [S. l.: s. n.], 2020.
Disponível em: https://drajulianaribeiro.com.br/ebook. Acesso em: 14 out. 2020.
SÃO PAULO. Conselho Regional de Farmácia. Homeopatia. 3. ed. São Paulo: CRF-SP, 2019.
Disponível em: http://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/homeopatia.pdf. Acesso
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WAISSE, S. Efeito de ultradiluições homeopáticas em modelos in vitro: revisão da
literatura. Revista de Homeopatia, v. 80, n. 1/2, p. 98–112, 2017. Disponível em: https://
pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/hom-11972. Acesso em: 25 out. 2020.