Ilustrações: 4.º C EB1 de Abraveses n.º1 O Capuchinho Cinzento
- Passaritos de cristal, por que andam em volta da
minha cabeça a contar uma história que eu não entendo? O Capuchinho Cinzento
A Lua tão redonda, grande, cheia de luz, a rodar
na noite, vai descansar enquanto a noite for morrendo… O Capuchinho Cinzento
E os Passaritos de cristal, a voar, a cantar:
- É a história Capuchinho Cinzento, que foi o Capuchinho Vermelho da menina que levava a merenda à avó e encontrou o lobo mau! O Capuchinho Cinzento
- Ó delicados cantores de cristal ajudem-me que eu só vejo
a Velha de Capuchinho Cinzento muito perto, muito perto de mim. O Capuchinho Cinzento
E vejo um Lobo a caminhar, a caminhar, a caminhar…
O Capuchinho Cinzento
- Para onde vai a Velha de Capuchinho Cinzento?
- Irá à fonte ouvir o violino de água que corre, ou vai buscar uma cantarinha de água? O Capuchinho Cinzento
- Viram um dedal brilhante no dedo da Velha de
Capuchinho? - Esqueceu-se de o tirar. Levantou-se num repente e começou a andar… e a cantar! O Capuchinho Cinzento
Continuo a ver o Lobo a caminhar, a caminhar… em
direcção à Velha do Capuchinho Cinzento. Vem devagar, manso, para não a assustar. O Capuchinho Cinzento
- Ela nem dá por ele. Canta e já é um pouco surda.
O Capuchinho Cinzento
Ó delicados passaritos e cristal, então porque é que a
Velha de Capuchinho Cinzento vai à fonte? É noite ainda, e ela canta, canta, e a Lua redonda dança no céu! O Capuchinho Cinzento
O Lobo avança, avança em sua direcção. E a Velha não
escuta os seus passos… está cansada, as pernas estão fracas, doridas de tanta idade. O Capuchinho Cinzento
O Lobo avança e ela não escuta. Parece que o seu
escutar só entende o violino da água da fonte que vai prender na cantarinha de barro. O Capuchinho Cinzento
Senta-se numa pedra do bosque, quase escondida debaixo
dos musgos que a cobrem. Poisa a cantarinha sobre os joelhos doídos e, pouco a pouco, deixa-se adormecer. O Lobo devagar, devagarinho, vai chegando à pedra onde a Velha descansa… O Capuchinho Cinzento
O lobo avança devagar com olhos luzeiros, uma bocarra
enorme mostrando alguns dentes agudos, ameaçadores. O Capuchinho Cinzento
- Ai, passaritos de cristal, tenho medo. Ajudem-me. Não
podem espantar o Lobo? A Velhinha sonha e sorri, o rosto cheio de rugas e a cantarinha segura entre as mãos… - E o Lobo, passaritos? O Capuchinho Cinzento
E o Lobo com as botas de espinheiro vem até à Velha
adormecida. Ergue-se lentamente o manto da madrugada… O Capuchinho Cinzento
- O Lobo vem, vem de manso até à Velha adormecida. E
pára deslumbrado. Os seus olhos são luzeiros de ternura! O Capuchinho Cinzento
Lambe docemente as mãos que seguram a cantarinha…
A Velha de Capuchinho Cinzento estremece. Quase acorda ao sentir aquela língua áspera que lhe passa pelas mãos…E sorri. O Capuchinho Cinzento
Acorda devagar, olha o lobo com os seus olhos cansados.
Afaga-o, como se o Lobo fosse um cão. O Sol acaba de nascer e, em raios antigos bailando, celebra este reencontro. O Capuchinho Cinzento
- Passaritos de cristal, cantem, cantem! Não deixem
de cantar, voar, para esta história, de claros segredos, nunca acabar…