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Universidade Federal de Alagoas

Métodos Clássicos de Análise

Equilíbrio Químico de Sistemas Heterogêneos


Análise Gravimétrica

Disciplina: Química Analítica

1
Prof. Dr. Paulo dos Santos Roldan
Introdução
Análise Gravimétrica: Métodos Clássicos (ou Estequiométrico)
 Análise em que isola-se e pesa-se um elemento ou composto definido sob uma
forma tão pura quanto possível.
 O elemento ou composto é então convertido numa forma adequada de pesagem
 A concentração do elemento ou composto pode ser calculado desde que
conheça a formula da forma convertida e as massa molares dos elementos
constituintes

C
Ba 2  ( aq )  SO42  ( aq )  BaSO4  nH 2O( s ) 800
  BaSO4 ( s )

“Análise gravimétrica meticulosa feita por T. W. Richards e colaboradores no


início do século XX determinou os pesos atômicos de Ag, Cl e N com seis
algarismos significativos. Os autores ganharam prêmio Nobel.”
2
Introdução
Operações unitárias que compõe a análise gravimétrica

1. Precipitação

2. Digestão

3. Filtração

4. Lavagem do precipitado

5. Secagem ou calcinação

6. Pesagem
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Introdução
Operações unitárias que compõe a análise gravimétrica

Precipitação Digestão ou
envelhecimento de Filtração e lavagem
precipitados Pré-calcinação

Resultado

Calcinação
Pesagem
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1. Precipitação
O elemento a ser dosado é separado da solução através da formação de um
precipitado convenientemente escolhido para cada caso

O agente de separação do elemento é o precipitante, que geralmente são


substâncias orgânicas

Na escolha de um precipitante adequado deve se levar em consideração:

Solubilidade do precipitado formado

Características físicas do precipitado

Pureza do precipitado formado

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1. Precipitação
Solubilidade do precipitado formado
Deve-se escolher um reagente precipitante que conduza à formação de um
precipitado pouco solúvel (Kps baixo)
A quantidade do elemento a ser dosado que permanece em solução devido a
solubilidade deve ser menor que o erro da balança
Deve ser adicionado pequeno excesso do reagente precipitante para garantir,
primeiro, que todo elemento foi precipitado, segundo, promover a diminuição da
solubilidade pelo efeito de íon comum
O excesso de reagente não pode ser excessivo para não dificultar na etapa
posterior de lavagem

CUIDADO: excesso de reagente pode também levar à formação de complexos solúveis

3  OH 
 [ Al ( OH )4 ]  ( aq )
Al ( aq )  3OH ( aq )  Al ( OH )3 ( s ) 
6
1. Precipitação
Métodos gravimétricos para cátions inorgânicos

7
1. Precipitação
Métodos gravimétricos para anions inorgânicos

8
1. Precipitação
Métodos gravimétricos para cátions inorgânicos com ligantes orgânicos

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1. Precipitação
Características físicas do precipitado:

Está associado com “NUCLEAÇÃO E CRESCIMENTO DE CRISTAIS”

NUCLEAÇÃO: definido como “ o processo de


geração dentro de uma fase mãe metaestável
dos primeiros fragmentos iniciais de uma
nova fase mais estável capaz de desenvolver-
se espontaneamente”

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1. Precipitação
Características físicas do precipitado:

O processo de nucleação governa a natureza e a pureza dos precipitados


resultantes:

a) Se a precipitação é levada de uma certa maneira para produzir numerosos


núcleos, a precipitação será rápida, os cristais individuais formados serão
muito pequenos, filtração e lavagem serão dificultados, precipitados
apresentarão baixa pureza

b) Se a precipitação é levada de uma certa maneira para produzir poucos núcleos,


a precipitação será lenta, cristais individuais serão grandes, filtração e lavagem
serão facilitadas, precipitados apresentarão alta pureza

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1. Precipitação
“Para entender as propriedades dos cristais formados numa precipitação rápida ou
lenta é necessário antes compreender algumas propriedades dos COLÓIDES”

COLÓIDES

São sistemas nos quais um ou mais componentes apresenta dimensões de


partícula dentro do intervalo de 1nm a 1m (10-9m a 10-6m)

O sistema coloidal compreende duas fases: (a) fase dispersa (sólido, líquido ou
gás) e (b) meio de dispersão (sólido, líquido ou gás). Estes sistemas são
denominados dispersões coloidais.

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1. Precipitação
Fase dispersa Meio de dispersão Denominação Exemplo
Líquido Gás Aerossol líquido Nevoas, sprays líquidos
Sólido Gás Aerossol sólido Fumaça, poeira
Líquido líquido Emulsão Leite, maionese

Aerossol liquido ou sólido e emulsões são dispersões coloidais verdadeiras.


Na Química Analítica Quantitativa interessa as dispersões coloidais não
verdadeiras ou “Precipitados Coloidais” que são prejudiciais devido a
dificuldades na filtração e lavagem; mas apresentam vantagem em titulometria
de precipitação e métodos instrumentais como turbidimetria

“Para a análise gravimétrica é importante conhecer as propriedades dessas


dispersões coloidais para saber como EVITAR ou como proceder quando não é
possível ser evitado.
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1. Precipitação
Propriedades dos colóides:
a. Adsorção: as dispersões coloidais apresentam área de superfície de adsorção muito
grande se comparada (massa/massa) com um sólido cristalino. “Apresenta capacidade
de adsorção de impurezas muito grande”

1cm

0,5cm
•1 cubo com 6 faces •8 cubos com 6 faces cada
•Área total = 6 x 1 x 1 = •Área de cada cubo = 0,5 x 0,5 x 6 = 1,5cm2
6cm2 •Área Total = 1,5cm2 x 8 = 12cm2
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1. Precipitação
Propriedades dos colóides:
b. Carga das Partículas: as partículas coloidais adquirem carga elétrica pela
adsorção de íons presentes no meio

Excesso de AgNO3 ( aq )  NaCl ( aq )  AgCl ( s )  Na  ( aq )  NO3 ( aq )  Ag  ( aq )

Camada fixa Camada difusa

Ag+ Cl- Ag+ Cl- Ag+ Cl- Na+


Cl- Ag+ Cl- Ag+ Cl- Ag+ NO3- Ag+ NaNO3
Ag+ Cl- Ag+ Cl- Ag+ Ag+ Na+ Solução
Cl- Ag+ Cl- Ag+ Cl- Ag+ NO3- Homogênea
Ag+ Cl- Ag+ Cl- Ag+ Ag+ NO3-

Cristal Dupla camada


elétrica 15
1. Precipitação
Ag+ Ag+
Ag+ Ag+ Ag+ Ag+

Ag+ AgCl Ag+  Repulsão  Ag+ AgCl Ag+

Ag+ Ag+
Ag+ Ag+
Ag+ Ag+

Com a adsorção preferencial de Ag+ sobre a superfície do sólido, há um acumulo de


cargas positivas.
Para compensar estas cargas positivas existem íons de cargas negativas difusa na
solução
Este acumulo de cargas positivas e negativas origina a dupla camada elétrica, o que
provoca a repulsão de uma partícula da outra
Obs: esta repulsão pode ser melhor identificada em precipitados com tendência a formar
partículas coloidais; ex: AgCl(s)
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1. Precipitação

Propriedades dos colóides:

c. Interação das partículas com o solvente: a solvatação é fator estabilizante das


dispersões coloidais, podendo originar precipitados de dois tipos:

 Precipitados coloidais liófilos: existe afinidade entre partícula e solvente

 Precipitados coloidais liofobos: não existe afinidade entre partícula e solvente

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1. Precipitação
Tipos de Precipitados
•As características físicas são regidas por processo cinético, tendo maior parte de
seu aspecto obtido por controle adequado da velocidade de formação (ou
nucleação) e outras condições
•Mesmo assim, diferentes tipos de precipitados serão obtidos dependendo do cátion
e anion de formação

a. Precipitados Graudamente Cristalino:

São bem desenvolvidos, densos e sedimentam rapidamente. São facilmente


separados por filtração e não se deixam contaminar por adsorção em grande
extensão. Ex: NH4MgPO4.6H2O, KClO4

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1. Precipitação
b. Precipitados Pulverulentos ou Finamente Cristalinos:
São densos e sedimentam rapidamente. Oferecem dificuldade na filtração. Como
geralmente são agregados de diminutos cristais individuais podem incorporar
impurezas em sua estrutura. Ex: BaSO4, CaC2O4

c. Precipitados Grumosos:
Resultantes da floculação de colóides hidrófobos. São bastante densos, facilmente
separados por filtração. Ex: AgCl, AgBr, AgI

d. Precipitados Gelatinosos:
Resultantes da floculação de colóides hidrófilos. São volumosos, arrastam muita
água e oferecem dificuldade na filtração e lavagem. Ex: Fe(OH)3, Al(OH)3
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1. Precipitação
Pureza do precipitado formado:

A pureza do precipitado depende da técnica de precipitação utilizada levando em


consideração (a) as condições de formação do precipitado; (b) de sua evolução
espontânea; (c) tratamento posterior

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1. Precipitação
Pureza do precipitado formado:

 Condições de Precipitação
As condições no momento da precipitação determinam em parte as características
físicas e pureza do precipitado, as quais são:
Temperatura
Concentração dos regentes
Velocidade de adição dos reagentes
Solubilidade do precipitado no meio em que se origina

“Para entender estas influencias temos que considerar a SUPERSATURAÇÃO


RELATIVA DO SISTEMA”
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1. Precipitação
Q = concentração instantânea do soluto
(Q - S) S = solubilidade de equilíbrio
Supersaturação Relativa 
S Q – S = supersaturação no momento em
que a precipitação inicia

D B
Abaixo da curva AB: condição de equilíbrio
Quantidade de soluto

entre sólido e seus íons em solução


Região instável G
Entre AB e CD: a concentração do soluto (Q)
excede a solubilidade de equilíbrio mas não
ocorre precipitação
C F
Acima de CD: região instável, a
supersaturação é rapidamente destruída pela
A Região não saturada E formação de precipitado
Temperatura
“A supersaturação é um estado instável que se transforma em estado de saturação através da
precipitação do excesso de soluto”
22
1. Precipitação
Técnicas de precipitação lenta: são aquelas realizadas sob baixo grau de
supersaturação relativa
Temperatura: precipitação conduzida (geralmente) em soluções quentes
Quantidade de soluto

D B
 resfriamento
Durante o resfriamento da solução
ocorre lentamente a precipitação
favorecendo a formação e crescimento
C
de cristais
A aquecimento 
Temperatura
T ambiente T  60°C

A precipitação deve ser realizada com adição de reagente diluído, lentamente e


com agitação adequada
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1. Precipitação

Aumento da solubilidade do precipitado pela adição de reagente adequado.

SO42  ( aq )  H 3O  ( aq )  HSO4 ( aq )  H 2 O( l )

HSO4 ( aq )  Ba 2  ( aq )  não forma precipitado

SO42  ( aq )  Ba 2  ( aq )  BaSO4 ( s )

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1. Precipitação
Precipitação em meio homogêneo

CO( NH2 )2  H 2O aqueciment


o CO2 ( g )  2 NH3 ( g )
uréia

CO2 ( g )  H 2 O( l )  H 2 CO3 ( aq ) 2 CO32  ( aq )  2 H 3O  ( aq )


H 2O

Ácido é
neutralizado pela
amônia

Ca 2  ( aq )  CO32  ( aq )  CaCO3 ( s )

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1. Precipitação
Reagentes para precipitação em meio homogêneo

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1. Precipitação
Tipos de contaminação presentes em precipitados

1- Por adsorção superficial


A. Coprecipitação 2- Por inclusão isomórfica
3- Por inclusão não isomórfica
4- Por oclusão

B. Pós-precipitação

C. Precipitação Simultânea

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1. Precipitação
SO42-
A.1. Coprecipitação por adsorção superficial Na+
Cl-
É a contaminação de íons de carga oposta sobre a superfície SO42-
SO42- BaSO4
do cristal. É mais pronunciada em precipitados gelatinosos
Na+ Cl-
SO42- Na+

xNa2 SO4 ( aq )  yBaCl2 ( aq )  yBaSO4 ( s )  ( 2 x )Na  ( aq )  2 yCl  ( aq )  ( x  y )SO42  ( aq )

A.2. Coprecipitação por inclusão isomórfica


Íon arrastado durante a precipitação possui características que permite alojar-
se na rede cristalina do cristal sem causar tensões ou distorções apreciáveis.

Íon 1 Ligante Íon 2 (contaminante)

Íon 1 e 2 são semelhantes em tamanho

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1. Precipitação
A.3. Coprecipitação por inclusão não isomórfica
Contaminante e hospedeiro não são tão semelhantes a fim de serem miscíveis em
todas as proporções
Íon 1 Ligante Íon 2 (contaminante)

Íon 1 é maior ou menor que o íon 2

A.4. Coprecipitação por oclusão


Contaminante causa imperfeições no cristal
Íon 1 Ligante Íon 2 (contaminante)

Íon 1 é muito maior ou muito menor que o íon 2

29
1. Precipitação
B. Pós-precipitação
É uma segunda precipitação que ocorre sobre a superfície de um precipitado
previamente formado. Pode ser devido a dois fatores:
1. Quando dois íons com mesma concentração em solução precipitam com o
mesmo reagente (Kps semelhante), porém suas cinéticas de precipitação são
diferentes.
Ca 2  ( aq )  C 2 O42  ( aq )  CaC 2 O4  H 2 O( s )
H 2O
Cinética Rápida

Mg 2  ( aq )  C 2O42  ( aq )  MgC 2O4 ( aq )


2 MgC 2O4 ( aq )  ( MgC 2O4 )2 ( aq )
MgC 2O4 ( aq )  ( MgC 2O4 )2 ( aq )  ( MgC 2O4 )3 ( aq )
MgC 2O4 ( aq )  ( MgC 2O4 )3 ( aq )  ( MgC 2O4 )4 ( aq )

( MgC 2O4 )4 ( aq )  4 MgC 2O4  2 H 2O( s )


H 2O
Cinética Lenta
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1. Precipitação

2. Quando após a precipitação do íon de interesse ou aquele em maior


concentração, um acréscimo de reagente precipitante faz com que seja
ultrapassado o Kps de outro íon presente em menor quantidade na solução
ocorrendo a formação de novo precipitado sobre o primeiro

C. Precipitação Simultânea
Precipitação de dois íons com praticamente mesma concentração
 Que precipitam com mesmo reagente
Com Kps semelhantes
Com cinética de precipitação semelhantes

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2. Digestão
É o processo de deixar os cristais formados em contato com a solução mãe para
(a) aperfeiçoamento de cristais individuais e (b) maturação de Ostwald

(a) Aperfeiçoamento de cristais individuais:

Íons Íons

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2. Digestão
É o processo de deixar os cristais formados em contato com a solução mãe para
(a) aperfeiçoamento de cristais individuais e (b) maturação de Ostwald

(b) Maturação de Ostwald: processo de ocorre devido ao efeito do tamanho de


partículas sobre a solubilidade

Íons Íons

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3. Filtração

Operação que consiste na separação do precipitado da solução mãe

Funil de vidro raiado com papel de filtro

Cadinho filtrante de Gooch


Meios Filtrantes
Cadinho filtrante com placa de vidro sinterizado

Cadinho filtrante com placa de porcelana porosa

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3. Filtração
A.Filtração sobre papel:

Utilizado para precipitados que precisam ser aquecidos à


temperaturas altas antes da pesagem, ou seja, precipitados que
precisam ser convertidos na forma adequada de pesagem

Na análise quantitativa é utilizado papel de filtro com baixo teor de


cinza, para que após a incineração, não interfira na massa do resíduo

O papel de filtro é escolhido pela porosidade adequado às


características físicas do precipitado. Informações encontradas no
funda da caixa de papel de filtro Whatman (de superfície rugosa e
sem cinzas)

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3. Filtração
Nº Velocidade de Retenção de
Tipo de precipitado
(Whatman) Filtração Partículas, m

Gelatinosos 41 Rápida 20 – 25
Graudamente Cristalinos 43 Meio rápida 16
40 Média 8
Finamente Cristalinos 44 Lenta 3
42 Lenta 2,5

Tamanho do papel de filtro não deve ser maior que o necessário. É escolhido pela
quantidade de precipitado a recolher e que não preencha mais que um terço da
capacidade do filtro. Os mais utilizados são de 9 cm de diâmetro.

36
3. Filtração

37
3. Filtração
B.Filtração com cadinhos filtrantes:
•São operados por sucção e a filtração e lavagem requerem menos tempo
•Não são adequados para precipitados gelatinosos

Cadinho de Gooch (peso constante até 280°C)

Camada de amianto
Placa perfurada
Camada de lã de vidro
Cadinho com placa
de vidro sinterizado
ou cerâmica porosa
Grossa
Porosidade Média
Fina
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4. Lavagem do Precipitado

É a operação por meio da qual procura-se livrar o precipitado, após filtração,


dos interferentes retidos mecanicamente pelas partículas.

Na escolha do líquido de lavagem devemos considerar a natureza do


precipitado (solubilidade, peptização) e a natureza do líquido de lavagem (deve
ser volatilizado durante o aquecimento)

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4. Lavagem do Precipitado
Solubilidade:
•Quando o precipitado é consideravelmente solúvel em água, devemos acrescentar
na água de lavagem sais de amônio que possuam íon comum com o precipitado

Ca 2  ( aq )  C 2O42  ( aq )  CaC2O4  H 2O( s )


H 2O Líquido de lavagem deve
conter (NH4)2C2O4

•Em certos casos a solubilidade em água pode ser reduzida pela adição de etanol
(redução da constante dielétrica do meio)

 = 78,54 para a água a 25°C; 20,7 para a acetona a 25°C; 24,30 para o etanol a
25°C; 4,806 para o clorofórmio a 20°C

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4. Lavagem do Precipitado
•Quando o precipitado tem tendência à hidrólise, faz-se o uso de solução de
lavagem contendo substância que reprima a hidrólise

( NH 4 )2 MgPO 4  6 H 2 O( s ) lavagem
  MgH 2 PO4 ( s )  2 NH 3 ( aq )
com água

Evita-se a hidrólise lavando o precipitado com solução diluída de amônia

Peptização:
•Para precipitados originados da floculação de colóides, lavagem deve ser feita com solução
contendo eletrólito forte
Fe(OH)3 deve ser lavado com solução diluída de nitrato de amônio

“ A lavagem deve ser feita logo após o precipitado ter sido transferido para o filtro. Se este
for mantido no filtro por algum tempo sem presença do líquido de lavagem haverá formação
de fendas tornando ineficiente qualquer lavagem posterior”

41
4. Dessecação e Calcinação
São tratamentos a base de aquecimento para livrar os precipitados de (a)
interferentes voláteis (líquido de lavagem); (b) umidade; ou (c) converter o
precipitado em forma adequada de pesagem

CaC 2 O4  H 2 O( s ) 550
 C
 CaCO3 ( s )  CO( g )  H 2 O( g )   CaO( s )
800 C

Forma adequada de pesagem deve ser CaCO3, pois CaO adsorve umidade e CO2 do
ar
Calcinação de precipitados recolhidos em papel de filtro:
•É realizada em cadinho de porcelana, alumina ou platina. A calcinação é
primeiro realizada com bico de gás até eliminação total do papel de filtro e
posteriormente levada à mufla para finalizar a calcinação.
Pode ser realizada diretamente em mufla com circulação com entrada para ar
comprimido
42
4. Dessecação e Calcinação

O2(g)  proveniente do ar atmosférico

CO2(g)  devido a decomposição do papel de filtro

Se a combustão do papel não for completa:

BaSO4 (s)  2C  BaS (s)  2CO2 ( g )


Dessecação e Calcinação em Cadinhos Filtrantes:
•Pode ir direto à mufla. É mais utilizado para precipitados em que há necessidade
de eliminação de umidade ou calcinação a baixa temperatura

AgCl( s )  umidade 110


-  AgCl( s )
120C

43
5. Pesagem

A pesagem do cadinho com seu conteúdo calcinado é realizada somente após


este estar completamente frio (temperatura do laboratório ou sala de pesagem) e
em ambiente seco.

Necessário deixar esfriar o cadinho mais amostra de preferência em dessecador


hermeticamente fechado e carregado com agente secante

Conhecendo-se a massa de amostra pela diferença entre massa do cadinho vazio


e massa do cadinho mais resíduo temos todos os parâmetros para proceder os
cálculos e fornecer resultados desejados.

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Lista de Exercícios (1C)
1. Qual o principio do método na análise gravimétrica
2. Quais as consequências para a precipitação quando é levada a: (a) produzir numerosos
núcleos? (b) produzir poucos núcleos?
3. Descreva o processo de floculação. O que é peptização?
4. Quais os tipos de precipitados existentes levando em consideração as suas características
físicas?
5. Quais os tipos de contaminação que podem ocorrer durante o processo de precipitação?
Descrever.
6. O que é o processo de digestão? Descrever.
7. O conteúdo de alumínio em uma liga foi determinado gravimetricamente pela precipitação
com 8-hidroxiquinolina e o produto obtido após dessecação foi o Al(C9H6ON)3. Se uma
amostra de 1,021g forneceu 0,1862g de precipitado, qual a percentagem de alumínio na
liga? R = 1,071%
45
Lista de Exercícios (1C)
8. Para determinar o conteúdo de enxofre (S) no ferro fundido, pesou-se 5,904g de amostra a
qual foi tratada da seguinte maneira: dissolveu-se em solução de HCl e o H2S desprendido
foi absorvido em uma solução contendo sal de cádmio originando CdS; o CdS formado foi
tratado com solução de CuSO4 em excesso e o precipitado de CuS originado foi calcinado
obtendo-se 0,0732g de resíduo como CuO. Calcular a percentagem de enxofre no ferro
fundido. R = 0,500%
9. Uma amostra de 1g contendo cloreto solúvel na forma de XCl foi tratada com solução de
nitrato de prata e o cloreto foi precipitado na forma de cloreto de prata. Depois de lavado e
dessecado o precipitado foi pesado na forma de AgCl rendendo 0,285g. Calcule a
porcentagem de cloreto na amostra original ? R = 7,05%
10. Quando uma amostra de cloreto de potássio impuro, 0,4500g, foi dissolvida em água e
tratada com excesso de nitrato de prata, 0,8402g de AgCl foi precipitado. Qual a % de
cloreto de potássio na amostra? R = 97,11%

46
Lista de Exercícios (1C)
11. Suponha que você pesou 0,8052g de uma amostra de um sal qualquer e queira determinar o teor de
ferro em (%p/p). Após análise completa, os dados obtidos foram:
• cadinho vazio = 26,6643g
• Cadinho + ppt. já calcinado (Fe2O3) = 26,8444g
Qual o teor de ferro na amostra?
12. Determinou-se o teor de chumbo(%p/p) de uma amostra de resíduo sólido de uma indústria(0,5000g)
sob a forma de cromato de chumbo. Os dados obtidos foram:
• massa do cadinho vazio = 25,2792g
• massa do cadinho + ppt = 25,3029g
Qual o teor de chumbo na amostra?
13. Numa determinação gravimétrica do teor de níquel em uma amostra, o analista encontrou os seguintes
dados:
• Massa da amostra = 0,3400g
• Massa do ppt.- Ni(C4H7O2N2)2 = 0,3850g
Calcule o teor de níquel nesta amostra.

47
Lista de Exercícios (1C)
14. Uma mistura contendo somente AgCl e AgBr pesa 2,000g. Ela é quantitativamente reduzida para
prata metálica que pesa 1,300g. Calcule a massa de AgCl e AgBr na mistura original. R=
1,152g p/ AgBr e 0,848g p/ AgCl
15. 0,2795g de amostra de uma mistura orgânica contendo C6H6Cl6 (290,83g/mol) e C14H9Cl5
(354,49g/mol) foi calcinada em um tubo de quatzo com fluxo de oxigênio. Os produtos (CO2, H2O
e HCl) foram coletados através de uma solução de NaHCO3. Depois da acidificação o cloreto da
solução precipitado na forma de AgCl (143,32g/mol) pesou 0,7161g. Calcule a percentagem de
cada composto halogênio na amostra. R = %C6H6Cl6 = 57,85% e %C14H9Cl5 = 42,15%
16. Um composto orgânico com peso molecular de 417 foi analisado em relação à presença de grupos
etoxila (CH3CH2O-). 25,42mg de amostra do composto produziram 29,03mg de AgI, Quantos
grupos etoxila existem em cada molécula? R=2

ROCH2CH 3  HI  ROH  CH 3CH 2 I


CH 3CH 2 I  Ag   OH   AgI ( s )  CH 3CH 2OH

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Lista de Exercícios (1C)
17. 0,649g de amostra contendo somente K2SO4 (174,27g/mol) e (NH4)2SO4 (132,14g/mol) foi
dissolvido em água e tratado com Ba(NO3)2 para precipitar todo o SO42- como BaSO4
(233,40g/mol). Encontre a percentagem em peso do K2SO4 na amostra se foi formado 0,977g
de precipitado. R = 60,9%
18. Vinte tabletes de ferro nutricional com uma massa total de 22,131g foram moídos
misturados completamente. A seguir, 2,998g do pó foram dissolvidos em HNO3 e aquecidos
para converter todo ferro em Fe3+. A adição de NH3 cousou uma precipitação quantitativa de
Fe2O3.xH2O, que foi calcinado, dando 0,264g de Fe2O3 (159,69g/mol). Qual a massa média
de FeSO4.7H2O (278,01g/mol) em cada tablete. R = 0,339g
19. Uma mistura contendo apenas Al2O3 (101,96g/mol) e Fe2O3 (159,69g/mol) pesa 2,019g.
Quando aquecido em fluxo de H2, o Al2O3 não se modifica, mas o Fe2O3 é convertido em Fe
metálico mais H2O(g). Se o resíduo pesa 1,774g, qual é a percentagem em peso de Fe2O3 na
mistura original? R = 40,4%

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