Bioinformatica
Bioinformatica
BIOINFORMÁTICA
AULA 1
1
CONVERSA INICIAL
2
manipulação de suas macromoléculas (DNA, RNA e proteínas) para a produção
de produtos que melhorem a forma como vivemos e compreendemos o mundo.
No ano de 1866, Gregor Mendel publica seus postulados sobre
hereditariedade. Ele não possuía o conhecimento necessário sobre estrutura da
célula e genes, chamando naquele momento os genes de fatores relacionados
à hereditariedade. Somente em 1869, Friedrich Miescher descobre a existência
dos ácidos nucleicos e a expressão Biologia Molecular só foi criada em 1939 por
Warren Weaver, com o intuito de designar o trabalho em conjunto da biologia,
física e química na busca pelo conhecimento das moléculas. Com os avanços
das técnicas bioquímicas e da microscopia, em 1944 Oswald Avery comprovou
que as informações hereditárias estavam armazenadas no DNA. Mas afinal,
nesta época, o que se considerava DNA? Foi apenas em 1953 que James
Watson e Francis Crick demonstraram o que era uma molécula de DNA, qual era
sua estrutura química e como a informação hereditária estava armazenada nesta
molécula. Em 1966 Marchal Niremberg e Har Khorana decifram o código
genético humano e 6 anos mais tarde, em 1972, Stanley Cohen e Herbert Boyer
desenvolvem a tecnologia do DNA recombinante. Ainda na década de 70,
Frederich Sanger desenvolveu o primeiro método de sequenciamento de DNA
(1977) e no início da década de 80 os primeiros exemplares de clonagem foram
criados por Richard Palmiter e Ralph Brinster. Em 1983, Kary Mullis cria a técnica
de reação em cadeia da polimerase (PCR - Polymerase Chain Reaction) e em
1985 são desenvolvidas as primeiras técnicas de impressão digital por DNA
(DNA fingerprint). O grande marco das ciências moleculares se deu em 1996
com a clonagem da ovelha Dolly por Ian Wilmut e sua equipe. Na mesma época
se iniciava o projeto genoma humano que foi completado em 2001 com cerca de
99% do genoma humano sequenciado. Desde o início dos anos 2000 os
avanços nas áreas de Biologia molecular têm sido cada vez mais pronunciados
com diversas aplicações práticas.
Dentre as aplicações práticas mais famosas estão a criação de
organismos transgênicos, que ainda hoje suscitam discussões e polêmicas em
meio a comunidade científica. Mas a biotecnologia não para por aí. Ela evoluiu
com o desenvolvimento de testes moleculares para a detecção de diversos tipos
de doenças como tuberculose, HIV e câncer; para a elucidação de crimes com
a genética forense; para o tratamento e cura de doenças hereditárias por meio
da terapia gênica; para a identificação de mutações causadoras de doenças;
3
testes de paternidade e uma infinidade de outras aplicações demonstrando que
a biologia molecular e suas aplicações biotecnológicas estão na vanguarda dos
estudos científicos de ponta.
4
2.2 Lise celular
Após a lise temos uma solução que é uma sopa de constituintes e restos
celulares, sendo necessário separar os ácidos nucleicos de nosso interesse. Na
etapa de separação dos constituintes celulares é adicionado um solvente como
fenol e clorofórmio que desnatura e precipita proteínas; desta forma o DNA
permanece solúvel no sobrenadante. A solução então é centrifugada formando
um pellet contendo proteínas, que será descartado, e um sobrenadante com
ácidos nucleicos. Este sobrenadante é coletado e separado para um novo tubo.
Quanto mais vezes esta etapa de separação dos constituintes celulares for
repetida, maior será a pureza da amostra.
5
esbranquiçado com aspecto de um algodão em solução. Este “algodão” pode ser
pescado com o auxílio de um bastão de vidro ou a amostra pode ser
centrifugada. Nesta etapa de centrifugação o DNA formará um pellet no fundo
do tubo e o sobrenadante será descartado (diferente do que ocorreu na etapa de
lise, na qual o pellet foi descartado e o sobrenadante utilizado).
Após sua extração é necessário ter certeza de que o que foi extraído era
realmente DNA. Além disso, é necessário também saber a quantidade de DNA
presente na amostra. Para avaliar a presença e quantificar o DNA são utilizadas
diversas técnicas que serão descritas a seguir.
3.1 Espectrofotometria
6
amostra. Esta técnica possui uma curva padrão que determina que uma
absorbância igual a 1 corresponde a uma concentração de 50 µg de DNA por ml
de solução. Desta forma, fazendo o uso de uma simples regra de três, é possível
determinar a quantidade de DNA em uma amostra. Se houve necessidade de
diluição da amostra, esta deve ser levada em conta na hora do cálculo da
contração de DNA, segundo a fórmula abaixo:
7
com fragmentos maiores deve-se dar preferência para géis de malha menos
densa (ou seja, mais frouxa, com menor concentração de agarose), pois assim
os fragmentos grandes terão facilidade em “correr” a malha do gel. O inverso
também é verdadeiro, para fragmentos menores deve-se dar preferência para
géis com poros menores, ou seja, maior concentração de agarose, pois desta
forma os pequenos fragmentos ficarão retidos no gel.
Esta técnica permite a separação de fragmentos de DNA de tamanho
diversos por meio da aplicação de um campo elétrico. Os grupos fosfatos dos
ácidos nucléicos possuem cargas negativas e, portanto, quando submetidos a
um campo elétrico, por diferença de potencial, migram em direção ao polo
positivo deste campo. Quanto menor o tamanho do fragmento de DNA, mais
rápido ele migra pela malha de agarose e portanto maior será a distância
percorrida no gel. Moléculas com maior número de pares de base possuem
tamanho maior e portanto migram mais lentamente pela malha do gel, ocupando
posições mais superiores no gel. Fragmentos de mesmo tamanho ocupam a
mesma posição no gel, formando as denominadas bandas.
8
Crédito: Soleil Nordic/Shutterstock.
9
Para que se possa visualizar o resultado da separação das amostras de
DNA em gel de agarose é necessário que este passe por um procedimento de
coloração. Este processo consiste em corar o DNA com corantes fluorescentes
como o brometo de etídio (altamente tóxico e carcinogênico). Este corante, sob
luz ultravioleta, emite uma luz alaranjada formando bandas visíveis no gel.
Outros corantes menos tóxicos como o GelGreen e SybrGreen vem suplantando
o brometo de etídio.
Nas extrações podem-se obter grandes moléculas, que incluem
cromossomos inteiros ou cromossomos fragmentados. Amostras de boa
qualidade formam bandas íntegras, enquanto amostras degradadas ou com
presença de moléculas de RNA apresentam rastros ao longo do gel. A
quantificação é feita pela comparação entre a intensidade da fluorescência das
amostras extraídas com uma solução de DNA de concentração conhecida, como
por exemplo, soluções contendo DNA do fago lambda.
Após a obtenção de amostras de DNA e de sua avaliação quantitativa e
qualitativa, pode ser realizada a etapa de análise de DNA que serão descritas
nos temas 4 e 5 desta aula e na posterior. As análises dos ácidos nucleicos
incluem o uso de enzimas de restrição, técnicas de hibridação molecular,
técnicas de amplificação do DNA (PCR – reação em cadeia da polimerase),
sequenciamento de DNA e outras técnicas de análise de ácidos nucleicos.
10
enzima Afe I 5´AGC-GCT 3´ / 3´TGC - CGA 5´, foi produzida no microorganismo
Alcaligenes faecalis e cliva o DNA nas sequências especificadas.
A descoberta das enzimas de restrição foi essencial para o surgimento da
tecnologia do DNA recombinante, na qual moléculas de DNA de organismos
diferentes podem ser cortadas e posteriormente unidas por complementaridade
das duas fitas de DNA e ação da enzima DNA ligase, que refaz as ligações
fosfodiéster. As enzimas de restrição também são utilizadas no diagnóstico de
doenças genéticas, dado que mutações específicas no DNA podem alterar o sítio
de clivagem deste pelas enzimas, alterando o tamanho dos fragmentos gerados,
permitindo a diferenciação entre moléculas portadoras e não portadoras da
mutação com base nos tamanhos dos fragmentos gerados pela clivagem.
11
Figura 4 – Uso das enzimas de restrição em técnicas de engenharia genética.
Neste caso a enzima de restrição (em vermelho) foi utilizada para clivar duas
regiões do DNA, permitindo a remoção de um gene causador de doenças.
12
amostra. Na sequência você tratou essa amostra com enzimas específicas de
restrição a fim de clivar o DNA e isolar um segmento específico do mesmo, ou
seja, um gene. Como saber se o gene de interesse realmente estava presente
na amostra e como saber se o processamento com a enzima de restrição obteve
sucesso? É neste ponto que entra a técnica de hibridização DNA-DNA. Para a
realização desta técnica é necessário conhecer a sequência do gene que se quer
analisar (por ex 5´AATTGCGC 3´). Baseado nesta sequência, o pesquisador
sintetiza em laboratório uma sonda de DNA que consiste basicamente em um
fragmento de DNA sintético complementar a sequência do gene de interesse
(por ex 3´ TTAACGCG 5´). Esta sonda sintética é marcada com uma substância
que emite fluorescência quando uma sequência complementar se liga a ela. Ao
misturar os fragmentos de DNA da minha amostra, que contém o gene de
interesse, com a sonda sintética, é possível medir a fluorescência emitida e
concluir se havia ou não o gene de interesse na minha amostra. A técnica
denomina-se hibridação pois ocorre a formação de um fragmento de DNA
híbrido, sendo uma das fitas composta pelo DNA da minha amostra e a outra
pela sonda sintética.
A amostra contendo o DNA deve ser separada em um gel de agarose e
deste transferida para uma membrana de nylon ou nitrocelulose, onde as
moléculas de DNA ficam estáticas. Antes da transferência, o gel é tratado com
hidróxido de sódio promovendo a abertura das duplas fitas de DNA. A membrana
é uma réplica exata de tudo que existe no gel, porém sobre esta membrana é
possível se realizar uma série de experimentos que não seriam possíveis sobre
o gel devido a sua malha porosa. A sonda é colocada em contato com essa
membrana e irá se ligar especificamente apenas onde houver fragmentos de
DNA complementares a ela. Lavagens removem sondas não ligadas e também
sondas que se ligam incorretamente, pois ligações incorretas tem baixa
especificidade se desfazendo facilmente. A sonda é previamente marcada com
fosfato radioativo (32P) e desta forma os DNAs hibridizados quando expostos a
determinado comprimento de onda irão emitir luminosidade/ fluorescência
específicos, indicando e simultaneamente quantificando a hibridização.
13
sondas específicas de DNA. Em 4 as sondas se ligam especificamente ao DNA
de interesse. Em 5 as moléculas de DNA que sofrem hibridização são detectadas
NA PRÁTICA
14
quantificado e então fragmentado em regiões específicas pelas endonucleases.
Após a fragmentação, o DNA é analisado em um gel de agarose. Relembrando
que fragmentos diferentes migram de forma diferencial pelo gel de agarose,
desta forma produzindo uma padrão de bandas específicas. Cada indivíduo
possui seu DNA exclusivo que irá sofrer clivagem em sítios específicos pelas
endonucleases gerando também um padrão específico de bandas no gel. No
caso de um crime, se o padrão de bandas no gel for 100% similar ao padrão de
bandas de um acusado, este é considerado culpado, pois a compatibilidade de
bandas entre o indica que se trata da mesma pessoa. No caso de um teste de
paternidade, o DNA do filho deve ter padrão de similaridade de 50% com DNA
do suposto pai, pois o filho contém metade da carga genética da mãe e metade
do pai.
Observe a figura abaixo. Você consegue descobrir quem é o pai da
criança?
Figura 6 – Um filho, uma mãe e dois supostos pais. Os retângulos pretos indicam
a presença da banda no gel de agarose e os retângulos brancos indicam a
ausência de bandas no gel. Observe a banda 1: ela está ausente no filho, na
mãe e em ambos pais, logo não permite concluir nada em relação à paternidade
da criança. A banda 3 está presente no filho e na mãe, mas ausente em ambos
os pais, indicando que de fato a criança é filho da referida mãe. A banda 7 está
presente no filho, ausente na mãe e no pai 2, mas presente no pai 1. Esta banda
é conclusiva em relação ao teste, pois o filho tem e deve ter herdado de um dos
genitores; se a mãe não tem essa banda ela só pode ter sido herdada do pai
15
Crédito: Daniele Dietrich Moura Costa.
FINALIZANDO
16
REFERÊNCIAS
17
Aula 1
Conversa inicial
Biotecnologia
Importância das técnicas moleculares Importância da biologia
molecular na biotecnologia
Obtenção de material genético
Técnicas de análise do material genético
Aplicações da análise do material genético
Técnicas de análise de proteínas
Ácidos nucleicos
Ácidos nucleicos
Tefi/Shutterstock
Carboidratos
CÉL EUCARIÓTICA
DNA RNA
Lipídeos
COMPOSIÇÃO
MACROMOLECULAR
Proteínas Proteínas BIOLOGIA
MOLECULAR
FOCOS DE ESTUDO DA
BlueRingMedia/Shutterstock
BIOLOGIA MOLECULAR Designua/Shutterstock
CÉL PROCARIÓTICA
18
Importância da biologia molecular na Importância da biologia molecular na
biotecnologia biotecnologia
BIOLOGIA ONU: “Biotecnologia é qualquer aplicação
MOLECULAR BIOTECNOLOGIA
tecnológica que utilize sistemas biológicos,
organismos vivos ou seus derivados, para
fabricar ou modificar produtos ou processos para
a utilização específica”
DNA / RNA CONJUNTO DE TÉCNICAS
DE ANÁLISE E A biotecnologia é a ciência a partir da qual
PROTEÍNAS MODIFICAÇÃO DE RNA / utilizam-se organismos vivos e a manipulação de
DNA E PROTEÍNAS
suas macromoléculas (DNA, RNA e proteínas)
para a produção de produtos que melhorem a
forma como vivemos e compreendemos o mundo
19
Extração do material genético – preparo das Extração do material genético – Lise Celular
amostras
AMOSTRAS COLETAR ARMAZENAR
COLETA
AMOSTRA
- 80° C BIOLÓGICA
SANGUE
NITROGÊNIO LÍQUIDO Chaikom/Shutterstock Chaikom/Shutterstock
URINA TAMPÕES COMERCIAIS
TECIDOS BIÓPSIA Tampão Lise
(FÍGADO)
de Lise celular
CÉLULAS EM CULTIVO ESB Professional/Shutterstock Piotr Marcinski/Adobe stock
BACTÉRIAS PRESERVAÇÃO DA
INTEGRIDADE DO
FUNGOS MATERIAL
PLANTAS LIBERAÇÃO
ETC.
DO CONTEÚDO
Jens Goepfert/Shutterstock Chaikom/Shutterstock Soleil Nordic/Shutterstock
CELULAR Neokryuger/Shutterstock
Extração do material genético – Lise Celular Extração do material genético – Lise Celular
Tampão de lise celular
Detergente -> solubilização dos lipídios de FINAL LISE CELULAR
membranas Blackboard/
Shutterstock
ativação DNAses
NaCl -> desnaturação de proteínas e
aglomeração de ácidos nucleicos Separação
constituintes
celulares
EDTA -> quelante Mg e Ca -> inibição isolamento DNA
DNAses Timonina/Shutterstock
PRECIPITAÇÃO PRECIPITAÇÃO
PROTEÍNAS DNA
FENOL / ETANOL /
CLOROFÓRMIO ISOPROPANOL CENTRIFUGAÇÃO
anatoliy_gleb/Shutterstock
Billion Photos/Shutterstock
petrroudny43/Shutterstock
ShannonChocolate/
Shutterstock
20
Extração do material genético – lavagem e
ressuspensão do DNA
EVAPORAÇÃO
ETANOL Métodos de quantificação do
Tris /
ETANOL 70% Água MiliQ material genético extraído
Eric H Cheung/Shutterstock
QUANTIFICAÇÃO
DNA EM DNA EM
FASE SÓLIDA ANÁLISE FASE LÍQUIDA
ABS 260 nm
● Separação de
ABS 280 NM fragmentos DNA
1,4 < ABS < 2
QTDE PROTEÍNA AMOSTRA PURA
por tamanho
ABSORBÂNCIA
AMOSTRA ● DNA carga
(280 nm) Martinek Jan/Shutterstock
negativa
● Migração em
direção ao polo
positivo
Soleil Nordic/Shutterstock
21
Métodos de quantificação do material
genético – eletroforese em gel de agarose
DNA MIGRAÇÃO
MAIORES LENTA
22
Hibridação molecular – Southern blot Hibridação molecular – Southern blot
(DNA-DNA) (DNA-DNA)
FRAGMENTOS TRANSFERÊNCIA FRAGMENTOS TRANSFERÊNCIA
DNA ESPECÍFICOS
SEPARADOS
GEL AGAROSE DO GEL PARA DNA ESPECÍFICOS
SEPARADOS
GEL AGAROSE DO GEL PARA
Enzima de DNA MEMBRANA Enzima de DNA MEMBRANA
restrição restrição
NaOH
DETECÇÃO DNAS MARCAÇÃO DETECÇÃO DNAS
HIBRIDADOS RADIOATIVA HIBRIDADOS
DNA SIMPLES
FITA DNA DUPLA
FITA HÍBRIDO
RADIOMARCADO
2 4 SIMPLES FITA
MARCAÇÃO
RADIOATIVA DETECÇÃO
RNAm DUPLA
RNAm
FITA HÍBRIDO HIBRIDADOS
5 RADIOMARCADO
Na Prática
Filho Mãe Pai 1 Pai 2
Banda 1
Banda 2
Banda 3
Na Prática Banda 4
Banda 5
Banda 6
Banda 7
Banda 8
Banda 9
Banda 10
Fonte: Costa, 2021
23
Na Prática
Filho Mãe Pai 1 Pai 2
Banda 1
Banda 2
Banda 3
Banda 4
Finalizando
Banda 5
Banda 6
Banda 7
Banda 8
Banda 9
Banda 10
Fonte: Costa, 2021
Finalizando Finalizando
24
BIOTECNOLOGIA E
BIOINFORMÁTICA
AULA 2
25
CONVERSA INICIAL
2
26
é transferido entre espécies distintas; eu retiro o gene 1 da espécie A e insiro o
gene 1 na espécie B, sendo a espécie B a transgênica. Esse processo é
chamado transformação por causa das novas características que podem ser
adquiridas pela bactéria com a introdução do novo gene (como a resistência a
determinados antibióticos).
O gene inserido é incorporado ao DNA plasmidial do organismo receptor
(bactéria), e quando este for realizar a replicação do seu material genético, irá
replicar também o DNA inserido no plasmídio. Devemos nos lembrar que
procariotos se reproduzem muito rapidamente, dessa forma, a replicação do
gene inserido também é muito rápida, gerando inúmeras cópias ou clones desse
gene.
Nessa técnica, o DNA é retirado de um organismo doador por meio de
técnicas de extração de DNA já descritas na última aula. Esse DNA isolado é
então digerido por endonucleases de restrição, e os fragmentos gerados que
contêm os genes de interesse são ligados a um vetor de clonagem, geralmente
um plasmídeo. Um vetor de clonagem é uma estrutura de DNA com capacidade
de se introduzir em células bacterianas, um processo conhecido como
transfecção.
A união do gene de interesse, extraído da amostra e do plasmídeo (vetor),
forma uma molécula de DNA recombinante. Esse DNA recombinante é inserido
na bactéria/levedura por meio da técnica de transformação. Quando esse
organismo se replicar, ele irá replicar também o DNA inserido.
O conjunto dos fragmentos de DNA digeridos pela enzima de restrição e
ligados aos vetores, que foram transferidos e replicados pelo procarioto, constitui
uma biblioteca genômica, ou seja, uma biblioteca de genes. Se, ao invés do
DNA, utilizarmos um RNAm nesse procedimento, convertendo-o em DNA
complementar (cDNA) antes de realizar a transformação bacteriana, teremos
uma biblioteca de expressão gênica, que corresponde aos mRNAs que são
expressos pela célula doadora.
Observe, na Figura 1, a técnica de clonagem de DNA por meio do uso de
DNA recombinante. Em 1, o DNA é extraído da célula doadora e tratado com
enzimas de restrição a fim de se isolar os genes específicos. Simultaneamente
(ainda em 1), o plasmídio é extraído da bactéria. Em 2, ocorre a formação do
DNA recombinante, no qual o DNA da célula doadora é unido ao DNA plasmidial.
Em 4, há o processo de transformação, no qual o plasmídio contendo o DNA
3
27
recombinante é inserido novamente na bactéria. Em 5, observe o processo de
clonagem do DNA, sendo que, ao replicar o seu próprio material genético (que
inclui o plasmídio), a bactéria replica também o DNA da célula doadora.
5
29
magnésio (cofator da enzima DNA polimerase) e solução tampão para a DNA
polimerase. A DNA polimerase usada na reação é isolada da bactéria Thermus
aquaticus, e por isso é chamada de Taq polimerase (em menção às iniciais do
nome da espécie a partir da qual foi obtida). Esta é a DNA polimerase ideal, pois
diferentemente das demais, ela não sofre desnaturação em altas temperaturas.
Obviamente que todo esse processo requer o conhecimento prévio da
sequência de DNA que se quer amplificar, pois é necessário que os primers
sejam complementares a tal sequência. Tal conhecimento é altamente difundido
e está presente nas inúmeras bibliotecas genômicas disponíveis on-line.
Na Figura 2, a seguir, observe a reação em cadeia da polimerase. Em
azul, a dupla fita de DNA; em verde, os primers iniciadores e em amarelo, os
nucleotídeos necessários para a síntese e novas cadeias de DNA. Na etapa de
desnaturação, a dupla fita de DNA é aberta por elevação da temperatura. Na
etapa de anelamento, a temperatura é reduzida e os primers pareiam com as
fitas simples de DNA. Na etapa de elongação, a temperatura é elevada a 72 oC,
que é a ideal para que a Taq polimerase sintetize novas cadeias de DNA.
Créditos: WhiteDragon/Shutterstock.
6
30
2.2 Tipos PCR – PCR Multiplex
2.2.2 RT-PCR
7
31
Figura 3 – RT-PCR
8
32
posteriormente, o produto dessa PCR é amplificado com um par interno ao
primeiro (aninhado), que utilizará os fragmentos multiplicados na primeira reação
como molde.
Nesta técnica, realizam-se dois ensaios consecutivos de PCR. No
primeiro, um fragmento de DNA é amplificado com um par de primers. Uma
alíquota desses DNAs amplificados inicialmente é então submetida a um novo
ciclo de PCRs, utilizando-se um novo par de primers, localizados internamente
em relação à posição do par de primers inicialmente utilizados.
9
33
ela degrada a sonda, que então passa a liberar sua fluorescência que pode ser
medida pelo termociclador.
11
35
espécies e variantes de uma mesma espécie e identificação de alterações
relacionadas a doenças.
4.1 RFLP
4.2 Microssatélite
13
37
conhecer a sequência de DNA a ser amplificada para então desenhar um primer
específico para essa sequência. A amplificação ao acaso de sequências de DNA
deu nome à técnica, DNA polimórfico amplificado ao acaso (do inglês Random
Amplified Polymorfic DNA). A grande vantagem dessa técnica é permitir o estudo
de espécies que não têm seu genoma disponível em bancos de dados.
Os polimorfismos RAPD resultam da variação da sequência nos locais de
anelamento do primer e/ou variação de comprimento na sequência-alvo situada
entre os locais de ligação do primer. O RAPD é uma técnica não radioativa que
requer uma pequena quantidade de DNA (15-25 ng), a maior vantagem dessa
técnica em relação à técnica de RFLP, e pode ser realizado em poucas horas.
Seu grande problema é a baixa taxa de reprodutibilidade interlaboratórios.
14
38
5.2 Diagnósticos de doenças genéticas
15
39
esse patógeno, materiais biológicos adequados devem ser coletados (no caso
da covid-19, são amostras de naso e orofaringe, e no caso da tuberculose, é
escarro pulmonar) e a presença do material genético desses patógenos pode ser
avaliada por técnicas baseadas em PCR. Além disso, a PCR permite identificar
variantes desses patógenos, bem como a possível resistência a antibióticos no
caso de bactérias. A PCR em tempo real é o método que mais tem sido utilizado
para a quantificação de diferentes agentes infecciosos, permitindo a obtenção
de resultados sensíveis e precisos.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
16
40
uma gama de análises experimentais. Na aula anterior, vimos como extrair esse
DNA e algumas técnicas para processá-lo e analisá-lo, como o processamento
por enzimas de restrição e técnicas de hibridização. Nesta aula, vimos o uso de
DNA para sequenciar o genoma de uma espécie, técnicas de amplificação de
fragmentos de DNA obtidos por enzimas de restrição e técnicas de análises de
marcadores moleculares. Por fim, encerramos nosso estudo sobre os ácidos
nucleicos falando de algumas aplicações possíveis de todas essas análises no
dia a dia do biomédico. Na terceira e última aula deste módulo do curso de
Biotecnologia e Bioinformática, abordaremos as técnicas de manipulação e
análise de proteínas.
17
41
REFERÊNCIAS
Funpec–RP, 2002.
18
42
Aula 2
Nesta aula
Técnicas de análise do material genético:
Clonagem DNA Na próxima aula
PCR Extração e purificação proteínas
Sequenciamento DNA Análise de proteínas
Marcadores moleculares
Aplicações das análises DNA
43
Clonagem DNA
DNA
CÉLULA FRAGMENTOS REMOÇÃO BACTÉRIA
DOADORA ESPECÍFICOS DNA PLASMÍDIO
ENZ
RESTRIÇÃO
DNA
RECOMBINANTE
Clonagem do DNA
TRANSFORMAÇÃO
BACTERIANA
Clonagem do DNA
Why Design/shutterstock
44
Reação em cadeia da polimerase – tipos de
PCR
VÁRIOS PCR Multiplex
FRAG
DNA
Termociclador Variações
DIFERENTES
sequenciais de AMPLIFICAR
temperatura
VÁRIOS FRAG DNA
SIMULTANEAMENTE
Taq polimerase PCR
PAR dNTPs
PRIMERS
ESPECÍFICOS
PARA CD
DAntes Design/shutterstock
FRAG chromatos/shutterstock
+ ESPECÍFICO
DAntes Design/shutterstock
DAntes Design/shutterstock BigBearCamera/shutterstock BigBearCamera/shutterstock
Primers Primers
externos internos Atividade
exonuclease
2 amplificações
sequenciais + ESPECÍFICO
aumentam a
sensibilidade da
SONDA
técnica and4me/shutterstock
FLUORESCENTE
BigBearCamera/shutterstock BigBearCamera/shutterstock
ATIVA fluorescência DAntes Design/shutterstock
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
Fundamentos de Biologia Celular
72
Aula 3
udaix/Shutterstock VectorMine/Shutterstock
Conversa Inicial
Técnicas de separação e
purificação de proteínas
Sequenciamento de AA
SDS-PAGE (MM) Cristalografia por raios X
Western Blot (identificação) Ressonância magnética
[Link]
2D SDS-PAGE (pI + MM) nuclear
Narasingam/
Shutterstock
73
Técnicas de separação e Técnicas de separação e purificação de
purificação de proteínas proteínas – reconhecimento e extração
proteica
DNA 40.000 GENES
LISE CELULAR
PROTEÍNAS + 100.000
Homogenato celular
Detergente solubilizar
Tefi/Shutterstock Modificações pós- membranas Proteínas
transcricionais e pós- Estabilizador de pH Ácidos nucleicos
traducionais Tefi/Shutterstock
Inibidor de proteases Lipídeos
Billion Photos/Shutterstock Baixa temperatura Restos celulares
Solução
de proteínas tamanho
Sobrenadante
em altas
concentrações Sal
Diâmetro do Solução
de sal Precipitado
poro Membrana de diálise
Proteína-alvo
Outras proteínas da amostra
Proteína-alvo
74
Técnicas de separação e purificação de Técnicas de separação e purificação de proteínas
proteínas – purificação proteica por – purificação proteica por cromatografia de
cromatografia de coluna filtração em gel
(...)
Purificação por troca iônica
Proteínas grandes não
Polímeros NEG proteínas
interagem com polímero
POS
migração pela coluna acelerada
Polímeros POS proteínas
Peneiramento molecular
carga NEG
89
90
Haemophilus influenzae
91
92
“Shotgun”
Haemophilus influenzae
Haemophilus influenza
93
Xylella
fastidiosa
Drosophila melanogaster
Canis lupus familiaris
94
95
96
Aula 4
1 2
21 21
Vectormine/Shutterstock
5 6
21 21
Stock_vectorsale/Shutterstock
97
Conhecimento identificando as ferramentas
de biotecnologia
Os avanços e as principais
técnicas
7 8
21 21
Yeti Crab/Shutterstock
1º - Sequenciamento da insulina
2º - Metodologia para sequenciar o DNA
9 10
21 21
TATLE/Shutterstock Gopixa/Shutterstock
Achiichiii/Shutterstock Osweetnature/Shutterstock
Era pré-genômica e
pós-genômica na visão da saúde
11 12
21 21
PopTika/shutterstock
98
Até 1995...
Conhecimento em
Era pré-genômica
Designua/Shutterstock
Genética
Dogma central da Biologia
13
21
14
21 Molecular
Avanço tecnológico
Aprendemos a sequenciar
um genoma completo
Haemophilus influenza
Genômica comparativa
Na Prática
Jk_vector/Shutterstock
17 18
21 21
[Link]/Shutterstock
Alf Ribeiro/Shutterstock
99
Você tem contato com os avanços
Finalizando
Consegue identificar?
19
Exames genéticos, por exemplo 20
21 21
21
21
100
BIOTECNOLOGIA E
BIOINFORMÁTICA
AULA 5
101
CONVERSA INICIAL
2
102
1.1 Genômica
3
103
Figura 3 – O primeiro e mais simples nível dos estudos das ômicas
Crédito: Ktsdesign/Shutterstock.
1.2 Transcriptômica
4
104
de genes. Essa informação é muito importante. Doenças apresentam mudanças
de expressão gênica, doenças genéticas. Células neoplásicas possuem
mudanças significativas de expressão de genes.
5
105
1.3 Proteômica
6
106
Figura 7 – A forma de uma proteína e sua função dependem da sequência de
aminoácidos, que depende da sequência de nucleotídeos do RNAm, que vem
do DNA
Crédito: Designua/Shutterstock.
7
107
Figura 8 – Interação e resultado de proteínas, uma pequena parte de vias
metabóticas ou mesmo a interação de proteínas receptoras com proteína
sinalizadora. Essa é a interatômica
8
108
Figura 8 – Obtenção da informação de todo o mecanismo de funcionamento
celular
Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock.
9
109
Para que isso ocorra, a forma mais simples é estabelecer qual o seu gene
(que é uma sequência de DNA) e onde ele será inserido. O DNA recombinante
é justamente esse DNA montado. Quimicamente não há diferença; tanto faz para
célula: se ela for estimulada e esse estímulo acionar a maquinaria nuclear para
expressar o gene que foi inserido, ele será transcrito em RNA mensageiro e em
seguida traduzido em proteína. Veja bem, a célula que recebeu esse “DNA
recombinado” não sabe que ele é recombinado, então vai expressar sempre que
houver estímulo.
Crédito: Mallymoya/Shutterstock.
10
110
Os plasmídeos possuem um pequeno número de genes, e boa parte
destes está associada à resistência a antibióticos, além de serem
compartilhados entre as bactérias (isso mesmo, as bactérias trocam informações
entre si, passando plasmídeos de uma para outra). Existe também um
mecanismo que faz o plasmídeo ser duplicado de forma independente, fazendo
com que uma bactéria multiplique esse plasmídeo dentro dela, podendo
compartilhar e ficando com alguns.
Por conta dessa simplicidade e possibilidade de compartilhamento, o
plasmídeo foi utilizado como um vetor para receber um fragmento de DNA
contendo um gene (gene de outro organismo, não o da bactéria) e ser expresso
pela bactéria. Imagine o seguinte: um gene humano sendo recombinado com um
plasmídeo bacteriano e logo em seguida sendo inserido na bactéria. A bactéria
com o plasmídeo recombinado vai expressar o gene humano, produzindo então
uma proteína humana.
Usa-se os plasmídeos como ferramentas para clonar, transferir e
manipular genes. Os plasmídeos usados experimentalmente para esses fins são
chamados de vetores. Os pesquisadores podem inserir fragmentos de DNA ou
genes em um vetor de plasmídeo, criando o chamado plasmídeo recombinante.
Esse plasmídeo pode ser introduzido em uma bactéria por meio do processo
denominado transformação. Então, como as bactérias se dividem rapidamente,
elas podem ser usadas como fábricas para copiar fragmentos de DNA em
grandes quantidades.
12
112
Os plasmídeos bacterianos não são os únicos vetores para expressão de
DNA recombinante. Existem outros. Os plasmídeos apresentam uma limitação e
recebem um fragmento de até 15kpb (15 mil pares de base). Para inserir
fragmentos maiores, usa-se outros vetores, como o DNA do bacteriófago lambda
(recebe entre 10,4 a 20 kbp), BAC Bacterial Artificial Chromosomes (300 kbp),
YAC Yeast Artificial Chromosomes (600kb), e de acordo com os avanços,
vetores para inserções maiores como o HACs (Human Artificial Chromosomes),
que recebem inserções maiores.
A tecnologia de DNA recombinante foi muito útil para saúde, e nos anos
1980 começou a produção de Insulina Humana, por exemplo. Isso mesmo,
insulina humana produzida por bactérias. A síntese em grande escala de insulina
útil para uso médico e terapia trouxe conforto para muito diabéticos
insulinodependentes. Essa tecnologia, que se desenvolveu a partir de décadas
de pesquisa básica sobre a natureza do DNA, ofereceu os meios para sintetizar
virtualmente qualquer proteína, como a insulina, e fornece uma ferramenta vital
para estudar a atividade de genes em laboratório.
13
113
Células de mamíferos e bactérias sintetizam proteínas de formas
semelhantes. DNA é transcrito por um polimerase complexa em RNA (RNA
Polimerase). Esse princípio permite a realização dos trabalhos de produção dos
transgênicos, afinal, como já dito anteriormente, pouco importa como foi feito o
DNA recombinado, importa se ele será expresso ou não.
Ao longo dos anos 1990, muitos outros genomas foram sendo finalizados
para auxiliar o sequenciamento do genoma humano. Isso trouxe uma riqueza de
informações de diversos organismos, possibilitando um aumento significativo do
uso de organismos modelo de forma mais precisa, sem sacrifícios
desnecessários, com razão e justificativa. Toda genômica, transcriptômica e
proteômica desses outros organismos também foi sendo conhecida, logo,
estudos in vivo, que exigem avaliações com organismos modelo, passaram a
ganhar mais relevância.
O que são esses organismos modelo? Quais foram sequenciados?
Quando você discute os experimentos de Mendel, você está discutindo o uso de
ervilhas e flores como organismos modelo na compreensão da transmissão de
características ao longo das gerações. Você deve saber que o Mus musculus
(digite no Google e descubra que animal é esse) é muito utilizado. Outros
organismos também possuem seu genoma completamente sequenciado e
disponível para análise da comunidade científica gratuitamente. Alguns deles
abaixo:
• Escherichia coli
• Saccharomyces cerevisae
• l bacteriophage T4
• Danio rerio
• Bos taurus
• Pan troglodytes
• Pan paniscus
• Oryctolagus cuniculus
• Macaca mulata
• Canis lupus familiaris
• Arabidopsis thaliana
14
114
• Drosophila melanogaster
• Periplaneta americana
• Felis silvestres catus
Crédito: Anyaivanova/Shutterstock.
15
115
Essa similaridade genética, e consequentemente bioquímica é o que
justifica o uso desses organismos modelo. Existem alternativas? Podemos
substituir animais na pesquisa científica, já que muitos discutem ter sentimentos
e se incomodam com o uso de animais? A resposta é “ainda não”. Não
conseguimos substituir o que é observado in vivo por testes in vitro e in silico.
Algumas coisas podem ser utilizadas e raros são os testes que não necessitam
mais do uso de organismos modelo. Vamos discutir o futuro.
16
116
Alguns experimentos podem ser realizados diretamente em cultivo celular
para observação da resposta celular e estudos de viabilidade que avaliam se a
célula sofreu alguma consequência que caracterize uma citotoxicidade,
diminuição das condições de manutenção do cultivo celular e problemas na
proliferação, dentre outros.
É possível até com o conhecimento e tecnologia que temos hoje criar in
vitro cultivos celulares com duas ou três linhagens celulares diferentes e
observar a interação e a resposta após o estímulo, exposição etc. Temos
também hoje em dia um comércio que permite que o grupo de pesquisa compre
diferentes tipos de células para realização de seu trabalho, realizando a
manutenção dessas células. São centenas de linhagens diferentes, sendo
comercializadas no mundo. No Brasil, temos o maior banco de células da
América do Sul, o BCRJ, Banco de Células do Rio de Janeiro ([Link]
17
117
Figura 16 – Células são cultivadas nessas garrafas e o meio nutritivo é
adicionado para manter as células vivas. Esse meio contém tudo que a vida
precisa: água, aminoácidos, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
18
118
Aula 5
1 2
26 26
1 2
3 4
5 6
119
Genômica Transcriptômica
2 – Transcriptômica
1 – Genômica
7 8
Proteômica
3 - Proteômica
9 10
Interatômica Metabolômica
Dogma central da biologia molecular
Dogma central da biologia molecular
Transcrição Tradução
Transcrição Tradução
DNA RNA proteína
DNA RNA proteína
11 12
26 26
11 12
120
Como usar o conhecimento?
13 14
26 26
15 16
17 18
26 26
17 18
121
Similaridade genética Biotecnologia e a evolução da
Similaridade estrutural pesquisa em ciências da saúde
19
Similaridade bioquímica 20
26 26
19 20
21 22
26 26
21 22
23 24
122
Finalizando Você sabe como era a vida dos
insulinodependentes antes da tecnologia do
DNA recombinante?
25 26
26 26
25 26
27
26
27
123
BIOTECNOLOGIA E
BIOINFORMÁTICA
AULA 6
124
CONVERSA INICIAL
2
125
Figura 1 – O computador ENIAC foi o primeiro computador digital eletrônico de
uso geral. “Integrador Numérico Eletrônico e Computador” tinha 150 pés de
largura com 20 bancos de luzes piscando foto de 1946
1.1 Bioinformática
3
126
ser iniciadas exclusivamente no laboratório com o in vitro e o in vivo, mas, hoje,
em dia elas podem começar com o in silico por meio de pesquisas em bancos
de dados para elaborar e sugerir novas hipóteses.
A Bioinformática é o uso dos recursos computacionais para gerenciar,
armazenar e analisar dados biológicos. A análise de dados oriundos de
sequenciamento do DNA, RNA e Proteína realizado por meio de softwares
específicos com objetivos de compreensão biológica de um organismo, via
metabólica específica, transgenia, comparação entre organismos é o que define
a Bioinformática. Esse tipo de estudo e análise de grande quantidade de dados
que só é possível devido a informática e faz da Bioinformática uma ferramenta
para o nosso desenvolvimento.
Crédito: unoL/Shutterstock.
4
127
1.2 Em área do conhecimento está a Bioinformática?
5
128
esforços internacionais por exemplo de monitoramento genético de
microorganismos envolvem os serviços do GenBank. Por exemplo, durante a
Pandemia (2020-2021) o mundo inteiro submeteu sequências do novo
coronavírus SARS-CoV-2 diariamente para o NCBI para que fossem realizados
alinhamentos na busca de encontrar mutações. Esse serviço de monitoramento
genético internacional não aconteceu pela primeira vez na pandemia do
coronavírus, aconteceu também na época do H1N1 e de outros vírus.
Crédito: BlurryMe/Shutterstock.
6
129
localmente. A disseminação da informação e das descobertas ficam limitadas, o
mundo só saberá quando esse grupo divulgar por meio de publicações.
Agora imagine se os grupos realizam tudo isso e divulgam, compartilham
todas essas informações com o mundo. Aumenta a possibilidade de que algum
grupo realize uma abordagem de análise diferente e descubra algo a mais. O
compartilhamento é possível devido à internet. Ela permite que os dados sejam
compartilhados e, melhor, organizados a distância em grandes bancos de dados.
Temos vários espalhados pelo mundo, mas merecem destaque aqui os três
maiores e mais importantes, todos públicos em com acesso facilitado a todos
pela internet, formando então a Colaboração Internacional de Análise de dados
de Sequências Nucleotídicas, do inglês (INSDC – International Nucleotide
Sequence Database Collaboration, informações que podem ser acessadas em
[Link] Fazem parte do INSDC temos os três principais bancos
de dados: O NCBI, onde encontra-se o GenBank entre outros bancos mais
específicos, o DDBJ (DNA Data Bank of Japan – Banco de dados de DNA do
Japão) e o EMBL-EBI que faz parte do ENA (Arquivos de Nucleotídeos Europeu
do inglês – European Nucleotide Archive data discovery and retrieval). Esses
três repositórios de informações compartilham informações entre si e
disponibilizam gratuitamente tudo, possibilitando o crescimento do conhecimento
em Biotecnologia, permitindo avanços rápidos em todas as áreas incluindo a
saúde humana.
7
130
de organismo, bancos específicos para genomas completos, bancos com
informações metabólicas, estruturas proteicas entre outros.
Dentro dos bancos você encontrará informações sobre a sequência (seja
ela de nucleotídeos ou aminoácidos), informando seu tamanho (em pares de
bases ou quantidade de aminoácidos), grupo que realizou o sequenciamento,
qual o projeto de pesquisa ou iniciativa que justificou a realização, qual o
organismo em questão, regiões importantes da sequência caso exista (o
posicionamento da área de um gene, por exemplo) e, por fim, a sequência em
questão. Então, que fique claro, quando você acessa essas informações você
não verá só a sequência, você terá todo acesso a informações que auxiliam na
compreensão da informação biológica e permite que sejam realizadas outras
análises com esses dados biológicos.
8
131
poderia durar 2 ou 3 anos para semanas. Veja como foi rápido no caso do SARS-
CoV-2. Em pouquíssimo tempo sabíamos como era seu material genético e em
semanas já tínhamos meios de detectar seu material genético em amostras
coletadas com Swab.
TEMA 4 – BLAST
10
133
Figura 5 – Uma comparação simples entre 3 sequências. A é nossa sequência
de referência, nós sabemos sua função biológica, o que ela irá expressar.
Quando compramos ela com a sequência B, observamos 2 mudanças de
nucleotídeos, logo elas não são iguais, mas, muito parecidas. Comparando
com a comparação entre A e B, a comparação entre A e C mostra uma
diferença maior entre as sequências. Por conta dessa simples comparação eu
posso inferir o seguinte: B é tão similar a A que ele possui mesmo função
biológica que a de A. C é tão diferente de A que não possui a mesma função
biológica
A comparação entre duas sequências pode ser entre toda sua extensão
(uma sequência inteira contra toda extensão de outra) ou apenas um trecho de
uma contra outra sequência. Temos então o alinhamento global e o alinhamento
local.
11
134
Figura 6 – Modalidades de alinhamento e análise entre sequências
12
135
Figura 7 – O fluxo de informação do DNA até a proteína pode ser analisado
pela bioinformática
Crédito: udaix/Shutterstock.
13
136
de que o processo de metilação das sequências impede que os fatores de
transmissão se liguem a região reguladora. A síntese de micro RNAs (miRNA)
também é uma forma pós-transcricional de regulação e conhecer as formas de
regulação gênica é de extrema importância, não é só a sequência do gene.
O Projeto HapMap (Mapa de Haplótipos) tem uma importância especial,
como parte dos estudos de doenças multifatoriais. Nesse projeto são estudados
SNPs (single nucleotide polymorphism) para genética de populações, mas
ganhou destaque após os esforços do WTCCC (wellcome trust case control
consortium) que comparou padrões de SNP de 14 mil pacientes com sete tipos
de doenças multifatoriais e comparou com 3 mil indivíduos controle. Como
resultado, alguns desses SNPs apresentaram, estatisticamente, relação com
determinadas doenças, mas por encontrarmos alguns SNPs estatisticamente
relacionados em regiões intergênicas e até em íntrons, torna-se difícil validá-los
com testes biológicos. Essa iniciativa continua e o objetivo é ao final ter respostas
como temos para doenças monogênicas.
Um outro projeto que merece nossa atenção é o projeto Microbioma
Humano, que visa a identificação dos microrganismos e a relação exata deles
conosco. Informações obtidas até o momento mostram que esse microbioma
residente faz parte da nossa fisiologia e mudanças implicam em respostas do
nosso organismo podendo facilmente relacionar essas mudanças com doenças
e condições desfavoráveis. Esse estudo envolve também a análise entre as
diferenças do microbioma encontrado em adultos e crianças.
14
137
Figura 8 – Microbioma humano, material genético de todos os micróbios que
vivem no corpo humano e dentro dele
Crédito: Design_Cells/Shutterstock.
Crédito: Design_Cells/Shutterstock.
15
138
bem como com possíveis isoformas. De forma mais específica veio a
Toxicogenômica.
Todos esses avanços abriram espaço para o crescimento de novas
terapias, como a terapia gênica e a interferência por RNA (RNAi). Essas
pesquisas têm como objetivo recuperar determinado fenótipo ou interromper a
expressão de um gene. Existem resultados positivos nesse momento e muitos
outros que ainda estão sob análise.
Inevitavelmente novas questões éticas surgiram. Com tantas promessas
iniciais, os avanços tecnológicos que acompanharam tal esforço surgiram as
dúvidas e preocupações. Como essas informações biológicas serão utilizadas?
Poderia ocorrer uma separação de etnias? Quanto a última pergunta o próprio
projeto genoma já nos respondeu que somos 99,9% similares, esse 0,1% de
diferença explica nossas diferenças fenotípicas que hoje sabemos ocorrem
devido a adaptações ao meio.
No início do PGH parte do financiamento foi direcionado ao HUGO
(Human Genome Organization) para criar um grupo que cuidasse das questões
éticas do programa e assim surgiu o ELSI (Ethical, Legal and Social Implications
– Implicações Éticas, Legais e Sociais). A finalidade era analisar as
possibilidades de uso dessas informações sem interferir na ética e legalidade. O
ELSI trabalhou com professores e alunos universitários na época (anos 1990)
gerando conhecimento sobre as possíveis aplicações, visando sempre a
manutenção de ações éticas quanto ao uso dessas informações. Baseado
nessas recomendações do ELSI vários países incluindo o Brasil criaram
legislações ou atualizaram suas leis para esta nova realidade, temos agora
informações genéticas humana, mas nunca iremos usá-la contra a humanidade
nem para distorcer o que define o Homo sapiens. Em 2008, por exemplo, um
médico chinês realizou alterações genômicas em 2 bebês que nasceram imunes
ao vírus HIV. Modificações genéticas não são permitidas e o governo chinês
prendeu o médico e ainda exigiu pagamento de multa. Casos similares não serão
tolerados.
Outro detalhe ético discutido é o uso de tais informações genéticas do
indivíduo por parte de seguros ou planos de saúde, tornando-se uma
preocupação. Pessoas tem culpa de possuírem informações genéticas que do
ponto de vista de mercado são desfavoráveis? Uma pessoa que nasceu com
alterações genéticas que a predispõe a uma ou duas doenças já merecem
16
139
receber um valor mais alto de planos de saúde ou pelos serviços de saúde? Isso
é uma forma de discriminação? Essa preocupação também impulsionou
cuidados com o uso das informações dos projetos genoma.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
17
140
REFERÊNCIAS
18
141
Aula 6
vectorlight / Shutterstok
Evolução e acúmulo
de conhecimento também
na informática
142
Bioinformática
Do organismo para
os bancos de dados
unoL / Shutterstock
143
Outras informações e ferramentas
encontradas nos bancos de dados
Alinhamentos no BLAST
Procariotos Eucariotos
Blast
Bactéria Arquea Protistas Plantas Fungos Animais
MONERA
ANCESTRAL COMUM
BLAST n
BLAST p
Região de alinhamento
DNA
(nucleotídeo
Alinhamento local Seq. de entrada
proteína) RNA
Tradução
tBLASTn Protein
Met Leu SerTyr Tyr Glu Ser Ile Met Leu SerTyr Tyr Glu Ser Ile
Região de alinhamento
(proteína
Nucleotídeo) udaix / Shutterstock
144
Diversas iniciativas
Finalizando
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