Lição 04 - Apocalipse 2022

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2° TRIMESTRE DE 2022

Lição 04 – A realidade do arrebatamento

TEXTO ÁUREO: Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação
que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra. Apocalipse 3.10

VERDADE APLICADA: O estudo acerca do arrebatamento deve nos mover ao cultivo de um viver
moderado, justo e piedoso, servindo ao Senhor.

INTRODUÇÃO

Revista: Nesta lição, estudaremos a doutrina acerca do arrebatamento da Igreja de


Cristo. Veremos como acontecerá e que é uma promessa para todos os que morrem
em Cristo, bem como a nós que estamos vivos.

Os principais eventos escatológicos com os quais lidamos no texto sagrado são:


1. O arrebatamento da igreja
2. O tribunal de Cristo
3. As Bodas do Cordeiro
4. A grande tribulação
5. A vinda de Jesus à terra
6. O fim do império do Anticristo
7. O julgamento das nações
8. O milênio
9. A revolta do diabo e seu julgamento
10. O juízo final
11. Novos Céus e Nova Terra
12. O estado eterno
O que vem em primeiro lugar na ordem dos fatos dos eventos escatológicos bíblicos é o Arrebatamento
da igreja. Então é para ele que devemos nos preparar. De qualquer modo o que precisamos sempre é de um
entendimento correto, seja a respeito do arrebatamento da igreja ou de qualquer outra doutrina bíblica.
Arrebatamento é a subida da igreja para encontrar com Cristo nos ares. Os mortos ressuscitarão, os
cristãos que estiverem vivos serão instantaneamente transformados e receberão corpos glorificados, e todos,
a completude da noiva do Cordeiro, encontrarão com Jesus nos ares e serão levados por Ele para o céu, onde
viverão a bendita esperança, aguardada pelos séculos.
Jo 14.1-3 - Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há
muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar
lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
Parece surreal. Para muitas pessoas é muito difícil aceitar o fato de que milhões de pessoas, em vida,
possam ser levadas instantânea e simultaneamente ao Céu. E até zombam de quem pensa assim. Isso lhes
parece até mesmo muito bizarro. Mas é o que a Bíblia diz que irá acontecer. É assim que interpretamos seus
textos. E se ela diz que vai acontecer nós acreditamos que acontecerá e por isso esperamos vivendo nesta
expectativa. Se é algo tão anti natural, tão diferente de tudo que existe nessa terra, como podemos acreditar
nisso? Na verdade, é o Espírito Santo morando dentro de nós que nos convence de todas as coisas, que foram,
são e haverão de ser, inclusive das verdades contidas nas Escrituras. E o mesmo Deus que criou todas as coisas
e as sustenta com a força do Seu poder, pode redimir sua criação do modo que bem entender.
O termo “arrebatamento” deriva da palavra grega harpazō, de 1Ts 4.17 (“arrebatados”). Ele significa
retirar, pegar ou até afastar com emprego de força. Essa palavra grega harpazō aparece treze vezes no Novo
Testamento. Jerônimo, quando produziu a versão latina, a Vulgata, traduziu a palavra harpazō por rapio, de
onde também deriva a palavra inglesa para “arrebatamento” que seria rapture [rapto].
1
Há uma geração de cristãos que viverá a sequência de eventos do fim dos tempos que acontecerá
conforme Jesus profetizou e não passarão pela morte. Visto que muitos sinais, já começaram a se cumprir,
pela leitura que fazemos da nossa realidade, todos nós deveríamos nos preparar e advertir a outros para que
não percam a oportunidade de encontrá-lo na Sua Vinda, quando virá para buscar Sua Igreja.
Como pentecostais clássicos nosso posicionamento é o de que defendemos:
▪ O pré tribulacionismo: Entende o Arrebatamento da Igreja antes do período da Tribulação/Grande
Tribulação, que se abaterá sobre a terra por um período de 7 anos. Acredita-se de que Cristo voltará
para cumprir sua própria promessa em Ap 3.10, de guardar sua igreja da “hora da provação que há
de vir sobre o mundo inteiro”.
▪ O pré milenarismo: Acredita-se em um Milênio literal de mil em que Cristo reinará, juntamente,
com a Sua Igreja e que, antecedendo esse milênio, acontecerão os eventos do arrebatamento da
igreja, período de tribulação e segunda vinda de Cristo em glória. Esse termo, pré milenismo ou
pré milenarismo, deve-se ao entendimento de que Cristo voltará à terra antes dos mil anos.
▪ Adotamos o dispensacionalismo como pano de fundo para pensar toda essa questão, fazendo uma
leitura futurista do livro de Apocalipse. Vide texto complementar da aula 02.
Quando estudamos estes eventos nós observamos crenças dispensacionalista, mas nossa maior lealdade
é a Jesus Cristo e à Sua Palavra, não podemos e não devemos nos prender, incondicionalmente, e de modo
acrítico a qualquer sistema teológico. Conforme nos escreveu o Pastor Antônio Gilberto: não devemos
confundir a teologia com a Bíblia. A teologia é produzida por homens falíveis que escrevem sobre as Sagradas
Escrituras, as vezes acertando, as vezes errando. Então, quanto à teologia, pode ser que não consigamos chegar
a um acordo, mas a Bíblia é a Santíssima Palavra de Deus, inerrante, infalível, eterna, completa, ela é poder
de Deus para salvação de todo aquele que crê e com ela precisamos estar totalmente de acordo.
A Bíblia nos apresenta a totalidade das informações essenciais a respeito do fim de todas as coisas. Ela
mesma há de nos dar um entendimento correto acerca de tudo que precisamos para conhecer o fundamento da
mensagem divina e precisamos tomar cuidado para não sair fora do entendimento básico necessário.
Ap 22.18,19 - Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém
lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém
tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e
das coisas que estão escritas neste livro.

1. A ESPERANÇA PARA OS QUE MORREM EM CRISTO

1Co 15.51-55 - Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará,
e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é
corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto
que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então
cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Onde está, ó inferno, a tua vitória?
1Ts 4.13-18 - Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos
entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o
mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.
Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.

2
Revista: ... na presente lição veremos o que a Palavra de Deus nos revela sobre a
ressurreição dos que morreram em Cristo, a transformação dos que estão em Cristo e
vivos por ocasião do soar da última trombeta [1Co 15.51-52; 1Ts 4.13-18] e como tais
verdades devem afetar o viver do discípulo de Cristo hoje.

Segundo escreveu Tim LaHaye, “O homem nasce com uma consciência eterna, assim ele sabe
intuitivamente que há vida após a morte. Nenhum outro a não ser Jesus Cristo já deu uma resposta digna de
crédito a essa questão – nenhuma religião, nenhum educador, ninguém. Isso porque ninguém sabe onde ou
como a vida após a morte vai se revelar”. Cristo é a única esperança dos vivos e dos mortos. A proposta deste
item é estudarmos exatamente isto. Primeiro pensando um pouco na ressurreição de Cristo dos mortos, depois
sobre os que morreram com Ele, e, por fim abordarmos esta esperança suprema de todos os que vivem hoje
em Cristo.

Revista: Stanley Horton (Teologia Sistemática – p. 615) comenta que a garantia de


que seremos ressuscitados e transformados é a ressurreição de Cristo mediante o
Espírito. Este mesmo Espírito operará no povo de Deus a transformação. Será o clímax
triunfante da obra do Espírito Santo [Rm 8.11].

O trabalho particular do Espírito Santo é produzir vida. É Ele quem conserva e renova a vida. A terra
subsiste porque o Espírito Santo renova a face da terra. O Espírito Santo é Deus. Ele estava no princípio na
criação do universo (Gn 1.1-2), na criação dos seres humanos (Gn 2.7; Jó 33.4), na ressurreição de Cristo (Rm
8.11) e atuando nos dias de hoje gerando em nós uma nova vida espiritual (Ez 37.14a), nos convencendo
pecado, da justiça e do juízo, Jo 16.8.
Rm 8.11 - E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre
os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós
habita.
Espiritualmente podemos afirmar que só existe igreja por causa do Espírito Santo. Só existe vida
espiritual por causa do Espírito Santo. As vezes a igreja, os corações estão como a terra original, devastada,
sem forma e vazia. Mas, mesmo que haja caos, tragédia, que as coisas estejam sem forma e vazia, complicadas,
o Espírito Santo não deixa de pairar. Ainda hoje o Espírito Santo não deixa de fazer a sua obra. Desde o dia
de Pentecostes Ele está aqui. Sempre agiu e sempre vai agir, mesmo nas densas trevas nunca deixou de agir.
Ele só vai volta para o céu quando a igreja for arrebatada. Enquanto isso o caos pode ser do jeito que for, Ele
não vai abandonar a igreja. É Espírito Santo que mantém nossa vida em Cristo e nos ressuscitará naquele dia.

1.1. Cristo, as primícias dos que morrem

Revista: Quando Jesus morre na Cruz, por nossos pecados, e ressuscita ao terceiro
dia, se torna “as primícias dos que dormem” [1Co 15.20], ou seja, a partir do momento
que Cristo morre e ressuscita, está determinado a todos os salvos que morrerem,
ressuscitarem para a vida eterna [1Ts 4.14].

Entendemos que nosso relacionamento com Deus acontece por intermédio de alianças. Com base em
suas alianças, através de uma revelação progressiva, Deus foi Se manifestando e mostrando quem Ele é, ao
mesmo tempo, considerando estas mesmas alianças, Deus comunica ao seu povo o que ele deve ser, e quem
Ele quer que eles sejam. A morte e a ressurreição de Jesus Cristo é o selo da Nova Aliança e o Espírito Santo
é o seu penhor. O que a Bíblia nos ensina sobre aliança, em última instância, está nos ensinando sobre
fidelidade. Porque toda aliança é baseada na fidelidade da Promessa, na fidelidade da Palavra. E é impossível
que a Palavra de Deus não se cumpra.
Is 55.11 - Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o
que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.
3
Nm 23.19 - Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria
ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?
Em João 1 JESUS CRISTO é a palavra. Ele veio como o salvador prometido, mas não voltou vazio.
Veio como o unigênito do Pai e voltou como o primogênito o primeiro de muitos, de incontáveis filhos e filhas
que Ele ganhou para Deus, os comprando com seu sangue. Veio como filho único e levou muitos filhos para
Deus porque a Palavra nunca volta vazia.
Hb 2.13 - Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu.
No que podemos crer: Todos os que morrerem em Cristo também ressuscitaram para uma vida eterna
com Ele, em glória. É importante estudarmos isto porque entre nós não pode haver dúvida quanto a este fato.
O capítulo 15 de 1 Coríntios é exclusivo sobre a ressurreição. Paulo está tratando com os crentes a
respeito deste assunto tão necessário naquele momento, porque a discussão estava acirrada e estava dividindo
opiniões. Hoje pode ser que o assunto não cause tanta discussão porque o mundo se blindou contra a Bíblia e
contra Deus. Cada um tem a sua “própria verdade”, cada um acredita no que quer e pelas leis da atualidade
não podemos interferir ou até mesmo a pregar “nossa verdade” porque cada um acredita no que quer.
Paulo se dedica a falar acerca deste assunto em função da idéia grega comum que ridicularizava o
conceito da ressurreição. A convicção era que o corpo é a prisão da alma e que pela morte a alma é liberta
desta prisão, sendo assim por que alguém desejaria ser novamente aprisionado em um corpo? Os gregos
acreditavam na imortalidade, mas não na ressurreição. A idéia da sobrevivência da alma após a morte é uma
convicção religiosa quase universal. Todavia, a doutrina bíblica da vida após a morte, não ensina somente que
a alma/espírito continua a existir depois da morte (imortalidade), mas também que algum dia se reunirá ao
corpo (ressurreição). Por este viés, aproveitando esta discussão, Paulo traz a memória dos crentes de Corinto
o Evangelho que lhes fora anunciado:
1Co 15.3,4 - Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
A ressurreição de Jesus Cristo foi testificada por pessoas a quem Ele apareceu individualmente e em
grupos. Paulo relata que o Cristo ressurreto fora visto por Cefas, pelos doze, por um grupo de mais de
quinhentos irmãos, dos quais vivia ainda naquela ocasião a maior parte, por Tiago, por todos os apóstolos e
pelo próprio apóstolo Paulo a quem Ele apareceu por derradeiro (ver 1 Co 15.4-11). No versículo 12, Paulo
mostra o questionamento que o levou às considerações na carta aos coríntios acerca da ressurreição:
1 Co 15.12 - Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há
ressurreição dos mortos?
A argumentação de Paulo feita a partir de então para responder a essa pergunta se baseia em duas
possíveis afirmativas: A primeira afirmativa consideraria que não há ressurreição dos mortos, onde então
Paulo diz: Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou (1 Co 15.13). Se esta é a resposta
correta quanto à esta questão, as seguintes condições estariam sendo então vivenciadas pelos cristãos:
▪ A pregação, segundo foi por Paulo é vã, assim como seria vã a fé dos cristãos.
▪ Os cristãos poderiam ser considerados falsas testemunhas de Deus.
▪ A ressurreição de Cristo seria o selo da aprovação de Deus sobre sua morte expiatória. Se Cristo
não ressuscitou, logo todos permanecem nos seus pecados, inclusive aqueles que já dormiam em
Cristo, não havendo, portanto justificação. Perece, portanto, todas as esperanças relacionadas à
eternidade e os cristãos, que sofrem a perda de todas as coisas por causa de Cristo (cf. Fp 3.8),
poderiam ser considerados então os mais miseráveis de todos os homens.
Se não há ressurreição, todo combate é sem proveito algum, então Paulo diz: Comamos e bebamos,
que amanhã morreremos (1 Co 15.32; cf. Is 22.13).
A segunda afirmativa, sustentada então por Paulo e que deve ser sustentada também por todos os
cristãos, consideraria a ressurreição dos mortos como certa, sendo que esta ressurreição está baseada
exatamente na ressurreição de Jesus Cristo, onde então Paulo diz: Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos e
foi feito as primícias dos que dormem (1 Co 15.20). Os seguintes argumentos são evidenciados por Paulo para
sustentar esta posição:

4
▪ Assim como todos morreram em Adão, todos serão vivificados em Cristo, com isto a ressurreição
do corpo desfaz o resultado do pecado em todas as áreas.
▪ A ressurreição dentre os mortos segue uma ordem: Cristo as primícias (cf. Lv 23); depois os
que são de Cristo na sua vinda, o que implica que esta ocorrerá por ocasião do arrebatamento
da igreja.
▪ O fim virá com a aniquilação de todo império e toda potestade e força e o último inimigo que há
de ser aniquilado é a morte.
▪ Para sustentar a doutrina da ressurreição, Paulo cita também o ensino de um grupo de falsos
mestres, onde estes se batizavam pelos mortos. É necessário, no entanto deixar claro que o batismo
pelos mortos é antibíblico, conforme pode ser visto na seguinte consideração feita em uma nota na
Bíblia Apologética (2000, p. 1306):

Em 1 Co 15, Paulo está ensinando a respeito da ressurreição dos mortos. Desde o v. 1, continuando em
todo o capítulo ele fala aos irmãos no Senhor e usa os pronomes vós e nós, com exceção do v. 29, onde
aplica o pronome ele (sujeito oculto): que farão (eles) os que se batizam pelos mortos? Porque se
batizam (eles) então pelos mortos? Disso se compreende que Paulo não falava dos cristãos, a quem ele
escrevia, mas de algum grupo religioso, de fora, ou heréticos. Batismo pelos mortos não é mencionado
em nenhum lugar da Bíblia. Se realmente fosse uma ordenança para a igreja, nós encontraríamos
referências sobre o assunto em outras partes da Bíblia, o que não acontece.

A sequência da argumentação de Paulo o leva a considerar uma outra pergunta provavelmente cogitada
entre os coríntios: “Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?” (1 Co 15.35).
Para responder a essa pergunta, Paulo utiliza-se de uma ilustração a partir da agricultura, esclarecendo assim
qual será a natureza do corpo ressuscitado. A exposição feita por Paulo acerca deste assunto nos versículos 36
ao 49 deixa claro que:
▪ Assim como existe uma continuidade entre a semente e a planta que emerge a partir da mesma,
assim também existirá a continuidade e identidade do corpo atual com o corpo ressurreto, embora
também exista uma diferença considerável entre eles (ver 1 Co 15.36-38).
▪ Existem diferentes corpos, cada um apropriado para o ambiente de sua existência (ver 1 Co 15.39-
41).
▪ O corpo ressurreto será incorruptível; não sujeito às enfermidades e a fraqueza; não sujeito à morte
e não limitado às leis da natureza (ver 1 Co 15.42-48).
▪ O corpo ressurreto trará em si a imagem do celestial (ver 1 Co 15.45-49; cf. 1 Jo 3.2).
▪ “Carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus” (1 Co 15.50), o que significa dizer que aquilo
que é corruptível, ou seja, que está limitado a existência terrena, não herdará o Reino de Deus.
O discurso de Paulo acerca da ressurreição é concluído com as declarações que se seguem acerca da
volta de Jesus: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados (1 Co 15.51). Isto significa dizer
que alguns estarão vivos no momento da transformação que ocorrerá por ocasião da volta de Jesus. Tal
acontecimento poderia ocorrer já nos dias da igreja primitiva, o que faz com que Paulo utilize o pronome
“nós” em oculto, conforme fica subentendido. Com isto a igreja primitiva deixa para os cristãos de todas as
épocas a mensagem de que a volta de Jesus é um acontecimento que deve ser aguardado por todos e que pode
ocorrer a qualquer momento em qualquer época ou geração. A velocidade com que tais fatos hão de se suceder
é comparada ao abrir e fechar de olhos, e se dará mediante o soar da última trombeta. Paulo finaliza este
assunto mostrando o triunfo dos crentes sobre a morte e o inferno (ver 1 Co 15.53-57; cf. Is 29.8; Os 13.14) e
conclui dizendo: Portanto, meus amados irmãos, sede firme e constantes, sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (1 Co 15.58). Para os que creem a morte é uma
porta que se abre para a eternidade com Cristo.
No subsídio para o professor ainda se lê a respeito do que escreveu Antônio Gilberto: “Biblicamente,
morte não significa extinção do ser humano, e sim, separação referente a ele. Separação entre corpo e alma é
a morte física; separação entre o homem e Deus, nesta vida, é a morte espiritual; separação eterna entre o
homem e Deus na outra vida é a morte eterna, também chamada na Bíblia de “segunda morte”.
5
A explicação mais simplista sobre o que é a morte física é que ela é a separação da alma do corpo.
Enquanto a alma está no corpo manobras de ressuscitação, como as que são feitas pela medicina, ainda tem a
possibilidade de trazer vida ao corpo, mas uma vez a alma tendo saído do corpo não há nada que ninguém
possa fazer para retornar a vida ao corpo morto, senão Deus ressuscitando. O corpo foi feito do pó e volta para
o pó. Ainda que seja doloroso e que provoque um sofrimento além do que podemos traduzir em palavras, o
corpo, que veio do pó, será devolvido à terra. Terra à terra, cinza à cinza, pó ao pó. Este é o ponto final de
uma vida terrena.
Ec 12.7 - E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.
Cristo morreu esta morte humana e foi sepultado conforme as Escrituras.
Lc 23.46 - E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo
dito isto, expirou.
Lc 23.53 - E, havendo-o tirado [da cruz], envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa
penha, onde ninguém ainda havia sido posto.
E um grande silêncio se fez enquanto o corpo humano do filho de Deus jazia naquela sepultura. Depois
que a esperança acabou e antes da graça chegar Ele esteve naquele túmulo, passando por aquela experiência
humana completando o ciclo do nascimento, vida e morte. Mas, com a morte cessa também a nossa esperança?
NÃO.

1.2. A ressurreição dos mortos

Revista: A base de nossa fé, sobre a ressurreição dos mortos, é sólida e consistente, é
a Palavra de Deus [1Ts 4.16]. A Bíblia nos dá detalhes sobre a ressurreição dos mortos,
por ocasião do arrebatamento.

Mt 20.17-19 - E, subindo Jesus a Jerusalém, chamou de parte os seus doze discípulos, e no caminho disse-
lhes: Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos
escribas, e condená-lo-ão à morte. E o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e
crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará.
Lc 24.6 - Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia.
JESUS ESTÁ VIVO. Vivemos o cristianismo do Cristo crucificado que ressuscitou. Tudo é Ele, tudo
é por Ele, sem Ele nada do que foi feito se fez, nem na eternidade anterior nem no nosso eterno agora. Ser
testemunha de Jesus nessa terra é reafirmar o que é certo, é contar e recontar a história do modo correto, é
apresentar a verdade como ela é apesar do mundo estar contando outra história.
Meditar sobre o sábado que antecedeu à ressurreição do Senhor nos leva, necessariamente, a buscar
respostas quanto ao mundo dos mortos e a procurarmos entender onde estão os mortos agora e por quê. A
Bíblia não nos conta tudo a respeito do estado da nossa existência entre a morte e a ressurreição (Isso porque
se Cristo ressuscitou nós também ressuscitaremos, essa é a promessa), mas ela nos estimula a olharmos para
cima e para frente, para a herança que será nossa quando Jesus vier de novo1. A concentrarmo-nos no que
fazer para herdar a vida eterna. Tendo cumprido sua missão na terra, e também no mundo dos mortos, o plano
divino de redenção da humanidade seguiu seu curso, e o próximo ato do grande drama da cruz, foi a
ressurreição.
A ressurreição aconteceu em confirmação a tudo o que Deus e os profetas falaram sobre o evento. Por
meio de sua ressurreição, Cristo “ aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho”.
2Tm 1.9,10 - Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo
o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos. E que é
manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a
incorrupção pelo evangelho.

1
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática em perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 617.
6
A ressurreição dos mortos é como um anátema [maldição, vergonha, algo que recebe forte reprovação]
para a mente moderna. Rudolf Bultmann, um dos mais famosos estudiosos do Novo Testamento do século 20
e teólogo liberal, declarou: “Um fato histórico que envolve uma ressurreição dos mortos é completamente
inconcebível”. Para o Apóstolo Paulo, entretanto, o Cristianismo sem a ressurreição de Jesus dos mortos era
inconcebível (veja 1Coríntios 15.1-11). Em companhia com os outros apóstolos, Paulo proclamou a
ressurreição como o grande fato sobre o qual o cristianismo permanece ou cai 2.
Mt 28.1-6 – E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra
Maria foram ver o sepulcro. E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do
céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e as
suas vestes brancas como neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como
mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que
foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor
jazia.
Pedro, Paulo, os demais apóstolos, não pregaram a ressurreição porque ela era popular. Eles a pregaram
porque ela é verdadeira. A missão da igreja permanece a mesma – dizer aos outros que Jesus foi levantado
dos mortos3. Eu e você temos a missão de falar ao mundo essa grande verdade: Jesus ressuscitou dos mortos.
Cristo vive! Enquanto estivermos firmados em Cristo teremos nossa cota de problemas e inimigos nessa vida.
Coisas ruins poderão acontecer conosco ao longo de nossa existência, mas nada se compara ao sofrimento
pelo qual passou o nosso Senhor, como também nada há de tirar de nós a viva esperança da ressurreição, ao
final de todas as coisas.
Cristo vive! Essa é a maior notícia de todos os tempos. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está,
ó morte, o seu aguilhão? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a
Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1Coríntios 15.55,57). Precisamos crer na
ressurreição, ou não somos crentes em Jesus Cristo. Porque Ele está vivo nós podemos senti-lo. Porque Ele
está vivo nós podemos amá-lo. Porque Ele está vivo nós podemos viver em novidade de vida. Porque Ele vive
nós podemos crer no amanhã e não viver ansiosos quanto ao que nos aguarda no futuro porque Ele já está lá
preparando todas as coisas. Porque Ele está vivo nossa vida faz todo sentido e podemos escrever a nossa
história baseados nessa tão grande vitória.
▪ Com sua ressurreição temos agora um Salvador que nunca mais morrerá. Sabedores de que,
havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre, Rm 6.9. O nosso salvador morreu
uma única vez, o justo pelo injusto, para cumprir seu propósito redentor, mas agora Ele está para
além do domínio da morte.
▪ Com sua ressurreição fomos regenerados e passamos a possuir uma viva esperança. Segundo a sua
muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus
Cristo dentre os mortos, 1Pedro 1.3.
▪ Com sua ressurreição tomamos posse do perdão dos nossos pecados. E, se Cristo não ressuscitou,
é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados (1Co 15.17). Mas, Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
1Jo 1.9. Isso é possível, por causa da ressurreição. Apenas um Deus vivo pode perdoar pecados.
▪ Com a ressurreição a promessa do Espírito Santo se tornou realidade. A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido
do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis (At 2.32-33). O Espírito
Santo está conosco aqui e agora porque ele morreu e ressuscitou. Jo 16.7 - Todavia digo-vos a

2
WATERS, Guy. Ressurreição, uma verdade vital para o Cristianismo. Disponível em:
<https://voltemosaoevangelho.com/blog/2016/08/ressurreicao-uma-verdade-vital-para-o-cristianismo/>. Acesso em: 17/04/2019.
3
Idem.
7
verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas,
quando eu for, vo-lo enviarei.
▪ Com a ressurreição temos a comunhão e proteção pessoal de Jesus. E eis que estou convosco todos
os dias até à consumação do século (Mt 28.20). E hoje temos um Advogado para com o Pai, Jesus
Cristo, o justo. 1Jo 2.1
▪ Com sua ressurreição vem a evidência do juízo futuro. Porquanto tem determinado um dia em que
com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-o dentre os mortos, At 17.31.
Muitas outras coisas aconteceram e acontecem, justamente, por causa da ressurreição de Cristo, mas,
certamente, a mais importante de todas elas é que: Com sua ressurreição do nosso Cristo temos a Nossa
própria ressurreição dentre os mortos.
1Co 15.20 - Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.
2Co 4.14 - Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará
convosco.
Rm 6.4 - De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Rm 8.11 - E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre
os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós
habita.
1Co 6.14 - Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
A voz do Filho de Deus continua sendo geradora de vida, para aqueles que se encontram mortos
espiritualmente,
Jo 5.25 - Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do
Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
E também o será para aqueles que jazem nos túmulos
Jo 5.28 - Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua
voz.
Saindo do céu ele faz soar sua poderosa voz e as almas dos redimidos saem dos sepulcros, se unem
aos seus corpos glorificados e assim, restaurados para a vida, ressuscitam gloriosamente 4.

1.3. Consolai-vos com estas palavras

Revista: Como é efêmera a vida! A Bíblia afirma que a vida é: um conto ligeiro [Sl
90.9]; uma nuvem que passa [Jó 7.9]; uma sombra que declina [Sl 102.11]; como a
erva que se seca [Sl 102.11]. Pela brevidade e fragilidade humana, muitas pessoas,
sem fé em Cristo, sentem-se perdidas e sem esperança, quando pensam na morte. Mas
nós temos uma esperança viva e firme [Tt 1.2].

Tt 1.1,2 - Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento
da verdade, que é segundo a piedade, em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu
antes dos tempos dos séculos;
Nós não somos como aqueles que não tem esperança. Sabemos o que nos aguarda e precisamos nos
consolar mutuamente, trazendo à memória nossa bem aventurança.
2Tm 4.8 - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;
e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.

4
HENDRICKS, William. Comentário do Novo Testamento: 1 e 2 Tessalonicenses, Colossenses e Filemon. São Paulo: Cultura
Cristã, 2007, p. 137.
8
1Ts 4.13,14 - Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos
entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele.
Fora do Senhor Jesus Cristo, não existe nenhuma esperança em uma vida futura. Mas, quem tem Cristo
tem esta esperança como uma âncora da alma, segura e firme, que penetra até ao interior do véu, Hb 6.19. Um
dos grandiosos fatos da fé cristã é que quando perdemos nossos entes queridos não somos abatidos pela
desesperança e pelo desespero, tão característicos em pessoas que seguem religiões pagãs. A maravilhosa
esperança que nutrimos é que os que morrem em Cristo desfrutam, desde sua partida deste mundo, de uma
gloriosa e eterna existência na presença de Deus, com toda a alegria e êxtase que serão nossos quando
estivermos com Cristo e com nossos amados que partiram antes de nós crendo no Senhor 5.

Uma das razões pelas quais muitas pessoas hoje não consideram com seriedade o retorno de Cristo
para elas é que não permaneceram junto à sua cruz o suficiente. Púlpitos que não proclamam a morte
e a ressurreição de Cristo dificilmente pregarão sobre a vinda do Senhor. Todos esses eventos estão
interrelacionados. Se aceitarmos o que as Escrituras ensinam sobre a primeira vinda de Jesus e
confiarmos nele, então será gerado, em nosso coração, um intenso desejo por ver o Salvador, e a verdade
sobre a sua vinda para nós será extremamente preciosa. Nós realmente ansiamos pela aparição do
Senhor? Há algum significado no fato de que Jesus pode voltar hoje? Muitos cristãos podem acreditar
em seu retorno como parte das suas crenças doutrinárias, mas podem não possuir essa expectativa
diária. Pode fazer parte de seu credo, mas não parte de sua antecipação contínua. A dificuldade é que
o coração e a mente deles não estão realmente focados em Cristo. Eles possuem a verdade da vinda do
Senhor, mas a verdade não os possui. Amaremos a aparição do Senhor em proporção direta ao amor
que temos por ele. Se o amamos, se ansiamos ver aquele que nos amou primeiro, então a certeza da
sua vinda e o fato de que ele pode voltar hoje serão uma verdade preciosa para nós6.

“Em tempos de materialismo, onde muitos buscam consolo em coisas mundanas e transitórias, o crente
deve amar a vinda de Cristo [2Tm 4.8]” (Revista). Ou isto, ou vai se perder no emaranhado de confusão que
o deus deste século está promovendo em nosso momento histórico, quanto mais se aproxima o tempo da volta
do Senhor. O adversário sempre soube que tem pouco tempo, Apo 12.12.
2Co 4.16 - Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior,
contudo, se renova de dia em dia.
Sempre iremos lamentar a morte daqueles a quem amamos, por causa da perda pessoal, mas não nos
entristecemos “como os demais que não têm esperança” [1Ts 4.13]”. Há algum tempo tenho refletido a
respeito da esperança do crente diante da perda e do luto e esta pandemia, que nos colocou de frente com a
morte de um modo tão intenso e cruel, vivendo dias de perdas dolorosíssimas, despertou-nos mais para buscar
reforço para esta esperança nas Escrituras. Certo é que precisamos de sabedoria para viver e sabedoria para
morrer. Sabedoria para saber como proceder diante da vida e como proceder diante da morte. Sabedoria para
entender a brevidade da vida e, principalmente, sabedoria para antever nosso destino eterno.
Para enfrentarmos qualquer coisa é preciso conhecê-la. O que não se conhece totalmente também não
tem como enfrentar adequadamente. Não sabemos o que acontece depois desta vida e por isso temos tanto
medo da morte, mas, Deus colocou um mapa em nossas mãos e espera que o analisemos para descobrir o que
Ele reservou para nós. Certamente, precisamos entender um pouco mais sobre a vida na sua relação com a
morte, para não nos sentirmos perdidos, principalmente, diante das grandes adversidades com as quais
convivemos cotidianamente.
Acreditamos que a vida não termina com a morte, que a alma sobrevive sem o corpo e que ela tem
consciência sem o corpo. Com a morte, a alma imaterial, que é o sopro de Deus em nós, é recolhida por Deus
para ser destinada, ou à bem-aventurança eterna ou à condenação eterna. Entretanto essa felicidade eterna
ainda não está completa, porque o corpo ainda está no pó (ou na água, ou como cinzas de uma incineração, ou

5
WALVOORD, John f. A certeza da esperança cristã. Disponível em:
https://www.chamada.com.br/mensagens/a_certeza_da_esperanca_crista.html. Acesso em 18/042022.
6
Idem.
9
em qualquer outro lugar ou ainda lugar nenhum) mas aguardando a ressurreição. Se houve um corpo físico,
então haverá um corpo glorificado.
Quando Jesus voltar essa alma glorificada vem com Jesus e esse corpo ressuscitará incorruptível,
imortal, poderoso, glorioso, espiritual, celestial, semelhante ao corpo de gloria do nosso Senhor Jesus Cristo
e se unirá a essa alma e a glorificação será plena e então desfrutaremos da bem-aventurança pelo desdobrar
da eternidade7.
Quem morre em Deus é dotado, desde o momento de sua partida, de perfeição moral, tem seu espírito
aperfeiçoado, foi totalmente conformado à imagem moral de Cristo, entrou na presença de Cristo e desfruta
dessa presença. Quem morre em Deus pode se encantar com a beleza indizível de tudo que o cerca e da
companhia dos santos. E se deleita com a maravilha do descanso prometido. O que podemos pensar sobre isto
é que metade da glória celeste jamais se contou ao mortal. Como isso acontece, não fazemos ideia, nossa
mente humana é muito limitada para penetrar no segredo de tal grandeza. Mas é o que a Bíblia ensina sobre a
realidade daqueles que morrem em Cristo.
2Co 5.8 - Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.
Vejamos o que diz o escritor aos Hebreus:
Hb 12.22-24 - Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos
milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus [há um rol
de membros lá no céu], e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o
Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.
Veja quanta explicação a respeito do que aguarda o cristão quando é separado do seu corpo físico
através da morte:
▪ Ele tem agora por morada a Jerusalém celestial.
▪ Estará junto a uma incontável hoste de anjos
▪ Como seu nome já estava inscrito nos céus, será parte da universal assembleia, ou seja, a igreja dos
primogênitos*8, que são os cristãos da atual era da igreja
▪ Tem a Deus como juiz de todos
▪ Fará parte com aqueles que agora tem seus espíritos aperfeiçoados, ou, espíritos dos justos agora
perfeitos, que são os santos do Antigo Testamento
▪ E está agora com Jesus, o Mediador da Nova Aliança
▪ Na cobertura do sangue da aspersão
Identifico duas categorias de pessoas compondo essas milícias celestiais: a igreja dos primogênitos:
todos os que morreram em Cristo e a partir dEle; e o espírito dos justos aperfeiçoados, esta é uma expressão
que nos fala de todos os que foram aperfeiçoados no céu, mas podemos entender também como sendo uma
referência àqueles que adoraram apenas o verdadeiro Deus, mesmo os que morreram antes do advento de

7
LOPES, H. D. O que acontece depois da morte? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=K4KTwD-
fyQA&ab_channel=LuzparaoCaminho. Acesso em 27/01/2021.
8
Segundo as escrituras é considerado primogênito o primeiro filho tanto dos seres humanos quanto dos animais, bem como os
primeiros frutos de qualquer tipo de vegetação. Por serem os primeiros de todos os primogênitos deviam ser oferecidos ao Senhor
em agradecimento pelo dom da vida, mas como o Deus de Israel não aceita sacrifícios humanos com o nascimento os meninos após
um mês de idade deveriam ser resgatados mediante uma oferta material, ou seja, eram redimidos mediante o pagamento de cinco
siclos aos sacerdotes (Nm 18.16; cf. 3.42-51). Esse costume também devia lembrar aos israelitas a noite do êxodo, quando Deus fez
morrer os primogênitos dos egípcios, ao passo que preservou os filhos dos israelitas (Ex 12,29). Jesus foi o primogênito (prōtotokos)
de sua mãe (Mt 1.25; Lc 2.7) e está registrado que seus pais fizeram com ele o que a lei ordenava (Lc 2.27). Ao mesmo tempo Cristo
é o primogênito do Seu Pai celeste e ocupa o primeiro lugar entre seus irmãos sobre a terra, exercendo completa autoridade sobre
eles (Rm 8.29; Hb 1.6). Mediante sua ressurreição Ele é o “primogênito dos mortos” (Cl 1.18; Ap 1.5). O título “primogênito de
toda criação” (Cl 1.15) aponta para sua autoridade sobre a criação inteira, porém, não deixa subentendido que Ele mesmo tenha sido
criado. Os crentes são chamados de “primogênitos” em Hb 12.23 porque são os privilegiados, acima de todos os homens, por
possuírem a Cristo, o primogênito entre os mortos. In: EDIÇÕES VIDA NOVA. O novo dicionário da Bíblia. Trad. João Bentes. 2.
Ed. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 1315.

10
Cristo, mas que esperavam na promessa messiânica, ou seja, pode ser uma referência aos santos do Antigo
Testamento.
Fomos resgatados, redimidos, lavados, purificados e santificados, por isso quando deixamos este
mundo através da morte vamos para a presença do Deus vivo, no céu de glória, o paraíso que Jesus Cristo
inaugurou depois de sua passagem pelo mundo dos mortos, do qual ressurgiu vitorioso, e para nenhum outro
lugar. O ímpio em sua morte já começa sofrer as agruras da punição que há de se arrastar por toda eternidade.
Uma leitura em Lc 16.19-31, que nos fala da situação do rico e de Lázaro no pós morte, nos mostra isso.
Quando Jesus voltar aquele corpo vai ressurgir dos mortos e vai se unir a alma em tormento de tal maneira
que essa pessoa vai sofrer agora com o corpo e a alma as penalidades eternas. Jesus foi muito claro quando
falou sobre isso em seu ministério terreno.
Pode parecer duro falar assim, mas, certamente, é melhor ouvir isso agora enquanto ainda tem a chance
de se arrepender e fugir da ira vindoura. E ao arrepender será recebido pelo Deus cheio de graça e amor que
vai acolher, perdoar e dar a vida eterna para que a pessoa tenha uma esperança e um futuro, Jr 29.11.
Estudar isto realmente nos traz um consolo indiscutível.

2. A IGREJA E A ESPERANÇA DO PORVIR (A NOSSA ESPERANÇA ENQUANTO IGREJA)

Revista: O arrebatamento da Igreja terá um alcance mundial. A promessa de Cristo


alcançará os que morreram em Cristo, mas será sentida na sociedade pelo impacto do
desaparecimento, em todos os lugares, dos salvos que não mais serão encontrados
nesta terra.

O impacto sobre toda a sociedade mundial será devastador. Terão que conviver com aquilo que tanto
ridicularizaram e contra a qual sempre lutaram inventando distrações para convencer as pessoas do contrário.
A esperança da igreja porém, reside no fato de que com o arrebatamento ela estará sendo retirada da terra para
não viver os efeitos do derramar da ira de Deus através dos seus juízos. (mais comentários a este respeito na
lição 5).
Em 1Ts 4.16 lemos: Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido [dada a sua palavra de
ordem] e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus. Porque o Senhor mesmo..., ouvida a voz do arcanjo
e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus... Jesus retorna como vencedor. O “descerá do céu com
alarido”, que também pode ser lido como: “com um brado” fala de uma ordem bradada, como a ordem que
um oficial dá em voz alta a sua tropa. Chegará o tempo de ir para o lar.
Jo 14.3 - E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde
eu estiver estejais vós também.
Assim como Ele em pessoa nos salvou e morreu na cruz por nós, assim como Ele mesmo foi preparar-
nos lugar, Ele voltará pessoalmente para nos buscar para Si, para que estejamos onde Ele está. Em inúmeras
passagens do Novo Testamento somos conclamados a esperar a volta de Jesus a qualquer momento. Ainda
que as pessoas interpretem de modo diferente algumas passagens das Escrituras todos estão certos de que o
arrebatamento acontecerá.
Por muito tempo a trombeta do Evangelho tem soado conclamando para a salvação em Jesus Cristo.
Mas, em breve se ouvirá a última trombeta. Quando isto acontecer o Evangelho deixará de ser pregado, a
dispensação da graça chegará ao fim e a Igreja estará concluída, a sua plenitude terá sido alcançada. A Igreja
será chamada para subir à casa do Pai9. E aí já não importa mais o que a sociedade moderna, pós moderna,
pós pós moderna, diga ou pense a este respeito. Os salvos serão tirados desta terra milagrosamente,
extraordinariamente, definitivamente.
1Co 11.26 – Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor,
até que venha.

9
LIETH, Norbert. Sete certezas sobre o arrebatamento. Disponível em:
https://www.chamada.com.br/mensagens/certezas_arrebatamento.html. Acesso em: 19/04/2022.
11
1Ts 1.10 - E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra
da ira futura.
Hb 10.37 - Porque ainda um pouquinho de tempo e o que há de vir virá, e não tardará.

2.1. Nem todos dormiremos


2.2. Não precederemos os que dormem

Creio que podemos fazer uma abordagem conjunta destes dois itens, pois o conteúdo está bem
próximo.

Revista (2.1) : “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos,
mas todos seremos transformados” [1Co 15.51]. No passado, gerações de cristãos
leram, pregaram e ensinaram sobre este texto bíblico, contudo morreram sem terem
testemunhado o cumprimento desta promessa. Mas a Bíblia nos fala que virá o
arrebatamento, então podemos afirmar que haverá uma geração de cristãos que não
passará pela morte. É possível que esta geração seja a nossa, considerando o estado no
qual se encontra a humanidade e as muitas profecias que estão se cumprindo.

Revista (2.2): Após a ressurreição dos salvos, nós que estamos vivos seremos
igualmente transformados e subiremos juntos para o encontro com Cristo nos ares [1Ts
4.17]. Este é o momento onde a sociedade em geral sentirá o impacto do
arrebatamento. Pessoas de todas as idades simplesmente desaparecerão em todo o
mundo.

Nem todos dormiremos é uma alusão clara àqueles que estiverem vivos quando este fato acontecer. É
certo que haverá uma geração que não passará pela morte e é possível que esta geração seja a nossa. Ser
possível não é uma afirmativa de que a geração que viverá o avivamento será a nossa. É apenas um palpite,
inclusive bem plausível, pela atual situação mundial e o cumprimento ostensivo de todas as profecias a este
respeito.
Mt 24.36 - Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
Então nem Jesus sabe a data da sua vinda? A explicação encontra-se na Palavra. Ao se fazer homem,
o Senhor Jesus aniquilou-se (esvaziou-se) a si mesmo; e, conquanto não tenha deixado de ser Deus (1Tm 3.16;
Cl 2.9), abriu mão de parte de seus atributos divinos e da gloria que desfrutava junto ao Pai (Jo I.I4; 2 Co 8.9;
Fp 2.5-8). Na Terra, o Homem-Deus sujeitou-se temporariamente as limitações humanas (Hb 2.14). E foi
nessa condição temporária que Ele declarou não saber quando se daria o Arrebatamento (cf. Jo 14.28).
Com a vitória cabal alcançada na cruz (Jo 19.30) e a sua transcendental ressurreição, Jesus reassumiu
a indizível glória que tinha antes de o mundo existir (Jo 17.5). Não foi por acaso que declarou: “É me dado
todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18), pois de fato Ele é o Todo-Poderoso (Ap 1.8). Não há razão para
acreditarmos que Ele tenha deixado de saber definitivamente o dia do Arrebatamento. Em Apocalipse, as suas
convictas palavras indicam o seu pleno conhecimento sobre o assunto: “venho sem demora”; “presto venho”;
“cedo venho” (Ap 3.11; 22.7,12).
Quanto a nós, além de não sabermos quando Jesus voltara, nos é totalmente vedado fazer especulações (At
1.7; 1Ts 5.1). Acerca do Arrebatamento, o Senhor disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”
(Mt 25.13). Resta-nos estar preparados para esse grande acontecimento (2Tm 4.8). O crente fiel sabe que o
Arrebatamento pode acontecer a qualquer momento! Afinal, por que a Palavra de Deus enfatiza os sinais desse
acontecimento? Para nos manter vigilantes e cheios de esperança (Mt 24.42)10.

10
ZIBORDI, Ciro Sanches. Escatologia: A doutrina das últimas coisas. In: GILBERTO, Antônio, Ed. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 501
12
At 1.7 - E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio
poder.
1Ts 5,1 - Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva.
Mt 24.33,34 - Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. Em verdade
vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.
Como podemos constatar a expressão “esta geração” não era uma referência àquela geração de
discípulos do primeiro século, mas sim uma alusão à geração que veria a sequência de eventos do fim dos
tempos que aconteceria, conforme Jesus profetizou. É importante examinar os eventos preditos por Jesus
acerca desses dias, obviamente futuros, a fim de constatar que Ele aludia não àquela geração do primeiro
século, mas fazia referência aos crentes que haveriam de contemplar os eventos profetizados.
Este capítulo 24 de Mateus nos oferece uma sequência de sinais antecipatórios em resposta à pergunta
feita a Jesus pelos seus discípulos: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do
fim do mundo? Um estudo mais aprofundado deste sermão profético de Jesus nos pouparia de muitas dúvidas
desnecessárias. O fato é que os sinais se tornam mais e mais claros. Visto que, muitos destes sinais, ao que
parece, já começaram a se cumprir, todos nós deveríamos orar e trabalhar a fim de advertir as pessoas para
que não percam a oportunidade de encontrá-lo na Sua Vinda para buscar a Igreja, por ocasião do
Arrebatamento.
Thomas Ice escreveu sobre a espantosa verdade do arrebatamento, colocando-o ao lado de outros
eventos bíblicos, igualmente espantosos, mas que muitos até tem mais facilidade de digerir do que o próprio
arrebatamento:

Quando nos sentamos e contemplamos as grandes verdades contidas no plano de Deus para a história,
como estão reveladas na Bíblia, é verdadeiramente espantoso examinar tal realidade. Uma listagem
parcial incluiria o seguinte: a criação que Deus realizou a partir do nada; a criação dos anjos de Deus e
seu papel na história; a queda do homem no pecado; a Arca de Noé e o Dilúvio; a torre de Babel; o
chamado de Abraão; o Êxodo e a formação da nação de Israel; a história de altos e baixos de Israel; a
primeira vinda de Cristo; Sua morte, ressurreição e ascensão; a fundação da Igreja; e a promessa de
Cristo de retornar e levar Sua noiva para o céu no Arrebatamento. Estes fatos reais e históricos são
maiores do que qualquer relato fictício que a maioria dos fazedores de filmes poderia conceber.
Portanto, um dia o Pai dirá ao Filho para ir buscar Sua noiva e, naquele momento, todo crente que
estiver vivo, não importa onde esteja, será levado para o alto, nas nuvens, para encontrar-se com o
Senhor, a fim de ser conduzido para o céu. Este será realmente um acontecimento fantástico!11

Sobre o impacto do arrebatamento, como um acontecimento fabuloso que confundirá o mundo, pelo
súbito desaparecimento de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, em um instante de tempo, este
autor (Thomas Ice) comenta, que Paulo escrevendo aos Romanos nos indica o “ponto do disparo” para o
arrebatamento:
Rm 11.25 - Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos):
que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
Segundo Ice, um dos melhores léxicos gregos de nossos dias diz que o substantivo traduzido por
“plenitude” nesta passagem significa “o que é levado a ser completo; um número inteiro”. Também Atos 15.14
diz: “Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para
o seu nome”. Desta forma, quando aquele último gentio convertido vier à fé em Cristo, a Igreja, o Corpo de
Cristo, estará completo e o Arrebatamento acontecerá. O número completo dos gentios terá chegado e então
nosso Senhor voltará Sua atenção para a salvação de Israel (Rm 11.26), durante o subsequente período da
Tribulação12.

11
ICE, Thomas, A espantosa verdade do arrebatamento. disponível em:
https://www.chamada.com.br/mensagens/espantosa_verdade_do_arrebatamento.html
12
Idem.
13
Seja qual for a explicação das autoridades, será uma grande mentira que propagarão. No entanto, eu
creio que o Arrebatamento será um chamado para despertar àqueles muitos que estavam familiarmente
próximos dos cristãos antes do acontecimento. Cônjuges, filhos, parentes, vizinhos e amigos que
ouviram aqueles cristãos tolos conversando sobre seu súbito e aguardado desaparecimento certamente
repararão nesse preocupante evento global. Muitos começarão a vir à fé em Cristo depois do
Arrebatamento e antes que comece a Tribulação de sete anos. Afinal, haverá um intervalo de tempo
entre o Arrebatamento, que termina a era da Igreja, e o início da Tribulação, que começa com a
assinatura da aliança entre o Anticristo Romano Reavivado e a nação de Israel (Dn 9.24-27). Esse
intervalo poderá ser de dias, semanas, meses ou até mesmo de anos, uma vez que será removido no
Arrebatamento “aquele que agora o detém”, a saber, o Espírito Santo que habita na Igreja (2 Ts 2.6-
8), possibilitando assim o surgimento do homem da iniqüidade, isto é, do Anticristo13.

O arrebatamento da igreja, conforme descrito por Claudionor de Andrade (subsídio para o professor
na Revista) é a suma realização de toda a esperança cristã. Sem a expectativa da volta de Jesus, o conceito
teológico de esperança há muito já teria perdido todo o seu significado. Este será um dia maravilhoso para
todos os crentes que estiverem vivos, e esta esperança deveria ser algo real na vida de todos os crentes e não
somente de alguns.
Observe o que lemos no primeiro capítulo da primeira carta de Pedro:
1Pe 1.3,4 - Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia,
nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma
herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós,
Por tudo isto é necessário que o nosso olhar esteja fixado na eternidade. Vale a pena compreendermos
e vivermos em função da maravilhosa esperança deste encontro nos ares. Agindo assim nossa existência
transcorrerá em uma alegre expectativa, com vista nos valores eternos. Todos os que vivemos debaixo da
maldição de um mundo decaído, experimentando cotidianamente das dores e sofrimentos que lhe são
impostas, enxergam no arrebatamento da igreja, não somente um escape da ira de Deus, mas também a
redenção do corpo.
Rm 8.19, 22-24a - Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.
[...] Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela,
mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção,
a saber, a redenção do nosso corpo. Porque em esperança fomos salvos.
Todas as epístolas do Novo Testamento trazem mensagens motivadoras sobre como o retorno do Noivo
para a Sua noiva, a qualquer momento, o que nos capacita a perseverar na fé, nesta hora atual, a fim de agradá-
lo14. A única exigência, segundo Stanley Horton (Nosso destino – CPAD – p. 76), para os crentes vivos é estar
“em Cristo”, ou seja, num relacionamento de fé nEle e de fidelidade a Ele. A expressão “estar em Cristo” nos
remete às palavras do próprio Cristo: João 15.4 (“Estai em mim”), 5 (“Quem está em mim”), 7 (“Se vós
estiverdes em mim”). Pelo poder do Espírito Santo perseveremos em Cristo, até que Ele venha! (Subsídio para
o professor, na Revista)

2.3. Todos seremos transformados

Revista: Uma pergunta importante surgiu na igreja de Corinto: “Mas alguém dirá:
Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?” [1Co 15.35]. A Bíblia faz
questão de explicar o que acontecerá conosco, no momento do arrebatamento da
Igreja. Os que morreram em Cristo e nós, que estamos vivos, teremos nossos corpos
transformados [1Co 15.51].

Quando nos convertemos nossa alma é redimida (regeneração – nova natureza), mas a Bíblia informa
que por ocasião do arrebatamento nosso corpo será transformado. Receberemos um corpo que seja adequado

13
Idem.
14
Idem.
14
para o céu. Neste caso tudo aquilo que restringe nossa natureza física, todas as fraquezas do nosso corpo, como
envelhecimento e a tendência natural para o pecado, bem como os sofrimentos, as dores, as lágrimas, as
aflições, tudo, tudo será transformado em glória eterna.
Lc 20.34-36 - E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento. Mas
os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão
de casar, nem ser dados em casamento, porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são
filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
1Co 15.42-44 (ler do 39 ao 49) - Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em
corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em
fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural,
há também corpo espiritual.
Fp 3.20,21 - Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder
de sujeitar também a si todas as coisas.
1Jo 3.2 - Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos
que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
Muitas dúvidas pairam sobre esta transformação sobrenatural dos santos com a aquisição de um corpo
glorioso, que Paulo distinguiu como um dos grandes mistério do Novo Testamento.
O arrebatamento será um encontro onde o Senhor vem ao encontro da Igreja e a Igreja vai ao encontro
do Senhor. Nesse momento os mortos em Cristo e os crentes vivos receberão corpos glorificados. E então nos
reuniremos com o Senhor. Essa reunião não se dará sobre a terra; será nos ares, e de lá entraremos na glória
celestial15. Esta é a doutrina. Como já disse anteriormente, se houve um corpo físico haverá um corpo
glorificado, independentemente das condições envolvendo a morte.
O termos “isângelos”, com o significado de semelhante aos anjos, citado no subsídio do professor da
Revista não é encontrado nos dicionários tradicionais, senão no Dicionário Vine do antigo e do Novo
Testamento (CPAD) onde se explica que esta palavra “isângelos”, ou “igual aos anjos”, ocorre somente em
Lc 20.36.
Stanley Horton, o autor da Teologia Sistemática em Perspectiva Pentecostal, que temos tomado como
referência em vários momentos, nos leva a pensar nesta questão informando que a ressurreição e trasladação
dos santos possui uma extensão de glória que não conseguimos compreender. Todavia, virá o tempo em que
o Espírito nos envolverá no seu poder, transformará o nosso corpo pela sua força, e nos transportará para a
glória. Essa será a manifestação dos filhos de Deus, a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.16 Algumas
características deste corpo ressurreto seriam:
▪ Nosso corpo ressurreto será semelhante ao do Cristo glorificado (Fp 3.21; 1 Jo 3.2).
▪ Embora Deus tenha criado a humanidade à sua semelhança, e que a imagem divina no homem haja
continuado a existir mesmo depois da queda (Gn 9.6), somos informados de que Adão "gerou um
filho à sua semelhança, conforme a sua imagem" (Gn 5.3).
▪ Por isso, Paulo diz: "Assim como trouxemos a imagem do [homem] terreno, assim traremos
também a imagem do [homem] celestial" (1 Co 15.49). Nosso novo corpo será tão diferente do
atual quanto a planta é diferente da semente (1 Co 15.37).
▪ O corpo ressurreto do crente também é descrito como "espiritual" em contraste com o nosso corpo
"natural".
▪ Geralmente concorda-se que "espiritual" (gr. pneumatikon) não significa "consiste em espírito",
pois esse corpo não é imaterial, etéreo ou sem densidade.

15
BEITZE, Stephan. O que o arrebatamento significa para nós hoje? disponível em:
https://www.chamada.com.br/mensagens/arrebatamento_significa.html
16
HORTON Stanley M. Op. cit., p. 615.
15
▪ Os discípulos sabiam por sua própria experiência que o corpo ressurreto de Cristo era real e
palpável - não era fantasma, mas diferente, ajustável tanto a terra quanto ao céu, e não limitado às
atuais condições de tempo e de espaço.
▪ Por isso, nosso corpo ressurreto é chamado "celestial" (gr. epouranios). Embora o corpo presente
seja terreno, natural ou animal (gr. psuchikon), com as mesmas limitações que Adão tinha depois
da queda, o corpo ressureto adotará qualidades e glórias sobrenaturais.
▪ Embora ainda sejamos seres finitos, totalmente dependentes de Deus, nosso corpo será um ins-
trumento perfeito para capacitar-nos a corresponder ao Espírito Santo de maneiras novas e
maravilhosas.
As inúmeras passagens acerca do aparecimento de Jesus após a ressurreição deixam claros estas
características de um corpo glorificado. Era um corpo que não estava sujeito às leis da física, tais como espaço,
tempo, matéria, gravidade, entre outras. Todavia, Ele podia comer e beber, bem como, entrar, estar e sair, de
qualquer recinto, mesmo quando fechado, Jo 21.13-15, Lc 24.38-43. O corpo com o qual Ele apareceu era
parecido com Seu corpo humano, tanto que era reconhecido de imediato. Algumas de suas funções foram
preservadas, fato é que Ele comeu e bebeu. Entretanto, apesar da aparência, era um corpo que já não estava
sujeito mais às fragilidades humanas. Dai Paulo dizer com ênfase que o corpo natural do crente em Cristo,
após o arrebataemnto ou rressurreição será transformado para ser conforme o corpo glorioso do nosso Senhor.

3. O MISTÉRIO DO ARREBATAMENTO

Revista: Entender como será o arrebatamento da Igreja é manter viva nossa esperança,
principalmente nos momentos difíceis, ao mesmo tempo que serve de alerta para que
estejamos vigilantes, esperando Cristo a qualquer momento.

1Ts 4.16 - Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de
Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
A voz do Arcanjo se fará ouvir nesse grande Dia. Essas duas frases, voz de arcanjo e trombeta de Deus,
unidas pela conjunção “e” provavelmente podem estar de tal modo relacionadas que o arcanjo seria aquele
mesmo que toca a trombeta de Deus. O termo arcanjo ocorre somente aqui e em Jd 9. Não há uma concordância
exata entre os estudiosos sobre o significado disso, mas nada contradiz a ideia de que o Senhor terá anjos em
sua comitiva por ocasião do Arrebatamento, uma vez que estarão participando ativamente em muitos eventos
dos últimos dias. Os versículos de 1Ts 4.16 e 1Co 15.52 são complementares e lidos em conjunto ajudam
melhor no entendimento da questão
Essa trombeta de 1Co 15.52, tem a finalidade de convocar os salvos ressuscitados e vivos no momento
do Arrebatamento (cf. 1Ts 4.16,17). Não pode ser confundida com a sétima (última) trombeta do julgamento
sobre o mundo durante a tribulação de Ap 11.15.
O sonido da trombeta foi adotado por Deus desde a caminhada do seu povo no deserto, na antiga
dispensação. É muito fascinante e apropriado esse arrebatamento da igreja sendo precedido pelo som da
trombeta. E isso está ligado de maneira bem marcada com toda a história de Israel, não só no passado, mas
também no futuro.Tal som era familiar aos ouvidos dos disciplinados, dos ensináveis, dos obedientes à
liderança de Moisés, dos seguidores da Lei de Deus, dos circuncisos. Era a comunicação dos pensamentos de
Deus de forma audível e bastante simples para ser compreendida por todo o membro da congregação, por mais
distante que estivesse do lugar de onde o som originava.
Todo o movimento no acampamento tinha de ser o resultado do som da trombeta e qualquer movimento
que não resultasse desse som jamais teria a aprovação do Senhor. A voz de Deus, transmitida daquela maneira
especial devia dirigir todo o movimento dos muitos milhares de Israel.
As Escrituras foram compostas para serem entendidas. E ela nos afirma que Jesus descerá do céu com
um brado, com voz de um Arcanjo e com trombeta de Deus. Certamente tal som reverberará por todo universo.

16
Crente nenhum deixará de ouvi-lo. Alguns que falam de um “Arrebatamento secreto, ou oculto”, mas é apenas
um modo de falar porque, certamente, ele poderá ser qualquer coisa, mas não secreto.
Um evento dessa envergadura jamais ficaria em segredo. E quanto aos sons, movimentos, luzes, cores,
ação sobrenatural, passarão despercebidos de todos? As pessoas que ficarem para trás por ocasião do
arrebatamento ouvirão a palavra de ordem de Cristo, a voz do Arcanjo, o som da trombeta? Baseado em
passagens como At 9.7; Jo 12.28-30; Dn 10.7; onde eventos sobrenaturais aconteceram e apenas aqueles que
foram submetidos à experiência espiritual, diretamente, deram conta do que estava acontecendo, podemos
inferir que o mesmo pode ocorrer por ocasião do Arrebatamento.
Os sons, ruídos, movimento ecoarão por todo globo terrestre e os incrédulos deixados para trás poderão
ver e ouvir sem, contudo, saberem distinguir o que estará acontecendo. O que contribuirá para o caos, o medo
e o pavor que sobrevirá ao mundo quando o Senhor chamar o Seu povo para o lar17. Então, não se trata apenas
de algo misterioso, para os que permanecem sem o conhecimento de Deus, mas também muito maravilhoso.
admirável, espantoso. Que excede em maravilha a tudo quando já aconteceu nesta terra.
Jó 37.5 - Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não podemos
compreender.
Sl 77.14 - Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.
Sl 86.10 - Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.
Sl 136.4 - Aquele que só faz maravilhas; porque a sua benignidade dura para sempre.
Dn 6.27a - Ele salva, livra, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra;

3.1. Será extraordinariamente rápido

Revista: Deus não revelou a nós quando será o arrebatamento [Mt 24.36], mas revelou
que será “num momento” O momento de clamar, se arrepender e buscar a Deus é
agora. Sua volta para arrebatar a Igreja será repentina e surpreenderá o mundo [1Ts
5.2; Mt 24.44]. Devemos estar vigilantes e preparados pois “o noivo se aproxima” [Mt
25.6].

!Co 1.52 - Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os
mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
A expressão “num momento” vem acompanhada da frase “num abrir e fechar de olhos” para não deixar dúvida
de que será instantaneamente. O que é um piscar de olhos? Isso significa que a transformação corporal dos
cristãos, que ainda estiverem vivos por ocasião do Arrebatamento será praticamente instantânea. Isso seguirá
a um outro fenômeno que já estará acontecendo, paralelamente, a esse mundo dos vivos que é a ressurreição
dos mortos que morreram em Cristo. Em frações de segundos estaremos revestidos com nosso corpo mortal e
no instante seguinte já nos encontraremos com Jesus nas nuvens com um corpo glorificado.
Mesmo sabendo que nossa espera já dura mais de 2.000 anos, afirmamos que o arrebatamento está
próximo e pode acontecer a qualquer momento. Ele é a consumação do plano redentor da humanidade que
dará início à sequência dos juízos divinos sobre a terra. Isso significa que ele não depende do cumprimento
prévio de nenhuma profecia e é um acontecimento que não requer sinal de alerta prévio. Isso podemos conferir
em: 1Co 1.7; 16.22; Fp 3.20; 4.5; 1Ts 1.10; Tt 2.13; Hb 9.28; 1Pe 1.13. Não existe nenhuma profecia que
ainda necessite de cumprimento para que isto ocorra.
Mark Hitchcock18 afirma que será o acontecimento mais avassalador e que causará mais alterações no
mundo desde o Dilúvio de Noé. Ele de fato abalará o planeta terra e deixará para trás um mundo fora de si.

17
HITCHCOCK, Mark. As informações impressionantes da profecia bíblica: informações úteis diante da insegurança da nossa
época. 1ª Edição. Porto Alegre, RS: Actual Edições, 2015, p. 227.
18
Idem, p. 222.
17
Rm 13.11,12 - E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa
salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado.
Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.
Ron Rhodes afirma que neste texto, a palavra “salvação” precisa ser entendida sob a ótica escatológica,
ela se refere ao Arrebatamento, que vai nos “salvar” de nossa condição humana caída para estramos para
sempre com o Senhor. Paulo o descreve como um evento futuro determinado, pois ao final de cada dia o
cristão chega um pouquinho mais próximo desse evento19. Também Tiago fala de um Arrebatamento próximo:
Tg 5.7-9 - Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da
terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes,
fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns contra
os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
Sobre este traslado dos vivos o texto bíblico enfatiza o súbito, a velocidade. Daí a necessidade de
preparação e vigilância. Precisamos deixas “as malas” arrumadas para a viagem hoje. Desde o momento que
o Senhor surge nas nuvens do céu não mais haverá oportunidade para conversão. Sua vinda é absolutamente
decisiva. Ele não vem para converter. Agora é o tempo aceitável, agora é o dia da salvação, não naquele dia.
Sobre quem de usufruir de tamanha bênção, Mark Hitchcock deixa uma ilustração para que se tenha uma ideia
mais prática daquilo que espera pelos crentes que estarão vivendo na terra por ocasião do Arrebatamento:

Imagine que houvesse uma caixa antiga com pregos guardada no forro de sua casa e que agora são
necessários para um trabalho. Como a caixa já está guardada há bastante tempo no forro da casa, ela já
acumulou bastante pó e outros objetos. [inclusive alguns deles podem estar velhos, tortos, enferrujados].
O meio mais rápido de obter os pregos - deixando todo o restante dentro da caixa - seria segurar um
magneto [objeto com magnetismo - imã] potente acima da caixa. Os pregos que compartilha as
características do magneto seriam levados imediatamente para cima da caixa e os outros objetos
ficariam dentro da caixa20. (grifo nosso)

É exatamente isto o que acontecerá durante o Arrebatamento. Jesus aparecerá no céu e todos aqueles
que têm vida nEle serão atraídos para o alto pelo Senhor. Todos os que estiverem em Cristo serão arrebatados.
As pessoas que não Lhe pertencem e não compartilham as características de Jesus serão deixadas para trás,
sem nenhum tempo adicional par amudar esta situação. Sobre os crentes não não forem tão excelentes, mas
ainda assim permanecem na condição de salvos, o Tribunal de Cristo vai resolver a questão.
Mt 24.42 - Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.
Mt 26.41 - Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é
fraca.
Lc 21.36 - Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas
coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem.
1Pe 4.7 - E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração.
1Pe 5.8 - Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar.
Sl 108.1 - Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e darei louvores até com a minha glória.
Lc 12.20 - Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem
será?
Devemos estar preparados, com as vestes brancas, porque a volta do Senhor há de surpreender o mundo
que não o espera. O mundo inteiro se surpreenderá quando constatar a ausência dos filhos de Deus. Será tarde
demais. Já estaremos com Jesus (Geziel Gomes).

3.2. Encontraremos Cristo nos ares


19
RHODES, Ron. A cronologia do fim dos tempos. 1ª Edição. Porto Alegre, RS: Obra Missionária Chamada da Meia Noite, 2016,
p. 64-65.
20
HITCHCOCK, Mark. As informações impressionantes da profecia bíblica: informações úteis diante da insegurança da nossa
época. 1ª Edição. Porto Alegre, RS: Actual Edições, 2015, p. 225-226.
18
Revista: Há dois aspectos importantes sobre o arrebatamento da Igreja, que não
podem ser esquecidos: o primeiro é que somente os que estão em Cristo participarão,
como vimos no tópico 2. [...] O segundo aspecto importante sobre o arrebatamento é
que a Igreja encontrará com Cristo nos ares, Ele não pisará na Terra [1Ts 4.17].

O subsídio para o professor na Revista nos traz esta informação de grande relevância: A volta de Cristo
ocorrerá em duas fases (visãopré-tribulacional):
1) A primeira (arrebatamento): será em segredo [Mt 24.36]; vem para a Igreja [1Ts 4.17]; antes da
grande tribulação [Ap 3.10]; virá nos ares [1Ts 4.17]; só os santos o verão [1Ts 4.17];
2) A segunda (volta de Cristo): será pública [Ap 1.7]; Cristo vem com a Igreja [Jd 14]; depois da
Grande Tribulação [Mt 24.29-30]; pisará no Monte das Oliveiras [Zc 14.4]; todo olho o verá [Ap
1.7].
Por adotarmos a teologia dispensacionalista, entendemos que a Segunda Vinda de Cristo a terra é todo
um processo que envolve eventos distintos e abrange um período de certa extensão. Que é um evento em duas
fases distintas: o Arrebatamento da igreja antes da tribulação e o retorno glorioso do Senhor Jesus no final da
Grande Tribulação. Entre o arrebatamento e a revelação de Jesus em Glória, decorrerá um período de 7 anos
segundo as Escrituras.
Que na primeira fase Jesus virá para os Seus – Jo 14.3 - E quando eu for, e vos preparar lugar, virei
outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
E na segunda fase Ele virá com os Seus – Zc 14.5b - Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos
contigo; 1Ts 3.13 - Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante
de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos; Jd 14 - E destes
profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus
santos. Sobre esta segunda fase da sua segunda vida, ou o seu retorno glorioso, nós estudaremos com
pomenores na Lição 10 – A volta do Grande Rei.
Segundo escreveu LaHaye21, a segunda vinda de Jesus Cristo é mencionada 329 vezes na Bíblia. É a
segunda doutrina mencionada mais vezes em toda a Escritura. Os 216 capítulos do Novo Testamento contêm
318 referências à segunda vinda do Senhor, o que significa que, de cada 30 versículos, um declara esse fato.
Tal fato indica a importância de estudos referentes a volta do Senhor.
Há muitas passagens bíblicas que se referem a um ou ao outro acontecimento: primeira fase e segunda
fase. No que diz respeito a primeira fase, ou seja, o arrebatamento da igreja, as seguintes passagens podem ser
citadas: Jo 14.1-3; Rm 8.19; 1 Co 1.7,8; 15.51-53; 16.22; Fp 3.20,21; 4.5; Cl 3.4; 1Ts 1.10; 2.19; 4.13-18;
5.9,23; 2Ts 2.1; 1Tm 6.14; 2Tm 4.1,8; Tt 2.13; Hb 9.28; Tg 5.7-9; 1Pe 1.7,13; 5.4; 1 Jo 2.28-3.2; Jd 1.21; Ap
2.25. No que diz respeito a segunda fase, ou seja, a gloriosa vinda à terra com poder, as seguintes passagens
podem ser citadas: Dn 2.44,45; 7.9-14; 12.1-3; Zc 12.10; 14.1-15; Mt 13.41; 24.15-31; 26.64; Mc 13.14-27;
14.62; Lc 21.25-28; At 1.9-11; 3.19-21; 1Ts 3.13; 2Ts 1.6-10; 2Ts 2.8; 1Pe 4.12,13; 2Pe 3.1-14; Jd 1.14,15;
Ap 1.7; 19.11-20.6; 22.7,12,20.
Primeiro o arrebatamento - nos ares - para a noiva
1Co 11.2 - Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar
como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.
1Co 15.51,52 - Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará,
e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Segundo a vinda em glória à terra - o glorioso retorno – com a esposa

21
LAHAYE, Tim e ICE, Thomas. O final dos tempos: glorioso retorno – a volta de Jesus Cristo em glória. O arrebatamento da
igreja. Novos céus e nova terra! São Paulo: Abba Press, 2004, p. 24-25.

19
Ap 19.7 - Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já
a sua esposa se aprontou.
Mas há diferentes interpretações a este respeito.

INTERPRETAÇÕES SOBRE QUANDO OCORRERÁ O ARREBATAMENTO

Pré-Tribulacionismo É um modo de interpretar que entende o Arrebatamento da Igreja antes do período da


Grande Tribulação. Cristo voltará para cumprir sua própria promessa em Ap 3.10, de
guardar sua igreja da “hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro”.

Meso-Tribulacionismo Creem que o arrebatamento ocorrerá depois dos primeiros três anos e meio de
Tribulação, também conhecido como período de falsa paz. Cristo arrebata sua igreja
durante a Tribulação sendo o arrebatamento das duas testemunhas de Ap 11 uma
ilustração desse evento.

Pós-Tribulacionismo Acredita-se que Cristo virá no final da tribulação, ou seja, após os sete anos de
Tribulação/Grande Tribulação. O que significa que a igreja passará pela Tribulação e
será arrebatada imediatamente antes do glorioso aparecimento de Cristo É o segundo
modo de interpretar os eventos escatológicos, quanto ao arrebatamento, mais aceito.

Arrebatamento Parcial Entendem que Cristo vai arrebatar somente aqueles que o aguardam, conforme Hb
9.28, o que fará com que alguns cristãos entrem na tribulação, para serem arrebatados
em algum outro momento em um dos subsequentes arrebatamentos.

Todavia, estas diferenças não podem ofuscar o valor desse momento. Quando pensamos em
dispensacionalistas e aliancistas (Teologia do Pacto/Aliança) não devemos perder de vista que estão afirmando
o essencial da fé cristã. Um de uma forma outro de outra. Mas suas afirmativas, tanto de um lado quanto do
outro, não entram no mérito da doutrina da salvação.
O que deveria acontecer, em vez dos confrontos tão vergonhosos para o Evangelho é que aliancistas e
dispensacionalista deveriam manter a máxima consideração recíproca e investir ao máximo na produção
erudita e evangélica de cada grupo, conciliando os diferentes pontos de vista com amor e respeito mútuo22.
Ninguém perde a salvação por esposar ideias aliancistas ou dispensacionalista, mas certamente a perderão se
fizer disso um campo de batalha, disseminando confusão, trazendo prejuízo para o Evangelho e torcendo a
mente dos incautos. Na verdade, pouco importa se você está esperando o arrebatamento da igreja para antes
da tribulação, para o meio ou para fim, importa sim se você está esperando Jesus e ansiando pela sua volta.
2Tm 4.8 - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;
e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
Apenas a visão pré-tribulacional (Cristo voltará antes da Tribulação), que é a posição que defendemos,
mantém a iminência da volta de Cristo. Se não fosse assim, tudo o que escrevemos anteriormente perde sua
razão de ser. Conforme escreveu Tim LaHaye:

Iminência é a palavra usada para se referir à doutrina de que Cristo pode voltar a qualquer momento a
fim de vuscar sua noiva para estar com Ele na cada se Seu pai. É por isto que as Escritureas têm tantas
exortaç~eos para que vigiemos, estejamos preparados e esperemos que Ele venha a qualquer momento.
As outrs três visões anulam essa “vinda qualquer tempo”, imediata. De fato, nas outras visões, os
cristãos esperam pela vinda a qualquer tempo, não de Cristo, mas do Anticristo e da Tribulação23.

22
VLACH, Michael J. op. Cit., p. 12.
23
LAHAYE, Tim e ICE, Thomas. O final dos tempos, glorioso retorno: A volta de Jesus Cristo em Glória. O arrebatamento da
Igreja. Novos céus e nova terra! Santo Amar, SP: Abba Press Editora, 2004, p. 104.

20
3.3. Estaremos para sempre com Cristo

Revista: O futuro do salvo não é incerto ou sombrio. A morte não é nosso fim [1Co
15.54-57]. Devemos nos alegrar, pois somos a Igreja de Cristo e estaremos para
sempre com Ele [Rm 12.12].

Rm 12.12 - Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração.


Jo 16.20,22 - Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e
vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.[...] 22 Assim também vós agora, na verdade,
tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.
1Jo 2.28 - E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não
sejamos confundidos por ele na sua vinda.
Quando catástrofes se abatem sobre o planeta, e coisas aterradoras descritas nas Escrituras como
concernentes ao tempo do fim, queremos entender, à luz das profecias o que se passa, saber sobre o desenrolar
do plano divino através dos séculos e aquietar nossos corações acerca do que está acontecendo a nossa volta,
inclusive para sermos alcançados pelo cuidado de Deus mesmo em meio as tormentas. Mark Hitchcock
publicou sua obra em 2015 e ali ele escreveu:

Ninguém pode afirmar com certeza que uma dessas epidemias ou pandemias, que foram vistas
recentemente em nosso horizonte, sejam uma das que foram profetizadas por Jesus ou pelo apóstolo
João. Contudo, está claro que o palco mundial está pronto para a atuação de catástrofes globais que a
Bíblia anuncia para o fim dos tempos. Vírus resistentes aos medicamentos e mutações de doenças
animais ocorrem mais rapidamente do que possam ser acompanhados pelos pesquisadores. Além disso,
a transmissão de uma doença torna-se muito mais fácil através da globalização, da rapidez dos meios
de transporte e da alta densidade demográfica encontrada nas cidades. O que vemos atualmente torna
visível o cumprimento da profecia de Jesus em Lucas 21.11 e a de João, em Apocalipse 6.8. O quadro
mostra o que há de sobrevir ao planeta Terra nos terríveis dias do fim dos tempos. O clima mundial em
que vivemos é exatamente o que Jesus anunciou para o fim dos dias; Sua vinda poderia estar muito
próxima...24

Saber do cuidado de Deus e do modo como tem um plano excelente para nos guardar da hora da
provação, que se abaterá sobre todo mundo nos ajuda e sustenta nossa fé em meio as muitas dificuldades que
enfrentamos em momentos críticos. O NT que revelou o mistério do Arrebatamento da igreja faz isso com
frequência, nos lembrando da fidelidade de Deus. O compromisso que Deus tem com Sua palavra é de que
Ele não anula o que prometeu. Ainda que defendendo um sistema teológico que se encaixa mais na
interpretação literal das Escrituras sabemos que temos uma aliança com Deus e mesmo que soframos aqui,
estamos certos de que vai cumprir todas as suas promessas. Conhecer os fatos relativos ao arrebatamento da
igreja nos dá esperança, minimiza o sofrimento, traz alívio na hora da dor e ainda que saibamos que o que
estamos vivendo no presente momento é segundo Mt 24.8, o princípio das dores, descansamos no Senhor
porque estamos certos de que o que Ele prometeu vai cumprir e nos sustentará até o fim.

CONCLUSÃO

Quando uma igreja vive na expectativa da volta de Cristo ela é uma igreja viva e ativa. Infelizmente,
para muitos hoje este é somente um assunto embaraçoso, que não entendem muito bem e evitam o quanto for
possível. O amor pela vinda de Cristo está sendo abafado pelo materialismo, pela busca do bem-estar, de uma
boa posição social e de lazer e entretenimento sem fim. Mas estudar este assunto nos confronta e nos faz tomar
posição. Nos ajuda a entender e desfazer os nós das dúvidas intermináveis e nos abre a porta da esperança de
uma forma inesperada. Em muitos lugares e em muitos corações o amor ao mundo sufocou o amor pela volta
de Cristo. Mas não no meio dos remidos, que estão aguardando este grande dia com uma expectativa feliz.

24
HITCHCOCK, Mark., op. Cit., op. 124-125.
21

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