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Usina hidrelétrica

instalação geradora de eletricidade a


partir de água

Usina hidrelétrica (português brasileiro) ou central hidroelétrica (AO 1945: central hidroeléctrica)
(português europeu)
é um complexo industrial que tem por finalidade produzir energia elétrica
através do aproveitamento do potencial hidráulico das águas de rios ou represas.

Esquema de uma usina hidrelétrica

As usinas hidroelétricas funcionam através da pressão da água que gira a turbina,


transformando a energia potencial em energia cinética. Depois de passar pela turbina o
gerador transforma a energia cinética em energia elétrica. Através de fios e cabos a energia é
distribuída, e antes de chegar nas casas e comércios é transformada em baixa tensão.
Características
A energia hidroelétrica é ainda um tipo de energia mais barata do que outras, como por
exemplo a energia nuclear. A viabilidade técnica de cada caso deve ser analisada
individualmente por especialistas em engenharia ambiental e especialista em engenharia
hidráulica, que geralmente para seus estudos e projetos utilizam modelos matemáticos,
modelos físicos e modelos geográficos.

O cálculo da potência instalada de uma usina é efetuado através de estudos de


hidroenergéticos que são realizados por engenheiros civis, mecânicos e eletricistas. A
energia hidráulica é convertida em energia mecânica por meio de uma turbina hidráulica, que
por sua vez é convertida em energia elétrica por meio de um gerador, sendo a energia
elétrica transmitida para uma ou mais linhas de transmissão que é interligada à rede de
distribuição.

Um sistema elétrico de energia é constituído por uma rede interligada por linhas de
transmissão (transporte). Nessa rede estão ligadas as cargas (pontos de consumo de
energia) e os geradores (pontos de produção de energia). Uma central hidrelétrica é uma
instalação ligada à rede de transporte que injeta uma porção da energia pelas cargas.

A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, por exemplo, constitui-se em uma das maiores obras da
engenharia mundial, no entanto, a UHE Belo Monte, no rio Xingu no estado do Pará, é a maior
usina 100% brasileira em potência instalada, já que a Usina de Itaipu é binacional — tendo
esta sido considerada uma das "Sete Maravilhas do Mundo Moderno" pela American Society
of Civil Engineers (ASCE).

O vertedor de Tucuruí é o maior do mundo com sua vazão de projeto calculada para a
enchente decamilenar de 110 000 m³/s, pode, no limite dar passagem à vazão de até 120
000 m³/s. Esta vazão só será igualada pelo vertedor da Usina de Três Gargantas na China.
Tanto o projeto civil como a construção de Tucuruí e da Usina de Itaipu foram totalmente
realizados por firmas brasileiras, entretanto, devido às maiores complexidades o projeto e
fabricação dos equipamentos eletromecânicos, responsáveis pela geração de energia, foram
realizados por empresas multinacionais.
Tipos

Usina hidrelétrica a fio d'água


Usina hidrelétrica a fio d’água é aquela que não dispõe de reservatório de água ou têm
reservatórios pouco relevantes quando comparados com a vazão. Esse tipo de usina as
vezes trabalha em combinação com uma (ou mais) usina de grande reservatório situada no
curso superior da bacia hidrográfica (a montante), para garantir uma geração relativamente
constante, ou sofre com uma grande variação na geração de energia elétrica durante o ano.

Os custos ambientais, sociais e financeiros necessários para a construção de grandes


reservatórios tem elevado a tendência à construção desse tipo de usina hidrelétrica.[1]

Complexo hidrelétrico
Diz de um conjunto de usinas hidrelétricas que são planejadas e construídas em uma
mesma bacia hidrográfica de forma conjunta, para melhor aproveitar o potencial energético
dos rios.

Classificação da ANEEL
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), órgão do governo federal do Brasil,
classifica as centrais geradoras de energia elétrica como:

Usina termoestática;
Central geradora hidrelétrica (CGH);
Central geradora undi-elétrica (CGU);
Central geradora eolielétrica (EOL);
Pequena central hidrelétrica (PCH);
Central geradora solar fotovotaica
(SOL);
Usina hidrelétrica de energia (UHE);
Usina termelétrica (UTE);
Usina termonuclear (UTN).

Pequena central hidrelétrica


Pequenas centrais hidrelétricas, ou PCH, são usinas hidrelétricas de pequeno porte com
capacidade instalada maior do que 5 megawatts e menor ou igual a 30 megawatts.[2]

Outro limite da PCH é o tamanho de seu reservatório, que para ser classificada desta forma,
não pode ultrapassar os 13 quilômetros quadrados, excluindo-se a calha do leito regular do
rio.[3]

As PCH compõem uma importante parte da geração de energia no Brasil. O rito a ser
seguido para obtenção de sua outorga de autorização e sua regulamentação esta em revisão
pela ANEEL por meio da audiência pública 80/2017 (http://www.aneel.gov.br/audiencias-publ
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[4]
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Comparando com as Usinas Hidrelétricas de Energia (UHE), as PCH têm vantagens e


desvantagens. Por serem menores, são mais baratas de construir, causam um dano
ambiental menor, podem ser construídas em rios com menor vazão e contribuem para a
descentralização da geração de eletricidade. Por outro lado, elas geram uma energia mais
cara, pois nem sempre haverá fluxo d'água suficiente para fazer girar as turbinas, devido à
seca em algumas épocas do ano, o que não acontece nas usinas maiores, onde sempre
haverá água no reservatório.

Impactos

Ambiente
Por muito tempo as hidrelétricas foram divulgadas como fontes de energia limpa, mas uma
quantidade de estudos recentes vem dando uma outra visão do cenário. A formação das
bacias de reservatório, especialmente as de grandes dimensões, muitas vezes exige um
grande desmatamento, por si um fator de emissão de gases estufa produtores do
aquecimento global, além de produzir severos impactos ambientais e sociais paralelos:
bloqueia os ciclos de cheia e vazante dos rios; impede os ciclos reprodutivos de peixes
migrantes; modifica em larga escala ecossistemas e a distribuição geográfica de espécies;
pode prejudicar a oferta de alimentos para muitas espécies aquáticas; afetar negativamente
povos ribeirinhos que dependem da pesca e as comunidades indígenas; pode dificultar o
acesso à água; pode exigir remoção forçada de populações destruindo comunidades
inteiras, e muitas vezes gera importantes conflitos sociais, culturais, políticos, jurídicos e
fundiários difíceis de resolver.[5][6][7][8][9]
O cacique Raoni apresentando uma
petição contra a Usina de Belo Monte

Troncos de árvores não removidas no


lago da Usina de Balbina

A retenção de materiais sólidos e sedimentos aluviais pela barragem afeta a estrutura do


próprio rio a jusante, privando-o de materiais para formação de habitats para as espécies e
de substâncias químicas essenciais para a fertilização de campos e florestas ribeirinhos
abaixo da represa.[10][11] Paralelamente, os reservatórios coletam grandes quantidades de
material orgânico que se deposita e oxida, podendo criar águas ácidas e mal oxigenadas que
depois são liberadas rio abaixo. O represamento também eleva a temperatura da água, um
fator importante porque os seres aquáticos como peixes e invertebrados mantêm seu
metabolismo em estrita dependência da temperatura do meio.[10] De modo geral rios não
represados têm uma água de melhor qualidade e com mais biodiversidade. É significativo
que desde a década de 1970, quando iniciou uma fase de grande proliferação de usinas em
todo o mundo, a biodiversidade dos rios caiu em 80%, e embora a construção de usinas não
seja o único causador desse declínio acentuado, é um fator muito relevante. Elas são
especialmente perigosas para as espécies endêmicas ou já ameaçadas.[11]

As bacias são altas emissoras de gases estufa, especialmente se localizadas em zonas


tropicais e se a área inundada é vasta, devido à decomposição de matéria orgânica residual
(troncos, folhas e material no solo) após a inundação. Bacias que não são limpas
adequadamente antes da inundação emitem mais gases por longos períodos do que plantas
produtoras de energia equivalente baseadas em combustíveis fósseis.[12][13] Um estudo
recente calculou que as usinas de todo o mundo podem emitir até 1 bilhão de toneladas de
gases estufa a cada ano, principalmente na forma de metano, o que equivale a mais do que
toda a emissão anual do Canadá.[10] Projetos mal planejados também significam baixa
eficiência e altos custos. É um exemplo clássico a Usina de Balbina, no estado do
Amazonas. Implantada em uma região de planície, alagou 2 360 km2 de floresta tropical para
produzir apenas 112,2 MW de energia. A floresta não foi removida antes do alagamento,
perdendo-se uma vasta quantidade de madeira aproveitável, e sua decomposição acidificou
e desoxigenou a água do reservatório, corroendo as turbinas, além de emitir desde sua
construção dez vezes mais gases estufa do que uma usina termelétrica de potência
equivalente, num total de 3 milhões de toneladas de carbono por ano. Pela escassa
declividade do terreno, foram formadas várias áreas de água permanentemente estagnada.
Um terço da população existente da etnia indígena Waimiri-Atroari, que ali vivia, teve de ser
realocada.[14][15]

A construção de múltiplas usinas em uma mesma bacia hidrográfica, como é o caso da


Amazônia, onde 142 usinas já operam e está prevista a construção de mais 160, produz um
impacto negativo de grande escala não apenas nos níveis ambientais, sociais e culturais,
mas também em nível geográfico e geomorfológico, modificando a própria paisagem, devido
principalmente às interferências nos processos de distribuição de sedimentos e de formação
de meandros, planícies e terras alagadas. Em toda a Amazônia Andina, uma região de alta
concentração de espécies raras e endêmicas, que são as mais afetadas pelos projetos,
apenas um dos oito grandes rios regionais em 2018 ainda não havia sido interrompido por
usinas. Essa alta proliferação de usinas na Bacia Amazônica foi identificada como uma das
15 principais ameaças ambientais do mundo, e os seus impactos têm sido
sistematicamente subestimados pelas instâncias oficiais.[11] O mesmo problema de
multiplicação de usinas afeta as bacias dos rios Congo e Mekong, que juntos com a Bacia
Amazônica reúnem a maior biodiversidade aquática do mundo.[16]

Os programas oficiais de compensação ambiental em regra são pouco eficientes e a


inundação muitas vezes provoca graves danos diretos e indiretos à biodiversidade
regional.[7] Uma revisão da bibliografia sobre os impactos sobre a biodiversidade das usinas
em nível mundial concluiu que eles são geralmente subestimados, em particular nas regiões
tropicais. Devido à escassez de estudos específicos e pouca divulgação, os impactos reais
tendem a ser minimizados. Ao mesmo tempo, essa carência de informação é um dos fatores
que leva os legisladores e administradores a tomar decisões inadequadas e adotar
estratégias de manejo ineficientes.[17] Porém, em todo o mundo são corriqueiras as
denúncias de corrupção envolvendo políticos, legisladores, órgãos e agentes oficiais ao
longo da construção de usinas, e representam um grande obstáculo para a abordagem
transparente e efetiva dos problemas causados pelos projetos.[18][19][11]
Sociedade
Para as populações removidas ou afetadas negativamente de outras formas, a construção
de uma grande barragem frequentemente significa desemprego, problemas de saúde,
pobreza, marginalização, insegurança e perda de raízes e patrimônios culturais, além de
desencadear impactos negativos na economia regional tradicional. Raramente essas
populações recebem a devida compensação pelos seus prejuízos. Os programas de
reassentamento geralmente são morosos e complicados e seus resultados são
insatisfatórios para os afetados.[5] Povos indígenas e comunidades tradicionais são os mais
prejudicados. Em todo o mundo, por causa da criação de reservatórios, de 40 a 80 milhões
de pessoas já foram removidas de seus locais de habitação contra sua vontade nos últimos
60 anos, e a maioria delas jamais recuperou seu antigo nível de vida.[20]

A remoção forçada não é o único aspecto a considerar. Junto com as barragens vêm
estradas, canais, linhas de transmissão da energia, projetos de irrigação e outros, que têm
impactado negativamente milhões de outras pessoas, prejudicando seu acesso à água, a
fontes de alimento e a outros recursos naturais. De 400 a 800 milhões de pessoas em todo o
mundo já foram prejudicadas de alguma forma pelas múltiplas interferências nos sistemas
hidrológicos causadas pelas barragens.[20] Frequentemente a construção de usinas envolve
violações de direitos humanos e aumento nas desigualdades sociais,[21] e poucos são os
casos de programas de construção realizados com transparência, sendo quase uma regra
haver alguma ilegalidade envolvida. São frequentes as denúncias de propinas e corrupção,
interferências indevidas nas agências fiscalizadoras, pressão política contra recomendações
científicas e mudanças arbitrárias na legislação, para facilitar a execução dos projetos.[11]

As barragens também causam efeitos negativos muito distantes do seu local, especialmente
pelas alterações no regime de vazão dos rios e pelas alterações na qualidade e temperatura
da água a jusante, ameaçando a conservação de matas ciliares ao longo dos rios,
modificando os ecossistemas aquáticos e interferindo em sistemas de irrigação e
abastecimento de água. Bloqueando as inundações periódicas naturais, fica impedida a
fertilização natural das terras contíguas aos leitos fluviais, e, por consequência, afeta a
agricultura e a oferta alimentos de grandes regiões.[9]
Pequenas usinas
A construção de pequenas usinas vem sendo incentivada e vem ganhando impulso, pois por
algum tempo gera emprego e desenvolvimento local e é vista geralmente como de baixo
impacto ambiental.[22] Em todo o mundo existem cerca de 83 mil plantas, e milhares de
outras estão em projeto.[23] Contudo, o fato é que os efeitos globais das plantas pequenas
são muito mal conhecidos, pois os estudos especializados são relativamente escassos
neste tópico. Por isso, sua implantação em larga escala, sem um bom conhecimento sobre
seus efeitos, tem o potencial de representar uma grande ameaça pelos impactos
cumulativos.[24][25] Numerosos trabalhos têm surgido recentemente analisando casos
específicos, questionando as alegadas vantagens das usinas de pequena escala e
demonstrando a existência de efeitos negativos diversificados. Vários impactos são
registrados já ao longo do processo de construção, como desmatamento, modificação na
paisagem pela abertura de estradas e acessos, perturbação da rotina das comunidades
afetadas pelo contínuo trânsito de materiais e equipamentos, levantamento de nuvens de
poeira, produção de muito ruído, fumaça, lixo e resíduos, alteração da qualidade da água do
rio, bloqueios temporários no fluxo, morte de muitos animais, possíveis contaminações da
água e solo pelo derramamento acidental de óleos, combustíveis e outras substâncias
tóxicas. Isso depende muito da competência das construtoras e sua adequação às normas
legais, bem como da fiscalização oficial, e muitos desses problemas são temporários. A
ocorrência desse tipo de problemas, naturalmente, se verifica também na construção de
grandes usinas, em escala muito maior.[22]

Outros impactos de pequenas usinas são permanentes. Uma revisão da bibliografia indicou
que os principais são relacionados à criação de obstáculos nas correntes, a modificações no
volume de fluxo e no nível da água e a variações na disponibilidade de alimentos para as
espécies aquáticas e as dependentes das aquáticas. Esses impactos se potencializam com
a construção de várias plantas no mesmo rio, uma solução comum em áreas de
montanha.[22] Uma análise de 116 pequenas usinas construídas na Suíça mostrou que elas
produziram prejuízos significativos para o deslocamento de espécies migratórias e
provocaram uma dramática redução na vazão das correntes durante a maior parte do ano,
prejudicando a biodiversidade e a disponibilidade de água. Também foi apontado que elas
prejudicaram a beleza cênica das paisagens. O benefício em termos de produção energética
foi muito pequeno, atendendo a menos de 1% do consumo nacional.[23]
Demolição do reservatório da Usina
Veazie no rio Penobscot

Outros exemplos são ilustrativos. Duas pequenas usinas construídas no rio Elwha nos
Estados Unidos provocaram o desaparecimento de 99% da população dos salmões que
reproduziam neste rio, levando o governo a decidir pela sua demolição e criação de um plano
de repovoamento, a um custo de 350 milhões de dólares. Três usinas no rio Penobscot, que
produziam juntas apenas 18 MW, também foram demolidas devido ao desaparecimento de
espécies nativas.[23] Uma pesquisa sobre 16 usinas na bacia do rio Ter na Catalunha apontou
declínio na biodiversidade, declínio na qualidade e quantidade dos habitats e níveis de água
mais baixos.[24] Um estudo analisando os efeitos da construção de cinco usinas em um
mesmo rio na China encontrou mudanças na velocidade e nível da água e impactos difusos
em todas as 4656 espécies de invertebrados estudados, especialmente em termos de
redução na abundância geral e nos predadores e filtradores em particular.[26] 40 usinas
estudadas na Turquia revelaram a produção de significativa degradação ambiental, perda de
matas ciliares, redução no fluxo de água, erosão e dificuldades para espécies migratórias.
Grande parte das plantas não atendia aos requisitos de segurança ambiental e a
recuperação de áreas degradadas no entorno foi em geral ineficiente.[27] Três estudos
recentes conduzidos na Espanha, China e Noruega concluíram que as usinas pequenas
produzem impactos negativos no ambiente proporcionalmente maiores que as grandes
usinas para cada MW produzido.[23] Segundo David Kaplan, chefe de um grupo de pesquisa
da Universidade da Flórida, as pequenas usinas podem causar um impacto
proporcionalmente até dez vezes maior do que as grandes. Isso se agrava porque o
licenciamento ambiental desses projetos em muitos países é pouco exigente ou é
inexistente, e sua baixa produtividade energética impõe a grande multiplicação das plantas
para suprir a demanda.[25]

Segundo um grande estudo elaborado sob os auspícios da Comissão Mundial de Represas


em parceria com a União Internacional para a Conservação da Natureza e o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, a construção de usinas tem um lado legítimo no
aspecto humano, pela geração de energia e concomitante regularização dos fluxos fluviais,
mas os impactos ambientais e sociais, especialmente no caso das grandes usinas, são
geralmente altos e poucas vezes são levados em consideração adequada pelos promotores
dos projetos. Ao mesmo tempo, impactos ambientais geram impactos adicionais para a
sociedade, da mesma forma poucas vezes bem avaliados ou compensados.[28]

Economia

Usina de Itaipu

Também por muito tempo as hidrelétricas foram divulgadas pelos governos e companhias
como fontes de energia barata, mas isso não corresponde bem aos fatos. Um relatório da
Agência Internacional de Energia Renovável (AIER) em parte corrobora essa afirmação,
dizendo que os custos da energia hidrelétrica de um modo geral tendem a ser mais baixos
do que outras fontes de energia, mas advertiu que cada planta tem características únicas e
há expressivas diferenças de caso para caso.[29] As grandes usinas, em particular, têm um
custo real que em regra ultrapassa em muito o orçamento inicial, geralmente levam muito
mais tempo para construir do que o previsto, e segundo a Comissão Mundial de Represas, no
melhor dos casos, as grandes represas são apenas marginalmente viáveis em termos
econômicos.[30][11] Uma revisão da bibliografia publicada em 2014 indicou que em países
emergentes o balanço é negativo, inclusive gerando inflação e alto endividamento público.
Cerca de metade das usinas estudadas tiveram um custo tão alto a ponto de serem
consideradas investimento perdido. A maioria nunca chega a recuperar todo o seu custo de
construção, e muito menos elevar a qualidade de vida das populações locais. No Brasil, a
construção de Itaipu prejudicou as finanças nacionais por três décadas, e a despeito da sua
importância central no sistema energético do país, economicamente ela provavelmente
nunca pagará seus custos de construção e manutenção.[19][31][11] A Usina de Belo Monte
também é um caso de megaprojeto em que os custos no longo prazo provavelmente
ultrapassarão os benefícios,[31] além de estar envolvida em uma grande controvérsia desde o
início por uma série de irregularidades em sua construção, omissão de dados relevantes,
violação de direitos humanos e prejuízos múltiplos causados à comunidade e
ambiente.[18][32][33] Segundo os economistas James Robinson e Ragnar Torvik, a própria
ineficiência desses grandes projetos é o que os torna politicamente sedutores, pois
oferecem grandes oportunidades para desvios de verbas.[18]

No caso das pequenas usinas, em termos econômicos elas tendem a ser proporcionalmente
menos vantajosas que as grandes plantas, embora seu custo absoluto seja menor. Alguns
estudos indicam que sua energia custa cerca de 15% mais para ser gerada do que a das
grandes usinas.[23] Um levantamento realizado pela AIER chegou a conclusões similares,
mostrando que os custos instalados são maiores do que as grandes para cada KW
produzido, numa relação de 1 050 a 7 650 dólares para cada KW nas grandes usinas, e de 1
300 a 8 000 dólares para cada KW nas pequenas. Os custos de operação e manutenção
também podem ser proporcionalmente maiores: 2 a 2,5% dos custos instalados nas grandes
e 1 a 4% nas pequenas.[29] Na mesma direção aponta um levantamento da Agência
Internacional de Energia, indicando custos finais de geração de energia de 40 a 110 dólares
por MW nas grandes usinas contra 45 a 120 dólares por MW nas pequenas. As microusinas
têm custos relativos ainda maiores: 55 a 185 dólares para cada MW gerado.[34]

Ver também

Maiores usinas Energia


hidrelétricas do maremotriz
mundo Hidroelétricas
Central em Portugal
hidroelétrica Hidrologia
reversível
Lista de usinas
Central nuclear hidrelétricas do
Brasil Turbina
Parque eólico hidráulica
Usina
termoelétrica

Referências

1. O que são usinas hidrelétricas “a fio


d’água” e quais os custos inerentes à
sua construção? (http://www.brasil-e
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3726&_audienciaspublicasvisualizac
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Ligações externas
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title=Usina_hidrelétrica&oldid=66515585"

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