Lição 3 - Biografia de John Wesley, A Família Wesley

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Lição 03: Biografia de John Wesley, a família Wesley

1. Introdução
2. O ambiente familiar de Wesley
3. O incêndio da casa pastoral
4. A formação escolar
5. O início de ministério
6. Conclusão

Ao término desta aula esperamos que você seja capaz de: Descrever alguns dados da
biografia de John Wesley e seu ambiente familiar.

1. Introdução:

Nesta aula daremos continuidade à busca do conhecimento a cerca do Metodismo, neste caso
é de fundamental importância conhecer um pouco a biografia de seu fundador, ou seja, John
Wesley. Para isso vamos investigar alguns de seus dados biográficos, e mais ainda o ambiente
familiar em que Wesley foi criado, pois é nele que podemos perceber as primeiras bases para o
comportamento que Wesley tem diante de desafios na implantação do movimento metodista.

2. O ambiente familiar de Wesley


John Wesley nasceu em 17 de junho de 1703 em Epworth, um pequeno povoado ao norte de
Londres, na época com cerca de dois mil habitantes. Ele era filho do casal Susana e Samuel
Wesley, este, pastor da Igreja Oficial Inglesa - Anglicana. Wesley viveu praticamente quase
todo século XVIII. Seu trabalho marca, com toda certeza, um novo período na então combalida
vida religiosa inglesa. Com seu nascimento, dar-se um novo tempo para o “despertar” do
avivamento inglês no século XVIII. Durante cerca de cinquenta anos, Wesley fez um belo
trabalho pastoral/evangelístico por toda Inglaterra, Escócia e Irlanda. Deixou ao povo metodista
não somente uma doutrina, como também uma sistematização administrativa eficaz, uma
experiência religiosa profunda e um cuidado pastoral persistente.

Quanto aos antepassados de John Wesley, a história nos conta que seu bisavô chamava-
se, Bartolomeu Wesley, era um ótimo evangelista de uma Igreja dissidente1. Contudo, pelo
seu estilo independente, suportou consequências proveniente de sua opção pela igreja
dissidente. Já seu avô, que curiosamente leva o mesmo nome, John Wesley, estava entre os
clérigos expulsos da Igreja Anglicana em 1662 pelo “Ato de Uniformidade”. Muito embora seu
ministério fosse extremamente frutífero, padeceu de perseguição por não se submeter ao novo
sistema exigido pelos governantes e líderes religiosos. Tornou-se então um pregador itinerante.

Seu pai, Samuel Wesley (1662-1735), fez um caminho contrário, saiu da igreja dissidente e se
dirigiu a Igreja Oficial Anglicana. Desde 1696 até a morte, foi clérigo da pequena igreja em
Epworth, a mesma cidade onde nasceu John Wesley. Era Um homem de sincero, de espírito
piedoso, pouco prático, porém, com muita habilidade intelectual. Escreveu uma obra literária “a
Vida de Cristo em verso” e um comentário ao livro de Jó. Por outro lado, sua mãe Suzana
Annesley, (depois recebe o sobre nome de seu marido e torna-se a conhecida Suzana

1
As igrejas dissidentes inglesas, (em Inglês: English dissenters), também eram chamadas de não-conformistas,
foram reformadores ingleses que se opuseram à intervenção do estado na igreja e fundaram as suas próprias
comunidades. Tinham como desejo uma reforma mais profunda na Igreja Inglesa. Mais tarde essas igrejas dissidentes
se tornariam Batistas, Congregacionais, Presbiterianas, Quakers e etc.
Wesley) era mulher de uma notável fortaleza de caráter, sendo, como seu marido, anglicana
devota. Podemos dizer também que Susana herdou características de seu pai, um homem de
notável inteligência, de vida piedosa e de princípios imutáveis.

Quando Suzana casou com Samuel, tornou-se mãe de dezenove filhos, no entanto, nove
morreram ainda quando bebês. Ela era uma mulher muito sábia e com muitas habilidades.
Conhecia com maestria a arte de governar o lar. Desde o início de seu ministério como mãe,
demonstrou bastante empenho no ensino de seus filhos. Alguns historiadores dão conta que
Suzana alfabetizava todos seus filhos tendo como base a Bíblia Sagrada. Isso certamente
marcou imensamente a piedade de todos, principalmente a do pequeno John Wesley.

Um fato bastante marcante foi quando em um incêndio na casa pastoral de Epworth, seu
filho John quase perde a vida, desde este dia decidiu atentar de um modo muito especial a ele,
pois compreendia que Deus tinha um plano muito particular para com ele. Assim ela descreve
em seu diário a dedicação especial ao seu pequeno John:

"Meu filho John. Que farei eu ao Senhor por todos os seus


benefícios? Quero oferecer-me a mim mesma e tudo o que me tens
dado; e faço votos (Oh! dá-me graça para cumpri-los!) que todos os
dias da minha vida serão devotados ao teu serviço. Desejo
especialmente para com a alma desse filho que tão bondosamente
me tens dado, ser mais cuidadosa do que tenho sido; que eu possa
incutir na sua mente os princípios da verdadeira religião e da virtude.
Ó, Senhor, dá-me graça para fazê-lo sincera e prudentemente“2

Suzana aconselhou Wesley em todo o decurso de sua vida. Ele sempre acatava suas
recomendações. Foram muitas as vezes que ela advertiu e orientou Wesley em suas cartas.
Mesmo durante o período da faculdade, até a vida adulta e seu ministério.

3. O incêndio da casa pastoral

Como dissemos acima, Wesley viveu quase todo o século XVIII, permitindo-lhe ter uma vida
longa e frutífera. É possível perceber em vários momentos de sua vida, o cuidado de Deus para
como este homem. Por exemplo:

Até os quatro anos, Wesley conviveu apenas com umas quatro ou cinco irmãs, pois somente
depois nasceria seu irmão Charles Wesley. Mais tarde, este irmão mais novo viria a ser seu
grande companheiro de ministério.

Quando pequeno, ainda com cinco anos de idade, Wesley foi salvo de um terrível incêndio na
casa pastoral, em 9 de fevereiro de 1709. Este evento milagroso lhe rendeu o apelido de "tição
tirado do fogo.”

Wesley teve uma infância consideravelmente difícil, com algumas perdas bastante
significativas, que lhe marcaram por toda sua vida. Aos nove anos de idade, teve varíola. Ele
suportou os sofrimentos com paciência, o que levou sua mãe a escrever ao marido, que estava
em Londres: “John tem agüentado sua enfermidade como um homem e um verdadeiro cristão,
sem proferir uma única queixa3.”

Wesley foi criado em um lar com uma disciplina rígida, não obstante da rigidez, esta forma, lhe
deu uma boa educação, que posteriormente refletiu no zelo metódico legado ao metodismo.

2
BUYERS, Paul Eugene. História do Metodismo. São Paulo: Imprensa Metodista, 1945.
3
Idem
Entre as diversas regras utilizadas por Susana Wesley para educação de seus filhos e filhas,
podemos citar:

“As crianças tinham de conformar-se a certo método de viver, em


certas coisas compreensíveis, desde o nascimento; tais como, vestir,
despir, mudança de fralda, etc.”
“Quando chegavam à idade de um ano (e algumas antes dito), eram
ensinadas a temer a vara, e a chorar brandamente.”
“Uma vez crescidas e mais fortes, eram limitadas a três refeições do
dia.”
“Às dezoito horas, logo que terminasse o culto doméstico, jantavam;
às dezenove horas a empregada dava banho nelas; e, começando
com a mais nova, ela mudava a roupa delas e preparava todas para a
cama às vinte horas.”
“A fim de formar a mente das crianças, a primeira coisa à fazer é
vencer-lhes a vontade, e trazê-las ao ponto de obedecer.”4
“`As crianças do nosso lar, logo que podiam falar, era ensinado o ´Pai
Nosso´ , que tinham de repetir na hora de deitar e levantar.”
“Muito cedo na sua vida, meus filhos aprenderam distinguir ente o
domingo e os outros dias da semana.”
“Logo aprenderam que não seriam atendidas se gritassem por
alguma coisa, e tinham que falar com delicadeza quando pediam
alguma coisa.”
“Não se ensinava a ler antes dos cinco anos de idade, mas a Kezzy,
por exceção se tentou mais cedo.”
“Sair do lugar, ou sair da sala não lhes era permitido, sem boa razão;
correr no jardim ou na rua, sem permissão, era considerado falta
grave.”
“Que nenhuma menina seria ensinada a trabalhar antes de aprender
a ler bem5.”

4. A formação escolar

Em 1716, com treze anos. O pequeno John foi matriculado em uma renomada escola de
ensino fundamental chamada Charter-House. Esse estabelecimento de ensino distinguia-se por
ser um excelente centro de ensino. Foi ali que Wesley demonstrou ter alcançado um alicerce
de caráter verdadeiramente cristão e o preparo para enfrentar os desafios de uma
universidade.

Após ter concluído o ensino fundamental em Charter-House, já com dezesseis anos, foi
recompensado pelo seu bom desempenho com uma bolsa de estudo para a Universidade de
Oxford. Lá foi matriculado no famoso Christ Church College, um dos melhores
estabelecimentos de ensino superior do país. Ali aproveitou o tempo de estudo para se tornar
mais fervoroso em busca de uma vida cristã consagrada.

Foi também nesta ocasião que se dedicou mais ao ministério da evangelização aos pobres,
também fazia visitas sistemáticas aos encarcerados da cidade de Londres. Com essas boas
ações pensava em alcançar a salvação, tornando-se um homem de vida santa. Aplicou-se
também à investigação do Novo Testamento e as obras de Tomaz Kempes (A Imitação de
Cristo), de Jeremias Taylor (As regras para um viver e morrer santo) e Guilherme Law (A
perfeição cristã e Um chamado sério para uma vida devota e santa).
4
BUYERS, Paul Eugene. História do Metodismo. São Paulo: Imprensa Metodista, 1945.
5
Idem.
Nesta ocasião, Wesley investigou diversas formas do cristianismo, sem, contudo, atingir
alguma felicidade. Podemos observar aqui um homem à procura de um verdadeiro encontro
com Deus. Essa necessidade de um verdadeiro encontro com Deus teve início em Oxford e
somente chega a um fim satisfatório quando em 24 de maio de 1738, sentiu seu “coração
estranhamente abrasado” com o poder e amor de Deus.

5. O início de ministério

Aos vinte e dois anos de idade, ou seja, depois de formado em bacharel, recebe a sugestão e
incentivo de seu pai, para se apresentar a Igreja Anglicana e foi consagrado a diácono - o que
corresponde a pastor em início de carreira na IMW.

Em seguida, foi nomeado e enviado para colaborar com seu pai na paróquia de Epworth.
Algum tempo depois, teve uma rápida experiência como pastor titular em uma também
pequena paróquia chamada Roote, entretanto, não obteve grande satisfação com o trabalho,
regressando à Universidade de Oxford, que o havia seduzido com uma proposta de se tornar
professor daquela renomada universidade.

Em março de 1726, recebeu sua toga de honra, do “Lincoln College”, da Universidade de


Oxford. Esse título de “Fellow”, além do valor honorífico, dava-lhe uma posição de
independência. Neste mesmo ano, aos 23 anos, Wesley concluiu seu mestrado em artes
defendendo três dissertações (teses) em latim. Por aproximadamente seis anos trabalhou em
Oxford, transformando-se em um "homem de universidade“.

Um fato curioso digno de ser relatado foi que, enquanto Wesley estava afastado da
universidade ajudando seu pai em Epworth, seu irmão mais novo, Charles Wesley, ingressava
na mesma universidade e dá início aos primeiros encontros do que mais tarde ficou conhecido
como “Clube Santo". No entanto, quando Wesley retorna à Oxford, agora como professor, em
pouco tempo ele se torna o líder desse clube.

Os pioneiros do “Clube Santo” são Charles Wesley, George Whitefield, Benjamin Ingham,
James Harvey, John Clayton, Richard Hutchins, John Wesley e Charles Delamotte. As
atividades e trabalhos do "Clube Santo" se conservaram ativas, no período em que os irmãos
Wesley continuaram na universidade.

6. Conclusão

Como imos nesta lição, a vida de John Wesley começa em um lar que recebe de seus
antepassados, uma boa formação piedosa, assim também recebe uma substancial educação
formal. Isso lhe confere uma especial habilidade para lidar com os desafios próprios de uma
liderança cristã.

Contudo, a despeito de toda sua formação cristã evangélica, percebemos suas dificuldades em
ter uma experiência profunda e marcante com Deus, que lhe daria a certeza da salvação.
Como dissemos anteriormente essa experiência definitiva somente irá acontecer no que ficou
conhecido como “dia do coração abrasado”. Esta experiência é o que veremos nas próximas.

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