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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Escola de Arquitetura e Design


Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Bruna Quintino, Camila Fischer, Emmanuelle Seixas e Natália Cunha

ESTUDO DIRIGIDO 3: Geometria da Insolação

Belo Horizonte
2023
3.1. Façam um breve resumo de como a energia do sol veio sendo usada pela
arquitetura ao longo da história (Consultar Bittencourt, 2004; Lamberts et al., 1997 e
Wachberger, 1984)

Desde os primórdios da humanidade, a arquitetura vem fazendo uso da energia


solar considerando a orientação e integração do edifício no ambiente para garantir o
conforto térmico nos mais diferentes climas. Este princípio remonta à pré-história, quando
os trogloditas utilizavam técnicas para aproveitar a inércia térmica de recursos naturais.
Posteriormente, os islâmicos no norte da África desenvolveram estratégias para controlar o
conforto térmico em um clima quente e seco, como por exemplo, por meio da construção de
paredes espessas e aberturas reduzidas. Os Pueblos, que habitavam o oeste americano,
utilizavam formas semicirculares nos edifícios e estudo da orientação para otimizar a
incidência solar conforme suas necessidades. Em outras partes do mundo, como no norte
da China, foram construídas casas subterrâneas para suavizar as variações de temperatura
que sofriam. Os indígenas brasileiros também utilizavam a energia solar de maneira a se
manterem aquecidos nas noites frias e evitar o excesso de calor durante o dia.
Na Idade Moderna, o arquiteto francês Le Corbusier introduziu os quebra-sóis,
conhecidos como "brises-soleil". Essa inovação teve um impacto significativo, influenciando
a criação de elementos semelhantes, como os cobogós no Brasil, que nada mais são do
que pequenos quebra-sóis. Apesar disso, recentemente há um fenômeno em relação ao
aumento do uso de fachadas envidraçadas, criando um efeito estufa dentro do ambiente e
criando a necessidade de aparelhos externos, como o ar-condicionado.

3.2. Como se dá a variação da quantidade de calor do sol que chega à superfície da


Terra em função de:

a) sua trajetória ao redor do sol (dia do ano)


A Terra percorre uma órbita elíptica ao redor do Sol, marcada por dois pontos
extremos: o solstício de verão, com máxima exposição solar, e o solstício de inverno, com a
menor incidência de luz solar no ano. No solstício de verão, tem-se o dia mais longo do ano
e no de inverno, o mais curto. Entre esses extremos, encontram-se os equinócios. As
estações do ano são desencadeadas pela inclinação do próprio eixo terrestre em cerca de
23,5 graus. Isso significa que, ao longo do ano, diferentes regiões do planeta recebem a luz
solar em ângulos diversos. Por exemplo, durante o verão no hemisfério norte, essa região
está voltada em direção ao Sol, resultando em dias mais longos e uma incidência de luz
solar mais direta. No hemisfério sul, ocorre o oposto: é inverno e a luz solar incide com um
ângulo mais agudo.

b) sua rotação em torno do seu eixo (hora do dia)


A rotação da Terra é a responsável por gerar os dias e as noites além de influenciar
a forma como a radiação solar é recebida. Isso pode ser explicado pela variação na
intensidade da luz solar ao longo do dia. Nas primeiras horas da manhã, os raios solares
atingem a superfície da Terra em um ângulo inclinado, enquanto ao meio-dia, a direção da
radiação solar é perpendicular, resultando em uma maior concentração de energia.

c) a presença da atmosfera
A atmosfera atua como um filtro solar para a Terra, difundindo, refratando, difratando
e absorvendo uma porção das radiações solares emitidas. A absorção e reflexão da
radiação solar pela atmosfera depende das partículas que estão em suspensão na
atmosfera, como poeira, poluição, gases etc. Quanto maior a espessura da atmosfera,
menor será o fluxo energético que chegará na Terra.

d) a posição latitudinal. (Consultar Bittencourt, 2004; Frota e Schiffer, 2006;


Lamberts et al., 1997)
A posição latitudinal de uma região determina o ângulo de inclinação da radiação
solar incidida no local. Quanto maior a latitude de um local, menor a quantidade de radiação
solar e, por consequência, menos calor. E, quanto menor a latitude, maior a radiação solar e
portanto, as temperaturas. A menor latitude fica na linha do Equador, onde os raios solares
atingem perpendicularmente a superfície terrestre. Em contrapartida, em regiões de alta
latitude, os raios solares incidem de forma oblíqua.

3.3. Como a orientação solar do edifício e sua forma influem na quantidade de calor
por ele recebida? Qual é a relação entre a orientação solar e o consumo de
energia? (Consultar Mascaró, 1985; Lamberts et al., 1997)

A orientação e forma do edifício influenciam diretamente no conforto térmico de um


ambiente, já que a quantidade de calor recebida por um edifício varia em períodos distintos
devido à trajetória do Sol. O consumo de energia é diretamente afetado pela orientação da
fachada, já que fachadas mais quentes sem medidas protetivas geram a necessidade de
uso externo de equipamentos, como o ar-condicionado. Em climas muito frios o oposto
também ocorre, no qual fachadas que não recebem luz solar necessitam do uso de
aquecedores externos. Além disso, a incidência de luz solar nas fachadas em ambientes
escolhidos também minimiza a necessidade de iluminação artificial, diminuindo o consumo
energético.

3.4. Quais são os tipos de elementos arquitetônicos para o sombreamento e quando


seu uso é necessário? Cite exemplos de proteções solares externas e internas.
(Consultar Mascaró, 1985; Bittencourt, 2004.

O sombreamento é uma estratégia utilizada para garantir o conforto ambiental,


ao reduzir a incidência de raios solares no interior de uma edificação que possui excesso de
insolação. Para isso, são utilizadas diferentes estratégias a depender do contexto. Nesse
sentido, para escolher a melhor opção, é necessário considerar o fator de sombra da janela,
ou seja, analisar se esse aspecto é suficiente para a edificação analisada. Ele é
determinado por diferentes fatores, sendo eles: o material e a geometria da janela.
A cortina de enrolar pode ser uma estratégia interessante de sombreamento
quando utilizada em cores claras, garantindo baixa absorção de calor pelo material. Quando
adicionada no exterior da edificação, ela pode diminuir mais de trinta por cento do uso de
aparelhos de ar-condicionado, possibilitando o menor gasto de energia. Além disso, por ser
uma cortina, ela pode ser removida quando desejado, porém, o ideal é que isso aconteça
em momentos em que a incidência de raios solares seja menor, já que o intuito dela é
impedir que eles entrem nos ambientes em excesso.
O brise, também conhecido como quebra-sol, pode ser utilizado para reduzir a
incidência direta de raios solares dentro de um ambiente. Eles podem ser horizontais,
verticais ou mistos e sua orientação depende da direção de incidência dos raios solares.
Enquanto o horizontal é recomendado para fachadas em que os raios incidem de forma
perpendicular, o vertical é ideal quando os raios se afastam da linha perpendicular à janela.
Desse modo, o misto possibilita o sombreamento em ambas situações.
O toldo também é uma estratégia de sombreamento. Seu uso é altamente
difundido e sua eficiência está diretamente ligada ao seu material. Isso ocorre, porque o seu
fator de transmissão tem influência direta no seu desempenho, sendo a maior transmissão
responsável por menor conforto. Além disso, eles podem ter estrutura móvel ou fixa.
As venezianas móveis permitem que os raios solares sejam bloqueados. Dessa
maneira, o aumento de temperatura no ambiente é drasticamente reduzido, podendo chegar
a uma redução de quase oitenta por cento.
Já os pergolados são utilizados em ambientes externos e buscam reduzir a
passagem de raios solares para permitir maior permanência no local.
Além disso, caixas vazadas de concreto, como as utilizadas no projeto do
Hospital Regional de Taguatinga feito por João Filgueiras Lima podem servir como forma de
sombreamento. Isso ocorre porque a projeção das paredes da caixa sombreiam o ambiente
internamente, possibilitando que a incidência de raios solares seja reduzida.

3.5. Quais são os sistemas passivos de ganho solar? Em que regiões climáticas
podem ser empregados? Cite exemplos de edificações que empregam esses
sistemas. (Consultar: Wachberger, 1984;
https://www.portal-energia.com/energia-solar-passiva/;https://theconstructor.org/build
ing/passive-solarbuildings/15200/;
https://www.buildinggreen.com/news-article/end-line-passive-solar; ver também
KAMAL, 2012 e ROAF et al, 2007)

Na energia solar passiva, a energia solar é captada, armazenada e usada sem


equipamentos específicos, como sistemas elétricos e mecânicos. Assim, elementos de
construção como paredes, janelas, pisos e coberturas são utilizados para melhorar o
conforto térmico, captando e armazenando a radiação solar no inverno e impedindo-os no
verão. Quando comparado com métodos convencionais de aquecimento, a energia solar
passiva utiliza 70% menos de energia elétrica.
Existem três tipos de energia solar passiva: ganho direto, ganho indireto e ganho
passivo. O ganho direto ocorre quando o projeto é aquecido e energizado pela luz solar
direta que atinge sua superfície, como por meio de aberturas e, principalmente, pela
orientação dos edifícios em relação à incidência solar. Normalmente é utilizado em climas
quentes e secos, onde o calor do dia deve ser armazenado para manter as noites frias mais
agradáveis. O ganho indireto acontece quando a luz solar incide sobre uma superfície
alternativa, sendo absorvida e transformada em energia térmica que é então transferida
para o espaço, normalmente em climas quentes e úmidos, onde são necessários sistemas
mutáveis que possam ser adaptados. Por fim, o ganho isolado acontece quando um espaço
é intencionalmente projetado para captar energia solar, como no caso de uma estufa.
De maneira a maximizar o uso de energia solar passiva, devem ser utilizadas uma
série de técnicas diferentes, como orientar o edifício corretamente, para priorizar a radiação
solar desejada, a forma do edifício, a alocação interna, a seleção de materiais dependendo,
por exemplo, de sua inércia térmica, o dimensionamento de paredes etc. Um exemplo
dessa técnica é a parede Trombe, implementada pelo arquiteto Jacques Michel em
Odeillo, na França, que consiste em um painel de vidro adjacente a uma parede de
alvenaria escura, com espessuras variando entre 2 a 5 centímetros para o vidro e 10 a 41
centímetros para a parede de massa térmica, geralmente composta de materiais como
tijolos, pedra ou concreto. A radiação solar atravessa o vidro, é absorvida pela parede de
massa térmica e posteriormente liberada de forma gradual para o interior da residência.

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