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Prof.

Graziela Maria Casas Blanco –


Princípios são normas básicas
inquestionáveis.

Na conceituação de Celso Antônio


Bandeira de Melo “princípio e o
mandamento nuclear de um sistema,
verdadeiro alicerce dele”.
PRINCÍPIOS X LEI

PODEM SER APLICADOS • HAVENDO CONFLITO


CUMULATIVAMENTE. ENTRE LEIS,
PREVALECE UMA
Não cria crime; DELAS.
• Principio da
especialidade ou da lei
mais benéfica.
• Tipifica crime e comina
PRINCÍPIOS GERAIS DO
DIREITO PENAL:

O professor Fernando Capez os


chama de princípios decorrentes
da dignidade da pessoa humana
Primeiro grupo: princípios relacionados com a missão fundamental do direito penal.

Primeiro grupo:

princípios relacionados com a


missão fundamental do direito
penal.
Princípio da exclusiva proteção
de bens jurídicos:

impede que o Estado venha utilizar


o direito penal para a proteção de
bens jurídicos ilegítimos. A missão
do direito é proteger os bens
jurídicos mais relevantes do
homem.
Princípio da intervenção mínima:
O direito penal só deve ser
aplicado quando estritamente
necessário, mantendo-se
subsidiário. Sua intervenção fica
condicionada aos demais ramos
(observa-se somente os casos de
relevantes ou perigo de lesão ao
bem jurídico).
Princípio da intervenção mínima
possui duas características:

SUBSIDIARIEDADE

FRAGMENTARIEDADE
SUBSIDIARIEDADE: orienta a
intervenção em abstrato, o direito
penal só tipifica um fato como
crime quando ineficazes os demais
ramos; direito penal é a última
racio.

.
FRAGMENTARIEDADE: orienta a
intervenção no caso concreto o
direito penal só intervém no caso
quando presente lesão ao bem
jurídico relevante.

O princípio da insignificância é
um desdobramento lógico da
fragmentariedade.
Princípio da insignificância

O Direito Penal não deve preocupar-se


com bagatelas, do mesmo modo que
não podem ser admitidos tipos
incriminadores que descrevam condutas
incapazes de lesar o bem jurídico.
A tipicidade penal exige um mínimo de
lesividade ao bem jurídico protegido.
Princípio da insignificância
STF STJ
Requisitos:
1) mínima ofensividade da conduta do
agente
2) nenhuma periculosidade da ação
3) reduzido grau de reprovabilidade
4) inexpressividades da lesão
provocada
Princípio da insignificância
• STF • STJ
• Aplica para • Não aplica para
reincidente reincidente
• Furto de 11 latas • Não aplicou para
crime de
de leite em pó descaminho com
avaliadas em R$ débito inferior à R$
76,89 (HC 250.122, 10.000,00. (AgRg no
6ª turma). Resp. 1277340/SP,
5ª Turma/2012)
Princípio da Alteridade ou
transcendentalidade
Proíbe a incriminação de atitude meramente interna,
subjetiva do agente e que, por essa razão, revela-se
incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato típico pressupõe
um comportamento que transcenda a esfera individual do
autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero).
Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si mesmo.

Não há lógica em punir o suicida frustrado ou a pessoa


que se açoita, na lúgubre solidão de seu quarto. Se a
conduta se esgota na esfera do próprio autor, não há fato
típico.
Tal princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, segundo o
qual “só pode ser castigado aquele comportamento que
lesione direitos de outras pessoas e que não seja
simplesmente pecaminoso ou imoral.
Segundo grupo:

Princípios relacionados com


o fato do agente:
PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU
MATERIALIZAÇÃO DO FATO
O Estado só pode incriminar condutas
humanas voluntárias, ninguém pode ser
castigado por seus pensamentos, desejos, ou
estilo de vida. Proíbe o direito penal do autor
(direito penal nazista). O Brasil adotou o
direito penal do fato.
Em virtude disso foi extinto o art. 60 da lei das
contravenções.
Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade está no art. 1º no


Código Penal:
“Não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação
legal.”

A Legalidade nasce da reserva legal +


anterioridade.
CF 5º, XXXIX:

Não há crime sem lei anterior que o defina,


nem pena sem prévia cominação legal.
Convenção Americana de Direitos Humano, art.
9º:

“Ninguém pode ser condenado por ações ou


omissões que, no momento em que forem
cometidas, não sejam delituosas, de acordo
com o direito aplicável. Tampouco se pode
impor pena mais grave que a aplicável no
momento da perpetração do delito. Se depois
da perpetração do delito a lei dispuser a
imposição de pena mais leve, o delinquente será
por isso beneficiado”.
Art. 22 do Estatuto de Roma:
Nullum crimen sine lege. Ninguém será penalmente
responsável, em virtude do presente Estatuto, a
menos que sua conduta constitua, no momento em
que ocorrer, um crime sob a jurisdição do Tribunal.
A definição de um crime será interpretada de modo
restrito, e não de forma extensiva por analogia. Em
caso de ambigüidade, a definição será interpretada
em favor da pessoa investigada, processada ou
condenada. Nada do disposto no presente artigo
afetará a tipificação de uma conduta como crime
sob o direito internacional, independentemente
deste Estatuto.
O princípio da legalidade constitui uma
real limitação ao poder estatal de interferir
na esfera da liberdade individual.

1º Fundamento político:

2º Fundamento democrático:

3º Fundamento jurídico:
Fundamento político: exigência de
vinculação do executivo e do judiciário às leis
formuladas de forma abstrata, impedindo
dessa forma, o poder punitivo com base no
livre arbítrio.

Fundamento democrático: respeito ao


princípio da divisão de poderes, o parlamento
deve ser o responsável pela criação de crimes.

Fundamento jurídico: uma lei prévia e clara


produz importante efeito intimidativo.
Não há crime:

Sem lei: lei em sentido estrito;

Anterior: veda-se retroatividade da lei maléfica;

Escrita: veda o costume incriminador;

Estrita: veda-se analogia incriminadora;

Certa: veda tipo penal indeterminado;

Necessária: intervenção mínima;


PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU
LESIVIDADE
Para que ocorra o delito é imprescindível a
efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado.

Sem afetar o bem jurídico, não existe infração


penal.

Trata-se de princípio ainda em discussão no


Brasil.
Fernando Capez entende que que subsiste a
possibilidade de tipificação dos crimes de perigo
abstrato em nosso ordenamento legal, como
legítima estratégia de defesa do bem jurídico contra
agressões em seu estágio ainda embrionário,
reprimindo-se a conduta, antes que ela venha a
produzir um perigo concreto ou um dano efetivo.
Trata-se de cautela reveladora de zelo do Estado em
proteger adequadamente certos interesses.
Eventuais excessos podem, no entanto, ser
corrigidos pela aplicação do princípio da
proporcionalidade.
Crimes de perigo abstrato
STF STJ
• Porte ou posse de arma • A jurisprudência do STJ
de fogo desmuniciada – está alinhada à
Lei 10.826/03. Não há jurisprudência do
inconstitucionalidade pois Supremo.
trata-se de crime de mera
conduta ou de perigo
abstrato.
• Embriaguez ao volante
– art. 306 do CTB) não é
necessário provar o
perigo da conduta.
Terceiro grupo:

Princípios relacionados com


agente do fato:
PRINCÍPIO DA
RESPONSABILIDADE PESSOAL:

Proíbe o castigo penal por fato de


outrem. Não existe responsabilidade
penal coletiva cada um responde por
seus atos e de forma individualizada
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA

Não basta que o fato seja materialmente


causado pelo agente, só podendo ser
responsabilizado se o fato foi querido aceito
ou previsível. Só tem sentido punir fatos
culposos e dolosos.
Exceção ao princípio da responsabilidade
subjetiva no CP.
Exemplo: Rixa qualificada pela lesão ou
morte.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE

O Estado só pode punir agente


imputável com potencial consciência
de ilicitude quando dele exigirem
conduta diversa.
PRINCÍPIO DA ISONOMIA

Todos são iguais perante a lei, igualdade


formal, é possível admitir distinção
justificada. Convenção Americana de
Direitos Humanos art. 24; igualdade
perante a lei por isso tem igual proteção
da lei.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPA
Art. 5º CF, LVII - ninguém será
considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória.
O princípio da presunção não se coaduna
com prisão provisória, já o princípio da
não culpa é compatível com prisão
cautelar.
Art. 8º da Convenção Americana de
direitos humanos.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPA
Primeira Conclusão: qualquer restrição à liberdade
do acusado somente se admite após sua
condenação definitiva. Não afasta a possibilidade a
decretação de prisão cautelar desde que
imprescindível. Art. 312 do CPP:
A prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica,
por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPA
.
Segunda conclusão: cumpri à acusação o
dever de demonstrar a responsabilidade do
réu e não a este comprovar sua inocência.

Terceira conclusão: a condenação deve


derivar da certeza do julgador, não tendo
certeza aplica-se o princípio do in dúbio pro
réu.
Quarto grupo:

princípios relacionados à pena


PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA
PENA INDIGNA: a ninguém pode
ser imposta pena ofensiva à
dignidade humana.
PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DA
PENAS: nenhuma pena pode ser
cruel, desumana ou degradante.
Está relacionado com o princípio da
pessoa humana. Art. 5º § 1e 2º da
Convenção Americana de Direitos
Humanos
PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE: a pena
dever proporcional à gravidade do
foto. Implícito na CF decorrente da
individualização da pena.
PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE
DA PENA: nenhuma pena passará
da pessoa do condenado. Art. 5º
XIV. Da CF.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS
IN IDEN: Princípio do non bis in
idem

É princípio constitucional implícito, e está


previsto no art. 20 do Estatuto de Roma e
8°, inciso IV da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos:
“O acusado absolvido por sentença passada em
julgado não poderá ser submetido a novo
processo pelos mesmos fatos”.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS
IN IDEN: Princípio do non bis in
idem

Veda a dupla incriminação, demonstrando,


assim, que não se pode punir alguém duas
vezes pelo mesmo fato
Expressão no Latim que significa: Sem
repetição
Exceção: art. 8º do Código penal – autoriza
novo julgamento e condenação pelo mesmo
crime nos casos de extraterritorialidade.
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEN:
Princípio do non bis in idem

O princípio da vedação do bis in idem tem


significados:
Significado processual: ninguém pode ser
processado pelo mesmo crime.
Significado material: ninguém pode ser
condenado pela segunda vez em razão do mesmo
fato.
Significado execucional: ninguém pode ser
executado duas vezes por condenações
relacionadas ao mesmo fato.

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