Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Usina Hidrelétrica - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
Usina Hidrelétrica - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
Usina hidrelétrica (português brasileiro) ou central hidroelétrica (AO 1945: central hidroeléctrica)
(português europeu)
é um complexo industrial que tem por finalidade produzir energia elétrica
através do aproveitamento do potencial hidráulico das águas de rios ou represas.
Um sistema elétrico de energia é constituído por uma rede interligada por linhas de
transmissão (transporte). Nessa rede estão ligadas as cargas (pontos de consumo de
energia) e os geradores (pontos de produção de energia). Uma central hidrelétrica é uma
instalação ligada à rede de transporte que injeta uma porção da energia pelas cargas.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, por exemplo, constitui-se em uma das maiores obras da
engenharia mundial, no entanto, a UHE Belo Monte, no rio Xingu no estado do Pará, é a maior
usina 100% brasileira em potência instalada, já que a Usina de Itaipu é binacional — tendo
esta sido considerada uma das "Sete Maravilhas do Mundo Moderno" pela American Society
of Civil Engineers (ASCE).
O vertedor de Tucuruí é o maior do mundo com sua vazão de projeto calculada para a
enchente decamilenar de 110 000 m³/s, pode, no limite dar passagem à vazão de até 120
000 m³/s. Esta vazão só será igualada pelo vertedor da Usina de Três Gargantas na China.
Tanto o projeto civil como a construção de Tucuruí e da Usina de Itaipu foram totalmente
realizados por firmas brasileiras, entretanto, devido às maiores complexidades o projeto e
fabricação dos equipamentos eletromecânicos, responsáveis pela geração de energia, foram
realizados por empresas multinacionais.
Tipos
Complexo hidrelétrico
Diz de um conjunto de usinas hidrelétricas que são planejadas e construídas em uma
mesma bacia hidrográfica de forma conjunta, para melhor aproveitar o potencial energético
dos rios.
Classificação da ANEEL
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), órgão do governo federal do Brasil,
classifica as centrais geradoras de energia elétrica como:
Usina termoestática;
Central geradora hidrelétrica (CGH);
Central geradora undi-elétrica (CGU);
Central geradora eolielétrica (EOL);
Pequena central hidrelétrica (PCH);
Central geradora solar fotovotaica
(SOL);
Usina hidrelétrica de energia (UHE);
Usina termelétrica (UTE);
Usina termonuclear (UTN).
Outro limite da PCH é o tamanho de seu reservatório, que para ser classificada desta forma,
não pode ultrapassar os 13 quilômetros quadrados, excluindo-se a calha do leito regular do
rio.[3]
As PCH compõem uma importante parte da geração de energia no Brasil. O rito a ser
seguido para obtenção de sua outorga de autorização e sua regulamentação esta em revisão
pela ANEEL por meio da audiência pública 80/2017 (http://www.aneel.gov.br/audiencias-publ
icas?p_auth=kHLgHDAT&p_p_id=audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultas
Portletportlet&p_p_lifecycle=1&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-2&p_
p_col_count=1&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_a
udienciaId=1209&_audienciaspublicasvisualizacao_WAR_AudienciasConsultasPortletportlet_
[4]
javax.portlet.action=visualizarAudiencia)
Impactos
Ambiente
Por muito tempo as hidrelétricas foram divulgadas como fontes de energia limpa, mas uma
quantidade de estudos recentes vem dando uma outra visão do cenário. A formação das
bacias de reservatório, especialmente as de grandes dimensões, muitas vezes exige um
grande desmatamento, por si um fator de emissão de gases estufa produtores do
aquecimento global, além de produzir severos impactos ambientais e sociais paralelos:
bloqueia os ciclos de cheia e vazante dos rios; impede os ciclos reprodutivos de peixes
migrantes; modifica em larga escala ecossistemas e a distribuição geográfica de espécies;
pode prejudicar a oferta de alimentos para muitas espécies aquáticas; afetar negativamente
povos ribeirinhos que dependem da pesca e as comunidades indígenas; pode dificultar o
acesso à água; pode exigir remoção forçada de populações destruindo comunidades
inteiras, e muitas vezes gera importantes conflitos sociais, culturais, políticos, jurídicos e
fundiários difíceis de resolver.[5][6][7][8][9]
O cacique Raoni apresentando uma
petição contra a Usina de Belo Monte
A remoção forçada não é o único aspecto a considerar. Junto com as barragens vêm
estradas, canais, linhas de transmissão da energia, projetos de irrigação e outros, que têm
impactado negativamente milhões de outras pessoas, prejudicando seu acesso à água, a
fontes de alimento e a outros recursos naturais. De 400 a 800 milhões de pessoas em todo o
mundo já foram prejudicadas de alguma forma pelas múltiplas interferências nos sistemas
hidrológicos causadas pelas barragens.[20] Frequentemente a construção de usinas envolve
violações de direitos humanos e aumento nas desigualdades sociais,[21] e poucos são os
casos de programas de construção realizados com transparência, sendo quase uma regra
haver alguma ilegalidade envolvida. São frequentes as denúncias de propinas e corrupção,
interferências indevidas nas agências fiscalizadoras, pressão política contra recomendações
científicas e mudanças arbitrárias na legislação, para facilitar a execução dos projetos.[11]
As barragens também causam efeitos negativos muito distantes do seu local, especialmente
pelas alterações no regime de vazão dos rios e pelas alterações na qualidade e temperatura
da água a jusante, ameaçando a conservação de matas ciliares ao longo dos rios,
modificando os ecossistemas aquáticos e interferindo em sistemas de irrigação e
abastecimento de água. Bloqueando as inundações periódicas naturais, fica impedida a
fertilização natural das terras contíguas aos leitos fluviais, e, por consequência, afeta a
agricultura e a oferta alimentos de grandes regiões.[9]
Pequenas usinas
A construção de pequenas usinas vem sendo incentivada e vem ganhando impulso, pois por
algum tempo gera emprego e desenvolvimento local e é vista geralmente como de baixo
impacto ambiental.[22] Em todo o mundo existem cerca de 83 mil plantas, e milhares de
outras estão em projeto.[23] Contudo, o fato é que os efeitos globais das plantas pequenas
são muito mal conhecidos, pois os estudos especializados são relativamente escassos
neste tópico. Por isso, sua implantação em larga escala, sem um bom conhecimento sobre
seus efeitos, tem o potencial de representar uma grande ameaça pelos impactos
cumulativos.[24][25] Numerosos trabalhos têm surgido recentemente analisando casos
específicos, questionando as alegadas vantagens das usinas de pequena escala e
demonstrando a existência de efeitos negativos diversificados. Vários impactos são
registrados já ao longo do processo de construção, como desmatamento, modificação na
paisagem pela abertura de estradas e acessos, perturbação da rotina das comunidades
afetadas pelo contínuo trânsito de materiais e equipamentos, levantamento de nuvens de
poeira, produção de muito ruído, fumaça, lixo e resíduos, alteração da qualidade da água do
rio, bloqueios temporários no fluxo, morte de muitos animais, possíveis contaminações da
água e solo pelo derramamento acidental de óleos, combustíveis e outras substâncias
tóxicas. Isso depende muito da competência das construtoras e sua adequação às normas
legais, bem como da fiscalização oficial, e muitos desses problemas são temporários. A
ocorrência desse tipo de problemas, naturalmente, se verifica também na construção de
grandes usinas, em escala muito maior.[22]
Outros impactos de pequenas usinas são permanentes. Uma revisão da bibliografia indicou
que os principais são relacionados à criação de obstáculos nas correntes, a modificações no
volume de fluxo e no nível da água e a variações na disponibilidade de alimentos para as
espécies aquáticas e as dependentes das aquáticas. Esses impactos se potencializam com
a construção de várias plantas no mesmo rio, uma solução comum em áreas de
montanha.[22] Uma análise de 116 pequenas usinas construídas na Suíça mostrou que elas
produziram prejuízos significativos para o deslocamento de espécies migratórias e
provocaram uma dramática redução na vazão das correntes durante a maior parte do ano,
prejudicando a biodiversidade e a disponibilidade de água. Também foi apontado que elas
prejudicaram a beleza cênica das paisagens. O benefício em termos de produção energética
foi muito pequeno, atendendo a menos de 1% do consumo nacional.[23]
Demolição do reservatório da Usina
Veazie no rio Penobscot
Outros exemplos são ilustrativos. Duas pequenas usinas construídas no rio Elwha nos
Estados Unidos provocaram o desaparecimento de 99% da população dos salmões que
reproduziam neste rio, levando o governo a decidir pela sua demolição e criação de um plano
de repovoamento, a um custo de 350 milhões de dólares. Três usinas no rio Penobscot, que
produziam juntas apenas 18 MW, também foram demolidas devido ao desaparecimento de
espécies nativas.[23] Uma pesquisa sobre 16 usinas na bacia do rio Ter na Catalunha apontou
declínio na biodiversidade, declínio na qualidade e quantidade dos habitats e níveis de água
mais baixos.[24] Um estudo analisando os efeitos da construção de cinco usinas em um
mesmo rio na China encontrou mudanças na velocidade e nível da água e impactos difusos
em todas as 4656 espécies de invertebrados estudados, especialmente em termos de
redução na abundância geral e nos predadores e filtradores em particular.[26] 40 usinas
estudadas na Turquia revelaram a produção de significativa degradação ambiental, perda de
matas ciliares, redução no fluxo de água, erosão e dificuldades para espécies migratórias.
Grande parte das plantas não atendia aos requisitos de segurança ambiental e a
recuperação de áreas degradadas no entorno foi em geral ineficiente.[27] Três estudos
recentes conduzidos na Espanha, China e Noruega concluíram que as usinas pequenas
produzem impactos negativos no ambiente proporcionalmente maiores que as grandes
usinas para cada MW produzido.[23] Segundo David Kaplan, chefe de um grupo de pesquisa
da Universidade da Flórida, as pequenas usinas podem causar um impacto
proporcionalmente até dez vezes maior do que as grandes. Isso se agrava porque o
licenciamento ambiental desses projetos em muitos países é pouco exigente ou é
inexistente, e sua baixa produtividade energética impõe a grande multiplicação das plantas
para suprir a demanda.[25]
Economia
Usina de Itaipu
Também por muito tempo as hidrelétricas foram divulgadas pelos governos e companhias
como fontes de energia barata, mas isso não corresponde bem aos fatos. Um relatório da
Agência Internacional de Energia Renovável (AIER) em parte corrobora essa afirmação,
dizendo que os custos da energia hidrelétrica de um modo geral tendem a ser mais baixos
do que outras fontes de energia, mas advertiu que cada planta tem características únicas e
há expressivas diferenças de caso para caso.[29] As grandes usinas, em particular, têm um
custo real que em regra ultrapassa em muito o orçamento inicial, geralmente levam muito
mais tempo para construir do que o previsto, e segundo a Comissão Mundial de Represas, no
melhor dos casos, as grandes represas são apenas marginalmente viáveis em termos
econômicos.[30][11] Uma revisão da bibliografia publicada em 2014 indicou que em países
emergentes o balanço é negativo, inclusive gerando inflação e alto endividamento público.
Cerca de metade das usinas estudadas tiveram um custo tão alto a ponto de serem
consideradas investimento perdido. A maioria nunca chega a recuperar todo o seu custo de
construção, e muito menos elevar a qualidade de vida das populações locais. No Brasil, a
construção de Itaipu prejudicou as finanças nacionais por três décadas, e a despeito da sua
importância central no sistema energético do país, economicamente ela provavelmente
nunca pagará seus custos de construção e manutenção.[19][31][11] A Usina de Belo Monte
também é um caso de megaprojeto em que os custos no longo prazo provavelmente
ultrapassarão os benefícios,[31] além de estar envolvida em uma grande controvérsia desde o
início por uma série de irregularidades em sua construção, omissão de dados relevantes,
violação de direitos humanos e prejuízos múltiplos causados à comunidade e
ambiente.[18][32][33] Segundo os economistas James Robinson e Ragnar Torvik, a própria
ineficiência desses grandes projetos é o que os torna politicamente sedutores, pois
oferecem grandes oportunidades para desvios de verbas.[18]
No caso das pequenas usinas, em termos econômicos elas tendem a ser proporcionalmente
menos vantajosas que as grandes plantas, embora seu custo absoluto seja menor. Alguns
estudos indicam que sua energia custa cerca de 15% mais para ser gerada do que a das
grandes usinas.[23] Um levantamento realizado pela AIER chegou a conclusões similares,
mostrando que os custos instalados são maiores do que as grandes para cada KW
produzido, numa relação de 1 050 a 7 650 dólares para cada KW nas grandes usinas, e de 1
300 a 8 000 dólares para cada KW nas pequenas. Os custos de operação e manutenção
também podem ser proporcionalmente maiores: 2 a 2,5% dos custos instalados nas grandes
e 1 a 4% nas pequenas.[29] Na mesma direção aponta um levantamento da Agência
Internacional de Energia, indicando custos finais de geração de energia de 40 a 110 dólares
por MW nas grandes usinas contra 45 a 120 dólares por MW nas pequenas. As microusinas
têm custos relativos ainda maiores: 55 a 185 dólares para cada MW gerado.[34]
Ver também
Referências
Ligações externas
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Usina_hidrelétrica&oldid=66515585"