Você está na página 1de 21

O Capuchinho Cinzento

Matilde Rosa Araújo

Ilustrações: 4.º C
EB1 de Abraveses n.º1
O Capuchinho Cinzento

- Passaritos de cristal, por que andam em volta da


minha cabeça a contar uma história que eu não
entendo?
O Capuchinho Cinzento

A Lua tão redonda, grande, cheia de luz, a rodar


na noite, vai descansar enquanto a noite for
morrendo…
O Capuchinho Cinzento

E os Passaritos de cristal, a voar, a cantar:


- É a história Capuchinho Cinzento, que foi o
Capuchinho Vermelho da menina que levava a merenda
à avó e encontrou o lobo mau!
O Capuchinho Cinzento

- Ó delicados cantores de cristal ajudem-me que eu só vejo


a Velha de Capuchinho Cinzento muito perto, muito perto
de mim.
O Capuchinho Cinzento

E vejo um Lobo a caminhar, a caminhar, a caminhar…


O Capuchinho Cinzento

- Para onde vai a Velha de Capuchinho Cinzento?


- Irá à fonte ouvir o violino de água que corre, ou vai
buscar uma cantarinha de água?
O Capuchinho Cinzento

- Viram um dedal brilhante no dedo da Velha de


Capuchinho? - Esqueceu-se de o tirar. Levantou-se
num repente e começou a andar… e a cantar!
O Capuchinho Cinzento

Continuo a ver o Lobo a caminhar, a caminhar… em


direcção à Velha do Capuchinho Cinzento. Vem
devagar, manso, para não a assustar.
O Capuchinho Cinzento

- Ela nem dá por ele. Canta e já é um pouco surda.


O Capuchinho Cinzento

Ó delicados passaritos e cristal, então porque é que a


Velha de Capuchinho Cinzento vai à fonte?
É noite ainda, e ela canta, canta, e a Lua redonda dança no
céu!
O Capuchinho Cinzento

O Lobo avança, avança em sua direcção. E a Velha não


escuta os seus passos… está cansada, as pernas estão
fracas, doridas de tanta idade.
O Capuchinho Cinzento

O Lobo avança e ela não escuta. Parece que o seu


escutar só entende o violino da água da fonte que vai
prender na cantarinha de barro.
O Capuchinho Cinzento

Senta-se numa pedra do bosque, quase escondida debaixo


dos musgos que a cobrem. Poisa a cantarinha sobre os
joelhos doídos e, pouco a pouco, deixa-se adormecer.
O Lobo devagar, devagarinho, vai chegando à pedra onde
a Velha descansa…
O Capuchinho Cinzento

O lobo avança devagar com olhos luzeiros, uma bocarra


enorme mostrando alguns dentes agudos, ameaçadores.
O Capuchinho Cinzento

- Ai, passaritos de cristal, tenho medo. Ajudem-me. Não


podem espantar o Lobo? A Velhinha sonha e sorri, o rosto
cheio de rugas e a cantarinha segura entre as mãos…
- E o Lobo, passaritos?
O Capuchinho Cinzento

E o Lobo com as botas de espinheiro vem até à Velha


adormecida. Ergue-se lentamente o manto da madrugada…
O Capuchinho Cinzento

- O Lobo vem, vem de manso até à Velha adormecida. E


pára deslumbrado. Os seus olhos são luzeiros de ternura!
O Capuchinho Cinzento

Lambe docemente as mãos que seguram a cantarinha…


A Velha de Capuchinho Cinzento estremece. Quase
acorda ao sentir aquela língua áspera que lhe passa
pelas mãos…E sorri.
O Capuchinho Cinzento

Acorda devagar, olha o lobo com os seus olhos cansados.


Afaga-o, como se o Lobo fosse um cão.
O Sol acaba de nascer e, em raios antigos bailando, celebra
este reencontro.
O Capuchinho Cinzento

- Passaritos de cristal, cantem, cantem! Não deixem


de cantar, voar, para esta história, de claros segredos,
nunca acabar…

Você também pode gostar